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SELETIVIDADE DE HERBICIDAS (IMIDAZOLINONAS), APLICADOS AO 
SOLO, NO CRESCIMENTO INICICIAL DE CULTURAS AGRÍCOLAS 
 
PARO, R.A.1*; CARVALHO, F.T.2 
1 Acadêmico de Agronomia, DBZ-FEIS-UNESP, (18) 3743-1000; ratoparo@hotmail.com 
2 DBZ-FEIS-UNESP Brasil; (18) 9782-4066; ftadeu@bio.feis.unesp.br 
1. INTRODUÇÃO 
 A seletividade dos herbicidas é analisada através dos índices de fitotoxicidade 
demonstrado pela cultura, de tal forma que, quanto menor o índice mais seletivo é o herbicida. 
A análise da fitotoxicidade é baseada em redução da biomassa e/ou em alterações na 
coloração das plantas da cultura comparadas com as plantas da testemunha. Entende-se por 
seletividade a resposta diferencial de diversas espécies de plantas a um determinado herbicida. 
Via de regra, quanto maior a tolerância da cultura em relação ao herbicida, maior é a 
segurança da aplicação (OLIVEIRA JR. & CONSTANTIN). 
 Os trabalhos de pesquisa que analisam os índices de seletividade e fitotoxicidade dos 
herbicidas são importantes, pois auxiliam na caracterização do potencial de uso dos produtos. 
Os herbicidas derivados das imidazolinonas são amplamente utilizados na agricultura, em 
razão das baixas doses de uso e do grande espectro de espécies de plantas daninhas 
controladas (TREZZI & VIDAL, 2001). As imidazolinonas são inibidoras da enzima ALS e a 
seletividade ocorre por metabolização diferencial nas plantas seletivas (SHANER & 
MALLIPUDI, 1991). No solo, as imidazolinonas apresentam poder residual relativamente longo 
(LOUX & REESE, 1993; FLINT & WITT, 1997) podendo causar danos a várias culturas em 
sucessão conforme foi constatado por Bovey & Senseman (1998) e Alister & Kogan (2005). 
 Atualmente, o Brasil tem cultivado em torno de 60 milhões de hectares agrícolas 
(CONAB, 2010), entretanto existe a possibilidade de que os herbicidas aplicados em culturas 
diferentes nas safras anteriores, afetem o crescimento vegetativo da cultura a ser implantada. 
 
