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Dra. Rita de Cássia Silveira Dr. Paulo Nader Pediatra Neonatologista Professor Adjunto de Pediatria do curso de Medicina da Universidade Luterana do Brasil Gestor da Pediatria e Neonatologia do Hospital Universitário Canoas Doutorado em Biologia Celular e Molecular na ULBRA Coordenador da residência do Hospital Universitário Canoas Pediatra Neonatologista Professora Titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRGS Preceptora da residência médica de pediatria e de neonatologia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) Coordenadora do Ambulatório da Neonatologia do HCPA Membro Eletivo da Society for Pediatric Research Chefe do Serviço de Neonatologia do HCPA GUIA PRÁTICO MANEJO NUTRICIONAL DO PREMATURO Material técnico-científico destinado exclusivamente a profissionais da saúde. Proibida a distribuição/reprodução total e/ou parcial. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático01 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 03 1. PREPARO PARA A ALTA HOSPITALAR DO PREMATURO 1.1 Sumário de alta 1.2 Critérios para alta do recém-nascido prematuro 1.3 Especialidades envolvidas no seguimento do prematuro 1.4 Pontos-chave para garantir a alta segura 04 06 07 08 09 2. ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DO CRESCIMENTO DO PREMATURO 2.1 Idade corrigida (IC) 2.2 Avaliação do crescimento 2.3 Curvas de crescimento 2.4 Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria 2.5 Sinais de alerta de déficit de crescimento 2.6 Classificação dos prematuros 10 10 10 12 13 13 15 3. MANEJO NUTRICIONAL DO PREMATURO PÓS-ALTA 3.1 Manejo prático dos requerimentos nutricionais do paciente prematuro 3.2 Como podemos monitorar a síndrome metabólica no prematuro? 3.3 Macronutrientes 3.4 Micronutrientes 3.5 Importância do aleitamento materno 3.6 Condutas na impossibilidade do aleitamento materno 3.7 Qualidade da alimentação complementar 3.8 Pontos-chave sobre o manejo nutricional do prematuro pós-alta 17 17 19 20 20 22 22 23 23 4. EXPECTATIVAS DO DESENVOLVIMENTO ESPERADO DO PREMATURO 4.1 Sintomas de dificuldades alimentares na prematuridade 4.2 Orientações para prevenção das dificuldades alimentares na introdução alimentar 4.3 Pontos-chave do desenvolvimento esperado do prematuro 24 26 27 27 5. ANEXOS Tabela I. Valor estimado de circunferência abdominal (crianças de origem americana-europeia) Tabela II. Valor estimado de circunferência abdominal (crianças de origem afro-americana) Tabela III. Valor estimado de circunferência abdominal (crianças de origem mexicano-americana) Tabela IV. Valor estimado de circunferência abdominal (crianças de etnias combinadas) Curvas de Fenton Curvas Intergrowth 28 28 29 30 31 32 34 6. REFERÊNCIAS 38 02 O nascimento prematuro representa um momento delicado na vida de milhares de famílias e, a cada ano, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuramente no mundo. No Brasil, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, 11,5% dos bebês nascem prematuros (cerca de 300 mil por ano), percentual que coloca o Brasil entre os 10 países com maior número de nascimentos prematuros no mundo. Nos últimos anos, as melhorias nos cuidados perinatais e neonatais aumentaram a sobrevivência dos prema- turos, e tem se discutido cada vez mais sobre como garantir uma boa qualidade de vida para esses lactentes. Nesse contexto, a nutrição adequada é um dos pilares fundamentais nessa etapa tão complexa, já que lactentes com um bom estado nutricional apresentam melhor sobrevida e melhores desfechos no futuro. A terapia nutricional visa recuperar e atingir todo o potencial de crescimento e desenvolvimento desse lactente, com satisfatório desenvolvimento cognitivo e motor e, em longo prazo, prevenir doenças crônicas não transmis- síveis. No entanto, a nutrição adequada na prematuridade ainda é um tema de alta complexidade e um grande desafio da neonatologia, por se tratar de um grupo muito vulnerável e sem homogeneidade clínica devido às diferentes idades gestacionais e doenças associadas, as quais precisam de avaliação e recomendações nutri- cionais diferenciadas. É importante ressaltar que a nutrição adequada é mais do que a simples entrega de nutrientes, é uma interven- ção complexa que envolve não apenas os componentes funcionais da dieta, mas também aspectos sensoriais e sociocomportamentais, que devem ser abordados de maneira holística e com uma equipe multidisciplinar, para que seja possível obter melhores resultados. Esse guia traz, de forma prática, as mais recentes recomendações nutricionais, com o objetivo de contribuir com o dia a dia do pediatra no manejo nutricional do prematuro e garantir que este sempre receba o melhor aporte nutricional por ml em todas as fases da jornada da prematuridade. Esse material recebeu chancela da Sociedade Brasileira de Pediatria. INTRODUÇÃO Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático03 1. PREPARO PARA A ALTA HOSPITALAR DO PREMATURO O plano da alta de um recém-nascido prematuro (RNPT) é muito importante, sendo uma etapa fundamental na continuidade da assistência integral que o bebê recebeu na internação em Unidade de Cuidado Intensivo Neonatal (UCIN). Esse processo requer uma abordagem da equipe multidisciplinar, incluindo: neonatologista, pediatra, enfermeiro, nutricionista, assistente social, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e o mais importan- te: a família da criança. Avaliar o ambiente físico domiciliar e psicossocial é uma parte importante do processo de alta. A equipe clínica é responsável por garantir que as investigações e os testes de triagem apropriados tenham sido concluídos, que os problemas médicos tenham sido resolvidos e que um plano de acompanhamento esteja em vigor no momento da alta para casa. As crianças são consideradas aptas para a alta quando estiverem clinicamente estáveis e maduras sob o ponto de vista fisiológico, que inclui: capacidade de manter a temperatura corporal, estabilidade respiratória e curva de peso ascendente. A família é fundamental para o processo de planejamento da alta e vital para seu sucesso. O envolvimento da família com os cuidados do recém-nascido desde o momento da internação melhora a confiança dos pais e diminui a ansiedade. A transição da internação neonatal em cuidados mínimos para a casa pode ser estressante para a criança e para a família. Assim, é importante preparar a família para a alta do RNPT, os pais precisam assimilar os cui- dados garantindo a disponibilidade dos recursos necessários. Isso pode ajudar a aliviar muitos dos temores que os pais têm de levar para casa seu filho prematuro. O convívio mais intenso dos pais dentro da unidade de internação neonatal (se possível, permanecendo também no período noturno) tende a reduzir o número de reinternações pós-alta. Os critérios de alta do prematuro internado em uma unidade neonatal devem ser individualizados, mas os cri- térios mínimos exigidos estão vinculados ao seu peso, usualmente ao redor de 1800 a 2200 g, e às condições clínicas estáveis. Esta variação de peso está associada às comorbidades encontradas em cada paciente. Irá variar conforme a idade gestacional e peso de nascimento, assim como pela presença de outras patologias associadas (displasia broncopulmonar, paralisia cerebral, entre outras). Os cuidados com a nutrição devem ser garantidos, tais como: amamentação ao seio como primeira opção de escolha e/ou uso de fórmulas infantis, quando indicado. Para alta hospitalar, a via de administração da dieta deve ser preferencialmente a via oral e, para isso, deve ser assegurado que o prematuro possua uma boa suc- ção. Em situações especiais, alguns prematuros necessitam de uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia. Nestes casos deverá haver um treinamento dos pais e cuidadores para o manejo da sonda e sobre como ter acesso em situações de urgência, nos casos de deslocamento da mesma. Toda criança que apresentar dificuldades alimentares deve ser avaliada pelas equipes de fonoaudiologia e nu- trição antes da altahospitalar. Os pais devem estar treinados e devem ter compreendido o plano alimentar que está sendo trabalhado. Este planejamento deverá ser comunicado ao pediatra ou médico que irá acompanhar o bebê após a alta. 04 A meta do ganho de peso neste período e imediatamente após a alta deve ser ao redor de 20 a 30 g/dia com uma ingestão calórica ao redor de 100 a 120 kcal/kg/dia. O volume deverá ser de pelo menos 180 ml/kg/dia. Em situações especiais em que a restrição hídrica é necessária, o plano alimentar deve ser revisto. Se não houver necessidade de restrição hídrica, em crianças com livre demanda, a ingesta pode variar em até 220 ml/kg/dia. Ingesta menor que 160 ml/kg/dia de leite é considerada insuficiente. Nos prematuros, para um sucesso maior na amamentação e redução das internações hospitalares após a alta, é recomendada a permanência da mãe junto de seu filho pelo maior tempo possível durante a internação (método Canguru). Tipo de alimentação Instruções sobre o preparo de fórmula infantil, quando necessário Metas de ganho de peso planejadas para acompanhamento Forma de oferecimento Intervalo entre as mamadas Volume Tipo de alimentação • No caso de amamentação exclusiva ao seio materno, será de livre demanda, tendo a garantia de ganho ponderal adequado antes da alta hospitalar. • No uso de leite humano ou leite materno ordenhado, não devem ser usados aditivos a partir de 1800 g (alta sem nenhum aditivo). Na impossibilidade do aleitamento materno: • O uso de fórmula infantil para prematuros (~80 kcal/100 ml) em geral deve ser feito até o prematuro atingir aproximadamente 1800 g. • A fórmula infantil de transição pode ser usada a partir de 1800 g e mantida até a idade gestacional corrigida de 52 semanas. Prematuros que fizeram