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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3 2 O QUE É ARTE? .............................................................................................. 4 2.1 As definições de arte ao longo da história ........................................................ 4 2.2 Cronologia e estilos .......................................................................................... 5 3 ARTES VISUAIS ............................................................................................. 11 3.1 Conceito .......................................................................................................... 11 3.2 Breve histórico da imagem ............................................................................. 12 3.3 A imagem como linguagem ............................................................................ 14 4 AS ARTES VISUAIS NA CONTEMPORANEIDADE ...................................... 16 4.1 Artes visuais na educação .............................................................................. 17 4.2 Linguagem visual aplicada à publicidade ....................................................... 18 4.2.1 Gestalt ............................................................................................................ 20 5 APLICAÇÕES E TENDÊNCIAS DA LINGUAGEM VISUAL ........................... 26 5.1 Elementos gráficos que constituem uma imagem .......................................... 27 5.2 Elementos da imagem e simbolismo .............................................................. 29 5.3 A cor como representatividade da imagem ..................................................... 29 6 O USO DAS TENDÊNCIAS PARA A LINGUAGEM VISUAL .......................... 30 6.1 Logos Flexíveis (Responsivo) ......................................................................... 30 6.2 Assimetria ....................................................................................................... 30 6.3 Cores vibrantes ............................................................................................... 30 6.4 Fontes ousadas .............................................................................................. 31 2 6.5 Ilustração vintage e minimalismo .................................................................... 31 6.6 Formas geométricas ....................................................................................... 31 6.7 Sobreposição de elementos ........................................................................... 31 7 PERCEPÇÕES SENSÍVEIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ......................... 32 7.1 Concepção estética de Gilles Deleuze e Félix Guattari .................................. 32 7.1.1 Categorias estéticas de Deleuze e Guattari .................................................... 34 7.2 O pensamento estético de Herbert Marcuse .................................................. 37 7.2.1 Independência e libertação da Arte na dimensão estética de Marcuse .......... 38 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 42 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro - quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 O QUE É ARTE? ‘Arte’ vem do latim ars, que significa técnica ou habilidade. É uma manifestação de comunicação muito antiga da espécie humana, possuindo importante função social, à medida que revela as características históricas e culturais de uma determinada sociedade, já que existe em todas as culturas, e se torna um reflexo da natureza humana, com sua definição tendo sido e continuado incansavelmente debatida. A arte tem um caráter estético e está intimamente relacionada com as sensações e emoções dos indivíduos. A exemplo, temos a música, a dança, a literatura, o cinema, a arquitetura, dentre outros. 2.1 As definições de arte ao longo da história Para o filósofo grego Aristóteles, a arte era uma imitação da realidade, conceito que mais tarde foi fortemente refutado por várias correntes artísticas, que entendiam que a arte se baseava não apenas na imitação da realidade, mas também na criação. Durante a Idade Média haviam duas vertentes sobre ela: - Artes manuais (ou mecânicas) - Artes liberais (ou intelectuais) Considerava-se a primeira inferior à segunda, pois era criada a partir do intelecto. Refletindo sobre isso nos dias de hoje, nota-se que é mais desenvolvido; no entanto, o trabalho manual continua sendo subjugado pelo intelectual. A exemplo temos o artesão e um artista plástico, que produzem um tabalho mental e ao mesmo tempo uma criação artística, mas o primeiro é considerado majoritariamente como um indivíduo que produz uma “arte menor” em relação ao outro. Esta analogia entre arte “erudita” e "popular" persiste até hoje e é objeto de muito debate. 5 2.2 Cronologia e estilos A história da arte é um ramo da ciência que estuda os processos artísticos no contexto em que foram realizados. Para facilitar o estudo, é dividida em períodos: - Arte Pré-Histórica: período anterior a 3000 a.e.c. (ex: arte rupestre). - Arte Antiga: de 3000 a.e.c. até 1000 a.e.c. (ex: arte egípcia). - Arte Clássica: de 1000 a.e.c. a 300 a.e.c. (ex: arte greco-romana). - Arte Medieval: de 300 a 1350 (ex: arte gótica). - Arte Moderna: 1350 a 1850 (ex: arte neoclássica). - Arte Contemporânea: de 1850 aos dias atuais (ex: arte conceitual). Arte Rupestre Pinturas rupestres (região de Tadrart Acacus, Líbia) - 12.000 a.e.c a 100 d.e.c. Fonte: bit.ly/3t6Ne6j A arte rupestre representa uma das manifestações artísticas mais antigas, originada há milhões de anos no contexto da pré-história. Trata-se de desenhos ou pinturas feitas principalmente em cavernas por vários povos antigos. 6 Além dessas pinturas, sabe-se que a escultura, a dança e a música também começaram nessa época. Podemos, portanto, refletir sobre a necessidade humana de se expressar, de revelar suas ideias, pois através do trabalho artístico o homem libera suas emoções. No Paleolítico, por volta de 30.000 a.e.c., os desenhos criados tinham muito a ver com a natureza. As linhas usadas para retratar os temidos animais eram cheias de movimento e força, os animais mais dóceis como renas e cavalos eram representados com forma delicada, demonstrando leveza e fragilidade. Arte Sacra A Crucificação. De Pietro Perugino - 1494-96. Fonte: bit.ly/3sjQWKF A Arte Sacra é conjunto de obras que têm a religião como principal temática. Foi muito usada antes da Renascença (na idade antiga, clássica e medieval), como uma das formas mais importantes de expressão por séculos. Como exemplo temos as ilustrações, esculturas de santos e arquiteturas encontradas em várias igrejas e templos. 7 Arte Barroca Judite decapitando Holofernes. De Artemisia Gentileschi - 1614-20. Fonte: bit.ly/3Hluo0gCom a renascença, mudanças significativas ocorreram na Europa no século XV, tais como: - Surgimento da burguesia - Contrarreforma - Cientificismo - Antropocentrismo - Humanismo Neste contexto, a arte é o local que o artista barroco encontra para exposição da confusão causada pela mudança de paradigmas. Por isso a arte barroca, distanciou-se em partes da arte sacra, criando uma arte cotidiana e profana, logo, não tão idealizada. 8 Arte Moderna Criança Morta. De Candido Portinari - 1944-45. Fonte: bit.ly/3vcDs5w A arte moderna surgiu no contexto da Revolução Industrial a partir do século XVIII. Aqui o conceito sobre arte amplia-se e chega até a ser considerada uma "antiarte", ou seja, ela não se preocupa com o teor estético e sim com a mensagem a ser transmitida. O marco para a introdução da arte moderna no Brasil foi a Semana de Arte Moderna de 1922. Nesse sentido, podemos pensar que a arte tem uma função importante além da catarse (purgação de sensações). A obra também pode envolver um conteúdo ideológico e político, fazendo com que o público pense sobre o conceito e não apenas visualize as obras. 9 Arte Abstrata Amarelo-Vermelho-Azul. De Wassily Kandinsky - 1925. Fonte: glo.bo/3pamjpa Uma das características das artes visuais dos tempos modernos foi o surgimento do movimento artístico chamado Abstracionismo. Dessa forma, a arte abstrata propõe um trabalho visual não representacional, isto é, prioriza as formas abstratas em detrimento das figuras que fazem parte da realidade. Esta corrente surge no contexto do Modernismo, através da liberdade de expressão e da refutação do academismo. Está relacionada com movimentos vanguardistas. 