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2020-FernandaBeatrizSantanaBarroso-tcc

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Universidade de Brasília - UnB 
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas 
Departamento de Administração 
 
 
 
 
 
 
FERNANDA BEATRIZ SANTANA BARROSO 
 
 
 
ACONDICIONAMENTO E DESCARTE DE 
PERFUROCORTANTES: UM ESTUDO DOS RESÍDUOS 
GERADOS POR USUÁRIOS DE INSULINA NO 
TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 
 
 
 
 
 
Brasília – DF 
2020
 
 
 
FERNANDA BEATRIZ SANTANA BARROSO 
 
 
 
ACONDICIONAMENTO E DESCARTE DE PERFUROCORTANTES: UM 
ESTUDO DOS RESÍDUOS GERADOS POR USUÁRIOS DE INSULINA NO 
TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 
 
 
Monografia apresentada ao 
Departamento de Administração como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Bacharel em Administração. 
 
Professora Orientadora: Doutora, 
Vanessa Cabral Gomes. 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília – DF 
2020 
 
 
 
FERNANDA BEATRIZ SANTANA BARROSO 
 
 
ACONDICIONAMENTO E DESCARTE DE PERFUROCORTANTES: UM 
ESTUDO DOS RESÍDUOS GERADOS POR USUÁRIOS DE INSULINA NO 
TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS 
 
A Comissão Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Conclusão do 
Curso de Administração da Universidade de Brasília da aluna 
 
Fernanda Beatriz Santana Barroso 
 
Doutora, Vanessa Cabral Gomes 
Professora-Orientadora 
 
Doutora, Patricia Guarnieri dos Santos, Doutora, Silvia Araújo dos Reis, 
 Professora-Examinadora Professora-Examinadora 
 
Brasília, 03 de dezembro de 2020. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço primeiramente a Deus por todas as oportunidades abertas ao longo de 
minha vida, que me fizeram chegar até a Universidade de Brasília, onde foi possível 
iniciar o meu sonho de ser formada em Administração. 
Agradeço a minha mãe, Cláudia, minha avó, Deuzenice e a minha irmã, Gabrielly, 
por serem a minha base, pois o apoio e paciência delas foram fundamentais para que eu 
chegasse até aqui. 
Aos amigos que estiveram comigo durante a graduação, em especial a Jaiane, que 
esteve comigo nos melhores e piores momentos do curso, me apoiando e dando suporte 
todas as vezes em que precisei. 
Aos respondentes desta pesquisa e também as pessoas que a divulgaram, que tanto 
colaboraram para a concretização do estudo. 
Gostaria de agradecer a minha professora orientadora, Vanessa Cabral, que 
acreditou no meu potencial e dedicou o seu tempo, mesmo com uma filha recém-nascida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Os resíduos perfurocortantes, como agulhas e lancetas, pertencem ao grupo E dos 
Resíduos de Serviço de Saúde e são utilizados em larga escala por portadores do Diabetes 
Mellitus. A falta de diretrizes técnicas específicas para o manejo seguro dos resíduos 
gerados em domicílio pode causar deficiência no manejo dos resíduos, principalmente no 
acondicionamento e descarte. Etapas que fazem parte da rotina de tratamento dos 
diabéticos, quando não são feitas corretamente, podem causar acidentes, danos à saúde e 
ao meio ambiente. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo analisar o 
acondicionamento e o descarte dos resíduos perfurocortantes gerados por usuários de 
insulina no tratamento do Diabetes Mellitus. A pesquisa é de caráter exploratório e 
quantitativa, realizada através de um questionário disponibilizado eletronicamente. Os 
respondentes são diabéticos que fazem uso de insulina no tratamento da doença. Nos 
resultados foi possível observar que o uso da caixa de descarte não é feito pela maioria 
dos respondentes; o acondicionamento dos resíduos perfurocortantes é feito em sua 
maioria em garrafas PET e o descarte é finalizado em postos de saúde. A pesquisa aponta 
que os diabéticos parecem estar mais conscientes do que relata a literatura, pois percebe-
se que há maior preocupação em encaminhar corretamente os resíduos perfurocortantes. 
A presente pesquisa busca preencher uma lacuna temporal em relação ao panorama 
quantitativo de como é realizado o acondicionamento e o descarte dos resíduos 
perfurocortantes gerados por usuários de insulina atualmente. 
 
Palavras-chave: Resíduo perfurocortante. Acondicionamento de perfurocortante. 
Descarte de perfurocortante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Acondicionamento domiciliar de seringas agulhadas e lancetas .................. 37 
Quadro 2 – Orientações recebidas acerca do descarte de resíduos perfurocortantes ...... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública de Resíduos 
Especiais 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 
DM – Diabetes Mellitus 
FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente 
LADA – Latent Autoimmune Diabetes in Adults 
MODY – Maturity Onset Diabetes of the Young 
NBR – Norma Brasileira 
PET – Poli Tereftalato de Etileno 
PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde 
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos 
RDC – Resolução de Diretoria Colegiada 
RSS – Resíduos de Serviço de Saúde 
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes 
SUS – Sistema Único de Saúde 
UBS – Unidade Básica de Saúde 
UnB – Universidade de Brasília 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 08 
 1.1 Formulação do problema ................................................................................. 08 
 1.2 Objetivo geral .................................................................................................... 10 
 1.3 Objetivos específicos ......................................................................................... 10 
 1.4 Justificativa ....................................................................................................... 10 
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ........................................................................... 12 
 2.1 Resíduos Sólidos ................................................................................................ 12 
 2.2 Resíduos de Serviço de Saúde .......................................................................... 13 
 2.3 Manejo do Resíduo de Serviço de Saúde ......................................................... 16 
 2.4 Diabetes Mellitus e a geração de resíduos perfurocortantes ......................... 18 
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA .................................................... 23 
 3.1 Tipologia e descrição geral dos métodos de pesquisa ..................................... 23 
 3.2 Participantes da pesquisa ................................................................................. 23 
 3.3 Caracterização e descrição dos instrumentos de pesquisa ............................. 24 
 3.4 Procedimentos de coleta e de análise de dados ............................................... 26 
4 RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................................... 27 
 4.1 Caracterização da amostra .............................................................................. 27 
 4.2 Dados sobre o Diabetes Mellitus dos participantes ........................................ 28 
 4.3 A rotina e manejo dos resíduos perfurocortantes no tratamento do Diabetes 
Mellitus .......................................................................................................................... 29 
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO ........................................................... 45 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 47 
APÊNDICE ...................................................................................................................52 
Apêndice A – Questionário .......................................................................................... 53 
 
 
 
8 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Com o alto crescimento populacional, o consumo de recursos naturais e a 
geração de resíduos sólidos aumenta demasiadamente, que por sua vez implica em 
dificuldades para a destinação correta do resíduo produzido, bem como a logística reversa 
dos produtos e embalagens. Esse contexto é caracterizado como um atual problema 
ambiental de descarte de resíduos sólidos, marcado pelo crescente uso de embalagens 
descartáveis (CARVALHO BAGIO et al., 2013). Ainda segundo esses autores, a 
destinação incorreta dos resíduos sólidos pode acarretar danos ambientais e prejuízos à 
saúde pública. 
No Brasil, o mau gerenciamento dos resíduos resulta em problemas que afetam 
a saúde humana, principalmente dos trabalhadores que têm contato com esses resíduos, 
além da contaminação do solo, da água, do ar e a propagação de vetores disseminadores 
de doenças (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004). Assim, para reduzir os impactos 
ambientais causados pelo inadequado manejo dos resíduos sólidos oriundos das 
organizações, criou-se em 2010 a lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS), que segundo Nascimento (2017) foi um marco de referência 
para a legislação ambiental brasileira em nível internacional. 
Segundo Paschoalin et al. (2014) a geração de resíduo sólido é infinita, 
considerando-se que o consumo de produtos pela população é diário. Diante disso é 
imprescindível que seja estabelecido uma gestão consciente de seu manejo e destinação, 
objetivando diminuir a produção de resíduos e encaminha-los de forma segura e eficiente 
para a destinação correta, atentando-se a proteção dos trabalhadores, a preservação da 
saúde pública, dos recursos naturais e do ecossistema (RÊGO, 2014). 
1.1 Formulação do Problema 
A grande diversidade de resíduos gerados nas atividades humanas torna a gestão 
e o gerenciamento dos resíduos sólidos mais complexa. Logo, chama-se atenção para os 
Resíduos de Serviço de Saúde (RSS), tipo de resíduo que constitui um ambiente favorável 
para incontáveis organismos, e podem se tornar vetores e reservatórios de diversas 
patologias (PAIZ et al., 2014). 
Apesar de haver duas resoluções sobre o manejo seguro de todos os RSS que se 
aplicam aos serviços de saúde, não existem diretrizes técnicas especificas para o manejo 
seguro dos resíduos gerados em domicílio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
DIABETES, 2018). Assim, os pequenos geradores de RSS não possuem a consciência e 
conhecimento necessário se comparado com os grandes geradores (TAPIA, 2009). 
9 
 
