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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO E 
SUSTENTABILIDADE URBANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tharsila Maynardes Dallabona Fariniuk 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
O bem-estar urbano pode ser incrementado de muitas maneiras, e uma 
delas é uma eficiente gestão dos espaços abertos e verdes. Um planejamento que 
considere o desenvolvimento em paralelo à preservação do meio ambiente é um 
dos princípios nas novas agendas urbanas sustentáveis. Nesta aula, falaremos 
um pouco sobre isso. 
No primeiro tema, abordaremos alguns conceitos sobre espaços verdes 
urbanos, bem como categorizações dessas áreas. Faremos também uma breve 
retrospectiva história sobre a implantação desse espaço nas cidades. 
O segundo tema abordará a questão da contribuição da gestão ambiental 
sistêmica para as cidades, apresentando fatores de pressão sobre ecossistemas 
naturais e benefícios do planejamento integral voltado para essa finalidade. 
O terceiro tema apresentará métodos de avaliação da flora e fauna urbana, 
iniciando por um panorama sobre fatores que incidem na alteração e na dispersão 
de espécies. O material também apresentará métodos de mensuração e de 
delimitação de indicadores de avaliação. 
O quarto tema abordará a questão da integração das áreas verdes com 
espaços urbanos. Falaremos sobre qualidades da integração ambiental e também 
sobre planos de infraestrutura urbana, abordando características importantes e 
exemplos mundo afora. 
Por fim, no quinto tema falaremos sobre a gestão da fauna urbana, 
iniciando por uma caracterização e seguindo com recomendações para a gestão, 
onde abordaremos boas práticas para a gestão desse nicho em específico. 
Boa aula, bons estudos! 
TEMA 1 – ÁREAS VERDES E ESPAÇOS LIVRES 
A presença de áreas verdes nas cidades contribui de muitas formas para o 
incremento do bem-estar urbano. Um planejamento que considere essa 
preservação está também, direta ou indiretamente, incidindo de forma positiva 
sobre a saúde pública, sobre a qualidade de vida e sobre a identidade urbana. 
Neste tema, vamos estudar um pouco sobre as características desses espaços e 
sua importância. 
 
 
 
3 
1.1 Áreas verdes e livres urbanas: conceitos e categorias 
Um dos conceitos clássicos sobre as áreas verdes e espaços livres urbanos 
é o proposto pelo professor Vladimir Bartalini, ainda na década de 80 (1986), 
quando afirma que esses elementos urbanos possuem 3 funções: a) a função 
visual ou paisagística; b) a função recreativa ou de lazer; e c) a função ambiental. 
As três podem – e idealmente devem – existir conjuntamente. O autor comenta 
que esses espaços possuem um atributo significativo que é o de reforçar a 
identidade visual de um local quando criam vínculos importantes entre a 
população e o contexto em que habitam. 
Esses espaços são importantes nas cidades não apenas para garantir a 
preservação de elementos naturais – como a sustentabilidade de espécies, a 
permeabilidade do solo e a melhora do clima – mas também como incremento da 
qualidade de vida e do bem-estar urbano. Acompanhe esta reflexão: 
A política de um sistema de áreas verdes também não pode se limitar à 
aquisição ou reserva de grandes áreas nas periferias das cidades. 
Pode ser um procedimento louvável, sobretudo se se tratar de áreas 
onde a proteção de certos processos naturais se faz necessária. Mas é 
também necessário considerar alternativas para suprir carências e 
melhorar as condições ambientais nos locais onde há maior 
concentração populacional e, portanto, grande demanda de uso 
(Bartalini, 1986, p.54, grifo nosso). 
As áreas verdes urbanas podem ser categorizadas de diversas formas, 
mas, para fins didáticos, vamos conhecer aqui uma caracterização bem 
conhecida, determinada por Gerhard Richter, em 1981. O autor divide esses 
espaços em nove tipologias, conforme apresenta a figura 1: 
Figura 1 – Tipologias de áreas verdes e espaços livres urbanos 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Richter, 1981. 
 
