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ESTÉTICA-DA-ARTE-E-LINGUAGEM-VISUAL-4

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1 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3 
2 O QUE É ARTE? .............................................................................................. 4 
2.1 As definições de arte ao longo da história ........................................................ 4 
2.2 Cronologia e estilos .......................................................................................... 5 
3 ARTES VISUAIS ............................................................................................. 11 
3.1 Conceito .......................................................................................................... 11 
3.2 Breve histórico da imagem ............................................................................. 12 
3.3 A imagem como linguagem ............................................................................ 14 
4 AS ARTES VISUAIS NA CONTEMPORANEIDADE ...................................... 16 
4.1 Artes visuais na educação .............................................................................. 17 
4.2 Linguagem visual aplicada à publicidade ....................................................... 18 
4.2.1 Gestalt ............................................................................................................ 20 
5 APLICAÇÕES E TENDÊNCIAS DA LINGUAGEM VISUAL ........................... 26 
5.1 Elementos gráficos que constituem uma imagem .......................................... 27 
5.2 Elementos da imagem e simbolismo .............................................................. 29 
5.3 A cor como representatividade da imagem ..................................................... 29 
6 O USO DAS TENDÊNCIAS PARA A LINGUAGEM VISUAL .......................... 30 
6.1 Logos Flexíveis (Responsivo) ......................................................................... 30 
6.2 Assimetria ....................................................................................................... 30 
6.3 Cores vibrantes ............................................................................................... 30 
6.4 Fontes ousadas .............................................................................................. 31 
 
2 
6.5 Ilustração vintage e minimalismo .................................................................... 31 
6.6 Formas geométricas ....................................................................................... 31 
6.7 Sobreposição de elementos ........................................................................... 31 
7 PERCEPÇÕES SENSÍVEIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA ......................... 32 
7.1 Concepção estética de Gilles Deleuze e Félix Guattari .................................. 32 
7.1.1 Categorias estéticas de Deleuze e Guattari .................................................... 34 
7.2 O pensamento estético de Herbert Marcuse .................................................. 37 
7.2.1 Independência e libertação da Arte na dimensão estética de Marcuse .......... 38 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro - quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
4 
2 O QUE É ARTE? 
‘Arte’ vem do latim ars, que significa técnica ou habilidade. É uma manifestação 
de comunicação muito antiga da espécie humana, possuindo importante função 
social, à medida que revela as características históricas e culturais de uma 
determinada sociedade, já que existe em todas as culturas, e se torna um reflexo da 
natureza humana, com sua definição tendo sido e continuado incansavelmente 
debatida. 
A arte tem um caráter estético e está intimamente relacionada com as 
sensações e emoções dos indivíduos. A exemplo, temos a música, a dança, a 
literatura, o cinema, a arquitetura, dentre outros. 
2.1 As definições de arte ao longo da história 
Para o filósofo grego Aristóteles, a arte era uma imitação da realidade, conceito 
que mais tarde foi fortemente refutado por várias correntes artísticas, que entendiam 
que a arte se baseava não apenas na imitação da realidade, mas também na criação. 
Durante a Idade Média haviam duas vertentes sobre ela: 
- Artes manuais (ou mecânicas) 
- Artes liberais (ou intelectuais) 
Considerava-se a primeira inferior à segunda, pois era criada a partir do 
intelecto. 
Refletindo sobre isso nos dias de hoje, nota-se que é mais desenvolvido; no 
entanto, o trabalho manual continua sendo subjugado pelo intelectual. A exemplo 
temos o artesão e um artista plástico, que produzem um tabalho mental e ao mesmo 
tempo uma criação artística, mas o primeiro é considerado majoritariamente como um 
indivíduo que produz uma “arte menor” em relação ao outro. Esta analogia entre arte 
“erudita” e "popular" persiste até hoje e é objeto de muito debate. 
 
5 
2.2 Cronologia e estilos 
A história da arte é um ramo da ciência que estuda os processos artísticos no 
contexto em que foram realizados. Para facilitar o estudo, é dividida em períodos: 
- Arte Pré-Histórica: período anterior a 3000 a.e.c. (ex: arte rupestre). 
- Arte Antiga: de 3000 a.e.c. até 1000 a.e.c. (ex: arte egípcia). 
- Arte Clássica: de 1000 a.e.c. a 300 a.e.c. (ex: arte greco-romana). 
- Arte Medieval: de 300 a 1350 (ex: arte gótica). 
- Arte Moderna: 1350 a 1850 (ex: arte neoclássica). 
- Arte Contemporânea: de 1850 aos dias atuais (ex: arte conceitual). 
 
Arte Rupestre 
Pinturas rupestres (região de Tadrart Acacus, Líbia) - 12.000 a.e.c a 100 d.e.c. Fonte: bit.ly/3t6Ne6j 
A arte rupestre representa uma das manifestações artísticas mais antigas, 
originada há milhões de anos no contexto da pré-história. Trata-se de desenhos ou 
pinturas feitas principalmente em cavernas por vários povos antigos. 
 
6 
Além dessas pinturas, sabe-se que a escultura, a dança e a música também 
começaram nessa época. 
Podemos, portanto, refletir sobre a necessidade humana de se expressar, de 
revelar suas ideias, pois através do trabalho artístico o homem libera suas emoções. 
No Paleolítico, por volta de 30.000 a.e.c., os desenhos criados tinham muito a 
ver com a natureza. As linhas usadas para retratar os temidos animais eram cheias 
de movimento e força, os animais mais dóceis como renas e cavalos eram 
representados com forma delicada, demonstrando leveza e fragilidade. 
 
Arte Sacra 
A Crucificação. De Pietro Perugino - 1494-96. Fonte: bit.ly/3sjQWKF 
A Arte Sacra é conjunto de obras que têm a religião como principal temática. 
Foi muito usada antes da Renascença (na idade antiga, clássica e medieval), como 
uma das formas mais importantes de expressão por séculos. 
Como exemplo temos as ilustrações, esculturas de santos e arquiteturas 
encontradas em várias igrejas e templos. 
 
7 
Arte Barroca 
Judite decapitando Holofernes. De Artemisia Gentileschi - 1614-20. Fonte: bit.ly/3Hluo0gCom a renascença, mudanças significativas ocorreram na Europa no século 
XV, tais como: 
- Surgimento da burguesia 
- Contrarreforma 
- Cientificismo 
- Antropocentrismo 
- Humanismo 
Neste contexto, a arte é o local que o artista barroco encontra para exposição 
da confusão causada pela mudança de paradigmas. Por isso a arte barroca, 
distanciou-se em partes da arte sacra, criando uma arte cotidiana e profana, logo, não 
tão idealizada. 
 
8 
Arte Moderna 
Criança Morta. De Candido Portinari - 1944-45. Fonte: bit.ly/3vcDs5w 
A arte moderna surgiu no contexto da Revolução Industrial a partir do século 
XVIII. Aqui o conceito sobre arte amplia-se e chega até a ser considerada uma 
"antiarte", ou seja, ela não se preocupa com o teor estético e sim com a mensagem a 
ser transmitida. 
O marco para a introdução da arte moderna no Brasil foi a Semana de Arte 
Moderna de 1922. 
Nesse sentido, podemos pensar que a arte tem uma função importante além 
da catarse (purgação de sensações). A obra também pode envolver um conteúdo 
ideológico e político, fazendo com que o público pense sobre o conceito e não apenas 
visualize as obras. 
 
 
 
9 
Arte Abstrata 
Amarelo-Vermelho-Azul. De Wassily Kandinsky - 1925. Fonte: glo.bo/3pamjpa 
Uma das características das artes visuais dos tempos modernos foi o 
surgimento do movimento artístico chamado Abstracionismo. 
Dessa forma, a arte abstrata propõe um trabalho visual não representacional, 
isto é, prioriza as formas abstratas em detrimento das figuras que fazem parte da 
realidade. 
Esta corrente surge no contexto do Modernismo, através da liberdade de 
expressão e da refutação do academismo. Está relacionada com movimentos 
vanguardistas. 
 
