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TRABALHO DE GRADUAÇÃO Ilha Solteira - SP Novembro de 2011 FEIS – FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TRABALHO DE GRADUAÇÃO Projeto e Caracterização de Amplificador de Áudio para Aplicações em Atuadores Piezoelétricos PALAVRAS-CHAVE: Amplificadores de Áudio, Atuadores Piezoelétricos DISCENTE: Rafael Favaro Quadrado RA: 200525301 ORIENTADOR: Professor Dr. Cláudio Kitano PERÍODO: Dezembro 2010/Novembro 2011 TOTAL DE HORAS: 120 horas Ilha Solteira - SP Novembro de 2011 Agradecimentos Agradeço a Deus por cada novo dia de minha vida, por minha saúde e família. Aos meus pais, Sylvio e Isabel, pelo carinho, apoio, paciência e compreensão durante todo o processo de graduação, e em especial, da realização deste trabalho. Ao meu orientador Professor Doutor Cláudio Kitano, pela idealização deste trabalho, pelas orientações, interesse e paciência. Ao professor Doutor Aparecido Augusto de Carvalho por ceder o acesso ao laboratório de sensores para a realização dos experimentos práticos, assim como aos seus orientados, Luiz Vitti Felão e Mateus Urban, pelo enorme apoio e ajuda no desenvolvimento e realização dos testes. Aos técnicos do Departamento de Engenharia Elétrica, Aderson e Everaldo, pelo fornecimento do material necessário para os testes, e pelo conhecimento técnico compartilhado. A todas as pessoas que passaram pela minha vida neste período, pelas alegrias, pelas risadas, pelo companheirismo, amor e carinho. São coisas pequenas, mas de valor inestimável, as quais levarei comigo pelo resto da vida. A todas elas, um muito obrigado! A todos os demais professores e amigos que de uma forma ou de outra contribuíram para a minha formação profissional e crescimento pessoal. Resumo Os transdutores piezoelétricos flextensionais foram desenvolvidos a fim de se amplificar os deslocamentos da piezocerâmica mesmo quando se opera em tensões elétricas relativamente baixas. Um transdutor piezoelétrico flextensional é constituído pela piezocerâmica propriamente dita, acoplada a uma estrutura metálica (em geral de alumínio), a qual atua como transformador de deslocamento mecânico. Para alimentar estes atuadores, são necessários amplificadores que operam na faixa de frequência de áudio, com tensões de alimentação inferiores a 100 volts. Neste trabalho são estudados e implementados amplificadores de áudio com o objetivo de analisar suas principais características e avaliar qual o mais conveniente para testes nestes atuadores. A princípio é projetado, estudado e simulado, um circuito amplificador a base de componentes discretos, em seguida são analisados circuitos amplificadores baseados em circuitos integrados, em todos os casos os fatores de importância observados foram linearidade, baixa distorção e largura de banda. Conceitos estudados nos cursos de Eletrônica 1 e 2 da FEIS-Unesp, como o projeto de estágios pré-amplificadores a transistor, amplificadores de potência do tipo push- pull, amplificadores de áudio e amplificadores operacionais, foram empregados. Neste sentido, amplificadores de potência compatíveis com amplificadores de áudio foram estudados neste trabalho. Índice Geral CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................................5 1.1 OBJETIVO...............................................................................................................................6 1.2 APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO....................................................................................6 CAPÍTULO 2 - PROJETO DE UM AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO........................................................................................................................7 2.1 ESTÁGIO DE SAÍDA.............................................................................................................7 2.2 ESTÁGIO DE PRÉ-AMPLIFICAÇÃO.................................................................................25 2.3 ANÁLISE DO SISTEMA ACOPLADO...............................................................................41 2.4 CIRCUITO FINAL E SIMULAÇÕES..................................................................................45 CAPÍTULO 3 - AMPLIFICADORES DE ÁUDIO INTEGRADOS.....................................51 3.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO........................................................51 3.2 O CIRCUITO INTEGRADO LM380....................................................................................52 3.2.1 O CIRCUITO INTEGRADO LM380N-8................................................................57 3.2.2 O CIRCUITO INTEGRADO LM380N....................................................................58 3.3 O CIRCUITO INTEGRADO LM3886..................................................................................59 3.4 O CIRCUITO INTEGRADO TDA2005................................................................................61 3.5 O CIRCUITO INTEGRADO TDA7294................................................................................64 CAPÍTULO 4 – RESULTADOS EXPERIMENTAIS..............................................................67 4.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO........................................................67 4.2 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM CIRCUITOS INTEGRADOS...................................69 4.2.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM LM380N-8...................................................69 4.2.2 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM LM380N.......................................................71 4.2.3 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM LM3886.......................................................73 4.2.4 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM TDA2005.....................................................74 4.2.5 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM TDA7294.....................................................76 CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS.........78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................80 6 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O efeito piezoelétrico ou piezoeletricidade foi descoberto pelos irmãos Curie em 1880 e utilizado na prática pela primeira vez por P. Langevin em sonares durante a primeira guerra mundial. Langevin utilizou quartzo acoplado a massas metálicas para gerar ultrassom na faixa de alguns quilohertz. Após a primeira guerra mundial, devido à dificuldade de se excitar transdutores construídos com quartzo, por causa da demanda por alta tensão, iniciou- se o desenvolvimento de materiais piezoelétricos sintéticos. Estes esforços levaram à descoberta, nas décadas de 40 e 50, das cerâmicas piezoelétricas de titanato de bário pela antiga URSS e pelo Japão, bem como, das cerâmicas piezoelétricas de titano-zirconato de chumbo (PZT’s), pelos EUA. O desenvolvimento das cerâmicas piezoelétricas foi revolucionário (CADY, 1978). Além de apresentarem melhores propriedades que os cristais depois de polarizadas, também oferecem geometrias e dimensões flexíveis por serem fabricadas por meio da sintetização de pós cerâmicos conformados via prensagem e extrusão. Atualmente as cerâmicas piezoelétricas tipo PZT, em suas diversas variações, são os materiais piezoelétricos predominantes no mercado. Os materiais piezoelétricos apresentam a propriedade de se expandir ou contrair quando submetidos a uma diferença de potencial elétrico. Tais materiais são amplamente utilizados em atuadores piezoelétricos, com o objetivo de se obter controle preciso de deslocamentos microscópios. Porém, os níveis de tensão elétrica necessária para alimentá-los costuma ser elevados, exigindo-se amplificadorescom saídas máximas de 300, 400 e 1200 volts. Com o objetivo de superar os problemas associados com as altas tensões, transdutores piezoelétricos flextensionais (SILVA et al., 2003) foram desenvolvidos a fim de se amplificar os deslocamentos da piezocerâmica mesmo quando se opera em tensões elétricas relativamente baixas (inferiores a 100 volts). Um transdutor piezoelétrico flextensional é constituído pela piezocerâmica propriamente dita, acoplada a uma estrutura metálica (em geral de alumínio), a qual atua como transformador de deslocamento mecânico. Para alimentar estes atuadores, são necessários amplificadores que operam na faixa de frequência de áudio, com tensões de alimentação de ±33 volts. Conceitos estudados nos cursos de Eletrônica 1 e 2 da FEIS-Unesp, como o projeto de estágios pré-amplificadores a 7 transistor, amplificadores de potência do tipo push-pull, amplificadores de áudio (como LM3886) e amplificadores operacionais, podem ser empregados (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007), (Boylestad, R.L., Nashelsky, L., 2004). Neste sentido, amplificadores de potência compatíveis com amplificadores de áudio foram estudados neste trabalho. Fatores de importância são linearidade, baixa distorção e largura de banda. 