 
Diante desse contexto, os portadores de Diabetes Mellitus (DM) 
insulinodependentes são importantes geradores de resíduos de serviço de saúde (TAPIA, 
2009). De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) o Diabetes Mellitus é 
“uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar 
adequadamente a insulina que produz”. 
Os portadores do DM geram resíduos biológicos (grupo A), químicos (grupo B) 
e perfurocortantes (grupo E) no tratamento da doença em domicílio, com a aplicação de 
insulina e monitoramento glicêmico (ANDRÉ, 2010). Assim, por se tratar de um paciente 
usual de seringas descartáveis para o tratamento do DM, o portador torna-se um produtor 
em potencial de lixo domiciliar de grande risco, considerando que o resíduo 
perfurocortante tem forte poder invasivo e pode estar contaminado com sangue (ZANIN; 
CARVALHO, 1999). Logo, os resíduos perfurocortantes devem ser acondicionados em 
coletores rígidos, resistentes à ruptura, à punctura, ao corte ou à escarificação 
(CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, 2005). 
Acondicionar e descartar os RSS de forma errada pode causar acidentes, 
principalmente com os materiais perfurocortantes, como agulhas. Lazzari e Reis (2011) 
alertam que os acidentes com materiais perfurocortantes são porta de entrada para 
bactérias, vírus e fungos. Além disso, a contaminação de doenças, como o vírus HIV e os 
das Hepatites B e C, podem ocorrer através de acidentes com agulhas contaminadas 
descartadas no lixo comum. 
Diante desse contexto, Tapia (2009) realizou uma pesquisa em São Paulo com 
insulinodependentes e apresenta que a maioria dos participantes descartam ser ingas e 
agulhas direto no lixo comum. Seguindo de perto os resultados da pesquisa realizada por 
Stacciarini; Pace e Iwamoto (2010) em Minas Gerais, pois apontam que a maior parte dos 
usuários de insulina faz o descarte de seringas no lixo doméstico. 
O estudo de Cunha et al. (2017) aborda o acondicionamento dos resíduos 
perfurocortantes e destaca que é feito principalmente em garrafas PET, apesar de não 
serem recomendadas por se tratar de um material frágil. Com que corrobora a pesquisa 
de André (2010), apresentando que mais da metade dos entrevistados fazem o 
acondicionamento dos resíduos gerados do tratamento do diabetes mellitus em garrafas 
plásticas. 
Paula; Nogueira e Silva (2019) alertam que em sua pesquisa realizada em Minas 
Gerais com insulinodependentes, cerca de 14 seringas são descartadas todos os dias no 
lixo comum. Conforme abordado também por Aquino; Zajac e Kniess (2019), pois em 
10 
 
 
sua pesquisa feita em São Paulo, 81% dos entrevistados jogam os resíduos 
perfurocortantes no lixo comum. 
Contudo, outros trabalhos já foram feitos a respeito deste assunto, porém a 
presente pesquisa busca preencher uma lacuna temporal em relação ao panorama 
quantitativo de como é realizado o acondicionamento e o descarte dos resíduos 
perfurocortantes gerados por usuários de insulina atualmente. Além disso, os outros 
trabalhos foram feitos em regiões especificas, este trabalho foi realizado no Brasil inteiro. 
Nesse contexto, a pergunta que se faz é: Como é feito o acondicionamento e o 
descarte dos resíduos perfurocortantes gerados por usuários de insulina no tratamento do 
Diabetes Mellitus em domicílio? 
1.2 Objetivo Geral 
Analisar o acondicionamento e o descarte dos resíduos perfurocortantes gerados 
por usuários de insulina no tratamento do Diabetes Mellitus. 
1.3 Objetivos Específicos 
• Mapear a rotina de utilização de insulina dos portadores do Diabetes 
Mellitus; 
• Compreender qual a percepção dos portadores do Diabetes Mellitus sobre 
a geração dos resíduos perfurocortantes; 
• Indicar como os portadores do Diabetes Mellitus fazem o 
acondicionamento e descarte dos resíduos gerados no tratamento da 
doença; 
1.4 Justificativa 
Devido às características tóxicas, inflamáveis e radioativas, os Resíduos de 
Serviço de Saúde podem causar grandes impactos a saúde ocupacional, a saúde pública e 
ao meio ambiente, logo precisam ser tratados e descartados adequadamente. Além disso, 
o aumento expressivo de pessoas com Diabetes Mellitus torna-se um problema de saúde 
pública (TAPIA, 2009). Assim, exige-se o aprendizado de armazenamento de seringas e 
insulina, bem como o encaminhamento adequado dos resíduos gerados no tratamento do 
DM em domicílio (ANDRÉ, 2010). 
 Dessa forma, a relevância do presente estudo justifica-se pela importância de 
identificar como os portadores do DM fazem o acondicionamento e o descarte dos 
resíduos gerados em domicílio, afim de educar e conscientizar esses sujeitos acerca do 
manejo incorreto. 
11 
 
 
Ressalta-se que, apesar de já existir resoluções e normas que abordam e orientam 
os geradores de RSS acerca de como realizar o manejo, não há diretrizes que orientam os 
pequenos geradores em domicílio, especialmente os diabéticos. Logo, a falta de 
informação por parte da população sobre dos impactos ambientais causados pelo lixo é 
considerado um agravante em relação a destruição do meio ambiente (PAULA; 
NOGUEIRA; SILVA, 2019). 
 
12 
 
 
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 
Este capítulo apresenta os principais conceitos e legislações regulamentadoras 
dos resíduossólidos de forma geral, bem como as normas que regulam em especial os 
Resíduos de Serviço de Saúde, que trata especialmente das deficiências no 
acondicionamento e descarte dos RSS gerados em domicílio pelos portadores do Diabetes 
Mellitus. 
2.1 Resíduos Sólidos 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) define resíduos 
sólidos como resíduos de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e 
de varrição, que apresentem características sólidas e semissólidas. Além disso, a Norma 
Brasileira (NBR) 10004 apresenta as especificidades dos resíduos em função de suas 
propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, considerando-se que apresentam 
risco a saúde pública e ao meio ambiente (ABNT, 2004). 
De acordo com a PNRS os resíduos sólidos possuem 11 (onze) origens distintas, 
entre elas encontra-se: resíduos domiciliares e comerciais, resíduos sólidos urbanos, 
resíduos de serviços de saúde, resíduos da construção civil, resíduos de serviços de 
transportes, resíduos de mineração, entre outros (BRASIL, 2010). Tratando-se da 
classificação dos resíduos sólidos, a NBR 10004 os divide em dois grupos: resíduos classe 
I, que são definidos como perigosos por apresentarem características de inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade; e os resíduos classe II, 
categorizados como não perigosos. Os resíduos de classe II são subdivididos em duas 
subcategorias: resíduos classe II A, são os não inertes, que podem apresentar propriedades 
de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; e a classe II B, onde 
se encontram os resíduos inertes, que por sua vez não apresentam riscos à saúde público 
e ao meio ambiente (ABNT, 2004). 
Á medida que os resíduos sólidos possuem origens e peculiaridades distintas, 
torna-se importante uma gestão integrada considerando as dimensões política, 
econômica, ambiental, cultural e social, com práticas que buscam soluções para os 
resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Dessa forma, após a lei n° 12.305/10 que instituiu a 
PNRS, demandou-se modificações importantes na forma de tratamento e descarte do lixo 
no Brasil, dentre elas se encontra o estabelecimento da logística reversa, a extinção de 
lixões e a promoção da inclusão social dos catadores, tais ações que buscam a formação 
de sistemas de gestão integrada (NEVES, 2013). Ao que Vilela-Ribeiro et al. (2009), 
13 
 
 
corroboram, afirmando que para solucionar os problemas ambientais é necessário a 
harmonização das esferas social, política, econômica e ética. 
A institucionalização da PNRS diminuiu as inadequações que colocam em risco 
a saúde humana e do meio ambiente. Contudo, são gerados no Brasil diariamente cerca 
de 230 mil toneladas de resíduos, cujo grande parte não recebe o tratamento adequado, 
logo são destinados a lixões a céu aberto que por sua vez prejudicam a saúde pública e 
ambiental (SANTOS; SOUZA, 2012). A geração exacerbada de resíduos é um dos 
principais agravantes da poluição no meio ambiente, entretanto segundo Vilela-Ribeiro 
et al. (2009) o problema mais grave é a forma como os resíduos sólidos são descartados 
e tratados. 
Pereira e Melo (2008) afirmam que o contato direto dos resíduos com o solo 
pode causar poluição das águas superficiais e subterrâneas, bem como da atmosfera 
devido a proliferação de gases perigosos que em acumulo podem gerar explosões e 
consequentemente acidentes para as pessoas que fazem o manejo dos resíduos. 
Dessa forma, a gestão integrada dos resíduos sólidos é construída a partir de 
modelos que possibilitem a redução do lixo que a sociedade produz, bem como a 
reutilização de materiais descartados e a reciclagem dos materiais que possam ser úteis 
como insumos para a indústria, diminuindo o desperdício e fomentando a geração de 
renda (GALBIATI, 2000). Entretanto, coordenar todos os profissionais para que possuam 
um completo nível de informação acerca do gerenciamento de resíduos sólidos é um 
grande desafio para a gestão integrada, principalmente se tratando dos resíduos de serviço 
de saúde, considerando-se que nesta classe há uma gama maior de diversidade de resíduos 
(NAIME; RAMALHO; NAIME, 2007). 
Dentre as distintas origens dos resíduos sólidos, há uma classe de resíduos 
produzidos em atividade humana que requer atenção especial por possuir componentes 
nocivos à saúde pública e ao meio ambiente, que são os Resíduos de Serviço de Saúde 
(RSS), explorados de forma detalhada na próxima seção. 
2.2 Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) 
Os Resíduos de Serviço de Saúde têm causado interesse nas autoridades 
mundiais e vem se transformando em assunto de debate sobre a sua importância, desafio 
e motivo de preocupação (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-
ANVISA, 2006). Entretanto, no Brasil a preocupação com o seu gerenciamento é recente, 
pois somente após a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306/04 da 
Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Resolução nº 358/05 do Conselho 
14 
 
