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Gestão de Resíduos Sólidos nas Cidades Brasileiras

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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO E 
SUSTENTABILIDADE URBANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tharsila Maynardes Dallabona Fariniuk 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
A gestão de resíduos sólidos é um desafio para as cidades, especialmente 
no que diz respeito à saúde pública e à viabilidade e sustentabilidade ambiental. 
A cadeia de existência e produção de um resíduo sólido é complexa e incide sobre 
múltiplos fatores, tais como: a qualidade do meio ambiente, a geração de emprego 
e renda, a ocupação de espaços urbanos, a geração de energia etc. Nesta aula, 
vamos estudar um pouco sobre todos esses aspectos. 
No Tema 1, abordaremos de modo panorâmico a questão dos resíduos 
sólidos no Brasil, entendendo melhor os conceitos, e a Lei n. 12.305/2010, que 
orienta a prática. 
O Tema 2 abordará a destinação dos resíduos sólidos, a partir das 
tipologias existentes e permitidas pela legislação e também das estatísticas 
atualizadas de utilização dessas estratégias no Brasil. 
No terceiro tema, abordaremos a questão da legislação ambiental aplicada 
à gestão dos resíduos sólidos, estabelecida pela Constituição Federal de 1988 e 
também por legislações, decretos e resoluções, em especial as do Conama – 
Conselho Nacional do Meio Ambiente. Estudaremos de forma panorâmica alguns 
dos instrumentos que regem o gerenciamento de tipologias específicas de 
resíduos. 
No quarto tema, abordaremos a questão da gestão de resíduos sólidos por 
meio do ciclo em etapas retroalimentáveis e que representam desafios para a 
gestão pública. Falaremos sobre algumas estratégias para aprimoramento da 
sustentabilidade social e ambiental nesse processo, incluindo noções de logística 
reversa para gestão dos resíduos sólidos. 
Por fim, no último tema, apresentaremos uma reflexão sobre a importância 
da inovação na gestão dos resíduos sólidos, especialmente no que diz respeito a 
estratégias de baixo custo e/ou adoção de novas tecnologias no processo. 
Discutiremos também sobre as tendências para a gestão de resíduos, baseadas 
especialmente no compartilhamento de responsabilidades no meio urbano. 
Boa aula, bons estudos! 
TEMA 1 – PANORAMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NAS CIDADES BRASILEIRAS 
Para começarmos a discussão sobre a gestão de resíduos nas cidades 
brasileiras, vamos retomar brevemente os conceitos atrelados ao tema e também 
 
 
3 
algumas estatísticas panorâmicas dessa questão. Discutiremos, ainda, alguns dos 
principais instrumentos estabelecidos na legislação que orienta a gestão de 
resíduos sólidos no país. 
1.1 Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 
No Brasil, a gestão de resíduos sólidos é orientada pela Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS), determinada pela Lei n. 12.305/2010. A PNRS 
determina que resíduo sólido é o conjunto de materiais, objetos e substâncias 
resultantes da atividade humana que são descartados em estado sólido ou 
semissólido, ou que possuem particulares que inviabilizam o descarte na rede de 
água ou esgoto. A figura 1 apresenta os tipos de resíduos sólidos conforme a 
PNRS, alguns dos quais retomaremos com mais detalhes ainda nesta aula. 
Figura 1 – Categorias de Resíduos Sólidos, segundo a PNRS 
 
Fonte: elaborado com base em Brasil, 2010. 
Vamos falar agora especificamente sobre resíduos sólidos urbanos. Dados 
da Abrelpe de 2020 mostram que a geração de resíduos sólidos aumenta 
anualmente no Brasil. Na última década, esse aumento foi ainda mais expressivo. 
Em 2010, o país gerava 67 milhões de toneladas de resíduos por ano, com uma 
geração per capita média de 348kg/ano. No ano de 2019, a geração de resíduos 
 
