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Formação Econômica, Histórica e Política do Brasil

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Prévia do material em texto

Thiara Bernardo Dutra
FORMAÇÃO ECONÔMICA,
HISTÓRICA E POLÍTICA DO BRASIL
© Universidade Positivo 2019
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido 
Curitiba-PR – CEP 81280-330
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock.
Presidente da Divisão de Ensino 
Reitor
Direção Acadêmica 
Gerente de Educação à Distância
Coordenação de Metodologia e Tecnologia
Autoria
Parecer Técnico
Supervisão Editorial
Projeto Gráfi co e Capa
Prof. Paulo Arns da Cunha
Prof. José Pio Martins
Prof. Roberto Di Benedetto
Rodrigo Poletto
Profa. Roberta Galon Silva
Profa. Thiara Bernardo Dutra
Prof. Veronica Belfi Roncetti Paulino
Prof. Rosana Aparecida Martinez Kanufre
Felipe Guedes Antunes
Regiane Rosa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR
DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
Sumário
CAPÍTULO 1 - O PERÍODO COLONIAL E SEUS DESDOBRAMENTOS 
PARA A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA 7
Objetivos do capítulo 12
Tópicos de estudo 12
Contextualizando o cenário 13
1.1 Fatores históricos, sociais e econômicos na colonização do Brasil 13
1.1.1 Comércio europeu nos séculos XIV e XV 13
1.1.2 Capitalismo mercantil 14
1.1.3 Lutas sociais dos grupos da sociedade colonial e suas motivações 15
1.1.4 A chegada da família real e suas consequências para a colônia 17
1.2 Sociedade colonial brasileira 18
1.2.1 Colonização: aspectos sociais e econômicos 18
1.2.2 As relações e a organização de produção e o trabalho escravo 20
1.2.3 A divisão administrativa e territorial do Brasil 20
1.2.4 Características do tráfico e do trabalho escravo 21
1.3 Ciclos econômicos no período colonial brasileiro 23
1.3.1 Ciclo do pau-brasil 23
1.3.2 Ciclo da cana-de-açúcar e o modelo social e econômico da produção 24
1.3.3 Pacto colonial 25
1.3.4 Ciclo do ouro 25
1.4 A herança colonial na formação da sociedade brasileira 27
1.4.1 A composição da sociedade brasileira no período colonial 27
1.4.2 A reprodução do modelo de relações de trabalho escravocrata 28
1.4.3 As relações de exploração da força de trabalho e suas consequências 28
1.4.4 Identidade da cultura da produção rural 29
Proposta de atividade 29
Recapitulando 30
Referências 30
CAPÍTULO 2 - A FORMAÇÃO DO ESTADO NAÇÃO BRASILEIRO 32
Objetivos do capítulo 33
Tópicos de estudo 33
Contextualizando o cenário 33
2.1 A formação da população no Brasil para a construção da sua 
identidade 34
2.1.1 Origens e diversidade da população africana 35
2.1.2 A população indígena e o processo de aculturamento 37
2.1.3 A instituição do catolicismo como religião oficial no Brasil 38
2.1.4 Características da identidade nacional 39
2.2 Componentes fundantes do Estado brasileiro 40
2.2.1 Aspectos históricos da independência do Brasil: constituição e 
organização do Estado brasileiro 41
2.2.2 Diferenças entre Estado e nação 42
2.2.3 A incorporação de símbolos nacionais a partir do modelo europeu 43
2.2.4 Os símbolos da identidade nacional X negação da cultura dos negros 45
2.3 As interpretações do cidadão brasileiro 46
2.3.1 Cidadão brasileiro segundo Gilberto Freyre 46
2.3.2 Cidadão brasileiro segundo Darcy Ribeiro 47
2.3.3 Cidadão brasileiro segundo Sérgio Buarque de Holanda 47
2.4 Pressupostos e aspectos estruturais e organizacionais para 
a sociedade brasileira 47
2.4.1 A primeira Constituição Brasileira (1824) 48
2.4.2 O conjunto das estruturas e legislações para legitimação do Estado 49
2.4.3 Interesses particulares e coletivos 50
2.4.4 A lógica do trabalho escravo na lógica do capitalismo mercantil 50
Proposta de atividade 51
Recapitulando 52
Referências 52
CAPÍTULO 3 - AS CRISES DO CAPITALISMO – SÉCULO XX E SEUS 
DESDOBRAMENTOS NO BRASIL 54
Objetivos do capítulo 55
Tópicos de estudo 55 
Contextualizando o cenário 55
3.1 Aspectos e características das crises do capitalismo 56
3.1.1 Modelos de intervenção do Estado 56
3.1.2 Contradições sobre as crises econômicas e sociais 57
3.1.3 A visão de Caio Prado Júnior sobre a empresa colonial 58
3.1.4 O processo de globalização e o conflito do capitalismo e 
estado de direitos 59
3.2 Marcos e trajetórias das crises do capitalismo no final do século XX 60
3.2.1 A crise de 1929 e a Grande Depressão 61
3.2.2 A crise do petróleo de 1970 62
3.2.3 As crises no México e na Argentina na década de 1990 63
3.2.4 A crise norte-americana de 2008 65
3.3 Aspectos políticos, econômicos e sociais no Brasil no século XX 65
3.3.1 República Velha e Estado Novo (1889-1945) 66
3.3.2 Modernização econômica e construção de Brasília (1945-1964) 67
3.3.3 Ditadura militar e Ufanismo Nacional (1964-1985) 69
3.3.4 Processo democrático – 1985 aos dias atuais 70
3.4 Fases e transformações do capitalismo e seus impactos na 
realidade brasileira 72
3.4.1 Mercantilismo – Portugal e Espanha 72
3.4.2 Liberalismo clássico 72
3.4.3 Keynesianismo – pós-guerra 74
3.4.4 Guerra fria – capitalismo financeiro e neoliberalismo 74
Proposta de atividade 75
Recapitulando 75
Referências 76
CAPÍTULO 4 - O ESTADO DE DIREITOS NO BRASIL 
CONTEMPORÂNEO 77 
Objetivos do capítulo 78
Tópicos de estudo 78
Contextualizando o cenário 78
4.1 Fundamentos teóricos sobre a concepção de sujeitos históricos 79
4.1.1 Estratos e prerrogativas da Constituição de 1988 79
4.1.2 Capitalismo e seus reflexos sobre o individualismo x coletividade 81
4.1.3 Conceito de sujeitos e atores sociais 83
4.1.4 A perspectiva da classe social na construção da democracia 84
4.2 A participação de sujeitos no processo de fortalecimento da 
democracia 85
4.2.1 Trajetória dos movimentos sociais e populares nas décadas de 70 e 80 85
4.2.2 Espaços urbanos e governança social 86
4.2.3 Orçamento participativo 87
4.2.4 Níveis e categorias de participação 87
4.3 O contexto contemporâneo das políticas públicas 88
4.3.1 A sociedade contemporânea e os problemas complexos 89
4.3.2 O Estado necessário para o Brasil no século XXI 89
4.3.3 Possibilidades de políticas públicas intersetoriais 90
4.3.4 A participação cidadã na concepção e avaliação das políticas públicas 90
4.4 A cultura democrática em formação X desigualdades sociais 91
4.4.1 Mecanismos institucionais de participação social e novos arranjos sociais 
após Constituição Federal de 1988 91
4.4.2 Qualificação técnica e política para a efetiva participação social 93
4.4.3 Unidades Federativas diante da Constituição Federal de 1988 94
4.4.4 Transformação política-cultural na direção da democracia 96
Proposta de atividade 96
Recapitulando 96
Referências 96
FORMAÇÃO ECONÔMICA, HISTÓRICA E 
POLÍTICA DO BRASIL
CAPÍTULO 1 - O PERÍODO COLONIAL E SEUS 
DESDOBRAMENTOS PARA A FORMAÇÃO DA 
SOCIEDADE BRASILEIRA
Thiara Bernardo Dutra
7
Compreenda seu livro: Metodologia
Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o
desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação
bidirecional entre os atores educacionais.
O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendizagem que busca direcionar
a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização teórica-prática e das atividades
individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos:
• valorizar suas experiências;
• incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento;
• estimular a pesquisa;
• oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados.Compreenda seu livro: Percurso
Com base nessa metodologia, o livro apresenta os itens descritos abaixo. Navegue no recurso para conhecê-los.
1. Objetivos do capítulo
Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessidades de
aprendizagem do seu curso.
2. Tópicos que serão estudados
Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo.
3. Contextualizando o cenário
Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto,
relacionando teoria e prática.
4. Pergunta norteadora
Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica.
5. Pausa para refletir
São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo.
6. Boxes
São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um
contexto, dicas, curiosidades etc.
7. Proposta de atividade
Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e sistematize o que aprendeu no capítulo.
8. Recapitulando
É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, retomando os objetivos do capítulo, a pergunta
norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo.
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8
9. Referências bibliográficas
São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencionadas nos boxes, adequadas ao Projeto
Pedagógico do curso.
Boxes
Navegue no recurso abaixo para conhecer os boxes de conteúdo utilizados.
Afirmação
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.
Assista
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o
conteúdo estudado.
Biografia
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo
abordado.
Contexto
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e
cultural do assunto.
Curiosidade
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.
9
Dica
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o
conteúdo trabalhado.
Esclarecimento
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada.
Exemplo
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática.
