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Fundamentos do Serv Questão Social Nos Anos 6080

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Prévia do material em texto

Flavio Jose Souza Silva
Micaela Alves Rocha da Costa
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
© Universidade Positivo 2019
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido 
Curitiba-PR – CEP 81280-330
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Thinkstock / © Shutterstock.
Presidente da Divisão de Ensino 
Reitor
Direção Acadêmica 
Gerente de Educação à Distância
Coordenação de Metodologia e Tecnologia
Autoria
Parecer Técnico
Supervisão Editorial
Projeto Gráfi co e Capa
Prof. Paulo Arns da Cunha
Prof. José Pio Martins
Prof. Roberto Di Benedetto 
Rodrigo Poletto
Profa. Roberta Galon Silva
Prof. Flavio Jose Souza Silva
Profa. Micaela Alves Rocha da Costa 
Profa. Cristiane Gonçalves de Souza 
Felipe Guedes Antunes
Regiane Rosa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR
DTCOM – DIRECT TO COMPANY S/A
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
Sumário
CAPÍTULO 1 - A QUESTÃO SOCIAL: ANTECEDENTES HISTÓRICOS 
E SEUS REFLEXOS NA ATUALIDADE 10
Objetivos do capítulo 15
Tópicos de estudo 15
Contextualizando o cenário 16
1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais 16
1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho 16
1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial 18
1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora 19
1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo 19
1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja 22
1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social 22
1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais 23
1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e 
reconhecimento da questão social 25
1.3.1 A organização política dos trabalhadores 25
1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social 26
1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora 28
1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na 
sociedade brasileira 28
1.4.1 Definição de questão social 29
1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade 30
Proposta de atividade 31
Recapitulando 31
Referências 31
CAPÍTULO 2 - ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 
DE 1960 A 1980 NO BRASIL 33
Objetivos do capítulo 34
Tópicos de estudo 34
Contextualizando o cenário 34
2.1 Período democrático popular e a questão social 35
2.1.1 Jânio Quadros (1961) 35
2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012) 37
2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar 38
2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora 39
2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações 40
2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a 
questão social 41
2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período 42
2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970 43
2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar 44
2.4 Questão social e a política de austeridade militar a política de 
austeridade militar 45
2.4.1 Principais índices sociais do período 46
2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da 
questão social 47
Proposta de atividade 48
Recapitulando 48
Referências 48
CAPÍTULO 3 - O PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA AUTOCRACIA 
BURGUESA 50 
Objetivos do capítulo 51
Tópicos de estudo 51 
Contextualizando o cenário 51
3.1 Capitalismo dependente e a autocracia burguesa 52
3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica 52
3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico 53
3.2 Golpe militar (1964) 55
3.2.1 EUA e a contrarrevolução 55
3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente 57
3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios 58
3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista 58
3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia 60
3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura 61
3.4.1 Enquadramento do sistema educacional 62
3.4.2. Política cultural da ditadura 62
3.4.3 Controle e censura 64
Proposta de atividade 66
Recapitulando 66
Referências 66
CAPÍTULO 4 - DITADURA MILITAR E A QUESTÃO SOCIAL 68 
Objetivos do capítulo 69
Tópicos de estudo 69
Contextualizando o cenário 69
4.1 Política econômica do período militar 70
4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial 71
4.1.2 Inflação e poder de compra 72
4.1.3 O milagre econômico 73
4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI) 74
4.2 Indicadores sociais do período 75
4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade 76
4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar 76
4.2.3 Saneamento básico 77
4.2.4 Taxas de empregabilidade 78
4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social 78
4.3.1 Política de Habitação (BNH) 79
4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude 79
4.3.3 A política de saúde 80
4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo 81
4.4.1 Programa de energias brasileiro 81
4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool) 82
4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás 82
Proposta de atividade 83
Recapitulando 83
Referências 83
CAPÍTULO 5 - A PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO 
CONTEXTO DO POPULISMO (1961-1964) 84 
Objetivos do capítulo 85
Tópicos de estudo 85
Contextualizando o cenário 85
5. 1 A prática profissional 85
5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular 86
5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional 87
5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros 89
5.2.1 Movimento de educação de base (MEB) 89
5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC) 90
5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais 91
5.3 O serviço social e o Estado 93
5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado 93
5.3.2 Objeto profissional do assistente social 94
5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade 95
5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC) 96
5.4.1 A metodologia do DC no Brasil 97
5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico 98
Proposta de atividade 99
Recapitulando 99
Referências 100
CAPÍTULO 6 - O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DA DITADURA 
MILITAR (1964-1985) 102 
Objetivos do capítulo 103
Tópicos de estudo 103
Contextualizando o cenário 103
6.1 Ditadura militar e o serviço social 104
6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais 105
6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social 107
6.2 As possibilidades de atuação profissional 108
6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período 109
6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais 110
6.3 Políticas sociais e atuação profissional 111
6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP) 112
6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s) 114
6.4 A Política de integração social 116
6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA) 117
6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) 118
Proposta de atividade 118
Recapitulando 118
Referências 119
CAPÍTULO 7 - O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DA NOVA 
REPÚBLICA (1986-1989) 120 
Objetivos do capítulo 121
Tópicos de estudo 121
Contextualizando o cenário 121
7.1 A transição democrática e o saldo dos governos militares 121
7.1.1 A crise e a falência dos Estados 122
7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional 123
7.1.3 Situação econômica do período 124
7.2 Reorganização do serviço social 125
7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais 125
7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de 
participação popular 127
7.3 O serviço social no contexto da constituição cidadã 128
7.3.1 Seguridade social 129
7.3.2 Saúde universal 130
7.3.3 Previdênciacontributiva 132
7.3.4 A assistência social ganha status de política pública 133
Proposta de atividade 135
Recapitulando 135
Referências 136
CAPÍTULO 8 - AS PARTICULARIDADES DO FAZER PROFISSIONAL E 
SEUS SIGNIFICADOS (1960-1980) 137 
Objetivos do capítulo 138
Tópicos de estudo 138
Contextualizando o cenário 138
8.1 Espaço institucional e espaço profissional 138
8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociaiss 139
8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado 141
8.2 Participação e poder 142
8.2.1 Formas de participação utilizadas na época 142
8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular 145
8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais 146
8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário 146
8.3.2 As mobilizações e as relações de forças 148
8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional 148
8.4.1 A expansão capitalista e a integração social 149
8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com 
a população 151
Proposta de atividade 153
Recapitulando 153
Referências 154
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 1 - A QUESTÃO SOCIAL: 
ANTECEDENTES HISTÓRICOS E SEUS 
REFLEXOS NA ATUALIDADE
Micaela Alves Rocha da Costa
10
Compreenda seu livro: Metodologia
Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o
desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação
bidirecional entre os atores educacionais.
O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendizagem que busca direcionar
a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização teórica-prática e das atividades
individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos:
• valorizar suas experiências;
• incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento;
• estimular a pesquisa;
• oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados.
Compreenda seu livro: Percurso
Com base nessa metodologia, o livro apresenta os itens descritos abaixo. Navegue no recurso para conhecê-los.
1. Objetivos do capítulo
Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessidades de
aprendizagem do seu curso.
2. Tópicos que serão estudados
Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo.
3. Contextualizando o cenário
Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto,
relacionando teoria e prática.
4. Pergunta norteadora
Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica.
5. Pausa para refletir
São perguntas que o instigam a refletir sobre algum ponto estudado no capítulo.
6. Boxes
São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um
contexto, dicas, curiosidades etc.
7. Proposta de atividade
Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e sistematize o que aprendeu no capítulo.
8. Recapitulando
É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, retomando os objetivos do capítulo, a pergunta
norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo.
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11
9. Referências bibliográficas
São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencionadas nos boxes, adequadas ao Projeto
Pedagógico do curso.
Boxes
Navegue no recurso abaixo para conhecer os boxes de conteúdo utilizados.
Afirmação
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.
Assista
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o
conteúdo estudado.
Biografia
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo
abordado.
Contexto
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e
cultural do assunto.
Curiosidade
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.
12
Dica
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o
conteúdo trabalhado.
Esclarecimento
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada.
Exemplo
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática.
Apresentação da disciplina
Intrínseca à ordem do capital, a questão social, compreendida como a contradição entre capital e trabalho, é um
elemento fundamental para o entendimento do Serviço Social e para a atuação dos assistentes sociais. A questão
social permite a compreensão da totalidade por meio de uma análise crítica, comprometida com o projeto ético-
político profissional e a classe trabalhadora.
Considerando sua centralidade para o Serviço Social, se faz necessário entender os antecedentes históricos da
questão social, a influência dos setores conservadores sob seu conteúdo no passado, as lutas travadas entre as
classes sociais e o processo de politização que culminou na compreensão utilizada na contemporaneidade, bem
como os desafios impostos para sua leitura e entendimento na formação e no exercício profissional.
Como se sabe, o profissional de Serviço Social é contratado para enfrentar, cotidianamente, as diversas expressões
da questão social que estão presentes em todos os âmbitos de atuação: na família, na educação, na saúde, na
assistência social, na previdência social, na área sócio jurídica, entre tantos outros espaços. Convidamos o leitor
para fazer uma viagem histórica que enfatiza a importância da questão social para a profissão na
contemporaneidade.
A autoria
Micaela Alves Rocha da Costa
Assistente social e mestra em Serviço Social pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Integra o Grupo de Estudos e Pesquisa em Trabalho, Ética e
Direitos (GEPTED) e Questão Urbana, Rural, Ambiental, Movimentos sociais e Serviço Social (QTEMOSS) da mesma
universidade. Tem experiência na área da formação profissional, movimentos sociais, assistência social e
regularização fundiária.
Currículo Lattes: < >.http://lattes.cnpq.br/2156820038707892
13
http://lattes.cnpq.br/2156820038707892
Para todas as mulheres da classe trabalhadora, que cotidianamente questionam e enfrentam as barreiras do
patriarcado, do machismo, do racismo na ordem do capital e sonham com uma vida sem medo.
Flávio José Souza Silva
O professor Flávio José Souza Silva é Assistente Social, com mestrado em Serviço Social, pela Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB). Ministra aulas na graduação e na pós-graduação em Serviço Social, nas disciplinas
vinculadas ao debate dos Fundamentos Teórico-Histórico-Metodológico, desde 2017.
Currículo Lattes: < >.http://lattes.cnpq.br/4767941845483534
14
http://lattes.cnpq.br/4767941845483534
À literatura de Clarice Lispector, à poesia erótica de Hilda Hilst, às canções de Chico Buarque de Holanda e Caetano
Veloso e as interpretações de Elis Regina e Maria Bethânia.
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Compreender as bases conceituais a respeito da questão social.
• Reconhecer o processo histórico que levou ao nascimento das contradições entre capital e trabalho.
• Identificar as diferentes expressões da questão social na sociedade contemporânea.
Tópicos de estudo
• Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
• Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho.
• O processo de instauração do capitalismo industrial
• A pauperização da classe trabalhadora.
• As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo.
• Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja.• Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social.
• Ação social da Igreja e as encíclicas papais.
• Processo de politização das contradições capitalistas e reconhecimento da questão social.
• A organização política dos trabalhadores.
• A influência dos intelectuais ligados à crítica social.
• O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora.
• A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira.
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15
• Definição de questão social.
• Principais expressões da questão social na atualidade.
Contextualizando o cenário
A compreensão acerca da base conceitual da questão social sofreu diversas modificações ao longo da história do
Serviço Social brasileiro, sendo um objeto de luta teórica e política das forças que estiveram presentes na categoria
profissional desde 1930 até a atualidade.
Inúmeros elementos foram determinantes para o direcionamento da questão social, enquanto objeto de trabalho
do assistente social, como a influência doutrinária da Igreja, a aproximação com os movimentos sociais e partidos
políticos, a politização das contradições do capital, entre outros. Todas essas influências incidiram diretamente
sobre o pensar e o fazer profissional, provocando uma série de mudanças importantes para o Serviço Social
contemporâneo.
Diante de tantas lutas travadas, a politização da questão social contribuiu para a formação e para a prática
profissional na atualidade? Por quê?
1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações 
sociais
Desde a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, no final do século XVIII e início do século XIX, o mundo do
trabalho vem sofrendo inúmeras transformações oriundas da ordem do capital, que tem dinamizado seu
funcionamento e consequentemente, tem modificado toda a sociedade e suas relações sociais. Essas
transformações demarcam o avanço da ordem capitalista, permeada por contradições e, sobretudo, pelo
aprofundamento da luta de classes.
O entendimento acerca dos antecedentes históricos da questão social e seus rebatimentos na contemporaneidade,
em que iremos tratar neste capítulo, se torna um elemento de fundamental importância para a compreensão dos
desafios impostos pela realidade e que estão no horizonte de trabalho do/a assistente social em formação.
1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
O processo de acumulação do capital teve na Revolução Industrial uma nova fase de fortalecimento e difusão em
âmbito mundial. A industrialização começou na Europa, no início do século XIX, em que todo o trabalho artesanal e
manufatureiro foi substituído pela utilização de máquinas à vapor e carvão, possibilitando a maior praticidade,
rapidez, produção de mercadorias e, consequentemente, a maior lucratividade para a burguesia.
Nesta época, a população inglesa, que vivia no campo, passou a migrar para as cidades, em busca de melhores
condições de vida e assim constituíram grandes polos urbanos, em meio ao desenvolvimento econômico e social
das cidades.
•
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16
Fonte: © Marzolino / / Shutterstock.
A seguir, clique nas abas e conheça mais sobre as condições e mudanças da época:
Economia
A economia da época passou a ser aquecida através de trocas comerciais com outros países,
exploração da mão de obra dos trabalhadores, aumento da produção de mercadorias com o
advento da maquinaria, desenvolvimento dos centros urbanos, reprodução das relações
sociais, etc.
Mercado e
liberalismo
O mercado passa, então, a regular o modo de produção das mercadorias e o modo de
reprodução das relações sociais através da perspectiva liberal. O liberalismo considera que,
“[...] cada indivíduo agindo em seu próprio interesse econômico, quando atuando junto a
uma coletividade de indivíduos, maximizaria o bem-estar coletivo” (BEHRING; BOSCHETTI,
2008, p. 56). 