1.1 OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo, o projeto, simulação, caracterização e construção de amplificador de áudio para aplicação em atuadores piezoelétricos flextencionais. Inicialmente, foi realizado um estudo sobre a teoria de amplificadores a fim de analisar qual tipo e classe de amplificador será mais conveniente para a aplicação dos atuadores piezoelétricos. Em seguida, foram realizadas simulações do circuito amplificador através de softwares, com o intuito de verificar seu comportamento e funcionalidade. A partir daí, deu-se início ao processo de construção do circuito, primeiro em protoboard, e depois, em placa de circuito impresso e soldagem dos componentes. Características como linearidade, rendimento e resposta em frequência foram levantadas. 1.2 APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO Este relatório é constituído por 5 capítulos, incluindo-se este. No capítulo 2 apresentam-se a descrição e o projeto das etapas de um amplificador de áudio a base de componentes discretos. No capítulo 3 estudam-se alguns amplificadores de áudio integrados disponíveis no comércio como o LM380, LM3886, TDA2005 e TDA7294. No capítulo 4, são descritos os amplificadores implementados em protoboarb ou placas de circuito impresso, bem como, os resultados experimentais dos ensaios de linearidade e de resposta em frequência. O capítulo 5 contém a conclusão e a sugestão para trabalhos futuros. 8 CAPÍTULO 2 PROJETO DE UM AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO Um amplificador analógico de áudio é um circuito multi-estágios que se estende desde a entrada (um microfone, por exemplo) até a saída, a qual, normalmente, está conectada a um alto-falante. Em geral, um amplificador de áudio básico é constituído pelos estágios de pré- amplificação de tensão e amplificador de potência. Blocos secundários podem ser acrescentados, como equalizadores, controles de tom, volume e crossovers. Neste trabalho, contudo, dá-se ênfase ao circuito básico. Nas seções a seguir, apresenta-se o projeto de um amplificador de áudio transistorizado, com pré-amplificador a base de transistores bipolares de junção e estágio de potência classe-AB, dedicado a trabalhar com cargas resistivas de 8Ω. 2.1 ESTÁGIO DE SAÍDA Uma função importante do estágio de saída de um amplificador é realizar o acoplamento com uma resistência de saída baixa, de modo a se fornecer o sinal de saída para a carga sem queda no seu ganho individual (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007). Na Figura 2.1 está ilustrado um amplificador de potência em classe-AB, sugerido por (Malvino, A.P., 1997), alimentado por uma única fonte de alimentação DC, com valor igual a 30V. 9 Figura 2.1 – Estágio de saída do amplificador de áudio. Em princípio, os transistores encontram-se em configuração push-pull, com transistores complementares NPN e PNP. A fim de se reduzir o fenômeno de distorção de cruzamento (crossover), recorre-se aos dois diodos inseridos entre as bases dos transistores. A função dos resistores R1 e R2 na Figura 2.2a é permitir a passagem de uma corrente, IR, pelos diodos D1 e D2, cuja função é manter os transistores QN e QP operando na região ativa. Os valores desses resistores, em geral, escolhidos iguais (isto é, R1 = R2) são tais que a corrente IR seja muito superior às correntes nas bases de QN e QP, as quais poderão ser desprezadas na análise. Contudo, IR não pode ser muito elevada, uma vez que contribuiria para o consumo de potência off-line. Outra função dos diodos D1 e D2 é proporcionar uma imunidade contra o problema de escape térmico (Malvino, A.P., 1997), ou seja, ao círculo vicioso que se origina quando os transistores QN e QP conduzem corrente, que provoca aumento na temperatura, que provoca aumento na corrente, aumentando mais ainda a temperatura, e assim por diante. O resultado do escape térmico seria a destruição dos transistores. Como o estágio de saída é o estágio final do amplificador, usualmente se opera com sinais de entrada com amplitudes relativamente elevadas (da ordem de dezenas de volts). 10 Portanto, as aproximações e os modelos para pequenos sinais não são aplicáveis para análise de ganho. Em amplificadores classe-B, os diodos D1 e D2 estão ausentes, e os resistores R1 e R2 são projetados para manter QN e QP cortados, quando em operação DC. Contudo, em configuração classe-AB, existe o consumo off-line devido à corrente IR quando o circuito opera em DC. Na Figura 2.2a desenha-se o circuito obtido quando os capacitores C3 e C4 da Figura 2.1 encontram-se abertos. (a) (b) Figura 2.2 – Análise DC do estágio de saída. a) Circuito DC. b) Meios circuitos equivalentes. Devido à simetria do circuito desenhado na Figura 2.2a, é possível proceder à análise DC dividindo-se a estrutura original em duas meias-estruturas equivalentes, como mostradas na Figura 2.2b. Devido à estrutura em espelho, a corrente DC de coletor em cada 11 transistor deve ser igual IR, e contribui para uma pequena redução no rendimento do amplificador. O valor de corrente IR, pode ser obtido a partir de qualquer um dos semi-circuitos como: (2.1) onde considerou-se que a tensão no diodo, a qual é igual a tensão entre a base e emissor de cada transistor, fosse igual a 0,7V aproximadamente. Na sequência, procede-se à análise AC da estrutura da Figura 2.1. Considera-se que a entrada vI seja senoidal, de acordo com: (2.2) sendo V0 a amplitude e ω a frequência. No estudo a seguir, considera-se que o circuito opera em regime permanente, dividindo-se a análise em três partes, de acordo com o valor de vI. a) Para valores de vI = 0 O caso vI= 0 não significa que o circuito opera com entrada nula todo o tempo, mas sim, que a tensão de entrada está passando pelos instantes tais que ωt = nπ, n inteiro. Esta situação encontra-se desenhada na Figura 2.3. 12 Figura 2.3 – Estágio de saída para vI = 0. Esta situação é semelhante ao caso DC mostrado na Figura 2.2, na qual flui uma pequena corrente de polarização IR através dos resistores R1 e R2, e dos diodos D1 e D2. Considerando-se que os diodos são casados, então vBEN = vEBP. Esta condição obriga QN e QP a conduzirem as correntes: (2.3a)(2.3b) as quais serão iguais, ou seja, iCN = iCP. Então, como a corrente na carga é iL = iCN – iCP, conclui-se que iL = 0 para vI = 0. Ou seja, a tensão de saída v0 = RLIL = 0 no instante em que vI = 0. Por ação de espelhamento, conclui-se também que os transistores QN e QP conduzem uma pequena corrente cujo valor é IR dado por (2.1), isto é, ICN = ICP = IR para vI = 0. Além disso, devido à simetria do circuito neste instante, e considerando-se que os transistores são complementares, têm-se que vE = Vcc/2. 13 Na situação vI = 0, não há sinal aplicado ao amplificador, e assim: (2.4a) (2.4b) sendo VBEN e VEBP, tensões DC, e, vben e vebp, tensões AC, que aparecem entre base e emissor dos transistores QN e QP, respectivamente. Neste caso, VBEN = VEBP ≈ 0,7V e vben = vebp = 0. Deste modo, (2.3a) e (2.3b) conduzem a: (2.5) sendo IS a corrente de saturação reversa e VT a tensão térmica, e: (2.6) Além disso, de (2.5): ( ) (2.7) Com isso, aplicando-se a segunda Lei de Kirchhoff à malha de entrada contendo QN na Figura 2.3, tem-se: (2.8) sendo VC1 a tensão sobre o capacitor de passagem C1. A partir, daí se obtém: (2.9) no qual vBEN = VBEN ≈ 0,7V. 14 Analogamente, para a malha de entrada contendo QP na Figura 2.3, têm-se: (2.10) sendo VCC/2 a tensão sobre o capacitor C2. Por outro lado, aplicando a segunda Lei de Kirchhoff à malha de saída na Figura 2.3, e sabendo-se que v0 = 0 para vI = 0, tem-se: (2.11) b) Para o semi-ciclo positivo de vI Partindo-se do caso (a), no qual vo = 0, aumenta-se vI a partir de zero, conforme a função (2.2). Ou seja, considera-se a excursão ao longo do semi-ciclo positivo de vI. Esta situação encontra-se retratada na Figura 2.4. Figura 2.4 – Estágio de saída para vI positivo. 