10 Arte Contemporânea Painel ‘Etnias’ (Rio de Janeiro). De Eduardo Kobra - 2016. Fonte: bit.ly/3h8TxRc A arte contemporânea - ou arte pós-moderna - surgiu no século XX, embora muitos estudiosos indiquem suas origens no final do século XIX. A arte contemporânea engloba um conceito de arte mais aberto, que se baseia na originalidade, na experimentação artística e nas técnicas inovadoras. Portanto, permite diferentes modalidades e linguagens artísticas, bem como a mistura entre elas. Hoje se fala arte performática, multimídia, étnica, entre outras. Da mesma forma que a arte moderna, a arte contemporânea se concentra na ideia a ser transmitida em vez de apenas o valor estético da obra. Sua principal função é induzir os pensamentos das pessoas, não apenas com obras que contêm conceitos estéticos de harmonia e beleza, mas também com obras que muitas vezes ultrapassam os limites da consciência humana. A ideia é que as pessoas entrem em contato com as obras de arte por meio de "choque estético" e evoquem processos catárticos favoráveis à reflexão. 11 3 ARTES VISUAIS 3.1 Conceito Fonte: bit.ly/35oED73 O conceito de artes visuais tem gerado bastante confusão, pois algumas pessoas elas incluem apenas as pinturas. No entanto, seu conceito é muito mais amplo e está intimamente relacionado com o conceito de visualizar "ver" e, portanto, inclui as artes em que a fruição ocorre por meio da visão. Isto é, representa uma série de manifestações artísticas, tais como: pintura, desenho, escultura, artesanato, fotografia, teatro, cinema, dança, design, arte urbana, arquitetura, entre outros. Dada a sua importância e abrangência, existe atualmente o curso superior em “Artes Visuais”, onde o aluno sai com o título de artista visual, capacitado a criar, avaliar e participar no mercado cultural e artístico. 12 3.2 Breve histórico da imagem Imagem vem do latim ‘imago’ e quer dizer a representação visual de algo ou alguém. No grego antigo corresponde ao termo ‘eidos’, origem etimológica do termo idea ou eidea, de conceito desenvolvido por Platão. O Idealismo de Platão considerava a ideia da coisa - a imagem - como uma projeção da mente. Já Aristóteles a considerava uma aquisição pelos sentidos, o simulacro de um objeto real pela mente, fundando a teoria do Realismo. Muito antes da linguagem verbal, há evidências de que os humanos pré- históricos se comunicavam visualmente através de imagens deixadas nas paredes das cavernas no período Paleolítico (40.000 a.C). As manifestações artísticas mais antigas são encontradas na Europa, mormente na Espanha e no sul da França. As imagens mais incríveis do Paleolítico são as de animais nas superfícies rochosas das cavernas, como as da caverna de Lascaux, na região francês de Dordogne. Há representações de cavalos, veados, bois e bisões que parecem estar em movimento. Alguns apenas com contorno e outros com cores brilhantes, todos revelando a mesma sensação fantástica. (JANSON; JANSON, 1996) Caverna de Lascaux. Fonte: bit.ly/3vi805H 13 Essas imagens representavam cenas cotidianas, momentos vivenciados pelas pessoas que ali viviam. Neste período, usava-se sangue de animais para fazer as pinturas nas cavernas. Acredita-se que eram feitos como uma espécie de ritual, onde ter a presa sob seu domínio facilitaria na hora da caça. A explicação mais provável para tais pinturas continua sendo de que são os vestígios mais antigos da crença universal de que as imagens geram poder; em outras palavras, esses caçadores primitivos parecem ter imaginado que se fizessem imagens de suas presas, os animais reais também sucumbiriam ao seu poder. (GOMBRICH, 1999) No Brasil também existem pinturas deixadas por nossos ancestrais em rochas, e cavernas. Em Minas Gerais, as expressões artísticas mais famosas e estudadas estão em Lagoa Santa, na Serra do Cipó e na Serra do Espinhaço. As pinturas retratam principalmente animais caçados como veados, tatus e, em algumas áreas, peixes e pássaros. Símbolos geométricos também são comuns. Só mais tarde as cenas de caça foram substituídas por relações familiares, e surgiram cenas de acasalamento, gravidez e parto. Pedra Pintada (Barão de Cocais, MG). Fonte bit.ly/35ekBMy 14 3.3 A imagem como linguagem - Comunicação visual Possuímos a necessidade de compartilhar conhecimentos e o fazemos por meio da comunicação que, como ferramenta de integração, informação e desenvolvimento, sempre foi essencial para a sobrevivência. Para isso utilizamos simbolismos para a troca de experiências, e nosso principal suporte de comunicação é a linguagem, através da qual transmitimos ideias e sentimentos. Para o educador Ronan Cardozo Couto, as linguagens ocupam um lugar importante na aprendizagem humana, pois atuam como veículo na elaboração e construção do pensamento por armazenar e transmitir informações: As linguagens são recursos expressivos de representação da realidade e de comunicação. Elas funcionam como veículo para o intercâmbio de ideias e forma de interlocução. Portanto, é ilusória a exclusividade da linguagem verbal como forma de linguagem e meio de comunicação privilegiados. Essa ilusória exclusividade se deve muito intensamente a um condicionamento histórico que nos faz crer que as únicas formas válidas de conhecimento e interpretação do mundo são aquelas veiculadas pela língua, na sua manifestação como linguagem verbal, oral e escrita, e que essa linguagem é o meio mais apropriado para se chegar a uma forma de pensamento superior. O saber analítico que a linguagem verbal permite conduziu à legitimação consensual e institucional de que essa é a linguagem de primeira ordem, em detrimento e relegando para uma segunda ordem todas as outras linguagens, as linguagens não verbais. (COUTO, 2000) Por necessidade, o ser humano organiza sinais, formas, cores, gestos, olhares, objetos, sons, luzes, cheiros, expressões para transmitir uma mensagem. Tal organização ocorre através dos diferentes sistemas de linguagem que utilizamos para codificar, armazenar e decodificar informações. É comum apresentar a linguagem verbal como a principal fonte de informação, talvezpor ser uma convencional e formal maneira de compartilhamento de conhecimento, mas conseguimos interagir uns com os outros de formas diferentes, por isso as linguagens não verbais de representação do mundo também fazem parte do nosso cotidiano e não podem ser considerados secundárias, devendo ser conhecidas, estudadas e discutidas. Cada uma passa uma mensagem com seus recursos particulares, as múltiplas linguagens estão em prol da comunicação. 15 É notável que as imagens estão cada vez mais presentes, as interações verbais verbais e não verbais interagem para chegar ao espectador. O visual vai além das palavras e atinge um grande número de pessoas. A maioria tem em casa televisores e computadores, utilizam fotografias e quadros como decoração. As propagandas investem fortemente nas imagens para atingirem os consumidores em casa ou nas ruas. No decorrer do séc. XX acompanhamos uma significativa mudança nos meios modernos de comunicação: a mensagem visual tem se sobressaído à mensagem verbal, e a maior parte do que sabemos, aprendemos, reconhecemos, acreditamos e desejamos é quase sempre determinado pelo domínio da imagem sobre nós. (COUTO, 2000) O sentido da visão realiza um grande trabalho, sendo bombardeada diariamente por uma enorme quantidade de imagens de numerosos fins, tantas que chegam a gerar poluição. O computador e a televisão são fortes difusores de imagens, fora as inúmeras cenas que observamos em placas nas ruas, anúncis e propagandas. Esses meios colocam o observante em proximidade com uma variedade de figuras, o quão não ocorria algumas décadas atrás. Hoje as imagens reais, virtuais e artísticas estão presentes no cotidiano, sendo as artísticas diferentes das outras por ser uma representação que faz uso de técnicas específicas em sua produção. Tendo em conta a influencia que as imagens têm sobre nós e sua difusão nos tempos atuais, é necessário buscar compreender através das quais regras ou conceitos elas se formam. A alfabetização visual permite o estudo da linguagem visual, possibilitando o contato com os conceitos básicos usados na preparação de uma imagem, visando o entendimento do que se apresenta à nossa visão. O exame da linguagem visual na educação deve contribuir exatamente para escapar da pressão da passividade e, por outro lado, expor as convenções, história e cultura mais ou menos internalizadas que estão em jogo em cada imagem. Ao conhecer a linguagem visual, podemos analisar e entender com maior profundidade uma das ferramentas