 
 
 
 
10 
Arte Contemporânea 
Painel ‘Etnias’ (Rio de Janeiro). De Eduardo Kobra - 2016. Fonte: bit.ly/3h8TxRc 
A arte contemporânea - ou arte pós-moderna - surgiu no século XX, embora 
muitos estudiosos indiquem suas origens no final do século XIX. 
A arte contemporânea engloba um conceito de arte mais aberto, que se baseia 
na originalidade, na experimentação artística e nas técnicas inovadoras. 
Portanto, permite diferentes modalidades e linguagens artísticas, bem como a 
mistura entre elas. Hoje se fala arte performática, multimídia, étnica, entre outras. 
Da mesma forma que a arte moderna, a arte contemporânea se concentra na 
ideia a ser transmitida em vez de apenas o valor estético da obra. 
Sua principal função é induzir os pensamentos das pessoas, não apenas com 
obras que contêm conceitos estéticos de harmonia e beleza, mas também com obras 
que muitas vezes ultrapassam os limites da consciência humana. 
A ideia é que as pessoas entrem em contato com as obras de arte por meio de 
"choque estético" e evoquem processos catárticos favoráveis à reflexão. 
 
11 
3 ARTES VISUAIS 
3.1 Conceito 
Fonte: bit.ly/35oED73 
O conceito de artes visuais tem gerado bastante confusão, pois algumas 
pessoas elas incluem apenas as pinturas. 
No entanto, seu conceito é muito mais amplo e está intimamente relacionado 
com o conceito de visualizar "ver" e, portanto, inclui as artes em que a fruição ocorre 
por meio da visão. Isto é, representa uma série de manifestações artísticas, tais como: 
pintura, desenho, escultura, artesanato, fotografia, teatro, cinema, dança, design, arte 
urbana, arquitetura, entre outros. 
Dada a sua importância e abrangência, existe atualmente o curso superior em 
“Artes Visuais”, onde o aluno sai com o título de artista visual, capacitado a criar, 
avaliar e participar no mercado cultural e artístico. 
 
 
 
12 
3.2 Breve histórico da imagem 
Imagem vem do latim ‘imago’ e quer dizer a representação visual de algo ou 
alguém. No grego antigo corresponde ao termo ‘eidos’, origem etimológica do termo 
idea ou eidea, de conceito desenvolvido por Platão. O Idealismo de Platão 
considerava a ideia da coisa - a imagem - como uma projeção da mente. Já Aristóteles 
a considerava uma aquisição pelos sentidos, o simulacro de um objeto real pela 
mente, fundando a teoria do Realismo. 
Muito antes da linguagem verbal, há evidências de que os humanos pré-
históricos se comunicavam visualmente através de imagens deixadas nas paredes 
das cavernas no período Paleolítico (40.000 a.C). As manifestações artísticas mais 
antigas são encontradas na Europa, mormente na Espanha e no sul da França. 
As imagens mais incríveis do Paleolítico são as de animais nas superfícies 
rochosas das cavernas, como as da caverna de Lascaux, na região francês de 
Dordogne. Há representações de cavalos, veados, bois e bisões que parecem estar 
em movimento. Alguns apenas com contorno e outros com cores brilhantes, todos 
revelando a mesma sensação fantástica. (JANSON; JANSON, 1996) 
Caverna de Lascaux. Fonte: bit.ly/3vi805H 
 
13 
Essas imagens representavam cenas cotidianas, momentos vivenciados pelas 
pessoas que ali viviam. Neste período, usava-se sangue de animais para fazer as 
pinturas nas cavernas. Acredita-se que eram feitos como uma espécie de ritual, onde 
ter a presa sob seu domínio facilitaria na hora da caça. 
A explicação mais provável para tais pinturas continua sendo de que são os 
vestígios mais antigos da crença universal de que as imagens geram poder; em outras 
palavras, esses caçadores primitivos parecem ter imaginado que se fizessem imagens 
de suas presas, os animais reais também sucumbiriam ao seu poder. (GOMBRICH, 
1999) 
No Brasil também existem pinturas deixadas por nossos ancestrais em rochas, 
e cavernas. Em Minas Gerais, as expressões artísticas mais famosas e estudadas 
estão em Lagoa Santa, na Serra do Cipó e na Serra do Espinhaço. As pinturas 
retratam principalmente animais caçados como veados, tatus e, em algumas áreas, 
peixes e pássaros. Símbolos geométricos também são comuns. Só mais tarde as 
cenas de caça foram substituídas por relações familiares, e surgiram cenas de 
acasalamento, gravidez e parto. 
Pedra Pintada (Barão de Cocais, MG). Fonte bit.ly/35ekBMy 
 
14 
3.3 A imagem como linguagem 
- Comunicação visual 
Possuímos a necessidade de compartilhar conhecimentos e o fazemos por 
meio da comunicação que, como ferramenta de integração, informação e 
desenvolvimento, sempre foi essencial para a sobrevivência. Para isso utilizamos 
simbolismos para a troca de experiências, e nosso principal suporte de comunicação 
é a linguagem, através da qual transmitimos ideias e sentimentos. 
Para o educador Ronan Cardozo Couto, as linguagens ocupam um lugar 
importante na aprendizagem humana, pois atuam como veículo na elaboração e 
construção do pensamento por armazenar e transmitir informações: 
As linguagens são recursos expressivos de representação da realidade e de 
comunicação. Elas funcionam como veículo para o intercâmbio de ideias e 
forma de interlocução. Portanto, é ilusória a exclusividade da linguagem 
verbal como forma de linguagem e meio de comunicação privilegiados. Essa 
ilusória exclusividade se deve muito intensamente a um condicionamento 
histórico que nos faz crer que as únicas formas válidas de conhecimento e 
interpretação do mundo são aquelas veiculadas pela língua, na sua 
manifestação como linguagem verbal, oral e escrita, e que essa linguagem é 
o meio mais apropriado para se chegar a uma forma de pensamento superior. 
O saber analítico que a linguagem verbal permite conduziu à legitimação 
consensual e institucional de que essa é a linguagem de primeira ordem, em 
detrimento e relegando para uma segunda ordem todas as outras linguagens, 
as linguagens não verbais. (COUTO, 2000) 
Por necessidade, o ser humano organiza sinais, formas, cores, gestos, olhares, 
objetos, sons, luzes, cheiros, expressões para transmitir uma mensagem. Tal 
organização ocorre através dos diferentes sistemas de linguagem que utilizamos para 
codificar, armazenar e decodificar informações. 
É comum apresentar a linguagem verbal como a principal fonte de informação, 
talvezpor ser uma convencional e formal maneira de compartilhamento de 
conhecimento, mas conseguimos interagir uns com os outros de formas diferentes, 
por isso as linguagens não verbais de representação do mundo também fazem parte 
do nosso cotidiano e não podem ser considerados secundárias, devendo ser 
conhecidas, estudadas e discutidas. Cada uma passa uma mensagem com seus 
recursos particulares, as múltiplas linguagens estão em prol da comunicação. 
 
15 
É notável que as imagens estão cada vez mais presentes, as interações verbais 
verbais e não verbais interagem para chegar ao espectador. O visual vai além das 
palavras e atinge um grande número de pessoas. A maioria tem em casa televisores 
e computadores, utilizam fotografias e quadros como decoração. As propagandas 
investem fortemente nas imagens para atingirem os consumidores em casa ou nas 
ruas. 
No decorrer do séc. XX acompanhamos uma significativa mudança nos meios 
modernos de comunicação: a mensagem visual tem se sobressaído à mensagem 
verbal, e a maior parte do que sabemos, aprendemos, reconhecemos, acreditamos e 
desejamos é quase sempre determinado pelo domínio da imagem sobre nós. 
(COUTO, 2000) 
O sentido da visão realiza um grande trabalho, sendo bombardeada 
diariamente por uma enorme quantidade de imagens de numerosos fins, tantas que 
chegam a gerar poluição. O computador e a televisão são fortes difusores de imagens, 
fora as inúmeras cenas que observamos em placas nas ruas, anúncis e propagandas. 
Esses meios colocam o observante em proximidade com uma variedade de figuras, o 
quão não ocorria algumas décadas atrás. Hoje as imagens reais, virtuais e artísticas 
estão presentes no cotidiano, sendo as artísticas diferentes das outras por ser uma 
representação que faz uso de técnicas específicas em sua produção. 
Tendo em conta a influencia que as imagens têm sobre nós e sua difusão nos 
tempos atuais, é necessário buscar compreender através das quais regras ou 
conceitos elas se formam. A alfabetização visual permite o estudo da linguagem 
visual, possibilitando o contato com os conceitos básicos usados na preparação de 
uma imagem, visando o entendimento do que se apresenta à nossa visão. 
O exame da linguagem visual na educação deve contribuir exatamente para 
escapar da pressão da passividade e, por outro lado, expor as convenções, história 
e cultura mais ou menos internalizadas que estão em jogo em cada imagem. Ao 
conhecer a linguagem visual, podemos analisar e entender com maior profundidade 
uma das ferramentas mais predominantes na comunicação contemporânea. (COUTO, 
2000) 
 