Para tanto, os ideais liberais tinham como pressupostos centrais alguns valores que legitimavam a exploração de
uma classe sob a outra. Dentre suas principais características podemos destacar, conforme apontam Behring e
Boschetti (2008):
Pressupostos centrais de exploração de uma classe sobre a outra.
O avanço do liberalismo ocorreu em larga escala ao longo dos continentes, ainda que com particularidades
próprias de cada país e modificaram substancialmente o modo de viver e produzir da humanidade. O
17
tensionamento de interesses entre a classe trabalhadora e a burguesia aumentaram, de acordo com a organização
destes e na medida em que a produção e a exploração iam se desenvolvendo.
No âmbito do trabalho, as mudanças operadas com o processo de industrialização significavam, a maior
exploração dos trabalhadores e a exposição a condições insalubres e perigosas nas fábricas e, para a classe
dominante, um enriquecimento maior e a valorização da indústria, bem como da produção.
1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
A partir do desenvolvimento da maquinaria, o capitalismo inaugura sua fase industrial, extrapolando os limites do
tempo e do espaço através da sua produção e reprodução. A relação entre o trabalhador e o trabalho ganha certas
nuances oriundas da ordem então vigente, determinadas pelo avanço da tecnologia industrial. Assim, o trabalho
passa a ser fragmentado e alheio ao acompanhamento e entendimento dos trabalhadores.
De acordo com Santos (2012, p. 57) “os trabalhadores deixam de construir o produto em todas as suas etapas, e
passam a atuar, através de operações monótonas e repetitivas, como uma pequena peça da engrenagem da
manufatura”.
Frente à grande absorção dos trabalhadores pelas indústrias, as condições trabalhistas não garantiam a saúde dos
operários, tampouco, uma remuneração condizente às suas necessidades básicas. Mulheres e crianças
compunham a massa de trabalhadores expostos a mais adversas situações, conforme aponta Marx (1980, p. 450-
451),
[...] Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de trabalhadores sem força
muscular ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com membros flexíveis. Por isso, a primeira
preocupação do capitalista ao empregar a maquinaria foi a de utilizar o trabalho de mulheres e das
crianças. Assim, de poderoso meio de substituir o trabalho e trabalhadores, a maquinaria transformou-
se imediatamente em meio de aumentar o número de assalariados, colocando todos os membros da
família do trabalhador, sem distinção de sexo e de idade, sob o domínio direto do capital.
Para, além destas condições, os operários também permaneciam ameaçados pela considerável quantidade de
pessoas que estavam disponíveis para assumir seus lugares nas fábricas, compondo o exército industrial de
reserva. No modo de produção capitalista, há a produção de uma massa de trabalhadores empregados, como
também há o aumento da população excedente que permanece desempregada e que provoca o acirramento da
correlação de forças entre as classes sociais.
Como estratégia para desmobilizar a classe trabalhadora, a burguesia passa a utilizar o exército industrial de
reserva para afetar a organização dos operários em seus locais de trabalho, dificultando as greves e demais
atividades com a ameaça permanente do desemprego.
ASSISTA
Assista ao filme , com Charles Chaplin, que ilustra a vida dos trabalhadores Tempos Modernos
após a Revolução Industrial.
18
1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
Neste período histórico de consolidação do capitalismo industrial, a questão social é identificada pela sociedade
como expressão das desigualdades sociais e a vigência de um forte pensamento liberal apregoava que cada
indivíduo deveria buscar as melhorias das próprias condições de vida, sendo responsável por tal.
Para tanto, sem condições objetivas e subjetivas de enfrentar a pauperização, a classe trabalhadora padecia frente
a exploração pela classe dominante, que se expressava nas péssimas condições de saúde, habitação, alimentação;
na degradação moral e intelectual dos trabalhadores, entre outras (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006).
Ademais, é importantedestacar que os acidentes de trabalho, envolvendo a morte de operários ou seu
adoecimento, físico e mental, eram muito comuns no cotidiano dos locais de trabalho. Ou seja, dentro e fora das
fábricas a condição da classe trabalhadora no capitalismo industrial era um constante movimento de
sobrevivência.
1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
As transformações nas relações sociais na ordem do capital industrial desvelaram uma série de contradições
próprias dessa sociabilidade. Enquanto a classe dominante lucrava com as indústrias, mercadorias e melhoria na
qualidade de vida, a classe trabalhadora vivenciava a opressão e a exploração, vendendo sua força de trabalho de
forma barata e em condições sub-humanas.
Fonte: © AjFile / / Shutterstock.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a relação entre o pensamento liberal e o agravamento da pobreza e da desigualdade social
no período da Revolução Industrial?
19
A estratégia utilizada pelos trabalhadores para enfrentar essa situação foi por meio de greves e mobilizações nos
locais de trabalho. O fortalecimento dos sindicatos na fase do capitalismo industrial foi fundamental para alcançar
conquistas e direitos sociais. Conforme aponta Iamamoto e Carvalho (2006, p. 66),
[...] Esta luta pela sobrevivência se expressa também em confrontos com o capital, na busca de reduzir
o processo de exploração, com vitórias parciais, mas significativas da classe trabalhadora.
De forma a garantir a exploração dos trabalhadores, a burguesia enfrentada pelos sindicatos fazia pequenas
concessões que foram essenciais para o fortalecimento da luta operária. Aumento dos salários, melhores
condições de trabalho com carga horária definida, legislação trabalhista, entre outras conquistas foram
importantes vitórias proletárias, que possibilitaram outros avanços.
Uma das estratégias utilizadas pela burguesia para frear o avanço das lutas sindicais foi a tentativa de trair e
controlar os trabalhadores. O corporativismo dentro dos limites da empresa foi amplamente utilizado pela classe
dominante para minar os avanços dirigidos pelos trabalhadores.
Esse processo de conscientização dos processos de desigualdades sociais foi determinante para a politização da
classe trabalhadora e se configura como um importante marco histórico para a luta de classes e para o
enfrentamento à ordem capitalista, considerando que “[...] foram as lutas sociais que romperam o domínio do
privado nas relações entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública” (IAMAMOTO,
2012, p. 160).
ASSISTA
Assista ao filme que conta a história dos trabalhadores da Europa no período daGerminal,
Revolução Industrial, no século XIX, e a importância das greves para o fortalecimento da luta e
dos direitos da população.
20
Fonte: © Mopic / / Shutterstock.
No Brasil, as relações contraditórias entre capital e trabalho surgem com outra configuração, considerando as
expressões do capitalismo competitivo, como a permanência de traços herdados de um passado colonial e
escravocrata (ALMEIDA, 2016). A burguesia brasileira se consolida enquanto classe dominante sem qualquer
compromisso com os avanços civilizatórios e com os direitos da população.
Avanços civilizatórios e direitos da população.
21
Com base em ações repressivas, as lutas encampadas contra a pauperização por parte dos trabalhadores eram
enfrentadas duramente pelo Estado liberal. Conforme aponta Almeida (2016), somente alguns trabalhadores,
ligados à área da agroexportação, desfrutavam de algum tipo de reconhecimento permitido pela cidadania
burguesa.
Aos demais trabalhadores, não era permitido nenhum tipo de avanço ou reconhecimento. Esse cenário de
violência e pobreza passa a ser alterado com a intervenção da Igreja Católica, como veremos a seguir.
1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da 
Igreja
Os inúmeros problemas sociais, fruto da contradição entre o capital e o trabalho, constituíam um cenário bastante
conhecido pela classe trabalhadora. A intensificação da pobreza, da miséria e o aprofundamento da desigualdade
social mostravam as condições de sobrevivência em que havia ausência de acesso a serviços de saúde, educação,
escassez de alimentação e de condições dignas de trabalho.
Nesse contexto, a organização política dos trabalhadores em face à exploração na qual estavam expostos passou a
ganhar atenção por parte de setores importantes da Igreja Católica e da burguesia. A pauperização, antes
completamente ignorada, adentra as esferas da classe dominante e se transforma em pauta na agenda de setores
importantes da sociedade.
1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
A intervenção da Igreja Católica frente à questão social é um marco histórico importante para as lutas da classe
trabalhadora e para o surgimento do Serviço Social. Frente à acentuada exploração a que eram expostos os
trabalhadores e as inúmeras lutas sindicais realizadas por estes, a questão social passa a ser considerada como
uma ameaça aos valores da sociedade burguesa, como a moral e os bons costumes. A secularização presente na
época, ganhava espaço entre a população e intimidava os mais diversos setores da classe dominante.
PAUSA PARA REFLETIR
Por qual motivo a questão social ganha destaque entre a burguesia e a Igreja Católica?
22
De acordo com Iamamoto e Carvalho (2006, p. 126) “[...] em torno da “questão social” são obrigadas a posicionar-
se as diversas classes e frações de classes dominantes, subordinadas ou aliadas, o Estado e a Igreja”.
Dessa forma, as lutas sindicais começam a ter respostas, ainda que paliativas, dos setores da burguesia, que
compreendem a importância da intervenção junto à classe trabalhadora para minimizar aspectos da contradição
gerada no processo de exploração capitalista. A coerção e integração para a população passa a ser estratégia de
ação da burguesia frente ao contexto em tela.
1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
A Igreja Católica, na tentativa de se fortalecer e recuperar sua ação junto à população, resgata dois instrumentos
importantes para inspirar as ações católicas no enfrentamento a secularização oriunda dos movimentos operários:
as encíclicas papais e Quadragésimo Ano.Rerum Novarum
Fonte: © Shawn Hempel / / Shutterstock.
Estas duas encíclicas são cartas escritas por autoridades católicas e tem por finalidade dialogar sobre
acontecimentos da sociedade sob a ótica religiosa. Segundo Iamamoto (2013, p. 21), “[...] para a Igreja, a questão
 antes de ser econômico-política, é uma questão moral e religiosa”. Com isso, entende que somente umasocial,
sociedade pautada em princípios cristãos pode realizar a justiça social para toda a sociedade.
ESCLARECIMENTO
A secularização é o termo utilizado para denominar o processo de transformação quando se
passa do domínio religioso para o leigo.
23
Questões sociais.
A seguir, clique e conheça mais sobre essa questão religiosa.
Rerum Novarum
A escrita pelo Papa Leão XVIII em maio de 1891, aborda as questões trabalhistas referentes aRerum Novarum,
revolução industrial e ao direito de greve. No documento dirigido a todos os membros da Igreja, o Papa reconhece
e defende o direito da organização dos trabalhadores, bem como os direitos da burguesia através da propriedade
privada; condena as ações socialistas e critica a secularização crescente na sociedade.
Encíclica Quadragésimo Ano
A encíclica Quadragésimo Ano, escrita pelo Papa Pio XI em maio de 1931, tem como foco uma análise acerca da
sociedade e a importância de reconstruir a ordem social. Nesta encíclica, escrita na época da Grande Depressão (a
crise de 1929), o pontífice reitera a condenação ao socialismo, bem como ao comunismo, alguns ideais populares
presentes em diversos países no mundo. Além disso, enfatiza a importância dos valores morais para a fé cristã e
para a reforma dos costumes da sociedade. A carta também comenta aspectos econômicos e políticos, orientando
que as atividades econômicas devem ser orientadaspelo bem coletivo e não somente pelo bem individual da
classe dominante.
Considerações em comum
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As duas encíclicas apontam considerações em comum, visto que “[...] impõe-se ação doutrinária e organizativa
com o objetivo de livrar o proletariado das influências da vanguarda socialista do movimento operário e
harmonizar as classes em conflito a partir do humanismo cristão” (IAMAMOTO, 2006, p. 21).
Para tanto, de forma a apaziguar a luta entre a classe dominante e o proletariado, a Igreja tenta intervir na
expressão da questão social, apelando para os valores morais da ordem capitalista. A organização das lutas sociais
por parte dos operários abre espaço para a pressão da sociedade pelo reconhecimento dos mínimos sociais e esse
processo cria as condições para o estabelecimento de uma nova conjuntura política e social.
1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e 
reconhecimento da questão social
No tensionamento entre a ação repressiva do Estado e a tentativa de acolhimento e integração pelos setores da
burguesia e da Igreja Católica, a classe trabalhadora compreende o poder da mobilização e organização dos
operários e sua força dentro da luta de classes. A organização política ganha espaço nos locais de trabalho entre
homens e mulheres, bem como nos demais espaços da vida social.
A influência política de outros países inspira diversos líderes sindicais e trabalhadores a se organizarem cada vez
mais, e enfrentar a burguesia, questionando as bases da profunda desigualdade social e o crescente pauperismo. O
constante conflito entre burguesia e proletariado trouxe muitas consequências para o entendimento da questão
social por toda a sociedade conforme veremos a seguir.
1.3.1 A organização política dos trabalhadores
O processo de organização dos trabalhadores foi determinante para a politização da questão social e seu
enfrentamento nos mais diversos espaços da sociedade. A miséria a que os trabalhadores estavam expostos era
alarmante, conforme apontam historiadores e sociólogos da época. De acordo com Iamamoto e Carvalho (2006, p.
129), os trabalhadores “[...] amontoam-se em bairros insalubres, junto às aglomerações industriais, em casas
infectas, sendo muito frequente a carência – ou mesmo falta absoluta – de água, esgoto e luz”. No trabalho, além
das condições precárias, o desemprego era um elemento ameaçador, visto que comprometia a única renda
possível dos trabalhadores. A pressão exercida pelo exército industrial de reserva reforçava o tensionamento desta
situação.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a importância da organização política dos trabalhadores no reconhecimento da questão
social?
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Fonte: © Jacob_09 / / Shutterstock.
Essas condições de vivência e de trabalho, mobilizam a classe trabalhadora a se organizar em defesa de melhorias.
O processo de politização da questão social começa a ganhar mais espaço entre estes, desenvolvendo a
consciência política do proletariado. Reuniões nos locais de trabalho, formações políticas, discussões acerca das
melhorias nas fábricas passam a ser pautas construídas coletivamente entre os trabalhadores.
O desencadeamento dessa organização política assume formas diferenciadas nos mais diversos estágios de seu
desenvolvimento (IAMAMOTO, CARVALHO, 2006). Algumas organizações ganham destaque no processo
organizativo do proletariado, como é o caso das Ligas Operárias.
As articulações políticas entre os trabalhadores passam a fortalecer suas pautas e bandeiras no enfrentamento a
burguesia, além de permitir a criação de outras organizações coletivas em prol do trabalho e das melhores
condições de vida. Todavia cabe indicar que a repressão estatal e patronal frente as reivindicações foi um
elemento bastante presente na luta de classes neste período, mas que não refreou os ânimos da população frente
à miséria e o pauperismo.
