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EDUCACAO E HUMANIZACAO EM HOSPITAIS

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EDUCAÇÃO E HUMANIZAÇÃO 
EM HOSPITAIS 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Sejam bem-vindos aos cursos oferecidos pelo IPEMIG. Nós agradecemos pela 
escolha dos que se candidataram a esta especialização, procurando referências 
atualizadas para dar continuidade aos seus estudos e estamos empenhados em 
oferecer as melhores condições para que você alcance seus objetivos. 
A partir de 1996 em que a legislação entrou em vigor no Brasil com a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Educação a Distância (EaD) tem 
experimentado transformações, devido a inúmeros decretos, leis e portarias que são 
constantemente escritos, avaliados e atualizados. 
O decreto 9.057, de 25 de maio de 2017, que regulamenta o Art. 80 da LDB, 
permite a EaD estabelecer uma política de garantia de qualidade em todos os níveis 
e modalidades educacionais. Por isso, nossos cursos possuem um cenário 
privilegiado com uma equipe multidisciplinar que propõe uma contribuição para a 
formação de um indivíduo autônomo que busca desenvolver um aprendizado 
contínuo, reflexivo e inovador. 
Neste cenário, a prática educativa e a postura do aluno de aprender a aprender 
é uma questão que determina a eficácia do processo de construção do conhecimento. 
Isso exige compromisso do aluno com o curso, além de um bom computador com 
conexão mais rápida à internet para organizar seus estudos. 
Devido à flexibilidade de horários para estudar na modalidade EaD, os alunos 
necessitam empenhar-se para realizar as atividades dentro do prazo proposto, 
organizando seu tempo para acompanhar o conteúdo de maneira ativa e autônoma, 
assumindo uma postura protagonista na busca de uma aprendizagem significativa que 
engrandece o ensino a distância, fazendo a diferença na sua formação. 
Desejamos despertar a motivação interna em nosso aluno que vai se estruturar 
na medida em que perceber o valor daquilo que lhe é ensinado, procurando contribuir 
com a qualidade de nosso material didático e atividades propostas pela disciplina em 
curso na construção do conhecimento de “dentro para fora” como afirmado pelas 
pesquisas em neurociências e verificado por Jean Piaget: “você só sabe realmente o 
que construiu de forma autônoma”. 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
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SUMÁRIO 
 
1 HUMANIZAÇÃO NOS HOSPITAIS ......................................................................... 4 
1.1 Conceitos e definições – como tudo começou .................................................. 4 
1.2 Introduzindo a Política Nacional de Humanização ............................................ 6 
1.3 Políticas públicas de saúde: das caixas de aposentadoria e pensão ao SUS .. 9 
2 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO ..................................................... 17 
3 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR ............................................................................... 19 
4 PEDAGOGIA HOSPITALAR ................................................................................. 21 
4.1 A formação do pedagogo/educador para atuar no âmbito hospitalar .............. 25 
REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS .................................................. 29 
ANEXOS ................................................................................................................... 32 
 
 
 
 
Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com 
(31) 3270 4500 
1 HUMANIZAÇÃO NOS HOSPITAIS 
 
1.1 Conceitos e definições – como tudo começou 
Segundo Collina (2001) a palavra hospital vem do latim hospitale, 
estabelecimento onde se tratam e internam doentes. O sistema de assistência 
hospitalar, como modernamente se concebe, era desconhecido na Antiguidade. 
Surgiu na Europa com o advento do Cristianismo. 
Atualmente o hospital é parte integrante de uma organização Médica e Social, 
cuja função básica, consiste em proporcionar à população, assistência médica 
sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob qualquer regime de 
atendimento, inclusive o domiciliar, cujos serviços externos irradiam até o âmbito 
familiar, constituindo-se também, em centro de educação, capacitação de Recursos 
Humanos e de Pesquisas em Saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, 
cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados 
tecnicamente (GONÇALVES, 1983). 
Entretanto, com o avanço da ciência e da tecnologia, muitas ações 
humanizadas passaram a ser despercebidas. Devidos aos parcos recursos 
disponibilizados, tornaram menos humanas as relações sociais em diversos setores; 
a saúde foi um dos mais atingidos e perceptíveis no que condiz aos efeitos advindos 
da modernidade, observando de modo mais específico, o atendimento ao indivíduo. 
Como uma tentativa de ação para os condicionamentos de precariedade e 
falta de atenção adequada ao sistema de saúde no país, o Governo, através do 
Ministério da Saúde, buscou estratégias, no que se refere à humanização, capazes 
de melhorar o contato humano entre os profissionais de saúde e usuários, 
implementando dessa forma o Programa de Humanização Hospitalar, o qual visa à 
melhoria da qualidade de vida e eficácia ao atendimento dispensado aos usuários do 
Sistema Único de Saúde. 
Segundo o Ministério da Saúde, a proposta de humanização dos serviços 
públicos de saúde através da Política Nacional de Humanização no Sistema Único de 
Saúde (Humaniza SUS) é um valor básico para conquistar uma melhor qualidade no 
atendimento à saúde dos usuários, os quais possuem o direito de ter o conhecimento 
 
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sobre quais profissionais lhe atendem, concretização da redução das filas com 
acolhimento e avaliação de risco, com direito à acompanhante em internações e 
consultas, tendo ainda o direito de participar da gestão dos serviços (BRASIL, 2004). 
De acordo com o Art. 5º da Constituição Federal de 1988, é de direito do 
cidadão a manifestação de pensamento e de comunicação, bem como em seu Art. 
220 que discorre sobre a manifestação de pensamento, criação, expressão e 
informação sob qualquer forma ou processo de veículo, sem restrições, mediante o 
disposto na Constituição. 
Sendo assim, é bem clara a Lei quando diz que todos os cidadãos possuem 
a liberdade de ir e vir verbalmente no que se refere a manifestação de pensamento e 
opinião sobre quaisquer situações; bem como manifestar-se sobre possíveis 
descuidos e falta de atendimento adequado em instituições de saúde é um direito do 
cidadão. 
Mediante este direito assim como outros direitos sociais, desenvolve-se o 
Projeto de Humanização através da Política Nacional de Humanização, atendendo 
uma considerada demanda, direcionando ações específicas para seu público-alvo. 
Para conceituar humanização é preciso entender a priori, o que é “ser 
humano”, portanto, o que diferencia o ser humano da natureza e dos animais é que 
seu corpo biológico é capturado desde o início numa rede de imagens e palavras, 
apresentadas, primeiro pela mãe, depois pelos familiares e em seguida pelo social. É 
esse “banho” de imagem e de linguagem que vai moldando o desenvolvimento do 
corpo biológico, transformando-o num ser humano, com um estilo de funcionamento 
e modo de ser singulares (OLIVEIRA; COLLET e VIERA, 2006). 
O fato dos seres humanos serem dotados de linguagem torna possível a 
construção de redes de significados, que são compartilhadas em maior ou menor 
medida com os semelhantes e que lhes dão uma identidade cultural. Em função disto, 
o ser humano é capaz de transformar imagens em obras de arte, palavras em poesia 
e literatura e sons em fala e música, ignorância em saber e ciência. É capaz ainda de 
produzir cultura e a partir dela, intervir e modificar a natureza. Por exemplo, 
transformando doença em saúde(OLIVEIRA; COLLET e VIERA, 2006). 
 