2. MATERIAL E MÉTODOS 
 O ensaio foi desenvolvido de março/2006 a outubro/2007, em área irrigada da FEPE-
FEIS-UNESP, no município de Selvíria, MS, Brasil. O solo da área experimental é classificado 
como Latossolo Vermelho Escuro, textura média-argilosa, com 44º g/kg de argila e pH 5,0. 
 A área experimental foi preparada convencionalmente e as culturas foram semeadas 
na área em oito épocas (1, 2, 3, 4, 5, 6, 12 e 18 meses) após a aplicação dos herbicidas no 
solo. As quinze espécies agrícolas estudadas e os respectivos cultivares foram: soja cultivar 
Carrera, milho híbrido AG-8060, girassol híbrido M734-G3, pepino cultivar Esmeralda, ervilha-
de-vagem cultivar Torta-de-Flor-Roxa, tomate-rasteiro cultivar Santa-Clara-5800, cenoura 
cultivar Brasília, sorgo híbrido Dow-741, aveia-branca cultivar UPF-16, feijão cultivar Pérola, 
algodão cultivar Delta-Opal, milho-pipoca híbrido IAC-112, milho-doce híbrido SW-B-551, 
milheto cultivar BN-2 e arroz cultivar Primavera. 
 As semeaduras de algodão, feijão, girassol, soja, milho, milho-pipoca, milho-doce e 
sorgo, foram realizadas com uma máquina semeadora pneumática e, as espécies aveia-
branca, milheto e arroz, foram semeadas com uma semeadora de arrasto. As culturas: 
cenoura, ervilha, pepino e tomate, foram semeadas manualmente em sulcos rasos previamente 
marcados. Não foi utilizado adubo nas semeaduras já que o objetivo do trabalho foi avaliar 
apenas o crescimento inicial das culturas. A irrigação na área experimental foi sempre realizada 
após as semeaduras utilizando-se um sistema de auto-propelido. A limpeza da área 
experimental antes das semeaduras, ou seja, a eliminação da cultura após a avaliação, foi 
sempre realizada com o herbicida glifosato (4,0 L p.c..ha-1) aplicado uma semana antes de 
cada próxima semeadura. O herbicida glifosato foi utilizado por ser inerte no solo 
(RODRIGUES & ALMEIDA, 2005) e, portanto não interferir nos resultados do ensaio. 
 O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com 13 tratamentos e 3 
repetições. Cada parcela constou de 4 linhas de cada cultura com 3 m de comprimento e 4 m 
de largura. Os tratamentos foram: imazamox (28 e 56 g ha-1); imazethapyr (100 e 200 g.ha-1); 
imazapyr (75 e 150 g.ha-1); imazethapyr+imazapic (75+25 e 150+50 g.ha-1); imazapic+imazapyr 
(52,5+17,5; 105+35; 24,5+73,5 e 49+147 g.ha-1) e testemunha sem herbicida. A análise 
estatítica dos dados foi realizado pelo teste de Tukey a 5% de significância. As aplicações dos 
herbicidas foram realizadas com um pulverizador costal pressurizado (CO2 a 45 lb.pol2), com 
tanque de dois litros e com barra de quatro bicos do tipo leque, 110.03 XR, espaçados de meio 
metro. O volume de calda foi de 200 L.ha-1. Os herbicidas foram aplicados uma única vez, no 
dia 20/03/2006. Na ocasião, a temperatura do ambiente era de 28ºC, a UR ar de 55% e 
praticamente não ventava próximo à superfície. 
 O efeito residual dos herbicidas no solo, manifestado sob a forma de fitotoxicidade às 
culturas foi avaliado aos 21 dias após cada semeadura. A avaliação de fitotoxicidade foi 
realizada através de uma escala visual, considerando-se a biomassa e a coloração das plantas 
tratadas comparadas com as plantas da testemunha e atribuindo-se notas de 0% a 100%, onde 
0% significava nenhum sintoma de fitotoxicidade e 100% significava a morte total das plantas. 
No presente trabalho considerou-se como ‘semeadura segura’ os tratamentos cuja 
fitotoxicidade foi igual ou menor que 5%. Tal índice baseou-se, com uma grande margem de 
segurança, na ‘dose segura de herbicida’ que é a dose mais alta que resulta em menos de 15% 
de sintomas à cultura, segundo SHANER & MALLIPUDI (1991). 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 Analisando os resultados em conjunto foi possível detectar os tratamentos mais 
seletivos e mais fitotóxicos às culturas de maneira geral. O gráfico da Figura 1 apresenta a 
somatória de todas as avaliações de fitotoxicidades por tratamentos em todas as culturas e 
semeaduras. 
 Analisando o gráfico (Figura 1) observou-se que o tratamento 6 com 348,0 pontos foi o 
mais seletivo e o tratamento 9 com 3842,0 pontos foi o mais fitotóxico. 
Considerando-se o total de pontos de fitotoxicidade proporcionados por cada tratamento em todas 
as culturas, observa-se que, independente da dose, o Imazapyr foi herbicida o mais seletivo. Por 
outro lado o tratamento Imazethapyr + Imazapic (150+50 g.ha-1) foi o mais fitotóxico. Kraemer et al. 
(2009) trabalhando com a cultura do arroz observaram reduções no crescimento da cultura 
implantada até doze meses após a aplicação do tratamento Imazethapyr + Imazapic. Bovey & 
Senseman (1998) e Alister & Kogan (2005) também observaram prejuízos por intoxicação devido ao 
residual de Imazethapyr e Imazapic, isolados ou em mistura, em várias culturas agrícolas. 
 
TRATAMENTOS 
2- Imazamox (28 g.ha
-1
) 3- Imazamox (56 g.ha
-1
) 
4- Imazethapyr (100 g.ha
-1
) 5- Imazethapyr (200 g.ha
-1
) 
6- Imazapyr (75 g.ha
-1
) 7- Imazapyr (150 g.ha
-1
) 
8- Imazethapyr + Imazapic (75+25 g.ha
-1
) 9- Imazethapyr + Imazapic (150+50 g.ha
-1
) 
10- Imazapic + Imazapyr (52,5+17,5 g.ha
-1
) 11- Imazapic + Imazapyr (105+35 g.ha
-1
) 
12- Imazapic + Imazapyr (24,5+73,5 g.ha
-1
) 13- Imazapic + Imazapyr (49+147 g.ha
-1
) 
 Figura 1. Somatória de fitotoxicidade em todas as culturas nas oito semeaduras por tratamento. FEPE-
FEIS-UNESP (2008). 
 
