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12/09/2022 08:13 Cognição social
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03576/index.html# 1/51
Cognição social
Prof.ª Valeria Guimarães Leal
Descrição
Psicologia cognitiva e seus conceitos fundamentais: definições de crenças, atitudes e valores, estereótipos e percepção
social, representações sociais (funções, valores e abordagem estrutural).
Propósito
A psicologia cognitiva é responsável pelo estudo da percepção, do aprendizado, da lembrança e do pensamento do
indivíduo, e suas raízes, na filosofia e na fisiologia, se unem para formar o núcleo da Psicologia. A análise das teorias
geradas pelo homem comum sobre tais temas contribui para a compreensão de seu comportamento no meio social e
dos fenômenos variados, como saúde, doença mental, violência, justiça, desemprego e amizade.
Objetivos
Módulo 1
Psicologia cognitiva e cognição social
Compreender os fenômenos sociocognitivos.
Módulo 2
Crenças, atitudes e valores
Identificar a influência de crenças, atitudes e valores no comportamento humano.
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Módulo 3
Teoria das representações sociais
Aplicar a teoria das representações sociais.
Módulo 4
Estereótipos e percepção social
Reconhecer a formação dos estereótipos e seu papel na percepção social.
A cognição social é o estudo do modo pelo qual o indivíduo forma inferências com base nas informações sociais
que capta do ambiente. Isso pode ser explicado pelo fato de que, quando entramos em contato com o ambiente
social que nos cerca, percebemos outros indivíduos, conhecemos membros de grupos diferentes, e interagimos
com tais pessoas e grupos.
O estudo da cognição é responsável por reunir uma série de microteorias que, no decorrer do tempo,
desenvolveram-se no cenário da Psicologia Social, para esclarecer o modo por meio do qual as pessoas pensam
sobre si mesmas e sobre outros fatos, geram impressões sobre outros indivíduos ou grupos sociais, e explicam
comportamentos e eventos.
A cognição social se apoia no modelo de processamento de informação que considera atenção e percepção,
memória e julgamento como etapas do processo cognitivo. Esse campo se dedica a estudar o conteúdo das
representações mentais e os mecanismos subjacentes ao processamento da informação social. Seu foco se
encontra nos modelos pelos quais impressões, crenças e cognições sobre estímulos sociais se originam e
afetam o comportamento.
Introdução
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1 - Psicologia cognitiva e cognição social
Ao �nal deste módulo, você será capaz de compreender os fenômenos sociocognitivos.
Fundamentos da psicologia cognitiva
Origens e correntes de pensamento
A psicologia cognitiva é o estudo da forma pela qual as pessoas percebem, aprendem, lembram-se de algo e pensam
sobre as informações.
Outras áreas de estudo para os psicólogos cognitivos são as bases biológicas da cognição, assim como a atenção, a
consciência, a percepção, a memória, o imaginário, a linguagem, a solução de problemas, a criatividade, a tomada de
decisões, o raciocínio, as mudanças na cognição em termos de desenvolvimento que ocorrem durante a vida, a
inteligência humana e diversos outros aspectos do pensamento humano.
A origem da psicologia cognitiva já mostrava suas ideias iniciais durante a primeira metade do século XX, quando ainda
prevaleciam duas correntes de pensamentos na psicologia. Confira a seguir quais são elas:
Centrados no comportamento, os psicólogos behavioristas elaboravam as teorias de aprendizagem e
condicionamento, concebidas a partir de experiências, especialmente aquelas nas quais se observava o
comportamento de animais em situações cuidadosamente planejadas.
Behaviorismo 
Psicanálise 
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Voltada para o estudo do inconsciente e do desenvolvimento, e a estrutura e a dinâmica do psiquismo,
destacando o impacto das experiências vivenciadas na primeira infância.
Na abordagem behaviorista, o estudo do psicólogo norte-americano Frederic Skinner (1904-1990) era voltado a
descrever – e não em explicar – o comportamento. Por não se preocupar com o que ocorria dentro do organismo, a
abordagem de Skinner foi denominada abordagem do “organismo vazio”. Nessa visão, o homem seria controlado e
operado por forças ambientais, pelo mundo exterior, e não pelas forças internas.
Posteriormente, psicólogos como o canadense Albert Bandura (1925-2021) e o norte-americano Julian Rotter (1916-
2014) – que, em princípio, eram behavioristas, mas de um modo bem diferente de Skinner – começaram a questionar a
total negação dos processos mentais ou cognitivos.
Esses estudiosos preconizavam uma aprendizagem social ou uma abordagem sociobehaviorista, apoiando-se em um
pensamento mais amplo em direção a um movimento cognitivo (SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E., 2012).
A psicologia cognitiva se diferencia do behaviorismo em numerosos aspectos. Primeiro, os psicólogos cognitivos
estudam não somente a mera resposta aos estímulos, mas também o processo de aquisição do conhecimento.
Na psicologia cognitiva, o que se destaca são os processos mentais diante de eventos, e não as conexões estímulo-
resposta. Desse modo, o foco é a mente e não o comportamento. Contudo, isso não significa que o psicólogo cognitivo
descarte o comportamento.
O fato é que as reações comportamentais não são a única fonte de pesquisa e análise. É por meio da observação das
respostas comportamentais que podemos avaliar e chegar a conclusões sobre os processos mentais associados a
essas reações.
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Edward Tolman.
O psicólogo norte-americano Edward Tolman (1886-1959) é visto por alguns autores como um pioneiro da psicologia
cognitiva moderna. Ele pensava que, para compreender o comportamento, era preciso levar em consideração seu
propósito e seu plano. Em outras palavras, todo o comportamento era dirigido a algum objetivo.
Já o psicólogo estadunidense George Miller (1920-2012) e o psicólogo alemão Ulric Neisser (1928-2012) tiveram um
papel de destaque no surgimento da psicologia cognitiva, mas não foram fundadores da psicologia cognitiva no sentido
formal da palavra. A colaboração deles está na forma de um centro de pesquisa e de livros, considerado o marco no
desenvolvimento da psicologia cognitiva – um trabalho inovador e influente (SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E., 2012).
Psicologia social
A partir dos anos 1980, o cognitivismo se estabeleceu de vez como abordagem preponderante no cenário norte-
americano e na psicologia social psicológica, que concebia o indivíduo como parte de um sistema.
No início, a psicologia social se dedicava a estudar os processos socioculturais do homem. Posteriormente, passou a
focar nos processos intraindividuais e se tornou mais individualista, denominando-se psicologia social psicológica.
Essa visão explica os sentimentos, pensamentos e comportamentos do indivíduo na
presença real ou imaginada de outras pessoas. Em outras palavras, foca nos estudos de
como o indivíduo responde aos estímulos do grupo.
Devido a isso, as pesquisas na área da cognição social passaram a ser alvo de grande interesse. Seu propósito
fundamental é compreender os processos cognitivos que se encontram subjacentes aos pensamentos sociais.
Cada vez mais os fatores cognitivos são observados e analisados por psicólogos pesquisadores. Entre esses fatores,
destacamos:
A teoria da atribuição da psicologia social;
A teoria da dissonância cognitiva;
A motivação e a emoção;
A personalidade;
A aprendizagem;
A memória;
A percepção;
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A percepção;
O processamento da informação na tomada de decisões ou na soluçãode problemas.
Nas áreas aplicadas, como a psicologia clínica, comunitária, educacional e industrial-organizacional, também há ênfase
nos fatores cognitivos.
O processo de socialização do ser humano é composto por uma constante coleta e troca de informações realizadas por
meio de diferentes estímulos sociais (pessoas, classe, família, escola, instituições etc.), os quais, quando processados,
levam a julgamentos.