1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
No processo de politização dos trabalhadores e da questão social, cabe destacar a influência de intelectuais que
contribuíram significativamente neste processo. No âmbito mais geral, podemos destacar o trabalho de
pensadores tais como Friedrich Engels, Karl Marx, Vladimir Lênin, Antonio Gramsci, Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo,
entre outros.
DICA
As Ligas Operárias organizavam trabalhadores dos mais diversos espaços e tinham como pauta
central a defesa de seus interesses.
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Pensador alemão Friedrich Engels
Fonte: © vkilikov / / Shutterstock.
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Esses autores realizaram grandes análises para o entendimento das contradições entre o capital e o trabalho, além
de contribuir com outros elementos importantes para a luta de classes, como a economia política, as relações
sociais, a sociedade, etc.
No Brasil, temos grandes análises realizadas por Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Caio Prado Jr. e Darcy
Ribeiro que possibilitaram a compreensão da crítica social em temas de relevância para toda a sociedade e para o
país e que contribuíram para a organização da luta dos trabalhadores em diferentes épocas.
No âmbito do Serviço Social, destaca-se a contribuição de José Paulo Netto, Marilda Iamamoto, Ivanete Boschetti,
Elaine Behring, Yolanda Guerra, Ana Elizabete Mota, Silvana Mara de Morais dos Santos, Maria Inês Souza Bravo,
entre outros inúmeros autores e autoras que possibilitaram o entendimento do processo de constituição da
questão social no modo de produção capitalista.
1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
As particularidades sócio históricas e políticas do Brasil não acompanham o mesmo o tempo histórico de outros
países. Dito isso, é importante considerar que embora a questão social tenha ganhado espaço de discussão e
enfrentamento em outras sociedades, no Brasil ela se manifesta diferentemente e com uma organicidade própria.
É apenas no início do século XX, que a questão social se coloca como questão política para o conjunto dos
trabalhadores brasileiros. Segundo Behring e Boschetti (2008, p. 78), “[...] a criação dos direitos sociais no Brasil
resulta da luta de classes e expressa a correlação de forças predominante”.
Questões sociais e políticas.
Para tanto, a partir da organização política coletiva os trabalhadores puderam apreender as contradições
existentes entre o capital e o trabalho, as consequências desta relação desigual, oriunda do processo de
acumulação capitalista, para a sociedade e assim pensar em estratégias para tensionar a luta entre a classe
dominante e o proletariado.
A politização da questão social permitiu que os trabalhadores pudessem entender seu papel, enquanto sujeito
histórico e revolucionário, frente aos ditames impostos pela burguesia. Esta, historicamente descompromissada
com os direitos sociais e democráticos para a população, passou a fazer concessões para os trabalhadores, para
não perder sua legitimidade e poder.
1.4 A questão social na contemporaneidade e suas 
expressões na sociedade brasileira
Com o fortalecimento do capitalismo monopolista, período em que se adensa o desenvolvimento tecnológico, a
ampliação do mercado e a luta de classes na sociedade, a questão social se torna mais complexa. Considerando
28
que no período de seu surgimento, a questão social era apenas voltada apenas ao debate acerca das condições de
trabalho dos operários, a partir desta época, as relações trabalhistas ficam cada vez mais determinadas pelo
mercado, influenciadas pelos interesses financeiros e tensionadas pela luta dos trabalhadores. Esse contexto
permeado por inúmeros elementos faz com que a questão social se torne mais complexa.
Por isso, entender o modo de funcionamento da ordem do capital permite, aos profissionais do Serviço Social, uma
maior compreensão da totalidade e do seu funcionamento no processo de constituição das relações sociais.
As inúmeras expressões da questão social, como por exemplo, o desemprego e o consequente aumento da pobreza
e da violência, sinalizam os desafios postos para o Serviço Social, na medida em que incita o aumento do número
de usuários das políticassociais e, consequentemente, a atuação do assistente social no atendimento destas
demandas. Estes desafios que se fazem presentes no cotidiano profissional em uma conjuntura marcada pelo
retrocesso dos direitos sociais, direitos trabalhistas e a consequente diminuição e precarização das políticas
sociais.
1.4.1 Definição de questão social
Após compreender a dinâmica do desenvolvimento histórico e das contribuições dos intelectuais ligados à crítica
social, é importante reconhecer a centralidade da questão social para o Serviço Social, seja na formação ou na
prática profissional. Partindo de uma análise contemporânea, pautada no método marxista,
[...] o desenvolvimento capitalista produz, compulsoriamente, a “questão social” – diferentes estágios
capitalistas produzem diferentes manifestações da ‘questão social’. Ele a toma não como um
desdobramento indesejável ou temporário, mas uma dimensão constitutiva do desenvolvimento do
capitalismo (NETTO, 2006, p. 81).
Clique nas abas a seguir para continuar aprendendo sobre a questão social:
• A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
Faz parte de sua estrutura de produção e reprodução e na medida em que o capital se modifica (a partir do
desenvolvimento tecnológico, por exemplo), a questão social ganha mais um elemento que a deixa mais
complexa. Dessa forma, ao passo que o desenvolvimento capitalista avança, a questão social também
acompanha esse movimento, se tornando cada vez mais complexa.
• No Brasil, a questão social apresenta características próprias 
São características de um país com a economia subordinada aos interesses de outros países e com
influências herdadas de um passado escravocrata. Todo esse histórico nos mostra que a colonização do
Brasil teve como objetivo primeiro a exploração comercial e não a constituição de uma sociedade. Esse
passado tem interferências na nossa realidade e, por isso, compreender as manifestações da questão
PAUSA PARA REFLETIR
Frente a esse contexto, qual é a relação entre as expressões da questão social e o capitalismo
monopolista?
•
•
29
social pautada na teoria crítica se torna fundamental para que o pensar e o fazer profissional não retornem
à moralização da questão social ou ao mero entendimento desta como desigualdade social.
1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
A sociabilidade capitalista, que ora oculta e ora exibe, suas contradições, instiga e desafia os estudantes e
profissionais a estarem atentos ao movimento da realidade que se mostra complexo e dinâmico. As principais
expressões da questão social estão presentes no mais diversos espaços: na saúde, na educação, na habitação, na
cidade, no campo, nos espaços sócio jurídicos, entre outros. Ainda que estejam revestidas com estas novas
configurações, a estrutura capitalista mantém a contradição entre o capital e o trabalho.
Desvelar estas expressões requer observar a realidade, identificando os processos de luta de classes, de articulação
da classe trabalhadora e/ou dos movimentos sociais, as respostas da burguesia e do Estado, entendendo a
correlação de forças existentes entre estes sujeitos e nestes espaços.
Fonte: © Pixel-Shot / / Shutterstock.
A pobreza, a violência, a perda dos direitos historicamente conquistados; o machismo, o racismo, a LGBTfobia; a
precarização das políticas sociais, a desqualificação do Estado, a privatização, a corrupção; todos estes elementos
são expressões da questão social na contemporaneidade em que o Serviço Social realiza intervenção
cotidianamente
No entanto, as expressões da questão social não se limitam somente a estes elementos. Pelo contrário, estão
imersas na realidade e cabe ao assistente social identifica-las em seu cotidiano, criando estratégias de
enfrentamento profissional e na articulação com outras áreas da classe trabalhadora.
30
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore infográfico com os principais
acontecimentos históricos que proporcionaram politização da questão social, destacando as principais ideias
abordadas ao longo do capítulo. Além de figuras, utilize palavras-chave que retomem o conteúdo do capítulo. Ao
produzir seu cartaz considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Recapitulando
Neste capítulo pudemos apreender um pouco mais sobre o surgimento da Questão Social e seus reflexos na
atualidade, fazendo um resgate histórico necessário para compreender esta temática. Vimos o avanço tecnológico
com a Revolução industrial, na época do liberalismo, trazendo avanços significativos para a sociedade, mas com
condições de trabalho desumanas para o conjunto da classe trabalhadora.
O agravamento da pobreza e da desigualdade social, fomentaram revoltas e mobilizações por parte dos
trabalhadores. Estes se organizaram politicamente, exigindo melhores condições de trabalho, retirando a
desigualdade social do âmbito privado das fábricas para a discussão pública pela sociedade.
Analisamos a influência da Igreja Católica nesse processo, que teve como reação às manifestações da classe
trabalhadora, a proteção da moral cristã e dos bons costumes através das encíclicas papais eRerum Novarum
Quadragésimo Ano. Além disso, o Laicato também moveu a questão social do campo das desigualdades sociais,
para o campo dos valores morais e religiosos, numa tentativa de apaziguar o tensionamento da luta de classes.
Os trabalhadores que estavam organizados politicamente neste contexto de reivindicação, com a influência de
intelectuais ligados à crítica social, reconhecem a questão social como uma questão política, considerando que as
condições determinadas pela compra e venda do trabalho coletivo estão condicionadas pela interferência de
interesses da classe dominante. Desse modo, toda a concepção conservadora da questão social como uma
questão voltada à moralidade é enfrentada. A politização das lutas permite a politização da questão social.
Na contemporaneidade, apreendemos que a base conceitual da questão social é identificada como a contradição
entre capital e trabalho e compõe a estrutura da sociabilidade capitalista, marcadamente desigual entre as classes
sociais. A temática das expressões da questão social são elementos presentes na formação e na prática profissional
e embora possam de manifestar com uma nova roupagem, são manifestações oriundas e inerentes à ordem do
capital. Na contemporaneidade, a ausência de políticas sociais e o enxugamento do Estado contribuem para o
agravamento da questão social e se configuram como um dos desafios impostos para o Serviço Social.
Referências
ALMEIDA, N. L. T. Questão social e Serviço Social no Brasil. In: SILVA, M. L. Oliveira (Org.). Serviço Social no Brasil:
 São Paulo: Cortez, 2016.História de Resistências e Ruptura com o Conservadorismo.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Fundamentos e História. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2008.Política Social: 
IAMAMOTO, M. V. Ensaios Críticos. 12. ed. São Paulo: Cortez,Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: 
2013.
_________. Capital Fetiche, Questão Social e Serviço Social. In: Serviço Social em Tempo de Capital Fetiche:
Capital Financeiro, Trabalho e Questão Social. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
31
_________. CARVALHO, R. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2006.Relações Sociais e Serviço Social no Brasil.
MARX, K. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980. O Capital.
NETTO, J. P. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2006.Capitalismo Monopolista e Serviço Social.
O GERMINAL. Direção: Claude Berri. França. 1993. 170min.
SANTOS J. S. Particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.Questão Social:
TEMPOS Modernos. Direção: Charles Chaplin. EUA: 1936. 87 min.Modern Times,
32
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 2 - ENFRENTAMENTO DA QUESTÃO 
SOCIAL NOS ANOS DE 1960 A 1980 NO BRASIL
Flávio José Souza Silva
33
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer os principais acontecimentos do período histórico.
• Identificar as propostasde enfrentamento da questão social no período.
• Reconhecer as expressões da questão social que se manifestaram no período.
Tópicos de estudo
• Período democrático popular e a questão social.
• Jânio Quadros (1961).
• João Goulart (1961-1964).
• A questão social e a primeira fase da ditadura militar.
• As principais reivindicações da classe trabalhadora.
• As propostas de enfrentamento das manifestações.
• A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social.
• Políticas sociais desenvolvidas no período.
• Movimento sociais no final da década de 1970.
• A questão indígena no período militar.
• Questão social e a política de austeridade militar.
• Principais índices sociais do período.
• 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social.
Contextualizando o cenário
Neste capítulo, veremos ocorreu o processo de enfrentamento das expressões da questão social no contexto
histórico brasileiro entre os anos 1960 a 1980. Assim, nos debruçaremos por um momento histórico compreendido
como , como, também, vamos percorrer o período ditatorial e, por fim, particularizar os elementosdemocrático
mais centrais que levaram ao enfraquecimento da ditadura militar, expressa pela abertura democrática no Brasil
nos fins dos anos de 1970 e entrada da década de 1980.
Portanto, nos apropriaremos dos principais acontecimentos desse período histórico, identificando as propostas de
enfrentamento da questão social neste contexto. Também veremos a caracterização dessas expressões, partindo
do pressuposto de que elas assumiram traços particulares correspondendo à realidade de nossa sociedade à
época.
Assim, nossa apreensão sobre as expressões da questão social está alicerçada na contradição entre trabalhadores
e burgueses, que demanda ao Estado a elaboração de mecanismos interventivos nessa relação desigual. Assim
sendo, as expressões da questão social são históricas e tomam, em contexto históricos diferentes, novas formas e
expressões.
A partir de tal reflexão, surge a seguinte questão: o Brasil viveu, no período ditatorial, uma nova questão social?
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2.1 Período democrático popular e a questão social
O período que se estende de 1945 a 1960 é designado por Fausto (1997) como em nosso país. Ademocrático
sustentação histórica do autor seria a posse, em 1945, do Presidente Eurico Gaspar Dutra, por meio do voto direto,
regido pela Constituição Federal, aprovada em 1946. Porém, como Santos (2012) assevera, este contexto histórico
é marcado por uma forte heterogenia nas diversas dimensões da sociabilidade, como a: política, social, econômica,
cultural e etc., fruto do início da industrialização pesada no Brasil.
A industrialização pesada, especificamente nos anos 1956 a 1961, segundo Fernandes (2006), completa a revolução
burguesa brasileira, concluindo a constituição do capitalismo em nosso país. Uma característica, também
marcante desse período histórico, foi a inexpressividade das políticas sociais, demonstrando as parcas ações do
Estado brasileiro, mesmo em um quadro de profundas e intensas mobilizações rurais e urbanas.
Assim, a questão social é “[...] senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária
e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe [...] pelo
empresariado e o Estado (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 84).
Neste contexto histórico, portanto, há novas expressões da questão social no país, mas que ganharam outras
configurações nos governos seguintes, como veremos adiante.
2.1.1 Jânio Quadros (1961)
Nas eleições presidenciáveis de 1960, Jânio Quadros (1917-1992) venceu a disputa junto com seu vice, João
Goulart. Jânio Quadros tornou-se, assim, o vigésimo segundo presidente eleito por meio do voto popular no Brasil.
Cabe destacar que no âmbito internacional, o período também ficou marcado por um contexto de grave crise
econômica e de grandes disputas ideológicas internacionais, fruto das tensões proporcionadas pela Guerra Fria.