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Entretanto, segundo os mesmos autores acima, a palavra pode fracassar e 
quando a palavra fracassa o ser humano também é capaz das maiores 
arbitrariedades, levando a destruições. Essa destrutividade pode se manifestar em 
muitos níveis e intensidades, desde um “não olhar no rosto e dar bom dia”, até o ato 
de violência mais cruel e definitivo. 
Partindo das inferências acima que parecem um pouco poéticas, humanizar é 
garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano e as 
percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto 
que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse 
sujeito precisa ouvir do outro, palavras de seu reconhecimento. Pela linguagem se 
fazem as descobertas de meios pessoais de comunicação com o outro, sem o que a 
desumanização é recíproca. 
Isto é, sem comunicação não há humanização. A humanização depende de 
nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo com nossos semelhantes. E humanizar 
a assistência significa agregar, à eficiência técnica e científica, valores éticos, além de 
respeito e solidariedade ao ser humano. O planejamento da assistência deve sempre 
valorizar a vida humana e a cidadania, considerando, assim, as circunstâncias sociais, 
étnicas, educacionais e psíquicas que envolvem cada indivíduo. Deve ser pautada no 
contato humano, de forma acolhedora e sem juízo de valores e contemplar a 
integralidade do ser humano (BRASIL, 2004). 
 
1.2 Introduzindo a Política Nacional de Humanização 
A Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH) entende 
por humanização a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de 
produção de saúde e enfatiza a autonomia e o protagonismo desses sujeitos, a 
corresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a 
participação coletiva no processo de gestão. Pressupõe mudanças no modelo de 
atenção e, portanto, no modelo de gestão. Assim, essa tarefa convoca gestores, 
trabalhadores e usuários. 
 
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Reafirmando a importância do termo humanizar, este é um verbo que precisa 
ser conjugado continuadamente por um número cada vez maior de usuários e 
trabalhadores da saúde, pois ele facilmente se desgasta e vira desumanização. 
Segundo Brasil (2004) o Grupo de Humanização da Assistência Hospitalar - 
GTHAH propõe um método com seis passos que tem a finalidade de orientar a 
construção e implantação de um processo de humanização em um hospital, os quais 
são descritos abaixo: 
1º SENSIBILIZAR A GESTÃO HOSPITALAR, para a importância e os 
benefícios da humanização dos serviços de saúde, obtendo apoio da direção para a 
implantação e a sustentação permanentes das ações de humanização. Esse apoio 
pode ser obtido promovendo reflexões conjuntas sobre a questão da humanização e 
da realidade institucional em termos da humanização dos serviços de saúde; 
2º CONSTITUIR GRUPOS DE TRABALHO DE HUMANIZAÇÃO (GT), 
compostos por profissionais de diferentes categorias e graus hierárquicos (direção, 
área clínica, área operacional, etc.), compromissados com a ideia de humanização, 
podendo ser realizado através de convites às lideranças de cada setor do hospital, 
elaborando regulamento interno de formação, coordenação e funcionamento do GT, 
bem como escolha de um coordenador; 
3º TOMAR OS PARÂMETROS DE HUMANIZAÇÃO PARA AVALIAR A 
REALIDADE DO HOSPITAL E PLANEJAR AÇÕES DE HUMANIZAÇÃO, criando uma 
cultura de humanização e uma filosofia organizacional humanizada. O Grupo de 
Trabalho (GT) pode e deve utilizar parâmetros de humanização para avaliar as 
relações interpessoais profissional-usuário e avaliar as ações de humanização. (Em 
anexo, uma lista com os parâmetros de humanização sugeridos pelo GTHAH) 
4º FAZER UM DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO HOSPITALAR EM TERMOS 
DE SERVIÇOS HUMANIZADOS, tendo como objetivo, reconhecer as potencialidades 
e as deficiências da instituição em termos da humanização dos serviços e de outras 
questões correlatas; 
5º ELABORAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE PLANO OPERACIONAL DE AÇÃO 
DE HUMANIZAÇÃO, sendo de curto, médio e longo prazo, levando em consideração 
 
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as prioridades e as necessidades específicas do hospital, bem como as ações de 
humanização já existentes e implantar o plano de ação de humanização no hospital; 
6º AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DA IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO DE 
HUMANIZAÇÃO, que tem como objetivo avaliar permanentemente as ações de 
humanização em desenvolvimento e as novas propostas de humanização dos 
serviços, além de redirecionar as ações de humanização, a partir dos resultados 
alcançados e do grau de envolvimento dos vários setores e serviços do hospital. 
Um exemplo positivo, eficaz e gratificante relacionado ao processo de 
humanização nos hospitais pode ser observado pelo grupo conhecido como Doutores 
da alegria. 
Utilizando humor, formação profissional e contínua, sistematização e 
disponibilização de conhecimento, através de estudos e uma administração e 
captação de recursos eficientes, levam alegria às crianças que estão internadas. Os 
profissionais são chamados de “Besteirologistas”, visitam, em duplas, as crianças 
hospitalizadas, leito a leito, duas vezes por semana, durante aproximadamente seis 
horas por dia, inclusive nas unidades de terapia intensiva e de procedimentos 
ambulatoriais. A cada seis meses os artistas se revezam entre os hospitais 
(DOUTORES DA ALEGRIA, 2011). 
Dentre as características do trabalho desse grupo, tem-se: 
 Regularidade - a mesma dupla de artistas comparece a um mesmo hospital 
durante seis meses, criando laços e cumplicidade com pacientes, seus 
parentes e profissionais de saúde; 
 Cooperação com os profissionais de saúde - parte do trabalho é desenvolver 
um relacionamento cooperativo com os diferentes grupos profissionais da 
instituição visitada; 
 Sistemática - o método de aproximação tem como princípio a permissão da 
criança; caracterização, rotinas prévias e improvisação compõem o tripé do 
trabalho artístico. 
 
 
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A missão dos Doutores da Alegria é ser uma organização proeminentemente 
dedicada a levar alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais de saúde, 
através da arte do palhaço, nutrindo esta forma de expressão como meio de 
enriquecimento da experiência humana (DOUTORES DA ALEGRIA, 2011). 
Segundo o mesmo grupo: 
 A medicina e a saúde estão preocupadas com a questão da humanização 
como um passo importante para seu desenvolvimento futuro. Estamos vivendo uma 
época marcada por alterações na dinâmica hospitalar. Ela está sendo deslocada das 
questões do atendimento da doença para o atendimento de cidadãos, do foco 
tecnológico para o das relações humanas. Os tratamentos buscam a individualidade. 
Os familiares passaram a ser vistos como colaboradores no tratamento. O profissional 
de saúde é valorizado também pelo seu sucesso no contato humano, além do 
conhecimento em sua área. A formação acadêmica está buscando caminhos para se 
alinhar com essa realidade e valores. Vivemos a dualidade do profissional de saúde: 
entre a percepção da necessidade da construção de uma relação de qualidade com a 
pessoa hospitalizada e as exigências do trabalho que o colocam numa relação mais 
direcionada com o hospital como empresa e a medicina como instituição (DOUTORES 
DA ALEGRIA, 2011). 
Enfim, no caso da criança hospitalizada, abre-se uma brecha para esse 
desafio profissional. Em meio a essa realidade, o atendimento à criança aparece como 
algo complexo, onde a comunicação e a resolução das necessidades se dá mais pelos 
afetos. Os limitesda criança são vistos como menores e a dor causa mais impacto. 
Esse espaço na relação com a criança, visto como desconhecido, é uma oportunidade. 
É o espaço que re-conecta o profissional com sua impotência e necessidade de 
aprender. 
 