Em função do contínuo interesse que despertam, três tópicos podem ser considerados centrais para a psicologia social.
Saiba quais são eles a seguir:
Cognição social
Atitudes
Processos grupais
Princípios da cognição social
Delimitação do campo de estudo
A cognição social pode ser vista como uma subárea da Psicologia, já que abarca uma série de microteorias, que foram
surgindo no contexto da psicologia social em uma tentativa de entender como os indivíduos formam pensamentos a
respeito deles mesmos, de outras pessoas, dos fatos e grupos sociais, e como explicam comportamentos e eventos.
A cognição social é, sobretudo, o estudo de como as pessoas fazem inferências sobre informações obtidas no meio
social, como elas se percebem, interpretam, representam e se lembram de informações sobre elas mesmas e os demais,
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como tais inferências são formadas e afetam o comportamento.
Além disso, está fundamentada no processamento da informação e nos processos cognitivos como atenção, percepção,
memória e o julgamento.
No que diz respeito a esses processos cognitivos, eles são influenciados por tendenciosidades, esquemas sociais,
heurísticas (atalhos para o conhecimento da realidade social) e automatismos (comportamento exibido
inconscientemente). Comumente, tendemos a descobrir as causas dos comportamentos, tanto nossos quanto de outras
pessoas (FERREIRA, 2010).
Esquemas sociais
No contato do indivíduo com seu mundo social, os estímulos são transformados em informações, que, por sua vez, são
representadas cognitivamente (em forma de estruturas mentais de conhecimento), e construídas, organizadas e
armazenadas na memória em classes.
Essas estruturas são chamadas de esquemas sociais e influenciam o modo como reagimos aos eventos sociais.
Possuímos os seguintes esquemas:
De nós mesmos
Tímido, calmo, extrovertido.
De gênero
Masculino, feminino.
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De pessoas
Médico, psicólogo, político, engenheiro.
De determinados grupos
Negro, asiático, mulçumano.
Do comportamento em certos ambientes
Salas de aula, festas, cerimônias religiosas.
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Exemplo
Quem frequenta festas sabe que há bebidas, comida, música alta, pessoas dançando, conversando, e paquerando. Nada
disso é surpresa para quem já foi a uma festa, pois, pela experiência passada, um esquema se formou sobre o que
esperar ao ir a um evento como esse. Já para quem nunca foi a uma festa, a incerteza pode causar certa ansiedade.
Os esquemas sociais agem sobre os processos cognitivos, pois informações coerentes com nossos esquemas recebem
nossa maior atenção, assim como a maneira como armazenamos a informação e recordamos dela.
Profecias autorrealizadoras
Um modo como os esquemas sociais afetam nosso comportamento pode ser visto por meio das profecias
autorrealizadoras, que, também, são uma forma pela qual os esquemas são mantidos.
Mas o que significa uma profecia autorrealizadora?
Trata-se de mostrar um padrão de comportamento que, orientado por esquemas sociais, faz com que o indivíduo, para o
qual esse comportamento se destina, seja influenciado por ele e responda de forma a atender ao que estaria sendo
esperado.
Em outras palavras, é quando agimos de acordo com nossos esquemas sociais, e tal maneira de agir, muitas vezes,
induz a resultados compatíveis com estas expectativas, reforçando-as ao invés de contestá-las.
Exemplo
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Imagine um treinador de basquete que diz que seu jogador na posição de armador não consegue fazer cestas de 3
pontos por ser o mais baixo. Dessa forma, quando há oportunidade, pede para ele passar a bola.
O jogador acaba se convencendo de que não é capaz e acaba não dando mais atenção a treinar arremessos desse tipo.
Por consequência, passa a errar as cestas de 3 pontos, confirmando a profecia do treinador de que ele não seria capaz.
Primazia e priming
Os esquemas sociais são postos em prática ou ativados por meio de processos conhecidos como primazia e priming.
A primazia diz respeito a informações recentes que são capazes de ativar um esquema.
Assim, o conhecido efeito primazia se refere ao fenômeno em que prestamos mais atenção
às informações que nos são apresentadas em primeiro lugar. Esse fenômeno pode ser
associado ao impacto que sofremos com as primeiras impressões, por exemplo.
Outra forma de ativação de esquemas sociais é o priming, que consiste na maneira como um primeiro estímulo afeta as
respostas que um indivíduo apresenta a estímulos subsequentes, de modo inconsciente e automático, podendo alterar
nosso julgamento e nossas avaliações.
Exemplo
Seguranças de aeroporto que lidam quotidianamente com infratores e traficantes tornam-se propensos a perceber o
comportamento das pessoas em termos de criminalidade, especialmente quando algum comportamento considerado
suspeito é observado. Frente a esse comportamento, o segurança pode ignorar qualquer outra informação e deter o
sujeito que se torna, para ele, perigoso.
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A ativação do esquema devido ao efeito priming ocorre de forma inconsciente. Dependendo da importância do evento
social, os esquemas sociais são ativados de imediato sem a necessidade de muito esforço .
Heurísticas e construção de categorias
Outros elementos importantes para o paradigma do processamento de informações são as heurísticas e a construção
de categorias.
A heurística ou atalhos mentais é um método rápido de chegar a conclusões ao tentarmos
conhecer o ambiente social, mas nem sempre nos leva a conclusões corretas.
Diariamente, somos submetidos a uma série de informações, mas temos uma capacidade limitada para processar todas
essas informações sociais, e, por isso, lançamos mão de heurísticas para enfrentar o grande volume e complexidade das
informações sociais. Portanto, erros e distorções em nossos julgamentos e tomadas de decisão são cometidos
(FERREIRA, 2010).
Exemplo
Ao recebermos a informação de que, nos cursos de Odontologia, há mais mulheres que homens, utilizamos esse
conhecimento para afirmar que há mais mulheres atuando clinicamente como dentistas que homens, o que pode não ser
verdade.
Na literatura, podemos encontrar diferentes tipos de heurísticas. Rodrigues, Assmar e Jablonski (2012) nos dão
exemplos de heurísticas de representatividade, que consistem em levar em conta a semelhança entre dois objetos para
deduzir que um possui características daquele com o qual se aparece.
Um exemplo disso é quando consideramos que os produtos mais caros são de melhor qualidade.
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Podemos dizer que é usar um atalho para chegar a uma conclusão, utilizando a semelhança da situação observada com
um esquema cognitivo previamente adquirido. Desse modo, ao concluir que a nova situação é representativa do
esquema anterior, é possível chegar rapidamente a um julgamento.
Outra heurística muito comum é o uso de um ponto de referência para a construção de julgamentos. Geralmente, o ponto
de referência utilizado para se fazer esse julgamento é a pessoa que o emite.
Exemplo
Uma pessoa mais extrovertidatende a julgar uma pessoa menos extrovertida como tímida ou pouco sociável; uma
pessoa que mora em um país de clima frio tem a tendência a considerar temperaturas acima dos 35 graus
insuportáveis.
Com isso, podemos observar que o falso consenso consiste em acreditar que certo posicionamento sobre uma situação
específica é compartilhado pelas demais pessoas. O risco é levar a aceitar nossa visão de mundo correta, sem antes
fazer nenhuma crítica.
As diferentes heurísticas apresentadas aqui são usadas quando o assunto em questão não tem muita importância,
quando nos encontramos exaustos cognitivamente, ou quando temos urgência em emitir julgamentos e não temos
muita informação sobre o assunto.
Pesquisas demonstraram que grande parte do nosso comportamento social é orientado por pensamentos automáticos,
independentemente de nossa consciência dele.