 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), este assunto começou a tornar-se importante 
(SANTOS; SOUZA, 2012). Nunes (2012) acrescenta afirmando que os RSS merecem 
atenção devido ao aumento do número de estabelecimentos de saúde e de doenças 
adquiridas por acidentes de trabalho. 
Devido à natureza heterogênea dos RSS, o gerenciamento deve ser composto por 
procedimentos de gestão que contemplem um encaminhamento seguro, de acordo com as 
bases cientificas e técnicas, normativas e legais, visando a proteção dos trabalhadores e 
do meio ambiente, bem como para auxiliar os profissionais a fazerem o manejo correto, 
haja vista a complexibilidade da segregação e tratamento desses, considerando-se ainda 
que constantemente são introduzidos novos tipos de resíduos de serviço de saúde a esta 
classe (ANVISA, 2006). 
Os RSS são divididos em grupos (cinco grupos: A, B, C, D e E) que, por sua 
vez, são divididos em tipos para caracterizar sua periculosidade e, consequentemente, seu 
descarte. Os resíduos do grupo A são os resíduos que podem conter agentes biológicos e 
consequentemente apresentar riscos de infecção (CONAMA, 2005). Além disso, este 
grupo subdivide-se em cinco tipos, sendo estes: A1, A2, A3, A4 e A5. 
Os resíduos do grupo B possuem características de inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade e toxicidade, ou seja, substâncias químicas que podem agredir 
a saúde pública e ambiental (CONAMA, 2005). Os produtos considerados perigosos 
conforme classificação da norma NBR 10004 (ABNT, 2004) em tóxicos, corrosivos, 
inflamáveis e reativos, também compõem esse grupo. 
Os resíduos do grupo C são considerados os rejeitos radioativos, enquadram-se 
neste grupo os materiais que são resultados de atividades humanas que possuem 
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas 
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização 
é imprópria ou não especificada (CONAMA, 2005). 
Em contraste com as características de periculosidade dos demais grupos, os 
resíduos do grupo D não apresentam riscos biológicos, químico ou radiológico à saúde 
ou ao meio ambiente, são resíduos comuns. Assim, são compostos por: papel de uso 
sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar 
de paciente (do refeitório e do preparo de alimentos), resíduos provenientes da área 
administrativa, varrição, flores, podas e jardins e resíduos de gesso provenientes de 
assistência à saúde (CONAMA, 2005). 
15 
 
 
Enfim, os resíduos do grupo E são os materiais perfurocortantes, tais como: 
lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lâminas de bisturi, lancetas, 
tubos capilares, lâminas e lamínulas, espátulas, bem como todos os utensílios de vidro 
que são quebrados no laboratório e outros similares (CONAMA, 2005). Devido aos 
acidentes que podem causar os resíduos perfurocortantes,é proibido o esvaziamento 
manual ou reaproveitamento dos recipientes de acondicionamento desse grupo (BRASIL, 
2018). 
Atualmente o CONAMA e a ANVISA definem os principais instrumentos legais 
que regulam as instituições geradoras de RSS e o efetivo tratamento e disposição final 
dos RSS. Assim, em 1993 o CONAMA publicou a primeira resolução acerca dos resíduos 
de serviço de saúde, a Resolução nº 5. Em seguida, em 2001 este mesmo órgão publicou 
a Resolução nº 283, objetivando aprimorar a resolução anterior, responsabilizando 
legalmente o próprio gerador dos RSS pelo gerenciamento desses, desde a geração até a 
disposição final. Diante disso, a resolução CONAMA que vigora atualmente é a 
Resolução nº 358, publicada em 2005, que revoga as duas anteriores. 
Nesse sentido, a ANVISA publicou a primeira resolução acerca dos RSS em 
2003, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 33, que por sua vez classifica os 
resíduos de serviço de saúde em cinco grupos, complementando a Resolução nº 283 do 
CONAMA (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004). Em 2004 foi publicado a RDC nº 306, 
criada para sanar os conflitos e lacunas que as resoluções anteriores causaram, pois assim 
a RDC nº 306 concentra-se na classificação dos RSS e define os procedimentos para o 
manejo dos diferentes grupos, já a Resolução nº 358 aborda o tratamento e disposição 
final desses resíduos (MADERS; CUNHA, 2015). Em 2018 foi publicado uma 
atualização da RDC anterior, a RDC nº 222, que revoga a de 2004. 
Outro aspecto de suma importância acerca do manejo é o Plano de 
Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), pois segundo a RDC n° 222 
da ANVISA trata-se de um documento que: 
Aponta e descreve todas as ações relativas ao gerenciamento dos resíduos de 
serviços de saúde, observadas suas características e riscos, contemplando os 
aspectos referentes à geração, identificação, segregação, acondicionamento, 
coleta, armazenamento, transporte, destinação e disposição final 
ambientalmente adequada, bem como as ações de proteção à saúde pública, do 
trabalhador e do meio ambiente (BRASIL, 2018, p. 5). 
Segundo a Resolução nº 358 do CONAMA, é de responsabilidade dos geradores 
dos RSS elaborar e implantar o PGRSS, seguindo a legislação vigente e principalmente 
as normas da vigilância sanitária (CONAMA, 2005). Pereira et al. (2013), apontam em 
16 
 
 
sua análise que apesar do PGRSS ser estabelecido por lei, as unidades geradoras desses 
resíduos ainda não se preocupam em elabora-lo ou implementa-lo, ou seja, a prática no 
manejo correto dos RSS é incipiente, seja por falta de estrutura física, recursos financeiros 
ou conhecimento acerca do assunto. 
Dessa forma, o PGRSS deve contemplar as diretrizes de manejo de resíduos, 
composto por todas as etapas operacionais, desde a sua geração até a disposição final, de 
acordo com as especificidades da instituição (CUSSIOL, 2008). Logo, as unidades 
geradoras de RSS devem apresentar aos órgãos competentes até dia 31 de março de cada 
ano uma declaração referente ao ano anterior, relatando o cumprimento das exigências 
previstas na RDC nº 358 (CONAMA, 2005). 
2.3 Manejo do Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) 
O manejo dos resíduos de serviço de saúde é o gerenciamento desses, composto 
por medidas de segregação, coleta, armazenamento, transporte interno e externo, 
tratamento e disposição final, onde cada uma dessas etapas é indicada de maneira 
especifica para cada tipo de RSS (GARCIA; ZANETTI-RAMOS, 2004). Cussiol (2008) 
indica que o manejo completo dos RSS é estruturado em duas fases distintas: fase intra-
estabelecimento de saúde, que ocorre dentro da instituição e contempla as etapas desde o 
ponto de geração até a colocação dos resíduos para a coleta externa; enquanto a fase extra-
estabelecimento ocorre fora do estabelecimento, com a equipe da coleta ou em ambientes 
externos. 
A RDC nº 222 da ANVISA dispõe sobre o regulamento técnico para o 
gerenciamento de RSS, definido como: 
Conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de 
bases científicas, técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a 
geração de resíduos e proporcionar um encaminhamento seguro, de forma 
eficiente, visando à proteção dos trabalhadores e a preservação da saúde 
pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2018, seção III). 
Nessas circunstâncias, a primeira etapa do manejo é a segregação, etapa essa que 
é obrigatória e ocorre no momento da geração do resíduo. A segregação deve ser feita de 
acordo com suas características físicas, químicas, biológicas, seu estado físico, riscos 
envolvidos, após geração do RSS, com o objetivo de reduzir o volume dos resíduos a 
serem tratados e dispostos, bem como preservar a saúde pública e ambiental (BRASIL, 
2018; CONAMA, 2005). 
Em seguida, os resíduos segregados devem ser acondicionados em sacos ou 
recipientes adequados para a coleta, transporte, armazenamento e disposição final 
17 
 
 
(CUSSIOL, 2008). A ANVISA orienta que em casos onde o tratamento seja realizado 
fora do serviço de saúde, os RSS devem ser acondicionados em “saco vermelho e 
transportados em recipiente rígido, impermeável, resistente à ruptura, vazamento, com 
tampa provida de controle de fechamento e identificado” (BRASIL, 2018). Entretanto, o 
que se observa na pratica é que os geradores de RSS em domicílio não possuem um 
recipiente adequado para o acondicionamento e descarte de material perfurocortante, o 
que inviabiliza a destinação correta desse material (PAULA; NOGUEIRA; SILVA, 
2019). 
Ao que tange a identificação, objetiva-se reconhecer os riscos presentes nos 
resíduos acondicionados, de forma clara e legível em tamanho proporcional aos sacos, 
coletores e os demais ambientes de armazenamento (BRASIL, 2018). Cada grupo possui 
uma simbologia de risco associado a periculosidade do RSS. 
O translado dos resíduos dos pontos de geração até o local especifico para 
armazenamento temporário ou externo, é chamado de transporte interno. Em sequência, 
o armazenamento temporário consiste na guarda provisória dos recipientes que 
contenham os resíduos acondicionados, podendo ser dispensado em casos em que a 
distância entre o ponto de geração e o armazenamento externo seja curta (BRASIL, 2018). 
Cussiol (2008) apresenta que o processo de tratamento interno consiste em 
práticas que modifiquem as características dos riscos intrínsecos a cada tipo de resíduo, 
objetivando reduzir ou erradicar o risco de contaminação ambiental e de acidentes 
operacionais. É importante ressaltar que os subgrupos A1 e A2 devem ser tratados 
obrigatoriamente dentro do estabelecimento de saúde (CUSSIOL, 2008). Enfim, o 
armazenamento externo é definido pela guarda dos recipientes que contenham os resíduos 
até que seja feita a fase de coleta externa, onde os RSS serão removidos e destinados até 
a unidade de tratamento ou disposição final (BRASIL, 2018). 
De maneira geral a portaria da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) 
nº 361 (2008) estabelece que a disposição final dos RSS deve ser feita em local licenciado, 
tanto para a fração que obrigatoriamente deve ser tratada, como o volume que não precisa 
de tratamento prévio. Assim, o aterramento em solo é uma destinação comum no Brasil 
para os subgrupos A1 e A2, após tratamento prévio, e do subgrupo A4, de forma que é 
economicamente mais compatível com a realidade econômica do país (CUSSIOL, 2008). 
Ao que tange o grupo B, os resíduos que apresentarem características de 
periculosidade deverão ser destinados a aterros específicos para resíduos perigosos. Os 
resíduos do grupo C devem aguardar o decaimento estipulado para serem encaminhados 
18 
 