15 Pelo circuito, observa-se que (usando (2.9)): (2.12) e assim, a medida que vI aumenta, QN atua como seguidor de emissor, e vo torna-se positivo, conforme será visto abaixo. Nesta situação, vBEN e vEBP são constituídas por parcelas DC, VBEN e VEBP, e por parcelas AC, vben e vebp, porém, como vben << VBEN e vebp << VEBP, ocorre vBEN ≈ VBEN e vEBP ≈ VEBP. Então, aplicando-se a segunda Lei de Kirchhoff à malha contendo QN, e usando (2.9) e (2.11): (2.13) ou seja, para todo vI > 0, ocorre vo = vI. Por sua vez, acontece a seguinte relação entre as tensões na entrada da Figura 2.4. (2.14) onde foi usada a definição (2.6). A partir das relações entre vBEN e vEBP, e, iCN e iCP, equações (2.3ab) para os transistores QN e QP, bem como, da relação (2.7), observa-se que (2.14) pode ser convertida em: 16 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (2.15) Na relação (2.15) revela-se que, à medida que vI aumenta, QN conduz e iCN aumenta. Como IR é constante, dada por (2.1), então, iCP é obrigada a diminuir. Num caso extremo, em que vI seja muito elevado, a corrente iCP pode até ser ignorada (relativamente à iCN). Ou seja, a corrente de carga iL é conduzida essencialmente por QN, restando a QP conduzir a pequena corrente DC dada por IR. Também é interessante investigar o comportamento da tensão vCEN e vECP. Para o transistor QP na Figura 2.4: (2.16) Tem-se ainda, que: (2.17) e, usando (2.16) em (2.17), em conjunto com VC3 = VCC/2: (2.18) A partir de (2.16) e (2.18), conclui-se que: (2.19) Por outro lado, para o transistor QN, tem-se: 17 ( ) (2.20) onde se usou o resultado (2.19). Na Figura 2.5 ilustram-se os resultados (2.19) e (2.20), onde se verifica que vCEN + vECP = VCC para todo t nos semi-ciclos positivos de vI. Figura 2.5 – Tensões entre coletor e emissor de QN e QP para vI > 0. c) Para o semi-ciclo negativo de vI Concluído o semi-ciclo positivo estudado em (b), a tensão de saída retorna ao ponto vo = 0, quando vI diminui de volta a zero. A seguir, (2.2) entra no semi-ciclo no qual vI torna-se negativo. Neste caso, ocorre o oposto ao caso (a): a corrente será fornecida por QP, que atuará como seguidor de emissor de saída. Assim, mostra-se que, novamente, ocorre vo = vI para vI < 0. Além disso, QP conduz uma corrente que aumenta em módulo à medida que vI torna-se mais negativa. Por outro lado, as tensões vECP e vCEN têm gráficos semelhantes ao da Figura 2.5, porém, deslocados de π radianos para a direita, e multiplicado de -1, nos intervalos onde vI < 0. 18 Em resumo, a estrutura da Figura 2.1 apresenta vo = vI para quaisquer valores de vI senoidais, quer sejam positivos ou negativos, sem o problema de distorção de cruzamento. Além disso, sempre que vI passa por zero, ocorre vE = VCC/2, e assim, vCEN e vECP excurcionam, para baixo e para cima, respectivamente, em torno de VCEN = VECP = VCC/2. No caso em que vI > 0, extrai-se, da Figura 2.4, a seguinte relação de tensões no circuito de saída contendo QN: (2.21) sendo iCN = ICN + icn, com icn = iL. Assim, usando vCEN = VCEN + vcen, (2.21) torna-se: (2.22) Conforme dito anteriormente, VCEN = VCC/2 e VC3 = VCC/2 e então, (2.22) conduz a: (2.23) A corrente de coletor de QN será: (2.24) Porém, da relação vCEN = VCEN + vcen, isola-se vcen e substitui-se em (2.24), conduzindo a: ( ) (2.25) A máxima corrente de coletor suprida por QN ocorre quando o transistor satura, e é denominado de iCN,max. Quando QN satura, acontece vCEN ≈ 0, e (2.25) torna-se: 19 (2.26) O valor ICN corresponde à corrente DC no coletor de QN, e é dada por IR em (2.1). Além disso, como VCEN = VCC/2, (2.26) torna-se: (2.27) Por outro lado, o maior valor de vCEN ocorre quando QN corta, e daí, iCN = 0. Assim, de (2.25):(2.28) Uma análise semelhante pode ser aplicada ao caso vI < 0, quando o transistor que conduz corrente é essencialmente QP. Contudo, devido à simetria da função de transferência do amplificador em classe-AB, isto é, vo = vI, bastaria trocar os sinais dos resultados obtidos para vI > 0. Como vo = vI, a função na carga é igual a (2.2), e assim, a corrente na carga é dada por: (2.29) Esta corrente é constituída essencialmente por iCN, no semi-ciclo positivo de vI, e, por iCP, no semi-ciclo negativo de vI. A potência instantânea fornecida à carga é: (2.30) enquanto a potência média será: ∫ (2.31) 20 Uma exigência no projeto de um estágio de saída é que se forneça a quantidade de potência solicitada pela carga, normalmente de baixa resistência, de modo eficiente. Ou seja, a potência dissipada nos transistores do estágio de saída deve ser a menor possível. Neste sentido, um fator de mérito fundamental do amplificador de potência é o rendimento da conversão de potência, definido como: (2.32) De fato, se PD é a potência dissipada nos transistores, então, PF = PD + PL, e assim, uma das formas de se aumentar o rendimento é reduzir PF sem, no entanto, diminuir PL. Com isto, o aumento de η está diretamente relacionado à redução das perdas PD. A potência na carga foi calculada em (2.31). Por outro lado, a potência fornecida pela fonte DC pode ser calculada através de: (2.33) sendo IF a corrente média fornecida por VCC. Esta, por sua vez, corresponde ao valor médio da corrente iCN dada em (2.24), onde se sabe que ICN = IR, dada em (2.1), e, vcen pode ser obtido a partir de (2.23). Por outro lado, a corrente do sinal icn em (2.23) corresponde à corrente na carga (iL) para vI > 0, ou seja, para 0 < ωt < π rad. Desta forma, (2.24) torna-se: ( ) (2.34) para 0 < ωt < π rad. Calculando-se o valor médio de iCN, resulta em (usando (2.29)): ∫ (2.35) 21 Portanto, substituindo-se (2.35) em (2.33), e usando-se (2.1): { } { } (2.36) Nos próximos parágrafos, executa-se o cálculo dos parâmetros de desempenho do amplificador de potência mostrado na Figura 2.1, considerando-se VCC = 30V, R1 = 4,7kΩ e RL = 8Ω, a fim de se fornecer a maior potência à carga. Conforme discutido anteriormente, vCEN excursiona para baixo (para vI > 0), até 0 volts, em torno do ponto VCC/2, enquanto vECP excursiona para cima, até +VCC, em torno de VCC/2. Para o caso vI > 0, deduz-se da Figura 2.4 a seguinte relação: (2.37) Além disso, tem-se que: (2.38) na qual vcen é a parte de vCEN que oscila, para baixo, em torno de VCC/2. De forma similar, usando-se (2.16) em, vo = vE – VC3, chega-se a: 22 (2.39) Os resultados (2.38) e (2.39) permitem concluir que a excursão máxima de vo corresponde a excursão máxima de vcen e vecp, as partes variáveis no tempo das tensões vCEN e vECP em torno de VCC/2. O valor desta excursão máxima é de Vo,max = VCC/2, aproximadamente (para o caso ideal). Desta forma, adotando-se Vo,max = VCC/2 na expressão (2.29), tem-se que a corrente máxima na carga será: A potência máxima [usar (2.31)] na carga será: A potência máxima fornecida pela fonte [usar (2.36)] será: { } { } O rendimento máximo será obtido a partir de (2.32): Finalmente, a potência máxima dissipada nos transistores será: 23 Antes de se encerrar esta seção, procede-se ao cálculo das resistências de entrada e de saída do estágio de saída. Para isto, é necessário se estabelecer o circuito equivalente AC da Figura 2.1. Conforme foi visto, no semi-ciclo positivo do sinal de entrada, quem conduz a corrente AC é o transistor QN, enquanto QP permanece cortado. Desta forma, o circuito equivalente AC para vI > 0 corresponde ao desenhado na Figura 2.6a), onde considera-se que os capacitores C1 e C3 se comportam como curto-circuitos. (a) (b) Figura 2.6 – Circuitos para o cálculo das resistências de entrada e saídas. a) Para vI positivo. b) Modelo-T equivalente. Como foi afirmado no início deste capítulo, para fim de cálculo de compliance de saída, potência entregue à carga e rendimento do amplificador de potência, o modelo equivalente AC para pequenos sinais não é indicado. Porém para cálculo das resistências de entrada e saída, estes ainda são justificáveis (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007). Desta forma, tem-se o circuito equivalente AC desenhado na Figura 2.6b, válido para vI > 0. Os elementos rd são as resistências dos diodos. Como não há problemas de distorção de cruzamento, este modelo também se aplica para o semi-ciclo negativo, para vI < 0. Desta forma, as resistências de entrada e saída podem ser determinadas por qualquer um dos dois casos, pois resultam nos mesmos valores. A resistência de entrada é obtida pela relação entre a tensão e a corrente na entrada do circuito da figura 2.6b, sob o ponto de vista da saída do gerador de sinais (vS, RS): 24 ( ) (2.40) sendo ( ) ( ) (2.41) ( )( ) O valor da resistência de entrada do transistor, re, depende da corrente de polarização de emissor, que neste caso corresponde a IR dado em (2.1), devido ao efeito de espelhamento mostrado na Figura 2.2. Também, o valor da resistência dinâmica do diodo D1 é rd = re. Assim, procedendo-se ao cálculo tem-se, de (2.1): e, portanto: Os transistores complementares BD135 e BD136 possuem valores de β típico igual a 290. Com isto, para uma carga RL = 8Ω, tem-se, de (2.41), que Rb = (290+1)(8+8) = 4,66kΩ. Daí, aplicando-se (2.40), para rd = 8Ω, obtém-se Ri3 = [4,7k//(4,7k+8+8)]//4,66k ou Ri3 = 1,56kΩ. Por outro lado, a resistência de saída do circuito da Figura 2.6b, pode ser calculada considerando-se que sua saída é alimentada por uma fonte de tensão auxiliar, vg, quando as fontes de tensão passivas no circuito são zeradas (Boylestad, R.L., Nashelsky, L., 2004). Com isto, tem-se o circuito da Figura 2.7, na qual a resistência de saída é dada por Ro = vg / ig. 25 Figura 2.7 – Circuito para o cálculo da resistência de saída do estágio de potência. Os sinais das correntes no circuito da Figura 2.7foram adequadamente corrigidos para se adequarem a (vg, ig). Analisando o circuito, tem-se: [ ( ( ))] [ ( ( ))] ( ) (2.42) sendo (2.43) e assim, igualando essas expressões e considerando-se ie = ig, tem-se: [ ( ( ))] ( ) (2.44) A partir daí se extrai que: [ ( ( ))] ( ) (2.45) 26 Efetuando-se os cálculos, considerando-se o gerador de sinais utilizado tenha RS = 50Ω, obtém-se: [ ( ( ))] ( ) Este valor resultou muito próximo da impedância do alto-falante de carga, RL = 8Ω, o que permitirá uma máxima transferência de potência. 2.2 ESTÁGIO DE PRÉ-AMPLIFICAÇÃO O estágio de pré-amplificação é responsável por proporcionar ganho de tensão ao sinal de entrada, antes de entregá-lo ao amplificador de potência. Na Figura 2.8, ilustra-se a configuração utilizada, composta, basicamente, por um estágio emissor-comum em série com um estágio coletor-comum. Desta forma, o primeiro estágio confere ganho de tensão ao sinal de entrada, enquanto o segundo proporciona um bom acoplamento com o estágio de saída. Figura 2.8 – Estágio de pré-amplificação de tensão. Na Figura 2.8, vS e RS são a tensão em vazio e resistência interna da fonte de sinal na entrada, e, C1, C2, C3, e CE, são capacitores de acoplamento. 27 A fim de se ajustar o ponto de polarização quiescente do estágio emissor-comum, segundo uma configuração ótima, seguiu-se a sugestão de (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007), e aplicou-se a “regra do 1/3”, conforme esquematizado na Figura 2.9. Segundo esta regra, usada para se dimensionar os resistores de uma configuração polarizada por divisor de tensão, a análise DC é realizada de tal forma que a tensão DC da fonte (+VCC) é dividida em três partes iguais: uma parte deve ser aplicada ao resistor RC1, outra parte é aplicada na junção coletor- base do transistor Q3, e, a última parte é aplicada sobre o resistor R21. Além disso, a corrente sobre o divisor de tensão, IDT, deve ser igual a 1/10 da corrente no emissor. Figura 2.9 – Circuito para análise DC do amplificador emissor-comum. Um valor razoável para a corrente no coletor de Q3, é ICQ = 1mA, a qual permite se obter um valor baixo para a resistência de entrada de emissor (re3). Isto é bom, pois torma um ganho de tensão menos sensível à variações de temperatura. O transistor utilizado para Q3 é o 2N3904, que possui β = 200 (valor típico). A utilização da rede de polarização por divisão de tensão é estabelecer um ponto de operação quiescente que permite uma grande excursão do sinal de saída, bem como, certa imunidade a variações em β devido à tolerância do dispositivo, mudanças nos valores de IC ou na temperatura. Desta forma, aplicando-se a “regra do 1/3”, tem-se que: 28 (2.46) A partir daí, pode-se obter o valor da resistência RC1: (2.47) Como o valor de β é relativamente elevado, pode-se desprezar a corrente de base em Q3, relativamente as demais correntes, e se escrever que IEQ ≈ ICQ = 1mA. Com isso, a segunda parte da “regra do 1/3” conduz ao valor da corrente IDT: (2.48) Usando-se o valor de VB dado em (2.46), tem-se que a tensão no emissor será: (2.49) a partir da qual, pode-se determinar o valor da resistência RE = RE1 + RE2: (2.50) A corrente de base pode ser calculada a partir de: (2.51) sendo, portanto, 20 vezes inferior ao valor da corrente IDT dada em (2.48). Desta forma, IBQ é pequena comparada com IDT, e pode-se usar a aproximação: (2.52) Por outro lado, a tensão VB dada em (2.46) também pode ser dada aproximadamente por: 29 (2.53) e, como VCC = 30V, se extrai que: ( ) (2.54) onde contou-se com o auxílio de (2.52). Retornando-se com o valor de R21 em (2.52), se obtém: (2.55) Com isto, todos os quatro resistores da Figura 2.9 foram determinados. Na sequência, verifica-se se estes valores conduzirão a uma boa compliance de saída. Para isto, investigam-se as retas de carga do circuito amplificador, e a posição na qual se encontra o ponto de polarização quiescente. Aplicando-se o teorema de Thévenin ao circuito, à esquerda da base de Q3, na Figura 2.9, chega-se ao circuito equivalente mostrado na Figura 2.10, onde VTH e RTH são a tensão e resistência de Thévenin, respectivamente. 30 Figura 2.10 – Circuito para obtenção da reta de carga DC. As expressões para VTH e RTH são: (2.56a) (2.56b) A partir da malha de entrada da Figura 2.10, tem-se: (2.57) na qual, aplicando a relação entre IBQ e IEQ dada em (2.51), obtém-se: (2.58) confirmando a aproximação usada anteriormente de que IEQ ≈ ICQ = 1mA. Contudo, IEQ deveria ser maior que ICQ = 1mA. Isto ocorre devido à aproximação anterior de que IBQ era desprezível em relação à IDT. Assim, na verdade, para os valores de resistência obtidos, a corrente de coletor deve ser corrigida para: 31 (2.59) O valor da tensão VCE pode ser obtido a partir da malha de saída na Figura 2.10: (2.60) ou então, para IC = ICQ e IE = IEQ: (2.61) A reta de carga DC é obtida a partir da equação geral (2.60), e encontra-se desenhada na Figura 2.11, onde a corrente máxima de coletor é calculada fazendo-se VCE = 0, e IE = IC/α: (2.62) Figura 2.11 – Reta de carga DC para o estágio emissor-comum. 32 Entretanto, o ponto de operação quiescente aparentemente não está no meio da reta de carga, o que implicaria em que a compliance não é máxima. Porém, para efeito de avaliação da compliance, deve avaliar a reta de carga AC, e não a DC. A reta de carga AC pode ser obtida a partir do circuito equivalente mostrado na Figura 2.12a, que é se obtido a partir do circuito geral mostrado na Figura 2.6 (considerando- se somente o estágio emissor-comum), curto-circuitando os capacitores de passagem. (a) (b) Figura 2.12 – Circuitos para obtenção da reta de carga AC. a) Amplificador operando em AC. b) Circuito simplificado. A resistência RL representa a resistência de carga do circuito emissor-comum, e corresponde à impedância de entrada do próximo estágio coletor-comum. Observa-se que somente a parcela RE1 da resistênciaRE calculada em (2.50) é utilizada. Na Figura 2.12b, aplicou-se o teorema de Thévenin ao lado esquerdo da base de Q3 na Figura 2.12a, obtendo-se: (2.63a) (2.63b) Por sua vez, a resistência rC é dada por: 33 (2.64) A partir da malha de saída na Figura 2.12b, se obtém que: ( ) (2.65) onde foi considerado ie ≈ ic e RE1 << rC, conforme será confirmado adiante. Além disso, considerando-se as parcelas DC e AC da corrente total de coletor, e usando (2.65), têm-se: (2.66) Por sua vez, a tensão total entre coletor e emissor é: (2.67) a qual, substituída em (2.66), gera: (2.68) que corresponde a reta de carga AC. A reta de carga AC corta os eixos nos pontos iC,max e vCE,corte, obtidos fazendo-se vCE = 0 e iC = 0 em (2.68), respectivamente. Ou seja: (2.69) e (2.70) Admitindo-se que a impedância de entrada do estágio coletor-comum [RL, na Figura 2.12a] seja muito elevada, pode-se aproximar rC = RC1//RL ≈ RC1, e assim, substituindo-se os parâmetros conhecidos nas equações (2.69) e (2.70), tem-se: 34 (2.71a) (2.71b) Observa-se que a reta de carga AC também passa pelo ponto Q, pois, se iC = ICQ em (2.68), tem-se: (2.72) Na Figura 2.13, ilustra-se a reta de carga AC (bem como a reta DC). Como se observa agora, o ponto Q está muito próximo do centro da reta de carga AC, permitindo-se uma ótima compliance de saída, igual a 21Vpp, aproximadamente. Figura 2.13 – Retas de carga AC e DC para o emissor-comum O valor do resistor RE1 na Figura 2.8 é determinado a partir do ganho de tensão desejado. Para este estágio de entrada, calcula-se o ganho de tensão a partir do modelo-T equivalente, com fonte de corrente, de corrente controlada por corrente, conforme desenhado na Figura 2.14. 