o uso de nutrição parenteral prolongada e/ou fa- zem uso de diuréticos e apresentam crescimento limitado podem se beneficiar com a fórmula de transição se não estiverem sendo amamentados. O uso de fórmula de transição assegura melhor mineralização óssea e ganho ponderal mais estável. Volume da alimentação • Meta de ingesta média 160-180 ml/kg/dia. • Ingesta menor que 160 ml/kg/dia é considerada abaixo da ideal. Aspectos que devem ser considerados no planejamento nutricional da alta hospitalar: Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático05 No plano alimentar de alta devem estar descritos: Métodos de alimentação • As vias de alimentação podem ser: amamentação, uso de copinho, mamadeira, uso de sonda oro ou nasogástrica, gastrostomia ou uma combinação dos métodos. Avaliação da alimentação e do crescimento • A alimentação é considerada insuficiente quando a criança não consegue se alimentar totalmente por via oral, podendo ser por fadiga ou falha na coordenação. • Analisar a pega da mama nos casos de amamentação. • Analisar o crescimento adequado (ganho de peso diário, crescimento e aumento do perímetro cefálico semanal). • Considerar crescimento adequado quando o peso é > 20 g/dia, comprimento > 1 cm/semana e perímetro cefálico > 0,5 cm/semana. Valores inferiores a estas taxas são considerados como crescimento inadequado. Suplementação no momento da alta hospitalar: • Vitamina D: 800 UI/dia em prematuros extremos. • Ferro: inicia com 30 dias: 4 mg/kg/dia ( < 1000 g ao nascimento) ou 3 mg/Kg/dia nos demais prematuros. • Zinco: Sulfato de zinco (10 mg/ml): 0,5 - 1 mg/kg/dia VO (iniciar com 36 semanas até 6 meses da IC). 1.1 Sumário de alta • Deve incluir os dados maternos e do pré-natal, do nascimento, das intercorrências clínicas na UCIN, nu- trição e crescimento, identificação de problemas não resolvidos e exame físico completo com antropo- metria. • Fornecer aos pais os exames de imagem realizados durante a hospitalização. • A primeira consulta deve ser programada nas primeiras 72 horas após a alta. • Entregar por escrito aos pais um cronograma de seguimento personalizado com as datas de controle médico. • Indicar as consultas com especialista e avaliações periódicas do crescimento e desenvolvimento. • Indicar os locais para onde devem se dirigir em caso de urgência. • Programar os exames ambulatoriais com as datas a serem realizadas. • Entregar todas as medicações prescritas com a posologia, data de início e término e assegurar que pais e/ou responsáveis estão aptos para administrar as medicações. • Programar as imunizações conforme o calendário vacinal do Ministério da Saúde e indicar a adminis- tração do Anticorpo Monoclonal (Palivizumabe), quando for o caso. • Estimular o aleitamento materno como o melhor alimento para o RNPT egresso da UCIN e, nas situa- ções especiais, entregar por escrito o preparo e a forma de administração da fórmula infantil indicada. • Comunicar à Atenção Primária a família com risco social e psicológico. • Programar as visitas domiciliares para avaliação e apoio aos pais. 06 RECÉM-NASCIDO MÃE & FAMÍLIA EQUIPE Ganhou peso nos últimos 3 dias antes da alta Mãe segura e motivada Avaliar risco social e psicológico Em aleitamento materno exclusivo ou mãe e família habilitadas a realizar a complementação com fórmula infantil Seguros em relação à amamentação ou ao preparo de fórmula infantil, quando necessário Observação da mamada e do preparo de fórmula infantil, quando necessário Mantendo temperatura axilar adequada: aferida com bebê totalmente vestido em berço comum com temperatura ambiente entre 20°C e 25°C Pais aptos nos cuidados: higiene, prevenção de infecção e morte súbita Orientar posição supina para dormir e cuidados gerais de puericultura Função cardiorrespiratória estável por 5 dias sem uso de xantinas Habilitados a reconhecer situações de risco (apneia e cianose) Revisar e treinar a família na administração de medicações As imunizações foram administradas Família comunicada das imunizações realizadas Revisar imunizações programadas antes da alta e orientar as próximas imunizações Foi realizada a triagem neonatal biológica Família ciente da realização da triagem Conferir a realização do teste neonatal biológico O estado hematológico foi avaliado e, se necessário, foi indicada a terapia apropriada Família apta a administrar a terapia nos casos de alterações hematológicas Revisar a realização do estado hematológico Foi realizada a avaliação auditiva e a fundoscopia Família ciente dos resultados Comunicar os resultados à família e orientar o acompanhamento Correção de hérnia inguinal, quando for o caso Família orientada dos sinais de aparecimento de hérnia inguinal Esclarecer a família quanto aos sinais de aparecimento de hérnia Com diagnóstico de hemorragia cerebral ou outra alteração neurológica Orientação em relação aos cuidados domiciliares e quadro clínico evolutivo Conferir avaliação neurológica e exames de imagem (cópia dos resultados aos pais) Foram passadas orientações sobre o transporte seguro do bebê até o seu domicílio Família orientada em relação ao assento adequado para o transporte Orientar o uso de assento apropriado para o carro 1.2 Critérios para alta do recém-nascido prematuro A tabela abaixo mostra os principais pontos que devem ser considerados na alta hospitalar. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático07 1.3 Especialidades envolvidas no seguimento do prematuro Os bebês prematuros, principalmente os classificados como prematuros extremos, necessitam de acompa- nhamento por pelo menos 3 a 5 anos, e em algumas situações o acompanhamento pode ser necessário até a adolescência. O envolvimento de uma equipe multidisciplinar nesse processo garante um acompanhamento mais completo. Neuropediatra: Os prematuros, principalmente os extremos, apresentam hemorragia peri-intra- ventricular ou outras lesões isquêmicas, podendo levar a crises convulsivas ou a algum grau de paralisia cerebral. A intervenção precoce auxilia no prognóstico. Pneumopediatra: Os prematuros com displasia broncopulmonar necessitam de acompanha- mento desua função pulmonar e acompanhamento dos quadros sibilantes desta população. Cardiologista Pediátrico: Em pacientes com cardiopatia ou com complicações do ductus arte- riosus, o acompanhamento se faz necessário. Oftalmologista pediátrico: É necessário o acompanhamento oftalmológico desde a UTI Neo para avaliação e diagnóstico da retinopatia da prematuridade, assim como outras deficiências visuais. Psicólogo: O suporte aos pais e a necessidade de diagnóstico precoce de alterações comporta- mentais (ex.: TDDH) auxiliam no prognóstico. Gastropediatra: Em algumas situações, prematuros apresentam quadro de enterocolite necro- sante com ressecção de parte do intestino. A necessidade de avaliação com investigação e die- tas especiais torna necessária a participação deste profissional. Fonoaudiologista: Muitos prematuros necessitam de suporte ao desenvolvimento da sucção e apresentam problemas de linguagem. Uma avaliação da fonoaudiologia, com exames comple- mentares, permite uma intervenção precoce para melhorar o prognóstico. Fisioterapeuta: A participação deste profissional, desde a UTI Neo, é fundamental. Exercícios respiratórios e estimulação motora nos prematuros extremos são muitas vezes necessárias após a alta hospitalar. Nutricionista: Responsável por realizar o aconselhamento e acompanhamento do aleitamento materno e alimentação complementar, além do manejo de situações que requerem dieta espe- cífica e/ou de dificuldades alimentares. 08 1.4 Pontos-chave para garantir a alta segura 1. Prematuro com estabilidade fisiológica (temperatura, respiração). 2. Segurança que pais e/ou cuidadores estão treinados, com conhecimento e habilidade para alimentá-lo, prestar os cuidados básicos do dia a dia e de prevenção, administrar medicações e detectar sinais e sintomas de doenças. 4. Garantir o acesso ao seguimento ambulatorial para monitorização do crescimento, do desenvolvimento e intervenção preventiva e terapêutica. 3. Plano de alta concluído e tomadas as providências relativas ao cuidado domiciliar. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático09 2. ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DO CRESCIMENTO DO PREMATURO O acompanhamento de prematuros após a alta hospitalar requer uma abordagem multidisciplinar para que os atrasos de desenvolvimento ou crescimento sejam diagnosticados precocemente e seja possível intervir de maneira rápida, melhorando o prognóstico nestes bebês de alto risco. Isso contribui para uma melhor qualidade de vida não só dos prematuros, mas também de suas famílias. Para isso, é importante o pediatra estar inteira- do de todas as intercorrências do seu paciente, através de um sumário de alta completo, em que os planos de intervenção após a alta estejam explícitos. Parâmetros como crescimento e desenvolvimento devem ser avaliados sistematicamente em todas as consultas. Doenças associadas à prematuridade podem interferir no bom crescimento e desenvolvimento. É importante que o pediatra atue junto à equipe multidisciplinar e mantenha a família inteirada de todas as condutas e plane- jamento dos próximos passos. Para este processo, é necessário considerar as seguintes variáveis: Idade que a criança teria se tivesse nascido de 40 semanas. A idade corrigida deve ser usada em todos os be- bês nascidos prematuros. Este cálculo permite avaliar os marcos de desenvolvimento (maturidade neurológica) e as metas de crescimento. Deve ser usado no acompanhamento ambulatorial até os 3 anos de vida. Todas as avaliações e decisões devem ser baseadas na idade corrigida, também denominada idade pós-concepcional. A idade corrigida pode ser determinada pela seguinte fórmula: Portanto, neste exemplo, após 3 meses o prematuro terá 40 