 
aos aterros sanitários. É recomendável que para o grupo D haja um sistema de coleta 
seletiva, pois fomenta-se a reciclagem, mas também podem ser dispostos em aterros 
sanitários. Por fim, os resíduos do grupo E que necessitam de tratamento, somentepodem 
ser dispostos em aterro sanitário após tratamento prévio (RIBEIRO et al., 2008). 
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e 
Resíduos Especiais (Abrelpe) (2019) verificou-se que cerca de 36% dos geradores de RSS 
destinaram esses resíduos de forma inadequada, levando-os sem destinação prévia a 
lixões, aterros, valas sépticas, entre outros; mesmo que a legislação estabeleça que certos 
grupos e subgrupos de RSS devem ser tratados previamente da sua disposição final. 
2.4 Diabetes Mellitus e a geração de resíduos perfurocortantes 
“O diabetes mellitus (DM) consiste em um distúrbio metabólico caracterizado 
por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua 
ação, ou em ambos os mecanismos, ocasionando complicações em longo prazo” 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2018). De forma geral existem quatro 
tipos de diabetes mellitus: DM tipo 1, DM tipo 2, diabetes gestacional e outros tipos de 
DM. 
O DM tipo 1 é uma doença crônica degenerativa reconhecida pelo não 
funcionamento do pâncreas, encarregado pela produção do hormônio insulina. A insulina 
é uma proteína que tem por função promover a entrada da glicose na maioria das células 
(ZANIN; CARVALHO, 1999). Em portadores do DM tipo 1 pouca ou nenhuma insulina 
é liberada para o corpo, assim a glicose se concentra no sangue. Diante disso, é necessário 
o uso continuo de insulina e medicamentos para ajudar a controlar o nível de glicose. 
Trata-se principalmente de pessoas que descobrem o DM na infância ou adolescência, 
totalizando entre 5 e 10% do total de portadores com a doença (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE DIABETES, 2020). 
A DM tipo 2 prevalece em cerca de 90% das pessoas com DM, manifesta-se 
principalmente em adultos, normalmente pode ser controlada com atividade física e 
alimentação adequada, mas há casos que exigem o uso de insulina e medicamentos para 
controlar a glicose. O tipo 2 surge quando o organismo não consegue usar de forma 
adequada a insulina que produz ou não produz insulina suficiente (SOCIEDADE 
BRASILEIRA DE DIABETES, 2020). 
Entre os outros tipos de DM, destaca-se o Maturity Onset Diabetes of the Young 
(MODY), um subtipo que é mais comum em pessoas abaixo dos 25 anos, não obesos, 
caracterizado por deficiência na secreção de insula, mas sem provocar dependência da 
19 
 
 
mesma (MARASCHIN et al., 2010). Esses autores também definem um tipo de DM mais 
rara, o DM Latent Autoimmune Diabetes in Adults (LADA), considerada um subtipo de 
DM tipo 1, caracterizada por ser uma doença muito mais lenta e que prevalece em pessoas 
mais velhas. 
Entre os resíduos gerados por portadores do DM que utilizam insulina estão: 
fitas reagentes (grupo A), restos de insulina no frasco (grupo B) e agulhas e lancetas 
(grupo E), respectivamente classificados como biológicos, químicos e perfurocortantes 
(ANDRÉ, 2010). Assim, os instrumentos e materiais utilizados tratamento do DM 
constituem importante fonte geradora de resíduos perfurocortantes, biológicos e químicos 
nos serviços de saúde e em domicílio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 
2018). 
Uma pesquisa realizada com mães de crianças e adolescentes portadores do DM 
tipo 1 apresentou que os principais instrumentos e equipamentos utilizados em domicílio 
para o controle da doença são: algodão, álcool, seringa, agulha (ZANETTI; MENDES; 
RIBEIRO, 2001). André (2010) aponta que os RSS gerados em domicílio podem conter 
os mesmos riscos associados aos RSS gerados em um ambiente hospitalar, ou seja, podem 
causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. 
Garcia e Zanetti-Ramos (2004), corroboram, afirmando que os resíduos gerados 
em serviços de saúde e em residências apresentam microrganismos patogênicos, ou seja, 
ambos representam riscos para quem os manipulam, bem como para pessoas que entram 
em contato direto. Logo, devido as suas características físicas e os riscos associados a 
periculosidade, os materiais perfurocortantes, devem ser descartados em recipientes 
identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento 
(BRASIL, 2018). 
Damasceno et al. (2009), destaca que em sua pesquisa apenas 10% dos 
entrevistados conhecem as informações acerca do descarte das seringas usadas em 
domicílio. Essa realidade também é observada por Silva et al. (2012), onde o resultado 
do seu estudo apresenta que 100% dos pacientes analisados acondicionam e destinam de 
forma errada os resíduos de serviços de saúde. 
Nesse sentido, uma pesquisa realizada em São Paulo com insulinodependentes 
aponta que 51,4% dos participantes descartam seringas e agulhas em lixo comum, 34,3% 
colocam em uma garrada de poli tereftalato de etileno (PET) ou em uma caixa e 
direcionam para a Unidade Básica de Saúde (UBS) e 14,3% queimam no fogão (TAPIA, 
2009). O mesmo foi observado em um município do Estado de Minas Gerais, onde 83,4% 
20 
 
 
dos usuários fazem o descarte das seringas no lixo doméstico, destes 61% reencapam a 
agulha (STACCIARINI; PACE; IWAMOTO, 2010). 
Em relação ao acondicionamento, Cunha et al. (2017) destacam que apesar da 
ampl utilização de garrafas PET, as mesmas não são recomendadas para o 
acondicionamento e descarte por se tratar de um material frágil. Com que corrobora a 
SBD (2018), pois afirmam que a garrafa PET não atende as principais características 
estabelecidas para coletores de materiais perfurocortantes. 
A RDC nº 222 da ANVISA orienta que o recipiente de acondicionamento do 
grupo E deve estar identificado com o símbolo de risco biológico, acrescido do nome 
"PERFUROCORTANTE" (BRASIL, 2018). Entretanto, observou-se em uma pesquisa 
com portadores do DM que a maior parte dos pacientes não possuíam recipiente adequado 
para o acondicionamento e descarte, assim todos eram jogados no lixo comum (CUNHA 
et al., 2017). Ainda segundo esses autores, entre as pessoas que tinham o recipiente 
adequado, quando o mesmo estava cheio o resíduo era despejado no lixo comum. 
Conjugada a essa perspectiva, André (2010) apresenta que em sua pesquisa em 
relação ao acondicionamento, 65,2% dos entrevistados acondicionam as seringas e 
agulhas em garrafa plástica; 52,2% acondicionavam as lancetas também em garrafas 
plásticas; além disso, 47,8% e 82,7%, respectivamente acondicionavam as fitas reagentes 
e frascos de insulina em saco plástico, misturados aos resíduos comuns. Tapia (2009) 
afirma que a falta conhecimento acerca do descarte correto faz com que os usuários 
domésticos subestimem a importância das seringas e agulhas. 
Uma pesquisa realizada em 1999 concluiu que todos os entrevistados afirmaram 
nunca ter recebido orientação acerca do descarte correto dos resíduos gerados no 
tratamento do DM, diante disso, todos os usuários destinavam os resíduos ao lixo comum 
(ZANIN; CARVALHO, 1999). A falta de orientação também é encontrada em um estudo 
realizado em um município do Estado de Minas Gerais, onde 71% dos usuários afirmaram 
não ter recebido nenhuma orientação acerca do descarte da seringa (STACCIARINI; 
PACE; IWAMOTO, 2010). 
Nesse sentido, uma outra pesquisa aponta que apesar de 64% dos entrevistados 
afirmarem ter sido orientado acerca do descarte correto de resíduos perfurocortantes, 56% 
descartam o resíduo no lixo domiciliar (PAULA; NOGUEIRA; SILVA, 2019). Resultado 
semelhante a pesquisa de Cunha et al. (2017), onde metade dos pacientes recebia 
orientações durante a consulta sobre o descarte dos RSS, porém, mais da metade dos 
21 
 
 
pesquisados também descartavam seringas, agulhas, lancetas, frascos de insulina, 
algodão, fitas reagentes e canetas no lixo doméstico comum. 
Em relação encaminhamento do RSS a SBD orienta que o coletor especifico com 
materiais perfurocortantes deve ser entregue a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) 
próxima (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2018). Assim, um recipiente 
adequado para acondicionar o material perfurocortanteé muito importante, pois a sua 
falta dificulta o manejo correto do resíduo em domicílio (ANDRÉ, 2010). Como confirma 
uma pesquisa realizada em São Paulo, pois dentre as pessoas que afirmaram não possuir 
o recipiente adequado para os resíduos perfurocortantes, 81% jogam os resíduos gerados 
no lixo comum (AQUINO; ZAJAC; KNIESS, 2019). 
Diante disso, o que preocupa são os RSS destinados ao lixo comum, 
principalmente os perfurocortantes, pois podem causar acidentes. Um estudo realizado 
com coletores de lixo no Mato Grosso do Sul apresenta que os trabalhadores relataram 
forte presença de seringas com agulha misturadas ao lixo comum, o que provoca lesões 
nos trabalhadores (LAZZARI; REIS, 2011). Com que corrobora Santos e Silva (2011), 
pois identificou-se que o lixo é sinônimo de perigo para os trabalhadores, devido aos 
riscos que podem causar a saúde, principalmente por conter materiais como seringas, 
curativos e até fetos descartados no lixo domiciliar. 
Paula; Nogueira e Silva (2019) realizaram uma pesquisa com 25 
insulinodependentes em Minas Gerais e concluíram que cerca de 14 seringas são 
descartadas diariamente no lixo comum. Os autores fizeram uma projeção com o número 
de insulinodependentes no município, o volume de resíduo perfurocortante gerado em 
domicílio e descartado no lixo comum seria de 1639 unidades por dia. Diante desse 
contexto, é importante que seja feito ações de educação ambiental para conscientizar os 
insulinodependentes como importantes agentes no processo de destinação dos resíduos 
gerados (SILVA, 2017) 
Silva et al. (2012) apresenta que os principais fatores que contribuem para a 
deficiência no manejo dos resíduos é a falta de conhecimento, formação e de 
sensibilização e a ausência de um ponto de coleta no bairro. A importância da orientação 
acerca do manejo correto do RSS é confirmada no estudo de Cunha et al. (2017), pois o 
autor conclui que o descarte adequado foi feito em sua maioria por pessoas que receberam 
orientação prévia. 
Portanto, de acordo com a SDB (2018), proporcionar encaminhamento seguro e 
eficiente dos resíduos, manter a segurança das pessoas e dos animais, bem como preservar 
22 
 
 
a saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente são objetivos das 
recomendações para o manejo adequado dos resíduos gerados em residência dos 
pacientes diabéticos. Entretanto, não há regulamentação para a educação e gerenciamento 
dos resíduos perfurocortantes gerados em domicílio por diabéticos (AQUINO; ZAJAC; 
KNIESS, 2019). 
Garcia e Zanetti-Ramos (2004) afirmam que a falta de preocupação dos 
geradores de RSS com o gerenciamento desses resíduos reflete a atitude das autoridades 
governamentais. Assim, os problemas associados aos RSS são intensificados quando há 
descaso com seu gerenciamento (ZAJAC et al., 2016). 
Nesse sentido, a falta de conhecimento acerca do manejo adequado dos RSS 
também faz parte da realidade dos próprios profissionais da saúde. Em um Hospital de 
Emergência do Macapá foi encontrada que aproximadamente 26% dos entrevistados não 
souberam definir os RSS e 43% descreveram de forma incorreta ou não responderam, 
ainda que cerca de 66% possuem formação superior ou de pós-graduação (MADERS; 
CUNHA, 2015). 
 
