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Circulação cerebral e líquor

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1 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
Circulação 
4M1 – CIRCULAÇÃO CEREBRAL E LÍQUOR 
Objetivos: 
1. Conhecer as principais artérias e veias do 
cérebro. 
2. Entender como o líquido cefalorraquidiano é 
produzido e drenado 
3. Aprender a utilidade de se analisar o líquor 
4. Conhecer os fatores que interferem na 
pressão intracraniana 
Livro: Snell páginas 447-451; 464-470. 
 
ARTÉRIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: 
 
O encéfalo é suprido pelas duas artérias carótidas 
internas e pelas duas artérias vertebrais. As quatro 
artérias situam-se dentro do espaço subaracnóideo, e 
seus ramos se anastomosam sobre a face inferior do 
encéfalo para formar o círculo arterial do cérebro 
(círculo de Willis). 
Artéria carótida interna: 
• Começa na bifurcação da artéria carótida comum, 
ascende pelo pescoço e perfura a base do crânio, 
atravessando o canal carótico do osso temporal. 
Segue um trajeto e divide-se nas artérias 
cerebrais anterior e média. 
• Artéria cerebral anterior – é o menor ramo 
terminal da artéria carótida interna. Une-se à 
artéria cerebral anterior do lado oposto pela 
artéria comunicante anterior. 
• Artéria cerebral média – o maior ramo da artéria 
carótida interna, segue um percurso lateral no 
sulco lateral do cérebro. 
Artéria vertebral: 
• Ramo da primeira parte da artéria subclávia, 
ascende pelo pescoço atravessando os forames 
nos processos transversos das seis vértebras 
cervicais superiores. Entra no crânio através do 
forame magno e perfura a dura-máter e 
aracnoide-máter para entrar no espaço 
subaracnóideo. 
• Na margem inferior da ponte une-se ao vaso do 
lado oposto para formar a artéria basilar. 
• Artéria basilar: formada pela união das duas 
artérias vertebrais, ascende em um sulco na fase 
anterior da ponte. Na margem superior da ponte 
divide-se nas duas artérias cerebrais posteriores. 
 
 
 
Aorta – tronco braquiocefálico – carótida comum se 
bifurca em carótida interna e carótida interna. A 
carótida interna é a que vai para dentro e a externa vai 
para fora. Da carótida interna se bifurca na circulação 
anterior do cérebro (cerebral anterior e cerebral 
média). A cerebral média irriga quase que o cérebro 
inteiro, por isso nos AVE, se for chutar qual a artéria é 
a artéria cerebral média. Mas tem AVE das outras 
também. 
A circulação posterior é o sistema vertebro-basilar. 
 
 
2 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
 
 
 
 
De verde – circulação posterior. 
No meio está colorido – território misto. 
 
Sistema vértebro-basilar (circulação posterior): 
 
Tronco braquiocefálico vão dar origem as artérias 
subclávias, das subclávias saem artérias vertebrais. As 
vertebrais começam na medula cervical. Quando 
chega no forame magno, ela dá uma volta e entra – a 
a partir daí é dentro do crânio. Então duas vertebrais 
se unem e formam a artéria basilar. 
As artérias cerebrais saem de uma bifurcação da 
artéria basilar. 
 
 
Vertebrais irrigam a primeira porção do tronco 
encefálico (bulbo) e um pedaço do cerebelo. 
A basilar irriga a ponte e um pedaço do cerebelo. 
As posteriores irrigam o lobo occipital. 
 
 
 
 
3 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
 
Ramos perfurantes (canos finos) – como se fosse uma 
agulha. Se pegar uma torneira e aumentar a vasão até 
estourar os canos, estourará os canos mais finos. É por 
isso que os AVEh de origem hipertensiva vão sangrar 
em locais previstos/típicos – onde os vasos são mais 
finos. Então se o pct tiver um aveh de origem 
hipertensiva, vai sangrar por exemplo o tronco 
encefálico. 
 
Ramos perfurantes da artéria cerebral média que vão 
em direção aos núcleos da base e tálamo. 
 
Locais mais típicos de ocorrência do AVEh: NTPC – pct 
que não tem pressão controlada = núcleos da base, 
tálamo, ponte e cerebelo. 
 