 
4 
A ideia da presença de áreas verdes nas cidades está relacionada, 
também, com uma reserva de espaço necessária para a manutenção da 
qualidade do ambiente, do ar e das águas, algo que acaba se perdendo quando 
esses espaços não existem ou são pouco cuidados. A esse respeito, veja o que 
dizem os pesquisadores Loboda e De Angelis (2005): 
Os projetos de construção, intervenção ou reabilitação das áreas verdes 
públicas de um modo geral veem-se constantemente envolvidos em 
polêmicas que somente agravam sua penúria renitente. A tendência é 
que, se não tomarmos uma providência no que diz respeito à reabilitação 
dessas áreas, não somente suas estruturas físicas, mas, sobretudo, 
suas funções sociais, geoambientais e estéticas, os únicos espaços de 
uso coletivo tendem a ser cada vez mais privados shopping-centers, 
condomínios residenciais, edifícios polifuncionais e não as nossas 
praças, parques e vias (Loboda; De Angleis, 2005, p.131, grifo nosso). 
1.2 Uma breve retrospectiva dos espaços verdes urbanos 
A forma como os espaços verdes foram trabalhados nas cidades diz muito 
sobre os contextos de cada época e sobre a formação da sociedade. O espaço 
verde como local de encontro, de contemplação ou de prática de atividades é um 
reflexo da sociedade que o compõe e o mantém. Vamos relembrar de que forma 
esses espaços foram incorporados às funções da cidade ao longo do tempo. Para 
fazer esse breve retrospecto, vamos contar com as contribuições de Loboda e De 
Angelis (2005), Bellé (2013) e Lima et al. (2021). 
No Egito Antigo e também na Mesopotâmia, os espaços verdes urbanos já 
possuíam uma função microclimática e de conforto térmico, além da função 
ornamental, e se utilizava até mesmo sistemas de irrigação e estruturação vertical. 
Na China Antiga, os espaços verdes eram tratados sob uma perspectiva mais 
naturalista, e a presença das pessoas junto à natureza tinha um caráter simbólico 
e religioso. 
Outras civilizações antigas também utilizavam tais espaços para melhoria 
do bem-estar urbano, especialmente sob o ponto de vista do prazer visual e 
olfativo. A Grécia Antiga – que é até hoje um dos berços do planejamento urbano 
– consolidou as áreas verdes como local de encontro, como paisagem para as 
ideias e para as discussões filosóficas e, assim, tais espaços começam também 
a ter a função de lazer, recreação e descompressão. 
Com a chegada da Idade Média, surgem os primeiros espaços verdes com 
função medicinal, a partir da criação de jardins botânicos que funcionavam como 
farmácias a céu aberto para as experimentações dos alquimistas. A idade 
 
 
5 
renascentista, por sua vez, consolida o espaço verde no processo de 
planejamento da cidade, posicionando o paisagismo em função das edificações e 
dando início a diversas correntes paisagísticas aplicadas até os dias de hoje. 
Foi nos séculos XVIII e XIX, no entanto, que as áreas verdes passam a ter 
sua função ambiental mais valorizada, a partir da necessidade da existência de 
ambientes preservados em meio à insalubridade das cidades industriais. Surge a 
corrente inglesa, com parques públicos românticos e orgânicos que buscavam um 
retorno à natureza e um distanciamento da atividade antrópica urbana. Também 
aqui nas Américas isso pode ser observado; no Brasil, temos a implantação do 
Passeio Público do Rio de Janeiro, que agrega diversas das funções já 
comentadas. 
Com o passar do tempo, as áreas verdes urbanas passaram a ser cada vez 
mais um diferencial na identidade das cidades e tornaram-se elementos de 
disputa e de interesse das gestões. Ao longo dos anos, novas tecnologias e 
estratégias de conservação passaram a ser adotadas. Criou-se novas políticas 
públicas em diversos países, com a finalidade de buscar uma “descompressão” 
dos ecossistemas do planeta e de primar pela preservação e pela sustentabilidade 
dos meios, visando o bem-estar das gerações futuras. 
Figura 2 – Breve linhado tempo sobre funções das áreas verdes 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021. 
TEMA 2 – CONTRIBUIÇÃO PARA AS CIDADES 
Qual a importância de se adotar um planejamento urbano mais sustentável 
ambientalmente? Neste tema, falaremos sobre como contribuir para que os 
ecossistemas naturais sejam cada vez mais respeitados no processo de 
desenvolvimento urbano. 
 