Apresentação da disciplina
Você já se perguntou por que o Brasil é caracterizado pela ampla diversidade cultural? De norte a sul, é possível
notar as diferentes formas de manifestações, na música, dança, culinária e religião. Essa diversidade é resultado da
maneira como a nação brasileira se constituiu, a partir da mistura de diferentes etnias: ameríndios, africanos e
europeus, unidos pela realidade da colonização portuguesa na América.
O processo histórico de constituição da nação brasileira tem repercussão na formação da sociedade e da cultura e
na organização econômica e política do Brasil na atualidade. Entender seus desdobramentos, que abrangem a
herança colonialista, a instituição do Estado Nação, os reflexos da crise do capitalismo no final do século XX até a
Constituição e atuação dos sujeitos históricos nos aspectos políticos, econômicos e sociais no Brasil
contemporâneo é essencial para compreender o processo de formação da nação brasileira e a desigualdade
resultante.
O conteúdo apresentado nesta disciplina proporciona um panorama sobre o processo histórico de formação do
Brasil, em sua complexidade social, econômica e política. Assim, propicia a aquisição de conhecimentos técnicos e
científicos que possibilitam a atuação crítica e competente na área do Serviço Social.
A autoria
Thiara Bernardo Dutra
A Professora Thiara Bernardo Dutra é Mestra em História Social das Relações Políticas pelo Programa de Pós-
Graduação em História da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Especialista em Educação Profissional
na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Bacharel e
Licenciada em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tem experiência como docente de Tópicos
em História Moderna e Contemporânea e é pesquisadora do Laboratório de História, Poder e Linguagens na UFES.
Currículo Lattes: < >.lattes.cnpq.br/2631854361642151
10
http://lattes.cnpq.br/2631854361642151
Este material foi elaborado com a finalidade de apresentar um panorama da formação social, política e econômica
do Brasil que propicie melhor compreensão sobre as raízes dos problemas contemporâneos brasileiros. Por isso, é
dedicado a você, aluno!
Verônica Belfi Roncetti Paulino
A Professora Verônica Belfi Roncetti Paulino é Mestra em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES) e Especialista em Psicopedagogia e Gestão Integrada pelo Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino
(IESDE BRASIL). Também é Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Afonso Claudio (FAAC) e em História pela
Universidade Leonardo da Vinci (UNIASSELVI).
Currículo Lattes: < >.lattes.cnpq.br/3684872539234174/
11
http://lattes.cnpq.br/3684872539234174/
Dedico este trabalho a todos os povos africanos e ameríndios escravizados no período colonial. Gratidão por
contribuir de forma significativa e valorativa no processo inicial de construção da nossa nação. 
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Compreender os processos sociais, políticos e econômicos que determinaram o processo de colonização 
no Brasil, reconhecendo as principais características para a formação da sociedade brasileira.
• Entender a formação da sociedade brasileira a partir de diferentes culturas, unidas pela realidade da 
colonização, relacionando-as com as características atuais de desigualdades sociais.
Tópicos de estudo
• Fatores históricos, sociais e econômicos na colonização do Brasil
• Comércio europeu nos séculos XIV e XV
• Capitalismo mercantil
• Lutas sociais dos grupos da sociedade colonial e suas motivações
• A chegada da família real e suas consequências para a colônia
• Sociedade colonial brasileira
• Colonização: aspectos sociais e econômicos
• As relações e a organização de produção e o trabalho escravo
• A divisão administrativa e territorial do Brasil
• Características do tráfico e do trabalho escravo
• Ciclos econômicos no período colonial brasileiro 
• Ciclo do pau-brasil
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12
• Ciclo da cana-de-açúcar e o modelo social e econômico da produção
• Pacto colonial
• Ciclo do ouro
• A herança colonial na formação da sociedade brasileira
• A composição da sociedade brasileira no período colonial
• A reprodução do modelo de relações do trabalho escravocrata
• As relações de exploração das forças de trabalho e suas consequências
• Identidade da cultura da produção rural
Contextualizando o cenário
Uma questão interessante sobre a formação da sociedade brasileira é o surgimento da noção de pertencimento em
relação ao território colonial. A ideia de brasilidade começou a ser germinada ao final do século XVIII, nos
movimentos que contestavam a condição colonial e buscavam se distinguir dos portugueses, ao se considerarem
mineiros, baianos ou pernambucanos. Não havia consciência nacional, mas, sim, uma noção de pertencimento
regional.
Foi no período de consolidação da Monarquia que surgiu a preocupação com a formação do Brasil, devido à
necessidade de criar uma identidade para a nova nação. Diante disso, quais são as repercussões das origens
coloniais na sociedade brasileira atual?
1.1 Fatores históricos, sociais e econômicos na colonização 
do Brasil
O Descobrimento do Brasil em 1500, documentado na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel, foi o
primeiro registro histórico sobre o território brasileiro e marcou sua incorporação ao domínio português. Para
compreendera colonização portuguesa na América, é preciso situar a chegada dos portugueses no processo da
expansão comercial europeia para entender as complexas relações marcadas por interesses econômicos, políticos,
sociais e religiosos que influenciaram a formação do que viria a ser o Brasil.
1.1.1 Comércio europeu nos séculos XIV e XV
No século XIII, as trocas comerciais entre a Europa e a Ásia foram potencializadas, trazendo prosperidade e
transformando a dinâmica social. No entanto, em meados do século XIV, desembarcaram na Europa pessoas e
ratos infectados com a peste bubônica. As mortes e a fome geraram grave crise social e econômica no continente.
A falta de mercadorias, metais preciosos e empregos, no século XV, levou alguns reis a investirem em viagens
marítimas que estimularam o comércio. As expedições marítimas passaram a explorar novas rotas para chegar ao
oriente. Os navegadores se lançaram ao desconhecido oceano Atlântico, iniciando as Grandes Navegações.
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Fonte: © Archiwiz / / Shutterstock.
Essas navegações contribuíram para o processo de expansão comercial europeia, nos séculos XV e XVI, e para a
descoberta do Novo Mundo. Pela primeira vez, Europa, Ásia, África e América foram interligadas por trocas
econômicas e culturais. Portugal foi pioneiro nas navegações atlânticas por vários fatores, como organização
política centralizada, envolvimento da burguesia mercantil e conhecimento náutico.
Os portugueses não se depararam somente com mercadorias, mas com diversos povos. Sua expansão marítima
portuguesa começou pelo norte da África, e suas embarcações aportaram em diferentes ilhas no oceano Atlântico
e na América, percorreram a costa africana e alcançaram a Ásia. A chegada ao Brasil em 22 de abril de 1500 marcou
a integração do território à expansão comercial europeia.
1.1.2 Capitalismo mercantil
O , baseado no comércio e na expansão marítima, caracterizou-se pela circulação decapitalismo mercantil
capitais, bens e serviços pelas principais cidades europeias, colônias americanas e entrepostos comerciais da
África e da Ásia (WEHLING, 1999). Juntamente com as Grandes Navegações, permitiu a transformação da economia
mundial e garantiu uma posição de centralidade da Europa nas relações comerciais durante a Idade Moderna.
A ideia mercantilista de que a acumulação de capitais gera riqueza atraiu a atenção dos reis e favoreceu o
desenvolvimento do capitalismo mercantil. As estratégias adotadas pelo Estado se baseavam na intervenção
econômica, por meio da balança comercial favorável, do metalismo, do protecionismo e do colonialismo.
14
Fonte: © aekkorn / / Shutterstock.
A colonização do Brasil intensificou a expansão comercial da Europa e contribuiu para a transferência de riquezas
naturais e minerais para o continente, que se concentraram, principalmente, nas mãos dos grupos mercantis,
consolidando a burguesia europeia.
1.1.3 Lutas sociais dos grupos da sociedade colonial e suas motivações
A colonização do Brasil foi marcada por lutas sociais, envolvendo diferentes grupos, interesses e regiões da colônia.
A luta dos africanos e seus descendentes e dos colonos contra a dominação metropolitana marcaram as relações
sociais no período.
Os escravizados resistiram à privação de liberdade e à violência empregada contra eles durante a escravidão, por
meio de diversas formas: o sincretismo religioso e a preservação cultural, o suicídio e o aborto, os prejuízos
causados à produção e a negociação cotidiana. As mais recorrentes e bem-sucedidas foram as resistências
coletivas: atentados, revoltas, fugas e formação de quilombos.
Quilombos foram comunidades de escravos fugidos que se espalharam por toda a colônia e atraíram milhares de
pessoas. O maior e mais conhecido foi o Quilombo de Palmares, localizado em Alagoas, símbolo de resistência e
ameaça à ordem escravista colonial.
CONTEXTO
No início do século XIX, a escravaria de uma fazenda, na vila de Guarapari, Espírito Santo, se
rebelou contra o novo senhor, assassinou-o e se apossou da fazenda, fundando a República
Negra. Atualmente, existe, no local, a Comunidade Remanescente Quilombola de Alto Iguape
(DUTRA, 2016).
15
As tensões entre autoridades metropolitanas e interesses dos colonos acirraram no final do século XVIII. Para
Wehling (1999, p. 337), “[...] o pensamento iluminista, a dependência do Brasil em relação a Portugal e as condições
materiais da Colônia foram aspectos comuns aos movimentos antiportugueses”. Clique nas abas a seguir e
conheça dois exemplos.