 
Bonequinho – polígono de Willis - região de 
anastomoses importantes no cérebro. 
Existe um ramo que comunica a cerebral média e a 
anterior – comunicante anterior. 
Entre a cerebral média e a cerebral posterior também 
tem outro ramo – comunicante posterior (comunica a 
circulação anterior a posterior). 
Se comprimo a carótida direita inteira não há sérios 
problemas pq a esquerda continua irrigando o 
cérebro por meio dos ramos comunicantes 
(anastomoses). Se comprimir as duas é o mata leão e 
a pessoa desmaia. Mas mesmo assim ainda daria para 
fazer a irrigação só pelas vertebrais, mas nesse caso 
esses ramos comunicantes não são tão bons assim. 
Conseguimos recrutar eles para eles ficarem bem 
bons quando isso ocorre de maneira devagar – forma 
uma placa de gordura, vai entupindo de vagar, o fluxo 
vai caindo e por mecanismos compensatórios vai 
dilatando o ramo comunicante e em um momento ele 
fica bom. 
Pq da AVC se tem ramo comunicante? Pq a cerebral 
média está só ali. 
A maioria dos aneurismas ocorrem na comunicante 
posterior. 
Aneurisma – local da artéria fraco (nasceu sem uma 
das camadas) e a medida que a PA vai batendo, ela se 
dilata e forma um balão – aneurisma sacular. Ou pode 
porque um microrganismo afetou o local, inflamou e 
deixou frágil o local da artéria. 
 
 
 
 
Angiotomografia – contraste etc 
11 tronco braquiocefálico 
1 carótida comum 
2 carótida externa 
4 carótida interna 
5 Carótida interna – da voltinha entrando crânio – 
cerebral media e cerebral anterior. 
10 carótida externa? 
9 carótida interna 
7 cerebral anterior 
8 cerebral media 
2 subclávia – ramo vertebral passando pela medula 
cervical entrou no crânio, basilar, cerebrais 
posteriores. 
 
O círculo arterial do cérebro (círculo de Willis) situa-se 
na fossa interpeduncular, na base do cérebro. É 
formado por anastomose entre as duas artérias 
carótidas internas e as duas artérias vertebrais. As 
artérias comunicante anterior, cerebral anterior, 
carótida interna, comunicante posterior, cerebral 
 
4 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
posterior e basilar contribuem para o círculo. O 
círculo arterial do cérebro possibilita a entrada de 
sangue pelas artérias carótidas internas ou vertebrais, 
com distribuição para qualquer parte dos dois 
hemisférios cerebrais. Ramos corticais e centrais 
originam-se do círculo e suprem a substância 
cerebral. 
É comum a ocorrência de variações nos tamanhos das 
artérias que formam o círculo, e foi relatada a ausência 
de uma ou de ambas as artérias comunicantes 
posteriores. 
 
 
SISTEMA VENOSO ENCEFÁLICO: 
 
As veias do encéfalo não possuem tecido muscular 
em suas paredes muito finas, e são desprovidas de 
válvulas. Surgem a partir do encéfalo e situam-se no 
espaço subaracnóideo. Perfuram a aracnoide-máter e 
a camada meníngea da dura-máter e drenam para os 
seios venosos da dura-máter. 
 
 
Seio – quando vira uma veia grande. 
Seio sagital superior – tudo drena para o seio sagital 
superior ou para o seio transverso. 
Esses seios confluem no ponto de confluência dos 
seios. 
Depois do seio transverso, vai para o seio sigmoide 
que faz um S. E aí as veias jugulares e depois veia cava 
superior. 
 
Confluência dos seios. 
 
É importante saber artéria por conta dos AVCs. 
É importante saber veia por conta da pressão 
intracraniana – se a veia ficar turgida no cérebro, não 
tem para onde inchar devido ao crânio, então a 
pressão lá dentro fica cada vez pior e aí fica grande 
demais a ponto de o sangue não conseguir mais 
entrar ou fica grande demais a ponto do cérebro ser 
esmagado contra a gravidade – herniação. 
 
