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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA Registro de danos causados por cupins (Insecta: Isoptera) presentes nas edificações do município de Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo entre 2000 a 2009. NADEGE RIECHELMANN Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. 12/2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENTOMOLOGIA URBANA: TEORIA E PRÁTICA Registro de danos causados por cupins (Insecta: Isoptera) presentes nas edificações do município de Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo entre 2000 a 2009. NADEGE RIECHELMANN Orientador: Dr. Antônio Tadeu de Lelis Monografia apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Entomologia Urbana. 12/2010 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Registro de danos causados por cupins (Insecta: Isoptera) presentes nas edificações do município de Ubatuba, Litoral Norte de São Paulo entre 2000 a 2009. Nadege Riechelmann RESUMO Este trabalho foi conduzido com o objetivo de realizar o levantamento de inspeções, ocorrências e intervenções no controle de cupins subterrâneo e cupins de madeira seca nas edificações dos bairros mais comprometidos no município de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. São apresentados dados de ocorrências destes cupins no município, a partir dos atendimentos realizados pela Empresa Controladora de Pragas ENTOMON de 2000 a 2009, com o mapeamento dos pontos em mapa-base georreferenciado e tabelas. Nas análises foi levada em consideração a distribuição espacial das ocorrências. Foram determinados os cupins mais freqüentes e estabelecidas às relações entre ocorrência de cupins, distribuição espacial, tipo e idade das edificações, e pontos mais atacados. Os cupins infestantes identificados nas edificações foram da família Termitidae (cupim subterrâneo) encontrada na maior parte das edificações, sendo o maior número de focos localizados nas estruturas do telhado; e da família Kalotermitidae (cupim de madeira seca) apresentou a maior incidência foi nos móveis. Existe uma relação entre ocorrências de infestações de cupins em árvores e edificações. Os riscos de infestações, e no número de focos de cupins são mais elevados em edificações com 15 a 30 anos de idade. Palavra chave: Cupins, edificações, infestações, inspeções, controle. ABSTRACT UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Recod of damages caused by termites (Insecta: Isoptera) in constructions in the county of Ubatuba, state of São Paulo, Brazil, between 2000 and 2009. This work was conducted with the aim at recording surveys, occurrences and control interventions on subterranean and dry Wood termites in constructions and trees in the county of Ubatuba, in the Northern coast of São Paulo. Occurrences are presented through calls received by ENTOMON, a Brazilian Pest Control Company, from 2000 to 2009. Sites with termite infestation were geo-referenced in a map and recorded in tables. Analysis took into consideration the spatial distribution of occurrences. The most frequent termite species were recorded and related to kind of construction, spatial distribution and age of the construction, the most attacked sites. Termites frequently identified belonged to the family Termitidae (subterranean termites), the largest number of infestations were in the structures of the roof. The family Kalotermitidae (dry-wood termite) showed the highest incidence in the furniture’s. There is a relationship among occurrences of termite infestations in trees and the buildings. The risk of infestation and the number of outbreaks of termites are higher in buildings with 15 to 30 years old. Key-words: termites, buildings, infestations, inspections, control. Dedicatória Mais uma vez, aos meus filhos por estarmos sempre unidos nesta grande arte que é a vida. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Ao Vicente meu companheiro, pela pessoa especial que ele é, e por ter me amparado e incentivado, compreendendo a importância dessa conquista e aceitando a minha ausência quando necessário. Sem ele nada seria possível. Agradecimentos Ao prof. Dr. Lelis, por quem tenho estima e admiração. Sob sua orientação, tive a oportunidade de desenvolver as ideias preliminares desta monografia. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp A todos os professores desta conceituada Instituição que nos instruíram e apoiaram em todos os momentos, fornecendo todas as informações necessárias ao desenvolvimento profissional. A todas as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a elaboração deste trabalho. AOS COLEGAS As dificuldades não foram poucas... Os desafios foram muitos... Os obstáculos, muitas vezes, pareciam intransponíveis. O desânimo quis contagiar, porém, a garra e a tenacidade foram mais fortes, sobrepondo esse sentimento, fazendo-nos seguir a caminhada, apesar da sinuosidade do caminho. Agora, ao olharmos para trás, a sensação do dever cumprido se faz presente e podemos constatar que as noites de sono perdido, as viagens e visitas técnicas realizadas; o cansaço dos encontros, os longos tempos de leitura, digitação, discussão; a ansiedade em querer fazer e a angústia de muitas vezes não o conseguir por problemas estruturais; não foram em vão. Aqui estamos, como sobreviventes de uma longa batalha, porém, muito mais fortes e hábeis, com coragem suficiente para mudar a nossa postura, apesar de todos os percalços... SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8 2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 8 2.1 IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA DOS CUPINS ............................................ 8 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp 2.1.1 Castas ................................................................................................... 