23 
 
 
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 
O método cientifico pode ser definido como o conjunto de procedimentos 
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 2008). Assim, a 
pesquisa é um conjunto de procedimentos sistemáticos, que se baseia no raciocino lógico, 
objetivando encontrar soluções para os problemas apresentados (ANDRADE, 2010, p. 
109-110). 
A pesquisa social é caracterizada por abordar questões de forma sistemática e 
empírica, onde desenvolve-se questões de pesquisa e utiliza-se de métodos de pesquisa 
para coletar e analisar dados (FLICK, 2013, p. 17). Portanto, a metodologia é composta 
por: teoria da abordagem, os instrumentos de operacionalização do conhecimento e a 
criatividade do pesquisador (OLIVEIRA, 2012). 
3.1 Tipologia e descrição geral dos métodos de pesquisa 
Para atendimento do objetivo proposto, a pesquisa realizada neste estudo tem 
caráter exploratório, visto que, trata-se de uma pesquisa que permite um conhecimento 
mais completo e mais adequado da realidade, conforme Piovesan e Temporini (1995) 
definem esse tipo de pesquisa. Além disso, a pesquisa é descritiva, pois esse tipo de estudo 
tem como objetivo descrever as características de determinada população, utilizando 
técnicas padronizadas de coleta de dados, como o questionário (GIL, 2008, p. 28). 
Ao que tange a abordagem, as pesquisas podem ser classificadas como 
qualitativas, quantitativas e quali-quanti (mista). De acordo com Neves (1996) a 
expressão "pesquisa qualitativa" possui diferentes significados no campo das ciências 
sociais, pois contempla um conjunto de diferentes técnicas interpretativas, que objetivam 
descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Já a 
pesquisa quantitativa é caracterizada por trabalhar com variáveis expressas sob a forma 
de dados numéricos e utilizar rígidos recursos e técnicas estatísticas para classificá-los e 
analisá-los (FONTELLES et al., 2006). Diante disso, o presente estudo possui vertente 
quantitativa, pois quantificou-se os dados coletados com o uso de gráficos. 
Em relação ao procedimento técnico, realizou-se um levantamento de campo 
(survey), que tem como principal característica o questionamento direto com um grupo 
significativo de pessoas para, em seguida, mediante análise quantitativa obter conclusões 
acerca dos dados coletados (GIL, 2008, p. 55). 
3.2 Participantes da pesquisa 
Escolheu-se os portadores de diabetes mellitus, usuários de insulina, por ser um 
público que gera grande quantidade de resíduo perfurocortante no tratamento da doença 
24 
 
 
em domicílio. Trata-se de uma população que tende para o infinito, pois há milhões de 
pessoas com a doença espalhadas por todo território brasileiro. 
Utilizou-se uma fórmula para encontrar o número mínimo de respondentes, sendo 
uma amostra não probabilística, pois não há como obter o número exato de diabéticos no 
Brasil. Assim, o tamanho da amostra foi construído com um grau de confiança de 95% e 
uma margem de erro de 5%, onde o mínimo de respondentes é 385. Entretanto, o número 
de respostas foi superior ao esperado, totalizando 404 respostas, destas, 343 são válidas. 
 
Na fórmula utilizada para calcular a amostra não probabilística, N= tamanho da 
amostra, e= margem de erro e z= 1,96. O z é o número de desvios padrão entre 
determinada proporção e a média. 
Adotou-se como critério de inclusão: utilizar insulina no tratamento da doença 
em domicílio. Como critério de exclusão: foram eliminados do estudo as pessoas que não 
utilizam insulina no tratamento do diabetes mellitus, pois estes não geram seringas 
agulhadas. 
3.3 Caracterização e descrição dos instrumentos de pesquisa 
O questionário foi elaborado com o objetivo de coletar informações acerca da 
rotina dos participantes em relação ao acondicionamento e descarte dos resíduos 
perfurocortantes gerados no tratamento do diabetes mellitus. Para validação de termos 
técnicos o questionário foi enviado para uma profissional da saúde, entretanto o 
instrumento de pesquisa não foi validado ou submetido a pré-teste. 
A construção do questionário teve como base o roteiro de entrevista criado por 
Aquino; Zajac e Kniess (2019), o qual buscou analisar a percepção de diabéticos e papel 
dos profissionais de saúde sobre a Educação Ambiental de resíduos perfurocortantes. O 
roteiro dos autores foi desenvolvido com base em pressupostos teóricos observados em 
dois artigos e um livro. 
As alternativas das perguntas foram retiradas das respostas dos entrevistados na 
pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess (2019). Assim, o questionário é composto por 
perguntas com alternativas binárias e demúltipla escolha. As perguntas 1, 2, 3, 12 e 13 
25 
 
 
do questionário não foram alteradas. As perguntas alteradas e incluídas, objetivaram 
aproximar-se do contexto em que foi aplicado. 
Os autores utilizaram uma única pergunta para perguntar a quantidade de 
seringas e lancetas utilizadas, já para o questionário foi dividido em duas perguntas, uma 
para seringas/agulhas e outra para lancetas. Essas perguntas foram alteradas para uma 
contagem semanal, diferente dos autores que colocaram uma contagem mensal. 
O questionamento sobre a utilização da caixa de descarte e a forma de adquiri-
la era apenas uma pergunta no roteiro dos autores, assim, para o questionário foi dividida 
em duas, uma para perguntar se o respondente utiliza ou não a caixa de descarte, depois 
para as pessoas que afirmaram utilizar, foi questionado de que forma é adquirida. 
No roteiro criado por Aquino; Zajac e Kniess (2019), a pergunta sobre o 
acondicionamento e o descarte dos resíduos estavam juntas, assim, para o questionário, 
decidiu-se primeiro perguntar sobre o acondicionamento e em seguida sobre o descarte, 
considerando que são etapas diferentes do manejo do resíduo. 
Assim, na pergunta sobre o acondicionamento foi utilizado as alternativas 
encontradas pelos autores e acrescentado a alternativa "guardo em uma sacola plástica", 
pois na pesquisa de Paula; Nogueira e Silva (2019), 44% dos participantes 
acondicionavam os resíduos perfurocortantes em sacos plásticos. No questionamento 
sobre finalização do descarte, as alternativas foram retiradas dos trabalhos de Silva (2017) 
e Damasceno et al. (2009). 
Adicionou-se uma pergunta sobre a recusa de receber o material de descarte, que 
teve como base a pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess (2019) em farmácias e drogarias de 
São Paulo, onde apenas uma recebia os resíduos perfurocortantes. 
No roteiro dos autores a pergunta sobre utilizar insulina fora de casa foi 
afirmativa, diante disso, para o questionário primeiro perguntou-se se o respondente faz 
o uso de insulina fora de casa e em seguida como procede com o material fora de sua 
residência. 
A pergunta relacionada ao tipo de residência do respondente não foi inserida no 
questionário, pois não se encontrou relevância para esse questionamento. Por outro lado, 
incluiu-se uma pergunta sobre a coleta do resíduo gerado na residência do respondente, 
que teve como base a RDC nº 222 da ANVISA, que define que um profissional da saúde 
deve recolher os RSS gerados pelos serviços de atenção domiciliar (BRASIL, 2018). 
Diante disso, o questionário (Apêndice A) possui vinte e duas (22) perguntas, 
distribuídas em três partes. Na primeira parte busca-se obter dados de identificação e 
26 
 
 
caracterização do participante como: idade, sexo, nível de escolaridade, renda familiar e 
estado em que reside. Na segunda parte aborda-se sobre a doença, como o tempo de 
diagnóstico do diabetes mellitus e o seu tipo, bem como a unidade de saúde que realiza o 
acompanhamento. Na terceira parte segue-se com as perguntas retiradas do roteiro de 
Aquino; Zajac e Kniess (2019), que foram transformadas em questionário. 
3.4 Procedimentos de coleta e de análise de dados 
O procedimento utilizado para coletar os dados foi a aplicação de questionário 
online, devido a maior possibilidade de atingir grande número de pessoas. O conceito de 
questionário é definido por Gil (2008) como a técnica de investigação composta por um 
conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o objetivo de obter informações 
sobre seus conhecimentos. 
O questionário foi disponibilizado eletronicamente em redes sociais, através da 
plataforma Google Forms, principalmente em grupos do Facebook, que formam uma 
grande comunidade de diabéticos, a qual discutem sobre dados da doença, compartilham 
receitas, tiram dúvidas, entre outros assuntos pertinentes a rotina dos portadores de 
diabetes mellitus. A coleta ocorreu em 14 (quatorze) dias, em outubro de 2020. 
Utilizou-se um filtro para que somente as pessoas que utilizam insulina 
seguissem respondendo o questionário, logo caso o respondente não faça uso de insulina 
o mesmo era direcionado para a finalização do questionário. 
Para o processo de análise de dados dos questionários utilizou-se a estatística 
descritiva, pois assim é possível fazer afirmações precisas sobre os dados (COZBY, 2003, 
p. 264). Além disso, a estatística descritiva pode descrever os dados através de gráficos, 
distribuições de frequência ou medidas associadas a essas distribuições (COSTA NETO, 
2002, p. 5). Assim, construiu-se diagramas circulares com a distribuição das frequências 
das respostas. 
27 
 