FUNÇÕES DO LÍQUOR: 
• Suporte físico do cérebro (empuxo): peso 
diminui de 1500g para 50g. 
O cérebro parece uma gelatina, se não fosse o líquor 
ele achataria. Então dentro do líquor, o cérebro 
mantem seu formato graças ao empuxo. 
 
• Sistema glinfático – capacidade de limpar 
sujeiras do cérebro. 
O líquor limpa as sujeiras produzidas. Um sistema 
glinfático ineficiente gera acúmulo de metabólitos, 
metabólitos acumulados são tóxicos. Isso pode levar 
a vários problemas – se for ao longo dos anos, leva à 
neurodegeneração (demência) 
• Transporte intracerebral(TRF e LRF do 
hipotálamo para a hipófise). 
• Homeostase iônica. – p/ o potencial de ação 
funcionar direito. 
 
O LCS é encontrado nos ventrículos do encéfalo e no 
espaço subaracnóideo em torno do encéfalo e da 
medula espinal. Apresenta um volume de cerca de 
150 mℓ. Trata-se de um líquido límpido e incolor, que 
possui, em solução, sais inorgânicos semelhantes aos 
do plasma sanguíneo. O nível de glicose corresponde 
a cerca da metade do nível de glicemia, e há apenas 
uma quantidade muito pequena de proteínas. Apenas 
algumas células estão presentes, as quais consistem 
em linfócitos. A contagem normal de linfócitos é de 0 
a 3 células por milímetro cúbico. A pressão do LCS é 
mantida notavelmente constante. Na posição de 
decúbito lateral, a pressão medida por punção 
lombar é de cerca de 60 a 150 mm de água. Essa 
 
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pressão pode ser elevada pelo esforço, pela tosse ou 
pela compressão das veias jugulares internas no 
pescoço. 
Funções: 
O LCS, que banha as superfícies externa e interna do 
encéfalo e da medula espinal, atua como 
amortecedor entre o sistema nervoso central (SNC) e 
os ossos circundantes, protegendo-o, assim, contra 
traumatismos mecânicos. Como a densidade do 
encéfalo é apenas ligeiramente maior do que a do 
LCS, este proporciona flutuabilidade mecânica e 
sustentação para o encéfalo. A estreita relação do 
líquido com o tecido nervoso e o sangue permite ao 
LCS atuar como reservatório e ajudar na regulação do 
conteúdo do crânio. Por exemplo, se houver aumento 
do volume do encéfalo ou do volume sanguíneo, o 
volume do LCS diminuirá. Como o LCS é um substrato 
fisiológico ideal, ele provavelmente desempenha 
uma função ativa na nutrição do tecido nervoso; 
quase certamente auxilia na remoção de produtos do 
metabolismo neuronal. 
 
Meninges: 
 
Dura-máter, aracnóide-mater, espaço subaracnoide 
onde corre o líquor, piamater (bem colado). Na pia 
mater os vasos cerebrais se colam e é onde tem os 
receptores de dor. 
O cérebro não dói, o que dói é a pia-mater. 
 
Extensões do espaço subaracnóideo 
Uma manga do espaço subaracnóideo estende-se ao 
redor do nervo óptico até a parte posterior do bulbo 
do olho. Neste local, a aracnoide-máter e a pia-máter 
fundem-se com a esclera. A artéria e a veia centrais da 
retina cruzam essa extensão do espaço 
subaracnóideo para entrar no nervo óptico e, assim, 
podem ser comprimidas em pacientes com elevação 
da pressão do LCS. 
Ocorrem também pequenas extensões do espaço 
subaracnóideo ao redor dos outros nervos cranianos 
e espinais. Aqui, pode haver alguma comunicação 
entre o espaço subaracnóideo e os vasos linfáticos 
perineurais. 
O espaço subaracnóideo também se estende em 
torno das artérias e das veias do encéfalo e da medula 
espinal em pontos onde elas penetram no tecido 
nervoso. Entretanto, a pia-máter funde-se 
rapidamente com o revestimento externo do vaso 
sanguíneo abaixo da superfície do encéfalo e da 
medula espinal, fechando, assim, o espaço 
subaracnóideo. 
 