Revolução Pernambucana
Eclodiu em 1817. A região vivia um período de crise econômica que foi intensificada pela elevação dos impostos
para custear os gastos com a corte portuguesa no Rio de Janeiro, gerando insatisfação dos colonos e contribuindo
para a organização do movimento. Os revoltosos eram pessoas de camadas populares, padres, militares,
comerciantes e intelectuais desejosos por autonomia em relação à Portugal. Eles derrubaram o governo,
implantaram uma república e uma legislação, e suas ideias revolucionárias se espalharam, de modo que outras
províncias do Nordeste aderiram à revolta. A derrota ocorreu devido a divergências internas e à violenta repressão
das tropas portuguesas.
Inconfidência Mineira
Não se limitou a contestar impostos ou abusos cometidos, como, também, os vínculos de subordinação colonial. O
movimento foi formado por membros da elite mineira que conspiraram contra o governo português, tramando
uma insurreição, que não se concretizou, por ter sido delatada. Os envolvidos foram condenados ao exílio.
Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, era um dos poucos participantes de origem modesta,
recebendo o castigo exemplar. Para intimidar novas conspirações, foi condenado à morte, enforcado e
esquartejado em 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro.
A imagem a seguir mostra o Museu da Inconfidência, localizado em Ouro Preto, em Minas Gerais.
Museu da Inconfidência.
Fonte: © Eduardo Teixeira / / Shutterstock.
Wehling (1999, p. 338) ressalta que, embora contrários ao sistema colonial, “[...] nenhum desses movimentos tinha
como objetivo separar o Brasil de Portugal”.
16
1.1.4 A chegada da família real e suas consequências para a colônia
A vinda da família real para o Brasil se relaciona com o contexto internacional, marcado pelo expansionismo
francês na Europa. A manutenção de relações comerciais com a Inglaterra resultou na invasão francesa à Portugal
e na fuga da corte para o Brasil em 1808. A presença da família real na colônia inverteu os lugares, pois, o reino
perdeu autonomia, em detrimento da colônia, que se tornou o centro do Império Português.
Dentre as ações do príncipe regente Dom João, destacam-se a em 1808,abertura dos portos às nações amigas 
extinguindo a exclusividade comercial, e a que garantiu vantagens econômicasassinatura do Tratado de 1810, 
aos ingleses. Esse tratado, resultado da pressão inglesa, cujo intuito era ampliar sua participação na economia da
colônia, obteve taxação privilegiada de 15% de imposto sobre a entrada de produtos ingleses no Brasil, como
mostra o gráfico a seguir.
Tarifas alfandegárias para importação de produtos em 1810.
Fonte: DIAS, 1986. (Adaptado).
Dom João também promoveu a urbanização da cidade do Rio de Janeiro e a construção de diversas instituições,
demonstrando o interesse no desenvolvimento científico e cultural e na organização administrativa da colônia. A
imagem a seguir mostra o Jardim Botânico da Cidade, fundado pelo príncipe regente em 1808.
17
Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Fonte: © lazyllama / / Shutterstock.
Em 1815, Dom João elevou o Brasil a Reino Unido e, em 1818, foi coroado rei Dom João VI, diante do falecimento
da rainha, Dona Maria I. Nesse ano, os portugueses expulsaram os franceses, auxiliados pelas tropas inglesas. Com
a permanência da corte no Brasil, eclodiu a Revolução Liberal do Porto, em 1820, exigindo a volta do rei à Portugal.
Com o retorno, em 1821, ele deixou seu filho Dom Pedro como regente do Brasil.
As ações de DomJoão VI não amenizaram a insatisfação pela condição colonial. O interesse das elites coloniais
estava em conformidade com as práticas liberais que configuravam o cenário internacional. Ao conceder
autonomia econômica para as elites, as ações do rei Dom João VI aceleraram o processo de independência do
Brasil.
1.2 Sociedade colonial brasileira
O contato entre os europeus, indígenas e africanos, a partir do século XV, resultou na integração dessas culturas.
Pela primeira vez, houve uma troca sistemática de produtos, ideias e valores entre povos que, até então, viviam
isolados. Desse encontro, surgiram “[...] sociedades e culturas absolutamente miscigenadas e sincréticas, no
quadro de uma situação institucional que era colonial” (WEHLING, 1999, p. 49).
Apesar da imposição de um modelo social e religioso pela metrópole aos portugueses, indígenas e africanos, cada
povo trazia consigo suas instituições e visões de mundo. Isso resultou em uma sociedade miscigenada e um
mosaico diversificado de culturas, com a permanência das influências de seus povos formadores e criação de
elementos novos a partir desse encontro.
1.2.1 Colonização: aspectos sociais e econômicos
A colonização portuguesa na América foi marcada pelo choque cultural entre o modo de vida indígena e os
costumes portugueses e se intensificou com a chegada dos jesuítas, ao imporem a fé católica. Algumas tribos
resistiram, defendendo sua identidade e sua terra, e travaram guerras contra os invasores. Outras se refugiaram no
interior ou firmaram alianças com os colonizadores.
O olhar etnocêntrico dos europeus reduziu inúmeras nações de povos nativos ao termo genérico de . Oindígena
caráter exploratório da colonização resultou na extinção de vários povos nativos.
18
Fonte: © celio messias silva / / Shutterstock.
Os brancos portugueses formavam a elite, composta por senhores de engenho, negociantes, altos funcionários
régios e a alto clero e tinham seu prestígio e posição social definidos conforme sua posse de escravos.
Os africanos que desembarcam no Brasil foram classificados em dois grandes grupos étnicos. Clique a seguir para
conhecê-los.
Sudaneses Influenciados pela cultura árabe e religião islâmica.
Bantos
Influenciados pela autenticidade e preservação da cultura africana
tradicional.
O quadro a seguir mostra os grupos étnicos africanos no Brasil:
Grupos étnicos africanos no Brasil.
Fonte: WEHLING, 1999, p. 228 (Adaptado).
Havia também homens livres pobres, brancos e mestiços, que prestavam serviços como lavradores, assalariados,
pequenos agricultores, oficiais mecânicos, mascates, tropeiros, servidores públicos e militares.
19
1.2.2 As relações e a organização de produção e o trabalho escravo
Durante a implantação da monocultura açucareira, o trabalho escravo indígena foi utilizado nos engenhos. Mesmo
com a ação jesuítica em defesa dos nativos, até meados do século XVIII, o indígena continuou sendo a principal
força de trabalho nas capitanias alheias ao circuito mercantil-exportador, São Vicente, Pará e Maranhão. Apenas
em 1755, a escravidão indígena foi proibida pelo rei Dom José I.
A base de produção e de relação de trabalho na colônia foi marcada pelo escravismo. A partir do século XVII, os
africanos escravizados passaram a ser a principal força de trabalho nas fazendas açucareiras e realizavam tarefas
no canavial, no engenho e na casa-grande. A presença escrava estava disseminada também nos centros urbanos,
onde prestavam diversos tipos de serviços.
Para Freyre (2003, p. 32), “[...] formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na
técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição social”. Mesmo com
uma economia marcada por ciclos econômicos, o instrumento de exploração do trabalho – o braço escravo – se
manteve ao longo do período colonial.
1.2.3 A divisão administrativa e territorial do Brasil
Entre 1500 e 1530, os portugueses se limitaram a realizar expedições de reconhecimento e defesa do território
conquistado e explorar o pau-brasil. A colonização portuguesa na América se efetivou em 1530, quando foi enviada
ao Brasil uma expedição comandada por Martin Afonso de Souza para a ocupar o território e iniciar a produção de
açúcar.
A seguir, navegue no recurso e conheça mais sobre a colonização no Brasil.
• Capitanias hereditárias
Para tornar os negócios lucrativos, a Coroa portuguesa implantou sistemas de fiscalização e administração
dos colonos e de suas atividades. Sem recursos financeiros para empreender a colonização, adotou o
sistema de doando lotes de terras aos nobres portugueses, dividindo com acapitanias hereditárias, 
iniciativa privada os custos da colonização do país.
• Território colonial
O território colonial foi dividido em 14 lotes de tamanhos diferentes e oferecidos aos interessados em
aplicar recursos próprios na ocupação e exploração das terras. Contudo, o sistema fracassou, exceto em
São Vicente e Pernambuco. Para contornar o problema, foi criado, em 1548, o governo-geral, um sistema
de administração centralizado. As atribuições dos governadores-gerais eram a fiscalização e a defesa do
território e a mediação das relações entre colonos e a metrópole. A cidade de Salvador foi a primeira sede
do governo-geral.
• Municípios
Nos municípios, a administração era feita pela Câmara, órgão cuja atribuição era manter a ordem e aplicar
a legislação metropolitana. Seu poder se estendia por todo o território municipal, da vila às fazendas. A
foto a seguir mostra a Casa de Câmara e Cadeia construída em 1762, em Mariana, em Minas Gerais.
•
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Casa de Câmara e Cadeia em Mariana, Minas Gerais.
Fonte: © GuilhermeMesquita / / Shutterstock.
O Senado da Câmara era composto por três vereadores, eleitos pelos homens bons, donos de terras e escravos que
tinham o direito de votar e ser votados. Um juiz, geralmente nomeado pela Cora, presidia os trabalhos e julgava
processos.
1.2.4 Características do tráfico e do trabalho escravo
A partir de meados do século XVI, a mão de obra indígena foi sendo substituída pela africana, sobretudo, devido à
estrutura comercial montada para efetivar o tráfico intercontinental, que gerava lucros para a Coroa e os
comerciantes portugueses.
Fonte: © Everett Historical / / Shutterstock.
Várias tribos e reinos africanos praticavam a escravidão antes da chegada dos europeus, escravizando seus
prisioneiros de guerra. Mas foi a presença dos portugueses que transformou a prática em empreendimento
comercial e desestruturou sociedades africanas ao passo que consolidou a colonização do Brasil.