A seguir, veremos que o comportamento é uma função de:
Fontes internas
Oriundas de pensamentos conscientes com base no comportamento.
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Fontes externas
São apenas percepções do comportamento dos outros.
O ambiente externo pode influenciar o comportamento de uma pessoa, de modo que ela mesmo não perceba
conscientemente. Nosso comportamento também pode ser manifestado de forma automática, sem participação
consciente.
Entretanto, fenômenos mais complexos podem exigir um maior grau de processamento, mais controlado e consciente, o
que dependerá de habilidades cognitivas do percebedor em relação ao meio social.
As heurísticas e a construção de categorias
Neste vídeo, a especialista reflete sobre os diversos tipos de heurísticas e a sua importância no estudo e na
compreensão do comportamento social.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A psicologia cognitiva surge em resposta a muitas críticas que foram feitas ao behaviorismo. Qual é a principal
diferença entre a psicologia cognitiva e o behaviorismo?
A
O behaviorismo destaca as conexões entre estímulo e reposta, e a psicologia cognitiva é focada no
inconsciente.
B
A psicologia cognitiva é focada no desenvolvimento da primeira infância, e o behaviorismo é
centrado na teoria de aprendizagem.
C
O behaviorismo é centrado no comportamento humano, e a psicologia cognitiva estuda os
processos mentais diante de eventos.
D
O behaviorismo destaca os processos mentais, e a psicologia cognitiva foca no comportamento
humano.
E
O behaviorismo estuda o comportamento diante do ambiente, e a psicologia cognitiva estuda o
inconsciente coletivo.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O psicólogo cognitivo estuda os processos mentais: como a pessoa percebe, motiva-se e aprende diante de
eventos. Já o behaviorismo estuda o comportamento humano baseado em reações estímulo-resposta, sem levar
em conta os processos mentais.
Questão 2
Alguns autores consideram que, atualmente, a cognição social é o modelo e enfoque dominante na psicologia
social. Sobre a cognição social, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa A está correta.
A cognição social é um campo de estudo da Psicologia, que busca compreender a forma como as pessoas se
percebem a si mesmas e entre elas, para poder explicar e fazer inferências sobre o comportamento social.
A Estuda como as pessoas compreendem a si mesmas e às outras em um contexto.
B É um campo da psicologia que estuda os processos grupais.
C É um subgrupo da Sociologia.
D Está fundamentada no comportamento estímulo-resposta no contexto social.
E Não possui relação com os processos psicológicos básicos.
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2 - Crenças, atitudes e valores
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a in�uência de crenças, atitudes e valores no
comportamento humano.
Crenças
Conceito de crenças
Na cognição social, o conceito de crenças é muito estudado e pesquisado. Portanto, podemos dizer que tem um lugar de
destaque.
Krüger (2011) destaca que uma afirmação qualquer feita por um indivíduo, tendo como origem a própria experiência e
sendo esta afirmação aceita por pelo menos um indivíduo, ela passa a ser uma crença. E as crenças se originam sempre
individualmente, sendo que o grau de sua aceitação subjetiva varia bastante.
As crenças se apresentam por meio da linguagem oral ou escrita e, sendo assim, podem ser avaliadas. São
representações mentais, uma vez que seu conteúdo é simbólico. Estão conectados a essas crenças os processos
cognitivos, afetivos e motivacionais.
Quando as crenças são originárias de algo com o qual nos identificamos ou que tem valor, são mais intensas do que as
formadas por meio de uma mera percepção sem muita importância (KRÜGER, 2018).
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O indivíduo resiste mais fortemente a mudar crenças que são, para ele, mais relevantes do que crenças superficiais,
como, por exemplo, opiniões. As opiniões são crenças superficiais construídas a partir da interação social. Quanto
menos temos convicção a respeito de algo, mais frágil é a crença.
Bem (1973) afirma que a compreensão de um homem sobre si mesmo e do seu meio é formada a partir de crenças, e
que elas são produtos da experiência direta do homem com o meio.
Tipos de crenças
Em 1981, o pesquisador Rockeach (apud PEREIRA; MONTEIRO, 2020) disse que as crenças nos homens estão
organizadas em um sistema arquitetônico e que, para o homem, não é possível conceber que as crenças existam fora
dessa organização.
Segundo esse autor, as crenças estão organizas em seu sistema de forma concêntrica, com crenças centrais e
periféricas. Confira quais são elas:
Tipo A – Crenças primitivas (consenso 100%)
São as crenças mais centrais e incontestáveis. São tidas como verdades absolutas de um indivíduo sobre a realidade
física, social e a natureza do eu. São formadas a partir do contato direto com o objeto da crença e reforçadas por um
consenso social. As crenças primitivas possuem a capacidade de reunir outras crenças.
Exemplos:
- “Eu acredito que isto é uma mesa.”
- "Eu acredito que esta é minha mãe.”
- “Eu acredito que meu nome é Maria.”
Tipo B – Crenças primitivas (consenso 0)
São crenças centrais e incontestáveis, mas diferem do tipo A, uma vez que não necessitam do consenso social para
reforçá-las. As afirmativas dessa classificação abarcam as crenças em algumas coisas que nenhuma outra pessoa
poderia ter conhecimento e, como consequência, não importa se os outros acreditam.
Exemplo:
Existe a crença de que alguém pode ter de justificar o porquê de certos hábitos ou práticas pessoais.
“Eu sempre tiro os aparelhos eletrônicos da tomada porque assim tenho certeza de que mesmo desligados não
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- Eu sempre tiro os aparelhos eletrônicos da tomada, porque, assim, tenho certeza de que, mesmo desligados, não
gastam energia.”
Tipo C – Crenças de autoridade
Não são crenças centrais. Têm origem na infância e são, de início, compartilhadas com outras pessoas que exercem
influência sobre desenvolvimento da criança, porém, com o passar do tempo, a criança percebe que não são válidas.
Exemplos:
- Papai Noel;
- Cuca;
- Fada dos dentes.
Tipo D – Crenças derivadas
Formam-se mais por meio do processo de identificação do que pelo contato direto com o objeto da crença. É uma
forma de crença de autoridade, a qual é oriunda da influência dos meios de comunicação, de pessoas, de objetos ou
de instituições.
Exemplos:
- “Eu acredito que o Brasil é um continente, pois eu ouvi isso naquela emissorade TV famosa.”
- “Eu acredito que o céu é aqui, pois o líder da minha religião afirmou isso.”
Tipo E – Crenças inconsequentes
Não têm uma justificativa plausível para sua ocorrência, baseiam-se em situações de preferência. São associadas a
questões de gosto e consideradas inconsequentes por apresentarem pouca ou nenhuma ligação com outras crenças.
Não necessitam de reforço do consenso social.
Exemplo:
- “Eu acredito que beleza é questão de gosto. Para mim, você é bonito.”
Nem todas as crenças possuem a mesma importância para o indivíduo, podendo elas serem centrais ou periféricas.
Quanto mais central for uma crença, maior será a resistência à mudança. E, por conseguinte, quanto mais central for a
crença modificada, maior será a repercussão no sistema de crenças.
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As crenças e atitudes humanas têm como alicerce quatro processos do homem. Confira a seguir:
Os dois últimos implicam interagir com os outras pessoas.
Segundo Bem (1973), dentre as crenças primitivas, a fé na validade da experiência sensorial é a mais importante. O autor
justifica essa afirmação exemplificando que acreditamos que um objeto continua com o mesmo tamanho e forma
quando dele nos afastamos, embora sua imagem visual mude: ele continua no mesmo lugar quando não o estamos
olhando.
É possível analisar cada crença até que se chegue à crença básica ou crença primitiva, da qual esta se originou.