semanas. Quando este prematuro estiver com 6 meses de idade cronológica, serão descontados 3 meses; ele terá, então, 3 meses de idade corrigida. A avaliação do crescimento dos prematuros durante a internação hospitalar e após a alta hospitalar é um procedimento rotineiro e que envolve a obtenção de medidas antropométricas. Devem ser comparadas com os dados fornecidos por gráficos ou tabelas padronizadas, de acordo com a idade gestacional e o sexo, sendo apresentados em curvas de crescimento, na forma de percentil ou escore Z. 40 semanas (idade gestacional em semanas) 40 semanas - 28 semanas = 12 semanas (correspondente a 3 meses)Exemplo: A idade gestacional do prematuro no nascimento (em semanas) Idade corrigida– = 2.1 Idade Corrigida (IC) 2.2 Avaliação do crescimento 10 As medidas mais frequentes utilizadas na avaliação de crescimento são: A definição da adequação do crescimento da criança prematura, para intervenções, precisa considerar as várias medições (peso, estatura e perímetro craniano e suas relações), do cres- cimento até o momento da avaliação. O cres- cimento adequado corresponde a uma curva paralela à curva padrão comparativa (canal de crescimento), representada nos gráficos de peso, estatura e perímetro craniano, como no exemplo ao lado. É preciso considerar a história clínica perinatal, a evolução na internação, a presença das com- plicações da prematuridade para interpretação dos resultados e tomada de decisões. Os des- vios deste canal de crescimento devem ser diagnosticados e investigados o mais precocemente possível. Atingir o canal de crescimento é individualizado e multifatorial, além dos aspectos genéticos e alimentares, as comorbidades associadas também podem influenciar. Por isso, é importante que o pediatra que faz o acom- panhamento no ambulatório receba a nota de alta bem completa, para identificar possíveis dificuldades no crescimento. Devem ser registrados peso, estatura e perímetro cefálico a cada retorno, plotados na curva de crescimento de referência adequada, assim como registrar na curva de escore Z. A avaliação do crescimento deve ser feita por meio de medidas periódicas nas consultas: Primeira consulta 7 a 10 dias após a alta Acompanhamentos mensais até 6 meses de idade corrigida Acompanhamentos bimestrais 6 meses aos 12 meses de idade corrigida Acompanhamentos trimestrais 13 aos 24 meses Acompanhamentos semestrais 2 a 4 anos de idade cronológica Acompanhamentos anuais dos 4 anos até a puberdade Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático11 Peso Comprimento Perímetro cefálico 22 60 55 Co mp rim ent o 50 45 40 35 30 C en tím et ro s 25 24 26 28 30 32 34 36 38 40 97% 90% 50% 10% 3% Idade gestacional (semanas) ca na l d e cr es ci m en to Para o monitoramento do crescimento pós-natal de prematuros, existem curvas construídas por diferentes metodologias: • Curvas de crescimento intrauterino baseadas nas estimativas ultrassonográficas de peso fetal ao longo da gestação. • Curvas de crescimento intrauterino, de peso, comprimento e perímetro cefálico, ao nascer, para cada idade gestacional. • Curvas de acompanhamento do peso, comprimento e perímetro cefálico, no período pós-natal, por metodologias combinadas. A definição de qual curva utilizar pode ser um desafio. A metodologia utilizada na construção das curvas difere em aspectos fundamentais relacionados ao desenho do estudo, à seleção da amostra, ao tratamento estatístico realizado e à validação, ou seja, o quanto a curva representa o crescimento ideal dos recém-nascidos prema- turos. Dois tipos de curvas de crescimento para prematuros devem ser consideradas, as chamadas curvas de referên- cia e as curvas padrão. Ambas podem ser construídas a partir do crescimento intrauterino e/ou pós-natal. As curvas de referência descrevem o crescimento de uma amostra de crianças, sem caracterizá-las como sendo um padrão de normalidade a ser seguido, estando entre elas as que descrevem o crescimento pós-natal dos prematuros. As curvas padrão indicam o padrão de crescimento “normal” de uma população, portanto, um modelo a ser se- guido. São exemplos de curvas padrão as curvas de crescimento intrauterino baseadas no peso de nascimento em diferentes IG e as construídasa partir de medidas fetais realizadas pelo ultrassom ao longo da gestação. • Curvas de referência, utilizando cortes transversais de peso, comprimento e perímetro cefálico das populações estudadas ao nascimento, de acordo com a idade gestacional, que refletem o crescimento intrauterino: Lubchenco e cols., Fenton e cols., NICMC-UK, Horbar e cols.; • Curvas de referência, construídas a partir do acompanhamento longitudinal pós-natal, dos parâmetros do crescimento: NICHD US - Ehrenkranz, Cole e cols.; • Curva padrão, longitudinal, predominantemente pós-natal: Intergrowth 21th. 2.3 Curvas de crescimento 12 O déficit de crescimento após a alta hospitalar deve ser diagnosticado o mais precocemente possível, pois pode levar a problemas no desenvolvimento. Importante estar atento também ao excesso de ganho ponderal que pode causar problemas na idade adulta, como a síndrome metabólica. No primeiro ano de idade corrigida, observa-se uma aceleração do peso e comprimento, mas sem que consiga atingir escores adequados. Os prematuros poderão ser acompanhados com as curvas de crescimento pós-natal da Intergrowth, que estão disponíveis em português para peso, comprimento e perímetro cefálico. Estas curvas são prescritivas, multiétnicas, utilizaram a melhor metodologia antropométrica e se ajustam perfeitamente às curvas da OMS. Devem ser utilizadas até 64 semanas pós-concepcionais, quando o acompanhamento das crianças deve ser transferido para as curvas da OMS/Ministério da Saúde. Para prematuros com menos de 32 semanas de ida- de gestacional, a recomendação atual é considerar, no monitoramento do crescimento, o canal atingido com a estabilização do peso após a perda inicial, desde que dentro dos limites fisiológicos de no máximo 15% do peso ao nascer nos prematuros extremos. Portanto, a definição do canal de crescimento a ser seguido é dada pelo peso atingido quando recomeça o ga- nho de peso, e não pelo peso ao nascer. 2.4 Recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria 2.5 Sinais de alerta de déficit de crescimento Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático13 • Curvas de Fenton: As curvas de Fenton 2013, construídas a partir de uma revisão sistemática e metanálise, incluem valores de peso, perímetro cefálico e comprimento de recém-nascidos de países desenvolvidos e proporcionam valores próximos ao padrão que se iniciam nas 24 semanas de idade gestacional e terminam nas 50 semanas de idade corrigida, seguindo com a curva da OMS de 2006. São específicas para gênero e estratificadas em percentis. Fornecem dados sobre medianas e desvio padrão permitindo o cálculo do escore Z. Além das curvas, em percentis, os autores disponibilizam um programa para cálculo dos escores Z e dos percentis, de acordo com a IGc, no endereço http:/ucalgary.ca/fenton. • Curvas Intergrowth: O projeto multicêntrico internacional Intergrowth produziu curvas longitudinais prescritivas de crescimento a partir de 27 semanas, incluindo prematuros de gestações de baixo ris- co. A idade gestacional foi medida de forma acurada pela combinação da ultrassonografia precoce e, quando disponível, a data da última menstruação. As medidas antropométricas foram realizadas usan- do técnica padronizada; foram excluídos recém-nascidos com restrição de crescimento intrauterino. A limitação da curva é o número pequeno de prematuros abaixo de 33 semanas incluídos no estudo. Neste estudo foi incluído um total de 201 prematuros, sendo 28 abaixo de 34 semanas. No delineamento longitu- dinal, 159 prematuros incluídos na amostra foram pesados e medidos sete ou mais vezes. As curvas pres- critivas do Intergrowth são robustas para prematuros a partir de 33 semanas. A metodologia de construção das curvas e o fato de incluir população de gestantes de recém-nascidos brasileiros a diferencia das demais, nos parecendo a melhor forma atual de acompanhamento do crescimento dos prematuros. A seguir, características de algumas das curvas: 14 É importante salientar que a criança poderá recuperar o peso e o comprimento mais lentamente, atingindo a normalidade nas curvas de referência entre 2 e 3 anos. Geralmente, o comprimento atinge a normalidade ao redor de 2 anos, e o peso com 3 anos de IC. Os casos de RN extremo baixo peso (PN < 1.000 g) e/ou extremos prematuros (IG < 28 semanas) podem necessitar de mais tempo para essa recuperação. A avaliação do crescimento do recém-nascido prematuro (principalmente do PIG), que provavelmente sofreu restrição do crescimento intrauterino (RCIU), é obtida pela comparação da medida individual através do gráfico respectivo da população, permitindo estabelecer a avaliação do estado nutricional deste prematuro. Dessa for- ma, é possível fornecer informações em relação a quantidade e qualidade do crescimento intrauterino. Em contraste, os prematuros que apresentam maior catch-up nos primeiros anos, especialmente em relação ao seu peso, poderão ter maior risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes tipo II e doença cardiovascular no futuro. Essas crianças diagnosticadas no ambulatório devem ser monitoradas com a medida da pressão arterial e controle de glicemia, colesterol e triglicérides. Nestes casos, deve ser iniciada precocemente a inter- venção dietética, permitindo prevenir ou minimizar esses riscos. Os prematuros cuja curva de crescimento não atinge os escores mínimos da normalidade, apresentan- do achatamento ou padrão descendente, requerem investigação. Os grupos de maior risco são: peso de nascimento < 850 gramas, idade gestacional < 28 semanas, portadores de displasia broncopulmo- nar e os PIG. Nesses