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CADERNO DE PESQUISAS MAÇÔNICAS Copyright – 2019 – da Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore – Brasil – nº45 Editado para uso Maçônico 1ª Edição Londrina 2019 Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 “A Maçonaria apenas mostra o caminho. Ela representa um meio. O fim é o próprio Irmão. Se o Irmão não achar a Verdade em si próprio, ninguém a achará por ele. Se o maçom for pequeno espiritualmente, nem usando avental bordado a ouro, fará dele um verdadeiro maçom.” Hercule Spoladore Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 Diretoria (2017- 2019) Duncan de Armando ZancanelLa VENERÁVEL MESTRE (WORSHIPFUL MASTER) Hilton Hideki Hirabara PRIMEIRO VIGILANTE (SENIOR WARDEN) Antônio Nechar Junior SEGUNDO VIGILANTE (JUNIOR WARDEN) Bruno Saldanha Baldocchi SECRETÁRIO (SECRETARY) Eduardo Ogleari TESOUREIRO (TREASURER) Luiz Claudio Depes Eiras PRIMEIRO DIÁCONO (SENIOR DEACON) Eduardo Gonçalves SEGUNDO DIÁCONO (JUNIOR DEACON) Sidney Antônio Bertho CAPELÃO (CHAPLAIN) Rogério Marques da Silva ORGANISTA (ORGANIST) Antônio Aparecido de Hercules COBRIDOR (TILER) Francisco de Sales Bondioli MORDOMOS E HOSPITALEIRO (STEWARDS and SMOLER) Francisco Vicente Fachinelli (in memorian) PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF CEREMONIES) Edson Luiz Henriques PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF CEREMONIES) Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 A LOJA QUE NASCEU PARA BRILHAR Fundada naquele distante 15 de março de 1.975, fruto do desejo de alguns maçons que desejavam uma Loja que fosse capaz de avançar no estudo da Maçonaria, fugindo da maneira das Lojas tradicionais, sempre envolvidas em sessões arrastadas com pouca instrução. Foi este pensamento que fez surgir a Loja de Pesquisas Brasil, que acaba de completa 44 anos de vida profícua, espargindo conhecimento e cultura maçônica. Pensou-se homenagear um membro da Loja, que representasse todos os demais fundadores, não que fosse o mais importante ou laborioso que os demais, mas por sua luta constante por longos anos. Viu-se a figura do irmão Hercule Spoladore, o único fundador ainda ativo e atuante. Os membros da Loja pensaram então em homenageá-lo pelos seus cinquenta e sete anos na Ordem, como forma de agradecimento pelo muito que nos ensinou. Mas que tipo de homenagem poderíamos fazer para este notável maçom ? Veio a ideia de dar seu nome como patrono da Loja de Pesquisa Maçônicas Brasil. Apresentada a proposta, foi aprovada por unanimidade e com aplauso de todos, que na hora decidiram que nossa Oficina passaria a se chamar Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore-Brasil. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 Manteve-se “Brasil”, para conservar viva a memória de seus fundadores que escolheram este nome. Começou então os preparativos da festa, comandado pelo VM Duncan de Armando Zancanella e sua diretoria. Tudo foi pensado em suas minúcias para que tivéssemos uma festa à altura do Mestre Hercule Spoladore. Numa sessão memorável com a presença de duzentas pessoas entre convidados e maçons, além de toda a família Spoladore, os presentes viveram uma noite de alegria no mais fraternal encontro maçônico. Presentes estavam o Grão Mestre do GOP, o sereníssimo irmão Rubens Martins Jr. e seu adjunto, Christian Flores, que deram desde o início, todo apoio para que esta homenagem acontecesse. Se fez presente também o irmão Jonas Adalberto Pereira, representante do Grão Mestre da Gran Logia Simbolica del Paraguay, o Sereníssimo Edgar Caballero Sanchez. M∴M∴ Laurindo Roberto Gutierrez Texto também publicado na Revista “A Trolha” (Mês 06/2019) Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 APRESENTAÇÃO DA OBRA Durante o Período de 2017-2019, muitas conquistas forma alcançadas por essa Augusta e Respeitável Loja, além disso sua diretoria nesse período provou-se realmente empenhada em manter alguns conceitos e costumes maçônicos que doravante tinham sido esquecidos pelo tempo e pela mudança tecnológica que vivemos nestes momentos atuais. Durante todos esse período (2017-2019), 89 palestras foram proferidas, sendo elas 19 em Loja e 70 em outras lojas de todas as potências regulares. (GOP, GOB e GLP). Esse livro além de ser também uma retomada em um dos costumes da Loja, também vem fechar esse ciclo de mudanças e retomadas. Para os irmãos que buscam ler ou apresentar Trabalhos em Lojas, essa Coleção de textos de nossa Loja busca trazer muitos subsídios importantes para tal. Existem trabalhos mais curtos e outros mais extensos, que podem ser apresentados na integra ou parcialmente, os leitores mais ávidos podem devorá-los e pesquisar mais sobre o tema outros podem assimila-los e/ou mesmo utiliza-los como referência, para seus trabalhos e pranchas futuras. Essa é contribuição, bom acho que mais uma contribuição que nossa Loja de Pesquisas, faz para a propaganda e Cultura Maçônica, cumprindo assim sua Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 finalidade, além de abrir espaço a novos autores que estão iniciando e desbravando esse caminho que é a formação de desenvolvimento do saber Maçônico. O Irmão leitor verá que todos os textos tem conteúdo que são fontes de informação com relação a realidade atual do Maçom e sua visão de mundo, um retrato do momento de seu lapidar da pedra, burilando seu interior e reproduzindo, ou melhor, mostrando aos irmãos quais sua evolução neste trabalho árduo de caminhada. Os Editores Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 SUMÁRIO A INICIAÇÃO ........................................................................ 10 DESCANSO PARA O PEDREIRO ............................................ 13 IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA ..................................... 17 O CÉU NÃO PODE ESPERAR ................................................. 20 VISITAÇÃO MAÇÔNICA ........................................................ 23 A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS DOS TEMPOS ......... 25 POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS EM LOJA DO REAA .............................................................................................. 49 VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA ..................... 53 AXIOMAS E SOFISMAS NA MAÇONARIA ............................. 67 COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS CALENDÁRIOS NA MAÇONARIA BRASILEIRA ................................................... 73 FICÇÃO OU VERDADE? ESPECULAÇÕES.............................. 89 DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B ............................ 101 PRÍNCIPE DOS POETAS PARANAENSES ............................ 114 O CADÁVER ........................................................................ 125 CAGLIOSTRO, OU JOSÉ BÁLSAMO – MAÇONARIA MÁGICA ............................................................................................ 137 AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA, O COMUNISMO E A MAÇONARIA PARANAENSE NA DÉCADA DE 30 (1930).. 142 MAÇONARIA ADONHIRAMITA .......................................... 157 Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 A PRANCHETA .................................................................... 169 MAÇONARIA E PROCEDIMENTOS MÁGICOS ....................179 MAÇONARIA, PASSADO, PRESENTE E FUTURO................ 194 LIVRE PENSADOR MAÇÔNICO ........................................... 217 LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A RESPEITO... ............ 222 JOSÉ BONIFÁCIO E O APOSTOLADO, OU A NOBRE ORDEM DOS CAVALEIROS DE SANTA CRUZ ................................... 230 ADOÇÃO DE LOWTONS E O CULTO DE MITRA (MITRAISMO) ............................................................................................ 245 PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA MAÇONARIA ............ 251 A ESTRELA FLAMEJANTE .................................................. 257 PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM DO RITO RASILEIRO .......................................................................... 260 RENÉ DESCARTES E SUA FILOSOFIA ................................ 265 TEMPLO MAÇÔNICO SIMBOLISMO DOS ORNAMENTOS DO TEMPLO NO RITO BRASILEIRO (COMAB) ........................ 270 TEOSOFIA O QUE É? ........................................................... 276 A CERIMÔNIA DAS LUZES MISTICAS DO RITO BRASILEIRO ............................................................................................ 279 A CORAGEM ........................................................................ 283 UM LIDER ABOLICIONISTA ............................................... 288 A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS “J” E “B” NO RITO BRASILEIRO (COMAB) ....................................................... 292 Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 AS QUATRO BORLAS NO PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ 295 AS TRÊS VERTENTES DA MAÇÔNARIA ............................. 301 ESCURIDÃO E A LUZ........................................................... 309 O AVENTAL......................................................................... 