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DIRETORIA DA FEBRASGO 2020 / 2023 Marta Franco Finotti Vice-Presidente Região Centro-Oeste Carlos Augusto Pires C. Lino Vice-Presidente Região Nordeste Ricardo de Almeida Quintairos Vice-Presidente Região Norte Marcelo Zugaib Vice-Presidente Região Sudeste Jan Pawel Andrade Pachnicki Vice-Presidente Região Sul Agnaldo Lopes da Silva Filho Presidente Sérgio Podgaec Diretor Administrativo César Eduardo Fernandes Diretor Científi co Olímpio B. de Moraes Filho Diretor Financeiro Maria Celeste Osório Wender Diretora de Defesa e Valorização Profi ssional Imagem de capa e miolo: passion artist/Shutterstock.com COMISSÃO NACIONAL ESPECIALIZADA EM MASTOLOGIA - 2020 / 2023 Presidente Felipe Pereira Zerwes Vice-Presidente Cynthia Mara Brito Lins Pereira Secretário Eduardo Camargo Millen Membros Adriana Magalhães de Oliveira Freitas Andrea Pires Souto Damin Fabio Bagnoli Fabricio Palermo Brenelli Francisco Pimentel Cavalcante Guilherme Novita Garcia Hilka do Espirito Santos Ivo Carelli Filho Rosemar Macedo Sousa R ahal Sabas Carlos Vieira Vilmar Marques de Oliveira Vinicius Milani Budel 2021 - Edição revista e atualizada | 2018 - Edição anterior Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Descritores Câncer de mama; Alto risco; Quimioprevenção; Câncer de mama hereditário; Rastreamento. Como citar? Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama. São Paulo: FEBRASGO; 2021. (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 47/Comissão Nacional Especializada em Mastologia). Introdução O câncer de mama é a neoplasia mais comum na população femi- nina depois do câncer de pele não melanoma, sendo esperados, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer, aproximadamente 66.280 novos casos em 2020.(1) De� ne-se como alto risco para câncer de mama quando uma mulher apresenta risco cumulativo no decor- rer da vida de desenvolver a doença acima de 20% ou quando o risco relativo (RR) é maior que 2,5. Conhecer os fatores de risco permite criar estratégias para sua diminuição, além de prevenir mortes pela doença e tratamentos menos agressivos. Fatores de risco No quadro 1, veri� cam-se uma descrição dos principais fatores de risco e o impacto na elevação do risco atribuído a cada um deles.(2,3) * Este protocolo foi elaborado pela Comissão Nacional Especializada em Mastologia e validado pela Diretoria Científi ca como Documento Ofi cial da FEBRASGO. Protocolo FEBRASGO de Ginecologia, n. 47. Acesse: https://www.febrasgo.org.br/ Todos os direitos reservados. Publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). 4 Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Quadro 1. Fatores de risco para câncer de mama Fatores pessoais RR/OR* Menarca precoce 1,3-1,5 Menopausa tardia 1,2-1,6 Ausência de amamentação 1,2-1,4 Nuliparidade ou primeira gestação após 30 anos 1,5-1,9 Uso de contracepção hormonal 1,1-1,3 Uso de terapia de reposição hormonal combinada na pós- menopausa (E + P, tibolona) 1,1-1,3 Obesidade na pós-menopausa 1,2-1,9 Consumo de álcool (≥ 2 doses/dia) 1,2-1,3 Níveis de estrógeno circulante 2,0-3,5 Biópsia mamária com atipia ou carcinoma in situ 3,5-4,0 Doença proliferativa sem atipias 1,5-2,0 Densidade mamária elevada 3,6-5,9 Irradiação torácica antes dos 30 anos 2,0-8,0 Fatores familiares RR/OR* Mutação patogênica conhecida 4,0-8,0 Câncer de mama ou ovário (um parente de primeiro grau ≥ 50 anos) 1,5-1,8 Câncer de mama ou ovário (um parente de primeiro grau ≤ 50 anos) 3,5 Câncer de mama ou ovário (um parente de segundo grau) 1,5 Câncer de mama ou ovário (dois parentes de primeiro grau ≥ 50 anos) 3,6 Câncer de mama masculino 3-5 * Razão de risco (odds ratio). É importante salientar que quando o RR é menor que 1,5, o impacto individual é muito baixo, no entanto a associação de vários fatores pode ocasionar risco mais alto. Por isso, a correta identi� cação dessas situa- ções é muito importante, a � m de estabelecer estratégias de prevenção. Modelos de avaliação de risco A identi� cação de pessoas com risco individual aumentado nem sem- pre é fácil pela anamnese. Desta forma, modelos matemáticos de cál- culo de risco podem auxiliar na prática clínica. Os mais utilizados são: 5 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 • Modelo de Gail: contempla basicamente fatores relacionados à história pessoal e deve ser utilizado para pacientes sem antece- dentes familiares muito evidentes. RR superior a 1,67 foi consi- derado limite para alto risco, sendo validado para populações norte-americanas.