1.3 Políticas públicas de saúde: das caixas de aposentadoria e pensão ao SUS 
Antes de falar da humanização como política de saúde, propriamente dito, é 
pertinente fazer uma retrospectiva história da saúde no Brasil e definir políticas 
públicas. 
 
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De maneira geral e sucinta, mas clara e objetiva, podemos dizer que as políticas 
públicas são o conjunto de diretrizes e referências ético-legais adotados pelo Estado 
para fazer frente a um problema que a sociedade lhe apresenta (ACURCIO, 2007). 
Política Pública, portanto, é a resposta que o Estado oferece diante de uma 
necessidade vivida ou manifestada pela sociedade. Desta maneira, as políticas 
públicas são gestadas e implementadas pelo Estado para o enfrentamento de 
problemas sociais, principalmente os relacionados com a saúde. 
Diante das características que se apresentam sobre a conjuntura atual, 
percebe-se que há uma discrepância entre o conjunto de problemas sociais e a 
capacidade do Estado de enfrentá-los. As políticas públicas tornaram-se objeto de 
disputa entre diversos grupos, sendo controladas em algumas situações pelos 
mesmos. Sendo assim [...] as diversas definições de políticas públicas atendem a 
diversos objetivos de estudo. Para os estudos sobre a história das políticas, pode ser 
útil adotar definições bastante genéricas, como a de Lemier, que a concebe como [...] 
tentativas de regular situações que apresentam problemas públicos, situações essas 
afloradas no interior de uma coletividade (VIANNA, 1997, p. 207 apud ACURCIO, 
2007, p. 1). 
De acordo com a trajetória da política pública de saúde, no período 
compreendido entre 1923 e 1930, surgem as caixas de aposentadoria e pensões – 
CAPS, organizadas por empresas, da natureza civil e privada, responsáveis pelos 
benefícios pecuniários e serviços de saúde para os empregados de empresas 
especificas. 
A assistência médica sempre fora vista como atribuição fundamental do 
sistema, o que levava, inclusive, à organização de serviços próprios de saúde, 
marcados por um elevado padrão de despesas às ações pouco eficazes, se 
considerando os resultados baixos adquiridos, como continuidade de precariedade de 
vida, endemias, surtos de vírus, índice de mortalidade, entre outros (ACURCIO, 2007). 
Caracteriza nesta época, a participação do Estado no financiamento e na 
administração dos Institutos. 
Com o passar dos anos, já havendo uma decadência muito grande do sistema, 
tendo esta uma série de efeitos e consequências institucionais e sociais, foram sendo 
 
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desenvolvidos serviços paliativos os quais não atendiam as necessidades da 
população, permanecendo a mesma estagnada em qualidade de vida. 
Neste âmbito, Conh (1999, p. 14) diz que da Previdência Social que ai está 
nada fica a dever à perversidade e ao padrão altamente predatório de exploração da 
força de trabalho vigente, o descrédito quanto à competência do Estado na área do 
seguro social não ocorre só entre os defensores radicais da empresa privada e do 
mercado, mas também entre os usuários [...]. 
Essa sugação da força de trabalho qualifica-se estrategicamente com o 
acelerado processo de urbanização e industrialização, coincidente com o 
desenvolvimento da política de saúde após vigência da Constituição Federal de 1988. 
As ações da previdência são agora caracterizadas pelo crescimento dos gastos, 
elevação de despesas, diminuição dos saldos, esgotamento de reservas e déficits 
orçamentários, a fim de cumprir com a Legislação vigente, mediante também a 
pressão de grupos sociais e populares sobre a efetivação dos direitos (ACURCIO, 
2007). 
A assistência nunca foi considerada com a devida importância que possui e a 
ênfase percebia-se sobre uma prática médica de caráter curativo, e orientada para 
uma burocratização do setor de saúde, distanciando cada vez mais a facilitação do 
acesso aos bens públicos de saúde. 
Essas mudanças são explicadas como resultado de uma tendência natural 
(maior contingente recebendo benefícios assistenciais e mesmo previdenciários). 
Passando para década de 1970, na época da ditadura militar, concentravase 
renda, não distribuía benefícios sociais e, com isso, prejudicava ainda mais a saúde 
das pessoas. Da mesma forma o sistema de saúde que vinha sendo implantado era 
irracional (gastava mais que os benefícios que obtinha) e não atendia adequadamente 
as necessidades da população (ACURCIO, 2007). 
Na década de 1980 o país vivia um quadro político econômico marcado por 
dificuldades, por um processo inflacionário e uma crise fiscal sem controle. É 
demarcada, a partir de então, uma crise ideológica caracterizada e configurada pela 
priorização dos interesses particulares em relação aos públicos, de acordo com o 
Ministério da Saúde. 
 
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Emerge uma necessidade de reestruturação e ampliação dos serviços de 
saúde no qual foi gerado um projeto de reorientação global do Sistema de Saúde, a 
partir da implantação de uma rede de serviços básicos de saúde, conhecido como o 
PREV-SAÚDE, elaborado para a integração de serviços de saúde. Na sequência 
nasce o Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP), 
de onde surgiu o Programa de Ações Integradas de Saúde - AIS, que tinha como 
objetivo integrar os serviços que prestavam assistência à saúde da população de uma 
região. Estas ações possibilitaram pela primeira vez que instituições públicas de saúde 
se conhecessem mutuamente e começassem a fazer um planejamento mais 
articulado. 
Já na década de 1990, forma-se o Sistema Unificado e Descentralizado de 
Saúde – SUDS, que serviu de base para a criação do Sistema Único de Saúde. 
De acordo com Cunha J, Cunha R (1998, p. 296) “[...] O documento recupera 
propostas antes apresentadas no PREV-SAUDE no sentido de hierarquizar, 
regionalização e integração de serviços, dentre outras”. 
Enfim, com a Constituição de 1988, foi incluída pela primeira vez, uma seção 
sobre saúde, a qual incorporou em grande parte, os conceitos e propostas da Reforma 
Sanitária. A constituição Brasileira passou a ser, então, considerada como uma das 
mais avançadas no mundo no que diz respeito à saúde. 
Até a promulgação da Constituição de 1988, a saúde era entendida como 
ausência de doenças, como um estado de bem-estar físico e mental. Passou-se então 
à compreensão para que o sistema fosse organizado a atender, em primeiro lugar, a 
procura das pessoas por assistência médica curativa. Havia assim predominância do 
atendimento médico individual hospitalar (ACURCIO, 2007). 
Antes da constituição de 1988, a saúde não era direito de todos, mas apenas 
a assistência médica era prometida a quem tinha carteira assinada e pagava a 
Previdência Social. 
De acordo com a o Art. 196 da Constituição Federal de 1988: 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos 
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção. 
 