Locais especiais: 
 
As meninges são sacos que recobrem o cérebro. Mas 
do ponto de vista embriológico é como se tivesse 
feito o SN e ensacado – quando ensaca com os nervos 
de fora, fica um pedaço da meninge que ensaca o 
cérebro. O nervo óptico tem um pedaço da meninge; 
nas raízes da medula também tem pedaço da 
meninge que ensaca. 
 
Se a pressão intracraniana aumenta muito pode ter 
vários problemas, um deles é: tem um orifício por 
onde sai o nervo óptico: 
Exame alterado – pct com hipertensão craniana - 
liquido se acumulando no nervo óptico. (espaço 
subaracnóide) 
Isso é o que vê por exemplo nos sinais de hipertensão 
intracraniana em que faz a fundoscopia e tem o 
chamado Papiledema – não consegue enxergar. 
 
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O ensacamento da meninge ocorre onde saem todos 
esses nervos, inclusive o vestibulococlear. 
 
Locais especiais: 
 
Nervo vestibulococlear – pct com muita PIC pode 
reclamar de tontura pois foi acometido o ramo 
vestibular ou hipoacusia – não ouvir direito. 
 
O espaço subaracnóideo é o intervalo existente entre 
a aracnoide-máter e a pia-máter e, portanto, está 
presente nos locais onde essas meninges envolvem o 
encéfalo e a medula espinal. O espaço é preenchido 
com LCS e contém os grandes vasos sanguíneos do 
encéfalo. Esse espaço é atravessado por uma rede de 
trabéculas finas, formadas por tecido conjuntivo 
delicado. O espaço subaracnóideo circunda 
totalmente o encéfalo e estende-se ao longo dos 
nervos olfatórios até o mucoperiósteo do nariz. O 
espaço subaracnóideo também se estende ao longo 
dos vasos sanguíneos cerebrais nos locais onde 
entram e saem da substância do encéfalo e termina 
onde os vasos tornam-se arteríolas ou vênulas. 
Em determinadas situações, ao redor da base do 
encéfalo, a aracnoide-máter não segue estreitamente 
a superfície do encéfalo. Nesse caso, o espaço 
subaracnóideo se expande, formando cisternas 
subaracnóideas. 
Inferiormente, o espaço subaracnóideo estende-se 
além da extremidade inferior da medula espinal e 
envolve a cauda equina. O espaço subaracnóideo 
termina ao nível do intervalo entre a segunda e a 
terceira vértebras sacrais. 
O espaço subaracnóideo circunda os nervos 
cranianos e espinais e os acompanha até o ponto 
onde eles saem do crânio e do canal vertebral. Aqui, 
ocorre fusão da aracnoide-máter e da pia-máter com 
o perineuro de cada nervo. 
 
Meninges: 
 
Meninges ensacando a medula. Raízes da medula. 
 
Sd de Guillan-Barré – doença autoimune em que são 
formados anticorpos contra as raízes e nervos 
periféricos. É uma doença do SNP, porém o líquor se 
altera. Se o pct tiver uma inflamação na raiz, o líquor 
passa por lá e varre um pouco das proteínas 
inflamatórias. Então é assim que de vez em quando 
uma radiculite pode alterar o líquor. 
 
 
Processo de produção do líquor lembra o processo 
de ultrafiltrado e produção de urina no rim. 
Tem os plexos coroides, o sangue passa por ali, existe 
até um transporte ativo de substâncias que puxa a 
água do sangue em direção ao SNC e produz o líquor. 
Apesar disso, o líquor tem algumas proteínas (do 
ponto de vista fisiológico não era para ter proteína 
nenhuma, era só para secretar íon e puxando água). 
Essas proteínas vêm das veias da medula – as veias 
entram na medula e quando saem, saem para a 
circulação sistêmica. Aqui existe uma pequena 
 
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comunicação sem ser pela barreira hematocefálica e 
extravasa um pouco de plasma. 
No SNC não é assim, existe o astrócito que seleciona 
o que entra e o que saí. 
Então nesses pontos extravasa um pouco de proteína 
que vão para o líquor. 
 