(4,5) • Modelo de Tyrer-Cuzick (IBIS II): é mais abrangente e estima, além do risco, a probabilidade de haver mutação nos genes BRCA1 e BRCA2. Segundo esse modelo, quando a mulher apre- sentar chance de desenvolver câncer de mama acima de 20% no decorrer da vida, deverá ser considerado de alto risco, e quando a probabilidade de mutação for superior a 10%, pesquisa genéti- ca deverá ser solicitada.(5) • Outros modelos como o de Claus, BRCAPRO, Myriad e BOADICEA (CancerRisk) são reservados a casos com forte histó- ria familiar. Diferenças entre as variáveis empregadas no cálculo em cada um desses modelos podem levar à sub ou superestima- ção do risco. Portanto, uma vez feita a opção por utilizá-los, a escolha correta é fundamental para a utilização adequada a cada caso (Quadro 2). Quadro 2. Diferença entre os principais modelos de risco Modelo de cálculo de risco Variáveis utilizadas Quando usar Modelo de Gail (www.cancer. gov/bcrisktool) Idade, idade na menarca, idade da primeira gestação a termo, raça/etnia, número de parentes de primeiro grau acometidos e história de biópsia prévia História pessoal importante História familiar fraca Modelo de Tyrer- Cuzick Idade, menarca, peso e altura, paridade e idade da primeira gestação, biópsia prévia, status menopausal, uso de TRH combinada, densidade mamária, história familiar detalhada, ascendência de judeus ashkenazi e resultado de teste genético História familiar Risco de mutação BRCA 1 e 2 6 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Risco elevado para câncer de mama hereditário A identi� cação dessas pacientes está fundamentada na história fa- miliar e/ou na apresentação clínica do câncer de mama. No primeiro caso, a anamnese e o heredograma são os pontos-chave para se sus- peitar de câncer de mama hereditário. No segundo caso, em que a paciente é portadora de câncer de mama, o fenótipo da doença pode estar ligado ao câncer hereditário e ser o primeiro caso de manifes- tação na família (mutação de novo).(6) No quadro 3, são listadas situa- ções em que há suspeita de câncer de mama hereditário, em pacien- tes com e sem história pessoal de câncer de mama. Quadro 3. Fatores associados ao câncer de mama hereditário Paciente com câncer de mama Paciente sem câncer de mama e com história familiar positiva Idade ≤ 45 anos Parente de primeiro ou segundo grau com câncer de mama ≤ 45 anos Idade ≤ 46-50 anos: história familiar limitada, segundo tumor ou mais de um parente de primeiro, segundo ou terceiro grau com câncer de mama, ovário ou pâncreas Parente de primeiro ou segundo grau com câncer de mama ≤ 46-50 anos e história familiar limitada, segundo tumor ou mais de um parente de primeiro, segundo ou terceiro grau com câncer de mama, ovário ou pâncreas Ascendência judaica asquenaze Parente de primeiro ou segundo grau com câncer de mama e descendência judaica asquenaze Dois cânceres primários de mama, sendo o primeiro antes dos 50 anos Parente de primeiro ou segundo grau com câncer de mama ≤ triplo-negativo ≤ 60 anos Câncer de mama triplo-negativo ≤ 60 anos Câncer de mama em homem em parente de primeiro ou segundo grau Diagnóstico em qualquer idade ≥ um parente com câncer de mama ≤ 50 anos ≥ um parente com câncer de pâncreas ou próstata agressivoem qualquer idade ≥ três parentes com câncer de mama em qualquer idade Mutação patogênica conhecida na família em parente de primeiro, segundo