 
4 
passou a ser de 79 milhões de toneladas por ano e de 379 kg per capita. As 
regiões Nordeste e Sudeste são as que mais contribuem para essa geração. 
Figura 2 – Índice de cobertura de coleta de RSU, por região brasileira 
 
Fonte: elaborado com base em Abrelpe, 2020. 
1.2 PNRS 
A legislação criada em 2010 estabelece que a gestão de resíduos sólidos 
deve ser pautada por princípios e metas compartilhadas entre o Governo Federal, 
os estados e os municípios, em vistas a um desenvolvimento mais 
ambientalmente sustentável no Brasil. Podemos destacar alguns dos princípios e 
instrumentos estabelecidos na lei: 
• proteção da saúde pública; 
• uma visão sistêmica sobre a gestão de resíduos, considerando as variantes 
sociais, econômicas, tecnológicas e culturais além da própria preocupação 
ambiental; 
• ecoeficiência – redução do impacto ambiental e redução do consumo de 
recursos naturais; 
• reconhecimento do resíduo sólido como um bem de valor econômico e 
social, gerador de emprego e renda; 
• adoção e desenvolvimento de padrões sustentáveis de produção e 
consumo de produtos e de tecnologias limpas; e 
• incentivo à indústria da reciclagem e integração dos catadores de 
recicláveis na gestão compartilhada de resíduos (Brasil, 2010). 
A legislação também estabelece uma ordem de prioridade para a gestão 
de resíduos, que pode ser observada na figura 2. 
 
 
5 
 
Figura 3 – Ordem de prioridade na gestão de resíduos sólidos 
 
Fonte: elaborado com base em Brasil, 2010. 
TEMA 2 – TIPOLOGIAS DE DESTINAÇÃO: ATERROS E LIXÕES 
Os resíduos sólidos podem ser dispostos de diversas maneiras no meio 
ambiente, e algumas alternativas são mais sustentáveis do que outras. Além 
disso, nem todas as tipologias de destinação são permitidas no Brasil. Neste tema, 
vamos estudar quais são as alternativas mais conhecidas de disposição final dos 
resíduos, bem como analisar algumas estatísticas de utilização no Brasil. 
2.1 Alternativas de disposição final de resíduos 
Existem diversas alternativas de disposição final de resíduos sólidos, cada 
uma com suas vantagens e desvantagens e nem todas são permitidas ou 
largamente utilizadas no Brasil. O quadro 1 apresenta algumas dessas tipologias. 
Quadro 1 – Alternativas de disposição final de resíduos sólidos 
Tipologia Descrição 
Aterros 
sanitários 
Distribuição de rejeitos segundo protocolos de empilhamento, compactação 
e soterramento, de forma a minimizar a poluição no solo e nos corpos 
hídricos. Utiliza-se estruturas de drenagem de chorume e gás (fig. 4). 
Lixão 
Disposição de resíduos a céu aberto, sem protocolos de controle, 
organização, compactação ou proteção do meio (fig. 5). 
Aterros 
controlados 
Medida paliativa que possui rigidez situada entre aterros sanitários e lixões, 
com algum tipo de controle operacional e ambiental, porém pouco rigoroso. 
Usinas de 
incineração 
Queima do lixo em temperaturas altas. Ao longo do tempo, foi considerada 
uma alternativa nociva ao meio ambiente por gerar gases tóxicos e por 
desperdiçar material que poderia ser melhor aproveitado. Atualmente, 
discute-se sobre alternativas que reaproveitam a queima para geração de 
energia. 
 
