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1 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA Circulação 4M1 – CIRCULAÇÃO CEREBRAL E LÍQUOR Objetivos: 1. Conhecer as principais artérias e veias do cérebro. 2. Entender como o líquido cefalorraquidiano é produzido e drenado 3. Aprender a utilidade de se analisar o líquor 4. Conhecer os fatores que interferem na pressão intracraniana Livro: Snell páginas 447-451; 464-470. ARTÉRIAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL: O encéfalo é suprido pelas duas artérias carótidas internas e pelas duas artérias vertebrais. As quatro artérias situam-se dentro do espaço subaracnóideo, e seus ramos se anastomosam sobre a face inferior do encéfalo para formar o círculo arterial do cérebro (círculo de Willis). Artéria carótida interna: • Começa na bifurcação da artéria carótida comum, ascende pelo pescoço e perfura a base do crânio, atravessando o canal carótico do osso temporal. Segue um trajeto e divide-se nas artérias cerebrais anterior e média. • Artéria cerebral anterior – é o menor ramo terminal da artéria carótida interna. Une-se à artéria cerebral anterior do lado oposto pela artéria comunicante anterior. • Artéria cerebral média – o maior ramo da artéria carótida interna, segue um percurso lateral no sulco lateral do cérebro. Artéria vertebral: • Ramo da primeira parte da artéria subclávia, ascende pelo pescoço atravessando os forames nos processos transversos das seis vértebras cervicais superiores. Entra no crânio através do forame magno e perfura a dura-máter e aracnoide-máter para entrar no espaço subaracnóideo. • Na margem inferior da ponte une-se ao vaso do lado oposto para formar a artéria basilar. • Artéria basilar: formada pela união das duas artérias vertebrais, ascende em um sulco na fase anterior da ponte. Na margem superior da ponte divide-se nas duas artérias cerebrais posteriores. Aorta – tronco braquiocefálico – carótida comum se bifurca em carótida interna e carótida interna. A carótida interna é a que vai para dentro e a externa vai para fora. Da carótida interna se bifurca na circulação anterior do cérebro (cerebral anterior e cerebral média). A cerebral média irriga quase que o cérebro inteiro, por isso nos AVE, se for chutar qual a artéria é a artéria cerebral média. Mas tem AVE das outras também. A circulação posterior é o sistema vertebro-basilar. 2 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA De verde – circulação posterior. No meio está colorido – território misto. Sistema vértebro-basilar (circulação posterior): Tronco braquiocefálico vão dar origem as artérias subclávias, das subclávias saem artérias vertebrais. As vertebrais começam na medula cervical. Quando chega no forame magno, ela dá uma volta e entra – a a partir daí é dentro do crânio. Então duas vertebrais se unem e formam a artéria basilar. As artérias cerebrais saem de uma bifurcação da artéria basilar. Vertebrais irrigam a primeira porção do tronco encefálico (bulbo) e um pedaço do cerebelo. A basilar irriga a ponte e um pedaço do cerebelo. As posteriores irrigam o lobo occipital. 3 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA Ramos perfurantes (canos finos) – como se fosse uma agulha. Se pegar uma torneira e aumentar a vasão até estourar os canos, estourará os canos mais finos. É por isso que os AVEh de origem hipertensiva vão sangrar em locais previstos/típicos – onde os vasos são mais finos. Então se o pct tiver um aveh de origem hipertensiva, vai sangrar por exemplo o tronco encefálico. Ramos perfurantes da artéria cerebral média que vão em direção aos núcleos da base e tálamo. Locais mais típicos de ocorrência do AVEh: NTPC – pct que não tem pressão controlada = núcleos da base, tálamo, ponte e cerebelo. Bonequinho – polígono de Willis - região de anastomoses importantes no cérebro. Existe um ramo que comunica a cerebral média e a anterior – comunicante anterior. Entre a cerebral média e a cerebral posterior também tem outro ramo – comunicante posterior (comunica a circulação anterior a posterior). Se comprimo a carótida direita inteira não há sérios problemas pq a esquerda continua irrigando o cérebro por meio dos ramos comunicantes (anastomoses). Se comprimir as duas é o