mais predominantes na comunicação contemporânea. (COUTO, 2000) 16 A mensagem visual pode ser específica, a presente em nossas necessidades básicas a fim de registrar, reproduzir, preservar e identificar pessoas, objetos, lugares e disseminar sentimentos, seja em ações cotidianas ou em criações elaboradas, o formato visual visa informar ao espectador, porquanto necessita ser conhecido e explorado. Donis Dondis (1997) propõe a socialização da linguagem visual para além dos especialistas através da ideia de alfabetismo, onde a capacidade visual pe ampliada expandindo as possibilidades de entender e produzir uma mnsagem visual. São três os níveis expressão e recepção dos dados visuais: - Representacional: O que vemos e identificamos com base no ambiente e na experiência; - Abstrato: A qualidade sinestésica de um fato visual reduzido a seus componentes visuais elementares, destacando os meios mais diretos, emocionais e primitivos de criar mensagens; - Simbólico: O amplo universo de sistemas simbólicos codificados que o a humanidade arbitrariamente criou e ao qual atribuiu significados. Os três níveis servem como um resgate de informações, embora estejam interconectados e sobrepostos, é possível distinguir entre eles, o que permite a análise do seu potencial para a criação de mensagens. 4 AS ARTES VISUAIS NA CONTEMPORANEIDADE Importante destacar que o conceito de arte foi se ampliando com o passar do tempo. No entanto, já é certo que a arte é uma manifestação humana essencial que sempre esteve presente nas culturas desde a antiguidade, tal qual a arte rupestre. De tal modo, além do conceito, as temáticas, técnicas e materiais empregados na arte foram se ampliando e atualmente torna-se tarefa difícil identificar como elas surgem. 17 Com o desenvolvimento da tecnologia e dos computadores, a arte visual também pode ser produzida através de ferramentas tecnológicas. Podemos citar as artes gráficas, criadas por meio de programas de computador (softwares) denominada de web art. As artes modernas e contemporâneas foram responsáveis por abranger ainda mais o conceito de arte. Pois com elas a ideia torna-se mais importante do que o caráter estético e visual do objeto artístico. Atualmente, podemos encontrar diversos tipos de artes: 4.1 Artes visuais na educação Nas últimas décadas, as artes visuais passaram a ser importantes ferramentas de aprendizagem desde a infância. Isso porque ela desperta a sensibilidade estética e estimula a criatividade. Além disso, propõe a reflexão a partir de outro tipo de linguagem, “a linguagem visual”, que agrega valor à linguagem escrita. 18 Décadas atrás, a disciplina sobre arte era chamada de "educação artística" e envolvia conceitos sobre a história da arte e basicamente a criação de desenhos e pinturas. No entanto, o conceito de arte nas escolas se expandiu e atualmente podemos encontrar colégios em que disciplinas de arte visuais são mais abrangentes. Elas incluem, por exemplo, a dança, o teatro, a fotografia e o cinema. 4.2 Linguagem visual aplicada à publicidade Para melhor contextualizar a importância da percepção visual para o profissional de Publicidade e Propaganda é importante estudar alguns conceitos da teoria da Gestalt, porque, conforme relata Dondis (2003), “alguns dos trabalhos mais significativos nesse campo foram realizados pelos psicólogos da Gestalt, cujo principal interesse tem sido os princípios da organização perceptiva, o processo da configuração de um todo a partir das partes”. De todos os sentidos humanos a visão é, sem dúvida, o sentido no qual mais confiamos. Como vimos, muito antes da fala e da escrita, o homem já se comunicava visualmente através de desenhos deixados nas paredes das cavernas, retratando aquilo que viam ao seu redor. A visão é o nosso principal meio para reconhecer os objetos e situações a nossa volta e guiar nossa interação para com eles. Todos os outros sentidos são muito importantes em nossa vida, mas eles parecem abstratos diante da relevância do olhar para a civilização ocidental atual e, mesmo depois do surgimento da linguagem escrita, a comunicação através de imagens não deixou de existir. Porém, o seu uso se reduziu a uma função auxiliar junto às palavras, pois, conforme Dondis: O alfabetismo visual jamais poderá ser um sistema tão lógico e preciso quanto a linguagem. As linguagens são sistemas inventados pelo homem para codificar, armazenar e decodificar informações. Sua estrutura, portanto, tem uma lógica que o alfabetismo visual é incapaz de alcançar. (DONDIS, 2003) Desde a Revolução Industrial, a sociedade requer muita velocidade, e velocidade também na informação. Na correria do dia-a-dia as pessoas muitas vezes 19 não têm tempo para leituras longas, então os meios de comunicação acabam recorrendo ao uso de muitas imagens e de uma linguagem iconográfica. Na atualidade, o maior consumo de imagens se dá no setor da mídia. Uma única imagem pode ser carregada de muitas informações, e ainda tem o poder de transmitir sua mensagem de maneira muito rápida, em frações de segundos, ou de provocar a imaginação de quem a vê, em busca de significados. Desde os primeiros pôsteres dos cabarés parisienses no final do século XIX, até os anúncios na Internet mais atuais, a criação de imagens como meio de comunicação comercial setransformou em um negócio e cada vez mais os profissionais buscam conhecimentos especializados para melhorar suas imagens e obter respostas de seus públicos. A publicidade reconheceu o valor comunicativo das imagens, a grande maioria dos anúncios baseia-se em fotos ou ilustrações para transmitir os conteúdos propostos pelas organizações para seus públicos de maneira mais rápida e eficiente. As agências de publicidade, os designers gráficos e as marcas são os maiores usuários da descoberta dos símbolos que possuem alto poder de atração do olhar humano. Muitos autores acreditam que, para que se possa antecipar uma resposta do público diante das informações, é preciso conhecê-lo, além de descobrir como essas mensagens são recebidas e interpretadas por todos os seres humanos. Isso nos leva novamente à percepção visual. Conforme Dondis (2003), ver é um ato muito simples, que não demanda muita energia. No entanto, a percepção visual é algo muito complexo e está diretamente relacionada com cada pessoa e sua experiência com o mundo a sua volta. Ver não é somente abrir os olhos diante de determinada coisa ou situação; abarca muitas outras questões, como saber interpretar, olhar mais a fundo, contemplar e analisar. Muitas áreas do conhecimento, entre elas a psicologia, estudam a percepção visual humana em busca de explicações sobre a complexidade do nosso processo visual. 20 4.2.1 Gestalt Por volta do século XIX, a Psicologia começou a se desenvolver como ciência e várias correntes de pensamento começaram a surgir, entre eles, a “Psicologia da Forma” - o termo alemão Gestalt possui difícil tradução para o português, as expressões mais próximas segundo Hurlburt (2002), são “imagem” e “forma”. Gestalt, ou Psicologia da Forma, é uma teoria que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração, organização e lei interna. A teoria foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka, na universidade de Frankfurt, no início do século XX. Fundamenta-se na ideia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes. Para Alves (2010), essa corrente de pensamento busca compreender como as pessoas recebem os estímulos do mundo e do ambiente que as rodeiam. Ainda conforme Alves (2010), o termo Gestalt significa “boa forma” para o design industrial e para o design gráfico, e é compreendido como uma tendência da função cerebral ao dar uma forma compreensível, completa, sequencial e coerente aos estímulos que chegam ao cérebro. Conforme Samara e Morsch (2005, apud ALVES, 2010), o formato de uma embalagem, as imagens apresentadas em um anúncio, uma etiqueta ou o preço poderão induzir a diferentes comportamentos conforme são construídos e integrados. Nesse sentido a teoria da Gestalt vai sugerir uma resposta do por que algumas formas agradam mais e outras não. Essa teoria vem opor-se ao subjetivismo, pois a Psicologia da forma se apoia na fisiologia do sistema nervoso quando procura explicar a relação sujeito-objetivo no campo da percepção. Todo o processo consciente, toda forma psicologicamente percebida, está estreitamente relacionado com as forças integradoras do processo fisiológico cerebral atribuído ao sistema nervoso central, responsável por um processo autorregulador que visa à