casos pode ocorrer um pior prognóstico neurológico nos prematuros com cresci- mento insuficiente ou aumento exagerado do perímetro cefálico nos primeiros meses de vida. Destacam-se algumas situações críticas que indicam tópicos de alerta: DÉFICIT DE CRESCIMENTO BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE SIBILÂNCIA RECORRENTE SÍNDROME METABÓLICA 2.6 Classificação dos prematuros: De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a classificação de prematuridade é definida como lactentes nascidos com idade gestacional inferior a 37 semanas. Mas vale destacar que mesmo os prematuros tardios possuem características bem diferentes de prematuros de muito baixo preso. Com o avanço da tecnologia na neonatologia, o limite de viabilidade aumentou nas faixas de idade gestacional inferior a 28 semanas. Esta população (prematuros extremos) possui a maior morbidade e mortalidade neonatal. A maior parte, hoje, dos problemas de desenvolvimento, nutricionais, entre outros, situa-se nesta faixa de peso inferior a 1000 g e com idade gestacional inferior a 28 semanas. Este conhecimento sobre a classificação da prematuridade é funda- mental para o manejo e acompanhamento das crianças prematuras. Abaixo, a classificação dos prematuros, com suas características principais: • Prematuros extremos: São os bebês que nascem com 28 semanas e peso inferior a 1000 g e que apresentam uma grande mortalidade e morbilidade. As dificuldades nutricionais se apresentam pela necessidade de crescimento e desenvolvimento ex- trauterino. Devem ser tratados como uma urgência nutricional, com nutrição paren- teral e nutrição enteral precoce. Situação em que o leite materno é fundamental e, na sua ausência, as fórmulas infantis especiais para prematuro. Trata-se da população de maior risco para sequelas pulmonares, neurológicas (paralisia cerebral, surdez) e visual. Este grupo populacional no seguimento ambulatorial poderá necessitar de in- tervenção antecipada em relação a estimulação precoce. Cuidados em relação ao es- tado nutricional devem ser tomados. O excesso de ganho ponderal pode levar a sín- drome metabólica e ganho ponderal insuficiente pode levar a problemas cognitivos. • Prematuros de Muito Baixo Peso (PMBP): São bebês que nascem com peso inferior a 1500 g eidade gestacional inferior a 32 semanas. Trata-se da população de risco para mortalidade neonatal, complicações respiratórias, metabólicas e nutricionais. Necessi- tam maior controle a nível ambulatorial, com atendimento de equipe multidisciplinar. • Prematuros tardios: Correspondem aos bebês nascidos com idade gestacional entre 34 e 36 semanas e 6 dias. Usualmente possuem mais de 2000 g e frequentemente são manejados erroneamente como recém-nascidos a termo. Possuem maior difi- culdade para amamentação, têm maior risco para icterícia neonatal, distúrbios me- tabólicos e reinternação hospitalar. Necessitam de um cuidado maior nos primeiros meses de vida em relação ao seu ganho ponderal. Não devem ser considerados como recém-nascidos a termo sob o ponto de vista de manejo na alta e nos primeiros me- ses de vida. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático15 16 Nos primeiros meses de idade corrigida ocorre uma aceleração da velocidade de crescimento com recuperação inicial do perímetro cefálico, seguida do comprimento, e, finalmente, do peso. Alcançado o ponto de estabilidade de crescimento após a recuperação, a criança atinge seu canal de crescimento dentro da curva de referência e, assim, prossegue com o padrão próprio da criança, mantendo-se paralelo aos canais da referida curva. Para avaliar mais adequadamente o crescimento dos RNMBP é importante diferenciar os RN adequados para a idade gestacional (AIG) e saudáveis, nos quais estes fenômenos ocorrem dentro dos dois primeiros anos de vida. Entretanto, aproximadamente 15% ainda estão, aos três anos de idade, com o peso abaixo da média. Para os RN pequenos para a idade gestacional (PIG), a ordem de recuperação dos dados antropométricos é igual à dos AIG. Entretanto, aos 3 anos de idade, 50% deles apresentam peso menor que a média para a idade. 3. MANEJO NUTRICIONAL DO PREMATURO PÓS-ALTA 3.1 Manejo prático dos requerimentos nutricionais do paciente prematuro O leite materno é o padrão ouro nutricional. Na impossiblidade deste, a fórmula infantil de transição após a alta é a recomendação mais atual. Deve ser utilizada até alcançar o percentil (canal de crescimento) de nascimento, ou seja, conclusão da recuperação. A alimentação complementar deve ser iniciada de acordo com a idade corrigida , respeitando-se a maturidade neurológica da criança. A idade corrigida média de início é aos 6 meses; somente em casos excepcionais ini- cia-se antes desse período. A criança nascida prematura apresenta necessidades nutricionais distintas daquela que nasceu a termo. Por isso, é fundamental conhecer os requerimentos nutricionais do prematuro para adequado crescimento e desen- volvimento no período mais crítico da vida: os primeiros anos. Esse requerimento é variável de acordo com a idade gestacional, peso de nascimento e o momento da vida da criança, ou seja, a sua idade pós-natal cronológica e corrigida. Na tabela abaixo são apresentadas de forma resumida as recomendações de energia, proteína, cálcio e fósfo- ro, de acordo com o grau da prematuridade. As variações das recomendações nutricionais são amplas porque há um requerimento nutricional que é depen- dente da necessidade de crescimento compensatório. Considerar o ganho de peso como parâmetro de crescimento não repercurte exatamente a qualidade nutri- cional. Com base na oferta adequada de macro e micronutrientes podemos monitorar o delicado balanço da composição nutricional do paciente. Entretanto, para a oferta adequada de macro e micronutrientes para cres- cimento normal, precisamos ter a monitorização do crescimento de forma longitudinal. REQUERIMENTOS PREMATUROS EXTREMOS (abaixo de IG=29 semanas) PREMATUROS DE 29 A 34 SEMANAS PREMATUROS TARDIOS 34,6 A 38 SEMANAS A TERMO PÓS-ALTA Energia (kcal/kg) 120-140 110-130 110-130 90-110 105-125 Proteínas (g/kg) 3,5-4,0 3,0-4,0 3,0-3,6 1,5-2,3 2,8-3,2 Cálcio (mg/kg) 120-180 120-160 70-140 80-100 100-120 Fósforo (mg/kg) 60-90 60-90 35-90 35-75 35-75 Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático17 O monitoramento do crescimento deve ser abrangente, conforme recomendado para bebês a termo, e deve incluir avaliações do peso, comprimento pós-natal, perímetro cefálico, relação peso/comprimento e, se possível, gordura e massa livre de gordura. Um melhor entendimento sobre o crescimento pós-natal dos RNPT após a alta hospitalar torna-se necessário, devido às implicações na saúde futura desses recém-nascidos. A presença de crescimento acelerado após um período de restrição, fenômeno intitulado como catch-up, au- menta a preocupação com a síndrome metabólica no futuro. O monitoramento deve ser individualizado, mas de forma geral há parâmetros que servem de orientação para a avaliação nas consultas. A fase de crescimento rápido é no primeiro semestre de idade corrigida, quando o requerimento de energia do prematuro é 20% maior que o de seus pares nascidos a termo, em função do maior metabolismo basal e mais baixo coeficiente de absorção de gorduras e carboidratos. A meta é 100-120 kcal/kg/dia e, quando o cresci- mento é acima dessa meta, se associa com síndrome metabólica mais tarde na vida. Já no segundo semestre Mais importante do que definir a melhor curva a ser usada no monitoramento do crescimento do prematuro, é determinar a velocidade de crescimento da criança, e para tal é necessária a realização de medidas longitudinais periódicas. O papel do pediatra nas consultas envolve principalmente: • Usar as curvas antropométricas padrão: peso, comprimento/estatura e perímetro cefálico. As curvas de crescimento disponíveis (Fenton e Intergrowth 21st) podem ser usadas para avaliar bebês pre- maturos até 64 semanas de idade pós-menstrual (idade corrigida de 6 meses), momento em que eles se sobrepõem, sem necessidade de qualquer ajuste, com as curvas da OMS. Há lacunas nutricionais remanes- centes para prematuros abaixo de 32 semanas com o uso da Intergrowth, ficando a mesma reservada para avaliar os prematuros moderados e tardios, acima de 33 semanas de idade gestacional. A curva de Fenton (meninas e meninos) tem sido recomendada até 64 semanas de idade pós-menstrual para prematuros com menos de 32 semanas de idade gestacional. A Academia Americana de Pediatria não recomenda o uso da Intergrowth abaixo de 36 semanas de idade gestacional. • Usar curvas antropométricas complementares: Perímetro Braquial (PB); Peso/Estatura (P/E), Circunferên- cia Abdominal (CA) e pregas cutâneas. • Encaminhar para realização da avaliação da composição corporal apenas em situações especiais. A com- posição corporal poderá ser estimada por pletismografia pelo equipamento PED POD ou por densitometria de composição corporal, que é realizada em um equipamento chamado densitômetro, através da absorção de raios-X de dupla energia (DEXA ou DXA), medindo a densidade de massas magra (músculos), gordurosa e óssea do corpo inteiro e em distribuições específicas. Na prática médica diária, a avaliação da composição corporal não tem sido utilizada na rotina. A despeito disso, é sabido que prematuros têm menos massa magra e mais massa gorda que seus pares nascidos a termo. 