 
6 
Composta
gem 
Estratégia de transformação para alguns tipos de resíduos orgânicos, 
especialmente os domésticos. Nesse processo, a matéria é decomposta por 
processos físicos e químicos, com a ajuda de animais invertebrados, tais 
como minhocas. 
Fonte: Fariniuk, 2021. 
Figuras 4 e 5 – Aterro sanitário e lixão, respectivamente 
 
Créditos: DedMityay/Shutterstock e vchal/Shutterstock. 
Saiba mais 
Para conhecer mais sobre o funcionamento dos aterros sanitários, visite o 
Portal Resíduos Sólidos, em que se apresentam esquemas didáticos dessa 
estrutura de destinação. 
Disponível em: <https://portalresiduossolidos.com/aterro-sanitario/>. 
Acesso em: 27 set. 2021. 
2.2 Destinação final de resíduos sólidos urbanos 
Os dados recentes do levantamento da Abrelpe mostram que, em 2019, 
apenas 59,5% dos resíduos sólidos gerados no Brasil possuíam uma destinação 
adequada, conforme as resoluções da PNRS. E atenção a essa informação, que 
provocará uma reflexão interessante: a pesquisa aponta que os 40,5% de RSU 
inadequadamente destinados impactam diretamente a saúde de mais de 70 
milhões depessoas, resultando em um custo ambiental e de saúde próximo a 1 
bilhão de dólares por ano. A figura 6 apresenta esse dado segmentado por 
tipologia de destinação e por região do país. 
 
 
7 
Figura 6 – Destinação final de RSU no Brasil, por tipologia e região 
 
Fonte: elaborado com base em Abrelpe, 2020. 
É possível observar, a partir dos dados, que, mesmo após a existência da 
legislação, ainda há um percentual bastante significativo de destinação incorreta 
dos resíduos sólidos em todas as regiões do país. Uma das causas possíveis para 
isso é a falta de compartilhamento de responsabilidades em toda a cadeia de 
produção dos resíduos. Veja o que dizem Leite e seus colaboradores em 
publicação de 2019: 
Em outros países, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida 
dos produtos, envolvendo fabricantes, importadores, distribuidores, 
comerciantes, consumidores, titulares dos serviços públicos de limpeza 
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, tem conseguido minimizar o 
volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, reduzindo a disposição 
de resíduos sólidos no solo, o que não vem acontecendo no Brasil (Leite 
et al., 2019, p. 7) 
Nos próximos temas, aprofundaremos a questão do papel da gestão no 
processo de planejamento e gerenciamento de resíduos. 
TEMA 3 – AS LEIS AMBIENTAIS APLICADAS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS 
SÓLIDOS NO BRASIL 
A Constituição Federal de 1988, complementada por legislações, decretos 
e resoluções específica, fornece uma série de instrumentos de direcionam e 
estabelecem critérios para a gestão dos resíduos sólidos de diversos tipos. Neste 
tema, falaremos de modo panorâmico sobre as principais normalizações que 
regem esse processo. 
 
 
 
8 
3.1 Disposições da legislação ambiental no Brasil 
A legislação brasileira prevê, por meio da Constituição de 1988, em seu 
artigo 24, que compete à federação e aos estados a legislação sobre as questões 
ambientais e proteção dos recursos naturais. A principal legislação que orienta 
esse processo é a PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 6.938/1981, 
a qual instituiu a criação do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 
Porém, de modo geral, a gestão dos resíduos sólidos na escala da cidade se dá 
por meio da atuação municipal, que deve ser adequada àquela proposta em nível 
nacional e estadual. 
De acordo com Santaella et al. (2014), um dos principais pontos 
estabelecidos pela legislação brasileira no que diz respeito aos resíduos sólidos 
está na PNRS está na atribuição de diversas responsabilidades ao poder público, 
e também na criação de instrumentos de acesso à informação para cumprimento 
da política ambiental. A lei também estabelece a criação do SINIR – Sistema 
Nacional de Informações sobre Gestão dos Resíduos Sólidos – que inclui também 
a gestão sobre o saneamento básico e sobre os recursos hídricos, dois tópicos 
que estudaremos mais à frente nessa disciplina. 
Além disso, a legislação da PNRS prevê a proibição da destinação de 
resíduos sólidos em determinados espaços (ver figura 7), o que é complementado 
pela Lei de Crimes Ambientais de 1998. Essa lei pune a poluição causadora de 
danos à saúde humana e a fauna e flora, incluindo o lançamento de resíduos de 
qualquer natureza (sólidos, gasosos, líquidos, oleosos) em descumprimento aos 
regulamentos. 
Figura 7 – Proibições na destinação de resíduos sólidos, conforme PNRS 
 
Fonte: elaborado com base em Brasil, 2010. 
 