SISTEMA/PLEXO VENOSO DE BATSON: 
 
As veias que saem da medula e conectam com o 
sistema venoso geral. Então em casos de câncer e 
esquistossomose as veias do intestino, pulmão etc vão 
para a medula. 
• Reservatório sanguíneo 
• Poucas válvulas 
• O sangue movimenta-se facilmente de um 
compartimento para outro (Abdominal, torácico 
ou vertebral) 
CA de pulmão pode metastatizar para a medula, se for 
para a medula, o local mais provável é onde a 
drenagem venosa é mais próxima – medula torácica. 
O esquistossomo chega pelo intestino, ao sair pelo 
intestino a maior chance é ir para a veia porta do 
fígado e aí o fígado fica entupido e vai crescendo e dá 
origem à barriga d’água. As vezes, o verme não vai 
para a veia porta, as vezes chega na medula e a 
criança fica paraplégica. 
 
 
Comunica com toda a pelve a nossa coluna 
lombossacra. 
 
Outra propriedade importante da PIC: esse sistema 
praticamente não tem válvulas. Se aperta a barriga, o 
sangue que está na barriga flui em direção a medula, 
e na hora que a veia enche, pelo sistema ser fechado, 
a PIC aumenta. Por isso que tem enxaqueca, a dor de 
cabeça piora quando faz esforço físico – manobra de 
valsava. As vezes dói mais pq aumentou a PIC e as 
meninges pulsam com mais pressão em cima delas. 
 
PRODUÇÃO DOLÍQUOR: 
 
 
8 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
La nos ventrículos do cérebro tem o plexo coroide 
(estrutura terceirizada para produção de liquor), o 
sangue passa e faz o plasma. Dai para frente, as 
paredes do ventrículo é que mandam os íons para 
dentro do ventrículo e com os íons vai a água. 
 
• Volume total: 150Ml – correndo o tempo todo 
• Produção: 500ml/dia (20ml/h) – o líquor e trocado 
várias vezes ao dia. 
 
 
 
Sangue, parede do plexo coroide. 
 
Muitas coisas vão de maneira espontânea, que é a 
difusão facilitada (DNA, vitaminas), outras ocorrem 
por meio de transporte ativo (bomba de sódio e 
potássio e canais que trocam hidrogênio por sódio). 
Se precisa de hidrogênio para fazer essa troca, tem a 
anidrase carbônica (converte ácido carbônico, 
bicarbonato, água CO2 – usamos ela no rim e ocorre 
de maneira espontânea no pulmão para fazer a troca 
gasosa). 
Como isso ocorre por transporte ativo, significa que 
enquanto tiver bomba de sódio e potássio e ATP, 
produz líquor. 
Se tapo um dos locais de drenagem do líquor, 
enquanto tiver ATP e bomba de sódio e potássio, ele 
vai continuar produzindo e aí a PIC vai aumentar – 
hidrocefalia. 
 
O LCS é formado principalmente nos plexos 
corióideos dos ventrículos laterais e do terceiro e 
quarto ventrículos; uma parte se origina das células 
ependimárias que revestem os ventrículos e da 
substância cerebral através dos espaços 
perivasculares. 
Os plexos corióideos possuem uma superfície muito 
pregueada, e cada prega consiste em um cerne de 
tecido conjuntivo vascular recoberto por epitélio 
cuboide do epêndima. 
O sangue dos capilares é separado do lúmen 
ventricular pelo endotélio, por uma membrana basal 
e pelo epitélio de superfície. As células epiteliais são 
fenestradas e permeáveis a grandes moléculas. 
Os plexos corióideos secretam ativamente o LCS, o 
que cria um pequeno gradiente de pressão. Ao 
mesmo tempo, transportam ativamente metabólitos 
do sistema nervoso do LCS para o sangue. O 
transporte ativo também explica por que as 
concentrações de potássio, cálcio, magnésio, 
bicarbonato e glicose são menores no LCS do que no 
plasma sanguíneo. 
O LCS é produzido continuamente em uma 
velocidade de cerca de 0,5 mℓ/min, com um volume 
total de cerca de 150 mℓ; isso corresponde a um 
tempo de renovação de 5 horas. 
É importante assinalar que a produção de LCS não é 
regulada pela pressão, e o LCS continua sendo 
produzido até mesmo se houver obstrução dos 
mecanismos de reabsorção. 
 