CURIOSIDADE
Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) foi militar e o décimo sexto presidente do Brasil, no período de
1946 a 1951.
ESCLARECIMENTO
A Guerra Fria (1945-1991) marca um período histórico, pós-segunda Guerra Mundial, de disputas
ideológicas entre os países capitalistas e socialistas, sem a utilização de armamentos bélicos.
35
Segundo Santos (2012), Jânio Quadros foi uma figura ligada a um inexpressivo partido político paulista, que
ganhou notoriedade por meio do personalismo e pelo carismático (e popular) discurso de combate à corrupção.
Assim, a figura do novo presidente apresentava-se enquanto um , que estaria para além dascorpo estranho
disputas entre e . Porém, no governo dele, a incapacidade de conciliação fora logogetulista anti-getulista
evidenciando-se.
Fonte: © StunningArt / / Shutterstock.
O curto governo de Jânio Quadros (durou apenas sete meses, já que ele renunciou em agosto de 1961), foi marcado
por diferentes questões. Clique nos ícones e confira.
A inabilidade de conciliação em lidar com interesses divergentes entre a esquerda e a direita conservadora.
Um quadro polarizado pela Revolução Cubana (1959), a qual traria mais tensões para esse cenário.
A Guerra Fria.
O grande endividamento econômico herança do governo Juscelino Kubitschek. (SANTOS, 2012).
Assim, o curto governo de Jânio não conseguiu mudar os “rumos do país”; falhando na implementação de uma
política econômica ortodoxa. Como ressalta Fausto (1997), sem as condições histórico-concretas, para a
implementação dos seus projetos, que versavam em uma “reforma institucional”, Jânio Quadros renuncia sem
grandes explicações. Em seu lugar, assume o seu vice, João Goulart, como iremos ver a seguir.
36
2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
A instabilidade enfrentada pelo Governo Jânio Quadros, como vimos antes, ocasionou a renúncia da presidência
do Brasil. Durante 13 (treze) dias, o país foi governado por Ranieri Mazzilli (1910-1975), presidente da Câmara
Federal e, como previa a Constituição, assumiu o cargo, tendo em vista que o vice-presidente, João Goulart (1919-
1976), eleito na mesma chapa que Jânio, estava em visita oficial na República Democrática da China. Na figura a
seguir, para melhor apreensão, iremos sistematizar esses dados históricos.
Contexto histórico do Governo João Goulart
O Governo Jango foi marcado por um contexto de forte instabilidade econômica, social, cultural e política,
decorrente do forte endividamento do país, durante o governo JK, mas, sobretudo, pela disputa ideológica do
contexto da Guerra Fria. Mesmo assim, alguns autores, como é o caso de Santos (2012) e Fausto (1997), apontam
que este fora o governo mais progressista da história brasileira, até então.
O governo de Jango durou cerca de dois anos e meio, tendo sido caraterizado por um mandato que estava
comprometido com medidas denominadas de reforma de base. O propósito delas, como aponta Cardoso (2013),
não seria apenas a diminuição da desigualdade social no país, mas também, foco econômico, principalmente se
ressaltarmos o interesse pela implementação da reforma agrária.
No entanto, a formação social e econômica do país foi marcada por um passado escravocrata de um lado e de uma
forte concentração fundiária, de outro. Outro elemento, importante, é que não vivenciamos processos de
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revolução burguesa, como em outros países de capitalismo avançando. Isto possibilitou na nossa realidade, a
constituição de uma burguesia reacionária e conservadora que se impunha, fortemente, contra qualquer
modificação na estrutura desigual do nosso país (SANTOS, 2012).
Fonte: © Prazis Images / / Shutterstock.
Em janeiro de 1964, Jango iniciava uma série de comícios, com o objetivo de espalhar as suas propostas de
reformar a base da economia brasileira. Em contrapartida, por meio da radicalização do seu discurso, o seu
governo caminha para o fim. As classes médias urbanas brasileiras se sentiam ameaçadas pela radicalização do
discurso de Jango e acolheramo discurso que tinha como suporte a l, que tinha porDoutrina da Segurança Naciona
vistas a de seus elementos subversivos.purificação da democracia
Assim, em 1º de abril de 1964, foi instaurada a Ditadura Militar no Brasil que trouxe consigo novas configurações
para a sociedade, como veremos a seguir.
2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
Aqui, estamos nos apropriando de uma concepção teórica sobre a questão social que tem por base a construção
histórica. Assim, a inserção da classe trabalhadora/operária no cenário político, no tocante ao seu reconhecimento
enquanto classe ao Estado e a burguesia é essencial (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011).
Neste sentido, a organização da classe trabalhadora em classe para si (terminologia elaborada por Karl Marx), 
exigiu a externalização da sua posição desigual no processo produtivo, reivindicando ao Estado a construção de
mecanismos que possam, por meio de políticas públicas, amenizar tais desigualdades. Neste sentido, o governo
Jango tentou, mas foi impedido pela implementação do golpe militar de 1964.
38
O golpe militar, assim, trouxe repercussões significativas à organização da classe trabalhadora, principalmente no
tocante às políticas, em torno do Estado brasileiro, cuja influência foi direta no tratamento das refrações da
questão social.
Neste sentido, iremos trabalhar, no próximo tópico, quais as reivindicações da classe trabalhadora da época.
2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
O contexto social anterior a 1964, marcou a explicitação da questão social na realidade brasileira, impulsionando o
Estado por respostas, por meio da construção de alternativas à dependência do Brasil ao capitalismo. No entanto,
com a implementação do golpe militar, a elaboração desta alternativa teve que se abortada, em um contexto de
forte repressão das entidades classistas operárias, as quais foram fechadas pela intervenção do Estado ditatorial.
Segundo Netto (2011), a ditadura militar expressava-se por meio de sua funcionalidade econômica e política, no
tocante à reinserção do Brasil no processo produtivo internacional, de forma dependente ao imperialismo
estadunidense. Ou seja, um novo padrão de acumulação que resgata e atualiza as formas mais tradicionais e
conservadoras do modelo de produção no Brasil, assegurando, assim, um desenvolvimento depende e associado
ao imperialismo.
ESCLARECIMENTO
As categorias classe em si e classe para si fazem partem das elaborações teóricas de Karl Marx
(1818-1883), que dizem respeito, no primeiro momento do não reconhecimento da sua posição
de classe (classe em si) e do reconhecimento da sua posição de classe (classe para si).
PAUSA PARA REFLETIR
Qual o motivo de muitos não reconhecerem o golpe de 1964 enquanto golpe, mas sim, como
?revolução de 1964
39
Fonte: © claudenakagawa / / Shutterstock.
Assim, as reivindicações da classe trabalhadora brasileira pautadas, sobretudo, na elaboração de um padrão de
desenvolvimento nacionalista, que versassem no combate à desigualdade social e apontassem à reforma agrária,
foram deixados de lado e sufocados, por meio de uma série de propostas enfrentadoras das manifestações
populares, como veremos a seguir.
2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
Com a instauração da ditadura militar no Brasil, concomitantemente, foram inaugurados processos reafirmando
contextos sociais contrarrevolucionários que seriam o do projeto ditatorial em nosso país. Neste sentido, anorte
implementação de um capitalismo nacionalista (CARDOSO, 2013) deveria dar espaço para uma direção que
apontasse para um capitalismo associado e dependente (NETTO, 2011).
Neste sentido, a principal proposta de enfrentamento das manifestações, ou seja, da organização da classe
trabalhadora brasileira, versava sobre desmantelamento da organização sindical operária, por meio de forte
intervenção estatal, sendo obrigadas ao fechamento e a proibição da imprensa operária. Em resposta, o Estado
militar implementou políticas de arrocho salarial e de diminuição do poder de compra dos trabalhadores. Na
sistematização a seguir, temos algumas informações, para melhor compreensão deste contexto.
PAUSA PARA REFLETIR
Para um país como o Brasil, que não vivenciou processos revolucionários burgueses clássicos, o
que representa uma contrarrevolução?
40
Políticas do Estado Militar
Veja que a questão social, na primeira fase da ditadura militar brasileira, fora intensificada ao contrário, ou seja,
houve o aumento das desigualdades sociais.
Em contrapartida, o Estado militar intensificou a sua luta contra organização da classe trabalhadora, mas era
notório que o Estado deveria aumentar as suas ações na construção de consensos. Portanto, a segunda fase da
ditadura seria marcada pelo controle do Estado sobre a questão social, por outras vias, como veremos a seguir.
2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a 
questão social
A caracterização que marcou o período histórico, durante a ditadura militar brasileira, no processo que
trabalhamos, em linhas precedentes, é conhecida como modernização conservadora (NETTO, 2011). Este processo,
de forma geral, modernizava o sistema produtivo em nosso país, sem romper com as essências da formação social
brasileira: a dependência exterior; o grande latifúndio; e os altos índices de desigualdade social.
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Fonte: © zef art / / Shutterstock.
Assim, a ditadura militar reeditou e intensificou o processo de modernização conservadora, que, como afirma
Netto (2011) foi em uma direção claramente monopolista. Neste sentido, a ditadura necessitava criar consensos,
em uma perspectiva que alinhasse não apenas repressão, mas também, de assistência à classe trabalhadora.
Portanto, percebiam a política social como uma possibilidade de interferir, ideologicamente, no cotidiano da vida
dos trabalhadores, como veremos a seguir.
2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
Neste momento, iremos percorrer algumas características, mesmo que centrais, do padrão de política social no
contexto da ditadura militar no Brasil. Em um momento histórico marcado pela perda das liberdades
democráticas, de censura, autoritarismo, prisões e tortura “(...) o bloco militar-tecnocrático-empresarial buscou
adesão e legitimidade por meio da expansão e modernização de políticas sociais” (FALEIROS, 2000 BEHRING;apud 
BOSCHETTI, 2011, p. 136).
Assim, a ditadura militar estruturou as políticas sociais, com ênfase na saúde, na previdência e, com muito menor
importância, a assistência social, por meio da uniformização e unificação (BEHRING; BOSCHETTI, 2011). Cabe
ressaltar que não havia a participação da classe trabalhadora nessa estruturação.
ESCLARECIMENTO
A nossa apreensão sobre o golpe militar no Brasil perpassa o entendimento de que se tratou de
um projeto tecnocrático-militar-empresarial-conservador-modernizador.
42
Portanto, a estruturação das políticas sociais, no contexto ditatorial, estaria orientada para atender à lucratividade
do capital internacional, pela abertura do campo privado de acesso a estas políticas (como é o caso da saúde e da
educação privadas). Ao final dos anos 1970, começaram a aparecer as primeiras fissuras e sinais de esgotamento
do projeto social da ditadura. Assim, iremos trabalhar, a seguir, os movimentos sociais que se expressam em
decorrência deste desgaste.
2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
A década de 1970 foi o momento histórico marcado, durante a ditadura militar, de explicitação do esgotamento do
chamado prometido pelos anos de suspensão da democracia. Já em 1974, especificamente, asmilagre brasileiro,
fissuras do projeto tecnocrático-modernizador-conservador se objetivavam, em função “(...) dos impactos da
economia internacional, restringindo o fluxo de capitais, e também os limites internos” (BEHRING; BOSCHETTI,
2011, p. 137).
Essas fraturas expuseram, para o conjunto da sociedade, o esgotamento do padrão de desenvolvimento optado
durante a ditadura militar. Assim, o demostrava que seus frutos,muito avessos ao que foramilagre brasileiro
divulgado, não seriam redistributivos. Ou seja, trabalhadores e movimento sociais visualizavam uma tendência à
crise econômica que se aproximava.
Fonte: © first vector trend / / Shutterstock. (Adaptado).
PAUSA PARA REFLETIR
Quais seriam as orientações portanto das políticas sociais nesse contexto?
43
Ao passo que os movimentos sociais e trabalhadores percebiam a crise do projeto militar, houve a possibilidade de
articulação, já no final da década de 1970 e início dos anos 1980, de reestruturação da luta coletiva em torno da
redemocratização do Estado brasileiro. A seguir, iremos tratar da questão indígena neste contexto.
2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
O golpe militar de 1964 marcou a história recente do nosso país com muito sangue, torturas, mortes e suspensões
das liberdades e dos direitos coletivos e individuais. Para determinados grupos sociais, que estavam associados à
marginalização, as repercussões deste processo foram ainda mais intensificadas, em um contexto de expressiva
violação dos direitos humanos.
Neste momento, nossa proposta consiste em trazer algumas referências, por meio dos dados coletados e
apresentado no volume segundo do Relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), publicado em 2014,
particularizando a violação dos direitos humanos dos povos indígenas, no período da ditadura brasileira.
Fonte: © celio messias silva / / Shutterstock.
Segundo o CNV (2014, p. 204) as violações dos direitos humanos dos povos indígenas não foram esporádicas e nem
acidentais “(...) elas são sistêmicas, na medida em que resultam diretamente de políticas estruturais do Estado,
que respondem por elas, tanto por suas ações diretas quanto pelas suas omissões”. Segundo o mesmo relatório,
como expressão de tais políticas, estima-se que, ao menos, 8.350 (oito mil trezentos e cinquenta) indígenas tenham
sido mortos no período de investigação do CNV, dado este que pode ser ainda maior. Para melhor apreensão
destas informações, vejamos a seguinte sistematização.
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Dados da CNV
A política do Estado ditatorial brasileiro, assim, era marcada pela ação violenta e arbitrária, mas, também, pela
omissão das particularidades deste povo originário.
A seguir, iremos trazer alguns elementos que perpassam a Questão Social e a política de austeridade militar.
2.4 Questão social e a política de austeridade militar a 
política de austeridade militar
A ditadura militar em nosso país durou 21 (vinte e um) anos, marcados por momentos econômicos de resseção e de
crescimento. O conduziu o país à ideia de quando o aclamado milagre econômico bolo crescesse ele seria repartido
(expressão usada à época, pelo então ministro da fazenda, Delfim Neto). No entanto, a repartição com a classe
trabalhadora nunca aconteceu.
A questão social, assim, fora intensificada pela escolha de políticas sociais austeras, as quais impossibilitavam o
combate efetivo contra as desigualdades sociais no país. Desse modo, enquanto a classe trabalhadora esperava a
repartição do a mesma era assolada pela austeridade do Estado militar, a destruição do poder de compra dosbolo
trabalhadores e o agravamento da situação econômica no país.
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Fonte: © Timofey Zadvornov / / Shutterstock.