estabilidade organizando as formas em um todo coerente e unificado, as quais são espontâneas arbitrárias e independem de nossa vontade. (ALVES, 2010) 21 Para Hurlburt (2002), compreende “o princípio enunciado por Wertheimer sobre a organização perceptiva (que) demonstra que o olho humano tende a agrupar as várias unidades de um campo visual para formar um todo”. A Gestalt defende que o processo visual funciona como um todo. Para os gestaltistas, desde o momento em que vemos uma imagem até que esta chegue ao nosso cérebro existe um único fenômeno evolvido nesse processo, a percepção, que se inicia através da captação da imagem pelos sentidos e depois é enviada ao cérebro para que ocorra a interpretação. Os estudos da psicologia Gestalt definem alguns pontos que conduzem a maneira como as percepções são organizadas. São eles: - Figura e fundo Dondis (2003), referindo-se a figura e fundo como positivo e negativo, explica: “o que domina o olho na experiência visual seria visto como elemento positivo, e como elemento negativo consideraríamos tudo aquilo que se apresenta de maneira mais passiva”. No princípio da figura e fundo, as pessoas tendem a organizar as percepções a partir de dois planos, o da figura, que constitui o elemento central da atenção, e o do fundo, que é diferenciado. Geralmente, representam contraste. Para Alves (2010), “o contexto no qual é apresentado um objeto pode influenciar nossa percepção, os objetos são percebidos em relação ao seu fundo, e essa relação faz que o indivíduo chegue a um julgamento.” - Reagrupamento Ocorre quando os estímulos são numerosos e distintos e, portanto, não são organizados imediatamente numa figura única, as pessoas tendem a organizá-lo, associando os objetos em função da sua proximidade, semelhança e continuidade. - Proximidade Os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros. Conforme Dondis (2003), “quanto maior for sua proximidade, maior será sua atração”. Existe, portanto, uma tendência a perceber os elementos mais 22 próximos como um grupo distinto dos demais elementos. Da mesma forma, para Alves, a proximidade provoca a sensação de pertinência. Se um produto de uma determinada marca for oferecido a bom preço, juntamente com outro produto da mesma marca, os dois serão percebidos como favoráveis. Da mesma forma, quando um produto é considerado como suspeito, outros produtos da mesma marca sofrem com essa generalização. Também a proximidade de tempo faz que as marcas sejam confundidas quando lançadas ao mesmo tempo. (ALVES, 2010) - Semelhança ou similaridade Define que os objetos similares tendem a se agrupar. Essa similaridade pode acontecer devido à cor, à textura, à forma dos objetos. Para Alves (2010), “o princípio que afirma que o ser humano tem tendência a organizar estímulos semelhantes como pertencentes a uma mesma categoria. Adquirimos artigos de qualidade inferior misturados com os de qualidade superior e preço alto se forem semelhantes”. - Continuidade Está relacionada ao alinhamento e as direções dos objetos dispostos. Essa tendência à continuidade facilita a comunicação possibilitando harmonia entre os elementos. Ocorre, geralmente, quando o desenho do elemento sugere alguma extensão lógica, como um arco de quase 360° sugere um círculo. Consiste na tendência do ser humano em completar algo incompleto e dar continuidade. Uma vez que algo é sentido como incompleto, resultará em tensão que diminuirá ao se realizar o fechamento. A publicidade frequentemente faz uso desse princípio quando apresenta peças na íntegra inicialmente, e, após uma exposição suficiente para a fixação na memória, reduz a exposição da peça apresentando apenas detalhes mais significativos, permitindo que essa estimulação desencadeie o todo da informação completa em nível já internalizado anteriormente. (ALVES, 2010) 23 - Estímulo ambíguo Um estímulo é reconhecido como ambíguo quando apresenta mais de uma forma, ou seja, ele permite que sejam realizadas várias leituras. Dondis, ao referir-se ao estímulo ambíguo, diz que é o [...] estado em que o olho precisa esforçar-se por analisar os componentes no que diz respeito a seu equilíbrio. A esse estado dá se o nome de ambiguidade (sic), e embora a conotação seja a mesma que a da linguagem, a forma pode ser visualmente descrita em termos ligeiramente diferentes. (DONDIS, 2003) No início da Psicologia científica, as conclusões da escola Gestalt foram consideradas tão interessantese completas que teorizam a maior parte dos livros sobre design gráfico até hoje. - Percepção Para Aumont (1995), “a percepção visual é o processamento, em etapas sucessivas, de uma informação que nos chega por intermédio da luz que entra em nossos olhos”. O processo perceptivo inicia-se com a captação de um estímulo que é enviado ao cérebro através dos órgãos dos sentidos. A percepção pode, então, ser definida como a recepção, por parte do cérebro, da chegada de um estímulo, ou como o processo através do qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta esses estímulos. Assim, compreende-se que a criação da imagem visual provém da atividade do cérebro, porém este é parte integrante de organismos que interagem em meios físicos biológicos e sociais e que resultam em experiências subjetivas e representações com conteúdos de projeções pessoais e individuais. (ALVES, 2010) Este processo pode ser decomposto em duas fases distintas: a sensação, mecanismo fisiológico através dos quais os órgãos sensoriais registram e transmitem os estímulos externos; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos. 24 A percepção é uma questão de extrema importância nos estudos da Psicologia da Gestalt. Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a forma como vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a representação e o conhecimento que possui das coisas, das pessoas e das situações. Esse sujeito não é de definição simples, e muitas determinações diferentes e até contraditórias intervêm em sua relação com uma imagem: além da capacidade perceptiva, entram em jogo o saber, os afetos, as crenças, que, por sua vez, são muito modelados pela vinculação a uma região da história (a uma classe social, a uma época, a uma cultura). (AUMONT, 1995) A percepção visual por mais que pareça um tema simples é extremamente complexo. Essa complexidade se dá porque ainda temos uma ideia muito básica sobre o processo visual, é como se não explorássemos todo o potencial que temos. A visão é uma função que desenvolvemos assim como a fala, o tato, a audição como sendo muito simples, sugerindo então que ela, assim como os outros não tenha a necessidade de um desenvolvimento mais apurado. O que muitas vezes se torna no “ver por ver” sem entender o sentido ou ao menos perceber a quantidade de informações que determinada imagem está transmitindo, pois no processo visual tudo é muito rápido. A atenção é parcialmente determinada pelo que o indivíduo deseja e pela importância que lhe dá. Há então uma percepção consciente que realiza uma prévia seleção do que o indivíduo quer ver no meio de tudo o que o rodeia. Nos dias de hoje, com tanta informação ao mesmo tempo numa velocidade arrebatadora, desenvolver a percepção é uma tarefa muito importante para os profissionais de comunicação, a comunicação visual é assim, em certos casos, um meio insubstituível de passar informações de um emissor a um receptor, mas as condições fundamentais do seu funcionamento são a exatidão das informações, a objetividade dos sinais, a codificação unitária e a ausência de falsas interpretações. Só será possível atingir essas condições se ambas as partes entre as quais ocorre a comunicação tiverem conhecimento instrumental do fenômeno. (MUNARI, 2001) Para que se possa saber a reação de determinado público a determinada mensagem, antes mesmo de conhecer características desse público é preciso 25 conhecer como essas mensagens são recebidas e interpretadas por todos os indivíduos em todos os lugares. Segundo Dondis (2003), “o que vemos é uma parte fundamental do que sabemos, o alfabetismo visual pode nos ajudar a ver o que vemos e saber o que sabemos”. Para que ocorra entendimento por parte do receptor as mensagens devem ser claras e objetivas. A partir do momento em que o emissor conhece o seu público a interação para com ele se torna mais fácil. Além de selecionar a informação, o indivíduo a organiza e a interpreta, dando-lhe um determinado significado. Segundo Alves (2010), o corpo e a mente estão em contato direto com o meio ambiente, e o caminho para esta