11 2.1.2 Dispersão e fundação de novas colônias ............................................. 12 2.1.3 Ninhos ................................................................................................... 12 2.1.4 Cupins urbanos ..................................................................................... 13 2.2 O MUNICÍPIO DE UBATUBA .................................................................. 17 3. OBJETIVOS .............................................................................................. 18 4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 18 4.1. CARACTERÍSTICAS DOS LOCAIS DE ESTUDOS ............................... 18 4.2 CRITÉRIO DAS INSPEÇÔES NAS EDIFICAÇÕES ................................ 19 4.3 CRITÉRIOSDE IDENTIFICAÇÃO DOS ORGANISMOS XILÓFAGOS ... 20 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 20 5.1 NÚMEROS DE EDIFICAÇÕES COM CUPINS E LOCAIS ATACADOS . 20 5.2 PRESENÇA DE CUPINS E IDADE DA EDIFICAÇÃO............................. 23 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 26 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27 1. INTRODUÇÃO Os meios urbanos, de acordo com as características de seus processos de formação e desenvolvimento, apresentam peculiaridades próprias, nas ocorrências de infestações por insetos xilófagos e demais pragas nas edificações no município de Ubatuba, localizado no litoral norte de São Paulo. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Com a expansão urbana na retirada da cobertura vegetal das áreas, houve um aumento da superfície impermeabilizada no município, devido ao crescimento populacional, especulação imobiliária, turismo entre outros diversos fatores, contribuindo assim para o desequilíbrio ambiental. A partir destas problemáticas de alteração ambiental por ação antrópica, tem-se observado um aumento de infestações de cupins na área urbana do Município nos últimos anos, observação realizada mediante ocorrências e dados coletados pela Empresa Controladora de Pragas ENTOMON de 2000 a 2009, e registrados em um mapeamento dos pontos em mapa-base georreferenciado e tabelas, levando-se em consideração a distribuição espacial das ocorrências. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA DOS CUPINS Os cupins ou termitas são insetos eussociais da ordem Isoptera e constituem um dos grupos de invertebrados dominantes em ambientes terrestres tropicais. Portanto, climas quentes e úmidos como os do Brasil lhes são favoráveis. Compreende sete famílias: Mastotermitidae, Kalotermitidae, Termopsidae, Hodotermitidae, Rhinotermitidae, Serritermitidae e Termitidae (Grassé, 1986). São conhecidas atualmente 2.900 espécies descritas, sendo que a região neotropical engloba 537 espécies (Constantino, 2007). Aproximadamente 300 espécies ocorrem no Brasil e pertencem às famílias Kalotermitidae, Rhinotermitidae, Serritermitidae e Termitidae (Constantino 2002) A fauna da nossa região ainda é pouco conhecida e levantamentos faunísticos mais recentes registram um grande número de novas taxas (Zorzenon & Potenza, 1998). Quanto à distribuição geográfica, os cupins têm distribuição mundial restrita, entre latitude de 40° norte e 40° sul, pois preferem as regiões mais quentes e se concentram nas regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre (Costa-Leonardo, 2002). Os cupins adaptam-se aos mais diversos nichos para obtenção de matéria vegetal (celulose). Uma grande variedade de material orgânico pode servir de alimento para os cupins, incluindo madeira (morta e viva), gramíneas, plantas herbáceas, serapilheira, fungos, ninhos construídos por outras espécies de cupins, raízes, sementes, húmus, liquens, folhedo, excrementos e carcaças de animais (Lee& Wood, 1971, La Fage & UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Nutting 1978, Wood 1978, Noirot 1992, Sleaford et al.1996, Miura & Matsumoto 1997, Donovan et al. 2001). Neste habitat, os cupins ocupam a posição de consumidores primários (herbívoros e detritívoros), atuando na trituração, decomposição, humificação, e mineralização de uma variedade de materiais celulósicos. Contribuem na disseminação de bactérias e fungos que também atuam na quebra de celulose (Tayasu et al. 1997, Costa-Leonardo 2002). São mais conhecidos pelo seu potencial como praga, apesar dos cupins-pragas serem a minoria (cerca de 10%). O papel ecológico dos térmitas no ambiente é primoroso, participam ativamente da decomposição e reciclagem de nutrientes nos ecossistemas naturais. Exercem, portanto, uma influência sobre o solo, contribuindo para a sua aeração, porosidade devido à construção de túneis e galerias, umidade, bem como a ciclagem de partículas minerais e orgânicas. Devido ao fato de modificarem o perfil do solo, pode provocar mudanças na vegetação, o que consequentemente causa modificações na distribuição de animais (Lee & Wood, 1971; Wood & Sands, 1978). São, portanto consumidos por uma grande variedade de animais, tais como formigas, aranhas, pássaros e mamíferos, contribuindo para a formação da base de uma grande cadeia alimentar. Dessa forma, os cupins desempenham um papel primordial na maioria dos ecossistemas tropicais, tanto as suas atividades de consumidores primários como de decompositores de matérias vegetais (Costa - Leonardo, 2002). A fauna nativa de cupins é constituída de muitas espécies, mas poucas estão adaptadas para infestar edificações e se alimentar de madeiras e materiais celulósicos em áreas urbanas. Só um pequeno número de espécie de cupins, em todo o mundo, tem tido sucesso em fazer a transição do ambiente natural para o ambiente urbano. (Robinson, 1996). No Brasil há mais de 300 espécies de cupins, mas somente 19 espécies são responsáveis por