21
Entre 1551 e 1850, período de vigência do tráfico negreiro no Brasil, a entrada de africanos teve ritmo de
crescimento constante, chegando ao ápice em seus momentos finais, como mostra o gráfico a seguir.
Estimativa de desembarque de africanos no Brasil – séculos XVI ao XIX.
Fonte: ALENCASTRO, 2000, p. 43.
Mais de quatro milhões de africanos desembarcaram no Brasil, vindos das regiões da Guiné, Angola e Moçambique.
Os principais portos negreiros eram Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Ao desembarcarem, eles eram
conduzidos a um mercado e vendidos como escravos.
Fonte: © Aritra Deb / / Shutterstock.
O trabalho escravo foi utilizado em praticamente todas as atividades econômicas e, apesar da disseminação, suas
características variavam conforme a região. Nas cidades, a escravidão assumiu contornos diferentes em relação ao
campo. Surgiram os , que trabalhavam em atividades remuneradas e geravam renda a seuescravos de ganho
22
senhor; e os , que prestavam serviços diversos a outras pessoas. Nas atividades urbanas,escravos de aluguel
alguns escravos ganhavam uma parte do pagamento dado ao senhor e o acumulavam com o intuito de comprar a
liberdade.
A violência sempre esteve associada à escravidão. Os castigos variavam conforme a falta cometida e era uma
prerrogativa legal dos senhores, assegurada pelo direito à propriedade.
A resistência escrava foi um traço marcante da escravidão no Brasil. As açõesescravas eram tão frequentes que
originaram a figura dos , homens pobres que recebiam pela caça e captura dos fugitivos.capitães do mato
1.3 Ciclos econômicos no período colonial brasileiro
Ao analisar a economia colonial sob a ótica do capitalismo mercantil, Prado Júnior (1973) convencionou dividir a
economia colonial em ciclos. Entretanto, é preciso desfazer a ideia de que um ciclo termina para que outro
comece.
A produção açucareira, por exemplo, foi praticada durante todo o período colonial e, ainda hoje, ocorre no país.
Com momentos de auge e declínio dos ciclos econômicos, traços marcantes da economia colonial foram a
dependência externa, o latifúndio e a escravidão.
1.3.1 Ciclo do pau-brasil
Na fase de reconhecimento do território, entre 1500 e 1530, a presença portuguesa se limitou ao litoral brasileiro e
à árvore nativa cuja madeira era usada na fabricação de navios e da qual se extraía umexploração do pau-brasil, 
pigmento vermelho utilizado no tingimento de tecidos, cor considerada características dos nobres e reis.
ESCLARECIMENTO
A alforria é o ato pelo qual o proprietário liberta os próprios escravos. No Brasil, durante o
período colonial, a prática foi recorrente nas cidades, onde os escravos tinham condições de
acumular pecúlio e negociar sua liberdade.
PAUSA PARA REFLETIR
Castigos físicos são efetivos? Seria aceitável, atualmente, um gestor castigar fisicamente seus
colaboradores? Práticas semelhantes ainda ocorrem no país?
23
A exploração do pau-brasil foi um monopólio real, pois somente o governo português tinha o direito de extrai-lo e
comercializá-lo. O trabalho, do corte ao embarque, era feito por indígenas, contratados pelo sistema de escambo.
Até o embarque, as madeiras ficavam em feitorias, onde também ocorria sua comercialização. De lá, embarcavam
para a Europa. O ciclo do pau-brasil foi uma atividade rápida e predatória.
1.3.2 Ciclo da cana-de-açúcar e o modelo social e econômico da produção
A foi o primeiro e principal produto de exportação cultivado na colônia.cana-de-açúcar
Fonte: © Yatra / / Shutterstock.
A seguir, clique nas abas e conheça mais sobre a história da cana-de-açúcar.
Primeiras mudas
Foram trazidas para o Brasil por Martin Afonso de Souza, em 1530, que iniciou o plantio e a instalação do primeiro
engenho, em São Vicente. Mas foi em Pernambuco que se encontraram as melhores condições de crescimento da
planta, tornando-se o centro de produção açucareira no período colonial.
Agroindústria açucareira
Envolvia a atividade agrícola, a etapa industrial e a comercialização e se estruturava em latifúndios monocultores,
que eram grandes unidades de produção em que se cultivava apenas um produto voltado à exportação, realizado
por trabalho escravo africano.
Relações sociais
Estas se estruturavam em torno da organização produtiva: no topo da sociedade, estava o senhor de engenho,
proprietário de terras e homens, e, na base, os escravizados, responsáveis por quase todas as atividades
produtivas. Oscilava entre os dois, um grupo de homens livres pobres dependentes dos senhores de engenho.
24
1.3.3 Pacto colonial
O sistema colonial e o mercantilismo deram as bases para o desenvolvimento econômico da colônia. A concessão
de monopólios, privilégios e, sobretudo, a exploração metropolitana, caracterizavam o sistema colonial. Segundo
Prado Júnior (1965, p. 31), o sentido da colonização era econômico, inserido no contexto internacional, no qual a
colonização tinha:
[...] o aspecto de uma vasta empresa comercial [...] destinada a explorar os recursos naturais de um
território virgem em proveito do comércio europeu. E este o verdadeiro sentido da colonização
tropical, de que o Brasil é uma das resultantes.
A função da colônia brasileira era fornecer produtos agrícolas e minerais para a metrópole e, em contrapartida,
importar manufaturados e outros artigos proibidos de serem fabricados na colônia. Essa relação de exclusividade
comercial caracteriza o pacto colonial.
Parte da historiografia atual sobre o período colonial brasileiro refuta a ideia de pacto colonial. Nas últimas duas
décadas, pesquisas demonstraram que havia um intenso comércio entre os diferentes domínios do Império
português (América, África e Ásia), não sendo algo exclusivo da metrópole. Alencastro (2000), por exemplo,
demonstrou a existência de relações comerciais no trato de escravos realizadas diretamente entre o Brasil e
Angola. Já Sampaio (2001), ao analisar os homens de negócio do Rio de Janeiro, na primeira metade do século
XVIII, confirmou a presença de negociantes cariocas no continente africano.
1.3.4 Ciclo do ouro
A descoberta do no Brasil no final do século XVII está relacionada à expansão bandeirante e ocorreu em umouro
momento de declínio do ciclo açucareiro. Uma consequência imediata foi o deslocamento populacional de
portugueses e de colonos de outras partes da colônia, sobretudo, do Nordeste, para as minas. A população da
região das minas aumentou cerca de 10 vezes entre o final do século XVII e o final do século XVIII, como mostra o
gráfico a seguir.
DICA
O pacto colonial, atualmente, é contestado por uma visão que busca entender as relações entre
o Brasil e os outros domínios portugueses. Para compreender esse assunto, leia Antigo Regime
 (FRAGOSO; BICALHO; GOUVEIA,nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa – séculos XVI-XVIII
2001).
25
Variação da população colonial durante o ciclo minerador.
Fonte: BOXER, 2000. (Adaptado).
O aumento populacional vertiginoso contribuiu para o povoamento da região mineradora, entre Minas Gerais,
Goiás e Mato Grosso, favorecendo a formação de um mercado consumidor e a integração econômica entre
diferentes partes da colônia, por meio da abertura de estradas, que abasteciam as minas. Esse processo
intensificou o comércio, contribuiu para a formação de um mercado interno na colônia e levou à transferência da
capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1753.
A riqueza proveniente da extração aurífera permitiu o desenvolvimento artístico e cultural e a diversificação
econômica na região. Esse fato resultou em uma sociedade com relativa mobilidade social, com o surgimento de
uma camada média e produtiva composta por homens livres.
Diante da importância da exploração do ouro, houve o reforço do controle fiscal e a transferência de divisas para a
metrópole, por meio da criação de órgãos administrativos e fiscais, voltados ao recolhimento de impostos. Nas
minas, a Coroa portuguesa mostrou sua face mais mercantilista.
CURIOSIDADE
As construções do século XVIII, principalmente as igrejas, são uma herança do desenvolvimento
artístico e cultural, durante o ciclo do ouro. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o
principal escultor representante do estilo barroco no Brasil.
26
1.4 A herança colonial na formação da sociedade brasileira
O interesse da Coroa portuguesa na colonização do Brasil era que a colônia fornecesse mercadorias que gerassem
riqueza para a metrópole. O modo como se estruturou a economia colonial apoiada no latifúndio e no trabalho
escravo, na dependência externa e em práticas mercantilistas, marcou a sociedade brasileira.
A vocação agrícola, a concentração de terras, o preconceito racial e contra o trabalho manual, a distinção social, as
divergências religiosas e o apadrinhamento político, por exemplo, são resquícios das regras econômicas, políticas e
simbólicas que marcaram a colonização portuguesa na América.
1.4.1 A composição da sociedade brasileira no período colonial
Durante a colonização, os portugueses impuseram sua língua, suas instituições e sua religião na colônia, no intuito
de criar uma extensão da metrópole. Do encontro de etnias, o resultado foi uma sociedade miscigenada e
diversificada culturalmente, devido à preservação de traços das sociedades matrizes e da criação de novos
elementos.
Fonte: © Elysangela Freitas / / Shutterstock.
PAUSA PARA REFLETIR
Quais elementos da influência indígena, portuguesa e africana você identifica em nossa
sociedade hoje?