18 de idade corrigida, esse requerimento energético reduz significativamente, sendo em média de 75 kcal/kg/dia no prematuro que não tem nenhuma morbidade maior ou necessidade de retorno ao hospital. A busca por um crescimento mais harmônico e linear se torna a meta ao final do primeiro ano de vida. A prevenção da síndrome metabólica é um desafio na prática clínica do pediatra, associada a um aumento na mortalidade global de 1,5 vez e mortalidade por doença cardiovascular 2,5 vezes maior. Não podemos resolver um problema sem primeiro conhecê-lo, assim, torna-se fundamental obter diagnóstico precoce da síndrome metabólica (SM), ou pelo menos do risco de desenvolvê-la mais tarde na adolescência. Aos dois anos de idade corrigida do prematuro é recomendado avaliar para predizer o risco de SM. É considera- do sugestivo de SM apresença de alteração em três ou mais dos seguintes critérios: circunferência abdominal ≥ percentil 90, glicemia de jejum ≥ 100 mg/dl, triglicerídeos ≥ 110 mg/dl, HDL colesterol ≤ 40 mg/dl e pressão arterial ≥ percentil 90. Os exames laboratoriais devem ser coletados em jejum aos dois anos de idade corrigida. A circunferência ab- dominal (CA) deve ser aferida usando uma fita métrica (em cm) colocada ao nível da cicatriz umbilical, no final da expiração da criança e na posição de ortostatismo. O valor de ponto de corte maior ou igual ao percentil 90 para o gênero e a idade foi considerado alterado, de acordo com percentis (ANEXOS) obtidos dos dados do estudo de Fernández JR et al. publicado em 2004. A pressão arterial deve ser aferida no membro superior direito, com manguito de tamanho adequado e com a criança na posição sentada e o mais tranquila possível, o que aos dois anos de idade pode ser desafiador para o pediatra. Na avaliação da pressão arterial utiliza-se os valores de tabela conforme percentil de estatura, a idade e o gênero conforme diretrizes do grupo de Trabalho de Hipertensão em Crianças e Adolescentes NHBPEP (National High Blood Pressure Education Program). A preocupação com déficit de crescimento e nutricional tem implicações no neurodesenvolvimento do pre- maturo. Embora o ganho de peso seja um parâmetro importante e relativamente simples de medir, mudanças no peso não equivalem necessariamente a mudança no padrão de crescimento, e os ganhos proporcionais no crescimento linear e do perímetro cefálico são essenciais para otimizar os resultados do desenvolvimento. O crescimento acelerado é risco para síndrome metabólica, o crescimento lento é risco para atraso do desenvolvimento. A prevenção da falha de crescimento é o ideal. Entretanto, quando ocorre a falha de crescimento, reconheci- mento, identificação de fatores contribuintes e intervenção apropriada são necessários. A identificação da causa de um crescimento vacilante ou da falha de crescimento e deficiência de nutrientes determinará a intervenção mais eficaz. Pode haver necessidade de volumes enterais maiores em algumas situações e a oferta de volumes de 190-200 ml/kg/dia é segura e pode melhorar o estado nutricional geral e também o crescimento do perí- metro cefálico, desde que não tenha a necessidade de restrição hídrica, como no caso de um prematuro com displasia broncopulomar. Em alguns casos, pode ser necessária a suplementação de energia e macronutrientes. Se as necessidades energéticas forem altas e o peso estiver estático, suplementação de 25–35 kcal/kg/dia, que é o custo energé- 3.2 Como podemos monitorar a síndrome metabólica no prematuro? Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático19 3.3 Macronutrientes 3.4 Micronutrientes tico do crescimento, geralmente é suficiente para atingir o crescimento esperado. Na prevenção de déficits nutricionais, os macro e micronutrientes exercem um papel fundamental na qualidade nutricional diária. Macronutrientes referem-se a carboidratos, gorduras e proteínas, enquanto micronutrientes incluem oligoelementos, eletrólitos e vitaminas. As proteínas têm importante papel na estrutura celular e como componentes de enzimas e neurotransmisso- res. Durante os primeiros 6 meses de idade, as recomendações mínimas de proteínas são 0,58 g/kg/dia e de 6 a 36 meses 0,66 g/kg/dia. O leite humano tem mais de 400 proteínas com uma variedade de funções, como antimicrobiana, atividades imunomoduladoras ou estimulação de absorção de nutrientes. A deficiência de proteínas pode levar a déficit no crescimento e atraso no desenvolvimento, já a ingestão exagerada de proteínas induz a ganho de peso mais rápido durante a infância e obesidade no futuro. Os requerimentos de suplementação de micronutrientes são variáveis com a taxa de aleitamento materno, se exclusivo e mais ou menos predominante. Em seguida temos uma lista dos principais micronutrientes: • Ferro Todo recém-nascido prematuro cujo peso de nascimento é de 1000 a 1500 gramas deverá receber 3 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante todo o primeiro ano de vida, de forma profi- lática. Após este período, no mínimo 1 mg/kg/dia de ferro mais um ano, na ausência de anemia. No caso de prematuros com peso inferior a 1000 gramas, a dose preventiva de anemia é 4 mg de ferro elementar/kg/dia, iniciando com 30 dias de vida, durante todo o primeiro ano de vida e, após, mais um ano com prevenção de ferro 1 mg/kg/dia. Importante lembrar que na presença de anemia ferropriva o tratamento é 5 mg/kg/dia de ferro elementar. • Vitamina A Tem papel imunológico, melhora da função visual e auxilia no crescimento e diferenciação do epitélio pulmonar. A dose preconizada pelo ESPGHAN é de 400-1000 mcg/kg/dia (1 mcg = 3,3 UI, ou seja, de 1330-3330 UI/ kg/dia). Caso a dieta não contenha as doses diárias recomendadas, pode ser necessária a suplementação de vitamina A. Exigências nutricionais, com base na necessidade média estimada desse grupo popu- lacional específico, são definidas como o tipo e a quantidade de nutrientes necessários para manter a saúde, o crescimento e o desenvolvimento normais. No entanto, como os prematuros não constituem uma população homogênea, seus requisitos devem ser individualizados com base em sua condição clínica e estágio de desenvolvimento. 20 • Vitamina C Atua como antioxidante e na síntese de colágeno, além de modular a absorção e estoque de ferro. Em prematu- ros a absorção oral de vitamina C é pobre, devido à baixa concentração de sais biliares e de enzimas pancreá- ticas. De acordo com o ESPGHAN, a recomendação varia de 11-46 mg/kg/dia. • Ácido fólico A dose necessária é de 22-100 mcg/kg/dia. A quantidade de ácido fólico aumenta cerca de 10 vezes com a duração da amamentação, atingindo os valores recomendados quando em aleitamento materno. As fórmulas infantis para pré-termo têm uma quantidade superior de folato. A suplementação do prematuro com ácido fólico, além do ofertado pelo leite, ainda é controversa. Entretanto, as necessidades nutricionais mínimas nos primeiros 6 meses são 65 mg/dia e aumentam progressivamente com a idade; tanto que de 12 a 36 meses as necessidades são de 100 mg/dia. • Vitamina D Atua no metabolismo do cálcio e do fósforo, contribuindo para o crescimento e a mineralização óssea. Prematuros constituem um dos grupos de risco para hipovitaminose D, por isso a importância da suplementação. A dose pode variar de 400 a 800 - 1000 UI, mas a recomendação mais aceita tem sido de 800 UI/dia. • Vitamina B12 Nos primeiros 6 meses de vida a necessidade é 0,4 mg/dia; de 6 a 12 meses, varia de 0,5 a 0,8 mg/dia e, após, até 1 mg/dia. • Vitamina E É essencial para a manutenção da estrutura e função do sistema nervoso da retina e do músculo esquelético. A deficiência geralmente é observada precocemente, com cerca de 6 a 8 semanas de vida. Recomenda-se 2,2 a 11 mg/kg/dia. Há necessidade de suplementação em muitos casos, mas não rotineiramente. Foi recomendada a sua administração nos prematuros como prevenção dos efeitos tóxicos do oxigênio, na etiologia da Displasia Broncopulmonar, retinopatia da prematuridade e hemorragia intraventricular. • Zinco A necessidade estimada é de aproximadamente 400 µg/kg para aqueles bebês que nascem com peso entre 1500 g a 2500 g. Necessidades de zinco são maiores quando o peso de nascimento é inferior 1500 g, devido a taxas de crescimento mais rápidas. A recomendação é iniciar com zinco enteral para todo prematuro em alei- tamento materno com 36 semanas de idade corrigida e manter até os 6 meses de idade corrigida. • Cálcio e fósforo A suplementação de cálcio e fósforo é reservada aos prematuros com Doença Metabólica Óssea, não sendo recomendada de rotina. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático21 3.5 Importância do aleitamento materno 3.6 Condutas na impossibilidade do aleitamento materno O leite materno contém muitos componentes bioativos que podem trazer benefíciosà saúde dos prematuros, como: arginina, colina, glutamina, MFGM ou oligossacarídeos, células imunes e níveis variados de bactérias e seus metabólitos. Todos esses componentes desempenham um papel importante no desenvolvimento de um intestino saudável, promovendo uma microbiota intestinal favorável ao desenvolvimento do sistema imu- nológico. A estrutura de oligossacarídeos no leite humano é variável entre as nutrizes, de acordo com fatores genéticos, regiões geográficas, estágios de lactação e com a suplementação probiótica materna durante os estágios finais da gestação. Há um grande número de fatores de crescimento que agem na maturação gastrointestinal presentes no leite materno. O Fator de Crescimento Epidér- mico (EGF) é um desses fatores; promove maturação da mucosa intestinal e auxilia na função de barreira intestinal, tão necessária na criança nascida prematura. A despeito do leite materno ser o padrão ouro nutricional, é fre- quente um ganho ponderal menor nos lactentes prematuros em aleitamento materno exclusivo, apenas suplementado com micronutrientes. O leite ma- terno pode não ser suficiente em todas as necessidades do prematuro, e é aditivado na internação e na fase de crescimento rápido. No seguimento ambulatorial, a prática de aumentar a ingestão de energia dos prematuros amamentados pelo uso preferencial de leite posterior, ou adicionando óleo ou carboidratos ao leite humano sem adição de proteína, está contraindicado, pois