 
4 RESULTADO E DISCUSSÃO 
 Nesta seção são apresentados os resultados obtidos com a coleta de dados, bem 
como a discussão com os autores citados no tópico 2.4 do referencial teórico. Foram 
apresentados gráficos para melhor visualização dos resultados encontrados, como 
também tabelas que contemplam dados qualitativos importantes escritos na alternativa 
“outros” de algumas questões. Os resultados estão divididos em três partes: caracterização 
da amostra, dados sobre o Diabetes Mellitus dos participantes e a rotina e manejo dos 
resíduos perfurocortantes no tratamento do Diabetes Mellitus. 
4.1 Caracterização da amostra 
 Como forma de selecionar o público alvo, a primeira pergunta do questionário foi 
referente ao uso de insulina. Assim, em um total de 404 respostas, 85% afirmaram serem 
usuários de insulina e 15% afirmaram não ser, logo os que não utilizam insulina não 
entraram para a amostra a ser analisada na pesquisa. Por fim, 343 pessoas compõem a 
amostra do estudo. 
A amostra estudada possuí predominância de pessoas na faixa etária de 15 a 30 
anos, sendo 50% dos respondentes. A faixa etária considerada jovem pode ser explicada 
pelo fato de a coleta de dados ter sido de forma eletrônica, pois usuários de internet 
remete-se a pessoas mais novas. Os participantes com idade acima de 60 anos foi o 
público que menos apareceu na amostra, sendo 5%, acredita-se que a utilização de internet 
é menos comum para essas pessoas. Diferente do que encontrou André (2010), pois em 
sua pesquisa houve predominância de pessoas na faixa etária de 61 a 70 anos, 
correspondendo a 49,9% do total de entrevistados. A diferença pode ser explicada pelas 
formas distintas de coleta de dados. 
Em relação ao sexo, houve predominância de mulheres, sendo 84% dos 
respondentes. Isso converge com o encontrado na pesquisa de Goldenberg; Schenkman e 
Franco (2003) com portadores de diabetes mellitus, pois em sua análise houve prevalência 
de mulheres, representando mais da metade da amostra. A predominância de mulheres 
nesse tipo de pesquisa explica a ideia de outros estudos, que associam a pouca procura 
por serviços de saúde por parte de homens a sua masculinidade (GOMES; 
NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007). 
As pessoas com ensino superior completo foram as que mais responderam à 
pesquisa, representando 39,5% da amostra, seguida de pessoas com ensino superior 
incompleto, compondo 27,6%. Assim, somando essas duas partes, pode-se afirmar que 
mais da metade dos participantes tiveram contato com a graduação e ambiente 
28 
 
 
universitário, o que pode ser um fator incentivador para responder pesquisas acadêmicas. 
Em contrapartida, a pesquisa de André (2010) apresenta que cerca de 52% dos 
participantes possuíam ensino fundamental incompleto, o que revela um baixo nível de 
escolaridade. 
A renda familiar não apresentou diferenças tão grandes, onde 29,4% das pessoas 
possuem entre 1 e 3 salários mínimos, seguida de 25,6% que possuem de 3 a 6 salários 
mínimos, logo mais da metade da amostra possui entre 1 a 6 salários mínimos. O público 
com renda de até um salário mínimo foi o que menos apareceu, sendo 12,2% dos 
respondentes. Já as pessoas com renda superior a 10 salários mínimos, representam 18% 
da amostra. 
A pesquisacontemplou pessoas de todo o território brasileiro, tendo pelo menos 
uma pessoa de cada estado, com predominância do estado mais populoso do país, São 
Paulo, correspondendo a 21,3% da amostra. O Distrito Federal foi o segundo local mais 
representado, sendo 19% dos respondentes, podendo ser explicado pelo fato do estudo 
ser da Universidade de Brasília (UnB), então mais pessoas dessa região divulgaram e 
responderam à pesquisa. 
4.2 Dados sobre o Diabetes Mellitus dos participantes 
 Em relação ao tipo de Diabetes Mellitus, a maioria dos participantes possuem DM 
tipo 1, corresponde a 82,8%. Já as pessoas com DM tipo 2 são 13,4% da amostra. Os 
portadores de DM tipo 1 correspondem a uma pequena parcela da população diabética, 
entre 5% a 10%, público que faz o uso continuo de insulina para ajudar a controlar o nível 
de glicose (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2020). Como o público alvo 
da pesquisa são pessoas que utilizam insulina no tratamento da doença, explica-se a 
predominância de pessoas com DM tipo 1. Além disso, houve aparição de pessoas com 
diabetes gestacional, DM tipo LADA e DM tipo MODY. 
 O tempo de diagnóstico da doença foi determinado em anos. Assim, a média de 
tempo de diagnóstico entre todos os participantes foi de cerca de 12 anos. Dividindo em 
faixa etárias, houve predominância de pessoas que convivem com a doença entre 0 e 10 
anos, sendo 49% da amostra. Seguido de pessoas que convivem com a doença entre 11 a 
20 anos, compondo 33% dos respondentes, 13% convivem de 21 a 30 anos, 4% convivem 
de 31 a 40 anos e 1% convive a mais de 40 anos. 
A rede particular é a unidade de saúde onde mais da metade dos respondentes 
realizam o acompanhamento da doença, com 63,4% das pessoas. Seguida da rede pública, 
com 35,2%; houve ainda 5 pessoas (1,4% da amostra) que afirmaram não realizar 
29 
 
 
acompanhamento. Cenário diferente foi encontrado na pesquisa de Aquino; Zajac e 
Kniess (2019), onde 69% dos participantes fazem acompanhamento médico no sistema 
público e 30,9% em rede particular. 
4.3 A rotina e manejo dos resíduos perfurocortantes no tratamento do Diabetes 
Mellitus 
Esta seção aborda a rotina dos respondentes e como os mesmos tratam os resíduos 
perfurocortantes, principalmente como é feito o acondicionamento e descarte desses 
resíduos. 
Em relação ao procedimento do uso de insulina (Gráfico 1), houve a 
predominância de pessoas que fazem o uso de insulina em ambiente doméstico com 
autoaplicação, corresponde a 93% das respostas. Além disso, na alternativa aberta 
“outros”, algumas pessoas colocaram que fazem o uso de bomba de insulina. De forma 
simplória, se trata de um aparelho eletrônico que libera uma quantidade de insulina, 
programada pelo médico, tentando se aproximar do funcionamento do pâncreas de uma 
pessoa comum (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2020). 
 
GRÁFICO 1 – Procedimento do uso de insulina 
Fonte: Dados da pesquisa 
Cenário semelhante foi encontrado na pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess (2019), 
onde 57,2% dos respondentes também fazem o uso de insulina em ambiente doméstico 
com autoaplicação, seguido de 34,5% que fazem o uso de insulina em ambiente doméstico 
com outra pessoa aplicando. Ainda nesse estudo, houve uma pequena parcela de pessoas 
que fazem o uso de insulina em postos de saúde, o que não foi encontrado na presente 
pesquisa. 
Em relação ao controle da glicemia (Gráfico 2), a maior parte dos respondentes 
afirmou controlar frequentemente com aparelhos e lancetas para aplicar insulina, 95%. 
320
93%
16
5%
7
2%
Em ambiente doméstico com
autoaplicação
Em ambiente doméstico com
outra pessoa aplicando
Bomba de insulina
30 
 
 
Uma pequena parcela colocou outras respostas, onde 4% controla raramente em casa, 1% 
controla em postos de saúde e uma pessoa afirma não controlar a glicemia. 
 
GRÁFICO 2 – Controle da glicemia 
Fonte: Dados da pesquisa 
Seguindo de perto os resultados da pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess (2019), 
pois os autores encontraram em seu estudo com diabéticos, que 72,2% dos entrevistados 
utilizam aparelhos e lancetas frequentemente para aplicar insulina, 23,6% controla 
raramente em casa e 3,6% controla em postos de saúde. 
Quando perguntados sobre como adquirem seringas e lancetas (Gráfico 3), quase 
metade dos participantes afirmaram pegar em postos de saúde, corresponde a 45%. Uma 
outra parte compra em redes de farmácias, sendo 28%. Há ainda pessoas que adquirem 
das duas formas, ou seja, pegam em postos de saúde e em redes de farmácias, essas são 
22%. Esse número pode indicar que nem sempre os recursos são disponíveis em postos 
de saúde e, devido a isso, esses diabéticos compram o que falta em redes de farmácias. 
 
