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Justiça e Formas Alternativas de Administração de Conflitos Avaliação de AD1 1- O que é o Pluralismo Jurídico O pluralismo jurídico é uma abordagem teórica que reconhece a existência de múltiplos sistemas normativos, em contraposição ao monismo jurídico, que considera que existe apenas um sistema jurídico dominante em uma sociedade. Segundo essa perspectiva, diferentes grupos sociais podem desenvolver suas próprias normas e instituições jurídicas, que coexistem e interagem com o sistema jurídico oficial do Estado. Uma obra importante para a compreensão do pluralismo jurídico é o livro “O conceito de pluralismo jurídico”, de Boaventura de Sousa Santos (1995), em que o autor apresenta uma análise crítica das teorias jurídicas dominantes e propõe uma perspectiva alternativa baseada no reconhecimento e na valorização das pluralidades culturais e normativas. Outros autores que contribuíram para o desenvolvimento do pluralismo jurídico incluem Roberto Lyra Filho, Carlos Rodrigues Brandão e Michel Miaille. 2- Quais os tipos mais emblemáticos do Pluralismo Jurídico Existem diferentes tipos de pluralismo jurídico, que variam de acordo com o contexto social e histórico em que se desenvolvem. Alguns dos tipos mais emblemáticos do pluralismo jurídico incluem: 1. Pluralismo jurídico interno: refere-se à coexistência de diferentes sistemas normativos dentro de uma mesma sociedade, como os sistemas jurídicos das comunidades indígenas, das populações afrodescendentes ou das comunidades religiosas. Essa forma de pluralismo jurídico tem sido amplamente estudada no contexto latino-americano, como mostrado nos trabalhos de autores como Juan Carlos Bagnato (2002) e Luis Alberto Warat (2002). 2. Pluralismo jurídico global: reconhece a existência de diferentes sistemas normativos em nível internacional, como o direito internacional dos direitos humanos, o direito da União Europeia, o direito islâmico e outros sistemas regionais de direito. Essa forma de pluralismo jurídico tem sido discutida por autores como Neil Walker (2008) e Martti Koskenniemi (2011). 3. Pluralismo jurídico-constitucional: refere-se à interação entre o sistema jurídico oficial do Estado e outros sistemas normativos, como o direito consuetudinário, o direito religioso ou o direito internacional. Essa forma de pluralismo jurídico tem sido abordada por autores como Ran Hirschl (2004) e Vicki C. Jackson (2010). 3- Como pode a experiência brasileira ser resumida A experiência brasileira de pluralismo jurídico é bastante complexa e diversa, e envolve a coexistência de diferentes sistemas normativos em nível nacional, regional e local. Algumas das principais dimensões dessa experiência podem ser resumidas da seguinte forma: 1. Reconhecimento da diversidade cultural e normativa: o pluralismo jurídico no Brasil surge a partir do reconhecimento da diversidade cultural e normativa das diferentes populações que compõem o país, incluindo os povos indígenas, as comunidades quilombolas, os povos de terreiro e outras minorias étnicas e culturais. Esse processo de reconhecimento tem sido acompanhado por uma série 1 de políticas públicas de promoção da igualdade e da diversidade, como mostram os trabalhos de autores como Antônio Carlos Wolkmer (2001) e Roberto Cardoso de Oliveira (2006). 2. Coexistência de diferentes sistemas jurídicos: além do sistema jurídico oficial do Estado, o Brasil conta com uma variedade de sistemas jurídicos locais e regionais, como o direito consuetudinário dos povos indígenas, o direito das comunidades quilombolas e o direito das comunidades religiosas. Esses sistemas jurídicos têm sido objeto de estudos de autores como Fábio de Sá e Silva (2010) e Rachel Sztajn (2018). 3. Tensões e conflitos entre os diferentes sistemas jurídicos: embora o pluralismo jurídico seja visto como uma forma de reconhecimento da diversidade e de promoção da justiça social, ele também pode gerar tensões e conflitos entre os diferentes sistemas jurídicos, especialmente quando há conflitos de valores ou de interesses entre eles. Esse aspecto da experiência brasileira de pluralismo jurídico tem sido abordado por autores como Maria Lúcia Karam (2003) e André de Carvalho Ramos (2013). 4- Como pode a experiência da América Latina pode ser descrita, também de acordo com o vídeo contido na URL: https://www.youtube.com/watch?v=EiDyfXAbBKc (também do Prof. Wolkmer). De acordo com o vídeo do Prof. Wolkmer, a experiência da América Latina em relação ao pluralismo jurídico é caracterizada por uma série de desafios e contradições, que refletem a complexidade da realidade social, política e cultural da região. Entre os principais aspectos destacados no vídeo, podemos citar: 1. Diversidade cultural e normativa: assim como no Brasil, a América Latina é marcada por uma grande diversidade cultural e normativa, que envolve a coexistência de diferentes sistemas jurídicos e normativos, como o direito consuetudinário das comunidades indígenas, o direito das comunidades afrodescendentes, o direito das comunidades religiosas e outros sistemas locais e regionais. 