promove apenas deposição de gordura, sem ganho adequado de massa magra, do comprimento e do perimetro cefálico. A prematuridade é um fator de risco para falha na prática do aleitamento materno, mesmo com as estratégias para seu incentivo. As razões são múltiplas, e uma das principais é o estresse materno e afastamento dos pri- meiros cuidados ao filho pela permanência na UTI. A produção de leite pode ser suprimida quando as mães sofrem dos vários estresses relacionados ao parto prematuro. Hormônios do estresse são responsáveis por reduzir a lactação e inibir a síntese de prolactina. A falta de estimulação dos mamilos das mães, pelo fato do seu bebê estar doente ou por ser fisicamente imaturo e, por consequência, sem a sucção adequada, compromete o reflexo de descida do leite. Quando há impossibilidade do leite materno ou necessidade de complementar a nutrição, o fornecimento de fórmula infantil enriquecida com nutrientes, após a alta hospitalar, melhora o crescimento. Quando os requisitos de energia são atendidos, a oferta de proteína em torno de 2,5-3 g/100 kcal até cerca de uma idade corrigida de 6 meses parece resultar em maior crescimento com massa corporal magra, ganho adequado de comprimento e de perímetro cefálico. As fórmulas de transição pós-alta podem ser introduzidas desde a maternidade, quando o prematuro atingir 1800 g, para preparo e adaptação para a alta hospitalar. Essa fórmula fornece uma densidade de nutrientes com valores intermediários entre as fórmulas infantis para prematuros internados e fórmulas para lactentes saudáveis, com cerca de 74 kcal/100 ml, 1,8 g de proteína/100 ml e conteúdo variável de minerais, vitaminas e oligoelementos. O tempo de uso ainda carece de futuros estudos para determinar exatamente, mas é possível 22 que nas situações de maior gravidade nutricional, como na displasia broncopulmonar, possa ser mais longo, até 9 meses de vida. Uma das grandes vantagens das fórmulas de transição pós-alta é o crescimento linear, ganho adequado de peso e de mineralização óssea. A recomendação é optar por fórmulas infantis desenvolvidas com o objetivo de se assemelhar à composição e funcionalidade do leite humano. Vale lembrar que a fórmula infantil é vista como uma alternativa para os bebês que não podem ser (totalmente) amamentados, uma vez que a alimentação com leite humano sempre será a meta inigualável para a nutrição e o desenvolvimento infantil. Em torno dos 6 meses de idade corrigida é necessário introduzir alimentos sólidos para atender às necessi- dades nutricionais do lactente para um correto crescimento e desenvolvimento. A alimentação complementar deve ser quantitativa e qualitativamente adequada para cada criança. 3.7 Qualidade da alimentação complementar 3.8 Pontos-chave sobre o manejo nutricional do prematuro pós-alta • O monitoramento do crescimento deve ser contínuo: avaliando peso, comprimento, perímetros cefálico e braquial sistematicamente. • Observar a velocidade de crescimento do prematuro. • Na prevenção de déficits nutricionais, os macro e micronutrientes são necessários na qualidade nutricional diária do prematuro. • O leite materno é o padrão-ouro. Na sua impossibilidade, as fórmulas infantis podem fornecer nutrientes em quantidades adequadas para a faixa etária. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático23 O neurodesenvolvimento de prematuros é muito sensível à nutrição nas primeiras semanas de vida, e esses efeitos são críticos nas fases iniciais da vida e, possivelmente, na vida adulta. O desenvolvimento cerebral e cerebelar é mais afetado pela privação nutricional por volta do nascimento, o que reflete na conectividade si- náptica que ocorre antes do terceiro ano de vida. A nutrição está positivamente associada ao ganho de peso adequado (nem muito, nem pouco), com aumento dos volumes cerebrais e maturação da substância branca na ressonância magnética em idade equivalente ao termo, refletindo no melhor desempenho do neurodesenvolvimento na infância. Portanto, a nutrição ideal como uma ferramenta importante para melhorar resultados do neurodesenvolvimento é um desafio permanente nas consultas de seguimento após a alta dos prematuros. O apoio nutricional deve se concentrar na prevenção da interrupção do fornecimento de nutrientes críticos, avaliação do estado nutricional e correção do déficit que a criança nascida prematura possa estar apresentando, assim que possível. No recém-nascido prematuro, o cérebro é o órgão metabolicamente mais demandante, consumindo uma enor- me quantidade de energia e nutrientes para sua função, programação de crescimento e amadurecimento. Um conceito muito atual é o de neuronutrição, em que cada nutriente tem uma ação especifica no cérebro em desenvolvimento do prematuro. A ingestão de micronutrientes, especialmente ferro, é necessária para o de- senvolvimento ideal do cérebro. No entanto, o momento e a dosagem ade- quada para a maioria dos micronutrientes permanecem indefinidos. Os carboidratos, principalmente a glicose, são a principal fonte de combus- tível para o cérebro. A demanda de energia cerebral é peculiarmente mais elevada para o prematuro logo após seu nascimento, pois os prematuros têm baixos estoques de glicogênio e menor capacidade gliconeogênica. Enquanto o recém-nascido a termo utiliza entre 4 e 8 mg/kg/min de glicose, os prematuros precisam de taxas de infusão de glicose próximas a 12 mg/kg/min para manter a normoglicemia e o crescimento. A ingestão calórica precoce im- pacta não apenas no crescimento, mas também no neurodesenvolvimento. 4. EXPECTATIVAS DO DESENVOLVIMENTO ESPERADO DO PREMATURO 24 NEURONUTRIÇÃO NUTRIENTE IMPACTO ESTRUTURA CEREBRAL Energia e proteína Multiplicação e diferenciação celular, sinaptogênese, fatores de crescimento Córtex, hipocampo, global cerebral Ferro Mielina, síntese de monoaminas, metabolismo glial Substância branca cerebral e hipocampo Zinco Síntese DNA, neurotransmissores Sistema nervoso autônonomo, hipocampo, cerebelo Cobre Neurotransmissores, metabolismo glial, antioxidação Cerebelo LcPUFAS Sinaptogênese Retina, córtex Taurina/Colina Neurotransmissores, metilinização do DNA, mielina Região global, hipocampo e substância branca cerebral Adaptado de Cooke R.W.I. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed 2006; Am J Clin Nutr. 2008 Apr;87(4):921-8 Algumas deficiências nutricionais são críticas ao neurodesenvolvimento: dentre os LcPUFAS, considera-se o Ômega 3 (DHA) responsável pelas interações oligodendríticas edesenvolvimento da retina, e o Ômega 6 (ARA) responsável pela mielinização, sendo importante para a transmissão das sinapses. Um cérebro prematuro está em processo de mielinização, e a deficiência de ácidos graxos agrava o processo. Maior ingestão calórica e proteica em prematuros está associada a uma maior massa livre de gordura (um marcador-chave para o crescimento de órgãos) e melhor resultado de neurodesenvolvimento. Déficits de pro- teína e energia na nutrição de prematuros se associam a outras deficiências nutricionais e também à privação psicossocial. Tais interações impactam no desenvolvimento estrutural do cérebro, interrompendo o neurode- senvolvimento e afetando negativamente o desempenho cognitivo. A vitamina D induz o fator de crescimento nervoso, promove crescimento de neuritos e inibe a apoptose neuro- nal no hipocampo. Assim, uma deficiência durante a fase crítica do neurodesenvolvimento pode causar distúr- bios comportamentais de memória e de aprendizagem mais tarde na vida. Importante reforçar que a qualidade nutricional é o marcador, e não o ganho ponderal satisfatório. Nesse sen- tido, é crescente o consenso pautado em evidências científicas sobre a importância em adotar estratégias para minimizar o risco da disbiose e estimular adequada colonização intestinal por bifidobactérias, de forma a No quadro abaixo podemos ver os mecanismos da neuronutrição e o seu impacto no cérebro. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático25 modular a microbiota intestinal, permitindo que se torne similar àquela dos lactentes em aleitamento materno e agregando qualidades que impactam no cérebro em desenvolvimento. Dessa forma, na impossibilidade do leite materno, o melhor benefício para o desenvolvimento é agregar fórmulas infantis que contenham nutrientes adequados à etapa evolutiva do prematuro. O pediatra deve reforçar para a família que o leite materno é sempre a primeira escolha na alimentação do prematuro, proporcionando melhor desempenho no neurodesenvolvimento. É importante estimular, se possível, que a mãe procure oferecer o leite materno, e o suporte para que possa amamentar o bebê prematuro o maior tempo possível. Como crescimento e desenvolvimento são processos integrados e contínuos, é fundamental monitorar os parâ- metros de crescimento em todas as consultas pediátricas. Durante o primeiro ano de idade corrigida é esperada aceleração da velocidade de crescimento de todos os parâmetros (peso, comprimento e perímetro cefálico), ca- racterizada pela mudança do escore Z nas curvas de referência. O perímetro cefálico (PC) é o primeiro parâme- tro a apresentar recuperação. Se a curva de crescimento não se aproxima dos escores mínimos da normalidade, apresentando achatamento ou padrão descendente, requer investigação. Os casos de crescimento insuficiente ou exagerado do PC nos primeiros meses de vida é um sinal de alerta para atraso do desenvolvimento, mere- cendo atenção redobrada e intervenção. As dificuldades alimentares são cerca de 40% mais prevalentes entre os prematuros, quando comparados aos seus pares nascidos a termo. O conhecimento dos marcos do desenvolvimento críticos para aquisição das habilidades motoras orais auxilia no diagnóstico das dificuldades alimentares ao longo do primeiro ano de vida, à medida que a criança passa de uma dieta à base de líquidos (ou seja, leite humano ou fórmula infantil) para os primeiros alimentos complementares, e depois para alimentos mais complexos. Como as habilidades ne- cessárias para comer com sucesso mudam, os sintomas dos problemas também mudam ao longo do tempo. 