16 
A mensagem visual pode ser específica, a presente em nossas necessidades 
básicas a fim de registrar, reproduzir, preservar e identificar pessoas, objetos, lugares 
e disseminar sentimentos, seja em ações cotidianas ou em criações elaboradas, o 
formato visual visa informar ao espectador, porquanto necessita ser conhecido e 
explorado. Donis Dondis (1997) propõe a socialização da linguagem visual para além 
dos especialistas através da ideia de alfabetismo, onde a capacidade visual pe 
ampliada expandindo as possibilidades de entender e produzir uma mnsagem visual. 
São três os níveis expressão e recepção dos dados visuais: 
- Representacional: O que vemos e identificamos com base no ambiente e na 
experiência; 
- Abstrato: A qualidade sinestésica de um fato visual reduzido a seus componentes 
visuais elementares, destacando os meios mais diretos, emocionais e primitivos de 
criar mensagens; 
- Simbólico: O amplo universo de sistemas simbólicos codificados que o a humanidade 
arbitrariamente criou e ao qual atribuiu significados. 
Os três níveis servem como um resgate de informações, embora estejam 
interconectados e sobrepostos, é possível distinguir entre eles, o que permite a análise 
do seu potencial para a criação de mensagens. 
4 AS ARTES VISUAIS NA CONTEMPORANEIDADE 
Importante destacar que o conceito de arte foi se ampliando com o passar do 
tempo. No entanto, já é certo que a arte é uma manifestação humana essencial que 
sempre esteve presente nas culturas desde a antiguidade, tal qual a arte rupestre. 
De tal modo, além do conceito, as temáticas, técnicas e materiais empregados 
na arte foram se ampliando e atualmente torna-se tarefa difícil identificar como elas 
surgem. 
 
17 
Com o desenvolvimento da tecnologia e dos computadores, a arte visual 
também pode ser produzida através de ferramentas tecnológicas. Podemos citar as 
artes gráficas, criadas por meio de programas de computador (softwares) denominada 
de web art. 
As artes modernas e contemporâneas foram responsáveis por abranger ainda 
mais o conceito de arte. Pois com elas a ideia torna-se mais importante do que o 
caráter estético e visual do objeto artístico. 
Atualmente, podemos encontrar diversos tipos de artes: 
4.1 Artes visuais na educação 
Nas últimas décadas, as artes visuais passaram a ser importantes ferramentas 
de aprendizagem desde a infância. Isso porque ela desperta a sensibilidade estética 
e estimula a criatividade. Além disso, propõe a reflexão a partir de outro tipo de 
linguagem, “a linguagem visual”, que agrega valor à linguagem escrita. 
 
18 
Décadas atrás, a disciplina sobre arte era chamada de "educação artística" e 
envolvia conceitos sobre a história da arte e basicamente a criação de desenhos e 
pinturas. 
No entanto, o conceito de arte nas escolas se expandiu e atualmente podemos 
encontrar colégios em que disciplinas de arte visuais são mais abrangentes. Elas 
incluem, por exemplo, a dança, o teatro, a fotografia e o cinema. 
4.2 Linguagem visual aplicada à publicidade 
Para melhor contextualizar a importância da percepção visual para o 
profissional de Publicidade e Propaganda é importante estudar alguns conceitos da 
teoria da Gestalt, porque, conforme relata Dondis (2003), “alguns dos trabalhos mais 
significativos nesse campo foram realizados pelos psicólogos da Gestalt, cujo principal 
interesse tem sido os princípios da organização perceptiva, o processo da 
configuração de um todo a partir das partes”. De todos os sentidos humanos a visão 
é, sem dúvida, o sentido no qual mais confiamos. Como vimos, muito antes da fala e 
da escrita, o homem já se comunicava visualmente através de desenhos deixados nas 
paredes das cavernas, retratando aquilo que viam ao seu redor. A visão é o nosso 
principal meio para reconhecer os objetos e situações a nossa volta e guiar nossa 
interação para com eles. 
Todos os outros sentidos são muito importantes em nossa vida, mas eles 
parecem abstratos diante da relevância do olhar para a civilização ocidental atual e, 
mesmo depois do surgimento da linguagem escrita, a comunicação através de 
imagens não deixou de existir. Porém, o seu uso se reduziu a uma função auxiliar 
junto às palavras, pois, conforme Dondis: 
O alfabetismo visual jamais poderá ser um sistema tão lógico e preciso 
quanto a linguagem. As linguagens são sistemas inventados pelo homem 
para codificar, armazenar e decodificar informações. Sua estrutura, portanto, 
tem uma lógica que o alfabetismo visual é incapaz de alcançar. (DONDIS, 
2003) 
Desde a Revolução Industrial, a sociedade requer muita velocidade, e 
velocidade também na informação. Na correria do dia-a-dia as pessoas muitas vezes 
 
19 
não têm tempo para leituras longas, então os meios de comunicação acabam 
recorrendo ao uso de muitas imagens e de uma linguagem iconográfica. Na 
atualidade, o maior consumo de imagens se dá no setor da mídia. 
Uma única imagem pode ser carregada de muitas informações, e ainda tem o 
poder de transmitir sua mensagem de maneira muito rápida, em frações de segundos, 
ou de provocar a imaginação de quem a vê, em busca de significados. 
Desde os primeiros pôsteres dos cabarés parisienses no final do século XIX, 
até os anúncios na Internet mais atuais, a criação de imagens como meio de 
comunicação comercial setransformou em um negócio e cada vez mais os 
profissionais buscam conhecimentos especializados para melhorar suas imagens e 
obter respostas de seus públicos. 
 A publicidade reconheceu o valor comunicativo das imagens, a grande maioria 
dos anúncios baseia-se em fotos ou ilustrações para transmitir os conteúdos 
propostos pelas organizações para seus públicos de maneira mais rápida e eficiente. 
As agências de publicidade, os designers gráficos e as marcas são os maiores 
usuários da descoberta dos símbolos que possuem alto poder de atração do olhar 
humano. Muitos autores acreditam que, para que se possa antecipar uma resposta do 
público diante das informações, é preciso conhecê-lo, além de descobrir como essas 
mensagens são recebidas e interpretadas por todos os seres humanos. 
 Isso nos leva novamente à percepção visual. Conforme Dondis (2003), ver é 
um ato muito simples, que não demanda muita energia. No entanto, a percepção 
visual é algo muito complexo e está diretamente relacionada com cada pessoa e sua 
experiência com o mundo a sua volta. 
 Ver não é somente abrir os olhos diante de determinada coisa ou situação; 
abarca muitas outras questões, como saber interpretar, olhar mais a fundo, 
contemplar e analisar. 
 Muitas áreas do conhecimento, entre elas a psicologia, estudam a percepção 
visual humana em busca de explicações sobre a complexidade do nosso processo 
visual. 
 
20 
4.2.1 Gestalt 
Por volta do século XIX, a Psicologia começou a se desenvolver como ciência 
e várias correntes de pensamento começaram a surgir, entre eles, a “Psicologia da 
Forma” - o termo alemão Gestalt possui difícil tradução para o português, as 
expressões mais próximas segundo Hurlburt (2002), são “imagem” e “forma”. 
Gestalt, ou Psicologia da Forma, é uma teoria que considera os fenômenos 
psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua 
configuração, organização e lei interna. A teoria foi criada pelos psicólogos alemães 
Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka, na universidade de Frankfurt, no 
início do século XX. Fundamenta-se na ideia de que o todo é mais do que a simples 
soma de suas partes. Para Alves (2010), essa corrente de pensamento busca 
compreender como as pessoas recebem os estímulos do mundo e do ambiente que 
as rodeiam. 
 Ainda conforme Alves (2010), o termo Gestalt significa “boa forma” para o 
design industrial e para o design gráfico, e é compreendido como uma tendência da 
função cerebral ao dar uma forma compreensível, completa, sequencial e coerente 
aos estímulos que chegam ao cérebro. 
 Conforme Samara e Morsch (2005, apud ALVES, 2010), o formato de uma 
embalagem, as imagens apresentadas em um anúncio, uma etiqueta ou o preço 
poderão induzir a diferentes comportamentos conforme são construídos e integrados. 
Nesse sentido a teoria da Gestalt vai sugerir uma resposta do por que algumas formas 
agradam mais e outras não. Essa teoria vem opor-se ao subjetivismo, pois a 
Psicologia da forma se apoia na fisiologia do sistema nervoso quando procura explicar 
a relação sujeito-objetivo no campo da percepção. Todo o processo consciente, toda 
forma psicologicamente percebida, está estreitamente relacionado com as forças 
integradoras do processo fisiológico cerebral atribuído ao sistema nervoso central, 
responsável por um processo autorregulador que visa à estabilidade organizando as 
formas em um todo coerente e unificado, as quais são espontâneas arbitrárias e 
independem de nossa vontade. (ALVES, 2010) 
 