 
9 
3.2 Algumas resoluções específicas 
Ao longo do tempo, diversas foram as determinações e regulamentações 
sobre o dejeto de resíduos sólidos no ambiente. As resoluções do Conama, em 
especial, principalmente ao longo dos anos 1990, determinaram uma série de 
especificações e normas para tipos específicos de rejeitos, a exemplo de resíduos 
originados nas áreas da saúde, atividade industrial e construção civil. O quadro 2 
apresenta algumas dessas legislações, que, conforme nossa sugestão, podem 
ser aprofundadas como complementação de seus estudos. 
Quadro 2 – Algumas legislações e resoluções ambientais 
Lei Descrição 
Lei n. 6.938/81 e 
Decreto n. 99.274/90 Cria e regulamenta o Sistema de Licenciamento Ambiental. 
Resolução n. 1 e n. 11 
do Conama de 1986 
Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impacto do 
Meio Ambiente (RIMA). 
Resolução n. 8, 
Conama de 1991 Dispõe sobre a incineração e poluição do ar. 
Lei n. 10.888, de 2001 
Disposições sobre descartes de materiais perigosos, tais como 
pilhas e baterias, eletroeletrônicos, lâmpadas fluorescentes e 
materiais como chumbo e mercúrio. 
Resolução n. 283, 
Conama de 2001 Disposições sobre destinação de resíduos de saúde. 
Resolução n. 307, 
Conama de 2002 Disposições sobre destinação de resíduos da construção civil. 
Fonte: Fariniuk, 2021. 
E qual o impacto da legislação para a gestão pública dos espaços urbanos? 
Para refletir sobre isso, vale a pena observar como funciona a legislação de países 
considerados altamente desenvolvidos. Conforme explica a pesquisadora e 
consultora legislativa da Câmara dos Deputados Ilidia Juras (2012), na atualidade, 
o enfoque da gestão de resíduos deve ser em normatizar os padrões de produção 
e de consumo e não apenas cuidar dos modos de destinação e manejo dos 
resíduos originados nesse processo. 
Porém, a legislação brasileira de 2010 (PNRS) apresenta um avanço 
importante no que diz respeito às responsabilidades compartilhadas de todo o 
ciclo de vida dos produtos e rejeitos – no conceito de “responsabilidade estendida 
ou alargada” (p. 49). E isso significa uma combinação de ações educativas, 
 
 
10 
campanhas de conscientização e incentivo à participação de todos os entes da 
sociedade. 
Assim, vamos finalizar esse tema com a seguinte reflexão, que servirá de 
gancho para abordagens futuras: 
De acordo com essa visão, a sociedade pode ser considerada um agente 
importante na produção de informação em nível local e ajudar para a 
determinação dos dados mais fortes ou relevantes, bem como quais 
opções são possíveis, em relação aos estudos sobre os riscos e perigos 
de danos ao meio ambiente. A medida da participação social mostra-se 
essencial igualmente para a constatação acerca da real efetividade das 
políticas públicas aplicadas. Destaca-se, ainda, que as consequências 
positivas da participação refletem-se principalmente quando os 
mecanismos de diálogo com a sociedade dão-se não somente na fase 
de escolha e divulgação das respostas, mas também no processo de 
enquadramento do problema e na avaliação dos riscos, que precedem a 
fase de decisão (Santaella et al., 2014, p. 96). 
TEMA 4 – COLETA, LOGÍSTICA E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 
A gestão de resíduos sólidos é um processo em cujas etapas residem 
diversos desafios. Neste tema, discutiremos sobre essas etapas e também sobre 
as formas de incrementar o ciclo de gestão com estratégias para aprimoramento 
da sustentabilidade social e ambiental. 
4.1 Ciclo da gestão dos resíduos sólidos 
A gestão dos resíduos sólidos pode ser entendida como um processo 
cíclico, uma vez que após a fase de tratamento dos desejos, diversos materiais 
podem ser reaproveitados e utilizados novamente. Além disso, a destinação dos 
dejetos impacta, em menor ou menor grau, o meio ambiente, o que implica em 
consequências e respostas para a sociedade e os espaços. Podemos 
compreender o ciclo a partir de 5 etapas, apresentadas na figura 8 a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Figura 8 – Ciclo da gestão dos resíduos sólidos 
 