312 AS TRÊS VIAGENS INICIÁTICAS......................................... 316 E A ....................................................................................... 316 PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS ................................... 316 LAPIDAÇÃO DA PEDRA BRUTA EM PEDRA CÚBICA ......... 348 É PARA A FRENTE QUE SE ANDA ...................................... 404 ESPADA FLAMÍGERA OU ESPADA FLAMEJANTE? ............ 407 HERMES TRISMEGISTO – UMA COLUNA MAÇÔNICA ....... 413 A INFLUÊNCIA DA CULTURA JUDÁICA E GRECO-ROMANA, NA FILOSOFIA DO RITO ESCOCÊS ..................................... 472 OS GRAUS SIMBÓLICOS NA MAÇONARIA ......................... 481 Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 10 A INICIAÇÃO Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez “Ser maçom, não é direito; é recompensa” A iniciação maçônica é um ato definitivo, na vida de um profano prestes a ser tornar maçom. Não existe outra experiência igual. Ela é única, e, se não for bem conduzida, plena de emoção e respeito por parte dos envolvidos nesse ato, é possível que o recipiendário não vivencie ou não sinta intensamente cada movimento, passos, ruídos, sons e odores, no desenrolar da cerimônia. Essas sensações formam um conjunto de sentimentos que podemos chamar de “sensações iniciáticas”. A iniciação tem mais que emoção e sentimento em si, do que se pode imaginar, e cada um reage à sua maneira, de acordo com sua sensibilidade e percepção. O silêncio e a seriedade no ambiente devem ser impecáveis, para que todos, em especial, os neófitos possam assimilar o que está acontecendo. Os que conduzem a cerimônia devem se compenetrar da importância do ato, e os presentes tem a obrigação de colaborar, para que tudo saia à perfeição, pois nesse momento, a Egrégora está formada e o ambiente deve ser envolvente e harmonizado para que se possa “ouvir” o silêncio. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 11 A impostação de voz deve ser observada e treinada antes, especialmente pelo Venerável e os Vigilantes, que não podem atropelar a leitura, nem tartamudear. O neófito, em estado de quase transe, precisa que tudo tenha clareza para melhor ouvir e compreender, pois depois de horas privado da visão, ele está psicologicamente desgastado e com dificuldade de entendimento. Um irmão de minha Loja Mãe, homem culto, médico, escritor e maçom puro, diz foi de tal forma envolvido, e como num arrebatamento, sentiu uma leveza de espírito que o fez CONHECER DEUS, no dia de sua iniciação. Abordo esse assunto, pois sabemos que ainda, em pleno no século XXI alguns maçons insistem em transformar a sessão magna de iniciação num ato ridículo, fazendo o profano ficar de terno e gravata, numa praça pública num dia de sol escaldante, à vista de todos, à espera de seus “algozes”. Creiam; ainda se usa a famigerada tábua de pregos num ato de covardia contra um profano amigo, que vendado e semi nu, não pode se defender dessa atitude covarde, nem identificar que assim age. Uma prática medieval. Anos atrás, em viagem, fui a uma Loja e vi numa iniciação, galhos dentro do templo, que eram esfregados nas pernas, costas e peito do recipiendário, numa galhofa para divertir os presentes. E todos riam. Mais ainda, alguns “maçons de ocasião”, mostram seu lado obscuro, e chegam a levar o profano à noite no cemitério onde é recebido por um irmão da Loja, com uma caveira de animal pendurada no pescoço, numa cena ridícula, uma demonstração de total falta de respeito ao seu semelhante, naquele momento tão importante de sua vida. Isso não é comportamento de homem livre, ou Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 12 minimamente civilizado. Incrível, como alguns agem tão mal maçonicamente, transformando o Templo num quase picadeiro. O interessante é que esses maçons, foram por nós escolhidos entre os melhores homens de nossas relações, por sua conduta ética e por sua moral. Agora como mestres maçons, (aprendiz e companheiro não fazem isso) como podem eles proceder assim? Coisa que nunca fizeram em casa, nem no trabalho, com ninguém, agora num comportamento idiota, praticam. O que houve com o caráter deles? Sugiro formar um grupo de estudo do Ritual, para mostrar que essa gente, que tal ação não faz parte da Iniciação. Imaginem o que pensaria a esposa de um candidato ao saber que seu marido, teve que se sujeitar a essa troça, um escárnio inaceitável. Se o candidato não sentir as mensagens transmitidas na iniciação, seu ingresso na Ordem poderá resultar num retumbante fracasso com mais um faltante crônico, às sessões de sua Loja. Uma iniciação mal feita, pode apenas revestir com o avental maçônico um eterno profano. A cerimônia de iniciação pode ser vista como uma teatralização, mas não como um show barato de circo mambembe. A cerimônia da iniciação é a mais importante atividade maçônica, e deve ser realizada entre irmãos reunidos em absoluto segredo, e tomados pelo mesmo sentimento de amor, que só os iniciados nos Augustos Mistérios são capazes de sentir. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 13 DESCANSO PARA O PEDREIRO “Na dúvida aprendemos; na certeza nem sempre” Ir∴ Osni Adres Lopes Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez Em todo mundo a Maçonaria vive de Duas reuniões mensais, ou uma bimensal, e até uma trimestral, como é na Inglaterra. Apesar de parecer pouco para nós brasileiros, eles são atuantes e fazem sua parte em matéria de trabalho social, filantrópico, e de estudos. Na França, Portugal, Espanha, Nova Zelândia e Estados Unidos são duas sessões. Propor isso aqui, causaria uma discussão interminável, ou talvez nem discussão houvesse (deixa como está) pois nos acostumamos com quatro e atécinco sessões mensais. Depois de quase quatro décadas na Ordem, senti um esgotamento por esse regime de trabalho sem descanso, apesar de gostar da convivência em Loja com meus irmãos. Mas, e da família, não gostamos também? Ficar mais tempo em casa é revigorante, além do que, pregamos que a família está em primeiro lugar. Pensando em ajudar os mais velhos, foi criada na Nova Zelandia, a Loja Daylight, que se reúne à luz do dia, evitando o que aconteceu com o Senior Warden (primeiro Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 14 vigilante) que caiu no sono e roncou, em sessão noturna, como me relatou o irmão Timothy Collier, da Loja Montrose 722 - SC, de Gisborne- New Zealand. Foi criada em Porto Alegre, a Loja Centenário, que trabalha à tarde, para atender os irmãos em “idade canônica”. Seguindo essa tendência, em Londrina, tem a Loja François Voltaire e a Loja Areópago que trabalham com duas sessões ritualísticas ao mês. Com o avançar da idade não temos mais a mesma visão para dirigir à noite, nem a mesma disposição para sair de casa toda semana. Lembre que nossas esposas envelhecem e precisam mais de nossa presença, pois sua saúde em alguns casos, não vai bem. Voltar para casa após as 22 horas, é um risco nos dias atuais, devido a falta de segurança pública. Passei por isto, e tive que me filiar numa Loja com apenas uma sessão mensal. Não tenho dúvida que este regime de trabalho com até 5 sessões semanais, se esgotou, e esgotou todos os maçons. Mudar é preciso, e logo! Talvez este regime de trabalho cansativo (as vezes improdutivo) pode estar contribuindo para a evasão maçônica. Como é possível adotar o sistema praticado no mundo, e manter a agenda de trabalho em ordem? Bem, aí, depende dos Veneráveis e das diretorias terem vontade para implementar essa mudança. Nas Lojas com grande número de membros, o saco de proposições recolhe um elevado número de pranchas (as vezes até 30 ou mais) que para serem decifradas leva-se um tempão, consumindo boa parte das duas horas de trabalho. Falo de mudança, e apresento uma sugestão: O remédio é a informatização parcial das atividades maçônicas, apesar do perigo que Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 15 poderia advir com isso, pelo vazamento aos olhos e ouvidos profanos. Vejamos: os pedidos de informação de outras Lojas, sobre profanos à iniciação, elevação, exaltação e posse de diretorias, podem ser via e-mail, como já faz o Grande Oriente do Paraná. Pranchas pedindo a cessão do salão social, de ajuda de instituições, devem ser analisadas pela diretoria, bem como os certificados de presença de visitas a outras Lojas, podem ser agrupados e anunciados em bloco, sem citar nomes. Acreditem que tem irmãos que exigem que seus certificados de visitas sejam lidos um a um, para seu deleite e glória. As pranchas das Corporações Filosóficas, com pedido de informação para a elevação de graus, não precisam serem decifradas “ipsis litteris”, uma a uma, em sessão, podendo ser respondidas administrativamente. Isso não vai afetar a excelente relação de cordialidade e amizade que sempre existiu entre as Lojas Bases, e os Altos Corpos. O secretário executivo da Loja pode organizar tudo, e enviar via correio eletrônico, as informações a quem de direito. Não vamos imaginar que a “A Palavra à bem da Ordem” deva ser suprimida, porém pode encurtada. É preciso que seja objetiva, concisa e sem delongas, sendo “À Bem da Ordem” mesmo, e nada mais. Basta estabelecer um tempo mínimo de 3 minutos. As Lojas modernas, que se dedicam à pesquisa maçônica com apenas uma sessão mensal, viram