ou terceiro grau ≥ um parente com câncer de mama masculino em qualquer idade ≥ um parente com câncer epitelial de ovário em qualquer idade Parente de primeiro ou segundo grau com câncer epitelial de ovário Diagnóstico de outros tumores: ovário, pâncreas Probabilidade superior a 5% nos modelos de risco Câncer de mama bilateral ou cânceres de mama e ovário 7 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Nesses casos, há indicação de aconselhamento genético por pro� ssionais capacitados e avaliação da possibilidade de solicita- ção de testes para pesquisa de mutações. Nas famílias de alto risco, mas sem informações sobre mutações, o teste deve ser feito prefe- rencialmente em um dos membros afetados. Uma vez detectada a mutação, pesquisa-se apenas a mutação especí� ca no restante da família. Quando realizado o teste em um indivíduo não acometido, mas com forte história familiar, o resultado negativo ou a presença de variante de signi� cado incerto (VUS) não deve ser considera- do conclusivo. Pode existir uma mutação ainda não conhecida ou mesmo um resultado negativo pode ser decorrente de técnica em- pregada pelo teste genético.(7) Dentre as mutações conhecidas, des- tacam-se BRCA1, BRCA2 e TP53, de maior incidência e conhecidas como de alta penetrância. Outros genes mais raros, como PALB2, CHECK2, ATM, têm menor penetrância e menos probabilidade de causar câncer de mama. Em 2019, a USPSTF Task Force reavaliou a utilização desses cri- térios e formalizou a indicação de que todo pro� ssional de saúde avalie a história pessoal e a familiar de cânceres de mama, ovário, tuba uterina e peritônio, por meio de ferramentas de risco, e en- caminhe para aconselhamento genético todas as mulheres de alto risco (evidência B).(8) O grupo não recomenda o rastreamento das mulheres que não preenchem critérios da síndrome de cânceres de mama, ovários e pâncreas hereditário (evidência B).(8) Outros grupos, como a Sociedade Americana dos Cirurgiões de Mama, orientam aconselhamento genético por pro� ssional capaci- tado e pesquisa de mutação a todas as pacientes com diagnóstico de câncer de mama, assunto controverso na literatura.(9) 8 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Intervenções – Tratamento Alguns fatores de risco não são modi� cáveis, mas há aqueles em que mudanças de hábito de vida, medicamentos e cirurgias redutoras de risco podem in� uenciar diretamente a redução de risco para câncer de mama. Risco modifi cável por medidas comportamentais Hábitos de vida O consumo de álcool está associado ao aumento do risco para cân- cer de mama. A base dessa associação pode estar na desnutrição crônica, na interferência do álcool no metabolismo do estrogênio ou efeito carcinogênico direto do álcool e seus metabólitos nas células mamárias.(3) A obesidade ocasiona aumento do estrogênio circulante, pela conversão estrogênica periférica nos adipócitos, estimulando as cé- lulas mamárias.(3) A prática de atividade � sica regular aeróbica, por meio de diver- sos mecanismos, seja pela diminuição de peso corporal, dos fatores in� amatórios ou por sua ação metabólica sobre fator de crescimen- to semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), está entre as medidas de re- dução de risco mais importantes, segundo publicações recentes de Chlebowski et al.(10-13) Outro estudo, o DM trial, com resultados atu- alizados publicados em 2020, pesquisou o efeito de dieta pobre em gordura e rica em frutas, vegetais e grãos e a associação com câncer de mama. Foram avaliadas mais de 48 mil mulheres que se submete- ram à diminuição de 20% do ganho calórico e a aumento de cinco a seis porções de frutas, vegetais e grãos. Houve redução signi� cativa de morte por câncer de mama no grupo da intervenção em mulheres na pós-menopausa, mesmo sem ter alterado a incidência.