27
A migração portuguesaentre a metrópole e a colônia foi moderada, nos séculos XVI e XVII, e se relacionava à
conjuntura interna de Portugal. Durante o século XVIII, com a descoberta do ouro, o fluxo de portugueses foi
significativo, assim como no início do século XIX, com a política de povoamento do interior, que contribuiu para a
migração de portugueses dos Açores e da Madeira.
A entrada de africanos na colônia estava condicionada ao vigor da economia colonial, relacionada aos ciclos
econômicos açucareiro e minerador e à demanda por escravos. Com um fluxo constante, marcado pelas flutuações
do mercado comercial, cerca de 4 milhões de africanos chegaram ao Brasil durante o período colonial.
Mais difícil de precisar, no entanto, foi o processo de incorporação do indígena à sociedade colonial, que acontecia
por intermédio da escravização e dos aldeamentos. Há também que destacar o fator endógeno da composição
demográfica colonial que ocorreu, desde os primeiros momentos da conquista, a partir da miscigenação.
1.4.2 A reprodução do modelo de relações de trabalho escravocrata
A colonização portuguesa na América esteve fundamentada no escravismo, em que todo o sistema produtivo
colonial estava vinculado ao predomínio da propriedade escrava como principal força de trabalho. A legislação
portuguesa legitimava a escravidão e definia o escravo como propriedade com faculdades humanas. A escravidão
definia o lugar dos indivíduos na dinâmica social (DUTRA, 2016).
Como qualquer bem, a norma era possuir escravos, responsáveis por fazer trabalhos pesados e desagradáveis e
gerar renda para seu senhor, cuja atribuição era ordenar as tarefas e manter o controle. A posse escrava era
disseminada, inclusive, entre os mais modestos, ao ponto de ex-escravos se tornaram senhores, um modo de se
distanciarem do estigma da escravidão. Sendo assim, “[...] todos os que podiam faziam uso de escravos em sua
vida cotidiana” (SOUZA, 2014, p. 81).
A predominância do escravismo não excluiu a presença do trabalho livre de brancos pobres, mestiços, negros
alforriados e indígenas aculturados. Diferenciavam-se dos escravos apenas por serem livres, pois, diante de uma
mentalidade escravocrata, esses trabalhadores tinham que se sujeitar à subordinação social e a baixas
remunerações, vivendo no limiar da condição escrava.
1.4.3 As relações de exploração da força de trabalho e suas consequências
A presença do trabalho escravo na estruturação econômica e social da colônia tem reflexos profundos na formação
do Estado brasileiro. Embora a miscigenação seja marca histórica da sociedade, não impediu a ocorrência de
práticas racistas. Debater essa questão é uma maneira de refletir sobre as permanências, buscar valorizar a
população afrodescendente em sua diversidade étnica e combater a discriminação.
Vamos conhecer mais sobre as relações de exploração do trabalho escravo e suas consequências clicando a seguir:
Trabalho manual e escravidão
Na colônia, o trabalho manual chegou a ser relacionado à escravidão devido à disseminação da força de trabalho
escrava. A cor e a função exercida por uma pessoa eram elementos de diferenciação social. Ainda hoje, o trabalho
manual é desvalorizado e relacionado às classes mais baixas da população.
Grupos sociais
O escravismo como forma de produção estabeleceu dois grupos sociais bem definidos: os senhores e os
escravizados. Segundo Souza (2014), a cor da pele era a marca mais evidente do lugar de inferioridade social
ocupada pelo escravo. A associação da cor da pele à escravidão era uma das formas recorrentes de controle social.
Marginalização social
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A marginalização social por causa do preconceito racial ainda é realidade, confirmada pelos altos índices de
violência contra negros. De acordo com o Atlas da Violência, a cada 100 pessoas que sofrem homicídios no Brasil,
71 são negras. Os dados levantados apontaram que os cidadãos negros têm 23,5% a mais de chance de sofrer
assassinato do que os demais. (CERQUEIRA ., 2009). et al
Domínio senhorial e negociação
O domínio senhorial e a negociação são outros dois elementos que caracterizaram as relações de exploração da
força de trabalho escravo. Diante dos castigos e abusos, “[...] o escravo aprendia como tornar sua vida menos
difícil, buscando satisfazer o senhor e manter a maior autonomia possível” (SOUZA, 2014, p. 95). Os escravos que
aceitavam a exploração recebiam a proteção do senhor, reforçando os laços paternalistas da sociedade escravista,
que não representavam, necessariamente, a ruptura dos vínculos de dependência e exploração do trabalho.
1.4.4 Identidade da cultura da produção rural
Segundo Freyre (2003), a economia agrária e a organização social se fundamentaram no latifúndio, na monocultura
e na escravidão, de modo que foram os pilares da ordem escravocrata colonial. Nacasa-grande e senzala 
sociedade rural, cabia ao senhor de engenho o poder político, econômico e simbólico, além de posição social
privilegiada, resultado da posse de terras, escravos e dependentes.
A casa-grande, onde morava o senhor de engenho e sua família, simbolizava o poder senhorial. Na esfera privada,
esse poder era ainda maior. Todos viviam sob o comando do chefe da família e deviam a ele respeito e obediência.
O configurava a mentalidade aristocrática colonial e se mostrou mais visível no Nordeste.patriarcalismo
Enquanto o sistema patriarcal promovia a submissão e inferiorização de mulheres e crianças, o sistema escravista
demarcava os lugares sociais: senhor ou escravo. Essa organização social tem reflexos até hoje na sociedade
brasileira.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma síntese destacando as
principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese, considere as leituras básicas e
complementares realizadas.
PAUSA PARA REFLETIR
O que você pensa sobre a mentalidade patriarcal? Ela tem reflexos na sociedade brasileira atual?
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Recapitulando
O capítulo apresentou a herança colonial na formação da sociedade brasileira. O processo de colonização se
originou na expansão comercial europeia no século XV. Do encontro de diferentes etnias – europeia, ameríndia e
africana –, unidas pela realidade colonial, formou-se uma sociedade miscigenada e diversa.
Cada povo preservou aspectos de sua cultura, ainda presentes na sociedade atual. Dos indígenas, herdamos o
hábito de tomar banho; dos europeus, a língua portuguesa e, do africano, ritmos musicais, por exemplo O contato
entre portugueses e indígenas, senhores e escravos e colonos e Coroa foi caracterizado pelo conflito de interesses e
lutas sociais.
O escravismo foi o traço mais significativo na formação colonial brasileira, e a mão de obra escrava foi a principal
forma de exploração do trabalho em todos os ciclos e atividades econômicas. Atualmente, segundo a legislação
brasileira, a escravidão é considerada crime e seria um absurdo, para os padrões vigentes, admitir a ideia dos
castigos físicos em uma relação de trabalho.
A escravidão e a grande propriedade foram os pilares da sociedade colonial. A discriminação racial, o
patriarcalismo e a desigualdade social são resquícios desse processo de formação da sociedade brasileira.
Referências
ALENCASTRO, L. formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das Letras,O Trato dos Viventes:
2000.
BOXER, C. dores de crescimento de uma sociedade colonial. Rio de Janeiro: NovaA Idade de Ouro do Brasil:
Fronteira: 2000.
CERQUEIRA, D. São Paulo: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2019. Disponível em:et al. Atlas da Violência.
< >. Acesso em: 12/06/2019.www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/12/atlas-2019
DIAS, M. A interiorização da Metrópole (1808-1853). : MOTA, C. . São Paulo: Perspectiva, 1986.In 1822
DUTRA, T. capitania do Espírito Santo, 1781-1821. 2016. 176 f..Autoridades Coloniais e o Controle dos Escravos:
Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Espírito Santo, Vitória, 2016. Disponível em: <
repositorio.ufes.br/bitstream/10/3548/1/tese_7893_DISSERTA%C3%87%C3%83O_THIARA_BERNARDO_DUTRA.pdf>. Acesso em: 28/05/2019.
FRAGOSO, J.; BICALHO, M.; GOUVEIA, M. (Orgs.). a dinâmica imperial portuguesaO Antigo Regime nos Trópicos:
(séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FREYRE, G. a formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48. ed.Casa-Grande e Senzala: 
São Paulo: Global, 2003.
PRADO JÚNIOR, C. : colônia. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1965.Formação do Brasil Contemporâneo
______. São Paulo: Brasiliense, 1973.História Econômica do Brasil.
SAMPAIO, J. Os homens de negócio do Rio de Janeiro e sua atuação nos quadros do Império português (1701-
1750). : FRAGOSO, J.; BICALHO, M.; GOUVEIA, M. (Orgs.). a dinâmica imperialIn O Antigo Regime nos Trópicos: 
portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
30
http://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/12/atlas-2019
http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3548/1/tese_7893_DISSERTA%C3%87%C3%83O_THIARA_BERNARDO_DUTRA.pdf
SOUZA, M. . São Paulo: Ática, 2014.África e Brasil Africano
WEHLING, A. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.Formação do Brasil Colonial. 
31
FORMAÇÃO ECONÔMICA, HISTÓRICA E 
POLÍTICA DO BRASIL
CAPÍTULO 2 - A FORMAÇÃO DO ESTADO 
NAÇÃO BRASILEIRO
Verônica Belfi Roncetti Paulino
32
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Analisar como se estabeleceu a nação brasileira, a partir da Independência do Brasil, compreendendo os 
aspectos sociais, culturais e políticos que fundamentaram a constituição do Estado Nacional.
• Conhecer as distintas interpretações do cidadão brasileiro, compreendendo como se manifesta a 
sociedade brasileira.