consideráveis perdas econômicas em áreas urbanas (Mill, 1991). Esses cupins, por apresentarem características morfológicas, fisiológicas e comportamentais especiais, são capazes de utilizar a madeira como substrato, abrigo e alimento. Neste contexto, destaque especial é dado aos cupins, que devido a capacidade de digerir celulose proporcionada por fauna microbiológica simbionte presente em seu intestino, são atraídos por todo o material de origem celulósica, como a madeira em seu estado bruto, seus derivados papel, papelão, tecidos e outros (Grassé, 1982; Oliveira et al., 1986). Segundo Oliveira et al. (1986) e Krishna (1970) considerando-se o aspecto evolutivo, os cupins podem ser divididos em dois grupos: cupins superiores e inferiores. Os cupins UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp superiores são os pertencentes à família Termitidae, as demais famílias pertencem ao grupo dos cupins inferiores. Os cupins pertencentes às seis primeiras famílias são denominados “cupins inferiores” e os pertencentes à sétima família (termitidae) são denominados “cupins superiores”. Tais designações não significam que os insetos apresentam similaridades filogenéticas nem diferentes origens, referem-se apenas à dependência de protozoários flagelados simbiônticos, no caso dos “térmitas inferiores”, para auxiliar na degradação da celulose (Costa-Leonardo 2002). Segundo Grassé (1982), os cupins são fototrópicos negativos, vivem confinados no interior dos ninhos e de maneira geral, não possuem olhos sendo que os quimiorreceptores, localizados nas extremidades das antenas em conjunto com pêlos sensoriais distribuídos pelo corpo, são responsáveis pela percepção dos estímulos olfato e tato. De acordo com o autor, os cupins também possuem sensilas nos palpos maxilares e labiais, a olfação é evidenciada pela detecção de alimentos ou de outras substâncias pelas quais são repelidos quando nocivas. Para Edwards & Mill (1986) e Nutting (1970), uma colônia de cupins só pode ser considerada madura quando forem capazes de produzir todas as castas características da espécie (soldados, operários, reprodutores imaginais e neotênicos), inclusive os alados. O tempo levado por uma colônia para atingir a maturidade varia de acordo com a espécie e com fatores ambientais, podendo ser de 3 a 6 anos. 2.1.1 Castas Todos os cupins são eusociais, possuindo castas estéreis (soldados e operários). Uma colônia contém um casalreprodutor, rei e rainha, que se ocupa apenas de produzir ovos; de inúmeros operários o qual se convencionou usar no masculino, apesar desses indivíduos serem fêmeas ou machos. A maioria dos operários possui coloração esbranquiçada e são desprovidos de visão, realiza todas as atividades de forrageamento, construção e reparo do ninho, alimentação das castas dependentes (jovens, soldados e reprodutores) e cuidado com os ovos. Os operários também são ativos na defesa da colônia e possuem especializações voltadas para essa função nas espécies desprovidas de soldados. Os operários das famílias Kalotermitidae, Termopsidae, e alguns Rhinotermitidae são conhecidos como “pseudergates”, pseudo-operários ou falsos operários, porque esses indivíduos desempenham o papel dos operários, mas podem se diferenciar em soldados ou reprodutores. (Costa- Leonardo2002) UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Os soldados são indivíduos que apresentam desenvolvimento especializado da cabeça. Geralmente possuem mandíbulas poderosas e atuam na defesa da colônia. Em um cupinzeiro, geralmente são constituídos pelo rei e a rainha, são indivíduos sexuados denominados reprodutores primários. Eles são alados, mas depois do vôo nupcial perdem as asas, que se destacam de uma sutura existente perto da base das mesmas, deixando-os apenas com tocos de asas presos no tórax. Possuem o corpo todo esclerotizados e pigmentado, olhos compostos e um par de ocelos (Costa-Leonardo 2002). 2.1.2 Dispersão e fundação de novas colônias. A dispersão dos térmitas depende das condições meteorológicas e sociais favoráveis para o vôo (temperatura, luminosidade, umidade do ar, entre outras), número de alados produzidos e taxa de predação. (Nutting, 1970) A fundação de novas colônias ocorre a partir da produção de imagos por colônias maduras, que após a revoada de alados (aleluias ou siriris) adultos emergem do cupinzeiro e vão fundar novos ninhos. Geralmente ocorre num determinado período do ano, coincidindo com o início da estação chuvosa, no período de setembro a dezembro (primavera), quase sempre depois da ocorrência de chuvas sendo uma adaptação evolutiva, por ser mais fácil a instalação dos casais em solos úmidos. A revoada ocorre na maioria dos cupins tropicais e apenas em colônias maduras. È comum a observação, no crepúsculo ou à noite, de alados voando ao redor das lâmpadas. (Costa-Leonardo 2002) A revoada é possível por que ao longo de seu desenvolvimento, adquirem fototropismo positivo possibilitando sua saída da colônia de origem. O fototropismo positivo é mais acentuado no momento da revoada sendo que após a perda das asas os cupins tornam- se fototrópicos negativos, como as demais castas que compõem a colônia (Grassé, 1984 e Oliveira et al., 1986). Após a formação do par real, eles pousam, perdem as asas e formam os pares reais, dos quais alguns poucos conseguem se acasalar e fundar uma nova colônia. (Oliveira et al., 1986). 