21 
Para Hurlburt (2002), compreende “o princípio enunciado por Wertheimer sobre 
a organização perceptiva (que) demonstra que o olho humano tende a agrupar as 
várias unidades de um campo visual para formar um todo”. 
 A Gestalt defende que o processo visual funciona como um todo. Para os 
gestaltistas, desde o momento em que vemos uma imagem até que esta chegue ao 
nosso cérebro existe um único fenômeno evolvido nesse processo, a percepção, que 
se inicia através da captação da imagem pelos sentidos e depois é enviada ao cérebro 
para que ocorra a interpretação. 
 Os estudos da psicologia Gestalt definem alguns pontos que conduzem a 
maneira como as percepções são organizadas. São eles: 
- Figura e fundo 
 Dondis (2003), referindo-se a figura e fundo como positivo e negativo, explica: 
“o que domina o olho na experiência visual seria visto como elemento positivo, e como 
elemento negativo consideraríamos tudo aquilo que se apresenta de maneira mais 
passiva”. No princípio da figura e fundo, as pessoas tendem a organizar as percepções 
a partir de dois planos, o da figura, que constitui o elemento central da atenção, e o 
do fundo, que é diferenciado. Geralmente, representam contraste. Para Alves (2010), 
“o contexto no qual é apresentado um objeto pode influenciar nossa percepção, os 
objetos são percebidos em relação ao seu fundo, e essa relação faz que o indivíduo 
chegue a um julgamento.” 
- Reagrupamento 
 Ocorre quando os estímulos são numerosos e distintos e, portanto, não são 
organizados imediatamente numa figura única, as pessoas tendem a organizá-lo, 
associando os objetos em função da sua proximidade, semelhança e continuidade. 
- Proximidade 
 Os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram 
uns dos outros. Conforme Dondis (2003), “quanto maior for sua proximidade, maior 
será sua atração”. Existe, portanto, uma tendência a perceber os elementos mais 
 
22 
próximos como um grupo distinto dos demais elementos. Da mesma forma, para 
Alves, a proximidade provoca a sensação de pertinência. Se um produto de uma 
determinada marca for oferecido a bom preço, juntamente com outro produto da 
mesma marca, os dois serão percebidos como favoráveis. Da mesma forma, quando 
um produto é considerado como suspeito, outros produtos da mesma marca sofrem 
com essa generalização. Também a proximidade de tempo faz que as marcas sejam 
confundidas quando lançadas ao mesmo tempo. (ALVES, 2010) 
- Semelhança ou similaridade 
 Define que os objetos similares tendem a se agrupar. Essa similaridade pode 
acontecer devido à cor, à textura, à forma dos objetos. Para Alves (2010), “o princípio 
que afirma que o ser humano tem tendência a organizar estímulos semelhantes como 
pertencentes a uma mesma categoria. Adquirimos artigos de qualidade inferior 
misturados com os de qualidade superior e preço alto se forem semelhantes”. 
- Continuidade 
Está relacionada ao alinhamento e as direções dos objetos dispostos. Essa 
tendência à continuidade facilita a comunicação possibilitando harmonia entre os 
elementos. Ocorre, geralmente, quando o desenho do elemento sugere alguma 
extensão lógica, como um arco de quase 360° sugere um círculo. Consiste na 
tendência do ser humano em completar algo incompleto e dar continuidade. Uma vez 
que algo é sentido como incompleto, resultará em tensão que diminuirá ao se realizar 
o fechamento. 
A publicidade frequentemente faz uso desse princípio quando apresenta peças 
na íntegra inicialmente, e, após uma exposição suficiente para a fixação na memória, 
reduz a exposição da peça apresentando apenas detalhes mais significativos, 
permitindo que essa estimulação desencadeie o todo da informação completa em 
nível já internalizado anteriormente. (ALVES, 2010) 
 
 
 
23 
- Estímulo ambíguo 
 Um estímulo é reconhecido como ambíguo quando apresenta mais de uma 
forma, ou seja, ele permite que sejam realizadas várias leituras. Dondis, ao referir-se 
ao estímulo ambíguo, diz que é o 
[...] estado em que o olho precisa esforçar-se por analisar os componentes 
no que diz respeito a seu equilíbrio. A esse estado dá se o nome de 
ambiguidade (sic), e embora a conotação seja a mesma que a da linguagem, 
a forma pode ser visualmente descrita em termos ligeiramente diferentes. 
(DONDIS, 2003) 
No início da Psicologia científica, as conclusões da escola Gestalt foram 
consideradas tão interessantese completas que teorizam a maior parte dos livros 
sobre design gráfico até hoje. 
- Percepção 
Para Aumont (1995), “a percepção visual é o processamento, em etapas 
sucessivas, de uma informação que nos chega por intermédio da luz que entra em 
nossos olhos”. 
O processo perceptivo inicia-se com a captação de um estímulo que é enviado 
ao cérebro através dos órgãos dos sentidos. A percepção pode, então, ser definida 
como a recepção, por parte do cérebro, da chegada de um estímulo, ou como o 
processo através do qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta esses 
estímulos. 
 Assim, compreende-se que a criação da imagem visual provém da atividade 
do cérebro, porém este é parte integrante de organismos que interagem em meios 
físicos biológicos e sociais e que resultam em experiências subjetivas e 
representações com conteúdos de projeções pessoais e individuais. (ALVES, 2010) 
Este processo pode ser decomposto em duas fases distintas: a sensação, 
mecanismo fisiológico através dos quais os órgãos sensoriais registram e transmitem 
os estímulos externos; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado 
aos estímulos recebidos. 
 
24 
A percepção é uma questão de extrema importância nos estudos da Psicologia 
da Gestalt. Em termos gerais, a percepção pode ser descrita como a forma como 
vemos o mundo à nossa volta, o modo segundo o qual o indivíduo constrói em si a 
representação e o conhecimento que possui das coisas, das pessoas e das situações. 
 Esse sujeito não é de definição simples, e muitas determinações diferentes e 
até contraditórias intervêm em sua relação com uma imagem: além da capacidade 
perceptiva, entram em jogo o saber, os afetos, as crenças, que, por sua vez, são muito 
modelados pela vinculação a uma região da história (a uma classe social, a uma 
época, a uma cultura). (AUMONT, 1995) 
A percepção visual por mais que pareça um tema simples é extremamente 
complexo. Essa complexidade se dá porque ainda temos uma ideia muito básica 
sobre o processo visual, é como se não explorássemos todo o potencial que temos. 
A visão é uma função que desenvolvemos assim como a fala, o tato, a audição 
como sendo muito simples, sugerindo então que ela, assim como os outros não tenha 
a necessidade de um desenvolvimento mais apurado. O que muitas vezes se torna 
no “ver por ver” sem entender o sentido ou ao menos perceber a quantidade de 
informações que determinada imagem está transmitindo, pois no processo visual tudo 
é muito rápido. A atenção é parcialmente determinada pelo que o indivíduo deseja e 
pela importância que lhe dá. Há então uma percepção consciente que realiza uma 
prévia seleção do que o indivíduo quer ver no meio de tudo o que o rodeia. 
Nos dias de hoje, com tanta informação ao mesmo tempo numa velocidade 
arrebatadora, desenvolver a percepção é uma tarefa muito importante para os 
profissionais de comunicação, a comunicação visual é assim, em certos casos, um 
meio insubstituível de passar informações de um emissor a um receptor, mas as 
condições fundamentais do seu funcionamento são a exatidão das informações, a 
objetividade dos sinais, a codificação unitária e a ausência de falsas interpretações. 
Só será possível atingir essas condições se ambas as partes entre as quais ocorre a 
comunicação tiverem conhecimento instrumental do fenômeno. (MUNARI, 2001) 
Para que se possa saber a reação de determinado público a determinada 
mensagem, antes mesmo de conhecer características desse público é preciso 
 