Atitudes
De�nição de atitudes
No contexto sociopsicológico, a atitude é um constructo dos mais antigos. Por parte dos psicólogos sociais, em todas
Cognitivos (pensar)
Emocionais (sentir)
Comportamentais
Sociais
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as épocas, o estudo das atitudes tem sido de grande consideração.
No que diz respeito a esses estudos, a década de 1930 foi marcada pelo desenvolvimento das escalas de medida de
atitude. Porém, na segunda metade dessa década, os psicólogos sociais se preocuparam em procurar os determinantes
das atitudes. Na década de 1940, os resultados dessas investigações foram publicados.
Conhecer as atitudes de uma pessoa em relação a determinados objetos permite que se façam suposições a respeito de
seu comportamento. Para cada um de nós, as atitudes exercem funções específicas, ajudando-nos a formar uma ideia
mais estável da realidade em que vivemos.
Apresentamos, a seguir, definições de atitude de alguns importantes estudiosos da psicologia social.
Louis Thurstone
Em 1928, segundo Rodrigues (1976), o psicólogo norte-americano Louis Thurstone (1887-1955) definiu a
atitude como a intensidade de afeto a favor ou contra um objeto psicológico.
Harry Triandis
Em 1971, foi descrita pelo psicólogo grego Harry Triandis (1926-2019) como uma ideia carregada de
emoção que predispõe um conjunto de ações a um conjunto específico de situações sociais (RODRIGUES,
1976).
Gordon Allport
Em 1935, o psicólogo estadunidense Gordon Allport (1897-1967) definiu atitude como “um estado mental
e neurológico de prontidão, organizado através da experiência, e capaz de exercer uma influência diretiva
ou dinâmica sobre a resposta do indivíduo a todos os objetos e situações a que está relacionada”
(RODRIGUES, 1976, p. 395-396).
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Componentes atitudinais
Rodrigues (1976) diz a que a atitude é composta por um componente cognitivo, um componente afetivo e um
componente comportamental. A seguir, vamos entender melhor esses componentes.
Componente cognitivo
O componente cognitivo de uma atitude é formado por crenças e demais componentes cognitivos (maneira de encarar o
objeto, conhecimento etc.) relativos ao objeto daquela atitude. É necessário que se tenha alguma representação
cognitiva do objeto antes que se tenha uma atitude em relação ele.
Exemplo
Pessoas que não gostam do estilo de música sertanejo o consideram um estilo brega, de baixo nível cultural, de
“sofrência” etc.
Fabrigar e Wegener
Fabrigar e Wegener (2010 apud FERREIRA, 2010) estabeleceram que as atitudes podem ser definidas
como avaliações gerais e duradouras que oscilam de um extremo positivo a um negativo dos objetos
presentes no mundo social, o que compreende pessoas, grupos, comportamentos etc. Segundo esse
conceito, fazem parte delas as cognições e os afetos sobre tais objetos.
Allport
Na década de 1930, Allport compilou por volta de cem definições, e mesmo que nem todas fossem
amplamente aceitas, alguns temas eram recorrentes nas várias definições oferecidas pelos autores. Um
exemplo disso está no fato de estas definições se encontrarem relacionadas a diversas manifestações,
incluindo as crenças, os valores e as opiniões, e de elas abarcarem avaliações de objetos sociais.
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Algumas vezes, a representação cognitiva que a pessoa tem de um objeto social é vaga ou errônea. Quando a
representação cognitiva é vaga, seu afeto a respeito do objeto tem uma tendência a ser fraco.
Quando a representação cognitiva é errônea, independentemente de corresponder ou não à realidade, a intensidade do
afeto não é influenciada.
Componente afetivo
Pode ser definido, para alguns, como sentimento pró ou contra determinado objeto social. Somente a atitude tem esse
componente. Crenças e opiniões não o têm.
Exemplo
Uma pessoa pode crer que a origem da raça humana é proveniente de extraterrestres e manter essa crença em um nível
cognitivo, sem envolver nenhum afeto. Dessa forma, não é possível dizer que essa pessoa tem uma atitude em relação à
origem da raça humana, e sim uma crença. Opinião também é uma crença e podemos classificá-la como Tipo E.
Porém, se somássemos a essa cognição um componente afetivo, poderíamos dizer que a pessoa tem uma atitude sobre
esse assunto se estivesse em uma discussão acalorada defendendo sua crença.
Componente comportamental
Em 1965, os pesquisadores Newcomb, Turner e Converse concluíram que o papel das atitudes sociais na determinação
do comportamento é criar um estado de predisposição à ação e, em certa situação, derivar em um comportamento
(RODRIGUES, 1976).
Exemplo
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Uma pessoa que torce para um time de futebol possui afetos e cognições a respeito desse time, capaz de predispor o
sujeito em um campeonato a emitir comportamentos de acordo com tais afetos e cognições, o que, no caso, seria torcer
pelo time em questão.
Assim, podemos entender que as atitudes compreendem o que as pessoas pensam, sentem e como elas gostariam de
se comportar em relação a um objeto atitudinal.
O comportamento é determinado não apenas pelo que as pessoas gostariam de fazer, mas também pelas normas
sociais, em outras palavras, o que elas pensam que devem fazer, pelos hábitos, ou seja, o que elas geralmente têm feito,
e pelas consequências esperadas de seu comportamento.
Exemplo
Uma pessoa de determinada religião pode ter uma atitude fortemente negativa com pessoas de outra religião, porém
trata com educação e respeito um grupo dessa outra religião quando está em um mesmo evento no qual foi convidado
com esse grupo. Ou seja, em uma reunião social, prevalecem as normas sociais, mesmo sendo seu afeto não amistoso
com pessoas de outra religião.
Valores
Concepção e classi�cação de valores
Segundo Rodrigues (1976), os valores são categorias gerais também portadoras de componentes cognitivos, afetivos e
predisponentes de comportamento, diferenciando-se das atitudes por sua generalidade.
Os valores podem conter uma infinidade de atitudes. Por exemplo, o valor religião envolve atitudes em relação a Deus, à
igreja, às recomendações próprias da religião etc.
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Em 1951, uma escala foi proposta por Allport, Vernon e Lindzey (RODRIGUES, 1976). Ela padronizava a classificação das
pessoas de acordo com a importância dada por elas aos seis valores a seguir:
Atividade social
Altruísmo e filantropia.
Estética
Harmonia, beleza de formas, simetria.
Praticalidade
Utilidade e pragmatismo, dominância de enfoques de natureza econômica.
Teoria
Aspectos racionais, críticos, empíricos e busca da verdade.
Poder
Influência, dominância e exercício do poder em várias esferas.
Religião
Aspectos transcendentes, místicos e procura de um sentido à vida.
Teoria de valores e tipos motivacionais
Schawatz (1992; 1994 apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2012) propôs uma teoria de valores que teve como
origem uma série vasta de estudos transculturais.
Essa teoria é considerada referência obrigatória em qualquer estudo a respeito do assunto. Nela, os valores são
compreendidos como objetivos ou metas trans-situacionais que variam em relevância. São como convicções morais que
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orientam a vida das pessoas.
Dez tipos motivacionais de valores são listados por Schawatz e organizados em uma hierarquia, de acordo com a
relevância de sua função e de seus efeitos práticos, psicológicos e sociais para os sujeitos. A seguir, confira quais são
eles:
Benevolência
Busca da proteção e de favorecimento do bem-estar dos outros.
Tradição
Concordância com costumes e ideias de natureza religiosa e cultural.
Conformidade
Controle de ações ou de impulsos socialmente condenáveis.