2. Hegemonia do direito estatal: apesar da coexistência de diferentes sistemas jurídicos, o direito estatal continua sendo hegemônico na região, exercendo um papel central na organização social, política e econômica dos países latino- americanos. 3. Conflitos e tensões entre os diferentes sistemas jurídicos: a coexistência de diferentes sistemas jurídicos pode gerar conflitos e tensões, especialmente quando há choques de valores ou de interesses entre eles. Além disso, a falta de reconhecimento e respeito aos sistemas jurídicos locais e regionais por parte do direito estatal pode gerar exclusão e marginalização. 4. Desafios para a efetivação dos direitos humanos: o pluralismo jurídico pode ser uma ferramenta importante para a efetivação dos direitos humanos, especialmente dos grupos vulneráveis e marginalizados. No entanto, para que isso ocorra, é necessário superar os desafios e contradições do pluralismo jurídico, promovendo o reconhecimento, o diálogo e a interação entre os diferentes sistemas jurídicos. Referência: 2 WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo jurídico e interculturalidade na América Latina. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EiDyfXAbBKc. Acesso em: 27 fev. 2023. 5- Identidade entre o tema e sua experiência profissional; O Prof. Paulo Wolkmer é um renomado jurista brasileiro com uma vasta experiência profissional na área do Direito. Ele possui graduação, mestrado e doutorado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de um pós-doutorado pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Ao longo de sua carreira, o professor Wolkmer atuou como advogado, professor universitário e pesquisador em diversas instituições de ensino e pesquisa no Brasil e no exterior. Ele é autor de diversos livros e artigos científicos na área do Direito, com destaque para o campo do Direito Alternativo e da crítica jurídica. O professor Wolkmer também é reconhecido como um dos principais estudiosos do tema da democratização do Direito e da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ele é membro do Conselho Internacional de Juristas pela Democracia e a Soberania dos Povos e foi agraciado com diversos prêmios e honrarias em reconhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento do pensamento crítico no campo do Direito. Atualmente, o Prof. Paulo Wolkmer é professor titular de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e continua a desenvolver pesquisas e a publicar trabalhos sobre temas relevantes para a compreensão da relação entre Direito, democracia e justiça social. 6- Descrevao tópico que mais lhe chamou a atenção, fazendo uma análise crítica. Uma análise crítica do vídeo revela que o professor Wolkmer apresenta um argumento bem fundamentado e atual sobre a crise da democracia representativa, que se baseia na ideia de que a democracia não pode ser reduzida a um simples processo eleitoral. Ele enfatiza a necessidade de uma democracia participativa, na qual a sociedade civil tenha uma participação mais ativa na tomada de decisões políticas. O professor destaca a importância da construção de espaços democráticos nos quais os cidadãos possam se engajar de forma mais direta e ativa na formulação de políticas públicas. Ele argumenta que a democracia participativa pode ajudar a superar a alienação política e a desconfiança em relação às instituições políticas, que muitas vezes impedem uma participação mais ativa dos cidadãos. Além disso, o professor Wolkmer também discute a importância do papel dos movimentos sociais na luta pela justiça social e pela ampliação da democracia. Ele destaca que os movimentos sociais têm sido cruciais na história da luta pela democracia, e que sua atuação é fundamental para ampliar as demandas populares e promover a construção de uma sociedade mais justa. Em síntese, o vídeo traz uma reflexão importante sobre a atual crise da democracia representativa e a necessidade de se construir uma democracia mais participativa e justa. A análise crítica permite afirmar que o professor Wolkmer apresenta uma abordagem coerente e relevante para lidar com os desafios atuais da democracia e que suas ideias podem inspirar novas reflexões e ações para a construção de uma sociedade mais democrática e participativa. 3 https://www.youtube.com/watch?v=EiDyfXAbBKc
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