35 Figura 2.14 – Circuito equivalente usando modelo-T. O valor da resistência de emissor é obtido por: (2.73) A tensão de entrada pode ser determinada a partir de: ( ) (2.74) enquanto que a tensão de saída é: ( ) (2.75) Portanto, o ganho de tensão em vazio, medido em relação à saída do gerador de sinais é: (2.76) 36 Neste projeto, deseja-se que o pré-amplificador tenha ganho de -100V/V, e assim, determina-se RE1 a partir de (2.76) como: ( ) ( ) (2.77) e daí: ( ) A partir daí, calcula-se o valor da resistência RE2, como: (2.78) Como foi visto na seção anterior, e antes de encerrar, calculam-se agora as resistências de entrada (Ri1) e de saída (Ro1) do estágio emissor-comum. Neste tipo de estágio, a resistência de entrada não depende da carga, e, a resistência de saída não depende da resistência interna do gerador de sinais (Malvino, A.P., 1997). Seus valores são facilmente determinados a partir do circuito mostrado na Figura 2.14, e valem (Malvino, A.P., 1997): ( )( ) (2.79) ( )( ) enquanto que: (2.80) Conforme já era esperado para este tipo de configuração, Ri1 e Ro1 são elevados. Em particular, o valor elevado de Ro1 sugere a necessidade de utilização de um estágio coletor-comum antes do estágio de potência. 37 Na sequência, projeta-se o estágio em coletor-comum, baseado no ajuste do seu ponto de operação quiescente de modo a se maximizar a compliance de saída. Na Figura 2.15, ilustra-se o circuito DC desse amplificador. Figura 2.15 – Circuito para análise DC do coletor-comum. Neste caso, usa-se a seguinte regra prática: (2.81) Um valor razoável pata ICQ ≈ IEQ, tal que a resistência de entrada de emissor (re4) resulte pequena, é ICQ = 5mA. Desta forma, (2.81) conduz à VCB = 30/3 = 10V, VB = 2x30/3 = 20V e IDT = 5m/50 = 100µA. Como β = 500 para o transistor BC547, então, IBQ = ICQ/β = 5m/500 = 10µA << IDT. Os resistores R12 e R22 são determinados por: (2.82a) (2.82b) 38 A tensão no emissor é obtida por: (2.83) e daí, calcula-se a tensão entre coletor e emissor: (2.84) Por fim, determina-se o valor de RE3: (2.85) A reta de carga DC é obtida a partir da malha de saída na Figura 2.15: (2.86) a qual conduz a VCE,corte = VCC = 30V e IC,max = VCC/RE3 = 30/3,86k = 7,77mA. Esta reta de carga DC está desenhada na Figura 2.16, juntamente com o ponto Q = (VCEQ, ICQ). Figura 2.16 – Retas de carga AC e DC para coletor-comum. 39 Por outro lado, a reta de carga AC, é obtida a partir do circuito desenhado na Figura 2.17, sendo RL a impedância de entrada do próximo estágio, e RS a resistência de saída do estágio emissor comum anterior. (a) (b) Figura 2.17 – Circuitos para obtenção da reta de carga AC. a) Circuito operando em AC. b) Circuito simplificado. Define-se rE na Figura 2.17 como rE = RE3//RL. Além disso, rTH = R12//R22//RS e vTH = (R12//R22)vS/(RS+R12//R22). A partir da Figura 2.17b, tem-se: (2.87) Como vCE = VCEQ + vce, então, (2.87) conduz a: ( ) (2.88) 40 Com isto, a corrente total no coletor será: (2.89) a qual corresponde à reta de carga AC. Assim, para se desenhar a reta de carga AC, é necessário se calcular o valor de rE = RE3//RL. Neste caso, RL corresponde à resistência de entrada do estágio de potência, (2.40), ou seja, RL = Ri3 = 1,56kΩ, e assim rE = 3,86//1,56k = 1,11kΩ. A partir daí, calculam-se (aproximando-se α = 1): e: A reta de carga AC também está desenhada na Figura 2.16, donde se conclui que a compliancede saída será de aproximadamente 16,25Vpp. No caso do amplificador coletor-comum, a resistência de entrada depende da carga acoplada em sua saída, e, a impedância de entrada depende da resistência de saída do estágio que está ligado em sua entrada. No presente problema, dependendem da entrada do estágio de potência e da resistência de saída do estágio emissor-comum, respectivamente. Essas resistências podem ser calculadas usando-se o modelo-T equivalente para pequenos sinais (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007) conforme o desenho da Figura 2.18. 41 Figura 2.18 – Circuito equivalente usando modelo-T. O cálculo da resistência de entrada Ri2 = vI/iI é simples, e encontrada em qualquer livro, texto de eletrônica, resultando em (Malvino, A.P., 1997): ( )( ) (2.90) sendo que: (2.91) Sendo assim, e lembrando-se que β = 500 e RL é dado por (2.40), ou seja, RL = 1,56kΩ, resulta: ( )( ) 42 Por outro lado, a resistência de saída é (Malvino, A.P., 1997): [ ] (2.92) sendo que RS corresponde a Ro1 dado em (2.80), ou seja, RS = 10k, assim: [ ] (2.93) Todos esses valores de resistência de entrada e de saída serão utilizados nas próximas seções para o cálculo do ganho total do amplificador de áudio multi-estágios, bem como, dos capacitores de acoplamento. 2.3 ANÁLISE DO SISTEMA ACOPLADO Nas seções anteriores, determinou-se o valor das resistências de entrada e de saída de cada estágio do amplificador de áudio. A partir desses valores, parte-se para analisar o acoplamento entre os diversos estágios: emissor-comum, coletor-comum e estágio de saída. Além disso, devem ser calculados os valores mínimos dos capacitores de passagem utilizados nos circuitos. Na Figura 2.19 apresenta-se o desenho dos estágios acoplados, usando o modelo equivalente obtido a partir da resistência de entrada, ganho de tensão e impedância de saída (Malvino, A.P., 1997). Também foram desenhadas as fontes de sinal (vS, RS) e a carga (RL). Conforme estabelecido pela teoria (Malvino, A.P., 1997), todos os ganhos neste modelo são ganhos em vazio. Como foi especificado no projeto, o estágio emissor-comum tem ganho de tensão AV1 = -100V/V. Devido ao fato dos dois estágios seguintes serem seguidores de emissor, tem-se AV2 = AV3 = 1V/V. Considera-se que o gerador de sinais possua RS = 50Ω, e, que a carga seja RL = 8Ω. 43 F ig u ra 2 .1 9 – C ir cu it o e q u iv al en te m u lt i- es tá g io s d o a m p li fi ca d o r d e áu d io c o m p le to . 44 Supondo-se, em princípio, que todos os capacitores foram bem projetados, eles se comportem como curto-circuito dentro da banda de frequência de operação do amplificador de áudio. Desta forma, aplicando-se a regra do divisor de tensão a cada estágio da Figura 2.19, iniciando-se pelo circuito de carga, tem-se: (2.94) Desta forma, o ganho total da estrutura, para um sinal de entrada vI = v1 será: (2.95) ( )( )( ) Curiosamente, observa-se que o ganho final da estrutura é bem inferior ao ganho de -100V/V original. Isto ocorre porque, no estágio de saída, optou-se por se produzir uma resistência de saída Ro3 próxima à resistência de carga, igual à RL = 8Ω. Com isto, ter-se-á uma ótima transferência de potência para a carga, porém, o ganho de tensão se reduz em 50%. Por isso, desejou-se um ganho elevado na pré-amplificação, já se prevendo que haveria esta queda de ganho no estágio de saída, mas mantendo-se a condição para a máxima transferência de potência. Com isto, então, a compliance de saída prevista na saída do estágio coletor- comum, igual a 16,25Vpp, deve cair mais de 50%, ou seja, ser inferior a 8Vpp, aproximadamente. 