 
6 
2.1 A pressão sobre os ecossistemas naturais 
A falta de preocupação com as áreas verdes urbanas, além de 
desencadear efeitos sobre o meio em si, a partir da contaminação do solo e da 
poluição de elementos naturais, por exemplo, também gera prejuízos no âmbito 
econômicos e social. As populações mais vulneráveis são geralmente as mais 
atingidas, ao serem marginalizadas para locais sem qualidade ambiental, com 
infraestrutura prejudicada e condições insalubres (Miranda; Decesaro, 2018). 
Isso ocorre de modo cíclico, pois a falta de planejamento nos diversos 
âmbitos da gestão gera instabilidades sociais, marginalização e consequente 
ocupação em áreas irregulares, ao mesmo tempo em que essa ocupação 
desordenada acentua e evidencia problemáticas ambientais. Isso quer dizer que 
gestão econômica e social e planejamento ambiental não podem ser 
desassociados um do outro, e que a preservação do meio ambiente é, também, 
elemento fundamental na busca por cidades mais equitativas e equilibradas. 
Figura 3 – Gestão sustentável e retroalimentável 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021. 
 
 
7 
Uma vez que as grandezas não podem ser desassociadas, conclui-se que 
a falta de planejamento na área ambiental gera consequências severas para a 
vida nas cidades e, consequentemente, gera mais demandas emergenciais e 
dificuldades para a gestão. Vamos elencar algumas dessas consequências: 
• crescimento populacional sem a devida acomodação em condições ideais 
– marginalização e ocupação irregular do solo; 
• consumo indiscriminado de matérias-primas e de energia sem as condições 
necessárias de acomodação e renovação do meio fornecedor; 
• poluição dos ecossistemas aquáticos e redução dos níveis de lençóis 
freáticos; 
• poluição do ar, emissão de poluentes; 
• alteração na morfologia do solo (cortes, aterros e erosões); 
• impermeabilização do solo; 
• alteração no microclima urbano e criação de ilhas de calor; 
• alteração nas populações de fauna e flora e mudanças significativas nas 
cadeias alimentares; 
• desordenamento na gestão de resíduos sólidos (domésticos e industriais); 
e 
• criação de nichos de insalubridade urbanos, proliferação de pestes, vírus e 
bactérias. 
2.2 Benefícios do planejamento ambiental sistêmico 
O planejamento ambiental sistêmico, que valoriza a importância das áreas 
verdes urbanas, contribui consideravelmente para a sociabilidade entre indivíduos 
– que procurarão tais espaços para encontro, lazer, descompressão etc. Esse 
processo é o que urbanista dinamarquês Gehl (2013) chama de “cidade viva”, 
onde os interesses públicos estão voltados também para espaços que 
proporcionem uma ligação emocional com os indivíduos. 
Após a era industrial, se fez cada vez mais necessária a preservação (ou 
inserção) de áreas verdes nos centros urbanos, especialmente no sentido de 
melhorar a insalubridade de espaços degradados pela atividade industrial e pelo 
adensamento sem planejamento. No Brasil, esse processo se intensificou já no 
século XIX, conforme abordamos no Tema 1, e foi fortalecido a partir dos anos 
 
 
8 
2000, com a criação de uma legislação mais específica para conservação de 
parques urbanos (Cardoso; Vasconcellos Sobrinho; Vasconcellos, 2015). 
Assim sendo, as áreas verdes desempenham uma série de funções no 
meio urbano. Elas funcionam como um “respiro” entre as edificações (Barros; 
Virgilio, 2003) e estimulam convívio social, mas vão além daquele entendimento 
tradicional de mera preservação de áreas naturais, conforme pode ser observado 
na figura a seguir: 
Figura 4 – Benefícios de áreas verdes urbanas 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Beretta et al., 2018. 
TEMA 3 – MÉTODO COMPOSTO PARA AVALIAÇÃO DE FLORA E FAUNA 
A gestão da fauna e da flora urbana exige processos constantes de 
diagnóstico e prognóstico dos meios; para isso, é fundamental que existam 
processos claros e efetivos de avaliação das condições da vida nos espaços 
verdes urbanos, considerando arborização, vegetação, animais, zoonoses etc. 
Neste tema, falaremos um pouco sobre fatores que incidem sobre esse processo 
e também sobre alguns métodos de definição de indicadores de avaliação. 
3.1 Sobre alterações e dispersões na fauna e flora urbana 
Durante a pandemia da COVID-19, especialmente nos primeiros meses, 
houve a manifestação de diversas manifestações da flora e fauna urbana a partir 
 