CIRCULAÇÃO DO LÍQUOR: 
https://youtu.be/kaOphkMv2pM 
 
https://youtu.be/kaOphkMv2pM
 
9 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
Ventrículos laterais, plexos coroides. O líquor é 
produzido e vai caminhando do ventrículo lateral (1° 
e 2°) para o 3° depois 4° ventrículo e depois ou para 
o canal central da medula ou para os lados. 
Se tapar um cano, o plexo coroide vai continuar 
produzindo o liquor. No 3° ventrículo também produz 
liquor. Do 3° para o 4° tem outro cano (aqueduto de 
Sylvius). Se tampa (tumor, coagulo, bicho, alteração 
congênita), pode crescer até ficar com uma cabeça 
gigante (no caso de crianças com suturas abertas) ou 
morrer devido a PIC elevada. 
 
 
A circulação começa com a sua secreção pelos plexos 
corióideos nos ventrículos (e uma pequena 
quantidade da superfície do encéfalo). O líquido 
segue dos ventrículos laterais para o terceiro 
ventrículo através dos forames interventriculares. Em 
seguida, passa para o quarto ventrículo através do 
estreito aqueduto do mesencéfalo. A circulação é 
auxiliada pelas pulsações arteriais dos plexos 
corióideos e pelos cílios das células ependimárias que 
revestem os ventrículos. 
A partir do quarto ventrículo, o LCS passa lentamente 
pela abertura mediana e pelas aberturas laterais dos 
recessos laterais do quarto ventrículo e entra no 
espaço subaracnóideo. Em seguida, move-se pelas 
cisternas cerebelobulbar e pontocerebelar, e flui 
superiormente através da incisura do tentório do 
cerebelo para alcançar a face inferior do cérebro. Em 
seguida, passa superiormente sobre a face lateral de 
cada hemisfério cerebral, auxiliado pelas pulsações 
das artérias cerebrais. Parte do líquido segue 
inferiormente no espaço subaracnóideo, ao redor da 
medula espinal e da cauda equina. Neste local 
alcança um fundo cego, e a sua circulação adicional 
depende das pulsações das artérias espinais e dos 
movimentos da coluna vertebral, da respiração, da 
tosse e das mudanças de posição do corpo. 
O LCS não apenas banha as superfícies ependimária 
e pial do encéfalo e da medula espinal, como também 
penetra no tecido nervoso ao longo dos vasos 
sanguíneos. 
 
DRENAGEM DO LÍQUOR: 
 
A maior parte do líquor desce na medula e sobe, ao 
subir vai voltando para o espaço subaracnóide e 
chega se comunicando som o seio sagital superior no 
espaço chamado granulação aracnóide. As várias 
células se acomodam no formato de válvula de modo 
que o líquor só sai para o sangue venoso e vai embora 
para a veia cava superior. 
Tem outros locais por onde o liquor sai, mas eles não 
são importantes do ponto de vista fisiológico (lamina 
cribiforme – de onde sai os ramos do nervo olfatório; 
pelo sistema linfático). O que sai no sistema linfático é 
desprezível do ponto de vista fisiológico, mas 
preocupante do ponto de vista patológico: se o pct 
teve um acidente de moto, cai com a cara no chão, ele 
pode lesar a lamina cribiforme e ai o pct queixa que 
desde que caiu de moto o nariz dele está escorrendo 
– não é nariz escorrendo, é líquor que tá pingando ali 
e tem que cuidar pq se não faz meningite de 
repetição. 
 
Os principais locais de absorção do LCS são as 
vilosidades aracnóideas, que se projetam dentro dos 
seios venosos da dura-máter, particularmente no seio 
sagital superior. As vilosidades aracnóideas tendem a 
se agrupar para formar elevações, conhecidas como 
granulações aracnóideas. Do ponto de vista 
estrutural, cada vilosidade aracnóidea consiste em um 
divertículo do espaço subaracnóideo que perfura a 
dura-máter. O divertículo aracnóideo é coberto por 
uma fina camada celular que, por sua vez, é recoberta 
pelo endotélio do seio venoso. As granulações 
aracnóideas aumentam em número e tamanho com a 
idade e tendem a sofrer calcificação na idade 
avançada. 
A absorção do LCS nos seios da dura-máter ocorre 
quando a pressão do LCS excede a pressão venosa no 
seio. 
Se a pressão venosa aumentar e ultrapassar a pressão 
do LCS, a compressão das pontas das vilosidades 
fecha os túbulos e impede o refluxo de sangue para 
dentro do espaço subaracnóideo. Dessa maneira, as 
vilosidades aracnóideas atuam como válvulas. 
Parte do LCS provavelmente sofre absorção direta nas 
veias no espaço subaracnóideo, e uma parte 
possivelmente escapa através dos vasos linfáticos 
perineurais dos nervos cranianos e nervos espinais. 
Como a produção de LCS pelos plexos corióideos é 
constante, a taxa de absorção do LCS através das 
vilosidades aracnóideas controla a pressão do LCS. 
 