45 Na sequência, procede-se ao cálculo dos capacitores de passagem, C1 a C4 na Figura 2.19. Cada um dos quatro estágios nesta figura são redes em atraso, semelhantes entre si. Seguindo a regra prática para o cálculo de capacitores de passagem sugerido (Malvino, A.P., 1997) tem, por exemplo: ( ) (2.95) onde fmin é a menor frequência de operação do circuito. No caso deste trabalho, adotou-se fmin = 100Hz. Com isto, usando-se os parâmetros do circuito, tem-se: ( ) Procedendo-se de maneira similar, calculam-se: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Resta agora projetar o capacitor de desacoplamento de emissor do estágio emissor-comum mostrado na Figura 2.8, ou seja, o capacitor CE. Embora não seja difícil se deduzir uma expressão para o cálculo deste capacitor, trata-se de um procedimento amplamente discutido em livros didáticos (Malvino, A.P., 1997), e assim, apresenta-se somente sua fórmula: [ ( )] (2.96) 46 e assim, calcula-se: [ ( )] 2.4 CIRCUITO FINAL E SIMULAÇÕES Nesta seção, aproximam-se os valores dos parâmetros calculados pelos valores de componentes comerciais disponíveis. Na Tabela 2.1, apresenta-se a relação destes componentes. Tabela 2.1 – Valores comerciais adotados. Valor calculado Valor comercial Tolerância Potência R11 200kΩ 200kΩ ±5% 1/8W R21 100kΩ 100kΩ RC1 10kΩ 10kΩ RE1 73,1Ω 100Ω RE2 9,23kΩ 9,1kΩ R12 100kΩ 100kΩ R22 200kΩ 200kΩ RE 3,86kΩ 3,9kΩ R1 4,7kΩ 4,7kΩ R2 4,7kΩ 4,7kΩ RL 8Ω 8Ω C1 ≥1µF 1µF ±10% - C2 ≥0.23µF 1µF C3 ≥10µF 10µF C4 ≥984,3µF 1mF CE ≥162µF 1mF Na Figura 2.20, ilustra-se o circuito completo, a ser montado e testado no capítulo 4. Porém, antes de se partir para a bancada, é conveniente executar a simulação do circuito 47 usando um software de reconhecida exatidão como, por exemplo, o PSpice. Na Figura 2.21 apresenta-se o diagrama esquemático gerado no ambiente de projeto do PSpice. Os valores de tensão DC obtidos são compatíveis com os previstos no projeto. Outra simulação executada foi a medição do ganho de tensão. Adotou-se como sinal de entrada uma tensão senoidal com 50mV de amplitude, e 1kHz de frequência. A saída obtida foi de 2,8V de amplitude, o que conduz a um ganho igual a -56V\V, superior ao que fora previsto (igual a -41,8V\V). A Figura 2.22 ilustra este resultado. A simulação final, corresponde a resposta em frequência do amplificador, para frequências entre 1Hz e 100MHz. Na Figura 2.23, registra-se o resultado obtido, indicando uma largura de banda de -3dB entre 15Hz e 6MHz, bem melhor do que o esperado (sinais de áudio estão compreendidos entre 20Hz e 20kHz). 48 F ig u ra 2 .2 0 – A m p li fi ca d o r d e áu d io t ra n si st o ri za d o c o m p le to . 49 F ig u ra 2 .2 1 – E sq u em át ic o d o c ir cu it o s im u la d o n o P S p ic e. 50 F ig u ra 2 .2 2 – S in ai s d e en tr ad a (5 0 m V P ) e sa íd a (2 ,8 5 V P ) o b ti d o s n o P S p ic e,p ar a fr eq u ên ci a d e 1 k H z. 51 F ig u ra 2 .2 3 – R es p o st a em f re q u ên ci a d o a m p li fi ca d o r d e áu d io . 52 CAPÍTULO 3 AMPLIFICADORES DE ÁUDIO INTEGRADOS Atualmente, existe disponível no mercado, uma grande variedade de amplificadores de potência integrados em CIs. Estes circuitos integrados constituem os componentes básicos de qualquer sistema reprodutor de áudio, e são muito populares devido à suas vantagens, tais como, simplicidade de montagem, utilização de poucos componentes periféricos, pequenas dimensões, grande faixa de saída de potência, poli funcionalidades, entre outras. Segundo (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007), a grande maioria consiste em um amplificador de alto ganho para pequenos sinais seguido por um estágio de saída classe-AB. A seguir, serão descritos neste capítulo, os amplificadores de potências integrados estudados neste trabalho. Porém, antes de apresentar os circuitos integrados amplificadores de áudio, é interessante ressaltar que estes CIs se baseiam nos amplificadores projetados somente com componentes discretos (transistores) discutidos no capítulo 2. Os circuitos de áudio integrados atuais agregam, em um só encapsulamento, todo o circuito principal de amplificação, incluindo ainda proteções contra aumento excessivo de temperatura e correntes de curto-circuito. Desta forma, tem-se em mãos, um dispositivo compacto e de alto grau de integração de componentes, tornando-o de simples utilização, pois minimiza desta maneira, a quantidade excessiva de componentes periféricos. 3.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO O amplificador de áudio transistorizado cujo projeto foi demonstrado no capítulo 2 foi também estudado na prática. O esquemático do circuito é mostrado nas Figuras 2.20 e 2.21, foi montado em protoboard conforme apresentado na Figura 3.1. Durante a montagem, cuidados extras foram tomados para o correto funcionamento do circuito segundo o projeto. Uma das funções dos diodos D1 e D2 é a de evitar o fenômeno da corrida térmica e, para tanto, devem possuir tensão de limiar Vγ similar à VBE, e devem também ser posicionados bem próximos aos transistores Q3 e Q4, pois desta maneira serão afetados pela mesma variação de temperatura. Outro aspecto analisado, ainda no estágio de potência, foi a necessidade do uso de dissipadores nos transistores Q3 e Q4, sem os quais o fenômeno da corrida térmica ainda 53 era observado. Como se observa na Figura 3.1, foram montados 2 grupos amplificadores de áudio, para se reproduzir sons estereofônicos. Os resultados serão apresentados no capítulo seguinte. Figura 3.1 – Circuito amplificador transistorizado montado em protoboarb. 3.2 O CIRCUITO INTEGRADO LM380 O circuito integrado LM380 (CATÁLOGO do circuito integrado LM380) é um amplificador de potência de áudio voltado para aplicações para consumidores. Contém um ganho fixo interno de 50 (34dB) e uma saída a qual se centra automaticamente à metade da tensão de alimentação. O estágio de entrada permite que as entradas possam ser referidas à terra ou em acoplamento AC, conforme o requerido pelo projeto. O estágio de saída do LM380 é protegido tanto por um limitador de corrente de curto-circuito, como por um circuito de desligamento térmico. Tudo isso internamente ao CI oferece vantagens que resultam na mínima utilização de componentes externos para aplicações de áudio. Este CI está disponível no mercado de duas formas: LM380N-8 e LM380N, sendo que as duas modalidades foram estudadas e serão apresentadas a seguir. No livro de Sedra & Smith, 2007, o CI LM380 é discutido sucintamente em termos de ganho de tensão. Na Figura 3.2 encontra-se o circuito integrado interno simplificado deste CI. 54 Figura 3.2 – Circuito interno simplificado do LM380. Neste circuito, o pré-amplificador de entrada é dado por Q3 e Q4 na forma de amplificador diferencial (com transistores PNP). Os transistores Q1 e Q2 atuam como seguidores de tensão, reforçando o sinal de entrada, bem como, aumentando a impedância de entrada do CI. Os resistores R4 e R5 fornecem um caminho DC, para as correntes de base de Q1 e Q2, para terra, permitindo que as fontes de sinal, Iin - e Iin + na entrada, sejam acopladas capacitivamente aos terminais de entrada. A função do resistor R3 ficará clara mais adiante. O amplificador diferencial (Q3, Q4) tem uma carga ativa (Q5, Q6) na forma de espelho de corrente. Sua função é proporcionar um elevado ganho de tensão ao amplificador diferencial. O sinal de tensão unipolar, no coletor de Q4 (ou de Q6) é aplicado à base do amplificador em emissor comum Q12. Este é um amplificador inversor cujo ganho de tensão será designado -A. Os transistores (Q10, Q11) atuam como fonte de corrente (espelho) para polarizar Q12, e também atuam como carga ativa para este amplificador emissor-comum. Com isso, o valor de A também deve ser elevado. 