GRÁFICO 3 – Forma de adquirir seringas e lancetas 
Fonte: Dados da pesquisa 
327
95%
13
4%
2
1%
1
0%
Controlo frequentemente
para aplicar insulina
Controlo raramente em casa
Controlo no posto de saúde
Não controlo
156
45%
96
28%
74
22%
17
5%
Postos de Saúde
Redes de farmácias
Ambas
Outros
31 
 
 
Além disso, na alternativa aberta “outros” (5%), alguns respondentes afirmaram 
que pegam através do plano de saúde, outros pegam na farmácia do estado. Ainda nessa 
alternativa, algumas pessoas colocaram que fazem o uso da bomba de insulina, esse 
aparelho dispensa a utilização de seringas, entretanto as lancetas são necessárias para 
medir a glicemia. Dessa forma, as pessoas que responderam usar bomba de insulina, não 
levaram em consideração que também utilizam as lancetas. 
Desde 2006, através da Lei nº 11.347, é direito de todo diabético receber 
gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os medicamentos necessários para o 
tratamento da doença, bem como os materiais necessários para a monitoração da glicemia 
capilar (BRASIL, 2006). Diante disso, algumas pessoas responderam na alternativa 
“outros”, que pegam seringas e lancetas através de processo judicial, ou seja, não é 
disponibilizado pelo Estado em meios normais, logo esses diabéticos precisam entrar com 
processo judicial para conseguir os materiais. 
Na presente pesquisa, pode-se relacionar o alto número de pessoas que adquirem 
seringas e lancetas em redes de farmácia ao fato de mais da metade dos participantes 
realizarem acompanhamento em unidade particular. Diferente do público de Aquino; 
Zajac e Kniess (2019), onde 84% dos entrevistados adquirem seringas e lancetas em 
postos de saúde, pois trata-se de um público que faz acompanhamento médico no sistema 
público. 
Em ralação a quantidade de seringas/agulhas utilizadas por semana (Gráfico 4), a 
maior parte dos respondentes utilizam entre 3 e 5 por semana, sendo 28%; seguido de 
24% que utilizam entre 5 e 7 por semana, somando essas duas parcelas, pode-se afirmar 
que mais da metade da amostra utiliza entre 3 e 7 seringas/agulhas por semana. As pessoas 
que utilizam entre 8 e 14 por semana, são 18% da amostra, bem como 9% utilizam entre 
15 e 21. Há ainda 11% que utilizam mais de 21 por semana, o que indica mais de 3 
seringas/agulhas por dia. 
O uso da bomba de insulina foi colocado na alternativa “outros” por 8% dos 
participantes. A bomba de insulina utiliza de um mecanismo que gera menos agulha, 
podendo troca-la a cada 3 dias. Ainda na alternativa “outros” algumas pessoas colocaram 
que usam menos de 3 seringas/agulhas por dia e outros disseram não utilizar. 
32 
 
 
 
GRÁFICO 4 – Quantidade de seringas/agulhas utilizadas por semana 
Fonte: Dados da pesquisa 
Embora 52% dos respondentes utilizarem entre 3 e 7 seringas/agulhas por semana, 
em relação ao público idoso, 33% utiliza entre 3 e 5 seringas/agulhas por semana e 28% 
utiliza entre 8 e 14 por semana. Assim, os idosos que utilizam entre 3 e 5 seringas/agulhas 
por semana geram menos resíduo do que o público analisado por Aquino; Zajac e Kniess 
(2019), pois apresentam que cerca de 80% de seus entrevistados utilizam mais de 30 por 
mês. Já os idososque utilizam entre 8 e 14 seringas/agulhas por semana na presente 
pesquisa, se assemelham ao estudo dos autores citados. 
 Os resultados em relação a quantidade de lancetas utilizadas por semana (Gráfico 
5), foi semelhante ao número de seringas/agulhas. Prevaleceu-se a quantidade de 3 a 5 
por semana, sendo 36% da amostra. Seguido de 16% dos participantes que utilizam entre 
5 e 7 por semana, 9% que utilizam entre 8 e 14 por semana, 11% utilizam entre 15 e 21 
lancetas por semana. Já 16% utilizam mais de 21 lancetas por semana, apontando que 
essas pessoas medem a glicemia mais de 3 vezes ao dia. 
Além disso, houve respostas diferentes na alternativa “outros” (12%), como o uso 
de sensor para medir a glicemia, o que dispensa o uso de lanceta. Outros afirmaram usar 
menos de 3 lancetas por semana, o que indica que essas pessoas não medem a glicose 
todos os dias, bem como as pessoas que colocaram trocar raramente a lanceta. Houve 
ainda pessoas que colocaram utilizar a caneta, trata-se de um dispositivo para aplicar 
insulina, mas ainda é necessário medir a glicemia com as lancetas. 
96
28%
82
24%
61
18%
31
9%
38
11%
29
8%
6
2% Entre 3 e 5 por semana
Entre 5 e 7 por semana (1 por
dia)
Entre 8 e 14 por semana (2
por dia)
Entre 15 e 21 por semana (3
por dia)
Mais de 21 por semana
Uso bomba, troca de cânula
que gera agulha a cada 3 dias
Outros
33 
 
 
 
GRÁFICO 5 - Quantidade de lancetas utilizadas por semana 
Fonte: Dados da pesquisa 
A pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess (2019) fez a contagem de lancetas utilizadas 
junto com agulhas, assim, os autores encontraram que 80% dos entrevistados utilizam 
mais de 30 lancetas por mês. Comparando com o público idoso da presente pesquisa, 29% 
utiliza entre 5 e 7 lancetas por semana, somando cerca de 30 por mês, seguindo de perto 
os resultados dos autores citados. Há ainda 24% dos idosos que utilizam entre 15 e 21 
lancetas por semana, o que daria mais de 30 por mês, gerando mais resíduo que o público 
de Aquino; Zajac e Kniess (2019). 
Quando perguntados sobre a utilização da caixa de descarte para acondicionar os 
resíduos perfurocortantes (Gráfico 6), metade dos respondentes (50%) afirmaram que 
nunca foram orientados e não utilizam, já 30% foram orientados, mas não utilizam, 
seguido de 20% que utilizam. Assim, os dados apontam que 80% dos respondentes não 
utilizam a caixa de descarte. 
 
GRÁFICO 6 – Utilização da caixa de descarte 
 Fonte: Dados da pesquisa 
123
36%
56
16%
31
9%
38
11%
56
16%
39
12% Entre 3 e 5 por semana
Entre 5 e 7 por semana (1 por
dia)
Entre 8 e 14 por semana (2 por
dia)
Entre 15 e 21 por semana (3
por dia)
Mais de 21 por semana
Outros
70
20%
102
30%
171
50%
Sim, utilizo
Já fui orientado, mas
não utilizo
Nunca fui orientado e
não utilizo
34 
 
 
Contexto semelhante foi apresentado no estudo de Aquino; Zajac e Kniess (2019), 
onde 60% dos participantes não utilizam a caixa coletora. Essa mesma pesquisa apontou 
que cerca de 87% dos estabelecimentos visitados em São Paulo não vendem a caixa 
padrão ABNT de descarte, fato que pode explicar o número alto de pessoas nos dois 
estudos que não utilizam esse tipo de caixa, pois é difícil de encontrá-la para compra. 
A quantidade de pessoas que não utilizam a caixa coletora é expressiva na presente 
pesquisa, como também no estudo de Cunha et al. (2017), onde aborda que a maior parte 
dos pacientes não possuíam recipiente adequado para o acondicionamento e descarte, 
assim todo o resíduo gerado era jogado no lixo comum. 
É recomendado que os resíduos perfurocortantes sejam colocados em recipientes 
identificados, rígidos, providos com tampa, resistentes à punctura, ruptura e vazamento 
(BRASIL, 2018), logo espera-se que os profissionais da saúde orientem os pacientes 
diabéticos a adquirirem essa caixa apropriada para o acondicionamento, o que, pelos 
dados apresentados, não está acontecendo. 
A utilização da caixa coletora é necessária para que haja um descarte correto dos 
resíduos gerados nos tratamento do diabetes mellitus, pois a falta de um recipiente 
adequado para o acondicionamento e descarte do resíduo perfurocortante inviabiliza a 
destinação correta desse material (PAULA; NOGUEIRA; SILVA, 2019). 
Por outro lado, apesar do baixo número de pessoas que utilizam a caixa coletora, 
é um resultado promissor, pois aponta que as pessoas sabem da importância de 
acondicionar e descartar corretamente os resíduos perfurocortantes. Diferente de outros 
estudos, onde não há a aparição da caixa coletora como forma de acondicionamento e 
descarte desse material, pois não é mencionado. 
É importante ressaltar que as pessoas que utilizam a caixa coletora correspondem 
a 20% da amostra, que são 70 pessoas. Para essas pessoas foi perguntado como adquirem 
a caixa coletora (Gráfico 7), então coletou-se que destes, 33% compram em redes de 
farmácias, 31% adquirem em postos de saúde com pedido médico e 33% adquirem em 
postos de saúde sem pedido médico. Na alternativa “outros”, uma pessoa colocou que 
adquire em loja de produtos hospitalares e outra que ganha de alguém. 
35 
 
 
 
GRÁFICO 7 – Formas de adquirir a caixa coletora 
Fonte: Dados da pesquisa 
 Em relação as pessoas que adquirem a caixa coletora nos postos de saúde com 
pedido médico, o número foi semelhante ao encontrado no estudo de Aquino; Zajac e 
Kniess (2019), sendo cerca de 36% do público que faz uso da caixa coletora. Já a parcela 
de pessoas que pegam sem pedido médico é maior na presente pesquisa, pois no trabalho 
citado anteriormente, apenas cerca de 7% adquirem dessa forma. Esses dados apontam 
que a caixa coletora é disponibilizada nos postos de saúde, porém a quantidade de pessoas 
que a adquire ainda é baixa. 
As pessoas que não utilizam a caixa coletora (Gráfico 8) compõem 80% da 
amostra, sendo 273 pessoas. Dentre essas, houve predominância do uso de garrafas tipo 
PET para o acondicionamento de resíduos perfurocortantes, sendo 66% das respostas. 
Uma parcela de 13% não acondiciona e joga direto no lixo comum, seguido de 9% que 
guardam em uma sacola plástica. Diferentes respostas foram escritas na alternativa 
“outros” (12%), apresentadas no Quadro 1. 
 