 
9 
do isolamento de seres humanos. Isso pôde ser observado especialmente em 
locais de grande atividade turística mundo afora. Esse processo tornou evidente 
o impacto da intervenção do ser humano no planeta, que, ao utilizar menos 
determinados espaços, gerou limpeza das águas, melhoria da qualidade do ar e 
menos danos à vegetação (Soares; Pinto, 2020). 
Além da presença humana, o que mais contribui para o equilíbrio ou 
desequilíbrio da fauna e flora urbana? Beretta et al. pontuam que alguns fatores 
são: a diversidade de espécies, a boa qualidade de cobertura vegetal, o controle 
da iluminação artificial em espaços naturais e a presença de água. Além disso, 
tais fatores contribuem também – ainda que de modo mais indireto – no controle 
da temperatura urbana. Os autores propõem, também, que tais fatores sejam 
utilizados como indicadores de avaliação da presença da fauna em meio urbano, 
considerando-os fatores de atração ou de dispersão da fauna nas áreas verdes 
urbanas. 
Quadro 1 – Fatores de atração ou dispersão para o desenvolvimento da fauna 
urbana 
Grupo Item 
Vegetação 
Diversidade de espécies 
Qualidade da cobertura vegetal 
Área sombreada 
Conjunto de áreas verdes nas proximidades 
Água 
Presença ou ausência de espelhos d´água 
Dimensão de espelhos d´água 
Proximidade dos espelhos d´água com a vegetação 
Vias do entorno 
Tráfego de veículos no entorno 
Tráfego de pedestres no entorno 
Iluminação 
Quantidade de postes e pontos de luz 
Posicionamento das luminárias 
Tipo de lâmpadas 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Beretta et al., 2018. 
3.2 Métodos de mensuração 
Há muitas formas de se mensurar a qualidade ambiental de um espaço, em 
consideração às suas características de fauna e flora. Braga et al. Apresentam, 
em 2004, uma pesquisa com alternativas bastante interessantes que podem ser 
adaptadas pelas gestões aos contextos locais. Os indicadores devem ser pré-
 
 
10 
determinados de acordo com cada contexto, porém os autores começam 
sugerindo que a definição dos critérios esteja baseada em quatro temas principais, 
que englobam desde as características do meio em si até a capacidade 
institucional: 
i. qualidade do sistema ambiental local; 
ii. qualidade de vida humana (condições de vida, saúde local, segurança 
ambiental); 
iii. pressão antrópica (urbana, industrial, agropecuária e cobertura vegetal); e 
iv. capacidade política e institucional (autonomia política, gestão pública e 
índice de participação popular). 
Além disso, é importante também determinar a qualidade dos critérios 
elaborados segundo quatro pressupostos: 
Figura 5 – Pressupostos para elaboração dos critérios de avaliação 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, a partir de Braga et al., 2004. 
Por fim, os autores ainda fazem uma observação sobre como os dados 
obtidos devem ser considerados. Essa reflexão é interessante, pois, embora se 
aplique nesse momento aos índices ambientais, pode ser estendida à avaliação 
em outros campos da gestão pública: 
Os dados considerados ricos são aqueles de fácil obtenção e 
periodicidade contínua e ampla. Os considerados suficientes são 
aquelesque embora não disponíveis com periodicidade constante, 
podem ser produzidos com base em outros dados de periodicidade mais 
adequada. Os dados considerados pobres são aqueles cuja obtenção é 
de extrema dificuldade, sendo necessária muitas vezes a realização de 
pesquisas de campo. (Braga et al., 2004, p. 32, grifo nosso) 
 
 
11 
TEMA 4 – INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS VERDES COM ESPAÇOS URBANOS 
O manejo de áreas verdes é desafiador à medida em que é preciso integrar 
os espaços naturais com o processo de urbanização, de forma a permitir a 
eventual expansão urbana de maneira ordenada, planejada e sustentável. Neste 
tema, falaremos sobre as qualidades da integração ambiental e sobre a 
importância de planos de infraestrutura verde. 
4.1 Qualidades da integração ambiental 
A integração das áreas verdes no meio urbano desempenha importantes 
papéis em cinco eixos. 
• Social – possibilidade de lazer. 
• Ecológica – incremento do bem-estar no meio ambiente (qualidade do ar, 
água e solo), fundamental ao desenvolvimento de todas as espécies, 
inclusos os seres humanos. 
• Educativa – são ambientes de desenvolvimento da percepção e 
conscientização ambiental. 
• Estética – diversificação da paisagem construída e ornamentação da 
cidade. 
• Psicológica – recreação, relaxamento e descompressão suscitados pela 
natureza (Bargos; Matias, 2011). 
Por outro lado, quando a urbanização ocorre – especialmente de maneira 
espontânea – sempre implica em algum impacto sobre a cobertura vegetal das 
cidades. Segundo Rotermund (2012), alguns impactos negativos da ação de 
urbanização sobre o território são: 
• mudanças nos perfis dos terrenos (cortes, aterros etc.) para implantação 
da infraestrutura e edificações; 
• alteração de características físicas e químicas do solo; 
• compactação e impermeabilização do solo; 
• dificuldades ao desenvolvimento das raízes da vegetação (crescimento e 
retirada de nutrientes); 
• rebaixamento do nível de lençóis freáticos e redução da disponibilidade 
hídrica; 
 