2.1.3 Ninhos Os ninhos de cupins, também denominados termiteiros ou cupinzeiros, variam quanto à forma, localização, tamanho, coloração, estrutura e material de construção. Geralmente UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp são sistemas constituídos por câmeras sendo: câmara real, câmara de cria, câmara de armazenamento de alimento (podendo estar ausentes) e galerias de forrageamento. Na periferia, seus limites ambientais sofrem mudanças periódicas que são alteradas de acordo com a área de forrageamento explorada. (Costa-Leonardo, 2002) Os cupins normalmente constroem ninhos que apresentam formas e características diferenciadas de acordo com a espécie, oferecendo-lhes proteção, além de manter a coesão da sociedade. O ninho é um sistema de cavidades e galerias interligadas entre si, constituindo um ambiente fechado que possui microclima mais ou menos distinto do meio circundante (com temperatura, umidade e atmosfera interna controlada). Ele pode ser construído em diferentes ambientes, com métodos variados, por meio de escavação no solo e/ou madeira. Algumas espécies constroem seus ninhos sobre a superfície do solo (epígeos), enquanto outras preferem a subsuperfície (hipógeos), troncos e galhos de árvores como suporte (arborícolas) ou madeira para construção das galerias, utilizando diferentes combinações de materiais (solo, matéria orgânica vegetal e até a própria saliva e fezes) como matéria prima (Noirot 1970, Fontes 1979). Ninhos construídos no interior da madeiras ocorrem em várias espécies, como os de madeira seca (Família Kalotermitidae). Espécies que habitam mobiliários instalam-se em pequenas peças de madeira, onde escavam cavidades irregulares ligadas por passagens estreitas. A superfície da madeira é sempre mantida intacta, mas fina quebra com extrema facilidade. Na superfície da madeira infestada, há orifícios circulares que ligam as cavidades com o exterior. Estes orifícios são utilizados para a expulsão dos grânulos fecais e para a largada dos alados na revoada. (Costa-Leonardo, 2002) Os ninhos subterrâneos podem consistir de um conjunto de galerias difusas ou ser individualizados, com uma estrutura definida. Podem ser constituídos por uma única unidade individualizada denominada cálie ou de várias unidades independentes, conectadas por galerias (ninhos policálicos) (Costa-Leonardo, 2002). Os ninhos epígeos iniciam sempre o seu desenvolvimento subterrâneo podendo alcançar grandes dimensões. São construídos por alguns cupins da família Rhinotermitidae e vários cupins da família Termitidae. (Cancello, 1991). Os ninhos arborícolas fixam-se em galhos ou trocos de árvores, mas quase sempre estão conectados ao solo por galerias. 2.1.4 Cupins urbanos UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Dados da literatura indicam que é pequena a proporção das espécies consideradas como pragas em relação ao número de espécies de cupins de uma determinada região (Zorzenon & Potenza, 1998). No entanto, em diversas regiões do mundo, os cupins xilófagos estão entre os insetos responsáveis por grande parte dos prejuízos advindos da deterioração biológica da madeira. Esse problema refere-se, em muitos casos, as áreas urbanas, uma vez que nelas concentra-se grande quantidade de madeira utilizada pelo homem, muitas vezes susceptível e sem nenhum tratamento preventivo. Em áreas urbanas, os dados causados em construções são atribuídos a cupins pertencentes a três grupos: cupins de solo ou subterrâneos, cupins de madeira úmida e cupins de madeira seca. No Brasil, os ataques mais freqüentes têm sido ocasionados por cupins de apenas dois grupos: cupins subterrâneos e de madeira seca (Lelis, 1976). • Cupins subterrâneos Os cupins subterrâneos, cuja ação afeta profundamente a economia do país, são bem adaptados ao convívio humano e tendem a apresentar ampla distribuição geográfica ou a serem cosmopolitas. São cupins de grande poder daninho e que podem ser introduzidos de maneira relativamente fácil em novas localidades e, assim, expandir suas fronteiras (Lelis, 1986; Oliveira et al., 1986; Nogueira, 1981). Dentre as espécies de cupins mais encontradas em áreas urbanas no Brasil estão as dos gêneros Coptotermes e Heterotermes, pertencentes à família Rhinotermítida, e as do gênero Nasutitermes, pertencentes à família Termitidae, sendo as espécies Coptotermes havilandi Holmgren, 1911 (Rhinotermitidae), Heterotermes tenuis, H. longiceps, Nasutitermes aquilinus e N. ehrhardti as principais de importância econômica (Fontes, 1995a; Alves & Berti Filho, 1995). • Cupins de madeira seca Os cupins de madeira seca pertencentes à famíliaKalotermitidae têm sido assinalado como grande causador de danos em madeiras da estruturas de edificações, móveis, livros, tecidos e outros materiais de origem celulósica em áreas urbanas em todo o mundo (Harris, 1971). O gênero Cryptotermes tem distribuição mundial e reúne 47 espécies. È a mais importante praga entre os ditos cupins de madeira seca. Segundo Marer (1991), as colônias de cupins de madeira seca, infestam madeira, não apodrecidas, estrutural, móveis, bem como galhos mortos de árvores nativas em UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp locais sombreados, arvores em pomares, postes e madeiras armazenadas. A partir dessas áreas os reprodutores alados sazonalmente migram para edificações vizinhas e de outras estruturas normalmente em dias ensolarados durante os meses chuvosos. Os cupins pertencentes a esse grupo têm uma exigência de baixa umidade e pode tolerar condições secas por períodos prolongados. A água pode ser obtida diretamente da própria madeira sendo que pequena quantidade é suficiente devido aos mecanismos especiais desenvolvidos para reduzir a perda de água. Dentre esses mecanismos o de recuperação de grande parte da água do material fecal (antes de evacuar) é um dos mais importantes (Edwards& Mill, 1086; Rudolph et al., 1990 e Waller & La Fage, 1986). Os autores afirmam que a umidade relativa do ar, fornece umidade à madeira, sendo indiretamente uma fonte de água para os cupins. Steward (1983) comparou Cryptotermes brevis (Waker) com outras espécies, quanto à adaptação ás diferentes condições climáticas e constatou que C. brevis