Segurança
Defesa de equilíbrio e da imperturbabilidade da sociedade, das relações e do próprio eu.
Poder
Controle sobre pessoas ou recursos, almejando status e prestígio.
Realização
Procura de sucesso pessoal pela evidenciação de competência, em conformidade com os padrões
sociais.
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Dimensões de ordem superior
A primeira dimensão é referente a um conflito entre a independência própria, por meio de ações que têm como meta a
mudança, e a busca por estabilidade e preservação da tradição. Essa dimensão é formada por dois polos opostos:
Abertura à mudança
Correlaciona os tipos motivacionais dos valores autodireção e estimulação.
Conservação
Hedonismo
Procura de sensações gratificantes e prazer.
Estimulação
Busca de agitação, novidades e desafios.
Autodireção
Busca de autonomia de pensamentos e de ações.
Universalismo
Busca de capacidade de entendimento, condescendência e proteção para com todas as criaturas da Terra.
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Conservação
Combina os tipos dos valores segurança, conformidade e tradição.
A segunda dimensão reflete um conflito no qual de um lado se encontra a busca do bem-estar dos outros e sua
aceitação como iguais, e de outro lado, a busca do sucesso pessoal e do domínio sobre os outros. Nesse caso, há
oposição entre os seguintes polos:
Autotranscedência
Conjuga os tipos motivacionais dos valores benevolência e universalismo.
Autopromoção
Combina os tipos dos valores poder e realização.
O hedonismo compartilha elementos de abertura à mudança e de autopromoção.
De forma resumida, a característica de generalidade dos valores e de especificidade das atitudes faz com que uma
mesma atitude possa ser oriunda de dois valores diferentes.
Exemplo
Uma pessoa pode ter uma atitude favorável ao dar um sanduíche e um café à uma pessoa com fome por valorizar a
caridade e o bem-estar do outro, e outra por valorizar o desejo de mostrar-se poderoso e superior.
A relação entre crença, atitudes e valores
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Neste vídeo, a especialista explica os conceitos de crença, atitudes e valores e reflete, ilustrando com exemplos, as
relações e as implicações destes conceitos no comportamento social.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No sistema arquitetônico organizado por Rockeach, há crenças centrais e periféricas. As crenças mais resistentes à
mudança, que fazem um indivíduo afirmar “Eu acredito que isto é um carro”, são classificadas como:
Parabéns! A alternativa D está correta.
As crenças primitivas (consenso 100%) são o tipo mais central do sistema e mais resistentes à mudança. São
aquelas crenças incontestáveis, consideradas verdades absolutas.
A Crenças tipo C - Crenças de autoridade.
B Crenças tipo D - Crenças derivadas.
C Crenças tipo E - Crenças inconsequentes.
D Crenças tipo A - Crenças primitivas (consenso 100%).
E Crenças tipo B - Crenças primitivas (consenso 0).
Questão 2
A escala de valores de Allport, Vernon e Lindzey, cujo objetivo é avaliar valores pessoais ou motivações básicas, está
organizada em seis valores. A filantropia seria que tipo de valor?
A Religião
B Poder
C Estética
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3 - Teoria das representações sociais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de aplicar a teoria das representações sociais.
Princípios teóricos
Origens da teoria das representações sociais
As origens da teoria das representações sociais estão presentes tanto na sociologia e antropologia, com os estudos de
Émile Durkheim (1858-1917) e Lucien Lévy-Bruhl (1857-1939), quanto na psicologia construtivista, sócio-histórica e
cultural, com os estudos de Jean Piaget (1896-1980) e Lev Vygotsky (1896-1934), resultando em um vínculo entre o
social e o individual (BERTONI; GALINKIN, 2017).
Parabéns! A alternativa D está correta.
A filantropia é um valor de atividade social por meio do qual o sujeito procura o bem de todos e da comunidade, e
não se centra somente de forma egoísta em si mesmo.
D Atividade social
E Praticalidade
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Essa teoria foi inicialmente proposta pelo psicólogo social Serge Moscovici (1925-2014), com a publicação do livro La
psychanalyse, son image et son public (1961). É uma abordagem psicossociológica do processo de construção do
pensamento social.
O estudo das representações sociais pode ser compreendido como o ato de identificar a
“visão de mundo” que grupos ou indivíduos possuem ou empregam na sua forma de agir e
posicionar.
Assim, a teoria pode ser vista como um pensamento social que resulta das experiências, crenças e trocas de
informações contidas na vida rotineira, propagadas ou recebidas pela comunicação e tradições.
As representações sociais constituem um conjunto de conceitos, imagens e explicações que se originam no senso
comum, em se tratando das interações e comunicações interpessoais. Sobre tais circunstâncias, elas vão se
modificando à medida que novos significados vão sendo agregados à realidade.
Um exemplo de representação social muito comum nos anos 1980 foi a boneca Barbie. Nela, havia embutidos conceitos
de beleza e feminilidade do senso comum. Muitas meninas queriam ser a Barbie.
As representações sociais têm como função dar sentido ao desconhecido, convertendo o não familiar em algo familiar.
Para que isso ocorra, os processos de ancoragem e objetivação são usados como apoio.
Processo de ancoragem
Como afirma Moscovici:
[...] quando estudamos representações sociais, nós estudamos o ser humano, enquanto
ele faz perguntas e procura respostas ou pensa, e não enquanto ele processa informação
ou se comporta. Mais precisamente enquanto seu objetivo não é comportar-se, mas
compreender”.
MOSCOVICI, 2003, p. 43 apud CAMINO et al., 2013, p. 423
As representações sociais possuem a capacidade de criar relações entre as abstraçõesdo saber e das crenças e a
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As representações sociais possuem a capacidade de criar relações entre as abstrações do saber e das crenças e a
concretude da vida do sujeito em seus processos de interação social, porque:
As representações sociais são construídas na fronteira entre o psicológico e o social.
A ancoragem tem como função inserir o fenômeno não familiar em um conjunto de categorias e imagens familiares, de
forma que ele possa ser interpretado (FERREIRA, 2010).
As pessoas, de um modo geral, quando não conseguem descrever algo e comunicá-lo para outros indivíduos, criam uma
resistência e experimentam um negacionismo. Esse acontecimento ou objeto que foi incapaz de ser descrito por elas
deve ser incluído nos sistemas de crenças delas.
Portanto, ancorar é atribuir nomes e categorias à realidade, colocando-as em um contexto comum e familiar. Quando
damos um nome ou uma classificação a algo que não era familiar, ele passa a ser familiar, e podemos imaginá-lo,
representá-lo. Assim, asseguramos sua incorporação social.
Durante o processo de ancoragem, o novo objeto é reajustado, para que possa se inserir em uma categoria conhecida,
passando a possuir características dessa categoria, tornando-se algo familiar e com sentido.
Exemplo
Para lidar com as incertezas e todas as mudanças advindas do coronavírus durante a pandemia, muitas pessoas
passaram a usar a expressão “o novo normal”, buscando ancorar todas as alterações em nossa rotina e em nosso
comportamento como uma nova condição do que seria normalidade nesse momento, procurando diminuir o
desconforto gerado.
Processo de objetivação
A objetivação visa transformar o que é abstrato em algo concreto e que, por conseguinte, possa ser assim tocado
(FERREIRA, 2010). Objetivar é transformar uma imagem, algo mental, em algo concreto, tangível, ao invés de ser apenas
um elemento do pensamento.
O processo de objetivação implica três movimentos simultâneos. São eles:
Seleção e descontextualização 
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Leva em conta valores religiosos ou culturais, experiências anteriores, conhecimentos prévios etc., os sujeitos
retiram algumas informações a respeito do objeto que eles querem representar de um conjunto total
informações.