que era preciso “gastar” o tempo com estudo e discussões inteligentes, então passaram a enviar os irmãos o Balaústre pelo e-mail para o irmão tomar ciência, e, na Loja é aprovado sem a leitura do mesmo. Tudo o mais é resolvido nas sessões Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 16 Administrativas. Se no mundo inteiro é assim, com DUAS sessões mensais, porque não pode ser da mesma forma entre nós? A obrigatoriedade da frequência maçônica, não é apenas na Loja Base/Mãe, é também na Loja de Perfeição, no Capítulo, no Kadosch, no Consistório e nos Graus Administrativos. Tem ainda as organizações paramaçônicas juvenis que os pais precisam levar a filharada, como, a Ordem DemoLay, as Filhas de Jó e a Arco Iris. Não esqueçamos ainda que a visitação em outras Oficinas é obrigatória ao Aprendiz e ao Companheiro. Fico imaginando o que uma Loja com quadro diminuto, numa cidade pequena tem tanto a tratar, que precise de quatro a cincos sessões no mês. Num passar d´olhos no calendário, vi que seriam 21 sessões ao ano, contra quase 45 no sistema atual. Um único templo poderá acolher 10 lojas por mês . Mais Lojas no mesmo templo, poderia baratear o aluguel para as Oficinas locadoras, que em alguns casos tem dificuldade para pagar. Acredito mesmo, que o índice de frequência aumentaria, e certas sessões hoje “vazias”, se tornariam mais vibrantes e proveitosas, bem diferente de algumas situações, onde apenas “meia dúzia de bodes pingados” se faz presente. Trabalhar do meio dia à meia noite, é apenas uma simbologia. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 17 IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez Não é raro ver irmãos em situação maçônica irregular frequentando Lojas. Nunca é um aprendiz, ou companheiro; sempre um Mestre. De uns tempos para cá, temos notado que esses casos estão mais frequentes. Alerta de falsos irmãos impostores que agem livremente se aproveitando do descuido dos maçons, frequentando Lojas e até dando golpes, são publicados na internet. Porém o mais comum mesmo é irmãos irregulares que conhecemos, fazerem isso e não serem barrados. Eles até assinam, e citam no Livro de Presença a última Loja a que pertenceram, o que se caracteriza um quase “estelionato maçônico” por usar sem ter direito ou conhecimento da mesma, o nome daquela Oficina. Há um caso acontecido o “irmão” nem assinava o livro. Foi descoberto, mas ninguém o interpelou. Um desses casos está se tornando corriqueiro, o esperto visitante, logo que chega, chama o Venerável para um canto e ardilosamente o envolve, conseguindo sempre entrar para a sessão. Pergunto: se sabemos disso por que não alertamos o Venerável ? Se alertado, por que ele não cumpre a lei ? Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 18 Um irmão me relatou o caso de maçom que frequenta a Loja há um bom tempo, em situação irregular e os Veneráveis, um após outro, alegando tolerância, aceitam com a tranquilidade do “dever cumprido”, essa burla. Falham os dois lados; o maçom “penetra” pela falta de escrúpulo, e o Venerável, pela omissão. Um maçom irregular, que visita uma Loja, torna a sessão irregular, e tudo nela tratado, não vale nada, e qualquer irmão presente tem a obrigação pedir a anulação da sessão. A reunião não pode ter maçom irregular, porém, podemos recebê-lo como irmão que é, convidando-o partilhar à mesa o ágape fraternal, nos esperando no salão social, depois dos trabalhos. Está no ritual a ordem para verificar a situação de cada visitante. E a palavra semestral, criada para impedir a entrada irregular nas Lojas, porque não é usada? talvez porque o compadrio entre maçons seja mais importante que as leis. O caso mais gritante de descumprimento às leis e falta de verificação (trolhamento) de um visitante, resultou em vergonha paratodos. Um irmão idoso, veio para uma visita. Não trolhado, veio de novo, e de novo, até que um certo dia apareceu um jovem querendo receber pelo serviço sexual prestado à aquele “visitante ilustre”. Possivelmente, nem maçom era, apenas um homossexual experto, que usou e abusou da “inocência” dos Maçons, e ainda indicou a Loja como lugar para receber o valor combinado pelo programa. Pergunto; e o orador da Loja, porque não faz cumprir as leis e regulamentos de sua Oficina? Um médico que trabalhou num hospital, após sua aposentadoria não participa mais Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 19 das reuniões da diretoria clínica, nem o Juiz, será convidado a participar das decisões da magistratura. E porque um maçom irregular teima em participar da reunião maçônica? Os que insistem nessa prática, acham cômodo não se filiar em nenhuma Loja, não pagar a mensalidade, sem a obrigação de freqüência, e, não tendo nenhum lugar para ir, aparecer na sessão para “aprender” um pouco mais, e rever os irmãos. Incrivelmente, esses bicões quase sempre contam com a ajuda de algum mestre, que apela pela tolerância. Que tolerância é essa? A Ordem é uma escola de aperfeiçoamento, onde nem sempre se cumpre as leis. Confesso que sinto vergonha, pois sabendo desses casos, muitas vezes me mantive calado. Agora faço esse alerta. E os Mestres, continuarão permitindo essa prática? Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 20 O CÉU NÃO PODE ESPERAR Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje ela é um peso. (Francois Chateaubriand) Quando fui iniciado, a vida para mim, ganhou um novo sentido, pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas instruções de meus preceptores. A sessão maçônica era uma coisa extraordinariamente nova e reveladora. Jovem ainda, nos meus trinta anos contados, sonhava em crescer na Ordem e ser como aqueles irmãos mais antigos, pois via neles tanto conhecimento e amizade, eram na verdade, sábios inspiradores, aqueles “velhinhos” daquele tempo, eram minha inspiração. Para mim, eles viviam num mundo de felicidade, e isso era uma herança, que levariam até os dias da velhice; pensava eu. Esse sentimento inundava meu o espírito de paz e esperança, crendo numa vida futura plena de realizações maçônicas. Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 21 trouxesse consigo mudanças tão importantes. Parece que a juventude não conhece o segredo para a transmutação, e quando a idade avança, somos pegos por uma realidade surpreendente, às vezes desalentadora. A Ordem que servimos por décadas a fio, envidando os maiores esforços, nos abandonará na idade provecta, justamente quando estaremos mais carentes e fragilizados. Na America do Norte, os maçons idosos vão para o albergue da Ordem, onde vivem em paz e dignamente. Abordo esse assunto, levando em conta apenas dois casos de irmãos que vivem no mais completo abandono maçônico. Um, vitimado por uma hemiplegia, não sai para lugar algum, o outro quase cego. Agora vivem, ambos, confinados em suas casas. Essa realidade é bem diferente dos Templos aconchegantes, e dos amplos salões de festas de suas Lojas, que um dia frequentaram. Aquela alegria barulhenta e os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo involuntário e ao silêncio cósmico que arrasa seu moral. Se tivessem a mão amiga de um irmão, poderiam ir à Loja, aos almoços, e de novo serem felizes, pela convivência fraterna entre os irmãos. A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos dos asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros, que nem sempre precisam de apoio pecuniário, apenas de uma visita. A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo, sempre resulta em fracasso, pois ninguém sem interessa. Os Veneráveis Mestres, alguns deles, quase nunca vão, preferindo “formar uma comissão”, para uma obrigação que é sua, que ele solenemente jurou cumprir, com a mão sobre a Bíblia. O apelo das cunhadas e dos filhos, pedindo uma visita dos maçons, não Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 22 faz eco. Alguns de nós, acham que maçom inativo não é mais irmão, e não é merecedor de nosso amor, nem de nossa visita, porque deixou a Loja há anos. Se não mudar meu sentimento, renunciarei aos graus que alcancei, e pedirei para ser novamente iniciado. Se minha primeira iniciação não provocou mudança alguma em meu espírito e na minha alma, então preciso recomeçar. O tempo corre célere, e a vida escapa pelos dedos como o mercúrio, quando tentamos segura-lo. Irmãos, há tempo, ainda que curto, para amar e dar alguma alegria ao maçom idoso que muito fez pela Ordem, pois O Céu não pode esperar. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 23 VISITAÇÃO MAÇÔNICA Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez Todo maçom tem direito a visitar qualquer Loja em qualquer lugar e circunstância, como está no 14º Landmark. “O direito de todo maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja, é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito inerente que todo irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões, por conveniência, da Família Maçônica Universal” . Na primeira visita é a curiosidade que nos conduz; queremos saber como trabalham aqueles irmãos, será que conheceremos algum amigo naquela Oficina, poderei usar da palavra, como me comportar entre irmãos? nos perguntamos. Tudo é uma Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 24 incógnita em nossa primeira viagem a outra Loja. No cristianismo primitivo, as “novas” eram transmitidas, justamente através da visitação. A visita é elemento necessário seja para a confraternização entre grupos, seja para a ampliação do conhecimento ou para criação e fortalecimento de novas amizades. Os discípulos e mais tarde os Apóstolos percorriam todo o mundo, então conhecido, para o fortalecimento da Fé. Eles sabiam como identificar uma igreja, um irmão. Sob o ponto de vista esotérico o visitante não comparece sozinho em uma visitação; junto a si está toda sua Loja incorporada espiritualmente. Ele conduz a força vibratória dos irmãos que o fizeram embaixador. Ao colocar o óbolo na Bolsa de Beneficência, estará não somente colocando a si próprio para a imantação de seu óbolo, mas também a imantação de seu grupo. Uma vez dentro do Templo o visitante, deve ser considerado como uma presença misticamente valiosa, como uma dádiva e uma benção. Creio que a visita de um maçom a outra Loja, se assemelha a polinização das abelhas espalhando os frutos de amizade e boa vontade entre os irmãos. Ainda hoje compêndios e livros, perdem-se nas digressões sobre o direito ou não de visitação. Esses são preceitos exclusivamente administrativos e bitolados. Alguns mestres, Lojas, e até Obediência, ainda hoje, tentam desestimular a visitação por aprendizes, alegando que só acompanhado de um mestre isso é possível. Os maçons de tempos em tempos, enfrentam dificuldades para continuar sua caminhada, especialmente o Benfazejo que se vê tolhido em sua liberdade de seguir em direção para a prática do Bem. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 25 MARCOS despropositados, cheirando a ranço, foram colocados na estrada de passagem para a visitação maçônica, tentando acabar com esta tradição secular da Ordem Universal. Sempre aprendi mais em visitas a outras Lojas, do que na minha própria, haja vista que são ritos diferentes, novos irmãos que não conhecia. A maçonaria não pode isolar-se dentro dos Templos simplesmente em trabalho exclusivo com os membros de seu quadro. Se assim agir, fenecerá e se autodestruirá. A Loja precisa “outras luzes”, “outras forças” e “outros alimentos”. Adaptado de : Visitação - Rizzardo da Camino A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS DOS TEMPOS DECORAÇÃO DO TEMPLO – AVENTAL 3º GRAU E FITA OU FAIXA Ir∴ Hercule Spoladore “O PENSAMENTO REENCARNA AO LONGO DAS IDADES ADOTANDO AS NUANÇAS QUE LHE SÃO IMPOSTAS” – R. Amberlain. Não se pretende discutir preferências pessoais pela cor vermelha ou azul porque se assim fosse o autor deste trabalho por preferência pessoal preferiria a cor azul. “Gosto do azul”. “O vermelho me parece uma cor agressiva.” Mas isto é apenas Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 26 uma questão do gosto de cada um e não representa a verdade histórica do REAA. No entanto em se tratando da história do REAA detalhadamente inserida nos rituais antigos, Congressos, Constituições e Regulamentos e etc. necessário se torna analisar o assunto, citando-se as fontes primárias e descrevendo assim a trajetória do azul, o qual foi se insinuando sorrateiramente especialmente no avental do 3° grau e decoração do templo no Simbolismo no REAA e hoje reina quase que absoluto na maioria das lojas espalhadas pelo Brasil do Rito em foco. Interessante frisar que a maioria dos maçons do REAA do Brasil, não se importa em saber qual é a verdadeira e mais importante cor do Simbolismo do Rito, “redescoberta” pelas pesquisas realizadas por uma minoria de estudiosos, nos últimos vinte e cinco anos porque em realidade, a grande maioria dos maçons é pouco afeita à realidade histórica e só aceita como verdadeiro apenas o que viu e sentiu ao receber a Luz, aceitando ser esta, a verdade. Graças a esta maneira de encarar o problema, e também devido a pouca leitura, já que maçom quase não lê, e a acomodação frente aos estudos sobre a Ordem fez com que estes maçons não aceitem e nem queiram discutir o assunto ficando com a cor azul como a principal do REAA. O REAA tem várias cores. No Simbolismo tem como principal a cor vermelha, além da branca e nas Fitas, não no avental do 3º Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 27 grau existe o azul debruado de vermelho. Nos Graus Superiores existem as cores verde, vermelha preta e branca. É sabido que a cor vermelha tem várias tonalidades e entre elas: carmesim, (vermelho vivíssimo), púrpura (vermelho escuro), escarlate (vermelho rutilante) ou encarnada, que é o vermelho comum. Estas cores sempre ornamentaram a aristocracia na Europa. O vermelho foi sempre a cor preferida pelos reis, papas e bispos e sempre ornamentou a nobreza. Esta cor foi usada pelos primeiros escocesistas, partidários dos Stuarts, quando exilados na França, depois pelos nobres que fizeram parte da fundação do Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente, que foi um corpo maçônico da época e também frequentado pelos cavalheiros e gentilhomens franceses do Rito de Heredon (25 graus, embrião do REAA). Sabemos que estes maçons do Rito de Heredon foram os precursores do grupo que acabou fundando o REAA em Charleston em 25 ou 31/05/1801 (a mais aceita). Muita história, muita confusão aconteceu até se chegar a fundação do REEA que no inicio chamava-se Rito dos Maçons Antigos e Aceitos. Interessante ressaltar que o Rito não nasceu na Escócia e não era nem Antigo em nem Aceito. O nome correto segundo Castellani seria Rito dos Antigos e Aceitos Maçons. (Na Europa atualmente ele é conhecido como Rito Antigo e Aceito). O REAA entrou no Brasil oficialmente através da autorização dada pelo Supremo Conselho dos Países Baixos da Europa, quando se usava esta nomenclatura para aquela região do continente europeu. Hoje, segundo a geografia atual, Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 28 identifica-se como sendo a Bélgica. O Supremo Conselho dos Países Baixos outorgou ao Irmão Francisco Gê Acayaba Montezuma cujo nome verdadeiro era Francisco Gomes Brandão, um documento autorizando a fundação de um Supremo Conselho no Brasil quando ele ainda estava na Europa, exilado pelo Imperador I. Ele não era maçom quando em 1823 foi deportado. Foi iniciado na Inglaterra. O documento está datado de 12/03/1829. Mas a fundação oficial do Supremo Conselho do grau 33 do Brasil, o primeiro Supremo Conselho aqui instalado foi em 10/11/1832. Nesta época havia dois Grande-Orientes aqui no Brasil. O Grande Oriente Brasileiro do Passeio fundado em 1830 e instalado em 24/06/1831 e o Grande Oriente do Brasil (antigo Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi) reinstalado por José Bonifácio em 23/11/1831. Cada um deles reivindicava o direito de ser verdadeiro e originário do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi de 1822. Não eram amistosos entre si. Havia muita hostilidade entre estas duas Potências. A primeira Loja a adotar o REAA teria sido a Loja “Educação e Moral” fundada por Gonçalves Ledo (Boletim do GOB n°03 ano 52 pg. 216 - 1927) regularizada e filiada ao Grande Oriente do Brasil em 30/03/1832, mas já em 08/06/1832 foi considerada irregular por José Bonifácio. Eis ai os dois brigões de 1822 desde os tempos da Independência do Brasil quando disputavam as benesses do Imperador, se confrontando novamente, agora sem o Imperador, apenas pela disputa de Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 29 poder. Esta Loja filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em 1833. Mas ressalve-se, um fato conhecido por poucos escritores maçônicos. No dia 20/05/1822, portanto, vinte e oito dias antes da fundação do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi, que só ocorreria no dia 17/06/1822 foi fundada uma Loja no Brasil no Rio de Janeiro, no REEA por estrangeiros importantes que aqui residiam. Levou o nome de “Bouclier D’Honneur” (Escudo de Honra). Fundaram também um Capítulo. Seus fundadores solicitaram autorização para o Grande Oriente da França, o qual a reconheceu daí há um ano mais ou menos. Ela foi, portanto, fundada antes do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi. Os membros desta Loja até foram convidados posteriormente para fazer parte do GOB, mas o mesmo usava desde a sua fundação o Rito Francês ou Moderno e em verdade o Grande Oriente Brasílico era um grêmio revolucionário que queria a todo o custo a independência do país. Era uma maçonaria revolucionária. Os membros da Loja "Bouclier D’Honneur” (Escudo de Honra) não aceitaram, pois eles apenas queriam uma Loja Maçônica para agregar os estrangeiros que viviam no Brasil naquele momento da nossa história. Além do mais o Rito era diferente. Ressalte-se que Grande Oriente Brasílico era em princípio uma potência totalmente irregular à época perante as Potências ditas regulares do mundo. Por isso os membros da Loja "Bouclier D’Honneur" solicitaram filiação ao Grande Oriente da França e foram atendidos, mas a Carta Constitutiva chegou somente em 1823, quando a Loja já havia adormecido. Este assunto está bem desenvolvido no livro da Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 30 Academia BrasileiraMaçônica de Letras – Formação Histórica da Maçonaria - Anais do I Congresso Internacional de História e Geografia ano 1981 – por Alcebíades Lappas, Grande Secretário da Grande Loja