interação é o aparelho sensorial. No mesmo sentido, Hurlburt (2002) afirma que “a capacidade do olho e da mente humana de reunir e ajustar elementos e de entender seu significado constitui a base do processo de design e proporciona o princípio que torna possível o layout de uma página”. Compreender a percepção humana é um desafio muito grande, tendo em vista, que cada indivíduo, possui suas particularidades. A percepção visual possui um campo de estudos muito vasto e por vezes, complexo, impossível de ser abordado em apenas algumas páginas. Para desenvolver uma boa composição visual é necessário saber direcionar os olhos de quem está vendo para pontos importantes do layout, esse direcionamento deve ser consciente e planejado, saber equilibrar e dar movimento à composição serão os principais objetivos dos profissionais da área da criação. Muitas vezes, quando os profissionais estão criando, se depararam com o problema da distribuição dos elementos gráficos. Portanto, devem estar atentos e tomar conhecimento dos elementos básicos da composição de um layout. Os resultados dessas decisões determinam o objetivo e o significado do que é recebido e interpretado pelo espectador. Assim sendo, o profissional exerce controle sobre o trabalho e direciona o projeto para o público que ele quer atingir. E, para obter um 26 resultado compositivo satisfatório é preciso conhecer, pelo menos um pouco, sobre como funciona a percepção humana. Entretanto, conforme Hurlburt (2002), “somente um olho experiente e uma mente alerta é que nos possibilitarão na maioria das vezes, alcançar soluções de design verdadeiramente emocionantes”. Daí a importância de estudar e compreender a percepção na composição visual, para os profissionais de comunicação. 5 APLICAÇÕES E TENDÊNCIAS DA LINGUAGEM VISUAL A Linguagem Visual é o uso de recursos gráficos para expressar um sentimento ou ideia para aquele que visualiza uma imagem. É a organização das representações de ideias de acordo com aquilo que se quer passar. A Linguagem Visual está presente desde os primórdios da humanidade, usada sempre para comunicar e expressar mensagens. Desde a pré-história, o homem sente a necessidade de comunicar através de mensagens. E antes mesmo da invenção da escrita, usavam-se imagens para descrever atividades e instruções sobre um determinado acontecimento. Assim, o uso da imagem tornou-se parte da construção humana. A imagem, usada para expressar todos os acontecimentos da humanidade e suas invenções, ainda tem seu objetivo principal “alcançar o objetivo da expressão humana”. Portanto, durante logos períodos da história seu uso foi a principal forma de comunicação. Logo, após o surgimento da escrita. A Linguagem Visual foi surgindo e junto com a escrita foi se reinventando e usando a criatividade para ilustrar acontecimentos e mensagens ao seu povo durante o cotidiano. 27 5.1 Elementos gráficos que constituem uma imagem As linguagens contam com um conjunto organizado de símbolos para facilitam a troca de informações. Dondis (2003) apresenta uma sintaxe da linguagem visual com ideia de expansão da capacidade ótica, que amplia a capacidade de entender e de produzir uma mensagem visual. Ela propõe um alfabetismo que implica na compreensão dos modos de ver e compartilhar o significado da imagem, em uma leitura do que está sendo observado. As possibilidades de assimilação vão além das práticas visuais inatas do organismo humano, da capacidade perceptiva, das preferências individuais, envolve outros processos, entre eles o conhecimento da sintaxe visual. Sabemos que o estudo da linguagem visual proporciona uma melhor compreensão das mensagensvisuais. O conhecimento da linguagem visual e de sua alfabetização é fundamental no desenvolvimento de critérios de leitura da imagem visual e tem por objetivo ultrapassar a resposta natural dos sentidos e os gostos e preferências condicionados. (COUTO, 2000) A sintaxe visual apresenta linhas gerais de criação e composição, há elementos básicos que podem ser apreendidos e compreendidos por todos, eles podem ser usados em conjunto com técnicas para a criação de mensagens visuais claras. O alfabetismo da linguagem visual mesmo que não seja tão lógico e preciso como o verbal pode levar a uma melhor compreensão das mensagens visuais. Do ponto de vista de Dondis, a substancia visual da obra é composta de uma lista básica de elementos, seja ela projetada, rabiscada, desenhada esculpida ou gesticulada, esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos e podemos classifica-los em ponto, linha, forma, direção, tom, cor textura, escala e movimento. Os elementos visuais estabelecem a matéria prima para os vários níveis de produção da imagem visual, a partir deles se planeja e expressa às variedades de manifestações visuais desenhos, pinturas, escultura, arquitetura, etc. A escolha dos elementos visuais que serão enfatizados e sua manipulação, para obter o efeito pretendido, depende do artista, eles são os visualizadores e contam com uma vasta opção de combinações. 28 Os elementos visuais são manipulados com técnicas específicas, apresentam objetivos associado ao caráter do que esta sendo concebido e à finalidade da mensagem produzida. Conhecer a linguagem visual, seus elementos básicos facilita a compreensão do significado daquilo que vemos, independente de sua natureza e mesmo que tragam varias significações e contextualizações. Para uma análise e compreensão da estrutura de uma linguagem convém conhecer seus elementos em particular, visando um aprofundamento de suas qualidades específicas. A comunicação é uma ferramenta de sobrevivência para o ser humano, a transmissão e troca de informações é essencial para a vida em sociedade. Nesse processo de comunicação contamos com uma variedade de recursos como: a fala, a escrita, os sinais, gestos, objetos, sons e expressões, para repassar uma mensagem. Empregamos sistemas simbólicos como suporte para a comunicação, que constituem as linguagens, um sistema de sinais utilizados para codificar e decodificar informações. Na comunicação visual temos imagens comuns e imagens artísticas que apresentam características diferenciadas o desenho, a pintura, a fotografia, a escultura, a arquitetura, o cinema e a televisão são alguns exemplos de ofícios visuais que abrange uma linguagem comunicativa mais específica. Dentre esses meios destacamos a pintura que em sua composição conta com elementos básicos como ponto, linha, formas, textura, tom, cores, dimensão, escala, movimento e direção que podem ser aprendidos através de um alfabetismo visual. As abordagens desses fundamentos podem variar dependendo da visão de quem relata suas características, o artista os apresenta a partir de suas experiências pessoais e cria conclusões que não são possíveis de aplicar a qualquer composição artística, isso porque ele cria de acordo com o que considera apropriado e esteticamente agradável, sem se preocupar com o modismo, já o teórico apresenta conclusões baseadas em estudos da percepção visual que pode atingir a todos. Na atualidade nos deparamos constantemente com informações que nos exige aprimorar a capacidade de ler e interpretar várias linguagens, as diversas formas de leitura são instrumentos valiosos para a apropriação de novos conhecimentos. O alfabetismo visual nos proporciona mais uma maneira de ler em nossa sociedade, nos 29 colaca em contato com o mundo artístico, seja pela espontaneidade e simplicidade dos nossos antepassados ou pelo exagero e ousadia da contemporaneidade a linguagem visual, com seu embate entre emocional e racional é uma ferramenta poderosa da comunicação. 5.2 Elementos da imagem e simbolismo A imagem é capaz de transmitir de forma simbólica o nosso objetivo de comunicar através dos elementos de ponto, linha, plano, textura, cor, forma, tom que fazem parte da estrutura morfológica de uma imagem e através desses elementos podemos remontar a compreensão humana da observação da imagem. Contudo, todos esses elementos podem nos ajudar a ter uma dimensão da mensagem e a representatividade através dos sentidos que o ser humano possui. Além dos elementos importantes na construção de uma imagem, apesar da existência de vários recursos dentro da construção de uma imagem, as cores podem ajudar entender o comportamento da imagem de acordo com o objetivo dela, ou seja, seu público, e a marca para quem as desenvolvemos. É importante salientar que o uso da imagem é essencial para passar nossas ideias e estar de acordo com o Briefing é essencial. Dentro dessa ideia, as cores podem remontar as emoções e de forma lúdica serem usadas nas mais diversas estratégias de venda, por exemplo. 