 GRÁFICO 8 - Acondicionamento domiciliar de seringas agulhadas e lancetas 
 Fonte: Dados da pesquisa 
23
33%
22
31%
23
33%
1
2%
1
1%
Em redes de farmácias
Nos postos de saúde com
pedido médico
Nos postos de saúde sem
pedido médico
Loja de produtos hospitalares
Ganhei
181
66%
35
13%
24
9%
33
12%
Guardo em garrafas tipo
PET
Não acondiciono e jogo
direto no lixo comum
Guardo em uma sacola
plástica
Outros
36 
 
 
A ampla utilização de garrafas PET para o acondicionamento e descarte de 
seringas e lancetas está relacionada a uma tendência dos pacientes buscarem soluções 
para o descarte (ANDRÉ, 2010). Entretanto, a Sociedade Brasileira de Diabetes (2018) 
alerta que a garrafa PET não é recomendada para o acondicionamento e descarte dos 
resíduos gerados em domicílio, pois não atendem as principais características 
estabelecidas para coletores de materiais perfurocortantes. Com que corrobora Cunha et 
al. (2017), afirmando que garrafas PET não são recomendadas para o acondicionamento 
e descarte por se tratar de uma material frágil. 
A quantidade de resíduo perfurocortante jogada direto no lixo comum na presente 
pesquisa é baixa se comparada a um estudo realizado em São Paulo com 
insulinodependentes, onde cerca de 51% dos participantes descartam seringas e agulhas 
em lixo comum (TAPIA, 2009). Por outro lado, o público que utiliza garrafa PET para 
acondicionar esse material é maior na presente pesquisa do que no estudo do autor citado 
anteriormente, pois em sua análise cerca de 34% colocam em uma garrafa PET ou em 
uma caixa. 
Resultado mais preocupante foi encontrado na pesquisa de Aquino; Zajac e Kniess 
(2019), pois entre as pessoas que não utilizam a caixa coletora, 81% afirmamjogar os 
resíduos perfurocortantes no lixo comum. Assim, na presente pesquisa menos pessoas 
jogam os resíduos gerados no tratamento do diabetes mellitus no lixo comum, o que pode 
indicar que público desta pesquisa é mais consciente em comparação com o público 
analisado por Aquino; Zajac e Kniess (2019). Entretanto, é importante ressaltar que o 
público dos autores citados são pessoas idosas e o da presente pesquisa são pessoas mais 
jovens, o que pode explicar a diferença de cenários. 
Seguindo de perto os resultados dos autores citados anteriormente, na pesquisa de 
Silva, et al. (2012) encontrou-se que 87% dos participantes descartam as seringas direto 
no lixo comum, sem nenhum cuidado prévio, bem como 13% dos pacientes estudados 
armazenam as agulhas em uma sacola plástica. Assim, pode-se afirmar que na presente 
pesquisa, as pessoas possuem um cuidado maior com os resíduos gerados, mas ainda há 
preocupações com o público que acondiciona em sacolas plásticas, também encontrado 
na pesquisa de Silva, et al. (2012), pois por se tratar de resíduos perfurocortantes, esse 
tipo de acondicionamento não é apropriado e torna alta as chances de acidentes com o 
manuseio desse material. 
O acondicionamento de resíduo perfurocortante feito em sacolas plásticas também 
foi identificado na pesquisa de Paula; Nogueira e Silva (2019), onde 44% dos 
37 
 
 
insulinodependentes acondicionavam em sacos plásticos e descartavam a agulha do teste 
de glicemia no lixo comum. A quantidade de pessoas que fazem essa prática na presente 
pesquisa é menor do que os achados de outros estudos, porém ainda é preocupante devido 
a potencialidade que há em causar acidentes tanto com os próprios diabéticos, quanto em 
profissionais que terão contato direto com o resíduo. 
Diversas respostas foram coletadas na alternativa “outros” em relação as formas 
de acondicionamento domiciliar de seringas agulhadas e lancetas. Assim, o Quadro 1 
contempla todas as respostas escritas pelos respondentes. 
QUADRO 1 
Acondicionamento domiciliar de seringas agulhadas e lancetas 
Respondente Respostas escritas pelos respondentes 
A “Guardo em uma caixa de papelão” 
B “Guardo em latas de alumínio” 
C “Coloco de volta na embalagem que ela veio” 
D “Guardo em embalagem de amaciante” 
E 
F 
G 
H 
 
I 
J 
K 
L 
M 
N 
O 
P 
Q 
R 
S 
 
T 
“Transformo em outro produto” 
“Guardo numa gaveta, depois entrego na farmácia” 
“Guardo em frascos descartáveis de capsulas de comprimido” 
“As lancetas e agulhas que utilizo se protegem sem precisar descartar em caixa 
coletora ou de proteção extra” 
“Jogo no lixo comum dentro do próprio potinho lacrado” 
“Guardo em uma sacola de papel” 
“Guardo em outro pote descartável, que amarro com uma sacola” 
“Eu tiro agulha e coloco dentro da seringa aí coloco no lixo” 
“Guardo em um potinho de vidro” 
“Uso a garrafa e depois enrolo a garrafa em duas sacolas” 
“Guardo em uma caixa comum tipo de remédios” 
“Embalagem de leite” 
“Tenho uma caixa normal para isso” 
“Guardo na embalagem de plástico dura do leite de garrafa” 
“Caixa de sapato passo bastante fita e coloco em sacolas e com escrito de 
perfurocortante” 
“Guardo por meses até levar a uma farmácia ou posto de saúde” 
Fonte: Elaboração própria. 
 As diversas respostas colocadas pelos respondentes apontam que os mesmos se 
preocupam em como acondicionar os resíduos gerados no tratamento do diabetes 
mellitus, muitas formas não são recomendadas, mas são soluções na ótica dos diabéticos 
para não jogar o material direto no lixo comum. Um dos principais motivos para o 
38 
 
 
acondicionamento incorreto pode ser a falta de conhecimento e orientação de como 
acondicionar corretamente, confirmando a ideia de André (2010), pois afirma que a 
ausência de diretrizes ou orientação técnica acerca dos resíduos gerados em domicílio 
potencializa o acondicionamento e disposição final inadequados. 
 Quando perguntados onde finalizam o descarte (Gráfico 9), a resposta mais 
selecionada foi “Levo em um posto de saúde”, sendo 60% das respostas, seguido de 35% 
que jogam o resíduo gerado no lixo comum e 3% que levam nas redes de farmácias. Na 
alternativa “outros” (2%) algumas pessoas relataram levar para o hospital, levar em ponto 
de descarte de utensílios veterinários, separar do lixo domiciliar e entregar ao lixeiro, 
levar para o ponto de coleta que existe no trabalho e queimar no quintal. 
 
GRÁFICO 9 – Local de finalização do descarte 
Fonte: Dados da pesquisa 
Em estudo semelhante realizado com diabéticos no Ceará (DAMASCENO et al., 
2009) os dados sobre pessoas que levam o resíduo aos postos de saúde são diferentes aos 
encontrados na presente pesquisa, pois os autores apresentam que apenas 2% dos 
pacientes encaminham os resíduos aos serviços de saúde, que foi a forma mais citada na 
presente pesquisa. 
 Apesar de preocupar-se com o acondicionamento, os achados dessa pesquisa 
apontam que um número expressivo de pessoas ainda possui o hábito de jogar os resíduos 
perfurocortantes no lixo comum. Conforme apresenta uma pesquisa feita em um 
município mineiro, pois 55% dos insulinodependentes entrevistados descartam a agulha 
gerada no tratamento do diabetes mellitus no lixo comum (PAULA; NOGUEIRA; 
SILVA, 2019). Ao que tange os mineiros da presente pesquisa, sendo 38 pessoas, destas, 
63% afirmam que levam os resíduos gerados a um posto de saúde e 37% afirmam que 
jogam no lixo comum. Pode-se observar então que comparando os mineiros da presente 
207
60%
118
35%
10
3%
8
2%
Levo em um posto de saúde
Jogo no lixo comum
Levo nas redes de
farmácias
Outros
39 
 
 
pesquisa com o estudo citado anteriormente, houve uma inversão de cenários, onde a 
maioria destina os resíduos perfurocortantes para o local correto. 
 Assim, os resultados dessa pesquisa apontam que o número de pessoas que 
encaminham os resíduos aos serviços de saúde pode estar crescendo ao longo dos anos. 
Com que corrobora André (2010), ao afirmar que em sua pesquisa cerca de 69% dos 
entrevistados encaminham os resíduos gerados em domicílio pela aplicação da insulina e 
monitoramento da glicemia para algum serviço de saúde. 
 Apesar de muitos respondentes afirmarem que compram as caixas coletoras em 
redes de farmácias, esses clientes muitas vezes não podem finalizar o descarte nesses 
locais, pois não recebem. Em uma pesquisa realizada com farmácias e drogarias em São 
Paulo, apenas uma recolhe os resíduos perfurocortantes dos clientes diabéticos 
(AQUINO; ZAJAC; KNIESS, 2019). De acordo com um dos entrevistados pelos autores, 
isso ocorre porque recolher esse tipo de resíduo geraria um custo adicional para a 
empresa, pois se o estabelecimento não aplica injeções, não há geração de resíduo 
perfurocortante. 
Em relação a recusa em receber o material de descarte (Gráfico 10) por parte de 
unidades de saúde ou redes de farmácias, a maior parte dos respondentes afirmaram nunca 
ter recebido alguma recusa ao tentar descartar os resíduos perfurocortantes, sendo 82% 
das respostas. Por outro lado, 18% da amostra já recebeu recusa ao tentar descartar o 
material. Esses dados apontam que a falta de um lugar que receba o material de descarte 
pode fazer com que as pessoas descartem o resíduo direto no lixo comum. 
 
 GRÁFICO 10 – Recusa em receber o material de descarte 
 Fonte: Dados da pesquisa 
 A utilização de insulina fora de casa foi afirmada por 86% dos respondentes e 14% 
afirmaram não utilizar fora de casa. Assim, os respondentes que utilizam insulina fora de 
casa são 296 pessoas. Para esse público, em seguida foi perguntado como procedem com 
61
18%
282
82%
Sim
Não
40 
 
 
o resíduo gerado fora de casa (Gráfico 11). Assim, 83% respondeu que guarda o resíduo 
para jogar em casa, 7% afirmam que joga no lixo comum, 5% colocaram que usam bomba 
de insulina, logo não precisam trocar a agulha em cada aplicação, deixando para trocar 
em casa,

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