É a construção de um modelo figurativo, de imagens estruturadas, que reproduzirão de um modo visível algo que
antes não passava de um conceito.
Os elementos que foram construídos passam a ser identificados como elementos da realidade do objeto. Aquilo,
que antes era estranho, passa a ser naturalizado e é incorporado.
Exemplo
Retomando o exemplo do coronavírus, foram feitas representações concretas que destacavam a importância do uso de
máscaras para vencer a resistência inicial em relação à população. Ao entenderem os riscos de como o vírus se
propagava, a máscara passou a ser um objeto de uso comum, e as pessoas passaram a implementá-lo em seu
cotidiano.
De acordo com Moscovici (2003 apud CAMINO et al., 2013), os indivíduos não se resumem a receptores passivos de
informação, muito menos a meros seguidores de ideologias ou crenças coletivas.
Os indivíduos são pensadores ativos que, ao se defrontarem com os mais diversos eventos presentes no dia a dia das
interações sociais, criam e comunicam suas próprias representações e soluções apropriadas para as questões nas
quais se encontram.
Desse modo, a influência do social não é vista como um estímulo que atinge o indivíduo, e sim como um contexto de
relações nas quais o pensamento é formado.
Formação do núcleo figurativo 
Naturalização dos elementos 
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A teoria das representações sociais e seus conceitos básicos
Neste vídeo, a especialista explica em que consiste a teoria das Representações Sociais e ilustra os conceitos de
ancoragem e objetivação, destacando a importância dos mesmos.
Funções e abordagens
Universos rei�cados e consensuais
Existem dois tipos de universos de pensamento. Confira a seguir:
Universo rei�cado
É considerado o lado científico do pensamento, no qual são definidos o certo e o errado, verdadeiro e falso. Nele,
existem papéis e categorias definidos segundo os contextos apresentados. O nível de participação na produção de
conhecimento é determinado unicamente pelo nível de qualificação. Existe uma objetividade, uma lógica e uma
metodologia.
Universo consensual
Diz respeito a atividades intelectuais da interação social cotidiana. Esse universo se encontra em constante
movimento. É composto pelas representações sociais, mas a matéria-prima para a formação dessas realidades
consensuais se origina do universo reificado e do saber cotidiano. Por exemplo, construímos opiniões de noções
apreendidas e compartilhadas na escola, em casa, na rua, na mídia.
Funções das representações sociais
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Para que possamos compreender a dinâmica das interações sociais e esclarecer os determinantes das práticas sociais,
é indispensável identificar as funções das representações sociais.
De acordo com Camino et al. (2013), há quatro funções essenciais. Confira a seguir quais são elas:
Possibilidade de os indivíduos compreenderem e explicarem a realidade, a partir das representações sociais, está
relacionada à função de conhecimento. As representações sociais definem o quadro de referência comum que
permite e facilita a comunicação social, concedendo a transmissão e divulgação do conhecimento prático do
senso comum.
Refere aos processos de comparação social, é de extrema importância a função identitária das representações
sociais, uma vez que estas definem a identidade e concedem a proteção da especificidade dos grupos. Ao
mesmo tempo, esta função assume um papel fundamental no controle social exercido pela coletividade sobre
cada um de seus membros.
Representações são responsáveis por guiar os comportamentos e as práticas sociais. Assim, existe um sistema
de pré-decodificação da realidade, um manual orientador para ação.
Representações sociais possibilitam justificar os comportamentos e as tomadas de posição por parte dos
sujeitos. Desse modo, nas relações entre grupos, essa função esclarece alguns comportamentos postos em uso
frente a outro grupo. Portanto, as representações mantêm e justificam a diferenciação social, sendo capaz de
estereotipar as relações entre grupos, colaborando para a discriminação ou mantendo entre eles um afastamento
social.
Observando a descrição das funções das representações sociais, vimos que elas não são somente um conceito teórico
e abstrato, mas também são fundamentais nas relações sociais. Outra coisa que também fica evidente é sua relação
com as atividades práticas do cotidiano.
Conhecimento 
Identitária 
Orientação 
Justificadora 
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As representações sociais são eventos observáveis complexos, sempre ativados e em ação na vida social, que contêm
uma riqueza de elementos informativos, ideológicos, cognitivos, normativos, valores, atitudes, opiniões, crenças e
imagens.
Teoria do núcleo central
O pesquisador Abric e seus colaboradores propuseram a teoria do núcleo central – uma extensão do trabalho de
Moscovici (1961). Essa teoria defende que toda representação social se dispõe em torno de um núcleo central e de
elementos periféricos (BERTONI; GALINKIN, 2017).
O núcleo central se fundamenta no elemento principal da representação, com o objetivo de organizar e dar sentido a ela.
O núcleo tem como apoio a memória coletiva do grupo, em suas condições históricas e sociais. Além disso, é mais
rígido e resistente às mudanças e influênciasdas circunstâncias de uma situação imediata.
Entretanto, os componentes periféricos são mais flexíveis e móveis, o que possibilita a junção de histórias e experiências
distintas. Eles aceitam as contradições, assim como a diversidade grupal. Desse modo, são sensíveis às circunstâncias
de uma situação imediata e têm uma característica evolutiva, que possibilita se ajustar à realidade concreta e à
diferença de conteúdo.
Confira a seguir a função dos componentes periféricos:
Possibilitar o ajuste de grupos e indivíduos a certas situações
Proteger a estabilidade do núcleo central
Dessa forma, o núcleo central é regulamentário, e os elementos periféricos, por sua vez, são funcionais, pois possibilitam
a ancoragem da representação na realidade do momento.
Após a introdução da sociopsicologia na literatura, a teoria das representações sociais foi amplamente disseminada,
especialmente entre os psicólogos europeus e latino-americanos, procurando aplicar seus princípios teóricos a inúmeros
eventos, aos quais podem ser atribuídos significados que surgem do senso comum.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O núcleo central é composto pelos elementos estáveis ou mais permanentes da representação social, e tem como
objetivo organizá-la e dar sentido a ela, sendo mais rígido e resistente às mudanças. Com base na teoria do núcleo
central, é correto afirmar que:
A
O núcleo central é flexível e tem como base a memória coletiva do grupo, em suas condições
históricas e sociais, e é resistente às variações e influências do contexto imediato.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O núcleo central é mais rígido e passa a ser regulador e normativo. Seus componentes periféricos permitem a
adaptação de grupos e indivíduos a certas situações. Eles são mais móveis e flexíveis, permitindo a junção de
experiências e histórias individuais, e são sensíveis ao contexto imediato.
B
Os componentes periféricos têm como função proteger a estabilidade do núcleo central, e, por isso,
dificultam a adaptação de grupos e indivíduos a certas situações.
C O núcleo central é normativo, e os elementos periféricos são funcionais.
D O núcleo central é funcional, e os elementos periféricos são complementares.
E
Os componentes periféricos são mais estáticos, dificultando a junção de experiências e histórias
individuais, já que têm como função proteger o núcleo central.
Questão 2
Quais são as quatro funções essenciais para as representações sociais?
Parabéns! A alternativa E está correta.
As representações sociais se originam no senso comum e na interação social. Já um conjunto de conhecimentos,
opiniões e imagens define a identidade, permite evocar um dado acontecimento, uma pessoa ou um objeto, bem
A De conhecimento, de definição, localizadora e justificadora.
B De autoconhecimento, de conhecimento, espacial e justificadora.
C De conhecimento, identitária, de orientação e explicativa.
D De conhecimento, de autoconhecimento, orientadora e explicativa.
E De conhecimento, identitária, de orientação e justificadora.