4.1 Sintomas de dificuldades alimentares na prematuridade 1º semestre de idade corrigida Sintomas de disfagia ou aspiração, como tosse, engasgos, comprometimento respiratório acompanhado de engasgo. Habilidades alimentares atrasadas, como dificuldade de mastigação. Início de comportamentos de aversão alimentar, como aumento do estresse, choro, irritabilidade ou exigências estritas para o sucesso das refeições. Comportamentos como recusar-se a comer volumes apropriados ou variedades de alimentos apropriadas ao desenvolvimento. Seletividade alimentar mais evidente: choro e “crises de birra” podem ser observadas. 2º semestre de idade corrigida Após o 1º ano Após o 2º ano 26 4.2 Orientações para prevenção de dificuldades alimentares na introdução alimentar 4.3 Pontos-chave do desenvolvimento esperado do prematuro Lembrar que as aquisições neuromotoras são crânio-caudais, e a etapa do desenvolvimento deve ser respeitada na evolução dos volumes de dieta liquida Monitorar os seguintes sinais no prematuro: incapacidade de se alimentar, letargia, alterações de temperatura e manchas/cianose Introdução da alimentação complementar deve ser conforme a idade corrigida para o grau da prematuridade Atentar que normalmente o prematuro entre 3 e 4 meses de idade corrigida é capaz de fazer rolar para 2/3 posterior da língua os alimentos semissólidos colocados no 1/3 anterior da língua. Então, antes dessa fase só pode receber dieta liquida (leite materno ou fórmula apropriada) O reflexo de mastigação estará presente somente entre 5 e 6 meses de idade corrigida. Nesta fase a criança é capaz de controlar o reflexo de abrir a boca para dar entrada à colher e girar a cabeça para os lados. Momento seguro para início da alimentação complementar Postergar início da alimentação complementar quando a criança apresenta extremo baixo peso (menos de 5 kg de peso no momento) Não insistir com grandes volumes alimentares, lembrando que todo o sistema digestivo é imaturo Reforçar os estímulos sensoriais para a criança ter prazer na alimentação Fazer da refeição um momento de interação familiar, eliminando tablets e celulares nesse momento Reforçar com a família a qualidade do nutriente, e não a quantidade • Apoio nutricional deve se concentrar na prevenção da interrupção do fornecimento de nutrien- tes críticos, avaliação do estado nutricional e correção do déficit nutricional de acordo com a etapa evolutiva. • Neuronutrição é um conceito que engloba a qualidade ótima nutricional para adequado neuro- desenvolvimento do prematuro, em que cada nutriente tem sua função específica no cérebro em desenvolvimento. • As dificuldades alimentares são muito prevalentes entre os prematuros e seu reconhecimento é crítico para estratégias de prevenção. • O conhecimento dos marcos do desenvolvimento auxilia no manejo das dificuldades alimenta- res e deve ser respeitado para introdução da alimentação complementar. Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático27 Tabela I. Valor estimado da circunferência abdominal para crianças e adolescentes de origem americana-europeia, conforme sexo. 5. ANEXOS Percentis de circunferência abdominal em amostras nacionalmente representativas de crianças e adolescentes africanos, europeus-americanos e mexicanos-americanos para estabelecimento da suspeita diagnóstica de sindrome metabólica. Ref. original: Fernández JR, Redden DT, Pietrobelli A, Allison DB. Waist circumference percentiles in nationally representative samples of African-American, European-American, and Mexican-American children and adolescents. J Pediatr. 2004 Oct;145(4):439-44. doi: 10.1016/j.jpeds.2004.06.044. Medidas da circunferência abdominal (cm) Fonte : J Pediatr.2004 ;145:439-44 Percentil para meninos Percentil para meninas p10 p25 p50 p75 p90 p10 p25 p50 p75 p90 Idade (anos) 2 42.9 46.9 47.1 48.6 50.6 43.1 45.1 47.4 49.6 52.5 3 44.7 48.8 49.2 51.2 54.0 44.7 46.8 49.3 51.9 55.4 4 46.5 50.6 51.3 53.8 57.4 46.3 48.5 51.2 54.2 58.2 5 48.3 52.5 53.3 56.5 60.8 47.9 50.2 53.1 56.5 61.1 6 50.1 54.3 55.4 59.1 64.2 49.5 51.8 55.0 58.8 64.0 7 51.9 56.2 57.5 61.7 67.6 51.1 53.5 56.9 61.1 66.8 8 53.7 58.1 59.6 64.3 71.0 52.7 55.2 58.8 63.4 69.7 9 55.5 59.9 61.7 67.0 74.3 54.3 56.9 60.7 65.7 72.6 10 57.3 61.8 63.7 69.6 77.7 55.9 58.6 62.5 68.0 75.5 11 59.1 63.6 65.8 72.2 81.157.5 60.2 64.4 70.3 78.3 12 60.9 65.5 67.9 74.9 84.5 59.1 61.9 66.3 72.6 81.2 13 62.7 67.4 70.0 77.5 87.9 60.7 63.6 68.2 74.9 84.1 14 64.5 69.2 72.1 80.1 91.3 62.3 65.3 70.1 77.2 86.9 15 66.3 71.1 74.1 82.8 94.7 63.9 67.0 72.0 79.5 89.8 16 68.1 72.9 76.2 85.4 98.1 65.5 68.6 73.9 81.8 92.7 17 69.9 74.8 78.3 88.0 101.5 67.1 70.3 75.8 84.1 95.5 18 71.7 76.7 80.4 90.6 104.9 68.7 72.0 77.7 86.4 98.4 28 Tabela II. Valor estimado da circunferência abdominal para crianças e adolescentes de origem afro-americana, conforme sexo. Medidas da circunferência abdominal (cm) Fonte : J Pediatr.2004;145:439-44 Percentil para meninos Percentil para meninas p10 p25 p50 p75 p90 p10 p25 p50 p75 p90 Idade (anos) 2 43.2 44.6 46.4 48.5 50.0 43.0 44.6 46.0 47.7 50.1 3 44.8 46.3 48.3 50.7 53.2 44.6 46.3 48.1 50.6 53.8 4 46.3 48.0 50.1 52.9 56.4 46.1 48.0 50.2 53.4 57.5 5 47.9 49.7 52.0 55.1 59.6 47.7 49.7 52.3 56.2 61.1 6 49.4 51.4 53.9 57.3 62.8 49.2 51.4 54.5 59.0 64.8 7 51.0 53.1 55.7 59.5 66.1 50.8 53.2 56.6 61.8 68.5 8 52.5 54.8 57.6 61.7 69.3 52.4 54.9 58.7 64.7 72.2 9 54.1 56.4 59.4 63.9 72.5 53.9 56.6 60.9 67.5 75.8 10 55.6 58.1 61.3 66.1 75.7 55.5 58.3 63.0 70.3 79.5 11 57.2 59.8 63.2 68.3 78.9 57.0 60.0 65.1 73.1 83.2 12 58.7 61.5 65.0 70.5 82.1 58.6 61.7 67.3 75.9 86.9 13 60.3 63.2 66.9 72.7 85.3 60.2 63.4 69.4 78.8 90.5 14 61.8 64.9 68.7 74.9 88.5 61.7 65.1 71.5 81.6 94.2 15 63.4 66.6 70.6 77.1 91.7 63.3 66.8 73.6 84.4 97.9 16 64.9 68.3 72.5 79.3 94.9 64.8 68.5 75.8 87.2 101.6 17 66.5 70.0 74.3 81.5 98.2 66.4 70.3 77.9 90.0 105.2 18 68.0 71.7 76.2 83.7 101.4 68.0 72.0 80.0 92.9 108.9 Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático29 Tabela III. Valor estimado da circunferência abdominal para crianças e adolescentes de origem mexicano-americana, conforme sexo. Medidas da circunferência abdominal (cm) Fonte : J Pediatr.2004;145:439-44 Percentil para meninos Percentil para meninas p10 p25 p50 p75 p90 p10 p25 p50 p75 p90 Idade (anos) 2 44.4 45.6 47.6 49.8 53.2 44.5 45.7 48.0 50.0 53.5 3 46.1 47.5 49.8 52.5 56.7 46.0 47.4 50.1 52.6 56.7 4 47.8 49.4 52.0 55.3 60.2 47.5 49.2 52.2 55.2 59.9 5 49.5 51.3 54.2 58.0 63.6 49.0 51.0 54.2 57.8 63.0 6 51.2 53.2 56.3 60.7 67.1 50.5 52.7 56.3 60.4 66.2 7 52.9 55.1 58.5 63.4 70.6 52.0 54.5 58.4 63.0 69.4 8 54.6 57.0 60.7 66.2 74.1 53.5 56.3 60.4 65.6 72.6 9 56.3 58.9 62.9 68.9 77.6 55.0 58.0 62.5 68.2 75.8 10 58.0 60.8 65.1 71.6 81.0 56.5 59.8 64.6 70.8 78.9 11 59.7 62.7 67.2 74.4 84.5 58.1 61.6 66.6 73.4 82.1 12 61.4 64.6 69.4 77.1 88.0 59.6 63.4 68.7 76.0 85.3 13 63.1 66.5 71.6 79.8 91.5 61.1 65.1 70.8 78.6 88.5 14 64.8 68.4 73.8 82.6 95.0 62.6 66.9 72.9 81.2 91.7 15 66.5 70.3 76.0 85.3 98.4 64.1 68.7 74.9 83.8 94.8 16 68.2 72.2 78.1 88.0 101.9 65.6 70.4 77.0 86.4 98.0 17 69.9 74.1 80.3 90.7 105.4 67.1 72.2 79.1 89.0 101.2 18 71.6 76.0 82.5 93.5 108.9 68.6 74.0 81.1 91.6 104.4 30 Tabela IV. Valor estimado para todas as crianças e adolescentes de etnias combinadas, conforme sexo. Medidas da circunferência abdominal (cm) Fonte : J Pediatr.2004;145:439-44 Percentil para meninos Percentil para meninas p10 p25 p50 p75 p90 p10 p25 p50 p75 p90 Idade (anos) 2 43.2 45.0 47.1 48.8 50.8 43.8 45.0 47.1 49.5 52.2 3 44.9 46.9 49.1 51.3 54.2 45.4 46.7 49.1 51.9 55.3 4 46.6 48.7 51.1 53.9 57.6 46.9 48.4 51.1 54.3 58.3 5 48.4 50.6 53.2 56.4 61.0 48.5 50.1 53.0 56.7 61.4 6 50.1 52.4 55.2 59.0 64.4 50.1 51.8 55.0 59.1 64.4 7 51.8 54.3 57.2 61.5 67.8 51.6 53.5 56.9 61.5 67.5 8 53.5 56.1 59.3 64.1 71.2 53.2 55.2 58.9 63.9 70.5 9 55.3 58.0 61.3 66.6 74.6 54.8 56.9 60.8 66.3 73.6 10 57.0 59.8 63.3 69.2 78.0 56.3 58.6 62.8 68.7 76.6 11 58.7 61.7 65.4 71.7 81.4 57.9 60.3 64.8 71.1 79.7 12 60.5 63.5 67.4 74.3 84.8 59.5 62.0 66.7 73.5 82.7 13 62.2 65.4 69.5 76.8 88.2 61.0 63.7 68.7 75.9 85.8 14 63.9 67.2 71.5 79.4 91.6 62.6 65.4 70.6 78.3 88.8 15 65.6 69.1 73.5 81.9 95.0 64.2 67.1 72.6 80.7 91.9 16 67.4 70.9 75.6 84.5 98.4 65.7 68.8 74.6 83.1 94.9 17 69.1 72.8 77.6 87.0 101.8 67.3 70.5 76.5 85.5 98.0 18 70.8 74.6 79.6 89.6 105.2 68.9 72.2 78.5 87.9 101.0 Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático31 Curva de crescimento para prematuros – Fenton MENINAS 32 60 55 Com prim ento Perím etro c efálic o Pe so 50 45 40 35 30 P es o (k g) C en tím et ro s C en tím et ro s P es o (k g) 25 20 15 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 55 50 45 40 6.5 6 5.5 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 022 Data: 60 Idade gestacional (semanas) 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 97% 90% 50% 10% 3% 97% 90% 50% 10% 3% 97% 90% 50% 10% 3% As curvas se igualam à curva de crescimento padrão da OMS com 50 semanas. Fontes: Porção intrauterina - Alemanha (Voight 2010), Estados unidos (Olsen 2010), Austrália (Roberts 1999), Canadá (Kramer 2001), Escócia (Bonelli 2008) e Itália (Bertino 2010), Porção pós-termo - Padrão de Crescimento da Organização Mundial da Saúde, 2006. Curva de crescimento para prematuros – Fenton MENINOS Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático33 60 55 Com prim ento Perím etro c efálic o Pe so 50 45 40 35 30 P es o (k g) C en tím et ro s C en tím et ro s P es o (k g) 25 20 15 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 55 50 45 40 6.5 6 5.5 5 4.5 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 