Portanto, este contexto histórico foi marcado pela associação de impactos desastrosos na política econômica, mas
que só se manteve por meio da manutenção da repressão e da violação de direitos civis e políticos (CARDOSO,
2013). Sendo, assim, a principal estratégia à sua consolidação no país, sobre a égide do imperialismo burguês.
A seguir, traremos alguns dos principais índices sociais do período da ditadura militar, a fim de apreendermos as
expressões destas políticas austeras ao país.
2.4.1 Principais índices sociais do período
A repercussão das políticas de austeridade do período militar expressava-se às avessas do que fora prometido, com
o . Objetivamente, a década de 1980 é apontada como uma para o país, tendomilagre brasileiro década perdida
vista os parcos avanços econômicos, que na verdade, apresentam-se enquanto retrocessos sociais e econômicos
(BEHRING; BOSCHETTI, 2011).
A partir de dados trazidos por Cano (1994, p. 52 BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 139), “(...) os resultados desseapud
processo foram terríveis na década perdida brasileira: taxa média de crescimento de 2,1% (na indústria, de 1%);
redução da taxa de investimentos e recrudescimento da inflação”. Assim, ao longo da década de 1980, a direção do
governo ditatorial foi a emissão de títulos da dívida, elevando cada vez mais os juros e alimentando o processo
inflacionário. Vejamos as seguintes sistematizações:
Dados da década perdida
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Dados da década perdida
Como podemos visualizar, na sistematização anterior, os patamares de crescimento obtidos, durante o período
ditatorial, expressaram uma verdadeira tragédia econômica para o país. A década de 1980, assim, foi caracterizada
como uma década perdida, um momento histórico cujo o déficit da ditadura militar objetivava-se de forma
violenta e reverberava as expressões da questão social em nosso país.
Outro elemento, pontuado por diversos analistas históricos, seria a inflação anual que chegava, ao final da
ditadura militar, a níveis extraordinários. Vejamos a seguinte ilustração.
Inflação anual no Brasil no período da ditadura militar
Como podemos visualizar, na imagem, o Brasil passou, assim, de uma inflação anual de 91,2%, em 1981, para
217,9%, em 1985.
Portanto, as incertezas marcaram o fim da ditadura militar em nosso país, que apontou à reabertura democrática e
a constituição de novos processos democráticos. A seguir, iremos discutir o acirramento das expressões da
questão social no contexto histórico dos 20 anos da ditadura militar.
2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão 
social
Os 21 (vinte e um) anos de duração da ditadura militar no Brasil acirraram ainda mais as expressões da questão
social em nosso país. Como exposto, os anos de chumbo (expressão para os anos de ditadura militar), em nosso
país, apostaram em um projeto de sociedade que resgatava os traços mais conservadores da formação social e
histórica do país, reeditando a dependência e a associação da economia brasileira aos ditames dos interesses
imperialistas burgueses.
Neste sentido, o acirramento das expressões da questão social (fome, miséria, queda no índice de acesso e
manutenção nas escolas, desemprego estrutural e etc.) aconteceu graças ao aumento das desigualdades sociais,
fruto de um projeto de nação que se estruturava por meio da austeridade, com vistas de alcançar o milagre
47
 e a repartição do bolo com a classe trabalhadora, que foi surpreendida pela destruição da suabrasileiro
organização sindical e de políticas sociais austeras.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um pequeno resumo, de até quatro
(4) páginas, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu pequeno resumo,
considere as leituras básicas e complementares realizadas, a partir das indicações dadas neste capítulo.
Recapitulando
Neste capítulo, trabalhamos o tema do enfrentamento da questão social no contexto sócio histórico dos anos 1960
a 1980 no Brasil. Os objetivos consistiram em conhecer os principais acontecimentos históricos, a identificação das
expressões da questão social, assim como o reconhecimento destas neste específico momento histórico.
Todavia, apesar da ditadura militar apresentar novas configurações nas expressões da questão social, devemos
nos atentar que não estamos trabalhando com uma nova questão social, pois, partimos do pressuposto que a
essência do modelo de produção capitalista, alicerçada pela socialização da produção e da apropriação privada do
que é produzido coletivamente, não é alterada pela historicidade humana.
O que se percebe, no entanto, são novas expressões, mas que partem da essência que constitui este modelo de
produção. A questãosocial no Brasil é fundada sócio e historicamente no processo de constituição do nosso país,
marcado por um passado escravocrata e fundiário.
Assim sendo, temos a constituição de uma burguesia conservadora, que não passou por processos revolucionários
clássicos, apontando, neste sentido, para projetos contrarrevolucionários, que acentuam as contradições e as
desigualdades sociais. O reacionarismo da nossa burguesia, na atualidade, pode ser visto na tentativa de
revisionismo histórico que tentam reescrever a nossa história, de golpe para uma revolução. A ditadura militar
brasileira, portanto, expressou os ideias e ideais dos setores dominantes, fator reconhecido na negação da
participação da classe trabalhadora na gestão e elaboração de políticas sociais.
Referências
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. : Fundamentos e História. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011.Política Social
BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Textos Temáticos. Comissão Nacional da Verdade. Brasília: CNV,Relatório:
2014, p. 416.
CARDOSO, P. F. G. : os Diferentes Caminhos do Serviço Social no Brasil. Campinas:Ética e Projetos Profissionais
Papel Social, 2013.
FAUSTO, B. . 5. ed. São Paulo: Edusp, 1997.História do Brasil
FERNANDES, F. : Ensaios de Interpretação Sociológicas. 5. ed. Rio de Janeiro:A Revolução Burguesa no Brasil
Globo, 2006.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. : Esboço de uma InterpretaçãoRelações Social e Serviço Social no Brasil
Histórico-Metodológica. 35. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
48
NETTO, J. P. : uma Análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 16. ed. São Paulo: Cortez,Ditadura e Serviço Social
2011.
SANTOS, J. S. : Particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.Questão Social
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FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 3 - O PROCESSO DE 
CONSOLIDAÇÃO DA AUTOCRACIA BURGUESA
Micaela Alves Rocha da Costa
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Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Possibilitar reflexão sobre a hegemonia burguesa com o golpe militar de 1964.
• Identificar o significado do golpe militar para a elite brasileira.
• Compreender a teoria acerca da autocracia e as teorias das elites.
Tópicos de estudo
• Capitalismo dependente e a autocracia burguesa.
• Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica.
• Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico.
• Golpe militar (1964).
• EUA e a contrarrevolução.
• Brasil subdesenvolvido e dependente.
• Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios.
• Manutenção do esquema de acumulação capitalista.
• Funcionalidade política e econômica do Estado e da burguesia.
• Autocracia burguesa e o mundo da cultura.
• Enquadramento do sistema educacional.
• Política cultural da ditadura.
• Controle e censura.
Contextualizando o cenário
A década de 1960 foi um período de grande relevância para a história do Brasil, marcada por um grave retrocesso
político: a ditadura militar. Instigada por diversos acontecimentos, que despertaram a ameaça do poder político de
setores importantes da burguesia em detrimento do fortalecimento de projetos populares, o golpe militar foi uma
resposta às ações acontecidas no país. Estas conquistavam cada vez mais espaço junto à população, além do
avanço do comunismo em contexto mundial na época.
A maior expressão do período ditatorial no país foram as medidas repressivas contra os movimentos sociais que
ousassem questionar o regime: métodos de extrema violência como a tortura física e psicológica, diversos
assassinatos, além da censura, do exílio político e a perda de direitos importantes como a cidadania. Além dessa
expressão, é importante destacar a regressão da economia que provocou o acirramento da desigualdade social no
país.
Diante deste contexto surge a seguinte questão: qual o legado da ditadura militar para a história do Brasil e para a
contemporaneidade?
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3.1 Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
Para compreender os motivos consolidaram o golpe militar na década de 1960, é importante resgatar a conjuntura 
histórica do referido período e suas inflexões que firmaram a autocracia burguesa no Brasil. Isto traz, para o 
Serviço Social, uma série de mudanças de caráter político e instrumental ao longo do tempo. Essas mudanças, se 
expressaram em diversos âmbitos e culminaram na erosão do projeto conservador no âmbito profissional.
Mas por enquanto, esse conteúdo fica reservado para outro momento. Por hora, destacaremos a seguir, os 
principais elementos históricos, políticos e culturais e que fomentaram a desigualdade social no período. Além 
disso, estes localizaram o país, durante anos, como um país de regime fechado e de economia dependente. Vamos 
embarcar nessa pequena viagem histórica?
3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
O período que antecede o golpe militar no Brasil apresenta grande influência política e econômica com o contexto 
internacional, principalmente com a grande potência norte-americana: os Estados Unidos. Por isso, é fundamental 
compreendermos o contexto disso e suas particularidades no cenário brasileiro, de modo a conceber as 
consequências do período de consolidação da autocracia burguesa no país. A análise da totalidade se faz 
imprescindível para entender o local que o Brasil ocupava naquele momento.
Ainda durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) houve a implementação do Plano de Metas, um 
plano de industrialização que se propôs a alavancar a economia do país baseada em três pilares: a energia, a 
indústria e o transporte. Com o mote 50 anos em 5, o plano dinamizar o avanço do país em um curto período de 
tempo.
Fonte: © violetkaipa / / Shutterstock.
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Com base nessa expansão, o intercâmbio e a dependência da política econômica externa se tornaram
preponderantes para o contexto nacional, de modo que “[...] a capacidade de importar tornou-se dependente do
dinamismo das exportações concentradas em commodities minerais e agrícolas, e ainda enfrentou o
protecionismo dos países centrais” (IPEA, 2010, p. 10).
Inúmeras consequências econômicas e políticas oriundas das ações do governo JK, prolongaram-se até o governo
de seu sucessor, Jânio Quadros (1961) e instauraram uma complexa crise que se expressou na renúncia do então
presidente frente a este contexto.
Dessa forma, o governo de João Goulart (1961-1964), assumiu a responsabilidade de administrar o país, nesse
cenário de forte dependência econômica, com um alto índice inflacionário que atingia a população e tensionava os
interesses entre os opositores do atual governo. Essa situação exigiu de Jango (como era popularmente conhecido)
um plano de governo que pudesse conter o crescimento da inflação e da dívida externa. Os desafios eram inúmeros
para resgatar o Brasil de uma grave crise política.
A seguir, veremos como era a relação das elites com o desenvolvimento econômico.
3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
O governo de Jango passou por dois momentos críticos, desde a sua posse até seus últimos dias. Vamos conhecer
mais sobre esses momentos na história das elites e da economia brasileira clicando nas abas a seguir.
Limitação de
poderes
O primeiro momento foi marcado pela limitação de poderes com base em um sistema de
governo parlamentarista e “[...] em seguida, recuperada sua plena capacidade
governamental, em um sistema de governo presidencialista, em um contexto, contudo,
marcado por inegável polarização política, nacional e internacional” (DELGADO, 2010, p.
126).
Forças em
oposição
Dentre as ações promovidas por Jango, que insuflaram a polarização de forças em oposição,
podemos destacar as iniciativas de repressão institucional aos movimentos sociais e forças
democráticas, por parte de um executivo composto por protagonistas comprometidos com
a população (NETTO, 2007).
Reforma de
base
Essas ações incitaram nos setores populares ações unitárias com o objetivo de reivindicar
uma reforma de base, em que as decisões governamentais pudessem contar com a
participação também dos trabalhadorese não somente da classe dominante.
O tensionamento entre as classes sociais sob a instabilidade econômica provocou a perda de alianças políticas que
sustentavam Jango no poder.
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Fonte: © alphaspirit / / Shutterstock.
Setores conservadores da classe dominante, como os latifundiários e empresários, sentiram-se prejudicados com a
situação financeira do Brasil; algumas organizações religiosas da Igreja Católica rechaçavam os ideais
democráticos e as reformas de base, com medo do avanço do comunismo no país e, por fim, os militares temiam
que a organização política da população pudesse subverter a paz e a ordem social.
Cenário que ocasionou o golpe militar.
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Cenário que ocasionou o golpe militar.
Esse cenário culminou no golpe militar que ocorreu no dia 1º de abril de 1964, provocando mudanças imediatas em
toda a realidade brasileira e marcando profundamente a nossa história.
3.2 Golpe militar (1964)
O desfecho do período de instabilidade econômica e política do governo João Goulart, encerrado por um golpe
militar, demonstrou a radicalização da saída encontrada pela classe dominante: a utilização de forças
conservadoras e reacionárias frente ao campo democrático e popular que se organizava cada vez mais. No mês de
abril de 1964 teve início um dos períodos mais conturbados da história do país.
A ditadura militar inaugurou uma nova conjuntura política em âmbito nacional e mundial, visto que acompanhou o
fortalecimento de regimes totalitários que também se instauravam em outros países do mundo, como no Chile, na
Indonésia, etc.
No que concerne ao Brasil, este novo contexto abriu espaço para uma realidade mais complexa, mais polarizada
pela luta de classes e pelo aprofundamento da dependência econômica, conforme veremos nos próximos itens.
3.2.1 EUA e a contrarrevolução
A influência direta dos Estados Unidos no processo de golpe e ditadura militar no Brasil fez parte de uma ação
política de dominação e de exploração dos países subdesenvolvidos para a expansão capitalista.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a influência dos setores dominantes no aprofundamento da crise econômica do governo de
Jango?
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Fonte: © isak55 / / Shutterstock.
Conforme aponta Netto (2007), o objetivo desta contrarrevolução consistia em: aprofundar o processo de
internacionalização do capital, imobilizar as forças políticas que pudessem resistir a este processo e dinamizar
todas as forças contra a revolução e os ideais socialistas.
O processo contrarrevolucionário, que ocorreu no Brasil, sob influência dos EUA, referenda-se em três pilares
indicando as particularidades sócio históricas da nossa formação. Clique a seguir para conhecê-los.
Primeiro pilar
Diz respeito à maneira como o desenvolvimento capitalista se manifestava no país utilizando “[...] formas
econômico-sociais que a experiência histórica tinha demonstrado que lhe eram adversas” (NETTO, 2007, p; 18).
Segundo pilar
Refere-se à permanente exclusão das organizações populares das esferas de decisão política, seja por estratégias
de coerção ou de outras formas mais sutis, já que os setores dominantes, em diferentes tempos históricos sempre
conseguiram manter as forças populares distantes do direcionamento da vida social.