 
12 
• aumento da temperatura (tanto do ar quanto das superfícies, pela reflexão 
da radiação solar nos pavimentos); 
• poluição do ar (partículas danosas, materiais tóxicos e fuligem sobre o meio 
natural); e 
• perda de biodiversidade (isolamento ou migração de espécies, ou ainda 
pelo paisagismo exclusivamente voltado a espécies exóticas, impactando 
a fauna que não consegue se adaptar). 
Uma das maneiras de equilibrar esse processo é adotar estratégias que 
combinem a preservação do meio natural nativo com a criação de novas áreas 
verdes de promoção da biodiversidade. As florestas urbanas antropogênicas são 
um bom exemplo de alternativa. Dias (2016) comenta que elas representam o 
conjunto de todas as áreas verdes criadas e mantidas pelos seres humanos, tais 
como jardins, praças, parques lineares etc. Embora não sejam compostas por 
mata nativa, também ajudam a manter o controle da temperatura e da umidade, e 
melhoram a qualidade do ar ao absorver partículas de CO2 e repor o oxigênio. 
4.2 Planos de infraestrutura verde 
A importância do desenvolvimento de um plano de infraestrutura verde se 
dá especialmente em 4 eixos, conforme mostra a figura a seguir: 
Figura 6 – Por que é preciso desenvolver um plano de infraestrutura verde? 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, com base em Rotermund, 2012. 
Ao longo do tempo, planos de infraestrutura verde, com maior ou menor 
assertividade, foram utilizados para melhorar as condições de desenvolvimento 
ou desenho urbanos. O quadro 2 apresenta alguns exemplos: 
 
 
 
13 
Quadro 2 – Alguns exemplos de planos de infraestrutura verde 
Plano Local e data Características 
Plano Haussmann Paris, séc. XVIII 
Abertura de espaços e inserção de 
parques públicos em larga escala, 
condizentes a um desenho urbano 
específico 
Parques Ingleses 
pós-industriais Inglaterra, séc. XIX 
Recuperação de áreas degradadas por 
meio de parques ornamentais, criados a 
partir da influência de Ebenezer Howard. 
Recuperação do Rio 
Cheonggeyechon Seul, anos 2000 
Parque linear com arborização intensa 
para recuperação do rio degradado desde 
o século XIV. 
Parques Urbanos de 
Curitiba 
Curitiba, anos 1960 a 
1990. 
Reserva de grandes áreas urbanas para 
parques de drenagem urbana 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021. 
Propomos como encerramento desse tema a seguinte síntese, como 
reflexão: 
Como indicador de qualidade ambiental as áreas verdes precisam ser 
consideradas ainda conforme sua distribuição e dimensão espacial para 
que o planejamento urbano e ambiental supra as necessidades da 
sociedade e não apenas seja conduzido à valorização e preservação da 
vegetação no meio urbano por uma questão meramente 
preservacionista (Bargos; Matias, 2011, p.186). 
TEMA 5 – GESTÃO DA FAUNA URBANA 
A gestão da fauna é desafiadora à medida que deve administrar em 
paralelo às boas condições de sobrevivência e desenvolvimento das espécies e o 
controle de pragas e zoonoses, com base na orientação da legislação e em 
processos de avaliação constantes, conforme já mencionamos no Tema 3. 
5.1 Considerações gerais sobre a fauna urbana 
A fauna urbana é o conjunto de espécies de animais presentes no meio 
urbano e pode ser categorizada em três grupos: 
Figura 7 – Tipologias da fauna urbana 
 