mata leão e a pessoa desmaia. Mas mesmo assim ainda daria para fazer a irrigação só pelas vertebrais, mas nesse caso esses ramos comunicantes não são tão bons assim. Conseguimos recrutar eles para eles ficarem bem bons quando isso ocorre de maneira devagar – forma uma placa de gordura, vai entupindo de vagar, o fluxo vai caindo e por mecanismos compensatórios vai dilatando o ramo comunicante e em um momento ele fica bom. Pq da AVC se tem ramo comunicante? Pq a cerebral média está só ali. A maioria dos aneurismas ocorrem na comunicante posterior. Aneurisma – local da artéria fraco (nasceu sem uma das camadas) e a medida que a PA vai batendo, ela se dilata e forma um balão – aneurisma sacular. Ou pode porque um microrganismo afetou o local, inflamou e deixou frágil o local da artéria. Angiotomografia – contraste etc 11 tronco braquiocefálico 1 carótida comum 2 carótida externa 4 carótida interna 5 Carótida interna – da voltinha entrando crânio – cerebral media e cerebral anterior. 10 carótida externa? 9 carótida interna 7 cerebral anterior 8 cerebral media 2 subclávia – ramo vertebral passando pela medula cervical entrou no crânio, basilar, cerebrais posteriores. O círculo arterial do cérebro (círculo de Willis) situa-se na fossa interpeduncular, na base do cérebro. É formado por anastomose entre as duas artérias carótidas internas e as duas artérias vertebrais. As artérias comunicante anterior, cerebral anterior, carótida interna, comunicante posterior, cerebral 4 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA posterior e basilar contribuem para o círculo. O círculo arterial do cérebro possibilita a entrada de sangue pelas artérias carótidas internas ou vertebrais, com distribuição para qualquer parte dos dois hemisférios cerebrais. Ramos corticais e centrais originam-se do círculo e suprem a substância cerebral. É comum a ocorrência de variações nos tamanhos das artérias que formam o círculo, e foi relatada a ausência de uma ou de ambas as artérias comunicantes posteriores. SISTEMA VENOSO ENCEFÁLICO: As veias do encéfalo não possuem tecido muscular em suas paredes muito finas, e são desprovidas de válvulas. Surgem a partir do encéfalo e situam-se no espaço subaracnóideo. Perfuram a aracnoide-máter e a camada meníngea da dura-máter e drenam para os seios venosos da dura-máter. Seio – quando vira uma veia grande. Seio sagital superior – tudo drena para o seio sagital superior ou para o seio transverso. Esses seios confluem no ponto de confluência dos seios. Depois do seio transverso, vai para o seio sigmoide que faz um S. E aí as veias jugulares e depois veia cava superior. Confluência dos seios. É importante saber artéria por conta dos AVCs. É importante saber veia por conta da pressão intracraniana – se a veia ficar turgida no cérebro, não tem para onde inchar devido ao crânio, então a pressão lá dentro fica cada vez pior e aí fica grande demais a ponto de o sangue não conseguir mais entrar ou fica grande demais a ponto do cérebro ser esmagado contra a gravidade – herniação. FUNÇÕES DO LÍQUOR: • Suporte físico do cérebro (empuxo): peso diminui de 1500g para 50g. O cérebro parece uma gelatina, se não fosse o líquor ele achataria. Então dentro do líquor, o cérebro mantem seu formato graças ao empuxo. • Sistema glinfático – capacidade de limpar sujeiras do cérebro. O líquor limpa as sujeiras produzidas. Um sistema glinfático ineficiente gera acúmulo de metabólitos, metabólitos acumulados são tóxicos. Isso pode levar a vários problemas – se for ao longo dos anos, leva à neurodegeneração (demência) • Transporte intracerebral(TRF e LRF do hipotálamo para a hipófise). • Homeostase iônica. – p/ o potencial de ação funcionar direito. O LCS é encontrado nos ventrículos do encéfalo e no espaço subaracnóideo em torno do encéfalo e da medula espinal. Apresenta um volume de cerca de 150 mℓ. Trata-se de um líquido límpido e incolor, que possui, em solução, sais inorgânicos semelhantes aos do plasma sanguíneo. O nível de glicose corresponde a cerca da metade do nível de glicemia, e há apenas uma quantidade muito pequena de proteínas. Apenas algumas células estão presentes, as quais consistem em linfócitos. A contagem normal de linfócitos é de 0 a 3 células por milímetro