022 Data: 60 Idade gestacional (semanas) 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 97% 90% 50% 10% 3% 97% 90% 50% 10% 3% 97% 90% 50% 10% 3% As curvas se igualam à curva de crescimento padrão da OMS com 50 semanas. Fontes: Porção intrauterina - Alemanha (Voight 2010), Estados unidos (Olsen 2010), Austrália (Roberts 1999), Canadá (Kramer 2001), Escócia (Bonelli 2008) e Itália (Bertino 2010), Porção pós-termo - Padrão de Crescimento da Organização Mundial da Saúde, 2006. Curva de crescimento para prematuros – Intergrowth MENINAS 0.0 0.4 0.8 1.2 1.6 2.0 2.4 2.8 3.2 3.6 4.0 4.4 4.8 5.2 5.6 6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0 10.4 0.2 0.6 1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6 5.0 5.4 5.8 6.2 6.6 7.0 7.4 7.8 10.8 10.6 11.0 8.2 8.6 9.0 9.4 9.8 10.2 Pe so ( kg ) Ref: Villar et al Lancet Glob Heath 2015;3:e681-91. © University of Oxford 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Semanas Pe so ( kg ) 0.0 0.4 0.8 1.2 1.6 2.0 2.4 2.8 3.2 3.6 4.0 4.4 4.8 5.2 5.6 6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0 10.4 0.2 0.6 1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6 5.0 5.4 5.8 6.2 6.6 7.0 7.4 7.8 8.2 8.6 9.0 9.4 9.8 10.2 10.8 10.6 11.0 -3 -2 3 2 1 -1 0 34 Curva de crescimento para prematuros – Intergrowth MENINAS C o m p ri m en to ( cm ) 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 20 19 18 28 30 32 34 36 38 40 42 60 62 64 66 68 70 72 74 48 50 52 44 46 54 56 58 27 29 31 33 35 37 24 26 25 39 41 59 61 63 65 67 69 71 73 75 47 49 51 43 45 53 55 57 42 60 62 64 66 68 70 72 74 48 50 52 44 46 54 56 58 59 61 63 65 67 69 71 73 75 47 49 51 43 45 53 55 57 Pe rí m et ro c ef ál ic o ( cm ) C o m p ri m en to ( cm ) Pe rí m et ro c ef ál ic o ( cm ) Ref: Villar et al Lancet Glob Heath 2015;3:e681-91. © University of Oxford 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Semanas 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 20 19 18 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 4141 42 43 44 45 46 47 48 -3 3 2 1 -1 -2 0 -3 -2 3 2 1 -1 0 Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático35 Curva de crescimento para prematuros – Intergrowth MENINOS 0.0 0.4 0.8 1.21.6 2.0 2.4 2.8 3.2 3.6 4.0 4.4 4.8 5.2 5.6 6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0 10.4 0.2 0.6 1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6 5.0 5.4 5.8 6.2 6.6 7.0 7.4 7.8 10.8 11.2 11.6 10.6 11.0 11.4 11.8 8.2 8.6 9.0 9.4 9.8 10.2 Pe so ( kg ) Ref: Villar et al Lancet Glob Heath 2015;3:e681-91. © University of Oxford 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Semanas Pe so ( kg ) 0.0 0.4 0.8 1.2 1.6 2.0 2.4 2.8 3.2 3.6 4.0 4.4 4.8 5.2 5.6 6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0 10.4 0.2 0.6 1.0 1.4 1.8 2.2 2.6 3.0 3.4 3.8 4.2 4.6 5.0 5.4 5.8 6.2 6.6 7.0 7.4 7.8 8.2 8.6 9.0 9.4 9.8 10.2 10.8 11.2 11.6 10.6 11.0 11.4 11.8 -3 -2 3 2 1 -1 0 36 Curva de crescimento para prematuros – Intergrowth MENINOS C o m p ri m en to ( cm ) 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 20 19 18 28 30 32 34 36 38 40 42 60 62 64 66 68 70 72 74 48 50 52 44 46 54 56 58 27 29 31 33 35 37 24 26 25 39 41 59 61 63 65 67 69 71 73 75 47 49 51 43 45 53 55 57 42 60 62 64 66 68 70 72 74 48 50 52 44 46 54 56 58 59 61 63 65 67 69 71 73 75 47 49 51 43 45 53 55 57 Pe rí m et ro c ef ál ic o ( cm ) C o m p ri m en to ( cm ) Pe rí m et ro c ef ál ic o ( cm ) Ref: Villar et al Lancet Glob Heath 2015;3:e681-91. © University of Oxford 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 2827 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 Semanas 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 20 19 18 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 4141 42 43 44 45 46 47 48 -3 3 2 1 -1 -2 0 -3 -2 3 2 1 -1 0 Manejo Nutricional do Prematuro - Guia Prático37 Introdução 1. Koletzko B, Cheah F-C, Domellöf M, Poindexter BB, Vain N, van Goudoever JB (eds): Nutritional Care of Preterm Infants. Scientific Basis and Practical Guidelines. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2021. 2. Embleton, N D. “Fifteen-minute consultation: ABCDE approach to nutritional assessment in preterm infants” 2021 Embleton ND. Arch Dis Child Educ Pract Ed 2021;0:1–6. 3. McCormick MC, Litt JS, Smith VC, Zupancic JA. Prematurity: an overview and public health implications. Annu Rev Public Health. 2011;32:367–79. 4. Chawanpaiboon, Saifon, et al. “Global, regional, and national estimates of levels of preterm birth in 2014: a systematic review and modelling analysis.” The Lancet Global Health 7.1 (2019): e37-e46. 5. March of DIMES, PMNCH, Save the Children, WHO. 2012. Born too soon: the global action report on preterm birth. In: HOWSON, C., KINNEY, M. & LAWN, J. (eds.). Geneva: World Health Organization. 6. Leal, Maria do Carmo, et al. “Prevalence and risk factors related to preterm birth in Brazil.” Reproductive health 13.3 (2016): 163-174. Preparo para a alta hospitalar do prematuro Acompanhamento ambulatorial do crescimento do prematuro Manejo nutricional do prematuro pós-alta 1. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Nutritional needs of preterm infants. In: Kleinman RE, Greer FR, editors. Pediatric nutrition handbook. 8th ed. Itasca: American Academy of Pediatrics; 2020. 2. Cerdó T, Diéguez E, Campoy C. Infant growth, neurodevelopment and gut microbiota during infancy: which nutrients are crucial? Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2019 Nov;22(6):434-441. 3. Salminen S, Stahl B, Vinderola G, Szajewska H. Infant Formula Supplemented with Biotics: Current Knowledge and Future Perspectives. Nutrients. 2020; 12(7):1952. 4. Koletzko B, Cheah F-C, Domellöf M, Poindexter BB, Vain N, van Goudoever JB (eds): Nutritional Care of Preterm Infants. Scientific Basis and Practical Guidelines. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2021, vol 122, pp 191–197. Expectativas do desenvolvimento esperado do prematuro 1. Silveira RC. Nutrição do pré-termo de muito baixo peso: aspectos gerais e no primeiro ano de vida. In: SILVEIRA RC (ORG). Seguimento Ambulatorial do Pre- maturo de Risco. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Neonatologia. 2012. p 30-34. Disponível em: em http://www.sbp.com.br/pdfs/ Seguimento_prematuro_ok.pdf. 2. Koletzko B, Cheah F-C, Domellöf M, Poindexter BB, Vain N, van Goudoever JB (eds): Nutritional Care of Preterm Infants. Scientific Basis and Practical Guidelines. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2021, vol 122, pp 46–59 (DOI: 10.1159/000514740). 3. Skinner AM, Narchi H. Preterm nutrition, and neurodevelopmental outcomes. World J Methodol. 2021 Nov 20;11(6):278-293. 4. Pados, B.F., Hill, R.R., Yamasaki, J.T. et al. Prevalence of problematic feeding in young children born prematurely: a meta-analysis. BMC Pediatr 21, 110 (2021). 6. REFERÊNCIAS 38 1. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Nutritional needs of preterm infants. In: Kleinman RE, Greer FR, editors. Pediatric nutrition handbook. 8th ed. Itasca: American Academy of Pediatrics; 2020. 2. Koletzko B, Cheah F-C, Domellöf M, Poindexter BB, Vain N, van Goudoever JB (eds): Nutritional Care of Preterm Infants. Scientific Basis and Practical Guidelines. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2021, vol 122, pp 5-339. 3. Manual da Sociedade Brasileira de Pediatria: seguimento do prematuro de risco. Available: www.sbp.com.br/documentos cientificos/manuais. 4. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Monitoramento do crescimento de RN pré-termos. Departamento Científico de Neonatologia. Disponível em: https://www. sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Neonatologia-Monitoramento-do-cresc-do-RN-pt-270117.pdf. 5. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. Nutrologia pediátrica: temas da atualidade em nutrologia pediátrica – 2021. São Paulo: SBP; 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_atualidades_em_Nutrologia_2021_-_SBP_SITE.pdf. 6. Tratado de Pediatria/organização Sociedade Brasileira de Pediatria – 5.ed.-Barueri{SP}:Manole, 2022. pp 829-847. 1. American Academy of Pediatrics Committee on Nutrition. Nutritional needs of preterm infants. In: Kleinman RE, Greer FR, editors. Pediatric nutrition handbook. 8th ed. Itasca: American Academy of Pediatrics; 2020. 2. Koletzko B, Cheah F-C, Domellöf M, Poindexter BB, Vain N, van Goudoever JB (eds): Nutritional Care of Preterm Infants. Scientific Basis and Practical Guidelines. World Rev Nutr Diet. Basel, Karger, 2021, vol 122, pp 5- 339. 3. Manual da Sociedade Brasileira de Pediatria: seguimento do prematuro de risco. Available: www.sbp.com.br/documentos cientificos/manuais. 4. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Monitoramento do crescimento de RN pré-termos. Departamento Científico de Neonatologia. Disponível em: https://www. sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/03/Neonatologia-Monitoramento-do-cresc-do-RN-pt-270117.pdf. 5. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. Nutrologia pediátrica: temas da atualidade em nutrologia pediátrica – 2021. São Paulo: SBP; 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_atualidades_em_Nutrologia_2021_-_SBP_SITE.pdf. 6. Tratado de Pediatria/organização Sociedade Brasileira de Pediatria – 5.ed.-Barueri{SP}:Manole, 2022. pp 829-847. IM A G EN S IL U ST RA TI VA S. J U N H O /2 0 22 . O leite materno é o melhor alimento para os lactentes e até o 6° mês deve ser oferecido como fonte ex- clusiva de alimentação, podendo ser mantido até os dois anos de idade ou mais. As gestantes e nutrizes também precisam ser orientadas sobre a importância de ingerirem uma dieta equilibrada com todos os nutrientes e da importância do aleitamento materno até os dois anos de idade ou mais. As mães
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