• Conhecer os processos estruturais e organizativos, nas origens da formação do Estado Brasileiro, 
identificando seus desdobramentos na configuração do Estado na atualidade.
Tópicos de estudo
• A formação da população no Brasil para a construção da sua identidade
• Origens e diversidade da população africana
• A população indígena e o processo de aculturamento
• A instituição do catolicismo como religião oficial no Brasil
• Características da identidade nacional
• Componentes fundantes do Estado Brasileiro
• Aspectos históricos da Independência do Brasil: constituição e organização do Estado Brasileiro
• Diferenças entre Estado e Nação
• A incorporação de símbolos nacionais a partir do modelo europeu
• Os símbolos da identidade nacional X negação da cultura dos negros
• Interpretações do cidadão brasileiro.
• Cidadão brasileiro segundo Gilberto Freyre
• Cidadão brasileiro segundo Darcy Ribeiro
• Cidadão brasileiro segundo Sérgio Buarque de Holanda
• Pressupostos e aspectos estruturais e organizacionais para a sociedade brasileira
• A primeira Constituição Brasileira (1824)
• O conjunto das estruturas e legislações para legitimação do Estado
• Interesses particulares e coletivos
• A lógica do trabalho escravo na lógica do capitalismo mercantil
Contextualizando o cenário
A independência do Brasil se constituiu em um cenário de transição do antigo sistema colonial para o capitalismo,
durante o advento da modernidade no continente europeu, a partir do século XVI. Os elementos desse cenário se
vinculavam à política econômica de diversos países da Europa, cuja base de sustentação se baseava nas práticas
mercantilistas e, por conseguinte, na acumulação de capitais e de transferência de riquezas para a metrópole.
Nesse contexto, o processo de colonização no Brasil, sob o aspecto econômico e político, foi marcado pelo
desenvolvimento da agricultura e do crescimento demográfico. Quais foram os impactos positivos e negativos
desse processo na sociedade brasileira a partir da perspectiva social e cultural?
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2.1 A formação da população no Brasil para a construção da 
sua identidade
A nação brasileira vem sendo constituída em torno de vários aspectos de ordem política, econômica e social.
Historicamente, no período colonial, ocorreu a migração forçada dos africanos para o Brasil, por intermédio do
tráfico humano, e o aculturamento e trabalho escravo desses povos e dos ameríndios.
Aspectos que envolvem o processo de formação da população brasileira.
34
De maneira geral, a cultura, a língua, a religião, os costumes, os valores e a organização social desses povos
reverberaram na formação da população brasileira, compondo a produção mesclada das novas identidades
nacionais, culturais e políticas na sociedade do país.
2.1.1 Origens e diversidade da população africana
No período histórico das Grandes Navegações e de expansão do comércio europeu, os portugueses, ao explorarem
a costa africana, estabeleceram o processo de colonização. Nele, o comércio movido por vantagens lucrativas
gerou a compra e venda de todo tipo de mercadoria, inclusive de seres humanos.
Fonte: © Marzolino / / Shutterstock.
Nesse tipo específico de comercialização de seres humanos, os africanos eram vistos como objetos de valor
lucrativo pelos compradores e vendedores, isto é, a venda de escravos produzia ganhos significativos a esses
comerciantes. Além de serem considerados objetos de pertencimento e de instrumento de trabalho a seus
proprietários, os negros africanos eram classificados pelos mercadores como uma raça inferior e com efeito de
domínio.
Devido à expansão da agricultura canavieira, o tráfico de escravos africanos para o Brasil, autorizado pelo governo,
desenvolveu-se a partir do século XVI e alcançou expressão no século XVIII, desencadeando uma imigração forçada
aos africanos à América. Castro (2008) estima que mais de quatro milhões de africanos provenientes de vários
reinos e monarquias tribais tenham sido trazidos para o Brasil no início desse período.
PAUSA PARA REFLETIR
Quais povos habitavam o território nacional no período da colonização Brasileira e quais eram
suas condições de vida?
35
Os escravos africanos eram embarcados para o Brasil nos porões dos navios negreiros. As condições do transporte
desses seres humanos eram desprezíveis, indignas e insalubres. Devido a essas circunstâncias, grande parte dos
povos africanos embarcados morria no itinerário da viagem.
Fonte: © Everett Historical / / Shutterstock.
Ao chegarem ao Brasil, os africanos serviam com seu trabalho escravo nas plantações e engenhos. Além da
exploração e da carga de trabalho excessiva, viviam em uma situação deplorável, com alimentação inadequada e
insuficiente e castigos com instrumentos que marcavam e feriam o corpo.
Diante dos maus tratos, os escravos ficavam improdutivos. Com uma expectativa de vida reduzida devido às
condições de trabalho e aos castigos, havia um alto índice de morte dos jovens. Já os que resistiam fugiam,
praticavam suicídio e até assassinavam seus senhores.
Por outro lado, os africanos cativos, por meio de suas manifestações culturais, artísticas e musicais, contribuíram
para o desenvolvimento das mais variadas formas de expressão musical e rítmica em todas as regiões geográficas
brasileiras (FRAGOSO, 1995).
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Fonte: © michael sheehan / / Shutterstock.
O trabalho escravo dos africanos no Brasil no período colonial era um mecanismo de força de trabalho braçal de
grande valor para os senhores de engenho na produção açucareira.
2.1.2 A população indígena e o processo de aculturamento
No período da “descoberta” pelos portugueses no século XVI, o território brasileiro era habitado por povos
ameríndios. De acordo com Fausto (2007, p. 38), “[...] os cálculos oscilam entre números tão variados como dois
milhões para todo o território e cerca de cinco milhões só para a Amazônia Brasileira”.
Organizados em tribos, esses povos viviam em aldeias distribuídas por praticamente todo o território que forma o
Brasil contemporâneo e se dividiam em grupos linguísticos, entre eles: tupis-guaranis, jê, nuaruaque e caraíba.
Clique nas abas a seguir para conhecê-los.
• Tupis-guaranis
Habitavam o litoral brasileiro, desde o Ceará até a Lagoa dos Patos, no atual Rio Grande do Sul. Seus povos
mais conhecidos são os caetés, carijós, potiguares,tabajaras, tamoios, temiminós, tupinambás e
tupiniquins.
• Jês
No interior do Brasil, viviam os povos jês, identificados como os apinajés, aimorés e xavantes.
CONTEXTO
A cultura dos povos da Região Banta predomina nos “[...] autos populares denominados de
Congos e Congadas, com larga distribuição geográfica no país e nos quais possuem a memória
do Manicongo, título que era atribuído aos Reis do Congo” (CASTRO, 2008, p. 35).
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• Nuaruaques
A ilha de Marajó e outros locais da Amazônia eram habitados pelos nuaruaques.
• Caraíbas
Moravam nas regiões próximas ao Rio Amazonas e América Central.
Os povos ameríndios praticavam a agricultura de subsistência, a pesca e a caça, por meio de um domínio e respeito
com a natureza. Com essa configuração do modo de viver dos ameríndios, típica e ligada à natureza, os europeus
os percebiam como diferentes, exóticos e estranhos.
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Desse modo, acreditavam que a cultura europeia era superior, pois se consideravam os povos brancos, civilizados,
cristãos e normais, enquanto enxergavam os ameríndios como primitivos, inferiores, atrasados e a-históricos, isto
é, o . Já os índios que não se enquadravam nessa classificação eram considerados aculturados. outro
Nessa dinâmica, os povos ameríndios colonizados desempenhavam um papel secundário, subalterno, de escravos
e considerados aculturados nas relações sociais e econômicas estabelecidas com os europeus. Além disso, eram
percebidos ora como vítimas, ora como guerreiros ou bárbaros. Nesse contexto, os ameríndios eram invisibilizados
enquanto sujeitos históricos, sociais e políticos pelos colonizadores europeus. Mesmo assim, é notória a
importância da mão de obra de trabalho escravo dos ameríndios considerados aculturados na construção dos
primeiros engenhos de açúcar no Brasil no século XVI, especificamente em Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
2.1.3 A instituição do catolicismo como religião oficial no Brasil
A disseminação da cultura religiosa compõe o processo histórico da colonização no Brasil. Clique nas abas para
conhecer mais sobre o catolicismo.
Significados e valores religiosos
O catolicismo imprimiu suas marcas repletas de significados e valores religiosos de profissão de fé cristã nos
espaços públicos e no imaginário social: cidades com nomes de santos, igrejas localizadas nos centros das cidades,
altares, imagens e homenagens aos santos, missas, batismos, procissões, sacramentos, eventos litúrgicos, entre
outros elementos que constituem os dogmas cristãos.
•
•
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Formação da mentalidade brasileira
O catolicismo influenciou de forma significativa a constituição da formação da mentalidade brasileira acerca dos
juízos de valores morais entre o sagrado e o profano, o céu e a terra, pecado, bondade, caridade, entre outros
preceitos. Ainda, favoreceu a continuação de diversas tradições africanas e harmonização social, no entanto, essa
defesa tinha como pano de fundo o interesse da manutenção do escravismo como prática natural e da
superioridade da cultura europeia em detrimento da cultura e dos valores dos africanos e ameríndios.
Tendo em vista esses aspectos que envolvem relações de poder e domínio, o catolicismo se tornou a religião oficial
do Brasil.
2.1.4 Características da identidade nacional
A advém de um processo específico histórico que envolve os elementos de ordem identidade nacional brasileira
econômica, política, social e cultural, caracterizando os aspectos que envolvem as relações entre os grupos
dominados e dominantes. A formação do Brasil colonial teve como base a tríade de sustentação econômica:
trabalho escravo, latifúndio e monocultura (cana-de-açúcar, café, entre outros).