Terceiro pilar
Diz respeito ao papel do Estado brasileiro com as agências da sociedade civil. Segundo Netto (2007, p.19), “[...] é
um Estado que historicamente serviu de eficiente instrumento contra a emersão, na sociedade civil, de agências
portadoras de vontades coletivas e projetos societários alternativos”.
Durante os governos que antecederam ao golpe militar, as organizações políticas, efervescidas pela conjuntura no
país, abriram a possibilidade concreta de alterar estes pilares. Todavia, o golpe militar se sobrepôs à população,
movido pelos interesses políticos e econômicos da burguesia.
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Foi por meio destes moldes que a contrarrevolução norte-americana encontrou no Brasil um solo fértil para a
expansão imperialista, o aprofundamento da dependência econômica e a influência política com o golpe em tela.
Com um caráter reacionário, o golpe militar resgatou as piores tradições da sociedade brasileira (NETTO, 2007),
como veremos a seguir.
3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
Após a instauração do golpe militar, toda a conjuntura econômica do país passou por transformações que
aprofundam a relação de dependência com os EUA e seus interesses. O padrão de acumulação capitalista,
assegurou as bases para manter seu funcionamento sem ameaças ou questionamentos.
Fonte: © xtock / / Shutterstock.
As primeiras reformas econômicas instituídas pelo então presidente Castelo Branco (1964-967) tinham por objetivo
resgatar a taxa de lucros do país, com medidas que diminuíssem a inflação e o gasto público, além de reduzir o
salário da população por meio de uma nova política salarial. O aumento de impostos foi uma das ações que mais
tiveram impacto sobre a classe trabalhadora, além do arrocho salarial.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a relação entre o projeto político e econômico da ditadura militar e os EUA?
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No plano internacional, as medidas de política externa garantiam facilidades ao capital estrangeiro e à exportação
de produtos brasileiros ao comércio exterior. Para expandir ainda mais o capital internacional, o governo revogou
uma lei implementada por João Goulart que limitava a taxa de lucros para empresas internacionais.
Assim, a expansão imperialista não encontraria nenhuma dificuldade para sua implementação em todos os setores
da economia brasileira. E com o uso da repressão, as reivindicações populares frente a estas ações também seriam
silenciadas. Esse contexto de dependência econômica perdurou durante toda a ditadura militar, contudo
apresentou estágios diferentes em determinados períodos, aglutinando diversos elementos, conforme veremos no
próximo tópico.
3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
A autocracia burguesa na ditadura militar apresentou uma dinamicidade própria em cada governo militar,
configurando uma complexa conjuntura, permeada por interesses econômicos, bases ora aliadas, ora opositoras,
influências da política externa e os rebatimentos da crise política instalada no governo anterior.
Entender a configuração de cada período ditatorial é importante para que possamos compreender como se deu o
início, a continuidade, a queda do regime militar no país, e também as particularidades destes momentos que
duraram 21 anos na história brasileira. A expressão política da ditadura militar ainda pesa na formação sócio
histórica do país e também na história do serviço social. Seu entendimento é primordial nesse sentido.
3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista
O modo de acumulação capitalista passou por um processo de consolidação bastante específico no período da
ditadura militar. Após a coalização de forças contrarrevolucionárias na véspera do golpe, os setores conservadores,
como a burguesia nacional, a estrutura militar e os latifundiários, mantiveram-se com seus interesses alinhados.
CURIOSIDADE
O marechal Humberto de Alencar Castelo Branco foi o primeiro presidente do regime ditatorial
no Brasil. Nascido no Ceará, o militar foi um dos articuladores do golpe ditatorial.
ASSISTA
Para saber mais sobre o golpe assista O dia que durou 21 anos. Trata-se de um documentário
que aborda a participação dos Estados Unidos no golpe militar brasileiro, demonstrando o que
foi a expansão imperialista no Brasil.
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Fonte: © pogonici / / Shutterstock
O padrão de desenvolvimento do país, com base nos interesses do governo militar, foi orientado a seguir o mesmo
modelo dos governos anteriores, só que voltado à aceleração do processo de concentração e centralização do
capital.
Para tanto, “[...] as linhas mestras desse “modelo” concretizam a “modernização conservadora” conduzidas no
interesse do monopólio” (NETTO, 2007, p. 31). As principais características do processo de modernização
conservadora incluem as seguintes vantagens para o grande capital ainda de acordo com o autor.
Modernizaçãoconservadora.
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Modernização conservadora.
A relação do governo com as benesses dadas ao capital estrangeiro despertou a dissolução da base de sustentação
do golpe militar.
Com a perda do apoio político, os setores que apoiavam a ditadura militar são atraídos para o processo de
resistência democrática. E ao governo militar, com o tensionamento das forças políticas, coube mediar a
correlação de forças em jogo, fazendo concessões e negociações para continuar com a manutenção da autocracia
burguesa.
A manutenção da relação com os setores dominantes da sociedade brasileira ainda se prolongou por um
determinado período, todavia, a dissolução cada vez mais forte da base aliada vai pressionar o governo a assumir
outro comportamento.
Esse período foi marcado por mudanças substanciais no modo de pensar e estruturar a economia, na política e nas
relações com a sociedade e com os movimentos populares que reivindicavam liberdades democráticas.
3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
Durante a vigência da ditadura militar no país, o ciclo autocrático passou por alguns períodos com características
políticas e econômicas, trazendo no bojo destas fases implicações para a burguesia, bem como para o Estado, mas
sobretudo para os governos militares.
Embora os governos militares, durante os 21 anos de regime ditatorial no país, empreendessem ações no âmbito
da economia para dar continuidade ao projeto de modernização conservadora, a reação dos setores da burguesia
nacional foi por meio da quebra do pacto contrarrevolucionário, influenciando também, o contexto político em
tela.
Conforme aponta Netto (2007), o ciclo autocrático se dividiu em três fases. Vamos navegar no recurso abaixo para
conhecê-las.
• A primeira fase, de 1964 a 1968
Teve no governo de Castelo Branco, o objetivo de fomentar a modernização conservadora no país. No
entanto, as ações empenhadas nesse período afetam os setores importantes da classe dominante, como a
pequena burguesia urbana, que rompeu com o pacto.
• A segunda fase, em 1968
BIOGRAFIA
Para aprofundar a leitura sobre a autocracia burguesa no país, a obra de Florestan Fernandes,
intitulada apresenta uma significativa contribuição paraA revolução burguesa do Brasil,
entender este contexto.
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O tensionamento entre os militares e a classe trabalhadora radicalizou-se, comprometendo a legitimação
política do regime por parte da população. Nesse período, o Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi promulgado e
configurou o momento de consolidação da autocracia burguesa no país, visto que suspendia o direito
político de todos os cidadãos pelo prazo de dez anos. Esse período ficou conhecido como anos de chumbo.
Neste período a economia foi redimensionada para servir à concentração e centralização da modernização
conservadora, criando as bases estruturais dos monopólios ao Estado brasileiro. O chamado milagre
econômico brasileiro, período em que se identifica um rápido crescimento no âmbito financeiro, buscou
legitimação política perante à sociedade.
• A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
A crise oriunda desse crescimento acelerado, exigiu do estado uma reforma que objetivava “[...] a
recomposição de um bloco sociopolítico para assegurar a institucionalização duradoura do sistema de
relações econômico-sociais e políticas a serviço do monopólio” (NETTO, 2007, p. 41).
Fonte: © PHOTOCREO Michal Bednarek / / Shutterstock.
A oposição democrática à ditadura militar frente a este contexto, aproximou-se do movimento operário, fazendo
com que o governo ditatorial combinasse concessões econômicas com a repressão. Fortes greves operárias
contribuíram com o tensionamento das forças políticas democráticas nesse processo. Mas, isso tudo também se
expandiu para outros setores, como veremos a seguir.
3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
As manifestações da autocracia burguesa não se deram apenas no terreno econômico. No âmbito da política e das
relações sociais, a autocracia burguesa reestruturou a vida social de forma rígida e repressiva. Isto mostrou seu
caráter antidemocrático e impôs inúmeras dificuldades ao conjunto dos movimentos sociais, organizações
políticas, entre outros.
A herança da ditadura militar no campo da cultura devastou por um longo período toda a conquista feita pela
sociedade durante os anos passados, mas sua crise política também insuflou significativos processos de resistência
dos setores populares que culminaram no fortalecimento de diversas lutas sociais.
•
61
3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
No período militar, a educação foi considerada como uma peça importante para a legitimação da autocracia
burguesa e para tanto, houve diversos esforços, por parte do Estado, em imprimir um novo direcionamento no
sistema educacional. Netto (2007) indica dois momentos importantes neste processo.
1964 e 1969.
Entre os objetivos do governo militar para a educação é evidente que o controle entre os estudantes e os
professores eram um dos elementos de maior prioridade política.
Note que o controle, a intimidação e a repressão se expressaram fortemente na área educacional como forma de
fomentar ainda mais os projetos impostos pelo governo.
Conheça mais sobre as formas de controle na área educacional clicando a seguir:
Reforma no ensino superior
Com vistas a alinhar este modelo aos interesses do modelo econômico, os governos ditatoriais iniciaram a reforma
do ensino superior, com base em um modelo norte-americano, desnacionalizando o campo educacional no país.
Lógica empresarial
Essas mudanças também foram incorporadas em outros níveis de ensino (como o ensino fundamental e médio,
por exemplo), todavia é no ensino superior que a lógica empresarial encontra maiores resultados. Para Netto
(2007, p.62), “[...] a educação superior sob a autocracia burguesa, transformou-se num “grande negócio”.
Pensamento crítico e científico
Neste período, as universidades públicas passaram por um processo de esvaziamento e de neutralização do
pensamento crítico e científico. O projeto modernizador, pautado na repressão, ceifou a autonomia da produção
do conhecimento crítico, os processos democráticos e a liberdade na academia durante o período ditatorial. 
3.4.2. Política cultural da ditadura
Para, além das ações de enquadramento da educação no país, o mecanismo utilizado pelos governos militares no
âmbito cultural para a sociedade deveria pautar-se por meio de uma (Netto, 2007), queestratégia de contenção
objetivava controlar o conteúdo produzido por todos os artistas da época, considerando seu potencial de
expressão contra o regime.
62
A crise política e econômica oriunda da implementação do projeto de modernização conservadora pelo regime
ditatorial também trouxe consequências para os governos e para a política cultural. Depois do rompimento de
extratos importantes da burguesia no pacto contrarrevolucionário, os sujeitos que ainda aderiam apoio à ditadura
militar eram inexpressivos.
No âmbito da cultura, esse rompimento também aconteceu. Com isso, “[...] o regime não conseguiu trazer para o
seu campo (ou manter nele) figuras significativas da vida cultural (NETTO, p. 76). Esse movimento introduziu na
cena cultural um elemento crítico significativo nos setores democráticos e progressistas, que se expressou no
cinema, nas artes, na música, na literatura, etc.
Fonte: © mart / / Shutterstock.
Netto (2007) destaca exemplos dos principais sujeitos que fomentaram o cenário crítico e cultural na época da
ditadura militar.
Artistas expoentes no período ditatorial.
63
Artistas expoentes no período ditatorial.
Estes intelectuais contribuíram de forma significativa para a reflexão política na ditadura militar, tecendo críticas e
questionamentos importantes através de suas obras. Com isso, se legitimaram como referências em oposição ao
regime, inspirando a população a resistir contra a investida militar.
Após a implementação do AI-5, a política cultural no país sofreu grandes retrocessos, considerandoa incapacidade
do governo na formulação de uma política cultural democrática e popular e qualquer visibilidade positiva que
pudesse existir com o regime.
Desse modo, a cultura do país começa a sofrer perseguições políticas, censura de jornais, revistas, músicas;
desestruturação de grupos teatrais; intimidação a artistas, cantores, poetas e poetisas, entre outras manifestações
culturais críticas ao regime vigente.
Uma das estratégias mais utilizadas pelo regime militar na política cultural, neste contexto, foi o controle e a
censura a manifestações artísticas, que abordaremos no item a seguir.
3.4.3 Controle e censura
Como forma de legitimar o regime e abafar as vozes dissonantes que faziam críticas ou questionamentos às ações
ditatoriais, os governos militares utilizaram-se de inúmeras estratégias para controlar todas as informações. Vamos
conhecer mais sobre essas estratégicas e suas consequências clicando a seguir.
Resposta ao
controle
Como resposta ao controle ditatorial, inúmeros artistas realizaram uma manifestação
significativa contra o regime, intitulada na cidade do Rio de Janeiro.Cultura sem Censura,
Neste período, a manifestação política contra as ações do regime ainda era possível, ainda
que fossem reprimidas pelos militares.
A n o s d e
chumbo
Todavia, após a implementação do AI-5, o controle e a censura ficaram mais rígidos por
parte do regime, ao ponto de todas as manifestações contra o governo fossem duramente
reprimidas. Cidadãos e militantes políticos foram perseguidos e assassinados, período que
ficou conhecido como anos de chumbo.
Resistência e
exílio
Neste período, os casos de tortura, desaparecimentos e assassinatos foram comuns às
principais pessoas que demonstravam resistência ao regime militar. O exílio político em
outros países foi utilizado como estratégia de sobrevivência para importantes artistas como
Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, entre outros.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a importância da contribuição de autores críticos para a política cultural na ditadura
militar?
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Censura
Frente à forte censura instalada no país, diversos artistas tentaram driblar o regime,
produzindo obras artísticas trazendo, de forma sutil, crítica à ditadura militar. Chico Buarque
e Gilberto Gil escreveram a canção que ficou mundialmente conhecida e que trata deCálice
uma denúncia ao regime ditatorial. O jogo de palavras do título da música ( )cálice/cale-se
representa a censura presente no período.
Fonte: © Oleksii Arseniuk / / Shutterstock.
No âmbito da teoria crítica, diversos livros foram caçados e proibidos no Brasil. Todo o contato com leituras que
pudessem representar alguma ameaça ao regime ditatorial foi feita de forma clandestina por estudantes,
movimentos sociais e organizações políticas. No serviço social, inúmeros assistente sociais também foram
perseguidos e torturados. A exposição (31 de março, deServiço Social, Memórias e Resistências Contra a Ditadura
1964), resgatou as vivências destes profissionais no período.
Embora os anos de chumbo se configurem como um dos períodos mais tristes da história do país, é importante
destacar que a derrubada da ditadura militar teve como um dos elementos mais significativos a resistência política
de muitos brasileiros.