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Segundo Acurcio (2007), este conceito de saúde passou a exigir novas 
práticas dos serviços de saúde porque ao ampliar o conceito anterior, tornou 
necessária uma mudança na organização e nas formas de prestação destes serviços, 
tendo sido considerado um avanço para o setor na medida em que levou em conta 
não só as causas biológicas da doença, mas também as causas sociais.Uma outra concepção do Sistema de Saúde foi implementada através da 
descentralização dos municípios, os quais administram de modo equitativo os 
recursos repassados, com a participação da sociedade organizada, modificando as 
relações de poder político e a administração de responsabilidades entre os Estados e 
a sociedade, onde os gestores de saúde assumem papel fundamental para concretizar 
os princípios e diretrizes da reforma sanitária brasileira (ACURCIO, 2007). 
Nessa perspectiva, foram instituídos os Conselhos de Saúde em cada esfera 
de governo, dentre outros. Neste processo, o país possuiu uma política de saúde 
claramente definida constitucionalmente no sentido de política pública, como política 
social, implicando, portanto, em mudanças substantivas para sua operacionalização 
nos campos político-jurídico, político-institucional e técnico-operativo. 
Eis que finalmente chegou-se à humanização, uma palavra utilizada para falar 
da melhoria da qualidade do atendimento aos usuários na saúde. 
Para o Ministério da Saúde pode ser considerada como uma intervenção no 
atendimento hospitalar, a fim de tornar o mesmo, consoante e integrado aos valores 
da vida e das relações humanas. 
A necessidade de sua emersão se deu pela precariedade das condições de 
atendimento e suporte técnico especializado e competente os quais são fornecidos ao 
usuário. Este vem sendo penalizado com a espera para ser atendido e no próprio 
atendimento que, além da longa espera, procura por valer-se, em função da 
necessidade, de conhecimentos a fim de poder viabilizar ações que são direitos dos 
mesmos. 
Para Acurcio (2007) a desumanização das relações entre profissionais de 
saúde e paciente tem sido uma das principais causas apontadas para o aumento das 
denúncias e processos de promoção de responsabilidade jurídica e penal contra 
profissionais de saúde. 
 
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Diante do agravamento desta problemática, surge a necessidade de 
reelaborar o atendimento dado aos usuários da saúde – não somente a este, mas para 
todas as áreas de assistência, no intuito de promover uma amenização ou erradicação 
das mal exercidas formas de atendimento ao indivíduo. 
Na precarização destes serviços, além do usuário, o profissional de saúde 
também é penalizado, pois é ele quem lida todos os dias com as necessidades dos 
indivíduos, sofrendo represálias e outros condicionamentos que as pessoas 
empregam sobre os mesmos, mediante a situação de precariedade que passam. 
Neste sentido, a Humanização da saúde pressupõe considerar a essência do 
ser, o respeito à individualidade e à necessidade de contribuição de um espaço 
concreto nas instituições de saúde que legitime o humano. 
O cuidar humanizado implica a compreensão do significado da vida, a 
capacidade de perceber e compreender a si e ao outro. A humanização no 
atendimento exige empatia do cuidado humanizado, deve adaptar-se à estrutura 
hospitalar modificando não apenas os custos, mas também a tradicional e ideal 
relação do médico com o seu cliente. 
Criado em 2001, o Programa Nacional de Humanização da Assistência 
Hospitalar (PNHAH) tem como objetivo a promoção de uma cultura de atendimento 
humanizado na área de saúde. 
A concepção que orienta as ações do PNHAH pressupõe que uma melhoria 
efetiva e permanente da qualidade dos serviços de saúde requer uma abordagem que 
seja capaz de integrar os avanços técnico-científicos da medicina, os avanços 
derivados das novas técnicas de administração hospitalar e os avanços que podem 
advir da adoção de uma ética universalista de atendimento humanizado, fundada no 
respeito à singularidade das necessidades dos usuários e dos profissionais. 
O Programa Nacional de Humanização ao Atendimento Humano nasceu de 
uma iniciativa estratégica do Ministério da Saúde, com a finalidade de buscar 
iniciativas capazes de melhorar o contato entre profissionais de saúde e usuários, de 
modo que possa ser garantido o bom funcionamento do Sistema Único de Saúde – 
SUS. 
 
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O programa oferece uma orientação global para os projetos de caráter 
humanizador desenvolvidas nas diversas áreas de atendimento hospitalar. Sua 
principal função é estimular a criação e a sustentação permanente de espaços de 
comunicação entre esses vários setores de atendimento da instituição de saúde 
dentre os quais devem ser validadas à livre expressão, a educação continuada, o 
diálogo, o respeito, a diversidade de opiniões e a solidariedade. 
O PNHAH surge da percepção acerca da insatisfação do usuário sobre a 
qualidade do atendimento recebido nas instituições públicas, municipais, regionais e 
estatais, com o objetivo de deflagrar mudanças de cultura de atendimento e saúde em 
benefício dos usuários e profissionais, com participação efetiva e permanente de todos 
que estão presentes nas redes hospitalares, sejam estes dirigentes, gestores e todo 
o quadro funcional das instituições que estão envolvidas no programa. 
Para a implantação do Programa de Humanização é realizado um trabalho 
entre o Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, que serão 
coordenados pelo comitê de Humanização, que determina os critérios para a escolha 
das instituições participantes. 
A constituição de grupos de trabalho humanizado, os (GTH) nas instituições 
hospitalares e a formação de uma Rede Nacional de Humanização entre as 
instituições publicas de saúde são exemplos importantes de espaços de comunicação 
estimulados pelo PNHAH. Ambos representam instrumentos fundamentais para a 
consolidação do processo de humanização nos hospitais. 
A humanização da saúde pública é preconizada no plano de ações 
coordenado e descentralizado pelo SUS. Para que sua efetiva viabilização aconteça 
na prática, a principal estratégia é a participação social, as Conferencias de Saúde e 
os Conselhos de Saúde. É imperioso implantar o SUS onde ele não existe, e é 
imperioso aperfeiçoar o SUS, permanentemente, onde ele já esta implantado. 
De acordo com dados do Ministério da Saúde e trabalhos publicados que 
descrevem sobre o processo de humanização dos serviços públicos de saúde, pode 
ser afirmado que este se constitui como valor básico para a conquista de uma melhor 
qualidade no atendimento à saúde dos usuários e nas condições de trabalho dos 
profissionais de todo o sistema de saúde. 
 
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Sendo assim, o público alvo do PNHAH foram as Secretarias Estaduais e 
Municipais de Saúde e os Hospitais, unidades médicas da rede pública de saúde no 
Brasil, objetivando através destes efetivar as diretrizes do PNHAH desenvolvidas, com 
integração destas redes no ano de 2002. 
A partir da definição dos hospitais participantes ao Programa, selecionados 
pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais, no que se refere a sua implantação, 
é cumprida uma etapa burocrática de exigências dos órgãos competentes, criando-se 
grupos capacitados para atuarem na divulgação do programa a nível nacional, e 
também em desenvolverem tarefas de apoio ao Grupo de Trabalho Humanizado 
(GTH) na sua formação local. 
O GTH participa de encontros, conferências e outros acontecimentos 
referentes ao programa, no âmbito estadual e interestadual através dos quais são 
discutidas ações em outros Estados e instituições, ministrando-se cursos teóricos e 
práticos com entregas de materiais para estudo e reflexão de práticas de 
humanização, fomentando na equipe uma educação progressiva para a importância 
das ações relativas ao processo de humanização ao atendimento do indivíduo. 
Também faz parte do Programa divulgar suas ações, fazer intercâmbio de 
informações, tirar dúvidas, desenvolver troca de ideias que estejam dando certo e que 
podem ser aplicadas em outraslocalidades. 
Após ter cumprido a primeira fase com êxito e com a efetivação às iniciativas 
de humanização nas instituições, os hospitais passam por uma pesquisa de cunho 
avaliativo frente aos usuários e profissionais quanto à satisfação dos serviços 
oferecidos, na busca do reconhecimento público da proposta fomentada; o grupo deve 
desenvolver e dar continuidade ao Programa em outras instituições, como 
multiplicadores junto ao futuro Grupo de Trabalho naquelas instituições que foram 
escolhidas. 
Através dos resultados satisfatórios obtidos pela pesquisa, a instituição recebe 
como forma de incentivo o titulo "Hospital Humanizado", com validade de um ano, 
podendo ser renovado de acordo com o cumprimento das regras intituladas pelo 
PNHAH. 
 