25 
conhecer como essas mensagens são recebidas e interpretadas por todos os 
indivíduos em todos os lugares. 
Segundo Dondis (2003), “o que vemos é uma parte fundamental do que 
sabemos, o alfabetismo visual pode nos ajudar a ver o que vemos e saber o que 
sabemos”. 
 Para que ocorra entendimento por parte do receptor as mensagens devem ser 
claras e objetivas. A partir do momento em que o emissor conhece o seu público a 
interação para com ele se torna mais fácil. Além de selecionar a informação, o 
indivíduo a organiza e a interpreta, dando-lhe um determinado significado. Segundo 
Alves (2010), o corpo e a mente estão em contato direto com o meio ambiente, e o 
caminho para esta interação é o aparelho sensorial. 
No mesmo sentido, Hurlburt (2002) afirma que “a capacidade do olho e da 
mente humana de reunir e ajustar elementos e de entender seu significado constitui a 
base do processo de design e proporciona o princípio que torna possível o layout de 
uma página”. 
Compreender a percepção humana é um desafio muito grande, tendo em vista, 
que cada indivíduo, possui suas particularidades. A percepção visual possui um 
campo de estudos muito vasto e por vezes, complexo, impossível de ser abordado em 
apenas algumas páginas. 
 Para desenvolver uma boa composição visual é necessário saber direcionar 
os olhos de quem está vendo para pontos importantes do layout, esse direcionamento 
deve ser consciente e planejado, saber equilibrar e dar movimento à composição 
serão os principais objetivos dos profissionais da área da criação. 
Muitas vezes, quando os profissionais estão criando, se depararam com o 
problema da distribuição dos elementos gráficos. Portanto, devem estar atentos e 
tomar conhecimento dos elementos básicos da composição de um layout. Os 
resultados dessas decisões determinam o objetivo e o significado do que é recebido 
e interpretado pelo espectador. Assim sendo, o profissional exerce controle sobre o 
trabalho e direciona o projeto para o público que ele quer atingir. E, para obter um 
 
26 
resultado compositivo satisfatório é preciso conhecer, pelo menos um pouco, sobre 
como funciona a percepção humana. 
 Entretanto, conforme Hurlburt (2002), “somente um olho experiente e uma 
mente alerta é que nos possibilitarão na maioria das vezes, alcançar soluções de 
design verdadeiramente emocionantes”. 
 Daí a importância de estudar e compreender a percepção na composição 
visual, para os profissionais de comunicação. 
 
5 APLICAÇÕES E TENDÊNCIAS DA LINGUAGEM VISUAL 
A Linguagem Visual é o uso de recursos gráficos para expressar um sentimento 
ou ideia para aquele que visualiza uma imagem. É a organização das representações 
de ideias de acordo com aquilo que se quer passar. 
A Linguagem Visual está presente desde os primórdios da humanidade, usada 
sempre para comunicar e expressar mensagens. Desde a pré-história, o homem sente 
a necessidade de comunicar através de mensagens. E antes mesmo da invenção da 
escrita, usavam-se imagens para descrever atividades e instruções sobre um 
determinado acontecimento. Assim, o uso da imagem tornou-se parte da construção 
humana. 
A imagem, usada para expressar todos os acontecimentos da humanidade e 
suas invenções, ainda tem seu objetivo principal “alcançar o objetivo da expressão 
humana”. Portanto, durante logos períodos da história seu uso foi a principal forma de 
comunicação. Logo, após o surgimento da escrita. A Linguagem Visual foi surgindo e 
junto com a escrita foi se reinventando e usando a criatividade para ilustrar 
acontecimentos e mensagens ao seu povo durante o cotidiano. 
 
27 
5.1 Elementos gráficos que constituem uma imagem 
As linguagens contam com um conjunto organizado de símbolos para facilitam 
a troca de informações. Dondis (2003) apresenta uma sintaxe da linguagem visual 
com ideia de expansão da capacidade ótica, que amplia a capacidade de entender e 
de produzir uma mensagem visual. Ela propõe um alfabetismo que implica na 
compreensão dos modos de ver e compartilhar o significado da imagem, em uma 
leitura do que está sendo observado. As possibilidades de assimilação vão além das 
práticas visuais inatas do organismo humano, da capacidade perceptiva, das 
preferências individuais, envolve outros processos, entre eles o conhecimento da 
sintaxe visual. 
Sabemos que o estudo da linguagem visual proporciona uma melhor 
compreensão das mensagensvisuais. O conhecimento da linguagem visual 
e de sua alfabetização é fundamental no desenvolvimento de critérios de 
leitura da imagem visual e tem por objetivo ultrapassar a resposta natural dos 
sentidos e os gostos e preferências condicionados. (COUTO, 2000) 
A sintaxe visual apresenta linhas gerais de criação e composição, há elementos 
básicos que podem ser apreendidos e compreendidos por todos, eles podem ser 
usados em conjunto com técnicas para a criação de mensagens visuais claras. O 
alfabetismo da linguagem visual mesmo que não seja tão lógico e preciso como o 
verbal pode levar a uma melhor compreensão das mensagens visuais. 
Do ponto de vista de Dondis, a substancia visual da obra é composta de uma 
lista básica de elementos, seja ela projetada, rabiscada, desenhada esculpida ou 
gesticulada, esses elementos constituem a substância básica daquilo que vemos e 
podemos classifica-los em ponto, linha, forma, direção, tom, cor textura, escala e 
movimento. Os elementos visuais estabelecem a matéria prima para os vários níveis 
de produção da imagem visual, a partir deles se planeja e expressa às variedades de 
manifestações visuais desenhos, pinturas, escultura, arquitetura, etc. A escolha dos 
elementos visuais que serão enfatizados e sua manipulação, para obter o efeito 
pretendido, depende do artista, eles são os visualizadores e contam com uma vasta 
opção de combinações. 
 
28 
Os elementos visuais são manipulados com técnicas específicas, apresentam 
objetivos associado ao caráter do que esta sendo concebido e à finalidade da 
mensagem produzida. Conhecer a linguagem visual, seus elementos básicos facilita 
a compreensão do significado daquilo que vemos, independente de sua natureza e 
mesmo que tragam varias significações e contextualizações. Para uma análise e 
compreensão da estrutura de uma linguagem convém conhecer seus elementos em 
particular, visando um aprofundamento de suas qualidades específicas. 
A comunicação é uma ferramenta de sobrevivência para o ser humano, a 
transmissão e troca de informações é essencial para a vida em sociedade. Nesse 
processo de comunicação contamos com uma variedade de recursos como: a fala, a 
escrita, os sinais, gestos, objetos, sons e expressões, para repassar uma mensagem. 
Empregamos sistemas simbólicos como suporte para a comunicação, que constituem 
as linguagens, um sistema de sinais utilizados para codificar e decodificar 
informações. 
Na comunicação visual temos imagens comuns e imagens artísticas que 
apresentam características diferenciadas o desenho, a pintura, a fotografia, a 
escultura, a arquitetura, o cinema e a televisão são alguns exemplos de ofícios visuais 
que abrange uma linguagem comunicativa mais específica. Dentre esses meios 
destacamos a pintura que em sua composição conta com elementos básicos como 
ponto, linha, formas, textura, tom, cores, dimensão, escala, movimento e direção que 
podem ser aprendidos através de um alfabetismo visual. As abordagens desses 
fundamentos podem variar dependendo da visão de quem relata suas características, 
o artista os apresenta a partir de suas experiências pessoais e cria conclusões que 
não são possíveis de aplicar a qualquer composição artística, isso porque ele cria de 
acordo com o que considera apropriado e esteticamente agradável, sem se preocupar 
com o modismo, já o teórico apresenta conclusões baseadas em estudos da 
percepção visual que pode atingir a todos. 
Na atualidade nos deparamos constantemente com informações que nos exige 
aprimorar a capacidade de ler e interpretar várias linguagens, as diversas formas de 
leitura são instrumentos valiosos para a apropriação de novos conhecimentos. O 
alfabetismo visual nos proporciona mais uma maneira de ler em nossa sociedade, nos 
 
29 
colaca em contato com o mundo artístico, seja pela espontaneidade e simplicidade 
dos nossos antepassados ou pelo exagero e ousadia da contemporaneidade a 
linguagem visual, com seu embate entre emocional e racional é uma ferramenta 
poderosa da comunicação. 
5.2 Elementos da imagem e simbolismo 
A imagem é capaz de transmitir de forma simbólica o nosso objetivo de 
comunicar através dos elementos de ponto, linha, plano, textura, cor, forma, tom que 
fazem parte da estrutura morfológica de uma imagem e através desses elementos 
podemos remontar a compreensão humana da observação da imagem. Contudo, 
todos esses elementos podem nos ajudar a ter uma dimensão da mensagem e a 
representatividade através dos sentidos que o ser humano possui. 
Além dos elementos importantes na construção de uma imagem, apesar da 
existência de vários recursos dentro da construção de uma imagem, as cores podem 
ajudar entender o comportamento da imagem de acordo com o objetivo dela, ou seja, 
seu público, e a marca para quem as desenvolvemos. É importante salientar que o 
uso da imagem é essencial para passar nossas ideias e estar de acordo com o Briefing 
é essencial. Dentro dessa ideia, as cores podem remontar as emoções e de forma 
lúdica serem usadas nas mais diversas estratégias de venda, por exemplo. 
5.3 A cor como representatividade da imagem 
Marcas diversas usam as cores como principal representante de sua aparência, 
cores frias e cores quentes se unidas podem representar os mais variados usos 
podem significar grandes resultados. Considerando o uso dos elementos morfológicos 
da construção da imagem que você pode ver melhor, considere usar a Linguagem 
Visual como um dos elementos importantes para o seu negócio. É com ele, que você 
poderá alcançar os objetivos de forma concreta e incisiva. 
 