(10-13) 9 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Terapia de reposição hormonal na pós-menopausa No tocante à terapia de reposição hormonal (TRH) na pós-meno- pausa, inúmeros estudos têm mostrado aumento de risco de baixa magnitude, com RR entre 1,2 e 1,4. Muitos estudos avaliaram as po- sologias combinada (estrogênio e progesterona), isolada (estrogê- nio) e com tibolona, sendo o mais importante o WHI. Esse estudo avaliou regimes de TRH combinada e somente com estrogênio, mas foi interrompido após 5,6 anos por ter veri� cado aumento do risco para câncer de mama na ordem de 25%. No mesmo estudo, o grupo de mulheres histerectomizadas que utilizaram somente o estrogê- nio apresentou menos incidência de câncer em comparação com o grupo controle, embora sem diferença estatística na primeira aná- lise com 5,6 anos de seguimento, mas signi� cativa após 10,7 anos. (14) O WHI e o Million trial tiveram seus resultados atualizados após um período de 20 anos de seguimento. Entre as mulheres na pós-me- nopausa, o uso de estrogênio isolado nas histerectomizadas esteve associado à diminuição do câncer de mama, enquanto o uso da TRH combinada esteve associado a aumento da incidência de câncer de mama, porém sem acréscimo na mortalidade.(15) Em uma recente metanálise do Collaborative Group on Hormonal Factors in Breast Cancer, o uso de todos os tipos de TRH na pós-me- nopausa, exceto estrogênio vaginal, aumentou o risco do desenvol- vimento para câncer de mama, principalmente na TRH combinada contínua e com mais tempo de uso.(16) À luz dos conhecimentos atuais, a utilização de TRH deve levar em consideração a decisão compartilhada dos riscos e bene� cios e seu uso, quando recomendado, deve ser feito com estímulo do con- trole de peso e prática de atividades � sicas regular. 10 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Contracepção hormonal A associação entre uso de contracepção hormonal (CH) e câncer de mama vem sendo discutida há vários anos, com resultados nem sempre claros e conclusivos. Há vários estudos publicados que não mostram associação de CH com câncer de mama e naqueles em que houve associação positiva, o impacto foi um pequeno incremento de risco. Recentemente, um estudo com 1,8 milhão de mulheres di- namarquesas usuárias de CH, seguidas por um período médio de 10,9 anos, demonstrou RR de 1,2 para as usuárias, chegando a um RR de 1,38 nas mulheres acima de 35 anos e com mais de dez anos de uso. Esses dados referem-se a todos os tipos de CH utilizados na- quele país e não apenas às formulações orais. O aumento de risco absoluto foi de 13 casos por 100 mil mulheres, mas apenas 2 por 100 mil mulheres com menos de 35 anos.(17) Em relação ao impacto do uso de CH nas pacientes com alto risco genético, especialmente nas portadoras de mutações BRCA1 e BRCA2, há poucas informações na literatura. Uma metanálise de três estudos do tipo caso-controle evidenciou incremento de ris- co apenas em mulheres portadoras de mutação genética do tipo BRCA1. Essa análise também revelou redução signi� cativa de 43% na incidência de câncer de ovário. Os autores concluíram que dados da associação entre uso de CH e câncer de mama, em portadoras de mutação BRCA, são heterogêneos, inconsistentes e considera- ram a prevenção medicamentosa com CH para câncer de ovário em pacientes jovens portadoras de mutação do tipo BRCA que não aceitam salpingo-oforectomia bilateral redutora de risco como me- dida de prevenção.(18) Dolle et al. analisaram os fatores de risco para desenvolvimento do câncer de mama triplo-negativo em mulheres com idade inferior a 45 anos e notaram que o uso de CH por um ano 11 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 ou mais se associou a aumento de risco de 2,5 vezes. Para mulheres com idade inferior a 40 anos que usaram a medicação por mais um ano, RR para câncer de mama triplo-negativofoi de 4.(19) O uso de CH eleva minimamente as chances de desenvolvimento do câncer de mama, principalmente quando se inicia a terapia antes da primeira gestação a termo ou se utiliza por tempo prolongado. Após a interrupção da CH, o risco decresce com o passar do tempo.