Estes elementos permitiram minar as bases de sustentação da ditadura e, com isso, reconstruir o caminho da
democracia e resgatar a construção dos direitos sociais no país. Embora muitas pessoas tenham sido assassinadas,
o legado histórico de suas lutas na defesa da liberdade permanece registrado até os dias atuais.
65
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma síntese crítica destacando as
principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese, considere as leituras básicas e
complementares realizadas, bem como as indicações de música e vídeo.
Recapitulando
A ditadura militar marcou profundamente a história brasileira, constituindo-se como um período permeado por
retrocessos, repressão, mas inúmeras lutas sociais e resistência da população. Neste capítulo, pudemos
acompanhar os acontecimentos políticos e econômicos que preparam o golpe militar em 1964, bem como os
principais sujeitos contribuintes com o pacto contrarrevolucionário, base aliada para a sustentação do regime
ditatorial.
Destacamos a influência dos EUA neste período, e o comprometimento dos governos militares em fomentar
alianças econômicas com a burguesia norte-americana, mantendo o Brasil em um patamar de
subdesenvolvimento e de economia dependente. Também ressaltamos o projeto de modernização conservadora
objetivado pelo regime militar, bem como seus desdobramentos para o cenário nacional.
Refletimos acerca do processo de consolidação da autocracia burguesa no país, que durante o período do regime
militar, deu-se em três momentos diferentes: no início do governo de Castelo Branco, em 1964, com a
implementação do AI-5, em 1968 e, em 1974, com o aprofundamento da crise econômica.
No que se refere ao mundo da cultura na autocracia burguesa, nos debruçamos acerca das medidas promovidas
pelo regime para o enquadramento da educação com base no projeto modernizador. Compreendemos o
funcionamento da política cultural da ditadura militar e as estratégias de controle da população.
Verificamos as consequências da censura, da tortura e da repressão após o AI-5 e a importância de atores sociais
que fomentaram a arte e a crítica por meio de livros, peças, músicas, filmes, etc., ainda que perseguidos pelo
regime militar.
Por fim, discutimos a importância da resistência das organizações políticas e movimentos sociais para a
reconstrução da liberdade civil e dos direitos sociais.
Referências
DELGADO, L. A. N. O Governo João Goulart e o Golpe de 1964: Memória, História e Historiografia. In: Dossiê 1946-
1964: a Experiência Democrática no Brasil. , Niterói, v.14 n. 28, p. 123-143, 2010. Disponível em: <Revista Tempo
>. Acesso em: 17/05/2019.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042010000100006
FERNANDES, F. . São Paulo: Globo, 2005.A Revolução Burguesa no Brasil
IPEA. Instituto de Pesquisa Aplicada. : 1.500 textos para discussão. Disponível em: < O Brasil em 4 décadas
>. Acesso: 16/05/2019.http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1663/1/TD_1500.pdf
NETTO, J. P. uma Análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 11. ed. São Paulo: Cortez,Ditadura e Serviço Social: 
2007.
66
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042010000100006
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1663/1/TD_1500.pdf
O DIA que durou 21 anos. Direção: Camilo Tavares. 2012. Brasil: Pequi Filmes, 2012. DVD, 77 min., son., cor., leg.
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FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 4 - DITADURA MILITAR E A QUESTÃO 
SOCIAL
Flávio José Souza Silva
68
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer os rebatimentos da crise do petróleo e a incidência sobre a economia brasileira.
• Refletir sobre o processo do agravamento das expressões da questão social.
• Pensar os índices socioeconômicos do período da ditadura militar.
Tópicos de estudo
• Política econômica do período militar.
• Resultados econômicos do período ditatorial.
• Inflação e poder de compra.
• O milagre econômico.
• Fundo monetário internacional (FMI).
• Indicadores sociais do período.
• Taxas de natalidade e de mortalidade.
• Analfabetismo e evasão escolar.
• Saneamento básico.
• Taxas de empregabilidade.
• Políticas sociais e o trato com a questão social.
• Política de habitação (BNH).
• Políticas voltadas à infância e à juventude.
• Política de saúde.
• Ditadura militar e a crise do petróleo.
• Programa de energias brasileiro.
• Programa nacional do álcool (Proálcool).
• Fortalecimento da Petrobras.
Contextualizando o cenário
O golpe militar de 1º de abril de 1964, apoiado pelo imperialismo estadunidense, por setores conservadores mais
importantes da hierarquia da IgrejaCatólica, pela burguesia internacional e nacional (principalmente aqueles da
indústria e os representantes do setor financeiro) e pelos proprietários dos grandes latifúndios, barrou o avanço da
organização e mobilização popular, que havia conquistado força para lutar por reformas de base.
O governo João Goulart (1961-1964) fora marcado por características que o colocavam em um espectro político à
esquerda, pois havia preocupação com a justiça social, mas também não tinha a propositura de romper
definitivamente com as amarras do modelo de produção capitalista. No entanto, uma das suas marcas fora o
progressismo, assim, o golpe militar mostrou a resistência do capitalismo às reformas de base, e sobretudo, a de
superação da desigualdade social.
Com a instauração do regime de exceção, novas políticas de Estado foram estruturadas, desse modo, vamos
conhecer os rebatimentos da crise do petróleo e a incidência sobre a economia brasileira, refletir sobre o processo
de agravamento das expressões da questão social, e, por fim, pensar os índices socioeconômicos do período da
ditadura militar. Diante disso, surge a seguinte questão: qual a vinculação entre o projeto de nação, desenvolvido
no período ditatorial, e o agravamento das expressões da questão social?
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4.1 Política econômica do período militar
O golpe militar, impetrado no Brasil, em 1º de abril de 1964, marcou a necessidade dos setores reacionários e
conservadores do nosso país em barrar o progressismo, que marcou o governo João Goulart (1961-1964). Em um
contexto histórico de disputas ideológicas e políticas, fruto da Guerra Fria, a direção apontada pelo regime era a de
barrar possível guinada à esquerda do Brasil, implodindo, assim, a .suposta ameaça comunista
Fonte: © Cloudy Stock / / Shutterstock.
Assim, a repressão atingiu, de imediato, os setores que vinham ganhando destaque, como bem salienta Santos
(2012, p. 87), sendo estes caracterizados “(...) por posições nacionalistas e de esquerda, no período anterior, a
exemplo dos estudantes, das universidades, das ligas camponesas e dos sindicatos com esse perfil”.
O regime ditatorial brasileiro, portanto, trazia consigo um projeto de sociedade que barrava a propositura de
reformas de base, apostando, então, em uma política econômica pautada na necessidade de medidas austeras
para recuperação da economia. Segundo o jargão usado por Delfim Netto, que fora ministro da fazenda, esperava-
se o bolo crescer para, posteriormente, ser repartido entre todos (SANTOS, 2012).
70
Neste sentido, a primeira década do regime lutou para controlar a inflação, com medidas ortodoxas estruturadas
no governo Castelo Branco (1964-1967), que possibilitou o aumento significativo do Produto Interno Bruto (PIB) de
3,4%, em 1964, para 14% em 1973. Contudo, 1974 marcou o início do declínio daquilo que fora conhecido como o 
. Diante disso, analisaremos as consequências desta política econômica a seguir.milagre brasileiro
4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
A política econômica do governo ditatorial, como visto, pautou a possibilidade concreta de, em 1973, o PIB do
Brasil alcançar o crescimento real de 14% ao ano (o crescimento mais alto até hoje registrado). Em contraste,
apesar do país alcançar um suposto , não havia distribuição de renda entre as camadas mais populares.milagre
Assim, o ano de 1974 marcou o início da decadência do . Neste contexto, Ernesto Geisel (1974-milagre brasileiro
1979) assumiu a presidência e isso foi recebido com o “(...) descenso dos índices de crescimento econômico,
esvaindo-se o principal pilar de sustentação do regime, que já não poderia calar setores decisivos como a classe
média” (SANTOS, 2012, p. 89).
Os resultados econômicos do período ditatorial brasileiro foram expressivamente ruins, caracterizados pelo:
achatamento do salário mínimo, que estruturou uma política de governo que concentrava renda; o aumento da
desigualdade social e da violência; e a inflação, que no governo Figueiredo (1979-1985), chegou aos alarmantes
235%. Resultando, para a população brasileira, um contexto de muita dificuldade econômica, social que convivia
com um regime político sem participação popular.
CURIOSIDADE
O ministro biônico, comum na ditadura militar, era um profissional que deveria atender a todas
demandas impostas pelos interesses do exército. Além disso, ele tinha indicação direta dos
governos militares.
PAUSA PARA REFLETIR
A distribuição de renda, em um contexto ditatorial, poderia ser possível?
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Fonte: © Monster Ztudio / / Shutterstock.
Logo, os resultados econômicos do período ditatorial se intuiriam, de forma mais concreta na década de 1980,
sendo esta conhecida como , de acordo com Fausto (1997). A seguir, focaremos em duasdécada perdida
consequências do período: a inflação e o poder de compra.
4.1.2 Inflação e poder de compra
Os resultados objetivos da avassaladora crise do chamado expressaram a decaída de diversosmilagre brasileiro
índices sociais e econômicos do país, fazendo com que, cerca de 21,7% da população brasileira, ao final do regime
ditatorial, estivessem situados na extrema pobreza, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA, 1992).
Fonte: © panitanphoto / / Shutterstock.
72
A inflação, registrada na década de 1981, ou seja, na , saiu de 91,2% e alcançou, em 1985, 217%. Adécada perdida
brutalidade da crise econômica no final do período ditatorial foi sentida nas mais variadas dimensões da vida
social, intensificando a desigualdade social no país. Ao mesmo passo, por meio da crise do regime ditatorial foi
possível a reestruturação das lutas sociais que apontaram para a redemocratização do país.
Com a inflação chegando a níveis brutais, no final do período ditatorial, o poder de compra do salário mínimo
sofreu um verdadeiro (encolhimento), chegando ao corte real de 50% em 1985 (SANTOS, 2012). Foramarrocho 
precisos 30 anos para restaurar uma política de salário mínimo que pudesse, realmente, suprir as necessidades
básicas da grande parcela de trabalhadores no Brasil.
A seguir, trataremos do milagre econômico, apontado as suas principais características.
4.1.3 O milagre econômico
O chamado corresponde a um período histórico entre os anos de 1969 até 1973, momento emmilagre econômico
que a economia brasileira cresceu cerca de 11,1% durante todo este período. O PIB brasileiro, nos anos de 1969,
fechou em 9,8% naquele ano. Já em 1973, o PIB chegou alcançou 14%, o maior índice registrado na época
(SANTOS, 2012). Para melhor sistematização e fixação destes dados, observe a imagem a seguir.
Características principais do milagre econômico brasileiro
ESCLARECIMENTO
A inflação refere-se ao aumento dos preços de bens e de serviços, a qual é medida pelos índices
de preços.
73
Outra expressão deste milagre foi a queda da inflação de 25,5% ao ano para 15,6%. Isto possibilitou o
desenvolvimento da indústria, durante esse período histórico.
Traço também notório do período foi a entrada no capital financeiro no país, por meio de investimentos diretos
que aumentaram as exportações, em um momento de expansão da economia internacional da nação. Outro
elemento, importante para entender este contexto, estaria na facilidade de captação de empréstimos
internacional, possibilitando o investimento em setores estratégicos no país. Porém, a ditadura militar elevou a
dívida pública em 32 vezes o seu valor inicial.
Apesar destes ótimos índices, o contrastou forte concentração de renda, assim como protagonizou um dosmilagre
momentos de maior endurecimento do regime: o Ato Inconstitucional Cinco (AI-5), em 1968. Este representou um
dos momentos mais duros da ditadura no Brasil.
A seguir, veremos o principal financiador e cobrador da dívida pública brasileira.
4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
O Fundo Monetário Internacional (FMI), foi fundado pela Conferência de Bretton Woods, no Estados Unidos da
América, em 1944, tem o intuito de garantir a estabilidade e o comércio internacionais.Neste sentido, a principal
finalidade do FMI é emprestar dinheiro aos países em desenvolvimento. Sabe-se que a relação entre o Brasil e o FMI
é isenta de conflitos, porém, nota-se que em todas as mudanças de governo essa relação também sofre alterações.
Fonte: © Atstock Productions / / Shutterstock.
ESCLARECIMENTO
O Ato Inconstitucional Cinco (AI-5) é conhecido como o golpe mais duro do regime ditatorial
brasileiro e foi promulgado pelo General Costa e Silva (1967-1969), em 13 de dezembro de 1968
(SANTOS, 2012).
74
O regime militar permaneceu, em síntese, seguindo as boas relações com o FMI. Na primeira fase, o Brasil era
independente da entidade, graças aos altos investimentos públicos em infraestrutura. Porém, com a crise mundial
do petróleo, em 1979, o financiamento que permitia ao país bancar estes investimentos começou a minguar. Este
momento, é marcado pelo contexto da decadência do .milagre brasileiro
É neste contexto, portanto, que a dívida pública brasileira cresceu e, ao fim do regime militar, alcançou 32 vezes o
valor inicial.
4.2 Indicadores sociais do período
Os indicadores sociais, hoje públicos, expressam a veracidade do que aconteceu no período ditatorial. Como é
sabido, os dados eram manipulados, tendo em vista a necessidade do regime de ocultar o desastre econômico e
social que a ditadura causaria com o fim do milagre econômico potencializado pela crise do petróleo em 1973.
Neste sentido, a necessidade de recorrer aos indicadores sociais, tornou-se importantíssima, tendo em vista o
conhecimento real dos efeitos da ditadura social no aumento da desigualdade social, ou seja, extrema pobreza,
concentração de renda e de terras, mobilidade urbana precária, e desigualdade regionais.
Fonte: © Daniel2528 / / Shutterstock.
A seguir, analisaremos as taxas de natalidade e de mortalidade do período.
PAUSA PARA REFLETIR
Será que o Fundo Monetário Internacional se preocupa com o desenvolvimento social dos países
para os quais empresta dinheiro?
75
4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
A construção do Sistema Único de Saúde (SUS) data a partir da Promulgação da Constituição Federal, em 1988.
Logo, durante o regime ditatorial, não havia nada parecido com o SUS no Brasil. Para ter acesso aos serviços
públicos de saúde, era necessário ter carteira de trabalho assinada, que recolhia a contribuição para o antigo
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Assim, metade da população brasileira que não possuía emprego não tinha acesso à saúde previdenciária, já que
esta modalidade somente era adquirida pelos que contribuíam com o INPS. Como expressão deste não acesso da
população à saúde, a taxa de crescimento vegetativo apresentou-se enquanto um dilema neste momento
histórico.