30 
O recurso da Imagem é o que nos ajuda a construir uma Identidade Visual, de 
forma original, coerente e capaz de passar ponto a ponto do objetivo de planejamento 
de uma Marca. 
A Linguagem Visual quando bem aplicada pode obter excelentes resultados, 
portanto é necessário que a conheçamos de forma inteligente e faça o uso da mesma 
de forma equilibrada. Com o planejamento adequado se torna a melhor ferramenta 
que você pode utilizar em seu design. 
6 O USO DAS TENDÊNCIAS PARA A LINGUAGEM VISUAL 
6.1 Logos Flexíveis (Responsivo) 
Os logotipos, servem não somente para representar uma marca no mercado, 
mas também como a porta de entrada de qualquer empresa. Os logos flexíveis têm 
sido usados não só pela sua capacidade de adaptação, como também pelas suas 
chances de obter sucesso à longo prazo. Os logos flexíveis são usados em qualquer 
tipo de design, para sites ou cards e até mesmo para outras finalidades. 
6.2 Assimetria 
É a composição de elementos de forma desigual, mas que cria uma coerência 
visual e textual, assim criando a atenção do público para a imagem em questão. 
Quando bem utilizada a assimetria pode mostrar um conteúdo original com estilo e 
personalidade. 
6.3 Cores vibrantes 
O uso das cores na construção da imagem é inegável, como já fora explicado 
acima. O uso das cores vibrantes está na expressão das emoções humanas, é através 
da vibração das cores que podemos determinar e exprimir os sentimentos que está 
http://alexandria.marketing/por-que-identidade-visual-e-mais-importante-que-apenas-logotipo/
 
31 
na mensagem simbólica que a mensagem comum, esse elemento assim como nos 
anteriores irá perdurar na lista de tendências por um bom tempo. 
É importante tomar cuidado, pois os usos das cores vibrantes podem acarretar 
em desconforto visual e até tirar o objetivo inicial que a imagem expressa. 
6.4 Fontes ousadas 
A tipografia está, por muitas vezes, substituindo o uso de imagens na 
composição. O uso de fontes divertidas e irreverentes pode favorecer muito qualquer 
imagem e pode ajudar passar uma imagem totalmente positiva e confortável à visão. 
6.5 Ilustração vintage e minimalismo 
O minimalismo é um dos conceitos mais simples que existem e pode dar uma 
mensagem mais objetiva à imagem. Se esse for o intuito, esta é a melhor opção para 
seu uso. Assim como asilustrações vintage que podem ser excelentes para negócios 
de moda e design de interiores, por exemplo. 
6.6 Formas geométricas 
Se usadas corretamente podem dar ideia de logicismo ao contexto. Criando 
uma mensagem harmônica e compositiva, podendo passar a ideia de rapidez, 
modernidade e/ou inovação. 
6.7 Sobreposição de elementos 
É uma prática usada, onde os elementos podem ser dispostos da forma a ficar 
harmônico onde podemos sobrepor imagens, textos, linhas, formas geométricas e 
outros recursos visuais de forma a imagem ficar única. 
A Linguagem Visual é o recurso no qual podemos aproveitar de diversas formas 
sua objetividade e obter ótimos resultados em seu uso. Com ela podemos criar peças 
 
32 
únicas e tirar proveito da emoção humana, assim exprimindo em peças únicas com 
as principais tendências. 
Esta condição deve ser usada com sabedoria e que deve ser incluída sempre 
no planejamento. Portanto, a melhor forma para encontrar o uso perfeito da imagem 
é estudando onde os elementos serão aplicados e como eles serão usados, assim, 
não haverá erros e os resultados serão surpreendentes. 
7 PERCEPÇÕES SENSÍVEIS NA ARTE CONTEMPORÂNEA 
7.1 Concepção estética de Gilles Deleuze e Félix Guattari 
O conceito de arte vem sendo discutido historicamente por muitos autores e 
muitas considerações já foram publicadas. Segundo Pareyson (1997), 
tradicionalmente a arte é definida de três formas distintas. As definições mais 
conhecidas da arte, recorrentes na história do pensamento, podem ser: como um 
fazer, ora como um conhecer, ora como um exprimir. Mas, de acordo com o autor, 
certamente a arte é expressão. Mas é importante que se perceba que todas as 
operações humanas são expressivas, portanto é necessário dizer que a arte também 
tem um caráter expressivo. Ainda segundo Pareyson (1997): Dizer, por exemplo, que 
a arte é “expressão de sentimentos” pode ter importância no plano da poética, mas é 
uma perigosa asserção no plano da estética. Pode existir o programa de uma arte 
lírica, que consista no exprimir afetos e emoções, o que, no entanto, não esgota a 
essência da arte, já que não se compreende qual sentimento um arabesco, ou uma 
música abstrata, ou uma obra arquitetônica possam exprimir, enquanto neles se 
exprimiu toda uma espiritualidade. 
Dessa forma, a arte é expressiva quando a ela se referir enquanto forma, 
enquanto linguagem artística. Para Pareyson (1997), a obra de arte é expressiva 
quando se atribui a ela um organismo que vive por conta própria e contém tudo quanto 
deve conter. Assim, ela irá exprimir a personalidade do seu autor. A arte 
contemporânea, como todas as demais artes retratadas historicamente, sofre 
influências sociais que fazem compreender a sua estética por meio de características 
 
33 
próprias como o hibridismo, o efêmero e o conceitual. Isto porque a arte atual tem 
como proposta a utilização de diferentes materiais que permitem provocar a reflexão 
crítica no apreciador. 
A arte contemporânea, não estando mais preocupada com a beleza do objeto, 
nem exclusivamente com sua forma, mas com os significados que os objetos e os 
materiais podem produzir no observador, ou ao se propor como reflexão sobre o 
homem e o seu tempo, não permite uma contemplação rápida e inconsciente. Ela quer 
justamente se opor à velocidade do mundo atual e provocar instantes de fruição 
intelectual, não mais os pequenos prazeres dos grupos sociais afortunados, mas uma 
arte possível a todos, que traga consigo os problemas que afligem o homem 
contemporâneo. (BINI, 2018) 
A arte atual é criada a partir do tempo e do espaço no qual se manifesta, 
passando por um processo de questionamento constante, propondo novas ideias, 
novas concepções artísticas que rompem com a ideologia do passado, que retratava 
a arte por meio de uma abordagem ritualística, religiosa e decorativa. A partir de então, 
o belo na arte passa a ser contestado e a compreensão de arte passa a ter novos 
paradigmas estéticos. 
A arte contemporânea se torna desafiadora para artistas e público que a 
aprecia, uma vez que as obras deveriam ter originalidade, afastando-se das meras 
novidades que até o momento se privilegiava no mundo artístico. Para Strickland 
(2004) a arte vai se tornando mais intencional, sem uma área geográfica dominante, 
e mais diversificada que nunca. Depois de muito tempo de experimentação, o legado 
é de liberdade total. 
 Com essa nova perspectiva artística, a arte não pode mais ser pensada sem 
considerar o subjetivo, o abstrato, ou seja, as sensações existentes entre a obra, o 
artista e o público. Neste sentido, é importante questionar quais as percepções 
sensíveis que as obras de arte contemporânea provocam a partir das concepções 
estéticas? 
 