 
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2 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO 
 
Partindo da perspectiva acima, o PNHAH aponta diferentes parâmetros para 
humanização da assistência hospitalar em duas grandes áreas: 
* Atendimento dos usuários; 
* Trabalho dos profissionais. 
Esses parâmetros podem servir para o trabalho de análise, reflexão e 
elaboração de ações, campanhas, programas e políticas assistenciais que orientem 
um plano de humanização dentro da instituição. 
O objetivo do PNHAH é criar uma cultura de humanização, partindo do que já 
é feito nesse sentido, criar uma filosofia organizacional que promova a conjugação 
cotidiana do verbo humanizar. A preocupação é com a continuidade da humanização 
da assistência hospitalar que supere as descontinuidades que as mudanças de 
direção, chefia ou governo geralmente provocam (BRASIL, 2004). 
Uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e envolve a 
participação de todos os atores do sistema. Humanizar é verbo pessoal e 
intransferível, posto que ninguém pode ser humano em nosso lugar. E é multiplicável, 
pois é contagiante. 
O PNHAH se propõe a ajudar no estabelecimento de formas de cuidados mais 
humanizados, tanto para os usuários quanto para os funcionários. 
Em verdade, é difícil oferecer o que não se tem. Desenvolver padrões de 
cuidados mais humanizados para os usuários requer formas de relação institucionais 
mais humanizadas também entre funcionários e chefias, entre os próprios colegas e 
pessoas que trabalham nas mesmas áreas, com formações e responsabilidades 
diferentes (BRASIL, 2004). 
Considerando essa realidade, o processo de humanização dos serviços de 
saúde deve incorporar em sua metodologia básica de trabalho a construção de uma 
Rede Nacional de Humanização. Esta Rede representa um instrumento fundamental 
para a consolidação do trabalho de humanização desenvolvido em cada localidade, 
uma vez que possibilita o intercâmbio constante de ideias, estratégias e informações 
 
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relevantes, além de garantir o apoio e a ressonância necessários a cada iniciativa 
(BRASIL, 2004). 
Os Grupos de Trabalho de Humanização Hospitalar (GT) definem-se como 
espaços coletivos organizados, participativos e democráticos, que se destinam a 
empreender uma política institucional de resgate da humanização na assistência à 
saúde, em benefício dos usuários e dos profissionais de saúde. 
Esses grupos têm como objetivo: 
 Conduzir um processo permanente de mudança da cultura de atendimento à 
saúde, promovendo o respeito à dignidade humana; 
 Sensibilizar profissional e usuário para a importância e os benefícios do 
atendimento e do trabalho humanizado; 
 Garantir à instituição hospitalar o papel de protagonista do processo de 
humanização de seus serviços (BRASIL, 2004, p. 20). 
 
Eles funcionam, liderando o processo de humanização no hospital, 
promovendo uma ação conjunta da alta administração do hospital e de lideranças 
representativas dos profissionais dos vários setores e serviços, buscando estratégias 
de comunicação e integração entre os diferentes setores, promovendo fluxo de 
propostas e deliberações, apoiando e divulgando as iniciativas de humanização em 
desenvolvimento, avaliando os projetos em desenvolvimento e a serem desenvolvidos 
na instituição, de acordo com os parâmetros de humanização propostos. Enfim, 
estimulando a participação da comunidade e de entidades da sociedade civil nas 
ações de humanização dos serviços. 
 
 
 
 
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3 EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 
 
Como o próprio nome já diz, a equipe multidisciplinar é composta por 
profissionais de várias áreas, atuando de maneira conjunta, estrategicamente, 
somando esforços em prol de uma assistência integral. 
Segundo Saar e Trevizan (2007) os primeiros trabalhos multiprofissionais 
surgiram nas décadas de 1930/40 e estavam ligados à área de saúde mental. Na 
década de 1960 houve incremento quantitativo na força de trabalho em saúde. Esses 
fatos decorreram de proposta de humanização da atenção ao doente mental, do 
aumento da demanda por serviço de saúde e da incorporação de tecnologias cada 
vez mais complexas. 
O trabalho em equipe é considerado importante, porém, difícil. É visto como 
uma maneira de dividir as responsabilidades e de se alcançar mais rapidamente a 
recuperação da saúde do paciente. Essa visão é justificada com o fato de que cada 
profissional tem uma percepção diferente da situação, e a “união” das diferentes 
percepções facilita a compreensão do todo, permitindo vislumbrar o paciente na sua 
totalidade. Requer entrosamento a fim de se evitar tropeços e (re) trabalho. O trabalho 
em equipe é considerado como uma fonte de aprendizado, por permitir o contato com 
outras experiências através do diálogo profissional e das discussões de casos (SAAR 
e TREVIZAN, 2007). 
Enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e mais 
recentemente, pedagogos têm unido esforços e conhecimentos para tornar o 
ambiente hospitalar menos “pesado” e mais humanizado. 
O assistente social é o profissional que detém o papel de articulador e, para 
isso, necessita utilizar a linguagem e o conhecimento, “tanto das razões que levam o 
usuário e/ou sua família a ter determinado comportamento, quanto das razões 
técnicas básicas que levaram o médico/equipe de saúde a optar por uma determinada 
terapêutica” (COSTA, 2000, p. 53). 
Sendo assim compete ao profissional intervir junto aos fenômenos 
socioculturais, como também facilitar o acesso à população às informações 
educativas, podendo dessa forma desenvolver uma ação preventiva e coletiva. 
 
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Como educador, o nutricionista pode contribuir para que o paciente conquiste 
melhores condições em sua qualidade de vida, uma vez que apresenta hábitos 
arraigados que precisam ser corrigidos para melhora desde o controle do diabetes até 
do estado nutricional. 
Ele não só pode como deve conhecer as dúvidas que os pacientes 
apresentam durante o período de internação, referentes ao tratamento que está sendo 
prestado, e procurar fornecer informações precisas de maneira clara e simples, 
através de reuniões conjuntas com a equipe multiprofissional. 
Estes profissionais podem também, estimular atividades de relaxamento 
postural que contribuam para saúde física e mental do trabalhador (SAAR e 
TREVIZAN, 2007). 
Segundo Silva (2007), o Setor de Psicologia é a parte integrante de um 
sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade, completa 
assistência médica, preventiva e curativa, sendo assim, um centro de investigação 
biopsicossocial. 
Quanto ao Hospital, este deve oferecer a comunidade, assistência à saúde 
através dos serviços da equipe interdisciplinar, onde pode encaixar o pedagogo que 
será foco no próximo capítulo. 
O Psicólogo Hospitalar pode atuar em três áreas: 
Organizacional – Desenvolvendo treinamento e acompanhamentoadequado 
ao pessoal das diferentes categorias, a fim de que possam adquirir conhecimentos 
relativos às tarefas específicas que estará desenvolvendo; 
Social – Participação em programas de natureza comunitária, procurando 
atingir o contexto sócio-familiar dos doentes, incluindo a educação em saúde, que 
abrange a divulgação dos conceitos de promoção, proteção e prevenção da saúde; 
Clínico – Prestar atendimento psicoterápico aos pacientes encaminhados ao 
serviço (ambulatório) e assistência psicológica aos pacientes hospitalizados, 
promover e coordenar trabalho de grupo com familiares e também assisti-lo quando 
necessário, atuar junto à equipe de saúde facilitando a compreensão da história da 
doença, atuar em programas de saúde destinados aos funcionários da instituição 
(SAAR E TREVIZAN, 2007). 
 