sobrevive melhor tanto em condições quentes - secas como em frias - úmidas. Segundo o autor, a ampla distribuição da espécie parece estar relacionada á habilidade de se submeter à aclimatação e de alimentar-se eficientemente em umidades relativas tanto médias (cerca de 60%) como altas (cerca de 90%). As colônias de C. brevis que forem eventualmente transportadas pelo homem, dependerão do vôo de dispersão de imagos para estabelecerem novas infestações. Esta espécie tem atingido grande sucesso nos ambientes urbanos devido à capacidade de reproduzir-se em condições de umidade moderadas baixas (60-70% UR) e de temperatura elevadas (29-31°C). Segundo Marer (1991) as colônias desses cupins geralmente, são relativamente menos populosas, em torno de 1000 indivíduos. Porem, em edifício bastante infestado pode ser encontrado até milhares de indivíduos, proveniente de várias colônias estabelecidas num mesmo local. Nas colônias não há operários verdadeiros, sendo as tarefas gerais realizados pelos “pseudo-operários”. Os soldados desta espécie têm a cabeça bem escura e fragmótica, há uma modificação da região anterior, formando uma região mais achatada ou escavada com a qual o inseto pode obstruir um orifício (Zorzenon & Potenza, 1998). Os sinais mais característicos de infestações por cupins de madeira seca é a presença de grânulos fecais, que são colocados para fora da peça atacada. Quando as colônias são pequenas, a quantidade de grânulos fecais eliminado para fora é mínima dificultando sua detecção. Esses grânulos são secos e apresentam a coloração da UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp madeira da quais os cupins se alimentaram (Edwards & Mill; Oliveira et al. 1986; Su & Scheffrahn, 1990 e Van Den Meiracker, 1998). • Cupins arborícolas São cupins que constroem termiteiros arborícolas ou semi - arborícolas. São principalmente as espécie de Nasutitermes, que fazem ninhos deste tipo. Todavia há espécies de Microcerotermes, Amistermes e Mirotermes que também os constroem. Causam transtornos similares aos dos cupins subterrâneos, porem habitualmente constroem ninhos em suportes elevados, tantos em locais visíveis como ocultos, transitam mais supercialmente pelo substrato, em túneis bem expostos. . (Padrão exógeno) Este é o padrão comum de infestação, característico pela presença de ninhos visíveis em postes, cercas, paredes, vigas de telhado, árvores, suportes de madeira ou de alvenaria. Em edificações, túneis e ninhos são comumente encontrados em telhados, paredes perimetrais e muros. Também podem ser construídos sob pisos e dentro de outros vãos estruturais ocultos, mas isso pode aparecer principalmente em casos de infestações severas. O padrão exógeno está associado à infestação de árvores urbanas, cujos troncos e ramos albergam ninhos arborícolas típicos do gênero Nasutitermes. (FONTE& MILANO, 2002: 60) (Padrão endógeno) Este padrão caracteriza-se pela presença de túneis típicos de Nasutitermes, mas ninhos não são visíveis em locais expostos. Embora similares aos descritos no padrão exógeno (arborícolas e visíveis em suportes expostos), são construídos em locais ocultos no interior de edificações. São encontrados em paredes e colunas internas, corredores, porões, dentro de diversos vãos estruturais e em cavidades sob o piso. (Fontes & Milano, 2002: 125). 2.2 O MUNICÍPIO DE UBATUBA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp O município de Ubatuba está localizado no Litoral Norte do Estado de São Paulo (na região Sudeste do Brasil), distante 250 km da capital. Limita-se ao Norte com Paraty (RJ), ao Sul com Caraguatatuba (SP), a Oeste com Cunha, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra (todas de SP) e a Leste com o Oceano Atlântico, achando-se na latitude 23'26'21,45. O município possui a maior orla marítima do Litoral Norte, encontrando-se mais adensado na sua parte sul, da divisa com Caraquatatuba até à sede do município. Ao norte, a ocupação é rarefeita, existindo as comunidades tradicionais e os condomínios de alto padrão. Parte do seu patrimônio ambiental e cultural encontra-se protegido pelo Parque Estadual da Serra do Mar, pelo Parque Nacional da Serra da Bocaina, pelo P. E. da Ilha Anchieta e pelos tombamentos feitos pelo Condephaat. Ubatuba é o município que possui o maior número de praias (78) do litoral paulista, correspondentes à 53 quilômetros de extensão. Os bairros considerados foram ao norte : Itamambuca, Promirim, Ubatumirim e Picinguaba; centro: Praia Grande, Itaguá, Perequê- Açú, Toninhas, Vermelha do Centro, Ponta Grossa, Centro, Silop, Tenório, Estufa I, Estufa II, Ressaca, Parque Viva Mar, Horto; e ao sul : Enseada, Maranduba, Praia Dura, Praia Brava, Fortaleza, Lázaro, Lagoinha, Saco da Ribeira, Perequê-Mirim. (Fig.1) O tipo de vegetação predominante é a Mata Atlântica, marcada pela predominância da floresta Ombrófila, densa de encosta e de planície, pelos manguezais e restingas. O clima apresenta-se como tropical quente e muito úmido, com média anual de precipitação acima dos 2.000m/m. Associados todos esses fatores, estão criadas as condições para o atual nível de ocorrência de pragas, dentre elas, os cupins com maior preocupação da população. 3. OBJETIVOS A análise dos registros deste município tem a finalidade de fornecer subsídios para o manejo integrado de cupins de solo e de madeira seca em edificações, com vistas a minimizar o impacto da sua ação, desse modo, a maneira mais eficaz de controle desta praga em específico é investigar, analisar e procurar compreender o porquê deste aumento para então traçar procedimentos mais adequados em relação ao meio ambiente. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. CARACTERÍSTICAS DOS LOCAIS DE ESTUDOS Nas realizações das amostragens foram selecionados os bairros com maior índice de infestações. Onde a expansão de residências, casasde veraneio e condomínios apresentam-se marcada com conseqüências visíveis na alteração do ambiente. Os fatores que determinaram a escolha desses bairros foram: histórico da presença de cupins; edificações com idades bastante variadas, tanto antigas quanto novas, de estilos e técnicas construtivas distintas e por se tratar de uma cidade histórica (372 anos) situada na Mata Atlântica. Foi confeccionada uma tabela com os seguintes dados: mês; ano; tipo de imóvel (1) casa de veraneio; (2) residência; (3) apartamento individual; (4) condomínio de apartamento; (5) condomínio de casas; bairro; endereço; tipo de cupins; locais atacados; controle; produtos utilizados. Os anos avaliados foram de 2000 a 2009. Desse levantamento foram definidos os estratos a serem estudados para facilitar na Tabulação de dados dos resultados: condomínios horizontais e verticais, casas de veraneio e residências. 4.2 CRITÉRIO DAS INSPEÇÔES NAS EDIFICAÇÕES As edificações foram inspecionadas quanto a: Presença de cupins nos diversos componentes da edificação, tipo de construção (alvenaria ou pré – fabricada), tipos de materiais atacados; vistoria nas residências, casas de veraneio, condomínios e apartamentos (porões, subsolo, poço de elevador, casa de bombas, salas dos quadros de medição, juntas de dilatação, área comum interna e externa); arborização, jardins. • Os pontos de ocorrência de cupins em edificações nos bairros mais comprometidos. • Os locais de preferências para o estabelecimento de focos de infestação nas edificações; UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp • Distribuição das freqüências absolutas e relativas das ocorrências de cupins de solo, cupins de madeira seca nas edificações (residências, casas de veraneio, condomínios, prédios e apartamentos) com peças de madeira atacadas e não atacadas e de outros materiais, classificados por componentes analisados (aberturas externas, aberturas internas, piso, rodapés, forro, beiral, estruturas do telhado, móveis, conduítes elétricos, caixas padrão de luz, área de jardim, arborização, área da piscina, saunas, edículas, churrasqueiras); • Cupim subterrâneo: Padrões de infestação conforme a localização do ninho: infestação no solo, infestação aérea, e infestação mista (solo, aérea,). Presença de galerias, câmara e sulcos na madeira; escavações contendo massa de partículas de solo; tubos de terra na parte externa da madeira ou das fundações. • Infestações por cupins subterrâneos conforme a localização do ninho: infestação no solo, infestação arborícola, infestação interna (edificação) e infestação mista (arborícola + interna); • Cupins de madeira seca: presença de galerias, câmaras e túneis na madeira; com resíduos fecais; com sulcos longitudinais. 4.3 CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS ORGANISMOS XILÓFAGOS. Durante as inspeções os insetos foram coletados manualmente, separados das partículas de solo e fragmentos de madeira com pinças ou pincel molhado e preservado em álcool 80%. As amostras contêm cerca de 10 indivíduos de cada casta presente (soldados, operários, alados) e quando possíveis casais reais, todos de uma mesma colônia. O material foi devidamente etiquetado e acondicionado intencionalmente para trabalhos futuros. O reconhecimento das famílias Kalotermitidae (cupim de madeira seca), foi baseado na observação das características do ataque: orifícios, resíduos produzidos pelos insetos. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados foram analisados quanto à ocorrência de cupins subterrâneos e de madeira seca e simultaneamente. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Nas edificações as madeiras utilizadas preferencialmente são em peças de acabamento, tais como: aberturas externas (portas, batentes, janelas e suas guarnições), aberturas internas (portas, batentes e suas guarnições) rodapés, pisos. Nas estruturas do telhado (ripados, vigas, tabeiras e beirais). Outros materiais além da madeira também foram encontrados principalmente em forros e beirais (alvenaria), pisos de madeira ou cerâmica e mobília. Todas as edificações apresentaram algum componente de madeira. 5.1 NÚMEROS DE EDIFICAÇÕES COM CUPINS E LOCAIS ATACADOS Registrou-se (Tabela 1) a incidência de cupins nas diferentes partes da edificação. Das 222 edificações analisadas, as aberturas externas de madeira (portas e janelas) estavam presentes: 74 (33,33%) com cupim subterrâneo, 17 (7,66%) cupim de madeira seca e 2 (0,90%) simultaneamente com cupim subterrâneo e cupim de madeira seca . TABELA 1 Distribuição das freqüências absolutas e relativas das ocorrências de cupins subterrâneo e cupins de madeira e simultaneamente em edificações com peças de madeira atacadas e de outros materiais, classificadas por componentes analisados. Peças Madeira e Material não celulósico __________________________________________________________________________________________________________ C/cupim subterrâneo % C/cupim mad.Seca % C/ cupim subterrâneo e cupim de mad. Seca % Aberturas externas 74 7,85 17 5,48 2 2,78 Aberturas internas 30 3,18 99 31,94 22 30,56 Piso 44 4,67 1 0,32 1 1,39 Rodapés 32 3,40 14 4,52 12 16,67 Forro 97 10,30 33 10,65 13 18,06 Beiral 115 12,21 12 3, 87 0 0,00 Estrutura do telhado 119 12,63 15 4,84 1 1,39 Móveis 15 1,59 110 35,48 15 20,83 As edificações apresentadas com aberturas internas de madeira (portas, batentes e guarnições), foram 30 (13,51%) atacadas por cupins subterrâneos; 99 (44,59%) por cupins de madeira seca e 22 (9,91%) simultaneamente. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Dos rodapés de madeira foi verificado o ataque de cupins subterrâneo 32 (14,41%) contra 14 (6,31%) de madeira seca e simultaneamente 12 (5,41%). Observou-se que nas edificações mais novas não tem rodapés ou a colocação é de outro material. Dentre as edificações cujos forros são de madeira, a freqüência de ataque de cupins é alta. Foi observado nas edificações amostradas, que 97 (43,69%) o ataque foi de cupim subterrâneo. A maioria das edificações possuía beirais de madeira. Foi constatado ataque, por cupim subterrâneo 115 (51,80%) sendo que cupim de madeira seca 12 (5,41%). Nas estruturas do madeiramento do telhado (caibros, vigas, ripas) os cupins subterrâneos ocorreramem 119 (53,60%), cupins de madeira seca em 15 (6,76%) e simultaneamente somente um caso 1(0,45%). Dentre as 222 edificações que foram realizados controles químicos, 15 (6,76%) móveis estavam infestados por cupins subterrâneos; 110 (49,55%) por cupins de madeira seca; e 15 (6,76%) simultaneamente. TABELA 2 Distribuição das freqüências absolutas e relativas das ocorrências de cupins subterrâneo e cupins de madeira e simultaneamente em edificações com peças de madeira atacadas e de outros materiais, classificadas por outros componentes analisados. Peças Madeira e Material não celulósico __________________________________________________________________________________________________________ C/cupim subterrâneo % C/cupim mad.Seca % C/ cupim subterrâneo e cupim de mad. Seca % Caixa padrão 34 3,61 1 0,32 0 0,00 Conduítes 42 4, 46 0 0, 00 0 0,00 Porão 17 1, 80 0 0,00 0 0,00 Edículas 68 7, 22 1 0,32 4 5, 56 Churrasqueiras 46 4, 88 2 0,65 1 1, 39 ( alvenaria) Churrasqueira 12 1,27 2 0,65 1 1,39 (cobertura) Piscina 5 0,53 0 0,00 0 0,00 Muro 91 9, 66 0 0,00 0 0,00 Arvores 95 10,08 0 0,00 0 0,00 Total 942 100,00 310 100,00 72 100,00 Na maioria das caixas padrão houve infestações por cupins subterrâneo 34 (15,32%) e somente 1 (0,45%) caso de cupim de madeira seca. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp Nos conduítes de instalações elétricas constataram-se 42 (18,92%) edificações infestadas por cupins subterrâneos. Não foi observado cupim de madeira seca nas mesmas. Nos porões contatou-se presença de cupim subterrâneo em 17 (7,66%) das 222 edificações analisadas. Geralmente, as edículas das edificações são compostas por uma área de serviço, depósito, banheiro, quarto de empregada. Por ser uma área mais isolada e de pouco acesso passa despercebido o ataque. Das edificações inspecionadas e efetuado o controle 68 (30,63%) apresentavam cupim subterrâneo, somente 1 (0,45%) com cupim de madeira seca e simultaneamente 4 (1,80%). Nas churrasqueiras e coberturas das mesmas, das 222 edificações inspecionadas verificou-se cupim subterrâneo em 46 (20,72%) churrasqueiras e 12 (5,41%) nas estruturas dos seus telhados. Apenas 02 (0,90%) churrasqueiras apresentaram cupim de madeira seca localizados no madeiramento do telhado e adornos de madeira aplicados nas mesmas. Apenas 01 (0,45%) churrasqueira apresentou os dois tipos de cupins. Das 222 edificações inspecionadas 41 tinham piscinas, destas 5 (2,25%) constataram alta infestação por cupim subterrâneo. Dentre os 942 locais onde foram constatados focos de cupins, 95 (10,08%) estavam localizados em árvores. Todas apresentaram cupins ativos, galerias e algumas com presença de ninhos. Foi observada a extensão de uma correlação entre indicadores da analise das árvores em relação à infestação da edificação. 5.2 PRESENÇA DE CUPINS E IDADE DA EDIFICAÇÃO PRESENÇA DE CUPINS E IDADE DAS EDIFICAÇÕES TABELA Distribuição das freqüências absolutas e relativas das ocorrências de cupins subterrâneo; cupim de mad. Seca e simultaneamente em edificações agrupadas em classes de idades e a porcentagem sobre o total de edificações amostradas. Classe C/cupim subterrâneo % C/cupim mad.Seca % Simultaneamente % Total % (idade) 0 -15 15 12,60 15- 30 168 75,68 30 – 45 25 11,26 45 – 60 2 0,90 ________________________________________________________________________________________________________ UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp As idades das edificações vistoriadas variaram entre 0 e 60 anos, sendo que 27(12,16%) estavam entre 0 a 15 anos, apresentou ataque por cupins. As edificações com idade de 15 a 30 anos 168 (75,68%). Em edificações de 30 a 45 anos apresentaram 25 (11,26%). Já as mais antigas de 45 a 60 anos apenas 2 (0,90%) e completamente infestadas por cupins tanto subterrâneos como de madeira seca. • O ataque do madeiramento do forro pode ser influenciado pelo modo de dispersão do cupim. Quando em revoada este inseto é atraído pela luz, localizada no forro que, sendo de madeira suscetível, facilita o ataque. • Os fatores que podem influenciar a alta infestação de cupins na estrutura de telhados são madeiras menos resistentes de baixa qualidade apesar de que se tem constatado presença de cupim subterrâneo até mesmo em madeiras duras e resistentes como a peroba. Outro fator é de já existir alguma peça infestada no interior do imóvel, e que os alados, ao partirem desse foco, pode ter acesso direto ao madeiramento interno da edificação. È importante salientar, que no município de Ubatuba, não há tradição em se utilizar qualquer tipo de tratamento preventivo contra ataque de cupins em madeiras suscetíveis ao empregá-las nas edificações. A prática de utilizar madeira não resistente sem tratamento ou tratamento preventivo na pré-construção não é exclusividade dos construtores de Ubatuba. • A maior parte dos rodapés das edificações amostradas é de madeira, por serem utilizados como acabamento, sem função estrutural, são feitos de madeiras menos resistentes e por isso são mais suscetíveis aos ataques de cupins do que os pisos. • Com relação aomaterial do que eram feitos os móveis, constatou-se que o atacado com maior freqüência foi à madeira maciça, seguidos do compensado, vime, junco, bambu, cana da índia e com menor freqüência, móvel de aglomerado. Os móveis de madeira