5.3 A cor como representatividade da imagem Marcas diversas usam as cores como principal representante de sua aparência, cores frias e cores quentes se unidas podem representar os mais variados usos podem significar grandes resultados. Considerando o uso dos elementos morfológicos da construção da imagem que você pode ver melhor, considere usar a Linguagem Visual como um dos elementos importantes para o seu negócio. É com ele, que você poderá alcançar os objetivos de forma concreta e incisiva. 30 O recurso da Imagem é o que nos ajuda a construir uma Identidade Visual, de forma original, coerente e capaz de passar ponto a ponto do objetivo de planejamento de uma Marca. A Linguagem Visual quando bem aplicada pode obter excelentes resultados, portanto é necessário que a conheçamos de forma inteligente e faça o uso da mesma de forma equilibrada. Com o planejamento adequado se torna a melhor ferramenta que você pode utilizar em seu design. 6 O USO DAS TENDÊNCIAS PARA A LINGUAGEM VISUAL 6.1 Logos Flexíveis (Responsivo) Os logotipos, servem não somente para representar uma marca no mercado, mas também como a porta de entrada de qualquer empresa. Os logos flexíveis têm sido usados não só pela sua capacidade de adaptação, como também pelas suas chances de obter sucesso à longo prazo. Os logos flexíveis são usados em qualquer tipo de design, para sites ou cards e até mesmo para outras finalidades. 6.2 Assimetria É a composição de elementos de forma desigual, mas que cria uma coerência visual e textual, assim criando a atenção do público para a imagem em questão. Quando bem utilizada a assimetria pode mostrar um conteúdo original com estilo e personalidade. 6.3 Cores vibrantes O uso das cores na construção da imagem é inegável, como já fora explicado acima. O uso das cores vibrantes está na expressão das emoções humanas, é através da vibração das cores que podemos determinar e exprimir os sentimentos que está http://alexandria.marketing/por-que-identidade-visual-e-mais-importante-que-apenas-logotipo/ 31 na mensagem simbólica que a mensagem comum, esse elemento assim como nos anteriores irá perdurar na lista de tendências por um bom tempo. É importante tomar cuidado, pois os usos das cores vibrantes podem acarretar em desconforto visual e até tirar o objetivo inicial que a imagem expressa. 6.4 Fontes ousadas A tipografia está, por muitas vezes, substituindo o uso de imagens na composição. O uso de fontes divertidas e irreverentes pode favorecer muito qualquer imagem e pode ajudar passar uma imagem totalmente positiva e confortável à visão. 6.5 Ilustração vintage e minimalismo O minimalismo é um dos conceitos mais simples que existem e pode dar uma mensagem mais objetiva à imagem. Se esse for o intuito, esta é a melhor opção para seu uso. Assim como asilustrações vintage que podem ser excelentes para negócios de moda e design de interiores, por exemplo. 6.6 Formas geométricas Se usadas corretamente podem dar ideia de logicismo ao contexto. Criando uma mensagem harmônica e compositiva, podendo passar a ideia de rapidez, modernidade e/ou inovação. 6.7 Sobreposição de elementos É uma prática usada, onde os elementos podem ser dispostos da forma a ficar harmônico onde podemos sobrepor imagens, textos, linhas, formas geométricas e outros recursos visuais de forma a imagem ficar única. A Linguagem Visual é o recurso no qual podemos aproveitar de diversas formas sua objetividade e obter ótimos resultados em seu uso. Com ela podemos criar peças 32 únicas e tirar proveito da emoção humana, assim exprimindo em peças únicas com as principais tendências. Esta condição deve ser usada com sabedoria e que deve ser incluída sempre no planejamento. Portanto, a melhor forma para encontrar o uso perfeito da imagem é estudando onde os elementos serão aplicados e como eles serão usados, assim, não haverá erros e os resultados serão surpreendentes. 7 PERCEPÇÕES SENSÍVEIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA 7.1 Concepção estética de Gilles Deleuze e Félix Guattari O conceito de arte vem sendo discutido historicamente por muitos autores e muitas considerações já foram publicadas. Segundo Pareyson (1997), tradicionalmente a arte é definida de três formas distintas. As definições mais conhecidas da arte, recorrentes na história do pensamento, podem ser: como um fazer, ora como um conhecer, ora como um exprimir. Mas, de acordo com o autor, certamente a arte é expressão. Mas é importante que se perceba que todas as operações humanas são expressivas, portanto é necessário dizer que a arte também tem um caráter expressivo. Ainda segundo Pareyson (1997): Dizer, por exemplo, que a arte é “expressão de sentimentos” pode ter importância no plano da poética, mas é uma perigosa asserção no plano da estética. Pode existir o programa de uma arte lírica, que consista no exprimir afetos e emoções, o que, no entanto, não esgota a essência da arte, já que não se compreende qual sentimento um arabesco, ou uma música abstrata, ou uma obra arquitetônica possam exprimir, enquanto neles se exprimiu toda uma espiritualidade. Dessa forma, a arte é expressiva quando a ela se referir enquanto forma, enquanto linguagem artística. Para Pareyson (1997), a obra de arte é expressiva quando se atribui a ela um organismo que vive por conta própria e contém tudo quanto deve conter. Assim, ela irá exprimir a personalidade do seu autor. A arte contemporânea, como todas as demais artes retratadas historicamente, sofre influências sociais que fazem compreender a sua estética por meio de características 33 próprias como o hibridismo, o efêmero e o conceitual. Isto porque a arte atual tem como proposta a utilização de diferentes materiais que permitem provocar a reflexão crítica no apreciador. A arte contemporânea, não estando mais preocupada com a beleza do objeto, nem exclusivamente com sua forma, mas com os significados que os objetos e os materiais podem produzir no observador, ou ao se propor como reflexão sobre o homem e o seu tempo, não permite uma contemplação rápida e inconsciente. Ela quer justamente se opor à velocidade do mundo atual e provocar instantes de fruição intelectual, não mais os pequenos prazeres dos grupos sociais afortunados, mas uma arte possível a todos, que traga consigo os problemas que afligem o homem contemporâneo. (BINI, 2018) A arte atual é criada a partir do tempo e do espaço no qual se manifesta, passando por um processo de questionamento constante, propondo novas ideias, novas concepções artísticas que rompem com a ideologia do passado, que retratava a arte por meio de uma abordagem ritualística, religiosa e decorativa. A partir de então, o belo na arte passa a ser contestado e a compreensão de arte passa a ter novos paradigmas estéticos. A arte contemporânea se torna desafiadora para artistas e público que a aprecia, uma vez que as obras deveriam ter originalidade, afastando-se das meras novidades que até o momento se privilegiava no mundo artístico. Para Strickland (2004) a arte vai se tornando mais intencional, sem uma área geográfica dominante, e mais diversificada que nunca. Depois de muito tempo de experimentação, o legado é de liberdade total. Com essa nova perspectiva artística, a arte não pode mais ser pensada sem considerar o subjetivo, o abstrato, ou seja, as sensações existentes entre a obra, o artista e o público. Neste sentido, é importante questionar quais as percepções sensíveis que as obras de arte contemporânea provocam a partir das concepções estéticas? 