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Esses aspectos envolvem a estrutura e a organização a partir da estratificação social na unificação do território
nacional, marcada por desigualdades sociais e diversidade cultural. Dessa forma, a formação da identidade
nacional é caracterizada pelos processos de dominação, impostos pelos europeus, a cultura dos negros e dos
ameríndios. Esse processo de dominação é marcado pelas formas de violência simbólica e física, repressão e
opressão contra as manifestações étnicas e de tradição desses povos.
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Elementos que envolvem as relações entre os grupos dominados e dominantes na estrutura e organização social
na formação do Brasil colonial.
Sendo assim, o processo histórico de colonização do Brasil envolveu elementos homogeneizadores e legitimadores
de uma ordem social vigente, que caracterizou a identidade nacional. Nessa estruturação, a língua portuguesa foi
oficialmente nacionalizada.
Além disso, houve a unificação dos costumes e valores da época, por meio do estabelecimento das relações
sociais, culturais e econômicas, classificadas como únicas, verdadeiras e padronizadas. Prevaleciam, assim, as
figuras sagradas e a autoridade real da cultura portuguesa em detrimento da diversidade cultural existente.
2.2 Componentes fundantes do Estado brasileiro
A formação do Estado moderno, alcançada nos séculos XV e XVI, articula-se diretamente ao processo de
colonização do Brasil. Nesse contexto, o Estado, a sociedade civil e os mecanismos de poder se configuravam por
meio de um conjunto integrado e indissociável, que penetrava em toda a organização social: comunidades,
famílias, entre outros grupos, passando por cidades, corporações e senhorios, de forma representativa, por meio
do poder político de afirmação da figura do Estado. A articulação desse grupo visava à manutenção da ordem
social por meio de um movimento equilibrado baseado na autonomia limitada nesses diferentes espaços sociais.
PAUSA PARA REFLETIR
Em relação aos mecanismos de poder, quais foram os elementos constituintes do processo de
formação do Estado moderno?
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Os aspectos que envolviam as relações entre os grupos dominados e dominantes do Brasil colonial estavam
imbricados nos componentes fundantes do Estado.
2.2.1 Aspectos históricos da independência do Brasil: constituição e organização 
do Estado brasileiro
Os aspectos históricos que envolvem a se vinculam ao conjunto de transformaçõesindependência do Brasil 
ocorridas no continente europeu a partir da consolidação do capitalismo. Essas mudanças, operadas na dinâmica
social e econômica, impactaram a estrutura política do regime colonial e do trabalho escravo no Brasil. Esse
processo de constituição e organização do Estado brasileiro se vincula a um conjunto de ações administrativas.
Elementos do processo de organização do Estado brasileiro.
ASSISTA
O filme Carlota Joaquina: princesa do Brasil (CAMURATI, 1995) apresenta elementos abordados
do processo de colonização no Brasil, evidenciado a partir da transferência da Corte portuguesa
para o Brasil.
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Elementos do processo de organização do Estado brasileiro.
Além disso, o Brasil foi passado para a categoria de reino, isto é, a nação deixou de ser colônia de Portugal, o que
fortaleceu o estabelecimento do governo próprio brasileiro, por meio da estruturação institucional e política.
Assim, a institucionalização e a criação de dispositivos legais estabeleceram os caminhos para a construção e
operacionalização de um Estado soberano como unidade político-administrativa (GOUVÊA, 2008, p. 15), marcando
o início da história do constitucionalismo brasileiro.
2.2.2 Diferenças entre Estado e nação
O processo de construção da nação brasileira se relaciona processo de desmembramento da condição de colônia
de Portugal. Nesse contexto político imperial, a formação da nação brasileira é marcada por guerras de opiniões e
de doutrinas entre os grupos dominantes e rivais que aspiravam construir a pátria. Sendo assim, o período de
estruturação da nação brasileira pós-descolonização, caracteriza-se como “[...] anômico e anômalo, figurado de
ameaça e empecilho à integridade nacional e de exercício informal da cidadania” (BASILE, 2004, p. 98).
A seguir, clique e conheça as diferenças entre Estado e nação.
Nação
É possível compreender anação a partir de comunidade humana, ligada a uma “[...] unidade
étnica, histórica, linguística, religiosa e econômica, delimitada por espaço territorial” (SILVA,
2009, p. 308).
Estado
A instituição do Estado soberano brasileiro, por meio da promulgação da Constituição de
1824, instaurou uma ordem social política sobre a sociedade, fundamentada nos princípios
contidos nesse dispositivo legítimo. Dessa maneira, a legitimação do Estado engendra a
instituição política administrativa, revestida de poder e representativa de toda a sociedade.
Sendo assim, o Estado é uma “[...] entidade abstrata que comanda e organiza a vida em
sociedade [...], composta por diversas instituições, de caráter político, que comanda um tipo
complexo de organização social.”
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Elementos que diferenciam os Conceitos de Estado e nação.
As diferenças entre Estado e nação giram em torno de aspectos políticos, econômicos e geográficos. A nação
corresponde à existência de um território nacional com fronteiras geográficas marcadas, definida por fatores
estruturantes que legitimam a soberania da construção da nação. Já o Estado é caracterizado pela atuação
política, cujas atribuições são de funções de natureza administrativa e jurídica.
2.2.3 A incorporação de símbolos nacionais a partir do modelo europeu
A configuração política instável no contexto do Brasil pós-independente, com a intensificação dos movimentos
separatistas, trazia riscos de fragmentação do território nacional. Diante dessa situação, foi lançado o projeto que
visava à construção de uma identidade nacional para o Brasil, com a justificativa de minimizar o efeito dessa crise
política.
A idealização e estruturação desse projeto partiu do Governo Imperial de forma articulada com o Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro (IHGB). Os elementos de base de construção do projeto foram estabelecidos a partir de
dispositivos de reconhecimento próprios de nacionalidade, isto é, símbolos que focavam a grandeza, a confiança e
orgulho nacional aos seus habitantes.
Nesse contexto histórico, a Europa era o modelo de referência de civilização avançada. Dessa forma, o projeto de
construção da identidade brasileira teve como inspiração o modelo europeu, mediante a incorporação do símbolo
gótico ligado à ideia do romantismo medieval europeu.
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Fonte: © Uwe Aranas / / Shutterstock.
Para atingir esse objetivo, o desenvolvimento do projeto de construção da identidade nacional contou com a
produção de uma historiografia tropical com o apoio da literatura na composição de um cenário medieval
imaginário brasileiro, por meio de narrativas mitológicas, configuradas pelos elementos tropicais da natureza
exuberante e original brasileira:
[...] acreditava-se na época que o Brasil ainda era uma nação jovem, que ainda não alcançara a
maturidade dos países do norte. Pensavam os intelectuais brasileiros que essa situação se corrigiria
com o tempo, era apenas algo transitório, já que o país passava por um processo de avanço intelectual
no período, principalmente pelo advento dos museus, universidades, hortos, e demais institutos
ligados à ciência. (PAZ, 1996, p. 236-248).
Nesse sentido, os símbolos nacionais foram incorporados por meio da caracterização da nação ideal e de
progresso com o entendimento das belezas naturais singulares brasileiras.
CURIOSIDADE
A obra de José de Alencar, apesar de, à primeira vista, conduzir os leitores por cenários
brasileiros que mais parecem a Europa Medieval do que o Brasil tropical, carrega inúmeros
elementos fundadores da identidade nacional nas medidas europeias (DECCA, 2002. p. 96).
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Fonte: © Gustavo Frazao / / Shutterstock.
De acordo com esse ponto de vista, o território brasileiro era marcado por suas paisagens tropicais, exuberantes,
abundantes, repletas de florestas e terras férteis com fartura de caça e pesca, como elementos produtores de
sentido de pertencimento e orgulho, a partir do modelo europeu (PAZ, 1996), que precisavam ser evidenciados
como imagens positivas.
2.2.4 Os símbolos da identidade nacional X negação da cultura dos negros
O arranjo dos símbolos da identidade nacional tinha como pano de fundo as belezas e o clima tropical brasileiro.
No entanto, esses elementos, por si só, não eram capazes de incluir o Brasil na rota do mundo civilizado, pelo
contrário: a nação brasileira era apartada da civilização justamente pela composição da natureza e dos povos.
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A lógica constituída da civilização considerada como avançada seguia a negação do mundo natural, a partir da
mensuração, coisificação, quantificação e homogeneização. Além do mais, o progresso europeu se justificava pelos
fatores de caracterização do homem branco e racional e dos aspectos do clima temperado, constituindo a
identidade dessa civilização.
Nesse tocante, o desenvolvimento do projeto de construção da identidade por meio dos símbolos nacionais,
fundamentalmente, necessitava desse modelo europeu. Contudo, com o surgimento das teorias sociais positivistas
de cunho racial, no século XIX, os negros e os indígenas eram classificados e categorizados como seres deficientes e
de cultura inferior. Dessa forma, o projeto de civilização invisibilizou esses povos a partir da negação de sua
identidade e de sua cultura como símbolos nacionais.
2.3 As interpretações do cidadão brasileiro
O conceito de cidadão brasileiro envolve análises complexas por abarcar elementos de invisibilidade, exclusão e
negação de direitos dos indivíduos integrantes dos povos subalternos e dominados. Diante desse cenário, o
exercício político, fator que caracteriza o estabelecimento da cidadania, concentrava-se nas mãos de certa elite,
detentora do poder econômico e político corporativo.