55 Um estágio de saída classe-AB é constituído pelos transistores Q7, e, (Q8, Q9) (em configuração Darlington). Os diodos D1 e D2 proporcional imunidade ao problema de crossover, e, os pequenos resistores R6 e R7 auxiliam a tornar o par Q7 e (Q8, Q9) a se comportar como transistores complementares. Isto também proporciona uma útil realimentação, reduzindo-se o problema da corrida térmica. O capacitor C entre o coletor e a base de Q12 provê a compensação em frequência, de forma que a resposta em frequência do sistema em malha-aberta tenha declividade de -20dB/década ao longo da sua banda de passagem (exceto para frequências próximas à DC). O resistor de realimentação negativa R2 proporcionará um ganho estável na saída do CI, como ocorre no caso dos amplificadores operacionais (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007). A análise DC do sistema é realizada abrindo-se todos os capacitores no circuito. Devido à simetria do circuito de entrada formado por Q1, Q2, Q3, Q4, R4 e R5, ocorre uma igualdade I3 = I4 nas correntes de emissor do par diferencial (Q3, Q4), tornando nula a corrente no resistor R3, ou seja, IR3 = 0. Por consequência, o mesmo ocorre para as correntes de coletor de (Q3, Q4), as quais podem ser aproximadas por I3 = I4. Isto também satisfaz a operação do espelho (Q5, Q6). Como a corrente de base de Q1, IB1, é pequena, bem como a resistência R4, então, pode-se aproximar R4IB1 ≈ 0. Sendo I3 a corrente de emissor de Q3, tem-se: (3.1) De forma semelhante, R5IB2 ≈ 0 e: (3.2) Como se observa, em DC R1 = 2R2 = 50Ω, e, como I3 = I4, conclui-se de (3.1) e (3.2) que: Portanto, o ponto de polarização quiescente na saída é VO = VS/2, o qual proporciona uma compliance igual a VS volts de pico-a-pico. 56 A realimentação DC da saída VO, para o emissor de Q4 através de R2, é tal que, se VO tentar aumentar (por alguma razão), então, I4 aumenta (devido à (3.2)), VCE6 aumenta (por efeito Early), VBE12 aumenta (por consequência), IC12 aumenta (devida à relação iC x vBE no transistor), e daí, VCE11 aumenta (por efeito Early e porque as correntes de coletor de Q11 e Q12 são aproximadamente iguais). Por conta disso, a tensão na base de Q7, VB7 = VS – VCE11 cai e, portanto, VO diminui, compensando a tentativa de aumento inicial. O mesmo se aplica se VO tentar diminuir. Consequentemente, o ponto DC da tensão de saída (VO) permanece bastante estável. Na sequência, procede-se a análise AC, a fim de se determinar o ganho de tensão. Para isto, conta-se com o auxílio da Figura 3.3 a seguir. Todos os capacitores de passagem encontram-se curto-circuitados. A entrada (vi) é unipolar, aplicada à base do transistor Q1 (a base de Q2 está aterrada).Os círculos contêm a numeração da sequência de análise: Figura 3.3 – Circuito para análise AC. 57 (1) Admite-se que a tensão na base de Q3 seja igual a vi devido ao seguidor de tensão Q1. (2) Por motivo similar, a tensão no coletor de Q3 é vi. (3) A base de Q2 está com 0V. (4) A base de Q4 está com 0V, devido ao seguidor de tensão Q2. (5) O coletor de Q4 está com 0V (terra) pois este se comporta como seguidor. (6) A corrente em R3 é vi/R3. (7) A corrente em R1/2 é vi/(R1/2) ≈ 0, pois R1/2 >> R3. Portanto, toda corrente por Q3 segue para o resistor R3. (8) A tensão AC de saída é vO. (9) A corrente através de R2 é vO/R2. (10) A soma das correntes por R2 e R3 resulta na corrente de Q4, igual a vi/R3 + vO/R2. (11) A corrente no coletor de Q3 é aproximadamente igual a sua corrente de emissor, vi/R3 (que circula por R3). (12) Desprezando-se a corrente de base de Q6, e, admitindo-se que Q5 se comporte como diodo, a corrente neste ultimo é vi/3. (13) Por espelhamento, a corrente no emissor de Q6 é vi/R3. (14) Desprezando-se a corrente de base de Q6, aproxima-se sua corrente de coletor por vi/R3. (15) Admitindo-se que o ganho (-A) do estágio emissor comum seja muito elevado, então, sua tensão de entrada é vO/(-A) ≈ 0V. (16) Além disso, admitindo-se que sua impedância de entrada é muito grande, sua corrente de entrada é aproximadamente nula. Por causa disso, no coletor de Q6: (3.3) A partir daí, obtém-se uma aproximação para o ganho de tensão do CI: 58 3.2.1 O CIRCUITO INTEGRADO LM380N-8 O LM380N-8 é um CI fabricado pela National Semiconductor com encapsulamento DIP-8 de 8 pinos, e sua pinagem é mostrada na Figura 3.4. O circuito montado para o estudo foi extraído de (MIKE MARTELL), e seu esquemático é ilustrado na Figura 3.5. Por fim, a Figura 3.6 mostra o circuito final montado na placa de circuito impresso. (a) (b) Figura 3.4 – Circuito integrado LM380N-8. a) Encapsulamento DIP-8. b) Pinagem do dispositivo Figura 3.5 – Esquemático do circuito amplificador. 59 Figura 3.6 – Placa de circuito impresso do circuito amplificador. 3.2.2 O CIRCUITO INTEGRADO LM380N A outra versão do LM380N encontrada do mercado é um CI com encapsulamento DIP-14 de 14 pinos, e sua pinagem é mostrada na Figura 3.7. Da mesma forma, o circuito montado para o estudo foi extraído de (MIKE MARTELL), e seu esquemático é ilustrado na Figura 3.8. Já a Figura 3.9 mostra o circuito final montado na placa de circuito impresso na configuração estéreo, ou seja, dois canais de áudio, o que significa dois circuitos como mostrados na figura 3.8 funcionando em paralelo. (a) (b) Figura 3.7 – Circuito integrado LM380N. a) Encapsulamento DIP-14. b) Pinagem do dispositivo. 60 Figura 3.8 – Esquemático do circuito amplificador. Figura 3.9 – Placa de circuito impresso do circuito amplificador. 3.3 O CIRCUITO INTEGRADO LM3886 O circuito integrado LM3886, é um amplificador de potência de áudio de alto desempenho da National Semiconductor capaz de fornecer uma potência média de 68W à uma carga de 4Ω, e 38W à uma carga de 8Ω, com uma taxa de distorção harmônica de 0,1%. Este CI conta com um circuito de proteção contra picos instantâneos de temperatura, o que o coloca em uma classe acima dos amplificadores discretos e híbridos, provendo uma operação segura e dinamicamente protegida. Isto significa que o CI é completamente protegido na saída 61 contra sobretensões, subtensões, sobrecarga, corrida térmica e picos instantâneos de temperatura. Este dispositivo mantém uma excelente taxa de sinal-ruído, maior de 92dB, com um típico patamar de baixo ruído de 2µV, e é conhecido por sua excelente linearidade. Fabricado em um encapsulamento TA11B de 11 pinos, o LM3886 é ilustrado na Figura 3.10. Assim, diferentemente do estudo dos CIs anteriores, seguiu-se a sugestão do fabricante (CATÁLOGO do circuito integrado LM3886) para a montagem do circuito. Seu esquemático é apresentado na Figura 3.11. Para seu funcionamento fez-se necessário uma fonte de alimentação simétrica de ±24V, construída pelo autor com um trafo de tap central ±24V, seguido de uma ponte de diodos retificadora. Finalmente, é mostrada na Figura 3.12, a placa de circuito impresso do circuito amplificador implementado. (a) (b) Figura 3.10 – Circuito integrado LM3886. a) Encapsulamento TA11B. b) Pinagem do dispositivo. 62 Figura 3.11 – Esquemático do circuito amplificador. Figura 3.12 – Placa de circuito impresso do circuito amplificador. 3.4 O CIRCUITO INTEGRADO TDA2005 O circuito integrado TDA2005, é um amplificador de potência de áudio dual da ST Microelectronics em um encapsulamento Multiwatt11 de 11 pinos, ilustrado na Figura 3.13, especificamente designado para aplicações de rádios para automóveis. Este dispositivo é capaz de fornecer uma alta capacidade de corrente (acima de 3,5A) e pode ser usado com 63 cargas de muito baixa impedância (abaixo de 1,6Ω nas aplicações em estéreo) obtendo-se uma potência de saída de mais de 20W (na configuração em ponte). O circuito estudado com este CI foi o circuito na configuração de amplificador em ponte, sugerido pelo fabricante (CATÁLOGO do circuito integrado TDA2005), e seu esquemático é mostrado conforme a Figura 3.14. Segundo (Sedra, A.S., Smith, K.C., 2007), na configuração de amplificador em ponte utiliza-se de dois amplificadores de potência, A1 e A2. Enquanto A1 é conectado na configuração não inversora, A2, por outro lado, é conectado na configuração inversora com um ganho de igual valor ao ganho projetado em A1. A Carga RL fica flutuando (não é aterrada) e é conectada entre os terminais de saída dos dois amplificadores. Supondo que os amplificadores estejam sendo alimentados com uma alimentação de ± 15 V, são capazes, desta forma, de fornecer algo em torno de ± 12 V de excursão na saída. Com isso, a carga terá uma excursão de ± 24 V (na saída do amplificador em ponte). Por este motivo, esta configuração é muito comum nas aplicações de alta potência. O circuito em ponte montado pelo autor em placa de circuito impresso é mostrado conforme a foto na Figura 3.15. (a) (b) Figura 3.13 – Circuito integrado TDA2005. a) Encapsulamento Multiwatt 11. b) Pinagem do dispositivo. 64 Figura 3.14 – Esquemático do circuito amplificador. Figura 3.15 – Placa de circuito impresso do circuito amplificador em ponte. 