cúbico. A pressão do LCS é mantida notavelmente constante. Na posição de decúbito lateral, a pressão medida por punção lombar é de cerca de 60 a 150 mm de água. Essa 5 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA pressão pode ser elevada pelo esforço, pela tosse ou pela compressão das veias jugulares internas no pescoço. Funções: O LCS, que banha as superfícies externa e interna do encéfalo e da medula espinal, atua como amortecedor entre o sistema nervoso central (SNC) e os ossos circundantes, protegendo-o, assim, contra traumatismos mecânicos. Como a densidade do encéfalo é apenas ligeiramente maior do que a do LCS, este proporciona flutuabilidade mecânica e sustentação para o encéfalo. A estreita relação do líquido com o tecido nervoso e o sangue permite ao LCS atuar como reservatório e ajudar na regulação do conteúdo do crânio. Por exemplo, se houver aumento do volume do encéfalo ou do volume sanguíneo, o volume do LCS diminuirá. Como o LCS é um substrato fisiológico ideal, ele provavelmente desempenha uma função ativa na nutrição do tecido nervoso; quase certamente auxilia na remoção de produtos do metabolismo neuronal. Meninges: Dura-máter, aracnóide-mater, espaço subaracnoide onde corre o líquor, piamater (bem colado). Na pia mater os vasos cerebrais se colam e é onde tem os receptores de dor. O cérebro não dói, o que dói é a pia-mater. Extensões do espaço subaracnóideo Uma manga do espaço subaracnóideo estende-se ao redor do nervo óptico até a parte posterior do bulbo do olho. Neste local, a aracnoide-máter e a pia-máter fundem-se com a esclera. A artéria e a veia centrais da retina cruzam essa extensão do espaço subaracnóideo para entrar no nervo óptico e, assim, podem ser comprimidas em pacientes com elevação da pressão do LCS. Ocorrem também pequenas extensões do espaço subaracnóideo ao redor dos outros nervos cranianos e espinais. Aqui, pode haver alguma comunicação entre o espaço subaracnóideo e os vasos linfáticos perineurais. O espaço subaracnóideo também se estende em torno das artérias e das veias do encéfalo e da medula espinal em pontos onde elas penetram no tecido nervoso. Entretanto, a pia-máter funde-se rapidamente com o revestimento externo do vaso sanguíneo abaixo da superfície do encéfalo e da medula espinal, fechando, assim, o espaço subaracnóideo. Locais especiais: As meninges são sacos que recobrem o cérebro. Mas do ponto de vista embriológico é como se tivesse feito o SN e ensacado – quando ensaca com os nervos de fora, fica um pedaço da meninge que ensaca o cérebro. O nervo óptico tem um pedaço da meninge; nas raízes da medula também tem pedaço da meninge que ensaca. Se a pressão intracraniana aumenta muito pode ter vários problemas, um deles é: tem um orifício por onde sai o nervo óptico: Exame alterado – pct com hipertensão craniana - liquido se acumulando no nervo óptico. (espaço subaracnóide) Isso é o que vê por exemplo nos sinais de hipertensão intracraniana em que faz a fundoscopia e tem o chamado Papiledema – não consegue enxergar. 6 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA O ensacamento da meninge ocorre onde saem todos esses nervos, inclusive o vestibulococlear. Locais especiais: Nervo vestibulococlear – pct com muita PIC pode reclamar de tontura pois foi acometido o ramo vestibular ou hipoacusia – não ouvir direito. O espaço subaracnóideo é o intervalo existente entre a aracnoide-máter e a pia-máter e, portanto, está presente nos locais onde essas meninges envolvem o encéfalo e a medula espinal. O espaço é preenchido com LCS e contém os grandes vasos sanguíneos do encéfalo. Esse espaço é atravessado por uma rede de trabéculas finas, formadas por tecido conjuntivo delicado. O espaço subaracnóideo circunda totalmente o encéfalo e estende-se ao longo dos nervos olfatórios até o mucoperiósteo do nariz. O espaço subaracnóideo também se estende ao longo dos vasos sanguíneos cerebrais nos locais onde entram e saem da substância do encéfalo e termina onde os vasos tornam-se arteríolas ou vênulas. Em determinadas situações, ao redor da base do encéfalo, a aracnoide-máter não segue estreitamente a superfície do encéfalo. Nesse caso, o espaço subaracnóideo se expande, formando cisternas