34 7.1.1 Categorias estéticas de Deleuze e Guattari Os filósofos franceses Deleuze e Guattari (1997), em sua obra “O que é a filosofia”, discorrem sobre a arte numa perspectiva de análise referente as categorias estéticas. Eles compreendem a arte a partir das sensações, considerando a linguagem sensível uma alternativa para entrar nas palavras, nas cores, nos sons ou nas pedras. Segundo esses dois autores, “a obra de arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si” (1997). Este tema propõe compreender a relação das percepções sensíveis a partir das obras de arte criadas historicamente. A arte, para eles, se conserva, existe por si só, o que significa que não está relacionada somente ao material ou à técnica utilizada pelo artista, mas a um bloco de sensações que é composto de “perceptos e afectos”, e é esta intenção que faz dela arte e a faz existir para além do seu tempo. Para os autores, a denominação de perceptos e afectos está na arte e no afetamento que a contemplação da obra pode provocar no artista e no espectador. Por isso, independentemente do tempo em que a obra foi criada, a sensação existente está nela, está no seu material, está na sua forma, está na sua técnica, está no seu significado, está na sensação que ela causa, está no espaço que ela ocupa, ou seja, está em tudo que persiste na obra de arte. Nessa perceptiva, a arte é criadora de sensações, pois toda matéria se torna expressiva. Assim, quando Deleuze e Guattari descrevem as sensações existentes, consideram as diferenciações entre perceptos e afectos. Segundo eles: O afecto não ultrapassa menos as afecções que o percepto, as percepções. Não é a passagem de um estado vivido a um outro, mas um devir não humano do homem. [...] não é uma imitação, uma simpatia vivida, nem mesmo uma identificação imaginária. Não é a semelhança, embora haja semelhança. É antes uma extrema contiguidade, num enlaçamento entre duas sensações sem semelhança [...] (1997). Para Deleuze e Guattari (1997) são os perceptos e afectos que fazem com que a arte resista o tempo. Fazem com que ela crie e recrie no passado, presente e futuro. O afecto, citado dentro do bloco de sensação, está presente naquilo que a arte proporciona, a partir do que está na obra, sua forma, cor, som, bem como o que se vê, o que se ouve, o que se sente. A sensação está na criação e o percepto é 35 considerado o motivo, ou seja, os perceptos não mais são percepções, são independentes do estado daqueles que os experimentam; os afectos não são mais sentimentos ou afectos, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. As sensações, perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmos e excedem qualquer vivido. Existem na ausência do homem. (DELEUZE; GUATTARI, 1997) Corroborando os autores, a arte está carregada de perceptos e afectos, ela não precisa necessariamente do Homem para existir, ela por si só é o bloco se sensação, que pode ou não atingir e ou afetar o ser humano. Este bloco de sensações, composto por perceptos e afectos, aparecerá como a unidade ou a reversibilidade daquele que sente e do que é sentido, podendo ser percebido comoseu íntimo entrelaçamento. Este bloco também precisa de bolsões de ar e de vazio, pois mesmo o vazio é considerado sensação. Segundo Deleuze e Guattari (1997): Toda sensação se compõe no vazio, compondo-se consigo, tudo se mantém sobre a terra e no ar, conserva o vazio conservando-se a si mesmo. Uma tela pode ser inteira preenchida, a ponto de que mesmo o ar não passe mais por ela; mas algo só é uma obra de arte se, como diz o pintor chinês, guarda vazios suficientes para permitir que neles saltem cavalos. Portanto, a arte vai muito além da tinta, da cor, da tela, ou de qualquer coisa real, concreta que a faça existir. A arte proporciona enxergar o que não está visível aos olhos. É necessário que o momento da apreciação provoque sensações capazes de enxergar os mais diversos signos associados a condição de vida, ao acontecimento, ao diálogo e as relações de encontro entre o objeto, o material, a técnica e as intencionalidades existentes a partir da criação da obra pelo artista. O artista contemporâneo não está mais em busca da beleza da forma: ele está em busca de uma nova sensibilidade, que pode se afastar dos ideais estéticos da beleza. Mas ele quer provocar o observador a refletir sobre si mesmo e sobre seu papel no mundo. A arte contemporânea está voltada principalmente para as questões existenciais, para o fazer pensar. (BINI, 2018) Deleuze e Guattari (1997) vão dizer que “a visão existe pelo pensamento, e o olho pensa, mais ainda do que escuta”. Isto porque toda obra de arte, seja ela uma 36 pintura, um desenho, uma gravura, uma escultura, ela é percebida como pensamento, entregando ao olho do espectador tudo que for possível. Neste sentido, o que se conserva na obra de arte são os perceptos e afectos, não o material ou a obra em si, mas as sensações que ela causa, fazendo com que o material se integre na sensação. Para Deleuze e Guattari (1997) mesmo se o material só durasse alguns segundos, daria à sensação o poder de existir e de se conservar em si, na eternidade que coexiste com esta curta duração. Nesta perspectiva, os autores consideram que “o objetivo da arte, com os meios do material, é arrancar o percepto das percepções do objeto e dos estados de um sujeito percipiente, arrancar o afecto das afecções, como passagem de um estado a um outro” (1997). Isto é interpretado como um bloco de sensações, ou seja, um puro ser de sensações. A arte também é analisada como independente do criador, pois os artistas são percebidos como filósofos, como aqueles que viram algo na vida grande demais para qualquer um, até mesmo para eles. Os artistas, ao criar uma obra de arte, passam pelo percepto, ou seja, buscam um motivo para sua obra. Para Deleuze e Guattari (1997), os artistas são aqueles que inventam o não conhecido e desconhecido, associam o afecto a força de criação. O artista é mostrador, inventor e criador de afectos, em relação com os perceptos ou as visões que nos dá. O artista, por meio da sua obra, pode proporcionar modificações nos sujeitos afetados pela experiência estética. Mas não é somente em sua obra, representada pelo objeto em si, que o artista cria, ele vai além, ou seja, ele pode transformar o público, fazer o público pensar e refletir diferente. Este pressuposto categórico composto por técnica e estética, integra o público na manifestação artística. Para Deleuze e Guattari (1997). É assim, de um escritor a um outro, os grandes afectos criadores podem se encadear ou derivar, em compostos de sensações que se transformam, vibram, se enlaçam ou se fendem: são estes seres de sensação que dão conta da relação do artista com o público, da relação entre as obras de um mesmo artista ou mesmo de uma eventual afinidade de artistas entre si. O artista acrescenta sempre novas variedades ao mundo. 37 A criação que traz a luz do dia são os perceptos e afectos, são os devires não humanos do Homem. Isto porque, para estes filósofos, o olho pensa e esta visão traz à tona o invisível, ou seja: Como ver e pintar os sons? Como ouvir as cores latentes? São perguntas que dialogam com a invisibilidade da arte. É tornar sensível as forças insensíveis que povoam o mundo, é permitir que a arte provoque, que sensibilize, que afete, e por meio destas sensações, faz surgir o devir. É ir além do que é julgado real e concreto. Outro aspecto a destacar é que, para Deleuze e Guattari, a arte não tem opinião, mas ela é capaz de abstrair a sensação da opinião. Estes compostos de sensações são provocados pelas categorias estéticas que a arte pode expressar. Categorias estas que estão associadas às sensações presentes na apreciação artística, no contato com a arte, na experiência provocada. 7.2 O pensamento estético de Herbert Marcuse A noção estética que Marcuse propõe é compreendida em dois momentos. No primeiro, não há distinção entre estética e arte; já, no segundo, as linguagens da arte constituem-se como componentes que fazem parte da forma estética. Neste sentido, a relação presente entre ambas estará em todo nosso percurso de exposição no interior de um movimento dialético que envolve afirmação, negação e efetividade. Seu ponto de partida é a literatura do século XVIII e XIX, sem excluir as linguagens da música, teatro, artes plásticas etc. Sua tese de doutoramento intitulada: Der Deutsche Künsterroman (O romance do artista alemão), apresentada em 1922 na Universidade de Freiburg, é a segunda experiência sistemática sobre arte. Neste estudo, Marcuse separa a experiência da arte e do artista da totalidade das relações, a fim de compreender que existe um poder existente na experiência da arte que está além da vida concreta. O poder existente na arte está situado no rompimento que ela faz com o mundo estabelecido contido na concentração econômica, meios de comunicação de massa, mercado internacional, racionalidade tecnológica, personalidade tecnológica e razão instrumental. A estética e as linguagens da arte, possibilitam que os indivíduos 38 percebam as coisas de forma diferente. Segundo Marcuse, a estética e a arte possuem o imperativo categórico segundo o qual “as coisas precisam mudar”. É fundamental perceber que, para Marcuse, é clara a aproximação da arte no contexto das relações sociais. Todavia, a experiência da arte não é “restritamente” ligada à vida cotidiana, visto que, o mundo