(19) A CH na menacme e a TRH na pós-menopausa apresentam inú- meras vantagens para a vida das mulheres, no entanto a prescrição deve passar por uma avaliação individual, a � m de que não sejam acrescidos mais riscos ao câncer de mama. Quimioprevenção A quimioprevenção é realizada pelos moduladores seletivos de receptor de estrogênio (SERMs) ou pelos inibidores de aromatase (IAs). Estudos prospectivos robustos mostraram que tais fármacos podem contribuir para diminuir a incidência do câncer de mama, em população de risco moderado, ou seja, nas portadoras de hiper- plasias ductais ou lobulares atípicas, neoplasia lobular in situ na ordem de 50%.(21) Essa contenção de risco ocorre principalmente para o surgimento de tumores receptores estrogênicos positivos. Entre os SERMs, o fármaco mais utilizado é o tamoxifeno (TMX), seguido por raloxifeno (RLX). Recentemente, estudos mostraram e� cácia semelhante na pós-menopausa com a utilização de IAs, em especial anastrozol e exemestano.(22) O maior problema da quimioprevenção na prática clínica é a ade- são das pacientes a esses regimes de medicamentos, tendo em vista o custo, o longo período de uso e os efeitos colaterais. De maneira ge- ral, segundo orientações da National Comprehensive Cancer Network (NCCN), as melhores indicações são apresentadas a seguir (Figura 1). 12 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Alto risco de câncer de mama por modelos preditores Quimioprevenção 5 anos Pré-menopausaPós-menopausa Anastrozol 1 mg Exemestrano 2,5 mgTMX 20 mg RLX 60 mg TMX 20 mg Figura 1. Fonte: Daly MB, Pilarski R, Berry M, Buys SS, Farmer M, Friedman S, et al. NCCN Guidelines Insights: Genetic/Familial High-Risk Assessment: Breast and Ovarian, Version 2.2017. J Natl Compr Canc Netw. 2017;15(1):9–20.(6) Entre os principais efeitos colaterais associados ao SERMs, há aumento da incidência de câncer de endométrio, eventos trombo- embólicos, catarata e acidente vascular cerebral, e aos IAs, dores muscular e óssea, hipertensão e osteoporose, além da exacerbação de sintomas climatéricos como um todo. Recentemente, uma publicação (TAM01) avaliou a possibili- dade de utilizar uma dose menor, de 5 mg, de TMX, durante ape- nas três anos, em pacientes com alto risco de lesões precursoras. Aproximadamente 10% das pacientes tinham diagnóstico de carci- noma lobular in situ e 20%, de hiperplasia ductal atípica. O estudo apresentou redução no desenvolvimento do câncer de mama em 52%, mas não foi comparado com o tratamento padrão.(23) 13 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Quimioprevenção em mulheres com alto risco hereditário Aproximadamente 80% dos carcinomas mamários associados à mu- tação do gene supressor BRCA1 são receptores hormonais negativos, contudo as com mutação do gene BRCA2 possuem, em média, 75% de tumores receptores hormonais positivos; logo, espera-se que, ao bloquear a via hormonal, a prevenção seja mais efetiva para o segun- do grupo. No estudo NSABP-P1, TMX reduziu o risco em 62% nas pacientes com mutação BRCA2, não sendo efetivo naquelas com mu- tação BRCA1.(23,24) A literatura não é consistente em relação à hormo- noterapia no grupo de pacientes mutadas. Risco modifi cável por cirurgias redutoras de risco O termo cirurgias redutoras de risco é mais adequado do que cirur- gias pro� láticas, pois, na prática, essas cirurgias não são capazes de excluir totalmente o evento câncer. Mastectomias bilaterais redutoras de risco Atualmente, a cirurgia redutora de risco de preferência é a que pre- serva o complexo aréolo-papilar, sendo chamada de adenectomia. O primeiro estudo que avaliou o impacto da mastectomia redutora de risco na incidência e na mortalidade por câncer de mama foi com- posto de uma coorte retrospectiva com 639 mulheres submetidas a mastectomias redutoras de risco comparadas a um grupo controle de irmãs ou parentes mais próximos possíveis. Em um seguimento médio de 14 anos, houve diminuição de 90% dos casos de câncer de mama entre as mulheres submetidas à mastectomia. Em relação à mortalidade por câncer de mama, houve diminuição de 100% entre as de risco moderado e de 81% a 94% no grupo de alto risco.