subaracnóideas. Inferiormente, o espaço subaracnóideo estende-se além da extremidade inferior da medula espinal e envolve a cauda equina. O espaço subaracnóideo termina ao nível do intervalo entre a segunda e a terceira vértebras sacrais. O espaço subaracnóideo circunda os nervos cranianos e espinais e os acompanha até o ponto onde eles saem do crânio e do canal vertebral. Aqui, ocorre fusão da aracnoide-máter e da pia-máter com o perineuro de cada nervo. Meninges: Meninges ensacando a medula. Raízes da medula. Sd de Guillan-Barré – doença autoimune em que são formados anticorpos contra as raízes e nervos periféricos. É uma doença do SNP, porém o líquor se altera. Se o pct tiver uma inflamação na raiz, o líquor passa por lá e varre um pouco das proteínas inflamatórias. Então é assim que de vez em quando uma radiculite pode alterar o líquor. Processo de produção do líquor lembra o processo de ultrafiltrado e produção de urina no rim. Tem os plexos coroides, o sangue passa por ali, existe até um transporte ativo de substâncias que puxa a água do sangue em direção ao SNC e produz o líquor. Apesar disso, o líquor tem algumas proteínas (do ponto de vista fisiológico não era para ter proteína nenhuma, era só para secretar íon e puxando água). Essas proteínas vêm das veias da medula – as veias entram na medula e quando saem, saem para a circulação sistêmica. Aqui existe uma pequena 7 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA comunicação sem ser pela barreira hematocefálica e extravasa um pouco de plasma. No SNC não é assim, existe o astrócito que seleciona o que entra e o que saí. Então nesses pontos extravasa um pouco de proteína que vão para o líquor. SISTEMA/PLEXO VENOSO DE BATSON: As veias que saem da medula e conectam com o sistema venoso geral. Então em casos de câncer e esquistossomose as veias do intestino, pulmão etc vão para a medula. • Reservatório sanguíneo • Poucas válvulas • O sangue movimenta-se facilmente de um compartimento para outro (Abdominal, torácico ou vertebral) CA de pulmão pode metastatizar para a medula, se for para a medula, o local mais provável é onde a drenagem venosa é mais próxima – medula torácica. O esquistossomo chega pelo intestino, ao sair pelo intestino a maior chance é ir para a veia porta do fígado e aí o fígado fica entupido e vai crescendo e dá origem à barriga d’água. As vezes, o verme não vai para a veia porta, as vezes chega na medula e a criança fica paraplégica. Comunica com toda a pelve a nossa coluna lombossacra. Outra propriedade importante da PIC: esse sistema praticamente não tem válvulas. Se aperta a barriga, o sangue que está na barriga flui em direção a medula, e na hora que a veia enche, pelo sistema ser fechado, a PIC aumenta. Por isso que tem enxaqueca, a dor de cabeça piora quando faz esforço físico – manobra de valsava. As vezes dói mais pq aumentou a PIC e as meninges pulsam com mais pressão em cima delas. PRODUÇÃO DOLÍQUOR: 8 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA La nos ventrículos do cérebro tem o plexo coroide (estrutura terceirizada para produção de liquor), o sangue passa e faz o plasma. Dai para frente, as paredes do ventrículo é que mandam os íons para dentro do ventrículo e com os íons vai a água. • Volume total: 150Ml – correndo o tempo todo • Produção: 500ml/dia (20ml/h) – o líquor e trocado várias vezes ao dia. Sangue, parede do plexo coroide. Muitas coisas vão de maneira espontânea, que é a difusão facilitada (DNA, vitaminas), outras ocorrem por meio de transporte ativo (bomba de sódio e potássio e canais que trocam hidrogênio por sódio). Se precisa de hidrogênio para fazer essa troca, tem a anidrase carbônica (converte ácido carbônico, bicarbonato, água CO2 – usamos ela no rim e ocorre de maneira espontânea no pulmão para fazer a troca gasosa). Como isso ocorre por transporte ativo, significa que enquanto tiver bomba de sódio e potássio e ATP, produz líquor. Se tapo um dos locais de drenagem do líquor, enquanto tiver ATP e bomba de sódio e potássio, ele vai continuar produzindo e aí a PIC vai aumentar – hidrocefalia. O LCS é formado principalmente nos plexos corióideos dos ventrículos laterais e do terceiro e quarto ventrículos; uma parte se origina das células ependimárias