34 
7.1.1 Categorias estéticas de Deleuze e Guattari 
Os filósofos franceses Deleuze e Guattari (1997), em sua obra “O que é a 
filosofia”, discorrem sobre a arte numa perspectiva de análise referente as categorias 
estéticas. Eles compreendem a arte a partir das sensações, considerando a 
linguagem sensível uma alternativa para entrar nas palavras, nas cores, nos sons ou 
nas pedras. Segundo esses dois autores, “a obra de arte é um ser de sensação, e 
nada mais: ela existe em si” (1997). Este tema propõe compreender a relação das 
percepções sensíveis a partir das obras de arte criadas historicamente. 
 A arte, para eles, se conserva, existe por si só, o que significa que não está 
relacionada somente ao material ou à técnica utilizada pelo artista, mas a um bloco 
de sensações que é composto de “perceptos e afectos”, e é esta intenção que faz dela 
arte e a faz existir para além do seu tempo. Para os autores, a denominação de 
perceptos e afectos está na arte e no afetamento que a contemplação da obra pode 
provocar no artista e no espectador. Por isso, independentemente do tempo em que 
a obra foi criada, a sensação existente está nela, está no seu material, está na sua 
forma, está na sua técnica, está no seu significado, está na sensação que ela causa, 
está no espaço que ela ocupa, ou seja, está em tudo que persiste na obra de arte. 
Nessa perceptiva, a arte é criadora de sensações, pois toda matéria se torna 
expressiva. Assim, quando Deleuze e Guattari descrevem as sensações existentes, 
consideram as diferenciações entre perceptos e afectos. Segundo eles: 
O afecto não ultrapassa menos as afecções que o percepto, as percepções. 
Não é a passagem de um estado vivido a um outro, mas um devir não humano do 
homem. [...] não é uma imitação, uma simpatia vivida, nem mesmo uma identificação 
imaginária. Não é a semelhança, embora haja semelhança. É antes uma extrema 
contiguidade, num enlaçamento entre duas sensações sem semelhança [...] (1997). 
Para Deleuze e Guattari (1997) são os perceptos e afectos que fazem com que 
a arte resista o tempo. Fazem com que ela crie e recrie no passado, presente e futuro. 
O afecto, citado dentro do bloco de sensação, está presente naquilo que a arte 
proporciona, a partir do que está na obra, sua forma, cor, som, bem como o que se 
vê, o que se ouve, o que se sente. A sensação está na criação e o percepto é 
 
35 
considerado o motivo, ou seja, os perceptos não mais são percepções, são 
independentes do estado daqueles que os experimentam; os afectos não são mais 
sentimentos ou afectos, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. 
As sensações, perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmos e excedem 
qualquer vivido. Existem na ausência do homem. (DELEUZE; GUATTARI, 1997) 
 Corroborando os autores, a arte está carregada de perceptos e afectos, ela 
não precisa necessariamente do Homem para existir, ela por si só é o bloco se 
sensação, que pode ou não atingir e ou afetar o ser humano. Este bloco de sensações, 
composto por perceptos e afectos, aparecerá como a unidade ou a reversibilidade 
daquele que sente e do que é sentido, podendo ser percebido comoseu íntimo 
entrelaçamento. Este bloco também precisa de bolsões de ar e de vazio, pois mesmo 
o vazio é considerado sensação. Segundo Deleuze e Guattari (1997): 
Toda sensação se compõe no vazio, compondo-se consigo, tudo se mantém 
sobre a terra e no ar, conserva o vazio conservando-se a si mesmo. Uma tela pode 
ser inteira preenchida, a ponto de que mesmo o ar não passe mais por ela; mas algo 
só é uma obra de arte se, como diz o pintor chinês, guarda vazios suficientes para 
permitir que neles saltem cavalos. 
 Portanto, a arte vai muito além da tinta, da cor, da tela, ou de qualquer coisa 
real, concreta que a faça existir. A arte proporciona enxergar o que não está visível 
aos olhos. É necessário que o momento da apreciação provoque sensações capazes 
de enxergar os mais diversos signos associados a condição de vida, ao 
acontecimento, ao diálogo e as relações de encontro entre o objeto, o material, a 
técnica e as intencionalidades existentes a partir da criação da obra pelo artista. 
 O artista contemporâneo não está mais em busca da beleza da forma: ele 
está em busca de uma nova sensibilidade, que pode se afastar dos ideais 
estéticos da beleza. Mas ele quer provocar o observador a refletir sobre si 
mesmo e sobre seu papel no mundo. A arte contemporânea está voltada 
principalmente para as questões existenciais, para o fazer pensar. (BINI, 
2018) 
Deleuze e Guattari (1997) vão dizer que “a visão existe pelo pensamento, e o 
olho pensa, mais ainda do que escuta”. Isto porque toda obra de arte, seja ela uma 
 
36 
pintura, um desenho, uma gravura, uma escultura, ela é percebida como pensamento, 
entregando ao olho do espectador tudo que for possível. 
Neste sentido, o que se conserva na obra de arte são os perceptos e afectos, 
não o material ou a obra em si, mas as sensações que ela causa, fazendo com que o 
material se integre na sensação. Para Deleuze e Guattari (1997) mesmo se o material 
só durasse alguns segundos, daria à sensação o poder de existir e de se conservar 
em si, na eternidade que coexiste com esta curta duração. Nesta perspectiva, os 
autores consideram que “o objetivo da arte, com os meios do material, é arrancar o 
percepto das percepções do objeto e dos estados de um sujeito percipiente, arrancar 
o afecto das afecções, como passagem de um estado a um outro” (1997). Isto é 
interpretado como um bloco de sensações, ou seja, um puro ser de sensações. 
 A arte também é analisada como independente do criador, pois os artistas são 
percebidos como filósofos, como aqueles que viram algo na vida grande demais para 
qualquer um, até mesmo para eles. Os artistas, ao criar uma obra de arte, passam 
pelo percepto, ou seja, buscam um motivo para sua obra. Para Deleuze e Guattari 
(1997), os artistas são aqueles que inventam o não conhecido e desconhecido, 
associam o afecto a força de criação. O artista é mostrador, inventor e criador de 
afectos, em relação com os perceptos ou as visões que nos dá. O artista, por meio da 
sua obra, pode proporcionar modificações nos sujeitos afetados pela experiência 
estética. 
 Mas não é somente em sua obra, representada pelo objeto em si, que o artista 
cria, ele vai além, ou seja, ele pode transformar o público, fazer o público pensar e 
refletir diferente. Este pressuposto categórico composto por técnica e estética, integra 
o público na manifestação artística. Para Deleuze e Guattari (1997). 
É assim, de um escritor a um outro, os grandes afectos criadores podem se 
encadear ou derivar, em compostos de sensações que se transformam, vibram, se 
enlaçam ou se fendem: são estes seres de sensação que dão conta da relação do 
artista com o público, da relação entre as obras de um mesmo artista ou mesmo de 
uma eventual afinidade de artistas entre si. O artista acrescenta sempre novas 
variedades ao mundo. 
 
37 
 A criação que traz a luz do dia são os perceptos e afectos, são os devires não 
humanos do Homem. Isto porque, para estes filósofos, o olho pensa e esta visão traz 
à tona o invisível, ou seja: Como ver e pintar os sons? Como ouvir as cores latentes? 
São perguntas que dialogam com a invisibilidade da arte. É tornar sensível as forças 
insensíveis que povoam o mundo, é permitir que a arte provoque, que sensibilize, que 
afete, e por meio destas sensações, faz surgir o devir. É ir além do que é julgado real 
e concreto. Outro aspecto a destacar é que, para Deleuze e Guattari, a arte não tem 
opinião, mas ela é capaz de abstrair a sensação da opinião. 
 Estes compostos de sensações são provocados pelas categorias estéticas que 
a arte pode expressar. Categorias estas que estão associadas às sensações 
presentes na apreciação artística, no contato com a arte, na experiência provocada. 
7.2 O pensamento estético de Herbert Marcuse 
A noção estética que Marcuse propõe é compreendida em dois momentos. No 
primeiro, não há distinção entre estética e arte; já, no segundo, as linguagens da arte 
constituem-se como componentes que fazem parte da forma estética. Neste sentido, 
a relação presente entre ambas estará em todo nosso percurso de exposição no 
interior de um movimento dialético que envolve afirmação, negação e efetividade. 
Seu ponto de partida é a literatura do século XVIII e XIX, sem excluir as 
linguagens da música, teatro, artes plásticas etc. Sua tese de doutoramento intitulada: 
Der Deutsche Künsterroman (O romance do artista alemão), apresentada em 1922 na 
Universidade de Freiburg, é a segunda experiência sistemática sobre arte. Neste 
estudo, Marcuse separa a experiência da arte e do artista da totalidade das relações, 
a fim de compreender que existe um poder existente na experiência da arte que está 
além da vida concreta. 
 O poder existente na arte está situado no rompimento que ela faz com o mundo 
estabelecido contido na concentração econômica, meios de comunicação de massa, 
mercado internacional, racionalidade tecnológica, personalidade tecnológica e razão 
instrumental. A estética e as linguagens da arte, possibilitam que os indivíduos 
 