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4 PEDAGOGIA HOSPITALAR 
 
O trabalho do pedagogo no ambiente hospitalar é uma modalidade recente de 
trabalho na realidade brasileira e está amparado pelos seguintes documentos 
(legislação nacional): 
 Constituição Federal de 1988; 
 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, de 1990 e, 
 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394, de 1996, quando 
reconhecem a educação como direito de todos, inclusive em condições 
especiais de saúde, como as pessoas que estão em situação de internação. 
 
O atendimento educacional em ambiente hospitalar surgiu na França, na 
década de 1930, para atendimento de crianças inadaptadas, moradoras dos arredores 
de Paris. Com a segunda Guerra Mundial, este exemplo estendeu-se por toda a 
Europa e Estados Unidos, com a finalidade de atender as crianças com dificuldades 
escolares, que eram portadoras de tuberculose. 
Pode-se dizer que a ação pedagógica em hospitais infantis nasceu de uma 
convicção de que a criança/jovem hospitalizado, em idade escolar, não deve 
interromper, na medida do possível, seu processo de aprendizagem, seu processo 
curricular escolar. Para Matos (1998), trata-se da continuidade dos estudos e 
estímulos à criança e ao adolescente para que não percam seu curso e convertam-se 
em repetentes, ou interrompam o ritmo de aprendizagem dificultando mais tarde sua 
recuperação. A necessidade de continuidade exigida pelo processo de escolarização 
é algo tão notório que salta à vista dos pais, professores e mesmo dos adolescentes. 
Entretanto, para Fontes (2005) o trabalho pedagógico em hospitais apresenta 
diversas interfaces de atuação e está na mira de diferentes olhares que o tentam 
compreender, explicar e construir um modelo que o possa enquadrar. No entanto, é 
preciso deixar claro que tanto a educação não é elemento exclusivo da escola quanto 
a saúde não é elemento exclusivo do hospital. O hospital é, inclusive, segundo 
 
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definição do Ministério da Saúde, um centro de educação (vimos no começo da 
apostila a definição para hospital). 
Para a mesma autora refletir sobre a atuação de professores em hospitais tem 
sido uma questão bastante delicada na discussão da prática pedagógica em 
enfermarias pediátricas. Ela pontua duas correntes teóricas aparentemente opostas, 
mas que podem ser vistas como complementares. 
A primeira delas, talvez a mais difundida hoje no Brasil e com respaldo legal 
na Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) e seus desdobramentos 
(Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica – BRASIL, 2001) 
defende a prática pedagógica em classes hospitalares. São representantes dessa 
visão autores como Fonseca (2001, 2002), Ceccim (1997) e Ceccim e Fonseca (1999), 
que têm publicações nessa área de conhecimento. 
Segundo a política do Ministério da Educação (BRASIL, 1994, p. 20) “classe 
hospitalar é um ambiente hospitalar que possibilita o atendimento educacional de 
crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam em 
tratamento hospitalar”. 
Essa corrente defende a presença de professores em hospitais para a 
escolarização das crianças e jovens internados segundo os moldes da escola regular, 
contribuindo para a diminuição do fracasso escolar e dos elevados índices de evasão 
e repetência que acometem frequentemente essa clientela em nosso país. 
Esse atendimento tem sido o modelo adotado desde 1950 pela primeira classe 
hospitalar do Brasil, a Classe Hospitalar Jesus, vinculada ao Hospital Municipal Jesus, 
no Rio de Janeiro, que foi uma das oitenta classes representadas no 1º Encontro 
Nacional sobre Atendimento Escolar Hospitalar, acontecido em 2000 na Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro, sob a coordenação geral da professora Dra. Eneida 
Simões da Fonseca. 
A outra corrente de pensamento segue passos como os da professora Regina 
Taam, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que sugere a construção de uma 
prática pedagógica com características próprias do contexto, tempos e espaços 
hospitalares e não simplesmente transplantada da escola para o hospital. Segundo 
essa autora (Taam, 1997), faz-se necessária a construção de uma "pedagogia clínica", 
 
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termo utilizado em seu artigo publicado na Revista Ciência Hoje. Com forte 
embasamento na teoria da emoção do médico francês Henri Wallon (1879-1962), 
Taam (2000) defende a ideia de que o conhecimento pode contribuir para o bem-estar 
físico, psíquico e emocional da criança enferma, mas não necessariamente o 
conhecimento curricular ensinado no espaço escolar. Segundo ela, o conhecimento 
escolar é o "efeito colateral" de uma ação que visa, primordialmente, à recuperação 
da saúde. O trabalho do professor é ensinar, não há dúvida, mas isso será feito tendo-
se em vista o objetivo maior: a recuperação da saúde, pela qual trabalham todos os 
profissionais de um hospital. 
Fontes (2005) pensa que tais correntes de pensamento, embora com 
especificidades próprias, tendem a se integrar na prática pedagógica hospitalar, 
ressaltando que a educação em hospitais oferece um amplo leque de possibilidades 
e de um acontecer múltiplo e diversificado que não deve ficar aprisionado a 
classificações ou enquadramentos. 
De todo modo, a Pedagogia Hospitalar se propõe com a finalidade de atenção 
pedagógica ao paciente dando-lhe um tipo de ajuda eficaz e pedagógica. O pedagogo 
como ajuda ao enfermo pode desenvolver um autêntico programa educativo com o 
qual se alivie possíveis irritabilidades, desmotivações e estresse ao paciente (MATOS, 
1998). 
A atenção pedagógica, por meio da comunicação e diálogo, é essencial para 
o ato educativo e se propõe ajudar o enfermo para que, imerso na situação negativa 
que atravessa no momento, possa desenvolver em suas dimensões possíveis de 
educação continuada como uma proposta de enriquecimento pessoal. 
Matos (1998) ressalta que uma das primordiais finalidades da ação educativa 
em ambiente hospitalar é própria de um saber e de uma profissão específica, a 
Pedagógica que por sua própria autonomia não se opõe nem se confunde com a ação 
e a finalidade que são conaturais à Medicina e ao ato médico na cura que logicamente 
sempre se subordina no contexto do hospital. Visa-se a integração da ação de um 
Pedagogo num grupo multidisciplinar como um educador que pode auxiliar no 
processo de cura do paciente. 
A Pedagogia Hospitalar, em linhas gerais, possui os seguintes objetivos: 
 
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 Propiciar que entre a criança, a família, a escola, haja uma integração de forma 
a amenizar os traumas decorrentes dos processos de internação; 
 Promover melhor qualidade de vida intelectual e de interação social às crianças 
e adolescentes hospitalizados; 
 Propiciar à criança uma rotina bem próxima daquela vivida antes do processo 
de internação,como forma de emancipação e constante formação;  
Possibilitar uma prática educacional dentro do ambiente hospitalar; 
 Estabelecer e fortalecer o vínculo com a criança hospitalizada; 
 Proporcionar à criança hospitalizada o acesso à educação; 
 Devolver normalidade à maneira de viver da criança; 
 Desenvolver projetos e programas de cunho pedagógico e formativo; 
 Desenvolver programas adaptados, com metodologias diferenciadas, 
respeitando a capacidade, limitação e disponibilidade do enfermo. 
 