que revestem os ventrículos e da substância cerebral através dos espaços perivasculares. Os plexos corióideos possuem uma superfície muito pregueada, e cada prega consiste em um cerne de tecido conjuntivo vascular recoberto por epitélio cuboide do epêndima. O sangue dos capilares é separado do lúmen ventricular pelo endotélio, por uma membrana basal e pelo epitélio de superfície. As células epiteliais são fenestradas e permeáveis a grandes moléculas. Os plexos corióideos secretam ativamente o LCS, o que cria um pequeno gradiente de pressão. Ao mesmo tempo, transportam ativamente metabólitos do sistema nervoso do LCS para o sangue. O transporte ativo também explica por que as concentrações de potássio, cálcio, magnésio, bicarbonato e glicose são menores no LCS do que no plasma sanguíneo. O LCS é produzido continuamente em uma velocidade de cerca de 0,5 mℓ/min, com um volume total de cerca de 150 mℓ; isso corresponde a um tempo de renovação de 5 horas. É importante assinalar que a produção de LCS não é regulada pela pressão, e o LCS continua sendo produzido até mesmo se houver obstrução dos mecanismos de reabsorção. CIRCULAÇÃO DO LÍQUOR: https://youtu.be/kaOphkMv2pM https://youtu.be/kaOphkMv2pM 9 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA Ventrículos laterais, plexos coroides. O líquor é produzido e vai caminhando do ventrículo lateral (1° e 2°) para o 3° depois 4° ventrículo e depois ou para o canal central da medula ou para os lados. Se tapar um cano, o plexo coroide vai continuar produzindo o liquor. No 3° ventrículo também produz liquor. Do 3° para o 4° tem outro cano (aqueduto de Sylvius). Se tampa (tumor, coagulo, bicho, alteração congênita), pode crescer até ficar com uma cabeça gigante (no caso de crianças com suturas abertas) ou morrer devido a PIC elevada. A circulação começa com a sua secreção pelos plexos corióideos nos ventrículos (e uma pequena quantidade da superfície do encéfalo). O líquido segue dos ventrículos laterais para o terceiro ventrículo através dos forames interventriculares. Em seguida, passa para o quarto ventrículo através do estreito aqueduto do mesencéfalo. A circulação é auxiliada pelas pulsações arteriais dos plexos corióideos e pelos cílios das células ependimárias que revestem os ventrículos. A partir do quarto ventrículo, o LCS passa lentamente pela abertura mediana e pelas aberturas laterais dos recessos laterais do quarto ventrículo e entra no espaço subaracnóideo. Em seguida, move-se pelas cisternas cerebelobulbar e pontocerebelar, e flui superiormente através da incisura do tentório do cerebelo para alcançar a face inferior do cérebro. Em seguida, passa superiormente sobre a face lateral de cada hemisfério cerebral, auxiliado pelas pulsações das artérias cerebrais. Parte do líquido segue inferiormente no espaço subaracnóideo, ao redor da medula espinal e da cauda equina. Neste local alcança um fundo cego, e a sua circulação adicional depende das pulsações das artérias espinais e dos movimentos da coluna vertebral, da respiração, da tosse e das mudanças de posição do corpo. O LCS não apenas banha as superfícies ependimária e pial do encéfalo e da medula espinal, como também penetra no tecido nervoso ao longo dos vasos sanguíneos. DRENAGEM DO LÍQUOR: A maior parte do líquor desce na medula e sobe, ao subir vai voltando para o espaço subaracnóide e chega se comunicando som o seio sagital superior no espaço chamado granulação aracnóide. As várias células se acomodam no formato de válvula de modo que o líquor só sai para o sangue venoso e vai embora para a veia cava superior. Tem outros locais por onde o liquor sai, mas eles não são importantes do ponto de vista fisiológico (lamina cribiforme – de onde sai os ramos do nervo olfatório; pelo sistema linfático). O que sai no sistema linfático é desprezível do ponto de vista fisiológico, mas preocupante do ponto de vista patológico: se o pct teve um acidente de moto, cai com a cara no chão, ele pode lesar a lamina cribiforme e ai o pct queixa que desde que caiu de moto o nariz dele está escorrendo – não é nariz escorrendo, é líquor que tá pingando ali e tem que cuidar pq se não faz meningite de repetição. Os principais locais de absorção do LCS são as vilosidades