Fonte: Fariniuk, 2021. 
A geração é a etapa inicial, determinada principalmente pelos hábitos de 
produção e de consumo domésticos e industriais. Essa etapa se beneficia de 
campanhas de conscientização para minimização da geração de resíduos. Os 
dados de 2020 da Abrelpe apontam que, apenas em termos de resíduos 
orgânicos, cada brasileiro descarta 170kg de matéria anualmente – o que 
corresponde a mais de 45% do total de resíduosproduzidos no país. Outros tipos 
de resíduos em quantidade significativa na composição gravimétrica são o 
plástico, o papel e os metais. As tendências apontam que até o ano de 2050, a 
geração de resíduos sólidos no Brasil aumentará em 50%, o que implica 
diretamente no gerenciamento das próximas etapas desse ciclo. 
A etapa de acondicionamento consiste no armazenamento dos resíduos 
em recipientes apropriados até que se faça a coleta. O acondicionamento deve 
ser adequado de forma a minimizar riscos de contaminação, prevenir acidentes e 
minimizar impactos olfativos e visuais, além de seguir as normas da ABNT. 
A etapa de coleta e transporte é determinada por meio do planejamento 
municipal de gestão dos resíduos sólidos e pode ser segmentada em três 
tipologias principais: a) a coleta regular, de resíduos domiciliares e industriais, 
geralmente responsável por cerca de 50% dos montantes destinados a limpeza 
urbana; b) a coleta seletiva, de materiais que podem ser reciclados ou reutilizados 
e que pressupõe uma ação prévia dos cidadãos na separação e triagem dos 
resíduos; c) a coleta especial, relacionada a resíduos tóxicos, patogênicos, 
entulhos etc. Segundo Santaella (2014), o processo de transporte deve ser 
planejado desde a escolha e porte dos veículos até os trajetos utilizados, 
considerando: 
 
 
12 
• volume e peso do lixo diário; 
• sistema viário, fluxos, traçado, direção e pavimentação das vias; 
• zoneamento urbano, áreas de ocupação residencial, comercial e industrial 
e localização dos grandes produtores de resíduos, tais como feiras, 
hospitais e mercados; 
• localização de saída e recolhimento dos veículos em relação aos locais de 
destinação final dos resíduos; e 
• necessidade de estações de transbordo ou de transferência. 
Na etapa de tratamento, os resíduos devem passar por uma triagem a fim 
de destiná-los corretamente. Essa destinação poderá ser feita de diversas formas, 
conforme apresentamos no quadro 1 por meio de processos mecânicos 
(separação física de materiais), bioquímicos (reação de componentes ou ação de 
animais e micro-organismos), ou térmicos (ação do calor) que visam a redução do 
volume de resíduos gerados. 
A fase de reciclagem e reutilização é uma etapa de triagem que pode 
acontecer de modo concomitante à etapa de tratamento. Nesse processo, faz-se 
a valorização dos resíduos que podem ser reaproveitados ou transformados em 
matérias-primas para novos produtos e usos. As gestões municipais devem 
buscar a integração de diversos atores nesse processo, especialmente os 
catadores, que são responsáveis por um montante muito significativo da triagem 
de material com valor nas cidades. Nessa etapa, portanto, fica ainda mais visível 
o componente social do processo de gestão de resíduos. 
4.2 A logística reversa na gestão de resíduos sólidos 
Logística reversa é o processo de planejamento, operação e controle dos 
fluxos após a venda e o consumo de produtos, no sentido inverso do ciclo, por 
meio de canais de distribuição. Nesse processo, pode-se agregar valor aos 
produtos, aos materiais e às empresas que praticam uma boa gestão desse ciclo 
inverso (Leite, 2002). 
A logística reversa é um processo originado nos processos produtivos 
empresariais, mas cada vez mais figura como etapa importante do planejamento 
na gestão municipal, pois contribui para a redução de danos dos resíduos no meio 
ambiente. De que forma? Por meio do recolhimento de produtos e resíduos tóxicos 
que são “devolvidos” ou coletados pelos fabricantes e/ou comerciantes. Esses 
 