O pedagogo hospitalar deve ser alguém sensível, flexível e vigilante a respeito 
do quadro clínico em que a criança ou adolescente se encontra, estimulando-as a 
adquirir novas competências e habilidades. Ser interlocutor entre a criança, a família, 
o hospital e a própria escola do internado. Deve ser compreensivo, criativo, 
persistente, paciente, possuidor de força de vontade, em especial por tratar-se de uma 
clientela flutuante. 
A responsabilidade assumida pelo pedagogo nas suas relações com as 
crianças doentes exige experiência no plano da psicologia do desenvolvimento e da 
educação. No quadro de suas atividades, as crianças têm, assim, ocasião de 
exteriorizar situações conflituosas por meio dos jogos, colorir desenhos, tarefas de 
construção de pequenos objetos (MATOS, 1998). 
O pedagogo Hospitalar na realização da ação educativa deve ter uma 
percepção global da situação de forma a desempenhar e propiciar vivências que 
valorizem o indivíduo, trabalhando sensações, sentimentos, possibilidades e 
limitações. 
Nesse sentido, poderá desenvolver inúmeras atividades, tais como: 
 
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dramatização, desenho, pintura, contação de histórias, jogos, brincadeiras, atividades 
lúdicas e recreativas, bem como atividades de estudo. 
A grande atenção pedagógica dedicada à criança hospitalizada não basta por 
si só; é preciso também assegurar ensino escolar contínuo, principalmente em casos 
de afecção crônica. A criança se retraí com grande facilidade se não Receber estímulo 
algum. Todas as crianças têm direito ao ensino escolar; mas para isso é necessário 
criar locais de ensino nos grandes hospitais pediátricos. 
Acima de tudo e concordando com Matos, a inserção da pedagogia no espaço 
hospitalar não pode ser dissociada de um projeto pedagógico. 
A primeira condição para que um ser possa assumir seu ato comprometido 
está em ser capaz de agir e refletir. É exatamente esta capacidade de atuar, operar, 
de transformar a realidade de acordo com finalidades propostas pelo homem, a qual 
está associada sua capacidade de refletir, que faz um ser de práxis (MATOS, 1998). 
 
4.1 A formação do pedagogo/educador para atuar no âmbito hospitalar 
Embora a grande maioria de professores que atuam com crianças em 
hospitais possua formação em nível de pós-graduação na área educacional 
(FONSECA, 2001), a formação em serviço é, indubitavelmente, o que tem assegurado 
um nível de qualidade crescente nessa modalidade de atendimento pedagógico, mas 
como diz Fontes (2005), apenas isso não basta. Precisamos garantir maiores e 
melhores condições de acompanhamento pedagógicoeducacional à clientela infanto-
juvenil internada, o que certamente virá com a formação específica de profissionais 
nessa área de conhecimento. 
O que se verifica na prática é uma infinidade de patologias infanto-juvenis que 
coexistem num mesmo espaço de atendimento médico-hospitalar, e que, por suas 
especificidades, demandam tempos e espaços diferenciados de atuação pedagógica. 
Paula (2002) identifica três grupos de crianças internadas em hospitais: crianças que 
são internadas com graves comprometimentos físicos, afetivos, sociais e cognitivos, 
e que permanecem durante muito tempo no hospital; crianças que apresentam 
comprometimentos moderados e que permanecem em média quinze dias nos 
 
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hospitais; e crianças que são internadas com comprometimentos leves e que 
permanecem pouco tempo nos hospitais. 
O ofício do professor no hospital apresenta diversas interfaces (política, 
pedagógica, psicológica, social, ideológica), mas nenhuma delas é tão constante 
quanto a da disponibilidade de estar com o outro e para o outro. Certamente, fica 
menos traumático enfrentar esse percurso quando não se está sozinho, podendo 
compartilhar com o outro a dor, por meio do diálogo e da escuta atenciosa (FONTES, 
2005). 
Ceccim (1997) fala da escuta pedagógica para agenciar conexões, 
necessidades intelectuais, emoções e pensamentos, que entendo como pontos 
importantes para serem recuperados neste texto. Segundo este autor: 
O termo escuta provém da psicanálise e diferencia-se da audição. Enquanto 
a audição se refere à apreensão/compreensão de vozes e sons audíveis, a escuta se 
refere à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, ouvindo através das 
palavras as lacunas do que é dito e os silêncios, ouvindo expressões e gestos, 
condutas e posturas. A escuta não se limita ao campo da fala ou do falado, (mais do 
que isso) busca perscrutar os mundos interpessoais que constituem nossa 
subjetividade para cartografar o movimento das forças de vida que engendram nossa 
singularidade. (CECCIM, 1997, p. 31) 
Começamos a perceber nesse contexto intersubjetivo do hospital, em que se 
interpenetram os conceitos de educação e saúde, uma nova perspectiva de educação 
que fertilize a vida, pois o desejo de aprender/conhecer engendra o desejo de viver no 
ser humano (FONTES, 2005). 
A escuta pedagógica diferencia-se das demais escutas realizadas pelo serviço 
social ou pela psicologia no hospital, ao trazer a marca da construção do 
conhecimento sobre aquele espaço, aquela rotina, as informações médicas ou aquela 
doença, de forma lúdica e, ao mesmo tempo, didática. Na realidade, não é uma escuta 
sem eco. É uma escuta da qual brota o diálogo, que é a base de toda a educação. 
Durante o tempo de hospitalização, o volume de informações a que as 
crianças e seus acompanhantes estão submetidos precisa ser trabalhado de modo 
pedagógico num contexto de atividades de socialização das crianças e de seus 
 
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conhecimentos, sejam eles escolares, informais ou hospitalares (no caso das crianças 
reincidentes ou com maior tempo de internação). A criança aprende a criar 
mecanismos para minimizar a sua dor, e esses mecanismos podem ser socializados 
e até utilizados por outras crianças. Essa também é uma prática educativa, mediada 
pelo indivíduo mais experiente da cultura. 
O importante é perceber a criança e seus familiares como seres pensantes 
que, quando chegam ao hospital, já trazem histórias de vida, conhecimentos prévios 
sobre o que é saúde, doença, e sobre sua ação nessa dinâmica. A atuação do 
professor deve proporcionar uma articulação significativa entre o saber do cotidiano 
do paciente e o saber científico do médico, sempre respeitando as diferenças que 
existem entre ambos os saberes (FONTES, 2005). 
O papel da educação no hospital e, com ela, o do professor, é propiciar à 
criança o conhecimento e a compreensão daquele espaço, ressignificando não 
somente a ele, como a própria criança, sua doença e suas relações nessa nova 
situação de vida. A escuta pedagógica surge, assim, como uma metodologia educativa 
própria do que chamamos de pedagogia hospitalar. Seu objetivo é acolher a 
ansiedade e as dúvidas da criança hospitalizada, criar situações coletivas de reflexão 
sobre elas, construindo novos conhecimentos que contribuam para uma nova 
compreensão de sua existência, possibilitando a melhora de seu quadro clínico 
(FONTES, 2005). 
Desse modo, a pedagogia hospitalar deve valorizar o espaço de expressão 
(coletiva ou individual) e acolhimento das emoções e o profissional deve entender quea compreensão das causas que estão na origem da emoção pode contribuir para 
dissipá-la ou, ao menos, atenuá-la, trazendo bem-estar físico e emocional. Todavia, 
esse tipo de saber não deve ser exclusivo do domínio infantil. Como professores, 
também temos de saber lidar com nossas emoções para lidar com as emoções do 
outro. Temos de respeitar a tristeza e o silêncio da criança hospitalizada. Daí a 
concepção e a prática de uma escuta pedagógica e de uma educação da emoção, 
ampliando o conceito de educação atualmente difundido (FONTES, 2005). 
Como agenciador de conhecimentos, o professor trabalha com informações, 
construindo conhecimentos sobre a doença e sua profilaxia, atuando junto às crianças 
e seus responsáveis e colaborando para a transformação dos conceitos espontâneos 
 