aracnóideas, que se projetam dentro dos seios venosos da dura-máter, particularmente no seio sagital superior. As vilosidades aracnóideas tendem a se agrupar para formar elevações, conhecidas como granulações aracnóideas. Do ponto de vista estrutural, cada vilosidade aracnóidea consiste em um divertículo do espaço subaracnóideo que perfura a dura-máter. O divertículo aracnóideo é coberto por uma fina camada celular que, por sua vez, é recoberta pelo endotélio do seio venoso. As granulações aracnóideas aumentam em número e tamanho com a idade e tendem a sofrer calcificação na idade avançada. A absorção do LCS nos seios da dura-máter ocorre quando a pressão do LCS excede a pressão venosa no seio. Se a pressão venosa aumentar e ultrapassar a pressão do LCS, a compressão das pontas das vilosidades fecha os túbulos e impede o refluxo de sangue para dentro do espaço subaracnóideo. Dessa maneira, as vilosidades aracnóideas atuam como válvulas. Parte do LCS provavelmente sofre absorção direta nas veias no espaço subaracnóideo, e uma parte possivelmente escapa através dos vasos linfáticos perineurais dos nervos cranianos e nervos espinais. Como a produção de LCS pelos plexos corióideos é constante, a taxa de absorção do LCS através das vilosidades aracnóideas controla a pressão do LCS. Granulações aracnóides: 10 Laís Flauzino | NEUROLOGIA | 7°P MEDICINA Granulações, espaço subaracnóideo, seio sagital superior. Tem uma hora que a medula acaba, mas a meninge continua até lá embaixo. Esse espaço vazio fica cheio de liquor por conta da gravidade. Quando fica cheio de liquor é chamado de cisterna lombar (L3-L4) – local onde colhe o líquor. Então se coletar nesse espaço não tem como deixar o pct paraplégico. Se usa o espaço subaracnóidea para fazer a raquianestesia então, se quer anestesiar certa região, faz uma punção torácica, espera sair líquor e no espaço subaracnóideo injeta. Pct de lado, em posição fetal, flete a cabeça, na crista ilíaca desenha uma reta e colhe ali entre um processo espinhoso e outro. Pressão liquórica Valor normal: 5-20cm H2O Na hora de coletar pode pedir a pressão com que o líquor sai. Medir essa pressão é uma maneira direta de identificar a pressão intracraniana do pct. Se for pct obeso, a própria banha aumenta a pressão(limite 25cm H2O) COMPOSIÇÃO DO LÍQUOR: • Glicose: referente ao estado glicêmico das últimas 3h. o normal equivale a aprx. 2/3 da glicemia • Proteínas: variam conforme o local da punção (ventrículos < cisterna < lombar) • Lactato: não varia com a glicemia • Cloretos: cada vez menos valor • ADA: indica inflamação e aumento do metabolismo • DHL: indica morte neuronal e/ou inflamação (aumento do metabolismo) • TGO: indica lesão neuronal Mais importante: glicose, proteína, lactato e contar a quantidade de células que tem no líquor. Pela produção de líquor não é para ter nenhuma célula nele, no máximo 5 células. Se tiver mais de 5 células no liquor é pq aconteceu diapedese – inflamação, bradicinina, aumenta permeabilidade do vaso, expressa proteínas e entra linfócito, neutrófilo etc. Então diapedese indica inflamação – tem algo errado. Meningite bacteriana – células muito elevadas, muitas proteínas (anticorpo, bactérias produzem toxinas que são interpretadas como proteínas no liquor) e glicose diminuída. Se não tiver glicose nenhuma no líquor é pq as bactérias ou neutrófilos consumiram a glicose. Meningite viral – vírus não consome glicose. Vírus não produz toxinas, então a proteína pode até estar aumentada, mas não vai ser gritante. Pode ter algumas células. Acidentes de punção: Celularidade: retirar 1 célula para cada 500 hemácias Proteínas: se o acidente for de até 2 mil hemácias, retirar 1,5mg para cada 1000 hemácias. Quando faz a punção, pode furar um vaso que está no caminho, e junto do sangue do vaso vem o líquor. Tem como corrigir – se veio sangue, para cada 500 hemácias que tem lá tira 1 célula. Se for umas gotas de sangue (até 2 mil hemácias) dá para corrigir. Se for mais, tem que colher de novo. O líquor é para ser uma água limpíssima – água de rocha. Se veio vermelho ou a cabeça do pct está cheia de sangue ou foi um acidente de punção – colhe-se dois tubos para ter certeza.
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