reconstituído, quando considerados juntos, compensado e aglomerado foram menos atacados por cupins do que os de madeira maciça. A freqüência de ataque de cupins aos compensados depende muito da qualidade dos mesmos. Devido ao grande número de amostras de móveis de diferentes materiais, não foi possível estabelecer uma relação entre a idade das peças e ocorrência de cupins. • Verificou-se que a infestação por cupins nas caixas padrão é facilitada pela presença de peças de madeira de baixa qualidade nos quadros, bem como pela falta de tratamento dos mesmos. As maiorias dos quadros são feitos com madeira compensada UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp laminada, com falhas que permitem o acesso de cupins ao interior das placas, ou mesmo com madeiras compensada contraplacadas de pino ou pinho. O uso de tacos de madeira para a fixação dos quadros constitui-se também, num meio de propagação, por estarem em contato com a alvenaria e geralmente montados em ambiente úmidos. Pode-se constatar que uma vez instalada uma colônia, ela pode se propagar pela rede de eletrodutos atingindo pontos distantes do local de origem. Ocorrendo também o processo inverso, em que os cupins penetraram pela rede de dutos do ramal de entrada os quadros elétricos e se propagando para outras partes internas das edificações. Esses mesmos mecanismos observaram-se para as instalações telefônicas e de TV a cabo. • Observa-se que as infestações das instalações elétricas e telefônicas, podem passar despercebidas por longo tempo, pois os quadros, (padrão) painéis e outros componentes não são de manuseio freqüente e somente acessado por pessoas habilitadas. • Nos porões observam-se com freqüência restos de obras, madeiras estocadas, caixas de madeira ou papelão até mesmo raízes de árvores não retiradas durante a construção. A maior parte dos porões em edificações (condomínio verticais) encontra-se com excesso de umidade concentrada, por falta do bombeamento das águas oriundas do lençol freático, da falta de manutenção e monitoramento das mesmas. A maior parte dos condomínios, os responsáveis pela manutenção desconhecem a problemática deste agente infestante quando percebem o cupim já se propagou sem nenhuma evidência externa nos estágios iniciais de infestação. • A maior parte das edificações aqui no litoral tem churrasqueira com cobertura sendo que muito delas, encontra-se em precárias condições de uso, com trincas, rachaduras e infiltrações nas paredes de sustentação da grelha e da coifa, o mesmo acontecendo com as áreas e pisos do seu entorno. É comum deixarem estoque de lenhas, papeis com isso favorecendo um ambiente favorável á infestações de cupins. • Outro fator de agravo para o problema termitico urbano esta na arborização. Sendo que a árvore é um componente fundamental da paisagem urbana, cujo valor extrapola em muito o da simples ornamentação. Os cupins e outros organismos xilófagos são onipresentes nas árvores adultas da região. O problema de cupim observado nas árvores tanto das edificações com de entorno, é pelo fato deles apresentarem grande capacidade de dispersão podendo comprometer a sanidade biológica de outras árvores e também das edificações. Foram analisadas as árvores das edificações e de entorno por meio de análise externa com o cuidado de verificar a presença de vestígios e túneis de cupim nas UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp cascas e entre cascas, no solo junto à base das árvores e das condições gerais do local em que as árvores encontram-se plantadas. • Estes resultados demonstram a variabilidade de idade dos bairros, apesar de ser uma cidade Histórica muitas das edificações são demolidas e substituídas por novas. Comparando estes resultados encontrou-se que as diferenças são significativas. De qualquer maneira, construções novas em áreas infestadas devem, necessariamente, abordar a questão dos cupins subterrâneos como uma realidade no planejamento da obra, pois independentemente das variáveis do estudo, esses locais apresentam requisitos favoráveis ao sucesso dos cupins, podendo causar prejuízos significativos mesmo após poucos anos de concluída uma obra. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A finalidade de tal estudo foi fornecer subsídios para o Manejo integrado desta importante praga em edificações, com vistas a minimizar o impacto da sua ação. Combater tecnicamente os cupins que ameaçam sua integridade. A eliminação de cupins implica serviços especializados de controle e monitoramento, cuja responsabilidade técnica não pode ser atribuída aos proprietários, os quais nem sempre poderão assumir seus ônus. Essa situação pode ser agravada devido à capacidade que os insetos xilófagos têm de se espalharem rapidamente a partir de focos isolados. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS – RIO CLARO unesp REFERÊNCIAS ARAUJO, R. L. Catálogo dos Isoptera do novo mundo. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1977. 92p. ARAUJO, R.L.1980. Térmitas prejudiciais às madeiras. In: MARICONI, F. A. M.; ZAMITH, A. P. L.; ARAÚJO, R.L. OLIVEIRA, F. A. M.; PINCHIN, R.(Eds.). Inseticidas e seu emprego no combate às pragas. São Paulo: Nobel, p.100-123. CANCELLO, E. M. 1991. Two different mounds of Cornitermes bequaertii (Termitidae, Nasutitermitidae): an example of the plasticity in termite nest architecture in the neotropics. Rev. Bras. Entomol, 35(3): 603-606. CONSTANTINO, R. 1999. Chave ilustrada para identificação dos gêneros de cupins (Insecta: Isoptera) que ocorrem no Brasil. Pap. Avulsos Zool, 40(25): 387-448. COSTA - LEONARDO, A.M. 1991. A alimentação dos cupins. Ciência Hoje, 12(71): 54- 56. COSTA – LEONARDO, A. M. 2002. Cupins - Pragas: morfologia, biologia e controle. Rio Claro: A.M. 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