 
14 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Vale e Prezoto, 2019. 
Deve-se considerar, ainda, que eventualmente os meios urbanos também 
servem de abrigo ou passagem para a chamada fauna exótica invasora, que é 
composta por animais que não fazem parte originalmente daquele ecossistema, 
mas que se adaptaram de alguma forma ao meio (São Paulo, 2013). 
O processo de urbanização desordenada, associado a condições de 
insalubridade de depredação do meio ambiente, pode levar a um aumento de 
pragas urbanas, o que faz com que a gestão obrigatoriamente esteja em constante 
monitoria de zoonoses. Moreira (2015) comenta que há alguns cientistas que 
consideram as invasões de determinadas espécies em meio urbano como 
desastres naturais, o que incide diretamente sobre o processo de conservação e 
diagnóstico do território. São necessárias medidas constantes de detecção 
precoce dessas alterações no meio, a fim de mitigar os impactos negativos; esse 
processo, no entanto, é muito vezes subestimado ou acaba por não se tornar uma 
prioridade da gestão. Sugerimos algumas medidas a serem adotadas para evitar 
tais prejuízos: 
• constância e qualidade no serviço de limpeza urbana, especialmente em 
locais onde a população solicita intervenções; 
• instalação de dispositivos físicos de proteção para minimizar a reprodução 
ou nidificação excessiva de espécies nocivas; 
 
 
15 
• métodos sonoros de afastamento para espécies específicas; 
• planejamento de longo prazo para redução da população da espécie 
nociva; e 
• realização constante de pesquisas e levantamentos para identificação das 
espécies e mapeamento de comportamentos nocivos. 
5.2 Boas práticas para a gestão da fauna urbana 
A presença das áreas verdes, como já vimos, é fundamental para a 
conservação da fauna urbana. A arborização urbana, em especial, mesmo que de 
forma pontual ao longo das vias, também pode contribuir positivamente para esse 
processo. Vejamos alguns destaques sobre o papel da arborização na gestão da 
fauna urbana: 
Figura 8 – O papel da arborização na gestão da fauna urbana 
 
Fonte: elaborado por Fariniuk, 2021, com base em Brun et al, 2007. 
Além disso, outras estratégias adotadas pelo setor público também podem 
ser elencadas para ajudar na gestão da fauna urbana: 
 
 
16 
• priorizar a conservação, manutenção e criação das áreas verdes; 
• diagnósticos corretos e constantes sobre a permanência e sobrevivência 
das espécies no meio urbano; 
• difundir conhecimento sobre o modo de vida do animal; 
• informar sobre condutas corretas no trato dos animais urbanos; 
• capacitação de profissionais para atuarjunto às áreas de 
vivência/passagem dos animais; 
• campanhas educativas sobre criminalização de maus tratos, abandono e 
tráfico de animais, em obediência à legislação; e 
• campanhas educativas sobre ações de prejuízo aos habitats, tais como 
descarte incorreto do lixo (Beretta et al., 2018). 
A questão da conscientização e o papel da gestão pública na 
conscientização coletiva, inclusive, estará presente em outras discussões 
futuramente. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
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proposta conceitual. REVSBAU, Piracicaba, v. 6, n. 3, 2011, p. 172-188. 
Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/revsbau/article/view/66481/38295> 
Acesso em: 24 set. 2021. 
BARROS, M. V. F.; VIRGILIO, H. Praças: espaços verdes na cidade de Londrina. 
Universidade Estadual de Londrina, Londrina: 2003. 
BARTALINI, V. Áreas verdes e espaço livres urbanos. Paisagem e Ambiente, 
1986, v. 1-2, p. 49-56. Disponível em: <https://doi.org/10.11606/issn.2359-
5361.v0i1-2p49-56>. Acesso em: 24 set. 2021. 
BELLÉ, S. Apostila de paisagismo. IFRS: Bento Gonçalves, 2013. 
BERETTA, V. Z.; SANTOS, S. M.; LONGO, R. M. Indicadores de atração e 
dispersão de fauna em áreas verdes públicas no município de Campinas (SP). In: 
JORNADA de Gestão e Análise Ambiental da UFSCar. São Carlos, 2-4 out. 2018. 
BRAGA, T. M et al. Índices de sustentabilidade municipal: o desafio de mensurar. 
Nova Economia, Belo Horizonte, v. 14, n. 3, p. 11-33, 2004. Disponível em: 
<https://revistas.face.ufmg.br/index.php/novaeconomia/article/view/435/434> 
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BRUN, F. G. K.; LINK, D.; BRUN, E. J. O emprego da arborização na manutenção 
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2021. 
CARDOSO, S. L. C.; VASCONCELLOS SOBRINHO, M.; VASCONCELLOS, A. 
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18 
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