da Argentina à página 63 no trabalho “Algumas Revelações sobre os inicios da Maçonaria no Brasil”. Não importa se a loja foi fundada por estrangeiros ou não. Usando-se a razão, o REEA teria entrado no Brasil em 20/05/1822. Fatos são fatos. A Loja “Comércio e Artes”, reerguida pelo Cônego Januário da Cunha Barbosa, filiou-se ao Grande Oriente do Brasil em 23/11/1831. Não suportando as desavenças com José Bonifácio, filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em 07/04/1833 e passou para o REAA. Mandou imprimir o livro Instruções Maçônicas (Catecismo – Regulamento Geral) em 1833 cujo livro foi traduzido pelo grande Maçom Hipólito José da Costa do francês para o português. Catecismo era o nome que a Maçonaria usava para o que hoje chamamos de Ritual. Em 15/09/1833 o Grande Oriente do Passeio tornou o REAA como único e oficial rito da Potência para as suas quinze Lojas. Necessitavam de um Ritual e este foi mandado imprimir em 1834. O Ritual então impresso, seguindo a ortografia da época teve o seguinte titulo: “Guia dos Maçons escossezes ou Reguladores dos trez graos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito – Rio de Janeiro – 1834”. Era uma tradução do ritual vindo diretamente da França onde praticavam entre outros ritos, o REAA, embora com alguma influência litúrgica do Rito Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 31 Moderno ou Francês a exemplo da inversão das colunas J e B e dos respectivos vigilantes. No que concerne à cor vermelha à página 46 do Guia assim está escrito com grafia da época “As paredes do templo, cortinas, mezas docel, etc. são forradas de encarnado no rito escossez e de azul nos ritos Moderno e Adonhiramita, nestes dous últimos os galões e as franjas dos paramentos devem ser prata ou fazenda de cor branca e no primeiro de ouro”. No mesmo Guia à página 49 quando menciona: “Das insígnias e joias dos graos no Rito Escossez Antigo e Aceito”. “Grao 3 - Avental branco forrado e orlado de escarlate com uma algibeira abaixo da abeta, sobre a qual estão bordadas as letras M:. e B:.”. “Fita azul orlada de escarlate a tiracolo da esquerda para a direita, suspensa em baixo a joia que é um esquadro e um compasso de ouro entrelaçados. A joia pode ser cravejada de pedras”. Conforme se pode notar estas Lojas do Grande Oriente do Passeio agora eram todas do REAA e como tal mudaram entre outras coisas a cor para o vermelho em substituição à cor azul que continuava sendo a cor oficial dos Ritos Francês ou Moderno e Adonhiramita. O azul no REAA permaneceu apenas na Fita porque a mesma era uma das características do Rito usada há muito tempo na Europa. Aliás, a Fita, Faixa ou Fitão eram usados em quase Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 32 todos os graus do REAA, a partir do grau 3. Ela é larga de chamalote ou seda, cuja cor e bordados variam de acordo com os graus e com os Ritos e tem na sua ponta a joia distintiva. A Faixa totalmente vermelha era usada no Rito Escocês Primitivo (Ealry Grand Scottish Rite) que não deixa de ser um dos ritos dos primórdios do escocesíssimo. Este Rito foi introduzido na França em 1688 através da Loja Saint Jean D’Ecosse de Marselha durante século XVIII. Era usado por militares jacobitas em exilio em San Germain-en-Laye. O REAA adotou a faixa azul orlada de vermelho e isto quer dizer que o azul é também uma cor do Rito, todavia é menos importante que o vermelho. Esta Faixa é usada até hoje na Grande Loja da França e é exatamente igual a Faixa que se encontra no primeiro ritual do REAA impresso no Brasil em 1834. Mas a Faixa é apenas um dos detalhes do REAA. A maioria dos países da América do Sul, com exceção da Venezuela e Brasil, onde a maioria das Lojas que trabalham no REAA usam a cor azul, na ornamentação do Templo e no Avental do 3° grau, muito embora a cor principal do Simbolismo seja vermelha de origem. Nos demais continentes, idem, em Israel, segundo Leon Zeldis escritor e historiador maçônico por razões políticas também é adotado o azul. Quando o Supremo Conselho do Gráu 33 do Brasil (Montezuma) foi incorporado ao Grande Oriente do Brasil lá pelos idos de 1854/1855 vindo através do Marquês de Caxias foi mandado imprimir um ritual próprio. Interessante que este Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 33 ritual é cópia fiel do ritual de 1834 e foi reimpresso em 1857, inclusive com o mesmo título. Temos ainda em 1857 um outro documento impresso: “Regulador Geral do Rito Escossez Antigo e Aceito para o Império do Brasil – Rio de Janeiro – 1857” que cita a pagina 46: “o encarnado é o característico do escossismo” Na mesma página menciona que “esta é a diferença entre com os Ritos Francês ou Moderno e o Adonhiramita, os quaes são azues”. Estes Rituais não seriam apócrifos a ponto de afirmarem de uma maneira tão transparente, que o vermelho é a cor principal do REEA. Afinal, está escrito. Este fato é uma prova inconteste. A Loja “União Constante” a mais antiga do Rio Grande do Sul, da cidade de Rio Grande, fundada em 13/06/1840 desde a sua fundação até a presente data permanece como um monumento vivo de uma tradição jamais violada. Nunca mudou a cor vermelha quer na decoração do templo, quer no avental do 3º grau. Por sinal, seu Templo interiormente se assemelha a uma catedral. É um Templo muito lindo. A própria Constituição do Grande Oriente do Brasil promulgada em 30/04/1865 menciona à página 92 que o Avental do 3° grau deve ser branco de pele, forrado e orlado de escarlate, com uma algibeira abaixo da abeta sobre a qual estão gravadas as letras M:.B:. O Regulador do REAA publicado em 1873 pelo Decreto n°8 de Saldanha Marinho de 22/09/1873 então Grão-Mestre do Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 34 Grande Oriente do Brasil Unido e Supremo Conselho (dissidentes do Grande Oriente do Brasil e seu Supremo Conselho) repete tudo o que está sendo afirmado até aqui em matéria da cor do Rito. (Segundo Kurt Prober no Congresso de Lausanne (Suíça) realizado desde o dia 06 à 22/09/1875) o único até hoje convocado para se tratar de assuntos relativos ao REAA citou a cor vermelha no avental do 3º grau. No “Manual Maçônico ou Cobridor dos Ritos Escossez Antigo e Aceito e Francez ou Moderno” 4ª edição – Rio de Janeiro – 1875” À página 01 está inserido “A loja é decorada com estofo ou tapeçaria encarnada”. À página 02 refere: No Oriente há um dossel de estofo encarnado. Na página 11 fala do Avental do 3º grau cuja descrição é a mesma já citada. O Grande Oriente do Brasil, tendo como Grão-Mestre Quintino Bocayuva através do Decreto n° 215, baixado em 15/10/1902 promulgado como lei o Regulamento Geral da Ordem e que passou a vigorar a partir de 15/11/1902 menciona na página 165: “a Fita azul orlada de escarlate, e o Avental como branco de pele forrado e orlado de escarlate, com a algibeira abaixo da abeta sobre a qual estão bordadas as letras M:. B:. Mas parece que este decreto não foi seguido, porque o GOB já usava o azul há mais de dez anos. O Grande Oriente do Brasil conservou a cor escarlate nas suas Constituições de 14/04/1865 a 1907, mas segundo Kurt Prober em realidade na prática ele já tinha substituído a cor escarlate Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 35 pelo azul desde 1889. Começaram a azular a cor vermelhado Rito, no ano da Proclamação da República. Eis aí o azul tomando o espaço do vermelho ou encarnado de forma impositiva e sorrateira. Em 28/08/1889, o decreto n° 72 emitido pelo então Grão-Mestre Comendador Visconde Vieira da Silva autorizava que se imprimissem novos rituais dos graus 1, 2 e 3 os quais foram modificados em 01/08/1889 quando foram aprovadas as modificações e correções feitas pela Secretaria competente. No rituais impressos em 1891 e 1892 e em 1898 foram introduzidas novas modificações. Então, têm-se novos Rituais adotados pelo Supremo Conselho em 01/07/1898. Ressalte-se se que nesta época Grande Oriente e Supremo Conselho era uma só potência (Simbolismo e Graus Filosóficos). O Grão-Mestre chamava-se Grão-Mestre Soberano Grande Comendador ou Soberano Grão-Mestre, Grande Comendador. Naquele Ritual do grau 1 ainda menciona que as paredes eram decoradas em vermelho havendo uma frisa que formaria de distância em distância nós emblemáticos e terminava em uma borla pendente em cada um dos lados da porta de entrada. Já no Ritual do 3º grau há mudança da cor: “Avental branco, forrado e orlado em azul tendo uma roseta da mesma cor, no centro e abeta descida”. Começa ai, a aparecer no REAA no Brasil a roseta que se bem observada historicamente nada tem de simbólico para a Ordem. Talvez fosse para distinguir o grau dos Irmãos. Seria também a substituição de uma casa de botão Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 36 usada antigamente para prender o avental operativo ao vestuário ou da própria algibeira. No local da casa de botão colocaram a roseta. Pura Invenção! Depois introduziram mais duas rosetas. Como se pode perceber, o avental tornou-se completamente azul. Mas apesar de constar no ritual, muitas Lojas mais antigas mantinham o avental de Mestre, orlado de vermelho e o forro preto. Quer dizer que aumentou a confusão, aparecendo também a cor preta no avental. Invenções em cima de invenções e ainda está anotado no Ritual que este Avental