 
13 
resíduos podem ser eletrônicos ou de informática, óleos, pneus, lâmpadas, 
eletrodomésticos e peças, câmeras fotográficas, pneus etc. 
Há diversos desafios na implementação de uma cadeia de logística 
reversas, especialmente no que diz respeito à integração entre o poder público e 
as empresas, conforme aponta a figura 9. 
Figura 9 – Desafios para a gestão da LR para resíduos sólidos 
Fonte: elaborado com base em Couto e Lange, 2017. 
Conforme apontam os pesquisadores Couto e Lange (2017), estatísticas 
levantadas por diversos institutos apontavam, em 2017, que diversos municípios 
brasileiros possuíam PEVs – Pontos de Entrega Voluntária – em que a própria 
população destina resíduos em locais apropriados, de maneira voluntária e 
podendo receber alguma contrapartida. 
Na ocasião, quase 80% dos municípios brasileiros possuíam PEVs para 
destinação de óleos utilizados, porém apenas 15% possuíam pontos de coleta de 
pneus e uma quantidade ainda menor de municípios (menos de 5%) possuía 
campanhas de destinação de eletrônicos e/ou agrotóxicos. 
Saiba mais 
Que tal conhecer um modelo proposto para a gestão pública por meio da 
logística reversa de resíduos sólidos? Conheça a tese da pesquisadora Karina 
Fernanda da Silva (2020). 
 
 
14 
SILVA, K. F. da. Proposta de modelo de gestão pública orientado para 
a sustentabilidade de cadeias de logística reversa pós-consumo de resíduos 
sólidos especiais. (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em 
Pesquisas e Administração, UFMG, Belo Horizonte, 2020. 
TEMA 5 – INOVAÇÃO E TECNOLOGIA PARA GESTÃO DE RESÍDUOS 
Inovar na gestão dos resíduos sólidos é uma tarefa desafiadora e ao 
mesmo tempo necessária, no sentido de aprimorar a sustentabilidade das cidades 
e de mitigar as mudanças climáticas. Neste tema, discutiremos algumas 
estratégias de inovação e utilização de tecnologias para o processo de gestão, 
bem como as tendências de desenvolvimento de novas alternativas, baseadas em 
cada vez mais compartilhamento de ideias entre atores do meio urbano. 
5.1 Soluções de baixo custo e adoção de tecnologias 
O processo de inovação na gestão dos resíduos sólidos é uma estratégia 
de propulsão social e territorial e pode ser orientado por processos de inovação 
simples, a partir de soluções de baixo custo e/ou por meio do uso de tecnologias 
aplicadas às fases do ciclo de gestão dos resíduos. Vamos falar sobre cada uma 
dessas vertentes. 
Em primeiro lugar, as soluções de baixo custo podem ser entendidas como 
gestão criativa de resíduos, que engloba estratégias econômicas e sociais, tais 
como: 
• economia circular, que busca reaproveitar materiais dentro da própria 
cadeia produtiva; 
• utilização de iniciativas locais de incentivo à reciclagem na geração de 
empregos e combate à pobreza; 
• programas de incentivo à valorização dos materiais recicláveis e que 
contribuam para combater a insegurança alimentar, como os que fornecem 
câmbio de alimentos por kg de material descartado corretamente; e 
• criação de programas que utilizem “moedas verdes” para o câmbio de 
materiais recicláveis por outros tipos de bem material, estratégia que possui 
a vantagem de dinamização da economia local (Neves, 2020). 
 