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4 - Estereótipos e percepção social
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a formação dos estereótipos e seu papel na
percepção social.
Estereótipos
Estereótipo, preconceito e discriminação
O estudo dos estereótipos se apresenta de forma destacada na Psicologia Social pela sua importância na compreensão
das relações de dominação, exploração e segregação. Os estereótipos são bons preditores do comportamento social,
permitindo inferir a probabilidade de ocorrência de diversos comportamentos em grupos sociais.
O estereótipo é a base do preconceito e ele consiste na atribuição de crenças feitas sobre
grupos ou pessoas. Dessa forma, podemos compreender que os estereótipos consistem em
esquemas ou representações mentais sobre grupos sociais.
Nesse sentido, eles interferem ativamente no processo de formação de impressões e percepção de pessoas, sendo
responsáveis pela integração de informações e avaliação de outros indivíduos, ou seja, pelas formas com que o
percebedor interpreta os indivíduos que o rodeiam (FERREIRA, 2010).
como orienta e justifica o comportamento.
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Mas qual é a diferença entre estereótipo, preconceito e discriminação?
Muitas vezes, usamos essas palavras de forma indiscriminada. Na prática, elas se encontram fortemente entrelaçadas,
mas, em termos acadêmicos, e inclusive em termos jurídicos, existem diferenças importantes. A seguir, vamos entender
melhor essa distinção.
Normalmente, em função de como organizamos todas essas informações relativas, existe um primeiro momento
em que fazemos o agrupamento ou a categorização das pessoas que consideramos que se assemelham em
algum aspecto. Esse primeiro passo representa a delimitação de um estereótipo específico.
Exemplo: Todos os cientistas são muito racionais e analistas.
Após delimitar o estereótipo, passamos a fazer um julgamento de determinado grupo, o que nos conduz a
alguma atitude. Quando essa atitude é negativa, estamos, então, frente ao preconceito.
Exemplo: Podemos encontrar uma atitude negativa sobre os cientistas que afirma que eles não apresentam
emoções, que são insensíveis.
Baseado no preconceito, podemos observar a discriminação.
Exemplo: Não quero namorar um cientista, porque ele é uma pessoa não emotiva.
Conceito de estereótipo
Estereótipo 
Preconceito 
Discriminação 
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Quando formamos crenças de que indivíduos de um grupo social apresentam, em maior ou menor grau, um mesmo
padrão de características específicas, chamamos essas crenças de estereótipos.
Para alguns estudiosos do assunto, durante a infância, adquirimos a habilidade de formar muitos estereótipos. Muitas
vezes, eles se constituem do mesmo modo como se desenvolvem as configurações mentais: ao vermos um caso
específico ou um conjunto de casos com o mesmo padrão, fazemos uma supergeneralização a partir dessas
observações limitadas e criamos um estereótipo (STERNBERG, 2008).
Curiosidade
Foi no trabalho intitulado Opinião pública, de Valter Lippmann, publicado em 1922, que o termo “estereótipo” surgiu.
Os estereótipos são conceituados pela sociedade como um modo de defesa pessoal, e são estabelecidos conforme a
cultura e a tradição familiar às quais pertencemos.
Inicialmente, os estudos sobre estereótipos estavam voltados para conteúdos éticos e raciais em nível grupal, e pouca
importância foi dada a pesquisas em nível individual.
O conceito tem sido alterado com o tempo, sob um ponto de vista negativo, a respeito de um conjunto de pessoas para
uma generalização das características conferidas a objetos e pessoas que possuem entre si alguma semelhança, sendo
ela pronunciada ou não.
O mais frequente dos diversos tipos de estereótipos é o de gênero, que é uma atribuição feita pelo grupo de traços e
comportamentos específicos a homens e mulheres. Por exemplo, existe o estereótipo de que as mulheres falam muito.
Porém, na vida social, existem outros estereótipos que também se destacam, como:
Classe social
Estado civil
Ocupações
Ainda hoje, não há um conceito único de estereótipo. Ao longo das últimas décadas de pesquisas, surgiram diferentes
vertentes e interesses individuais sobre o assunto.
Apesar das diferenças importantes na maneira como a temática “estereótipos” é definida, basicamente, alguns pontos
são de comum acordo entre os psicólogos sociais sobre a definição de estereótipos. Veja a seguir quais são:
1. Umestereótipo é fundamentalmente cognitivo – convicção, julgamento, percepção, atribuição, visão, características,
expectativa, suposição, e assim por diante.
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2. Um estereótipo é um conjunto de crenças relacionadas.
3. Os atributos, as personalidades ou o caráter de grupos são descritos pelos estereótipos.
4. Esses atributos permitem diferenciar os indivíduos como homens e mulheres.
É preciso levar em conta o consenso para caracterizar os estereótipos.
Os estereótipos se originam da passagem do tempo com as repetidas experiências entre componentes de grupos
diversos, afetando as respostas que serão apresentadas em encontros futuros com os componentes do grupo alvo dos
estereótipos.
São duas as maneiras de conceber estereótipos:
Como estruturas que podem ser representadas dentro das mentes individuais.
Como elementos específicos da própria sociedade, compartilhados em grande escala pelas pessoas que convivem no
interior de uma mesma cultura.
Sem dúvida, essas considerações estão associadas aos estereótipos, como a percepção social, visto que é aceitável
dizer que as informações percebidas devem ser interpretadas, codificadas, armazenadas e retiradas da memória. Em
todas as fases desse processo, podem ocorrer mecanismos da distorção perceptual.
Desse modo, os estereótipos são elaborados como informações públicas compartilhadas por uma vasta maioria de
indivíduos da sociedade a respeito de alguns grupos sociais.
Seria correto descrever os estereótipos como uma parte do conhecimento coletivo de uma sociedade, uma vez que as
crenças compartilhadas geram efeitos de magnitude considerável na forma como se apresentam os comportamentos
sociais.
Mas não podemos esquecer que os estereótipos também cumprem uma função em nossa percepção, pois eles reduzem
a necessidade de atenção e processamento de informação frente aos fatos. Assim, podemos economizar tempo e
energia quando estamos interagindo com os outros.
O problema é quando os estereótipos nos conduzem ao processo de discriminação, que implica sua relação com algum
julgamento (afeto) negativo, ou seja, quando derivam em preconceito.
Percepção social
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Interação social
Vimos até aqui como é importante para os pesquisadores da cognição social a observação e o estudo da interação
social. Agora, vamos focar nessa questão.
Para que haja interação entre pessoas, é necessário que estas se percebam mutuamente.
Exemplo
Durante o processo de interação social, formamos necessariamente uma impressão da pessoa com quem nos
relacionamos. Nesse momento, também somos guiados por processos psicossociais.
Quatro princípios gerais, responsáveis por administrar nossa percepção dos indivíduos que nos cercam, foram
destacados pelos pesquisadores Taylor, Peplau e Sears (2006 apud RODRIGUES; ASSMAR; JABLONSKI, 2012). Veja a
seguir quais são eles:
1. Com base em um número limitado de informações, as pessoas geram impressões de outras e, a partir daí, derivam
outras características mais gerais. Exemplo: o empregado viu o novo gestor por foto e pensou que era jovem demais
para ser líder de um projeto.
2. As impressões têm como base os aspectos mais relevantes, e não o conjunto completo das características dos outros.
Exemplo: prestar atenção à altura de alguém e não perceber outras características positivas e negativas do indivíduo.
3. Tendemos a catalogar os estímulos percebidos na outra pessoa de forma a incluí-la em um grupo do qual os membros
possuem características conhecidas. Exemplo: pessoas com sapatilha de ponta pertencem ao grupo que dança balé.