Granulações aracnóides: 
 
10 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA 
 
Granulações, espaço subaracnóideo, seio sagital 
superior. 
 
Tem uma hora que a medula acaba, mas a meninge 
continua até lá embaixo. Esse espaço vazio fica cheio 
de liquor por conta da gravidade. Quando fica cheio 
de liquor é chamado de cisterna lombar (L3-L4) – local 
onde colhe o líquor. Então se coletar nesse espaço 
não tem como deixar o pct paraplégico. 
 
Se usa o espaço subaracnóidea para fazer a 
raquianestesia então, se quer anestesiar certa região, 
faz uma punção torácica, espera sair líquor e no 
espaço subaracnóideo injeta. 
Pct de lado, em posição fetal, flete a cabeça, na crista 
ilíaca desenha uma reta e colhe ali entre um processo 
espinhoso e outro. 
 
Pressão liquórica 
Valor normal: 5-20cm H2O 
Na hora de coletar pode pedir a pressão com que o 
líquor sai. Medir essa pressão é uma maneira direta de 
identificar a pressão intracraniana do pct. 
Se for pct obeso, a própria banha aumenta a pressão(limite 25cm H2O) 
 
COMPOSIÇÃO DO LÍQUOR: 
• Glicose: referente ao estado glicêmico das 
últimas 3h. o normal equivale a aprx. 2/3 da 
glicemia 
• Proteínas: variam conforme o local da punção 
(ventrículos < cisterna < lombar) 
• Lactato: não varia com a glicemia 
• Cloretos: cada vez menos valor 
• ADA: indica inflamação e aumento do 
metabolismo 
• DHL: indica morte neuronal e/ou inflamação 
(aumento do metabolismo) 
• TGO: indica lesão neuronal 
Mais importante: glicose, proteína, lactato e contar a 
quantidade de células que tem no líquor. 
Pela produção de líquor não é para ter nenhuma 
célula nele, no máximo 5 células. 
Se tiver mais de 5 células no liquor é pq aconteceu 
diapedese – inflamação, bradicinina, aumenta 
permeabilidade do vaso, expressa proteínas e entra 
linfócito, neutrófilo etc. Então diapedese indica 
inflamação – tem algo errado. 
Meningite bacteriana – células muito elevadas, 
muitas proteínas (anticorpo, bactérias produzem 
toxinas que são interpretadas como proteínas no 
liquor) e glicose diminuída. Se não tiver glicose 
nenhuma no líquor é pq as bactérias ou neutrófilos 
consumiram a glicose. 
Meningite viral – vírus não consome glicose. Vírus 
não produz toxinas, então a proteína pode até estar 
aumentada, mas não vai ser gritante. Pode ter 
algumas células. 
 
Acidentes de punção: 
Celularidade: retirar 1 célula para cada 500 hemácias 
Proteínas: se o acidente for de até 2 mil hemácias, 
retirar 1,5mg para cada 1000 hemácias. 
Quando faz a punção, pode furar um vaso que está no 
caminho, e junto do sangue do vaso vem o líquor. 
Tem como corrigir – se veio sangue, para cada 500 
hemácias que tem lá tira 1 célula. 
Se for umas gotas de sangue (até 2 mil hemácias) dá 
para corrigir. Se for mais, tem que colher de novo. 
O líquor é para ser uma água limpíssima – água de 
rocha. Se veio vermelho ou a cabeça do pct está cheia 
de sangue ou foi um acidente de punção – colhe-se 
dois tubos para ter certeza.

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