foi adotado em 1898. Não corresponde à verdade. O que se observa em relação aos rituais é que as Lojas nem sempre seguem à risca os decretos dos Grão-Mestres. Introduzem mudanças sempre por conta dos entendidos de plantão, falsos ritualistas e que isso com o correr dos anos torna-se “tradição”. Como repetia sempre Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler “um erro repetido mil vezes torna-se uma verdade” (a frase não era dele). O costume se espalha através dos visitantes e quando menos se espera após muitos anos a própria Potência passa a adotar sofismaticamente o erro como sendo verdade. Outras alterações apareceram no Ritual de Mestre do Grande Oriente do Brasil, publicado em 1955, o qual se for lido à página 5 do ritual: “avental branco, forrado de preto, orlado de vermelho, (voltaram ao vermelho?) tendo uma roseta vermelha no centro e duas rosetas da mesma cor em cada Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 37 extremidade inferior do Avental sempre dentro da orla. Tolera- se também que em lugar das rosetas inferiores, as iniciais M:. B:. no lado esquerdo da mesma cor vermelha” Mas tolera-se? Existem dois aventais para o mesmo grau? E voltaram a usar a orla vermelha? É o paraíso do marasmo das modificações e dos achismos que sempre existiu na Maçonaria Brasileira. O que se estranha é que um Avental que tinha sido orlado de vermelho, que é o correto segundo as origens do Rito e conforme foi estabelecido como uma das características do mesmo Rito metamorfoseou-se, azulou graças aos eternos inventores da Ordem, verdadeiros destruidores da ritualística maçônica, mas em 1955 a 1963 volta o orlado vermelho (dança das cores) no Avental do terceiro grau do GOB. Mas se a Loja ou os Irmãos achassem por bem poderiam colocar no lugar das rosetas que nunca foram símbolos maçônicos, as letras M:.B: que eram tolerados. Brincadeira! Não dá para acreditar. Pobre Maçonaria brasileira! Ora bolas, num Avental está estabelecido que no lugar das rosetas que não deveriam existir pode se colocar as letras M:.B. Afinal pergunta-se novamente: existem dois Aventais diferentes do 3° grau? Um com roseta e outro sem roseta? Pode isso? Mas a história das mudanças de cor dos Aventais não ficou assim, pois o vermelho deveria desaparecer porque ele já estava condenado. Em 1965 novos Rituais editados do Grande Oriente do Brasil, definem que a decoração do Templo e Avental do 3º grau deveria de agora em diante ser da cor azul como cor predominante. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 38 Em 1968 houve nova modificação sempre ao sabor dos inventores e em nome de novas ideias “mais modernas” “um novo Grão-Mestre” que julga consertar o que está errado entra em cena. Assim lê-se no Ritual do 3° grau, página 05 “Avental branco forrado de preto orlado de azul, com um leve debrum vermelho tendo uma roseta no centro da abeta descida e duas rosetas iguais, uma em cada extremidade inferior do Avental sempre dentro da orla (é facultativo o debrum)”. Afinal existe ou não o debrum? “Fita azul achamalotada de quatro dedos de largura posta a tiracolo do ombro direito para o lado esquerdo, tendo pendente na extremidade a respectiva joia que é um esquadro”. Não cita nada a respeito da orla da Fita. Conforme se pode concluir não há mais no Fitão ou Faixa a orla vermelha que até então existia. E o tal de debrum vermelho só desapareceu a partir do Ritual editado em 1981 quando através do decreto n° 50 de 07/08/1981 baixado pelo Grão-Mestre Osires Teixeira, se modificou uma série de procedimentos ritualísticos, colocação de símbolos etc. até então usados por aquela Potência. Assim é que nos graus 1 e 2 a decoração do Templo passou a ser azul celeste. Quanto ao Avental do 3° grau continuou branco forrado de preto orlado de azul com as respectivas rosetas azuis. O vermelho desapareceu por completo do REAA a partir de 1981 no Grande Oriente do Brasil. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 39 A descrição atual mais detalhada e atual do Avental e da decoração dos Templos das Lojas do GOB que praticam o REEA aparece no seu Regulamento Geral da Ordem. A decoração da Loja nos graus de Aprendiz e Companheiro é azul celeste. 1.4 Dos títulos e Insígnias “1.4.2.1 Insígnia distintiva do Mestre” consiste no Avental de pele branca retangular preso à cintura por cordões ou elástico preto, com 4 cm de largura, aba nas dimensões de 33 X por 40 cm sobreposto em suas laterais e na parte inferior por fita azul celeste de 5cm de largura. A abeta de formato triangular de pele branca com 16,5 cm na maior altura é sobreposta a partir de sua extremidade por fita azul celeste de 4cm de largura. O Avental de Mestre tem uma roseta azul celeste no centro da abeta que estará sempre descida, e duas rosetas iguais, uma em cada lado inferior do avental. No centro das rosetas, também um botão azul celeste. O Avental é forrado de preto possuindo um bolso em seu forro. 1.4.2.2 Fita: Além do respectivo Avental quando não estiver exercendo cargo de Vigilante, de Dignidade ou de Oficial o uso de uma Faixa de material acetinado azul celeste de 10 cm de largura em diagonal postada do ombro direito para o quadril esquerdo, sem nenhum ornamento contendo em sua parte inferior uma roseta azul celeste com 9 cm de diâmetro e em sua extremidade, a joia de Mestre em metal dourado. O verso da faixa é em tecido preto sem qualquer figura ou inscrição. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de PesquisasMaçônicas 2017-2019 40 “Na extremidade externa da faixa existe uma presilha que serve de suporte para a Espada” As Grandes Lojas Brasileiras, Potência dissidente do Grande do Oriente do Brasil em 1927, mandou imprimir seus primeiros rituais em 1928. O Ritual de Mestre a pagina 08 assim se refere “O avental é de pele branca de 35 cm X 40 cm com abeta triangular. É orlado de fita de 5 cm de largura com franjas douradas, tendo três rosetas da cor da orla, duas no corpo e uma na abeta. Entre esta e as franjas correrá estreito cordão vermelho”. Não fica bem esclarecida neste ritual a cor da orla. Mas em razão do cordão ser vermelho deduz-se que a orla será de outra cor, a qual só poderá ser a azul. Nas GGLL consta do Ritual de Mestre Maçom que a insígnia do Mestre Maçom é o Avental de pele branca e forma retangular, nas dimensões de 35 cm de altura por 40 cm de largura tendo uma abeta triangular. Orlado de fita de seda achamalotada de azul celeste de 5 cm de largura, e três rosetas de fita da mesma cor sendo uma no centro da abeta e duas nos extremos laterais da parte inferior, formando um triângulo. É forrado de preto e prende-se à cintura por cordão ou fita da mesma cor. Não há nada decorado em vermelho. Inclusive as paredes das Lojas de Aprendiz e Companheiro são pintadas de azul celeste. Não usam a Faixa ou Fitão como nas outras duas potências, mas as Luzes da Oficina usam um colar de cor azul terminando Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 41 em ponta sobre o peito e do qual pende a joia do cargo respectivo de cor prateada. A Confederação Maçônica Brasileira igualmente dissidente do Grande Oriente do Brasil em 1973 chamava-se - Colégio de Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira depois Colégio da Confederação Maçônica Brasileira e posteriormente Confederação Maçônica Brasileira – usando a sigla CoMaB. No Inicio enquanto não tinham Rituais próprios a nova Potência de 1973 á 1976 usou os Rituais do Grande Oriente do Brasil. Durante a reunião da COMAB realizada em Brasília de 07 à 09/09/1976, foram apresentados dois Rituais para aprovação. Um organizado e compilado pelo grande Maçom Teobaldo Varoli Filho (capa vermelha) e outro organizado pelo Grão- Mestre Renato Mottola do Grande Oriente do Rio Grande do Sul (capa azul) Sul como sendo, como sendo cópia fiel de um Ritual do Oriente da Bélgica (o que não foi comprovado). Foi escolhido, por questões politicas o Ritual de capa azul. Este Ritual completamente diferente dos Rituais até então usados, rico em enxertos, invenções, agradou alguns e desagradou a muitos. A COMAB aprovou então este Ritual que assim descrevia o Avental de Mestre de Mestre: ”Avental branco em pele de carneiro ou tecido que o substitui, de forma retangular com dimensões de 30 cm por 40 cm orlado de azul, fita de seda achamalotada ou gorgorão de cor azul celeste de 5 cm de largura, tendo três rosetas iguais da fita da mesma cor da orla sendo uma no centro da abeta e duas na parte inferior do corpo Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 42 do Avental uma de cada lado em forma triangular e debruado com um com uma fita com 3 cm em cor vermelha. É forrado de preto e é preso à cintura por um cordão de fita da mesma cor. No centro de cada roseta haverá um botão vermelho. Roseta azul com botão vermelho? Não é possível! Este foi um dos Rituais mais controversos do REAA usado até hoje usado pela COMAB. ”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de largura orlada de vermelho tendo pendente a joia que é um Esquadro sobreposto a um Compasso aberto em 45º graus. É usada a tiracolo da direita para a esquerda”. Mas, nesta confusão toda, verdadeira dança das cores azul e vermelha um grupo de maçons estudiosos há vinte e cinco anos capitaneados pelo Irmão José Castellani, Xico Trolha (Francisco de Assis Carvalho), Pedro Juk, Antônio do Carmo Ferreira, Guilherme de Queiroz Ribeiro, e também por este articulista, e mais um grupo de Irmãos pesquisadores sérios após estudarem rituais antigos chegaram à conclusão que o REAA veio sendo azulado no Brasil desde há muito tempo. Tentou este grupo citado em vão deixar esta mensagem aos maçons brasileiros. Foram feitas palestras em todo o Brasil. Não adiantou argumentos, não adiantou expor a verdade histórica. O tempo havia tornado um erro como verdade. Ninguém mais queria saber do vermelho. Prevalece que já se disse anteriormente. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade” O sofisma aparentemente venceu, mas venceu só na cabeça destes maçons que mudaram a cor do Rito e influenciaram Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 43 negativamente muitas gerações de Maçons fato que até hoje perdura. Mas o sofisma continua sendo um sofisma. Porque a cor vermelha do REAA é a principal, portanto um axioma, ou seja, uma verdade indemonstrável e o sofisma é uma mentira a partir de uma premissa falsa, tentando se concluir com argumentos falsos e até aparentemente verdadeiros para se passar por ser uma verdade. Mas não é. Tudo apenas jogos de interesses manipulados por argumentos não verdadeiros. Mas o movimento destes pesquisadores não foi de todo em vão. .A COMAB reunida em São Luiz do Maranhão em sua reunião anual em 17/06/1991 contando com a presença de representantes de 17 Grande-Orientes Independentes (hoje são 21) decidiu voltar à cor original do Rito de 1834, ou seja, decoração do templo em vermelho para os 1° e 2º graus e o Avental do 3° grau, orlado em vermelho com as letras M:. B:. É em tudo igual ao primeiro Avental descrito no Ritual publicado no Brasil em 1834, só faltando a algibeira que deveria também constar, pois se está voltando às origens que fosse exatamente como era nos idos de 1834. Um dos apologistas da cor correta do Rito, o Irmão Antônio do Carmo Ferreira, então Grão-Mestre do Grande Oriente Independente de Pernambuco, autorizou o Irmão Guilherme de Queiroz Ribeiro em Recife a fundar uma loja da qual ele foi o seu primeiro Venerável onde a cor vermelha, a original, fosse restabelecida e assim a Loja foi fundada em 07/09/1991 dentro destes parâmetros. Nasceu, portanto, a Loja "Tradição Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 44 Escocesa" nº 32, a primeira Loja com a cor correta do REAA em tempos modernos pertencente ao GOIPE. Coragem não faltou a estes nobres Irmãos. Inicialmente não foi fácil para a própria COMAB implantar em suas lojas as modificações decididas na reunião de São Luiz corrigindo um erro centenário. Mas aos poucos os argumentos históricos prevaleceram. Muitos Templos tiveram suas paredes repintadas de vermelho. A COMAB vem usando nos seus Aventais do 3° grau e na decoração e ornamentação dos seus Templos dos primeiros e segundos graus desde então a cor original do rito, ou seja, a vermelha. Atualmente no Grande Oriente do Paraná - COMAB - e acredita-se que a maioria ou a totalidade dos Grande-Orientes Independentes também o usem, pois foi decisão formal de reunião da COMAB, em 1991. No Ritual de Mestre do Grande Oriente do Paraná à página 10 de Ritual de 2012 define: “O Avental de pele branca quadrangular de 35 cm por 40 cm, orlado de vermelho com abeta triangular abaixo da qual estão bordadas as letras M:”. e B:. e orlado por uma fita vermelha de 5 cm de largura na abeta. Não existem rosetas, que, aliás, elas não têm razão de ser, pois, não têm nenhum valor simbólico. ”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de largura orlada de vermelho tendo pendente na extremidade a joiaque é um esquadro sobreposto a um compasso aberto em 45º graus usada a tiracolo da direita para a esquerda” Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 45 Bem o que dizer de uma história repleta de trejeitos, mudanças ao sabor dos interesses dos grão-mestres e dos achismos de seus secretários de Liturgia e Ritualística e afins isto só falando do Avental e Fita, e decoração do templo que iniciaram no ano da Proclamação da República? E as alterações ritualísticas? Estas ocorreram às dezenas e não começaram ontem. É uma situação antiga. Mas não criticando quem quer que seja, pois cada Potência é soberana e respeitamos este fato, a cor principal cor do REEA no Brasil é azul (exceção da COMAB que significa mais ou menos 15 a 18% dos maçons do REAA no país, é também azul na Venezuela e em Israel por motivos políticos. Todavia, no Brasil, segundo o que foi escrito no primeiro Ritual do REAA (1834), e este era cópia do Ritual usado na França e isto é “prova provada”, e era e ainda é usado em quase todas as partes do mundo sendo que a cor principal do rito é vermelha, especialmente no Avental do 3° grau e na decoração, dossel, além de outros ornamentos do Templo, e ainda considerando que quase em todos os países do mundo onde haja o REAA a cor do Avental do Mestre a orla é vermelha, confirmando a cor vermelha como a principal e não a azul. Mas se é obrigado a aceitar a decisão de cada Potência, com suas peculiaridades. Todavia, certos Grão-Mestres, não todos, baixam decretos, acreditando serem maiores que o próprio Rito ou donos do mesmo, e mudam as regras do jogo da maneira que lhes interessa. E assim um rito vai sendo alterado. Isto vem acontecendo no Brasil com o REAA desde o ano da Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 46 Proclamação da República. Eles, os Grão-Mestres, são poderosos, mas não são maiores que um Rito que por ventura sua potência venha a adotar. O Rito tem que ser respeitado em seus mínimos detalhes como ele foi criado. Há mais de cem anos os Grão-Mestres, Secretários de Liturgia e Ritualística ou Comissões encarregadas destas modificações errôneas se esqueceram que são mortais, que não são perenes, mas os sofismas que eles praticaram marcam negativamente as gerações de maçons, as quais inocentemente aceitam mentiras como verdades, pois a maioria dos maçons atuais iniciados no REAA quando foram recebidos na Ordem já receberam os conceitos errados e isto passou a ser uma verdade para eles. Existem autores e defensores da cor azul alegando que o azul é a cor de todos os Ritos no Simbolismo na Maçonaria. Todavia, apesar desta afirmação ser defendida por muitos autores já que a Maçonaria por ser eclética permite uma enorme variação de pensamentos e ideias, de interpretações, lançam mão de qualquer argumento para comprovarem seus pontos de vista se valendo muitas vezes destes sofismas citados. De fato, o azul é a cor do Simbolismo nos Ritos que já nasceram azuis. Com o REAA foi diferente. Tornar a sua cor principal azul, quando ele nasceu e foi sacramentado vermelho é uma mentira histórica. Mas não é o Avental e nem cor dele que fazem um bom Maçom. São os seus sentimentos de humanidade de bondade integridade, atitude, de tolerância seu caráter, sua mente aberta, seu desenvolvimento espiritual, seu autoconhecimento é que farão dele um construtor social, um livre pensador Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 47 verdadeiro, desde que sempre esteja comprometido com a Verdade. Hoje no século XXI, infelizmente já não importa a cor do Avental na Maçonaria brasileira, mas a história da verdadeira cor mais importante do REAA tem que ser preservada para a posteridade, ou seja, o vermelho. P.S. Este trabalho foi revisado pelo nosso querido e estudioso Irmão Pedro Juk sem dúvida um dos maiores conhecedores da história do REAA no Brasil, além do mais um honesto pesquisador que somente aceita a Verdade como meta pessoal na Ordem e tambem na sua própria vida profana, ao qual agradecemos imensamente. Referências AARÃO, M. História da Maçonaria no Brasil - Recife 1926. AMBERLAIN, R. “A Franco Maçonaria – Origem - História - Influências” brasa –São Paulo, 1990. CASTELLANI, J. “O Rito Escocês Antigo e Aceito” Editora Maçônica “A Trolha Ltda.” Londrina, 1988. CARVALHO, F.A. “O Avental Maçônico e outros estudos” Editora Maçônica “A Trolha Ltda.” PROBER. K. “História do Supremo Conselho do Grau 33 do Brasil” Editora Livraria Kosmos Editora - Rio de Janeiro, 1981 Livro “ Formação Histórica da Maçonaria” - Academia Maçônica de Letras (Anais do I Congresso Internacional de Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 48 História e Geografia – Rio de Janeiro 19 a 21 de março de 1961) Bigorna nº 39 Julho – 1983 – Kurt Prober Revistas: “A Trolha” nº 49 – O verdadeiro Avental – José Castellani Set/Outubro 1990 “A Trolha” nº 53 - O Avental – Kurt Prober – Março 1991 "A Trolha” nº 54 - As cores do Rito Escocês Antigo e aceito - José Castellani Abril 1991 “A “Trolha” n°54 – A História das Alterações do Avental do Grau de Mestre do REAA – Hercule Spoladore – Abril 1991 Trabalho: As cores do Rito Escocês Antigo e Aceito e os Aventais do 1º, 2º 3º graus – Lutfala Salomão – 06/12/1991 – Londrina – PR Rituais: antigos e atuais do GOB, GGLL COMAB Boletins do Grande Oriente do Brasil Nº 08 – Agosto de 1889 – ano 14, página 118 N°08 - Agosto de 1902 – ano 27 – página 589 N°03 - Março 1927 – ano 52 - pg. 216 Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 49 POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS EM LOJA DO REAA Ir∴ Hercule Spoladore O Altar dos Juramentos faz parte do mobiliário de uma Loja, aqui no Brasil nos seguintes Ritos: REAA, Adonhiramita, Brasileiro e Rito de York Americano (Lojas Azuis). Não existe nos Rito Francês ou Moderno, Trabalho de Emulação, Rito de Schröder ou Alemão e no Rito Escocês Retificado. No REAA na maioria das lojas ele está atualmente situado no Ocidente no centro da Loja. Entretanto, em muitas Lojas ele está no Oriente seu verdadeiro lugar. No Rito de York Americano também, ele está localizado no centro da Loja, aliás, esta sempre foi a sua posição desde a criação do Rito. Nos Ritos Adonhiramita e Rito Brasileiro ele sempre esteve localizado no Oriente. Quanto à sua posição em Loja tem que se considerar vários aspectos: a) ele seria um símbolo de origem puramente maçônica, criado a partir do pedestal ou altar do Venerável, onde nos ritos antigos, especialmente na Inglaterra, os iniciados ajoelhados em frente ao Altar prestavam seu juramento. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 50 b) O Altar dos Juramentos seria copia do Altar-Mor das Igrejas Católicas. Sabemos que a Maçonaria copiou muita coisa da Igreja, inclusive o Templo, o qual de Templo de Salomão não tem nada ou apenas o lembra. Quando se fala em Templo de Salomão tudo é simbólico ou alegórico. Quando a Maçonaria começou a existir perto a Igreja Católica, simplesmente já existia há mil anos. E a Maçonaria copiou muita coisa da Igreja Católica, aliás, não só da Igreja Católica, bem como de entidades iniciáticas antigas, Bíblia e também assimilou muita coisa da cultura dos antigos, seus símbolos suas lendas. c) Ou ele seria um símbolo equivalente a uma peça do Templo de Salomão correspondente ao Altar dos Holocaustos. Tem Irmãos estudiosos como Teobaldo Varoli Filhoe João Nery Guimarães, Pedro, Juk além de outros que defendem que este símbolo tem seu verdadeiro lugar no Oriente, alegando que na Maçonaria Primitiva os compromissos eram tomados no próprio Altar do Venerável sendo, portanto, uma tradição que deveria ser respeitada. A Maçonaria Inglesa através do Trabalho de Emulação e o Rito Escocês Retificado ainda usam este sistema. Na França quando o REAA foi reorganizado em 1804 quando o iniciando fazia seu juramento no primeiro grau ficava ajoelhado em frente ao Altar do Venerável. Posteriormente por comodidade e diversidade de potências e de ritos criou-se um complemento prismático triangular no próprio Altar e que com o tempo criaram um tamborete ou móvel triangular posteriormente de forma quadrangular completamente desvinculado do mesmo, porém com Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 51 localização no Oriente. Este seria um dos poucos símbolos genuinamente maçônico, já que os demais são todos emprestados de outras entidades iniciáticas esotéricas, da Igreja Católica, da Bíblia e da cultura e crenças de povos antigos etc. e que a correspondência do Altar dos Juramentos seria com o Altar–Mor da Igreja Católica, isto inicialmente quando a Maçonaria começou a trabalhar em Templos, porque depois criaram um móvel próprio para as Iniciações. Mas inicialmente teria sido cópia do Altar-Mor, segundo Castellani. Outros autores defendem que a posição do Altar dos Juramentos, seria no Ocidente baseados copiando ou comparando com o Templo de Salomão, que seria uma alegoria ao Altar dos Holocaustos, o qual a exemplo do Mar e Bronze, Colunas J e B Altar dos Perfumes que na descrição bíblica estavam fora do templo, foram interiorizados para dentro dos templos maçônicos e ganharam vida própria e outras interpretações simbólicas. Segundo outros autores o Altar dos Holocaustos situado no centro do pátio do Templo de Salomão para os judeus era um altar de sacrifícios onde ofereciam uma vítima para louvar a Deus, geralmente um animal. No Altar dos Juramentos para muitos autores o Iniciando oferece o sacrifício de vencer suas paixões, e renascer para uma nova vida. Tudo o que se está falando é puramente simbólico. Os autores que interpretam assim acham que o Altar deva estar no centro da Loja, porque ele estava no centro do pátio por fora do Templo de Salomão. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 52 Parece que esta intepretação não tem respaldo pela maioria dos autores. Certas Potências no Brasil que praticam o REAA o Altar dos Juramentos está no local correto sou seja no Oriente, já que historicamente ele estava no Oriente, ele nasceu lá no Oriente. Simbolicamente o lugar dele é no Oriente. Outras Potências o colocaram no centro da Loja, dando a sua própria interpretação deste símbolo. Possivelmente foi para maior facilidade para o trânsito dos Diáconos, Mestre de Cerimônia, durante a sessão, já que em muitos templos, o Altar dos Juramentos no Oriente atrapalha esta deambulação por se ter pouco espaço. Todavia, tradição é tradição e o local correto do Altar dos Juramentos é no Oriente segundo a maioria dos autores. Referências: CASTELLANI, José – “Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom” NAME, Mario – “Templo de Salomão nos Mistérios da Maçonaria” HORNE, Alex - “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica” VAROLI, Teobaldo Fº - “Curso de Maçonaria Simbólica” Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 53 VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA Ir∴ Hercule Spoladore Um ensaio sobre as Velas e seus usos na Ordem. Toda vela ao ser acesa, ou será como iluminação, ou como ornamentação do ambiente ou então fará parte de um ritual onde a concentração mental e a chama como elementos simbólicos comporão um processo especial onde acontecerá uma intenção, como por exemplo, um desejo, uma promessa, uma oferta votiva uma invocação quer com fins religiosos ou mágicos. Na Maçonaria, nos ritos em que elas existem,participam de um simbolismo muito profundo quando da invocação de Deus, no inicio e durante e no final de uma sessão ritualística. É importante o uso do poder da mente e o desejo de se obter algo quando se acende uma vela. Uma das velas usada na Maçonaria é uma vela grande chamada círio a qual deverá ter em sua composição mais de 50% de cera de abelha, o que lhe garantirá uma chama pura. Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 54 As velas são usadas desde a mais remota antiguidade, inclusive sendo usadas pelos pagãos e pelos povos primitivos ou como iluminação ou com fins iniciáticos ou religiosos. Somente a partir do século V foi que seu uso se generalizou na Europa. A vela não é, portanto, um símbolo criado pela Maçonaria, sendo emprestado da Igreja Católica adotado por ela, e que também copiou dos antigos e deu sua própria versão. As verdadeiras velas são constituídas por um bastonete de cera de abelhas, ou então as fabricadas hoje industrialmente não sendo, portanto, as verdadeiras velas de outrora, onde usam uma composição de acido esteárico ou de parafina que envolve uma mecha luminosa, cuja combustão fornece uma chama luminosa. A matéria prima mais empregada era a fabricação de velas era cera de abelha, sebo, óleo de baleia, gordura animal. Posteriormente a indústria mais desenvolvida passou a usar produtos de destilação do petróleo, xisto betuminoso (parafina) bem como ésteres esteáricos da glicerina (estearina). Nas funções religiosas da Igreja Católica são usados os círios que é em realidade, uma vela grande. A maçonaria adotou o mesmo critério. Durante séculos os círios foram fabricados em cera de abelha pura. Isto é, sem mistura. A chama de um círio é para os Maçons, pura, viva e ritualística e há nela uma profunda espiritualidade. Enquanto que a chama produzida a gás, ou por velas de estearina ou parafina, que fazem parte das velas comuns, e ainda por lâmpadas elétricas imitando uma chama de vela são estranhas artificiais e Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas 2017-2019 55 impuras, mas substituem as velas de cera, porque tudo mudou no mundo. Os tempos mudaram a Maçonaria, não em seus princípios que continuam duradouros, mas mudou e os maçons de hoje também mudaram, mas a essência deste simbolismo não mudou e através da imaginação e do seu poder mental os maçons podem sentir que as ditas velas chamadas impuras possam fazer o mesmo efeito simbólico das velas puras, pois tudo é simbolismo. É tudo uma questão de reprogramação mental Hoje as velas de cera de abelha são bastante caras e não se tem mais a certeza de que sejam totalmente de cera de abelha. Então que se imagine e que se que a chama de uma vela atual tenha o mesmo valor simbólico e espiritual, mas o maçom terá que senti-lo como tal, e que as sempre lembradas velas de cera de abelha e a essência dos princípios maçônicos continuarão os mesmos. Antes do advento da luz elétrica as velas eram usadas com fins litúrgicos na Maçonaria simbolicamente, e também como iluminação dos locais onde os maçons se reuniam. Hoje fabricam lâmpadas elétricas que simulam artificialmente a chama de uma vela. Atualmente uma grande maioria de lojas substituíram as velas de cera por lâmpadas imitando velas. Uma rica tradição, simbólica e poderosa foi aos poucos sendo abandonada em favor do modernismo. Felizmente muitas Loja de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore - Brasil – N º45 Caderno de Pesquisas Maçônicas
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