2.3.1 Cidadão brasileiro segundo Gilberto Freyre
Gilberto Freyre (2004), ao retratar o Brasil colonial, apresenta os elementos que integram os aspectos da
organização econômica, social, política e cultura que envolve o processo de constituição colonizadora.
O autor considera a caracterização da família patriarcal como um componente essencial de manutenção da
organização da comunidade social desse período. Além disso, aponta o catolicismo português, por meio dos rituais
litúrgicos, a ancoragem que consolida as bases da política e econômica do colonialismo.
Diante desses aspectos, no conjunto dos indivíduos da organização social no Brasil colonial, o homem branco
português (europeu), por excelência, figura material e simbólica central, autoridade absoluta e militar, patriarca da
família nuclear, proprietário de terras e de escravos e branco, ocupava um lugar de destaque nas relações sociais,
constituindo-se um cidadão com função específica, de direitos e de domínio no processo produtivo.
Dessa forma, a função desse cidadão, considerado senhor absoluto, era exercer o poder sobre os indivíduos
agregados de classe distinta e subalterna de seu domínio, isto é, os escravos, as mulheres e as crianças ao exercício
de seu mando.
PAUSA PARA REFLETIR
Com base na concepção de cidadão brasileiro apontada por Gilberto Freyre, qual o elemento
essencial de organização e consolidação das bases políticas e econômicas no Brasil colonial
proposto pelo autor?
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2.3.2 Cidadão brasileiro segundo Darcy Ribeiro
Os estudos desenvolvidos por Darcy Ribeiro (1986) focam questões relacionadas aos índios brasileiros, mais
especificamente, aos grupos das tribos que se localizavam no nordeste. A partir da análise de vida desses povos, o
autor propõe uma abordagem cultural, mesclada por raça e cores, que explica a formação multiétnica dos povos
americanos, propondo uma concepção de identidade nacional.
Ao sistematizar a concepção de integração sobre a condição de sobrevivência das populações indígenas, o autor
identifica que “[...] as microetnias se integravam enquanto contingentes residuais após o decréscimo populacional,
a exemplo dos casos de grupos com séculos de contato, vivendo em condições sociais precárias” (RIBEIRO, 1982, p.
248).
Dessa forma, o autor consideraesse elemento como um mecanismo de coesão das populações indígenas,
permitindo a sobrevivência dessas microetnias. Ribeiro (1986) destaca vários elementos que concernem às
condições desfavoráveis desses povos, por meio dos aspectos ligados ao decréscimo populacional indígena, as
condições sociais precárias e o extermínio genocida que incide no desaparecimento de diversas etnias.
2.3.3 Cidadão brasileiro segundo Sérgio Buarque de Holanda
Em suas obras, Sérgio Buarque de Holanda (1995) destaca a colonização portuguesa como um elemento
desencadeador dos problemas políticos e sociais nacionais, legitimados pelos processos de aculturamento,
incapacidade e aniquilamento da civilização brasileira:
[...] somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer
nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que
representamos: o certo é que todo fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de
um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem. (HOLANDA, 1995, p. 31).
Sendo assim, o autor minimiza a figura do colonizador como o “senhor das boas causas” nas relações
estabelecidas com os colonizados (escravos). Nessa constituição, enfatiza as disparidades sociais existentes no
Brasil, além do mais, nega a mestiçagem como um meio de fortalecer a democracia.
Desse modo, Holanda (1995) defende que os interesses sociais, culturais e econômicos da maioria da população
dominada devem ser mobilizados a partir da representação dos sujeitos políticos e ativos.
2.4 Pressupostos e aspectos estruturais e organizacionais 
para a sociedade brasileira
O sustentáculo da sociedade brasileira, em sua conjuntura política e econômica, baseava-se na manutenção
organizacional das estruturas escravocrata, patronal e clientelista. Além dessas estruturas, soma-se a emancipação
política sem a mobilização popular e a resistência à abolição da escravidão e ao desenvolvimento industrial.
Diante desses pressupostos, os diferentes aspectos que envolvem essa conjuntura se referem, por um lado, aos
movimentos ligados aos interesses e influências políticas dos grupos dominantes, vinculados ao imperador, com o
propósito de obter privilégios. Por outro lado, a legitimação ajustada a ordem política, econômica e social da
sociedade brasileira.
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2.4.1 A primeira Constituição Brasileira (1824)
A instalação da primeira Assembleia Constituinte do Brasil, com o propósito de elaborar a Constituição do Brasil,
ocorreu em 1823. Composta pelos setores da camada dominante do Brasil (proprietários de terras e escravos,
advogados, militares, funcionários públicos e alto clero), tinha como objetivo consolidar o poder por meio do
Estado a fim de instituir o governo e obter o reconhecimento internacional de nação soberana.
Nessa composição, havia grupos políticos com propósitos divergentes. Clique a seguir para conhecer esses grupos.
Absolutistas
O grupo defendia a soberania absoluta do imperador e era contrário à emancipação política do Brasil.
Conservadores
Defendia um regime monárquico centralizador, sem a participação da sociedade.
Liberais
Defendiam a autonomia da província e almejavam reformas políticas estruturais.
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PAUSA PARA REFLETIR
Quais eram os aspectos predominantes da organização social brasileira desse período?
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As divergências e descontentamentos emergiram entre os constituintes diante da proposição do projeto
constitucional. Essa situação levou a uma crise entre os grupos políticos, provocando a dissolução da Assembleia
Constituinte, decretado por D. Pedro I. Após esse ato, o imperador constituiu um conselho de Estado para a
elaboração da Constituição Brasileira. Dessa forma, a primeira Constituição Política do Império do Brasil,
outorgada no dia 25 de março de 1824, foi estabelecida pelo imperador Dom Pedro I.
2.4.2 O conjunto das estruturas e legislações para legitimação do Estado
A primeira Constituição Política do Império do Brasil teve como inspiração as experiências da França, Espanha,
Portugal e do Reino Unido no que diz respeito aos tipos de poderes (Moderador, Executivo, Legislativo e Judiciário).
A Constituição era composta de 179 artigos. Seus principais princípios estão listados a seguir (BRASIL, 1824). Clique
nas abas abaixo e confira.
Monarquia Constitucional hereditária como regime político.
Liberdade econômica e de iniciativa.
Oficialização da religião católica.
Direito de propriedade aos aristocratas rurais.
Voto censitário e indireto e comprovação de renda econômica.
Pré-requisitos à eleição de deputados e senadores: comprovação de renda superior e religião católica
O Brasil seria governado por quatro tipos de poderes: Moderador, Executivo, Legislativo e Judiciário. Exercitado pelo
imperador, o poder Moderador garantia amplos direitos ao monarca de intervenção nos demais poderes, bem como
o poder de nomeação de ministros, juízes e presidentes das províncias. O Executivo era operado pelo imperador e
seus ministros, o Legislativo, pela Câmara do Senado e dos Deputados, e o Judiciário, por juízes e tribunais.
Em suma, os elementos que circunscrevem a Constituição de 1824, têm o traço intensificador das desigualdades
entre a população brasileira nesse período histórico. Dessa forma, esse dispositivo legitimou a centralização do
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poder nas mãos do imperador, constituída por meio de uma estrutura com amplos poderes políticos, reverberando
em revoltas e resistências a essa configuração governamental conservadora.
2.4.3 Interesses particulares e coletivos
Diante das disputas de poder e jogos de interesses entre as elites na conjuntura política e econômica no período
monárquico, as relações internas e externas estabelecidas pelo imperador almejavam unificar o país, a partir de
uma lógica de recusa da participação popular.
Nessa conjuntura, a cidade do Rio de Janeiro se estabeleceu como um contexto estratégico e funcional de ligação
dos arranjos políticos. Frente à política instituída, os mecanismos e estratégias favoreciam os interesses
particulares dos donos do poder, em detrimento ao conjunto da coletividade na sociedade escravocrata.
2.4.4 A lógica do trabalho escravo na lógica do capitalismo mercantil
As transformações sociais e econômicas do período colonial se caracterizam como um processo de transição entre
os modos de vida rural/colonial e escravista na metrópole para a vida urbana mercantil, alterando as relações de
produção e de trabalho dos escravos, cuja função consistia em servir a população da metrópole.
ASSISTA
O filme O Cortiço (Ramalho Júnior, 1978) contextualiza os jogos de interesses sem a participação
popular.
50
Características das transformações sociais e econômicas que incidiram na lógica do trabalho escravo.
Essa transformação aconteceu devido à expansão e materialização do capitalismo. Nesse contexto, iniciou-se o
desenvolvimento e a expansão da indústria e do transporte dos gêneros de consumo. A urbanização passou a ser
um de controle de logísticas de circulação de mercadorias de compras e vendas no mercado interno elócus 
externo.
Logo, o novo modo de produção e das práticas de dominação, bem como da dinâmica econômica, incidiu em
alterações na lógica do trabalho escravo. Dessa forma, houve a necessidade de estruturar as formas de
organização das propriedades, da força de trabalho, da legislação, saúde, entre outros elementos condizentes com
a configuração social.
Frente ao exposto, o trabalho escravo foi intermediado ao trabalho assalariado, no qual a mão-de-obra foi
operacionalizada pela geração de custos aos proprietários das fazendas. Essa nova relação de trabalho impactou
tanto no declínio da produção cafeeira quanto na inviabilidade do pagamento da mão de obra, considerada de alto
valor pelos fazendeiros.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um mapa conceitual, com entre 15
e 20 conceitos, mostrando as principais características

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