4. Nossas necessidades e nossos objetivos afetam a forma pela qual percebemos as características dos outros.
Exemplo: prestamos mais atenção em alguém com quem vamos interagir com maior regularidade no futuro, como um
colega de trabalho, do que em alguém que só veremos uma única vez.
Como formamos a impressão sobre os outros?
As principais fontes de informação que utilizamos ao formar uma impressão de outra pessoa são:
Aparência física 
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Não apenas os traços físicos, mas também a forma de vestir influenciam a dedução de certas características
pessoais. Tendemos a atribuir outras particularidades positivas a pessoas mais atraentes, e negativas a pessoas
menos atraentes.
Inclui gestos, posturas, olhares, posição corporal no espaço, tom de voz, ritmo e inflexões. Você sabia que quanto
mais nos interessa alguém que estamos observando, mais competentes somos na interpretação desses
comportamentos?
Maneira por meio da qual percebemos o outro, de acordo com a tendência a atribuir a uma pessoa as
características do grupo ao qual pertence, como sexo, raça, faixa etária, tipo de profissão etc. Os estereótipos
mantidos por nós acerca dos vários grupos sociais proporcionam uma visão das pessoas a eles pertencentes
como confirmadores deles.
Aparência física 
Comportamento não verbal 
Categorização 
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Ao realizar um experimento, Asch (1946) constatou que, ao apresentar uma lista de adjetivos sobre um indivíduo
a algumas pessoas, impressões a respeito dele eram formadas conforme a ordem em que a lista era
apresentada.
No que se refere a provocar a recordação de outros traços sobre uma pessoa, alguns traços de personalidade
são mais influentes do que outros. Isso também foi comprovado por Asch (1946).
O estudioso apresentou os mesmos sete adjetivos descritivos de um professor para dois grupos diferentes de
alunos, mas somente para um dos grupos, alterou um deles: trocou “afetuoso” por “frio”. O grupo que recebeu o
adjetivo “afetuoso” considerou que o professor era feliz, brincalhão, imaginativo, generoso. Já o grupo que tinha o
adjetivo “frio” considerou o professor sério, infeliz, sem senso de humor e de confiança.
Teoria implícita de personalidade
No momento em que processamos as informações recebidas dos indivíduos com quem entramos em contato, somos
Primeiras impressões 
Traços centrais 
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q p ç q ,
intensamente influenciados por esquemas sociais. Lembrando que esquemas são, por definição, estruturas cognitivas
que têm como função organizar as informações ao redor de temas ou tópicos.
Em 1954, os pesquisadores Bruner e Tagiuri (apud FERREIRA et al., 2011) afirmaram que formulamos, em relação a
outras pessoas, uma teoria implícita de personalidade, por meio da qual associamos determinados traços a outros, e
esperamos correspondência entre eles e essas pessoas com as quais entramos em contato.
Características positivas são normalmente atribuídas às pessoas de quem gostamos ou admiramos. Por sua vez,
características negativas são atribuídas àquelas de quem não gostamos. Logo, a teoria implícita é relutante à mudança.
As teorias implícitas de personalidade que formamos a respeito dos outros organizam um esquema social. Ao sermos
apresentados a alguém, de forma imediata, ativamos os esquemas associados à profissão, ao gênero, ao grupo étnico
etc. na impressão que formamos dessa pessoa.
A partir do momento que estiver, então, formada uma primeira impressão, assimilamos, facilmente, as características
dessa pessoa, que harmonizam com nossa primeira impressão, isto é, que são coerentes ou congruentes com aquela
primeira impressão formada sobre elas. Em contrapartida, tendemos a rejeitar outras características que não
harmonizam com ela.
Essa teoria se manifesta muito comumente na dificuldade que temos em alterar nossas primeiras impressões acerca de
outras pessoas.
Vimos que nossa mente não registra um retrato fielda pessoa, e que nosso processo
cognitivo é influenciado por esquemas, estereótipos, heurísticas. De qualquer maneira, o
estudo da percepção social nos permite entender como formamos impressões sobre outras
pessoas e fazemos inferências sobre elas.
Para isso acontecer, usamos diversas fontes de informação, como o comportamento não verbal, os esquemas ou
atalhos mentais, a interpretação que fazemos do comportamento da pessoa e outras fontes. Muitas vezes, erramos em
nossas inferências e conclusões, o que nos leva a percepções equivocadas, que podem ser difíceis de dissolver.
Percepção social e as teorias implícitas de personalidade
Neste vídeo, a especialista expõe o conceito de percepção social e destaca o papel das teorias implícitas de
personalidade na percepção social. Além disso, é feita uma reflexão sobre a tendência ao erro de julgamento.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Existem diversos estereótipos com os quais nos deparamos em diferentes situações. Por exemplo, você já deve ter
escutado a crença de que as mulheres não sabem dirigir, ou de que os homens que choram não são homens de
verdade. Sobre estereótipos, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa E está correta.
Estereótipos são crenças compartilhadas sobre as características pessoais, os traços de personalidade e dos
comportamentos próprios de um grupo de indivíduos. E há um consenso sobre eles.
A Não é necessário um consenso.
B Não são crenças.
C São crenças não compartilhadas.
D Não são cognitivos.
E São crenças compartilhadas.
Questão 2
Se uma pessoa é reconhecida como tranquila e calma, possivelmente, outras pessoas tenderão a acrescentar que
também é cuidadosa, metódica e organizada. Essa constatação se baseia na teoria implícita de personalidade.
Sobre essa teoria, é correto afirmar que:
A As percepções que temos a respeito dos outros organizam um esquema social.
B Não somos capazes de atribuir percepções positivas sobre o outro.
C
Associamos determinados traços a outros e não esperamos correspondência entre eles e essas
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Considerações �nais
A cognição social é o estudo da forma pela qual processamos a informação. Nela, está incluída a forma como
codificamos, armazenamos e recuperamos informação de situações sociais.
Por isso, é uma ferramenta importante para entendermos as relações, as emoções, os pensamentos, as intenções e as
condutas sociais dos outros indivíduos ou grupos. Ela gerencia em nossa mente a grande quantidade de informações
oriundas de nosso meio, como as heurísticas, os esquemas, as crenças e as representações sociais.
É crucial compreender esse processamento, a fim de construir uma base sólida de conhecimento científico a respeito do
assunto.
Podcast
A especialista reflete sobre os conceitos de crenças, atitudes, valores, estereótipos e preconceitos e apresenta o uso da
cognição social para o estudo do comportamento social, ilustrando a teorias das representações sociais e a percepção
social.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Imediatamente, ao conhecermos alguém, ativamos esquemas sociais, como, por exemplo, gênero, profissão etc.
Quando associamos determinados traços a outros, esperamos correspondência entre a pessoa associada ao traço.
O problema dessa forma de perceber o outro é que temos dificuldade em alterar nossas primeiras impressões
acerca de outras pessoas quando fazemos uso da teoria implícita de personalidade.
C
pessoas com as quais entramos em contato.
D É muito fácil alterarmos nossas primeiras impressões acerca de outras pessoas.
E
Quando conhecemos alguém, tendemos a atribuir características positivas a pessoas que não
gostamos.

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Referências
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SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
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Leah Georges: Como os estereótipos geracionais nos inibem de progredir no trabalho.
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Para compreender melhor a relação entre valores, atitudes e comportamento, pesquise e leia o artigo de Jorge Artur
Peçanha Coelho, Valdiney Veloso Gouveia e Taciano Lemos Milfont, publicado em 2006, na revista Psicologia em Estudo:
Valores humanos como explicadores de atitudes ambientais e intenção de comportamento pró-ambiental.

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