da arte e do artista é outro. Fantasia, subjetividade e criatividade são constituintes da experiência da arte e assim, diferenciam-se da totalidade. A própria sociedade identifica o artista e a arte como tipos sociais distintos. É Marcuse (1977) que ao citar Dieter Wellershoff (1925- 2018), nos adverte sobre a distinção da arte e o artista da vida comum. O esforço desesperado do artista para fazer da arte uma expressão direta da vida pode vencer a separação da arte da vida. Wellershoff aponta o fato decisivo: “existem diferenças sociais intransponíveis entre a fábrica de conservas e o estúdio do artista: a fábrica de Warho; entre o ato de pintar e a verdadeira vida que gira à sua volta”. A relação do pensamento estético de Marcuse com a conjuntura histórica, seus estudos sobre teoria crítica da sociedade, a política radical das forças de rebelião, onde a arte se faz presente como dimensão acusadora enquanto arte pela arte, motiva-nos a perceber e compreender toda a amplitude de seu estatuto estético e a sua contribuição em relação à filosofia e à arte. A experiência da arte na compreensão marcusiana possibilita a consciência de si a partir do momento em que produz uma outra imagem, para além da realidade concreta e estabelecida. A dimensão estética pressupõe um constante movimento da arte, em rompimento com as estruturas da sociedade estabelecida. A arte desperta a possibilidade dos indivíduos continuarem o esforço de “ser,” e, principalmente aquilo que “poderiam ser”. Esse processo só é possívelinicialmente pela fantasia, que confronta a sociedade administrada do estado estabelecido de coisas. 7.2.1 Independência e libertação da Arte na dimensão estética de Marcuse A Independência da arte ocorre dentro da estrutura da própria arte, destacando as diversas formas existentes como uma espécie de transfiguração, tanto na obra, como no estilo e na técnica. Temos, como exemplo, as transformações e transgressões ocorridas nos movimentos literários como: surrealismo, dadaísmo, 39 expressionismo. Sua independência também ocorre em contraposição à estrutura da totalidade compreendendo que, mesmo fazendo parte desta esfera, a arte possui a capacidade de suplantar o dado concreto e as suas relações mistificadas. É com a possibilidade da libertação ideal dada pela arte ao artista, através de sua manifestação que, enfim, se consegue escapar de uma realidade opressora vindo a construir a possibilidade de romper com automatismos e subjugações do fazer, alcançando, dessa forma, a ativa condição de sujeito pensante, sujeito de si. A separação da arte do processo da produção material deu–lhe a possibilidade de desmistificar a realidade reproduzida neste processo. A arte desafia o monopólio da realidade estabelecida em determinar o que é real e falo criando um mundo fictício que, no entanto, é mais real que a própria realidade. (MARCUSE, 1977) A libertação e a transcendência da arte surgem a partir de sua tensão imediata com a “estrutura política” (práxis política radical). Doravante, o momento em que relacionam sua experiência com a “estrutura política”, ela (arte) passa a não fazer o movimento de recusa. Na esfera política, a própria arte findaria apenas como um aparato dentro das estruturas dominantes do estabelecido. Para comprovar a reflexão, lembramos aqui a utilização da arte como instrumento (apenas apêndice) de comunicação, sendo, pois, apropriada como aparato dominante de manipulação das consciências. E, isso, seja nas campanhas publicitárias do nazi fascismo, seja na indústria da propaganda dominante na Rússia, Alemanha, China, Itália ou EUA. Sob esse prisma, a arte, uma vez empregada dentro de uma ótica da razão instrumental, se alicerça na estrutura política do estado, como forma de anestesiar e, concomitantemente, reprimir os indivíduos. A arte é conduzida como forma de aniquilação e destruição da consciência, e não como libertação. Não obstante, a arte e sua dimensão estética conservam possibilidades para um avanço qualitativo do ser humano. Segundo Marcuse (1977), “no centro desta discussão, está a ideia de uma arte autônoma em confronto com a indústria de arte capitalista por um lado, e a parte da propaganda radical, por outro”. A arte para além das experiências e relações de produção cerceadas, ela enquanto tal, é produto da subjetividade, criatividade e transcendência. Destarte, limitar a experiência da arte a 40 base material, como fizeram os estetas marxistas ortodoxos, seria destruir as possibilidades de transformação constituintes da arte. Marcuse defende na dimensão estética a revitalização da arte, enquanto subversão da percepção dos indivíduos em meio à realidade estabelecida. O mundo concreto das relações sociais, uma vez conduzido por uma razão instrumental alicerçada no desenvolvimento das sociedades industriais avançadas, rege a vida social, fazendo com que os indivíduos, inclusive os intelectuais, permaneçam obedecendo às ordens do estado de coisas. Esta é uma das questões que levam Marcuse a preocupar-se com a defesa das faculdades mentais, bem como, da própria arte. Por isso, ele eleva a arte como componente essencial para o pensar negativo. Trata-se de pensar a arte enquanto negadora de um mundo que contradiz a si mesmo, e que, ao mesmo tempo, que se contradiz, é nele, que se construirá as possibilidades com a arte. É na forma estética que é possível surgir a oposição diante da realidade estabelecida através da catarse reconciliadora da arte. Isso pode soar romântico, e muitas vezes me censuro por ser talvez demasiado romântico, em avaliar o poder radical, libertador da arte. Recordo a observação usual, expressa há muito tempo, acerca da futilidade e talvez mesmo da culpabilidade da arte: o Parthenon não valia o sangue e as lágrimas de um só escravo grego. Igualmente leviana é a afirmação contrária de que somente o Parthenon justificou a sociedade escravocrata. Bem, qual das duas afirmações é a correta? Se observo a sociedade e a cultura ocidentais de hoje, o massacre e a brutalidade totais em que ela se empenha, parece-me que a primeira afirmação é, talvez mais correta que a segunda. Entretanto, a sobrevivência da arte poder vir a ser o único elo frágil que hoje conecta o presente com a esperança do futuro. Por fim, percebemos que os estudos iniciais de Marcuse, bem como sua preocupação com as questões da arte e da estética, apresentam-se com objetivos concretos. Ou seja, como possibilidades reais, onde a dialética se faz presente como caminho de superação das situações reais. Sua defesa da arte nos faz perceber a 41 força que as linguagens possuem em contraposição às imagens da sociedade estabelecida. Mas essa afirmação tem a sua própria dialética. Não existe obra em que não evoque, em sua própria estrutura, as palavras, as imagens, a música de uma outra realidade, de uma outra ordem repelida pela ordem existente e, entretanto, viva na memória e na antecipação, viva no que acontece aos homens e mulheres, e na rebelião contra isso. Compreender uma estética verdadeiramente marxista é trazer para seu campo de estudo uma visão heterodoxa da arte. Levando em consideração que, diante das sociedades estabelecidas, a única possibilidade de ruptura é por meio da fantasia e da subjetividade dos indivíduos, talvez, esse ainda seja nosso primeiro movimento de acusação do estabelecido. A ideologia ortodoxa na arte, levantada por parte de alguns estetas marxistas, deixou-a na condição de simples objeto concreto, sem vida e perspectivas de mudança radical. Como bem escreve Marcuse (1977), “a arte abre uma dimensão inacessível a outra experiência, uma dimensão em que os seres humanos, a natureza e as coisas deixam de se submeter à lei do princípio de realidade, hoje dominante”. 42 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Marina. Criação Visual e Multimídia. São Paulo: Cengage/Thonson learning, 2010. AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Papirus, 1995. BARBOSA, Ana Clarisse Alencar. Percepções sensíveis na arte contemporânea: Concepção estética de Gilles Deleuze e Félix Guattari. 2018. BINI, Fernando A. F. A frágil e complexa noção da arte contemporânea. In: CONRADO, Marcelo (org.). Dilemas da Arte Contemporânea. Curitiba, 2018. BINI, Fernando A. F. A frágil e complexa noção da arte contemporânea. In: CONRADO, Marcelo (org.). Dilemas da Arte Contemporânea. Curitiba, 2018. COUTO, Ronan Cardoso. A Escolarização da Linguagem Visual: Uma Leitura dos Documentos ao professor. 2000. 160 f. 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