 
15 
Em segundo lugar, as soluções tecnológicas podem ser adotadas ao longo 
das etapas do ciclo de resíduos, por meio de instrumentos tecnológicos ou digitais 
ou por inovação nos processos em si. O quadro 3 apresenta algumas dessas 
possibilidades. 
Quadro 3 – Possibilidades tecnológicas e inovadoras na gestão de resíduos 
sólidos 
Fase Estratégia Definição 
Coleta e 
Transporte 
Coleta subterrânea 
Armazenamento de resíduos no subsolo, que exigem 
baixa manutenção, especialmente em regiões de altas 
temperaturas. 
SIG – Sistemas de 
Informação 
Geográfica 
Gerenciamento e otimização do trajeto de deslocamento 
dos resíduos, por meio de instrumentos de automação e 
rastreio. 
Tratamento 
Sistemas de 
triagem 
automatizados 
Por meio de sensores, câmaras e espectroscopia que 
identifica a composição dos materiais e otimiza a 
classificação desses. 
Sistemas de 
autoclavagem 
Separação e esterilização de resíduos por meio de 
vapor de água. 
Sistema Fluffling Separação de traços orgânicos dos materiais sólidos (neste caso, a “polpa” orgânica denomina-se fluff). 
Vermicompostagem 
Utilização de vermes (minhocas) para processar 
resíduose gerar materiais ricos em minerais para 
reaproveitamento na agricultura. 
Reciclagem 
e 
Reutilização 
Biodegradação de 
plásticos 
Controle do processo de degradação de plásticos para 
evitar contaminação do solo. 
Deinking 
Technology 
Remoção das tintas dos papéis para reaproveitamento 
da celulose. 
Gaseificação 
Transformação da matéria de aterros em vapor que 
será convertido em produtos químicos, energia, 
combustíveis e fertilizantes. 
Fonte: elaborado com base em IPEA, 2021. 
5.2 Tendências para o futuro da gestão de RSU 
Não é possível destrelar a gestão de resíduos sólidos das questões 
maiores que envolvem a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. A 
poluição e erosão do solo causada por dejetos, bem como a existência de espaços 
de destinação de lixo inadequados contribuem para a existência de ilhas de calor, 
poluição e prejuízos ao meio. Isso gera impactos negativos no solo, ar, águas, 
 
 
16 
fauna e a flora (sistemas esses que, conforme conversamos anteriormente, estão 
totalmente interligados e são influentes na qualidade de vida urbana). 
Figura 10 – Algumas tendências na gestão de resíduos sólidos 
 
Fonte: Fariniuk, 2021. 
Além dessas tendências, pode-se mencionar também a adoção de 
sistemas indiretos, integrados ao processo de planejamento da gestão de 
resíduos. Um exemplo é a utilização do método BIM – Building Information 
Modeling –, uma estratégia que se origina na área corporativa da construção civil 
e que estabelece modelos digitais de construção do planejamento. 
Essa estratégia pode ser utilizada no sentido de cruzar dados paramétricos 
e planejar a gestão de desperdícios em novos empreendimentos. Assim, contribui-
se de modo indireto para o gerenciamento de dejetos, desperdícios e destinações 
inadequadas no meio ambiente (Costa; Oliveira, 2020). 
Futuramente, discutiremos a questão do abastecimento, da gestão de 
águas e do saneamento ambiental, aspectos diretamente relacionados ao tema 
do planejamento para a sustentabilidade urbana. 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2020. Abrelpe: São 
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