 
Figura 2. Somatória de fitotoxicidade de todos os tratamentos em oito semeaduras por cultura. FEP-FEIS-
UNESP (2008). 
 Analisando os resultados (Figura 2) foi possível detectar as culturas mais tolerantes e as mais 
sensíveis aos tratamentos de maneira geral. Observou-se que a cultura mais tolerante foi a ervilha-
de-vagem com 0,0 pontos e a mais sensível aos tratamentos foi o pepino com 3628,0 pontos. 
Considerando o total de pontos de fitotoxicidade atribuidos para cada cultura em todos os 
tratamentos e semeaduras, observou-se uma grande tolerânciada ervilha-de-vagem aos 
tratamentos estudados e, entre as espécies mais sensíveis, destacou-se o pepino, apesar de outras 
culturas também terem se apresentado muito sensíveis. Ulbrich et al. (1998) também destacaram o 
pepino como espécie altamente sensível aos herbicidas e recomendaram a utilização da cultura, em 
bioensaios, como indicadora de resíduos de herbicidas nos solos. Segundo os autores, a soja 
apresentou-se como a espécie mais tolerante; o feijão apresentou tolerância intermediária; o milho 
apresentou-se sensível e o pepino muito sensível aos resíduos de Imazapic + Imazapyr no solo. 
 
4. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES 
 Considerando os resultados obtidos concluiu-se que os herbicidas do grupo químico 
das imidazolinonas aplicados ao solo provocam fitotoxicidade na maioria das culturas durante o 
processo de germinação e crescimento inicial. Entre os tratamentos testados o Imazapyr (75 
g.ha-1) foi o mais seletivo e o Imazethapyr + Imazapic (150+50 g.ha-1) foi o mais fitotóxico às 
culturas de maneira geral. Entre as culturas estudadas a ervilha-de-vagem foi a mais tolerante 
e o pepino foi a mais sensível aos tratamentos estudados. Apesar de alguns herbicidas serem 
seletivos para determinadas culturas na pós-emergência, pode ocorrer fitotoxicidades quando 
absorvido pelas plantas na fase de germinação. 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ALISTER, C.; KOGAN, M. Efficacy of imidazolinone herbicides applied to imidazolinone-
resistant maize and their carryover effect on rotational crops. Crop Protect, v.24, n.4, p. 375-
379, 2005. 
BOVEY, R. W.; SENSEMAN, S. A. Response of food and forage crops to soil-applied imazapyr. 
Weed Science, v.46, n.5, p. 614-617, 1998. 
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Ministério da Agricultura, Pecuária 
e Abastecimento. Safras: Grãos. Disponível em http://www.conab.gov.br/conabweb/index.php? 
PAG=131. Acesso em 17/03/2010. 
FERREIRA, D. F. Sisvar – programa estatístico. Versão 4.2 (Build 39). Lavras: Universidade 
Federal de Lavras, 1999. 
FLINT, J.L.; WITT, W.W. Microbial degradation of imazaquin and imazethapyr. Weed Science, 
v.45, n.4, p. 586-591, 1997. 
KRAEMER, A.F. et al. Persistência dos Herbicidas Imazethapyr e Imazapic em Solo de Várzea 
sob Diferentes Sistemas de Manejo. Revista Planta Daninha, Viçosa, MG: SBCPD, v.27, n.03, 
p. 581-588, 2009. 
LOUX, M.; REESE, K. Effect of soil type and pH on persistence and carryover of imidazolinones 
herbicides. Weed Technology, v.7, n.2, p. 452-458, 1993. 
OLIVEIRA JR, R.S.; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo. 1a ed. Guaíba, RS: 
Livraria e Editora Agropecuária, 362 p., 2001. 
RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. Guia de herbicidas. 5a ed., Londrina: Edição dos Autores,. 
592 p., 2005. 
SHANER, D.L.; MALLIPUDI, N.M. Mechanisms of selectivity of the imidazolinones. In: 
SHANER, D.L.; O’CONNOR, S.L. (Eds.). The imidazolinone herbicides. Boca Raton: CRC 
Press, Inc., p.91-102. 1991. 
TREZZI, M. M.; VIDAL, R. A. Herbicidas inibidores da ALS. In: VIDAL, R. A.; MEROTTO Jr., A. 
Herbicidologia. Porto Alegre. p. 25-36, 2001. 
ULBRICH, A.V. et al. Persistence and carryover effect of imazapic and imazapyr in Brazilian cropping 
systems. Weed Technology, v.9, p. 986-991, 2005.

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