38 
percebam as coisas de forma diferente. Segundo Marcuse, a estética e a arte 
possuem o imperativo categórico segundo o qual “as coisas precisam mudar”. 
 É fundamental perceber que, para Marcuse, é clara a aproximação da arte no 
contexto das relações sociais. Todavia, a experiência da arte não é “restritamente” 
ligada à vida cotidiana, visto que, o mundo da arte e do artista é outro. Fantasia, 
subjetividade e criatividade são constituintes da experiência da arte e assim, 
diferenciam-se da totalidade. A própria sociedade identifica o artista e a arte como 
tipos sociais distintos. É Marcuse (1977) que ao citar Dieter Wellershoff (1925- 2018), 
nos adverte sobre a distinção da arte e o artista da vida comum. O esforço 
desesperado do artista para fazer da arte uma expressão direta da vida pode vencer 
a separação da arte da vida. Wellershoff aponta o fato decisivo: “existem diferenças 
sociais intransponíveis entre a fábrica de conservas e o estúdio do artista: a fábrica 
de Warho; entre o ato de pintar e a verdadeira vida que gira à sua volta”. 
A relação do pensamento estético de Marcuse com a conjuntura histórica, seus 
estudos sobre teoria crítica da sociedade, a política radical das forças de rebelião, 
onde a arte se faz presente como dimensão acusadora enquanto arte pela arte, 
motiva-nos a perceber e compreender toda a amplitude de seu estatuto estético e a 
sua contribuição em relação à filosofia e à arte. A experiência da arte na compreensão 
marcusiana possibilita a consciência de si a partir do momento em que produz uma 
outra imagem, para além da realidade concreta e estabelecida. 
 A dimensão estética pressupõe um constante movimento da arte, em 
rompimento com as estruturas da sociedade estabelecida. A arte desperta a 
possibilidade dos indivíduos continuarem o esforço de “ser,” e, principalmente aquilo 
que “poderiam ser”. Esse processo só é possívelinicialmente pela fantasia, que 
confronta a sociedade administrada do estado estabelecido de coisas. 
7.2.1 Independência e libertação da Arte na dimensão estética de Marcuse 
A Independência da arte ocorre dentro da estrutura da própria arte, destacando 
as diversas formas existentes como uma espécie de transfiguração, tanto na obra, 
como no estilo e na técnica. Temos, como exemplo, as transformações e 
transgressões ocorridas nos movimentos literários como: surrealismo, dadaísmo, 
 
39 
expressionismo. Sua independência também ocorre em contraposição à estrutura da 
totalidade compreendendo que, mesmo fazendo parte desta esfera, a arte possui a 
capacidade de suplantar o dado concreto e as suas relações mistificadas. 
 É com a possibilidade da libertação ideal dada pela arte ao artista, através de 
sua manifestação que, enfim, se consegue escapar de uma realidade opressora vindo 
a construir a possibilidade de romper com automatismos e subjugações do fazer, 
alcançando, dessa forma, a ativa condição de sujeito pensante, sujeito de si. 
A separação da arte do processo da produção material deu–lhe a possibilidade 
de desmistificar a realidade reproduzida neste processo. A arte desafia o monopólio 
da realidade estabelecida em determinar o que é real e falo criando um mundo fictício 
que, no entanto, é mais real que a própria realidade. (MARCUSE, 1977) 
A libertação e a transcendência da arte surgem a partir de sua tensão imediata 
com a “estrutura política” (práxis política radical). Doravante, o momento em que 
relacionam sua experiência com a “estrutura política”, ela (arte) passa a não fazer o 
movimento de recusa. Na esfera política, a própria arte findaria apenas como um 
aparato dentro das estruturas dominantes do estabelecido. 
 Para comprovar a reflexão, lembramos aqui a utilização da arte como 
instrumento (apenas apêndice) de comunicação, sendo, pois, apropriada como 
aparato dominante de manipulação das consciências. E, isso, seja nas campanhas 
publicitárias do nazi fascismo, seja na indústria da propaganda dominante na Rússia, 
Alemanha, China, Itália ou EUA. Sob esse prisma, a arte, uma vez empregada dentro 
de uma ótica da razão instrumental, se alicerça na estrutura política do estado, como 
forma de anestesiar e, concomitantemente, reprimir os indivíduos. A arte é conduzida 
como forma de aniquilação e destruição da consciência, e não como libertação. 
Não obstante, a arte e sua dimensão estética conservam possibilidades para 
um avanço qualitativo do ser humano. Segundo Marcuse (1977), “no centro desta 
discussão, está a ideia de uma arte autônoma em confronto com a indústria de arte 
capitalista por um lado, e a parte da propaganda radical, por outro”. A arte para além 
das experiências e relações de produção cerceadas, ela enquanto tal, é produto da 
subjetividade, criatividade e transcendência. Destarte, limitar a experiência da arte a 
 
40 
base material, como fizeram os estetas marxistas ortodoxos, seria destruir as 
possibilidades de transformação constituintes da arte. 
Marcuse defende na dimensão estética a revitalização da arte, enquanto 
subversão da percepção dos indivíduos em meio à realidade estabelecida. O mundo 
concreto das relações sociais, uma vez conduzido por uma razão instrumental 
alicerçada no desenvolvimento das sociedades industriais avançadas, rege a vida 
social, fazendo com que os indivíduos, inclusive os intelectuais, permaneçam 
obedecendo às ordens do estado de coisas. 
Esta é uma das questões que levam Marcuse a preocupar-se com a defesa das 
faculdades mentais, bem como, da própria arte. Por isso, ele eleva a arte como 
componente essencial para o pensar negativo. Trata-se de pensar a arte enquanto 
negadora de um mundo que contradiz a si mesmo, e que, ao mesmo tempo, que se 
contradiz, é nele, que se construirá as possibilidades com a arte. É na forma estética 
que é possível surgir a oposição diante da realidade estabelecida através da catarse 
reconciliadora da arte. 
Isso pode soar romântico, e muitas vezes me censuro por ser talvez demasiado 
romântico, em avaliar o poder radical, libertador da arte. Recordo a observação usual, 
expressa há muito tempo, acerca da futilidade e talvez mesmo da culpabilidade da 
arte: o Parthenon não valia o sangue e as lágrimas de um só escravo grego. 
Igualmente leviana é a afirmação contrária de que somente o Parthenon justificou a 
sociedade escravocrata. Bem, qual das duas afirmações é a correta? Se observo a 
sociedade e a cultura ocidentais de hoje, o massacre e a brutalidade totais em que ela 
se empenha, parece-me que a primeira afirmação é, talvez mais correta que a 
segunda. Entretanto, a sobrevivência da arte poder vir a ser o único elo frágil que hoje 
conecta o presente com a esperança do futuro. 
Por fim, percebemos que os estudos iniciais de Marcuse, bem como sua 
preocupação com as questões da arte e da estética, apresentam-se com objetivos 
concretos. Ou seja, como possibilidades reais, onde a dialética se faz presente como 
caminho de superação das situações reais. Sua defesa da arte nos faz perceber a 
 
41 
força que as linguagens possuem em contraposição às imagens da sociedade 
estabelecida. 
Mas essa afirmação tem a sua própria dialética. Não existe obra em que não 
evoque, em sua própria estrutura, as palavras, as imagens, a música de uma outra 
realidade, de uma outra ordem repelida pela ordem existente e, entretanto, viva na 
memória e na antecipação, viva no que acontece aos homens e mulheres, e na 
rebelião contra isso. 
Compreender uma estética verdadeiramente marxista é trazer para seu campo 
de estudo uma visão heterodoxa da arte. Levando em consideração que, diante das 
sociedades estabelecidas, a única possibilidade de ruptura é por meio da fantasia e 
da subjetividade dos indivíduos, talvez, esse ainda seja nosso primeiro movimento de 
acusação do estabelecido. A ideologia ortodoxa na arte, levantada por parte de alguns 
estetas marxistas, deixou-a na condição de simples objeto concreto, sem vida e 
perspectivas de mudança radical. Como bem escreve Marcuse (1977), “a arte abre 
uma dimensão inacessível a outra experiência, uma dimensão em que os seres 
humanos, a natureza e as coisas deixam de se submeter à lei do princípio de 
realidade, hoje dominante”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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