(25-32) 14 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 Um novo estudo, com seguimento de aproximadamente dez anos, demonstrou que a mastectomia redutora de risco diminuiu a mortalidade em pacientes BRCA1-mutadas, mas sem a mesma redu- ção nas BRCA2, sugerindo condutas individualizadas ante as dife- rentes mutações.(30) Ao considerar esses resultados de controverso impacto na mor- talidade para pacientes portadoras de BRCA 1 e 2 mutadas, a indica- ção de cirurgia redutora de risco deve ser considerada com extrema cautela, sendo fundamental, nessa decisão, a participação do espe- cialista para realizar aconselhamento genético e individualização dessa indicação para o cenário da paciente avaliada.(31) Mastectomia contralateral redutora de risco A mastectomia contralateral redutora de risco (MCRR) é indicada a pacientes com diagnóstico de câncer de mama e que desejam mas- tectomia na mama contralateral para diminuir o risco de novo tu- mor. Existem vários fatores associados a tal escolha pelas pacientes, como idade jovem, antecedentes familiares de câncer de mama, re- construção mamária imediata, desejo de simetrização, di� culdade de rastreamento, cancerofobia, entre outros. As pacientes realmente bene� ciadas, todavia, são as que apresentam alto risco para câncer de mama hereditário. Quando a MCRR é realizada na população geral de pacientes com câncer de mama, os dados não demonstram bene� cios em termos de prognóstico. Um consenso entre as principais sociedades americanas conclui que a indicação de MCRR é um assunto que merece discussão, fora do cenário das mutações BRCA1/2, onde os bene� cios do procedi- mento não são claramente demonstrados.(31) Um estudo que comparou pacientes com câncer de mama e por- tadoras de mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 submetidas ou não à 15 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 MCRR apresentou redução de 48% de mortalidade câncer-especí� ca, principalmente após os dez primeiros anos de tratamento.(32) Salpingo-oforectomia bilateral redutora de risco A salpingo-oforectomia bilateral redutora de risco (SOBRR) como método de redução de risco de câncer de ovário tem sido proposta há décadas para mulheres com mutação germinativa dos genes BRCA1 e BRCA2. A remoção cirúrgica de ambos os ovários reduz drastica- mente a produção endógena de esteroides sexuais e há evidências de que essa redução da exposição da glândula mamária aos estrogênios pode reduzir o risco de câncer de mama. Deve ser realizada princi- palmente em mulheres com prole constituída, entre 35 e 40 anos de idade, para portadoras de BRCA 1, e entre 40 e 45 anos para pacientes portadoras de BRCA2, ou, mais precocemente, dependendo do pa- drão de incidência familiar do câncer de ovário em casos especiais. Essa técnica não só reduz o risco de neoplasias malignas de mama e de ovário nessa população, mas também apresenta evidências de redução da mortalidade, o que nos leva ao racional de preferir esse procedimento à mastectomia bilateral como estratégia redutora de risco em pacientes BRCA1/2, considerando a ausência de exame e� - caz de rastreio para neoplasia de ovário e bene� cios de mortalidade mais signi� cativos inclusive pela redução de neoplasia de mama. A SOBRR não é um procedimento isento de riscos e, quando re- alizado em mulheres na menacme ou na perimenopausa, pode estar associado a morbidades crônicas que envolvamdiminuição da libi- do, disfunção sexual e sintomas climatéricos. Adicionalmente, efei- tos crônicos indesejáveis secundários à menopausa precoce podem ocorrer, como osteoporose e doença coronariana. Assim, discussão pormenorizada com a paciente sobre possíveis bene� cios e poten- ciais riscos deve ser realizada. 