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em conceitos científicos. O período de hospitalização também pode ser um tempo de 
aprendizagens que impulsionam o desenvolvimento (VYGOTSKY, 2000). Mas a 
aprendizagem só ocorre se está adequada aos interesses da criança, e todo interesse 
nasce de uma necessidade. 
No hospital, a aprendizagem significativa está em conhecer e desvelar o 
contexto em que a criança se situa, valorizando seus desejos, suas fantasias e suas 
ações, quase sempre desprezados num processo de internação hospitalar. O 
alargamento do conhecimento é visto como enriquecimento, ampliação da inteligência 
da pessoa a serviço de si mesma, o que colabora para a tomada de consciência sobre 
sua realidade imediata. 
Com professores no hospital, as crianças hospitalizadas por um longo tempo, 
ou as que a desejarem, podem ter ainda a oportunidade de trabalhar seus 
conhecimentos escolares quase que individualmente, como acontece nas classes 
hospitalares, uma vez que o grupo de crianças é menor do que aquele encontrado nas 
salas da aula das escolas regulares. Mas não só os conhecimentos escolares devem 
ser privilegiados. Há no hospital um saber procedimental, que somente a criança que 
possui uma seringa com medicação intravenosa injetada na superfície de sua mão 
conhece. Esse conhecimento permite à criança ou ao adolescente a realização de 
atividades manuais e gráficas, próprias de um acompanhamento pedagógico, sem 
deixar que a agulha saia da veia, ou que um movimento mais brusco rompa a veia, 
causando dores e hematomas. As crianças criam, assim, estratégias de sobrevivência 
a partir dos desafios físicos impostos pela hospitalização (FONTES, 2005). 
Como referência à escola, o professor pode tornar-se a ponte, através da 
realização de atividades pedagógicas e recreativas, com um mundo saudável (a 
escola) que é levado, pelas próprias crianças, para o interior do hospital como 
continuidade dos laços de aprendizagem e de vida. Essa ideia de escola que as 
crianças levam para o universo hospitalar pode ser lida como a representação de um 
lugar de constituição e referência da identidade de infância (FONTES, 2005). 
 
 
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS 
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Golpe do Destino. 
Fale com Ela. 
 
 
 
 
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ANEXOS 
PARÂMETROS DE HUMANIZAÇÃO – PNHAH – BRASIL - 2004 
 
A avaliação das ações de humanização, a partir dos parâmetros 
propostos, podem colocar o GT frente a uma série de questões que ultrapassam sua 
responsabilidade e possibilidade de ação. Portanto, deve-se, antes de tudo, 
determinar qual o grau de governabilidade ou ingovernabilidade que o GT tem sobre 
as mesmas. 
No entanto, em relação a muitas ações, o GT poderá criar alternativas e 
soluções que podem ajudar a melhorar o atendimento e o trabalho em termos da 
humanização dos serviços. Será no processo de análise, discussão, elaboração e 
implementação das ações, campanhas, programas e políticas que irá se desenhando 
e construindo uma filosofia organizacional que permitirá avaliar se o que está sendo 
feito promove a humanização ou não. 
Uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e envolve a 
participação de todos os atores do sistema. 
É preciso lembrar também que humanizar é verbo pessoal e intransferível, 
posto que ninguém pode ser humano em nosso lugar. E é multiplicável, pois é 
contagiante. 
 
a)Parâmetros para humanização do atendimento dos usuários: 
 
* Condições de acesso e presteza dos serviços: 
1. Sistema de marcação de consultas 
2. Tempo de espera para atendimento 
3. Acesso de acompanhantes e visitas 
4. Sistema de internação 
5. Sistema de marcação, realização e resultados de exames 
 
* Qualidade das instalações, equipamentos e condições ambientais do hospital: 
 
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1. Adequação/criação de áreas de espera 
2. Sinalização das áreas e serviços do hospital 
3. Instalações físicas e aparência do hospital 
4. Equipamentos 
5. Refeições 
6. Meios para efetivação de queixas e sugestões 
7. Espaço de recreação e convivência dos pacientes 
* Clareza das informações oferecidas aos usuários 
1. Identificação dos profissionais 
2. Informações aos familiares sobre o atendimento do usuário 
3. Informações sobre prevenção de doenças e educação em saúde 
4. Informações sobre outros serviços de saúde e serviços sociais 
disponíveis na comunidade 
 
* Qualidade da relação entre usuários e profissionais 
1. Eficiência, gentileza, interesse e atenção 
2. Compreensão das necessidades dos usuários 
3. Informações aos usuários, quanto a diagnóstico, tratamento e 
encaminhamento 
4. Privacidade no atendimento 
 
b) Parâmetros para humanização do trabalho dos profissionais: 
 
* Gestão hospitalar e participação dos profissionais 
1. Oportunidades de discussão da qualidade dos serviços prestados 
2. Oportunidades de discussão das dificuldades na execução do trabalho 
de atendimento aos usuários 
3. Manutenção de mecanismos para captação de sugestões para a 
melhoria do trabalho 
4. Oportunidades de reconhecimento e resolução de conflitos e 
divergências 5. Aplicação sistemática de normas de trabalho 
 
 
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* Condições de trabalho na instituição 
1. Áreas de conforto 
2. Segurança 
3. Equipamentos e materiais 
4. Higiene 
 
* Condições de apoio aos profissionais 
1. Transporte, estacionamento e condições de acesso ao hospital 
2. Refeitório 
3. Área de descanso e convivência 
4. Atividades recreativas e/ou sociais 
5. Programas de atendimento às necessidades psicossociais dos profissionais 
6. Cursos ou treinamentos para aprimoramento profissional 
7. Cursos ou treinamentos para melhoria da relação com os usuários 
 
 
* Qualidade da comunicação entre os profissionais 
1. Canais de informação e resolução de problemas e necessidades 
2. Canais de informações oficiais da administração do hospital 
3. Canais de informação e comunicação interna sobre programas e atividades 
 
* Relacionamento interpessoal no trabalho 
1. Confiança 
2. Integração grupal 
3. Cooperação 
 
* Valorização do trabalho e motivação profissional 
1. Respeito 
2. Reconhecimento 
3. Motivação 
 
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4. Realização 
5. Satisfação

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