65 3.4 O CIRCUITO INTEGRADO TDA7294 Finaliza-se o estudo de amplificadores de áudio com a montagem completa de um amplificador utilizando o circuito integrado TDA7294 da ST Microelectronics. Este dispositivo é um circuito integrado monolítico fabricado em um encapsulamento Multiwatt15 de 15 pinos, como mostrado na Figura 3.16. (a) (b) Figura 3.16 – Circuito integrado TDA7294. a) Encapsulamento Multiwatt15. b) Pinagem do dispositivo. É projetado para o uso como amplificador classe-AB em aplicações Hi-Fi, como Home Stereo. Graças à sua ampla faixa de tensão (±40V), e sua capacidade de fornecer alta corrente na saída, este CI está apto à alimentar a mais alta potência, tanto parauma carga de 4Ω quanto para uma carga de 8Ω, mesmo na presença de uma fonte de alimentação pobremente regulada. O TDA7294 é muito conhecido por hobbistas, e seus diversos projetos podem ser encontrados por toda a Web. Porém, assim como o estudo dos CIs anteriores, a construção do amplificador utilizando-se deste CI é baseada no seu respectivo datasheet, onde se podem adquirir, de maneira mais confiável, informações a respeito deste dispositivo. Desta forma, seguiu-se a sugestão dada pelo fabricante (CATÁLOGO do circuito integrado TDA7294) e partiu-se para a descrição do circuito esquemático, ilustrado na Figura 3.17. 66 Figura 3.17 – Esquemático do circuito amplificador. Para o pleno e correto funcionamento deste circuito, faz-se necessário à utilização de uma fonte de alimentação simétrica. O projeto desta fonte foi extraído de (TONI, 2009), e utiliza-se de um transformador +24V - 24V, 3A, com tap central em 0V, que após a retificação, através de uma ponte de diodos, e, da passagem pelo banco de capacitores de controle de ripple, obtém-se na saída da fonte uma tensão simétrica de ±33V, conforme mostrado na Figura 3.18. Figura 3.18 – Fonte de alimentação simétrica ±33V. 67 O produto final do amplificador de potência de áudio implementado pelo autor deste relatório é apresentado conforme a foto na Figura 3.19. Figura 3.19 – Amplificador de potência com TDA7294. Todos os circuitos, placas, fontes e gabinetes foram adquiridos e montados pelo autor com recursos próprios e testados nos laboratórios da FEIS, conforme se descreve no próximo capítulo. 68 CAPÍTULO 4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS No capítulo anterior foram apresentados os circuitos amplificadores de áudio estudados neste trabalho, assim como, uma breve introdução de suas características de construção e funcionamento. Neste novo capítulo serão apresentados os resultados das medições realizadas, como também, a validade destes perante o datasheet de cada CI. Esses resultados levam em conta a análise do ganho, largura de banda e linearidade de cada amplificador estudado. Para os testes de bancada os instrumentos utilizados para a realização destes experimentos foram: Osciloscópio digital, gerador de funções, fonte DC, cabos e pontas de provas. 4.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO TRANSISTORIZADO As Figuras 4.1 e 4.2 mostram, respectivamente, os resultados das medições de varredura em frequência e de linearidade realizados em laboratório com o circuito amplificador transistorizado da Figura 2.20 com uma carga de 8 ohms. Figura 4.1 – Varredura em frequência do circuito amplificador transistorizado. 69 Figura 4.2 – Teste de linearidade do circuito amplificador transistorizado. Desta forma, pode-se montar um quadro comparativo como mostrado na Tabela 4.1. Tabela 4.1 – Quadro comparativo dos valores medidos com os do fabricante. Valor teórico Valor simulado Valor medido Ganho (V/V) 41,8 56 40 Largura de banda (Hz) 100 – 100M 15 – 6M 40 – 180k Como visto anteriormente, a simulação deste circuito amplificador resultou em um ganho de 56V/V, bem melhor do esperado de 41,8V/V. Porém na prática este valor volta a ser próximo do valor teórico, resultando em um ganho total de 40V/V, pois os componentes não são ideais, apresentam perdas, além de possuírem uma margem de tolerância fazendo com que o componente não tenha o valor exato, mas sim próximo à aquele especificado. Com respeito à largura de banda, observa-se que na prática obteve-se uma faixa de 40Hz – 180kHz. O valor de máximo é bastante inferior aos valores teóricos e simulados, sendo que este “erro” de medição pode ser devido às capacitâncias dos cabos coaxias presentes das pontas de prova do osciloscópio. Assim, a realização das medições com outras pontas de prova podem levar a resultados diferentes. Este fenômeno será observado também nos resultados dos amplificadores seguintes. Para o bom funcionamento do circuito, foi constatado em bancada que os sinais de entrada devem ser inferiores à 200mVpp, (ver Figura 4.2) para que não haja distorção na saída 70 do mesmo. Com isto, constata-se que a compliance de saída é (200mVpp x 40V/V = 8Vpp), conforme havia sido previsto. 4.2 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM CIRCUITOS INTEGRADOS Diferentemente dos amplificadores transistorizados descritos no capítulo 2, a simulação dos circuitos amplificadores baseados em circuitos integrados, através de softwares como PSpice, torna-se impossibilitada devido ao fato de que suas informações de projeto do circuito interno não são divulgadas por seus respectivos fabricantes. Deste modo, analisam-se os resultados obtidos de cada CI verificando e, desta forma, investiga-se se a prática atinge as expectativas do datasheet. 4.2.1 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM LM380N-8 As Figuras 4.3 e 4.4 mostram respectivamente, os resultados das medições de varredura em frequência e de linearidade realizados em laboratório com o circuito amplificador utilizando o LM380N-8 com uma carga de 8 ohms. Figura 4.3 – Varredura em frequência do circuito amplificador com LM380N-8. 71 Figura 4.4 – Teste de linearidade do circuito amplificador com LM380N-8. Desta forma, pode-se montar um quadro comparativo como mostrado na Tabela 4.2. Tabela 4.2 – Quadro comparativo dos valores medidos com os do fabricante. Valor datasheet Valor medido Ganho (V/V) 40 - 60 50 Largura de banda (Hz) 100k 29,75k Como foi observado na análise do amplificador transistorizado no capítulo 2, a medição da largura de banda é novamente afetada pela capacitância da ponta de prova do osciloscópio. O ganho então, que deveria cair de -3dB em 100kHz, acaba por cair antes na frequência de 30kHz. Além disso, vale lembrar que este circuito foi baseado conforme (MIKE MARTELL), e não segundo a sugestão do fabricante, o que leva a um funcionamento diferenciado na operação do CI. Pode-se observar também que, ao contrário do que mostra o datasheet, este CI não responde bem a baixas frequências, superando -3dB somente em 250Hz, totalizando em uma largura de banda de 29,75kHz. Com respeito à linearidade deste amplificador é seguro dizer que pode ser utilizado com sinais de entrada inferiores a 150mVpp com alimentação de 12V, para que se tenha deste modo uma reprodução fiel e com o mínimo de distorção. Segundo o fabricante o 72 sinal de entrada poderá variar de ±500mVp com uma alimentação de 22V, o que ampliaria assim a faixa de linearidade, aumentando desta forma a faixa de operação do amplificador. 4.2.2 AMPLIFICADOR DE ÁUDIO COM LM380N As Figuras 4.5 e 4.6 mostram, respectivamente, os resultados das medições de varredura em frequência e de linearidade realizados em laboratório com o circuito amplificador utilizando o LM380N com uma carga de 8 ohms. Figura 4.5 – Varredura em frequência do circuito amplificador com LM380N. 73 Figura 4.6 – Teste de linearidade do circuito amplificador com LM380N-8. Desta forma, pode-se montar um quadro comparativo como mostrado na Tabela 4.3. Tabela 4.3 – Quadro comparativo dos valores medidos com os do fabricante. Valor datasheet Valor medido Ganho (V/V) 40 - 60 50 Largura de banda (Hz) 100k 400k Através da medição deste amplificador pode-se perceber que, apesar de compartilhar do mesmo datasheet, este outro circuito mostra uma clara diferença de operação do LM380N-8. Medindo-se as frequências com ganho de -3dB em 90Hz e em 400kHz, devido à capacitância da ponta de prova do osciloscópio, tem-se no total uma largura de banda de praticamente 400kHz. Como, neste caso, o dispositivo foi alimentado com 5V, o sinal de entrada se limita a 60mVpp para o funcionamento linear do amplificador, podendo chegar a ±500mVp se sua alimentação chegar a 22V. 74 4.2.3 AMPLIFICADOR
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