16 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 A TRH é uma opção efetiva para reduzir os efeitos colaterais do procedimento em mulheres na pré-menopausa. No entanto, há a preocupação de que a utilização de esteroides sexuais exógenos pos- sa interferir no bene� cio do procedimento de redução de risco ou até mesmo aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de mama. Uma publicação recente sugere que o uso de estrogênio após oo- forectomia pro� lática não eleva o risco entre mulheres jovens com BRCA 1 mutadas; já o uso de progesterona nesse grupo necessita de estudos adicionais, sendo possível discutir a realização da histerec- tomia concomitante.(33) Rastreamento no alto risco para câncer de mama Há um consenso na literatura de que mamogra� a (MMG) com ma- mas densas deve ser complementada por ultrassonogra� a (US). A prevalência de mamas densas na população é alta e a sensibilidade da MMG nessa situação é baixa, em torno de 30% a 45%, comparada com mais de 90% na população sem mamas densas. O estudo ACRIN 6666, randomizado com 2.809 mulheres, indica que a adição de US ou de ressonância magnética (RM) em mulheres com risco aumen- tado para câncer de mama resultou em maior taxa de detecção de câncer, no entanto à custa de mais falso-positivos.(34-36) A tomossíntese mamária tem se mostrado e� caz, sobretudo a pacientes com mamas extremamente densas. No subgrupo de pa- cientes de alto risco, o estudo TMIST, em andamento, pretende com- parar o rastreamento com tomossíntese versus MMG digital na redu- ção de achados de câncer de mama avançado ao diagnóstico. Uma vez � nalizado, os resultados poderão oferecer suporte para a utiliza- ção desse exame nesse grupo de pacientes de alto risco.(36) 17 CNE em Mastologia Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 A utilização de ressonância mamária no rastreamento de pa- cientes de alto risco deve ser individualizada. Uma publicação recen- te (estudo faMRIsc) que avaliou a utilização do exame em pacientes de alto risco, não incluindo aquelas mutadas, mostrou que RM reali- zada a cada 18 meses entre 35 e 60 anos é custo-efetiva, independen- temente da densidade mamária, sugerindo uma mudança na prática atual nesse subgrupo de pacientes.(37) Para pacientes com mutações em genes para predisposição here- ditária a câncer de mama, existem consensos especí� cos que levam em consideração o tipo de mutação. Para portadoras de mutações em genes de alta penetrância, como BRCA1/2 e TP53, o rastreamento deve ser iniciado a partir dos 25 anos, com RM de mama anual, e a partir dos 30 anos, com MMG e RM com intervalo anual. Para mu- tações nos genes de moderada penetrância, o rastreamento deve ser iniciado aos 40 anos, com MMG em intervalo anual, considerando a utilização de RM como método complementar.(38) Em relação ao câncer de ovário, os métodos diagnósticos não possuem alta acurácia. O uso de USG transvaginal associado a CA- 125 sérico possui baixa acurácia, não tendo bases cientí� cas ade- quadas para ser instituído como método de screening de câncer de ovário.(33-38) Recomendações fi nais Na abordagem das pacientes de risco elevado para câncer de mama, recomenda-se: • identi� car todos os fatores de risco envolvidos; • quanti� cá-los com modelos de avaliação de risco e/ou testes ge- néticos, quando cabível; • uma vez determinado, a qual ou quais grupo(s) a paciente per- tence, propor estratégias de redução de risco: 18 Abordagem clínica dos grupos de risco elevado para câncer de mama Protocolos Febrasgo | Nº53 | 2021 • mudanças de hábito de vida, em especial quanto à obesidade, à prática de exercícios, ao consumo de álcool e à dieta pobre em gorduras (A); • discutir indicação de contracepção hormonal e terapia hormo- nal na pós-menopausa (A); • Quimioprevenção nos casos candidatos a tal modalidade (A); • cirurgias de redução de risco, quando cabível (B); • rastreamento diferenciado, com incorporação de US e/ou RM (B). 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