Isto porque, em 1968, o índice de mortes entre cada mil nascidos foi de 89,62%. Este dado, no entanto, só
considerava uma média pelas capitais do país, no entanto, as estatísticas dos Estados da região Nordeste,
configuravam uma problemática muito mais alarmante, tendo em vista que o regime ditatorial tratou de aumentar
a desigualdade entre as regiões do país.
E os problemas não se resgaram apenas nisso. Veremos a seguir, a questão do analfabetismo e da evasão escolar.
4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
A ditadura militar, para além da censura, repressão e da suspensão das liberdades individuais e coletivas, também
se caracterizou pelos altíssimos níveis de analfabetismo e de evasão escolar. Os investimentos em educação básica
eram baixos e, mesmo tendo um avanço do ensino fundamental, não havia estrutura que possibilitasse a
consolidação de uma melhora no longo prazo.
ESCLARECIMENTO
O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) surgiu em 1966, quando todos os Institutos de
Aposentadorias e Pensões (IAP) foram unificados. A entidade compunha, assim, o que se
conhecia como medicina previdenciária. (OLIVEIRA, 1986)
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Fonte: © Nowaczyk / / Shutterstock.
Segundo dados apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,), em comparação aos anos de
1968 a 1974 (período que corresponde ao ), a cada 100 crianças 24 não sabiam nem ler e muito menosmilagre
escrever. Esta pesquisa do IBGE concentrou-se na faixa etária entre 10 a 14 anos.
A frequência na escola também era bem menor, em 1970. Por exemplo, entre as crianças e os adolescentes na faixa
etária dos 10 aos 14 anos, apenas 67,1% estavam nas escolas. Em relação ao grupo entre 15 a 17 anos, apenas 40%
estavam matriculadas e frequentando o ensino tradicional. Neste sentido, os índices educacionais correspondem a
paralisia no acesso, manutenção e ampliação da oferta de políticas educacionais para a população brasileira.
A seguir veremos outros índices, desta vez, os que dizem respeito ao saneamento básico.
4.2.3 Saneamento básico
Como sabemos, no período ditatorial, não havia nada parecido com o atual SUS. A saúde pública estava associada
a três fatores. Para conhecê-los clique nos ícones a seguir.
As casas de Misericórdias, para os que não poderiam pagar pelos serviços.
À saúde do trabalhador, para os que tinham emprego.
A saúde previdenciária, para os que contribuíam com a Previdência.
Assim, o nível de calamidade na saúde pública era alarmante.
77
Diante disso, o agravamento de infecções também estava associado ao não planejamento dos grandes centros
urbanos, sobretudo, com a ausência de uma política nacional de saneamento básico que atendesse e possibilitasse
qualidade de vida à população. Desse modo, em decorrência do grande êxodo rural (grande parte da população
migrou para as zonas urbanas), proporcionado pelo regime ditatorial, viu-se que as cidades não estavam
estruturadas para um aumento tão significativo de contingente.
Assim, com a implementação do golpe, os governos militares se sentiram obrigados a intervir no saneamento
básico das cidades. Portanto, a partir do (PLANASA), o governo iniciou umaPlano Nacional de Saneamento
política pública que visava melhorar a qualidade de vida dos moradores dos centros urbanos. A implementação do
PLANASA aconteceu em 1971, significando uma revolução no tratamento de água e esgoto durante o regime.
A seguir, traremos alguns dados sobre as taxas de empregabilidade do período.
4.2.4 Taxas de empregabilidade
Vimos que a ditadura militar combinou, por meio do , uma recuperação interessante da economiamilagre
brasileira, sendo ela, expressão, sobretudo, das possibilidades concretas de captação de empréstimos
internacionais, assim como, da boa relação com o FMI. Porém, com o cenário de crise do Petróleo, em 1973, o 
 começou a ruir já no ano seguinte.milagre brasileiro
Nota-se que o desemprego sempre foi uma característica marcante da estrutura da economia brasileira (SANTOS,
2012). No entanto, durante o regime ditatorial, as taxas de empregabilidade aumentaram. Contraditoriamente, o
achatamento dos salários, bem como a perda do poder de compra foram consequências do desastre do fim do
ciclo expansionista propiciado pelo .milagre econômico
A seguir, iremos apreender como a estruturação das políticas sociais orientavam o tratamento com a questão
social.
4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
O modelo de proteção social, adotado pelo regime ditatorial, entre os anos de 1960 até meados dos anos 1970,
abandonou o projeto populista marcado pela Era Vargas. Como já fora dito, era uma necessidade barrar os avanços
e a organização das classes populares em torno de reformas de base.
Logo, como destaca Santos (2012), esse contexto impossibilitou a participação popular, propagou forte repressão
aos sindicatos e a todos os questionamentos sociais. A ditadura militar, assim, efetuou forte modernização
conversadora nas políticas sociais, tecnocratizando-as, possibilitando, então, a ampliação disso, visando ao
impedimento da eclosão da questão social (NETTO, 2011).
Dessa forma, as políticas sociais foram funcionais ao regime ditatorial, buscando encobrir a dureza dos anos de
chumbo e, procurando, também, a construção de legitimidade pública.
PAUSA PARAREFLETIR
Por que uma crise internacional se expressa em nosso país de uma forma tão clara a ponto de
ruir a melhoria da qualidade da nossa economia?
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Na sequência, veremos como se estruturou a política nacional de habitação.
4.3.1 Política de Habitação (BNH)
O Banco Nacional de Habitação (BNH) foi construído no primeiro governo Militar - de Castelo Branco (1964-1967),
caracterizando a implementação do Sistema Financeiro da Habitação. A proposta desta política de habitação
consistia na modernização urbana por meio da construção de novas casas e com a valorização do capital
internacional.
Para melhor fixação desses dados, observe a sistematização a seguir.
Marcos da implementação da política de habitação no período ditatorial
Como pode ser visto na esquematização, a construção do BNH esteve associada ao primeiro governo militar, o de
Castelo Branco, que foi o responsável por implementar o sistema Financeiro de Habitação no Brasil.
O objetivo da política habitacional, em síntese, deveria ser o da busca por sujeitos e que estivessem qualificados
 a pouparem e a pagarem pelo financiamento de suas casas. Porém, ao mesmo passo que se buscava isso, oaptos
regime também queria construir consensos, cujos trabalhadores contemplados pela política habitacional
pudessem defender e referendar o regime. Assim, o modelo de moradia popular fazia com que os trabalhadores se
comprometessem com a ditadura e com a propriedade privada.
A seguir, iremos trabalhar as políticas voltadas à infância e à juventude, mostrando o quanto as políticas sociais
estiveram associadas, não apenas ao combate por via da força e da repressão policial, mas na construção de
consensos.
4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
A estrutura das políticas sociais, como já observado, com a instauração do regime militar, sofreu várias alterações,
se a compararmos ao período reconhecido como democrático (FAUSTO, 1997). Foi já em 1964, que a Escola
Superior de Guerra, por meio da Doutrina de Segurança Nacional, criou a Política Nacional de Bem-Estar do Menor
(PNBEM).
A PNBEM, por sua vez, seria responsável por introduzir a rede nacional da Fundação do Bem-Estar do Menor
(FUNABEM). A entidade trazia a proposta de uma política nacional à infância e à juventude, em um contexto
histórico em que a orientação das políticas públicas seria dada pela repressão e pela violência. Como aponta
Rizzini (1995, p. 160), havia “(...)distância existente entre crianças e menores no Brasil, mostrando que crianças
pobres não tinham sequer direito à infância. Estas estariam em situação irregular".
79
Fonte: © Incredible_backgrounds / / Shutterstock.
Para melhor apreensão, em torno da construção das políticas públicas voltadas à criança e à juventude, vejamos a
seguinte esquematização:
Políticas públicas voltadas à criança e à juventude
Neste sentido, a ditadura militar deixou suas características, no tocante às práticas que violam os direitos humanos
de crianças e adolescentes ainda, até os dias atuais, são usuais por meios dos resquícios de uma política autoritária
e violenta do Estado brasileiro.
A seguir, iremos tratar de outra política pública: a da saúde.
4.3.3 A política de saúde
Vimos ao longo dos nossos estudos que o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista da Constituição Federal,
de 1988. Antes dela, havia vários modelos de saúde, sem propriamente orientação pública, e focadas em setores
específicos da população. A grosso modo, para ter acesso aos serviços de saúde, em geral, era necessário ter
dinheiro para pagar pelo serviço. Quem não tinha, recorria às Casas de Misericórdia, sustentadas pela filantropia da
Igreja Católica (PAIM, 2009).
Durante o período do as mazelas sociais foram escondidas, tendo em vista o avanço que amilagre econômico,
economia brasileira alcançou, chegando aos 14% de crescimento do PIB em 1973. No entanto, com a crise do
petróleo, o período expansionista mostrou que nada tinha de milagrosa. Somente no estado de São Paulo, em
1973, de mil crianças nascidas noventa morriam; 72% das pessoas que morriam no país, tinham menos de 50 anos
80
de idade. Doenças como chagas, tuberculose, hanseníase e tantas outras eram verdadeiras epidemias que
eclodiram com o fim do período expansionista (PAIM, 2009).
Nota-se, neste sentido, que a , orientação em que as elites brasileiras organizavam as políticaspolítica do abandono
públicas, trouxeram resultados assustadores para a política de saúde brasileira. Assim, segundo Paim (2009), havia
uma verdadeira desorganização na política pública brasileira, que só seria melhor pensada a partir de 1988, com a
criação do SUS.
A seguir, trataremos da crise do petróleo na ditadura.
4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
A ditadura militar brasileira, como vimos, vivenciou possibilidades concretas de estímulo à economia e de
desenvolvimento do país, em alguns setores, graças ao momento histórico internacional que possibilitou o 
 da economia. Como dito, era um momento econômico que facilitava investimentos internacionais noaquecimento
país.
No entanto, com a crise do petróleo, em 1973, a expressão concreta disto seria o fim do milagre econômico
 expressando para a sociedade que, na verdade, esse não modificou a estrutura desigual do país, mas,brasileiro,
contraditoriamente, reforçou as desigualdades e a concentração de riquezas.
Neste sentido, a partir de agora, trataremos das expressões deste cenário no Brasil.
4.4.1 Programa de energias brasileiro
Com a implementação do golpe militar, em abril de 1964, havia também a preocupação da construção de um
modelo de Estado que atendesse aos interesses do regime. Neste sentido, várias reformas foram propostas, para
que, assim, possibilitasse ao aparato estatal ter o controle e enfraquecer a luta social.
Como sinalizamos, o ano de 1973 foi o momento em que a crise do petróleo aflorou e expressou, para a ditadura
militar, o fim do ciclo do milagre econômico. A partir disso, havia a necessidade de reorientação da política
econômica brasileira no tocante, especialmente, ao padrão de industrialização, que pudesse afastar-se dos
derivados do petróleo e apostar em novas formas de energia (FAUSTO, 1997). Para melhor fixação deste conteúdo,
vejamos a seguinte esquematização:
PAUSA PARA REFLETIR
O ao possibilitar avanços econômicos possibilitaria, também, diminuição dasmilagre econômico
desigualdades sociais?
81
Características principais e repercussões da crise do petróleo sobre a política econômica brasileira
A crise do petróleo, assim, impulsionou o fim do milagre econômico brasileiro que, por consequência, exigiu a
reorientação da política industrial brasileira e a construção de alternativas de energias no país.
O crescimento industrial e econômico do Brasil, a partir do , foi extremamente significativo emilagre econômico
havia a necessidade de permanecer com estes indicadores. Assim sendo, uma das possibilidades foi a
diversificação da matriz energética brasileira, em sintonia com o que propunha o II Plano Nacional de
 (PND). Neste sentido, o PND orientaria o Programa de Energias Brasileiro a diminuir aDesenvolvimento
dependência de fontes externas de energia, preocupando-se, basicamente, em ampliar e fortalecer o uso de
energias dentro do país.
A seguir, iremos debater o Programa Nacional do Álcool (Proácool), oriundo, neste contexto, de construção de
energias alternativas ao petróleo.
4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
Como proposta de criar uma política de governo que estimulasse a produção alternativa de combustíveis e
substituísse o uso de derivados do petróleo, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) foi desenvolvido em 1975.
Como sabemos, com a crise do petróleo, que se iniciou em 1973, houve consequências sérias para a produção
industrial no país, que vinha crescendo em larga escala.
O objetivo do Proácool, basicamente, era o de estimular a produção de álcool, buscando atender às necessidades
de mercado interno e externo, assim, como a de uma política de combustíveis automotivos no país.Portanto,
alternativas concretas estavam sendo buscadas para que diminuíssem a dependência da indústria e do uso
automobilístico de derivados de petróleo.
Assim, o Proácool permanece enquanto política energética no Brasil até os dias atuais, como uma possibilidade
concreta de desenvolvimento, estudos e elaboração de combustíveis que sejam alternativos à dependência
exclusiva dos derivados do petróleo.
A seguir, por fim, iremos discutir a necessidade do fortalecimento da Petrobrás.
4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
Os impactos causados pela crise do petróleo tensionaram, como visto, a necessidade da construção de uma
política de governo que pudesse pensar em alternativas concretas para dependência externa deste combustível. É
a partir deste contexto histórico que surgiu a necessidade de uma política de governo contínua, de largo
crescimento conquistado pelo Brasil, como fruto do que foi o .milagre econômico
Assim, o plano nacional do desenvolvimento (PND), além de apontar para necessidade de reformas substanciais no
Estado, com o intuito, sobretudo, de enfraquecimento e controle da participação popular, preocupou-se com o
fortalecimento da Petrobrás, buscando, assim, construir uma empresa estatal que fosse altamente competitiva e
que possibilitasse uma certa autonomia em relação às grandes empresas multinacionais.
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Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um , procurandoMapa Conceitual
destacar as principais ideias e períodos históricos abordados ao longo do capítulo. Ao produzir seu mapa
conceitual, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Recapitulando
A ditadura militar brasileira representou, sem sombras de dúvidas, um momento na nossa histórica marcada pelo
horror, pela tortura, pela corrupção e pela censura. A questão social, em um contexto tão adverso como este,
sofreu um tratamento de polícia, em sua primeira fase, depois passando por uma revisão e virando um assunto do
Estado, que se preocupo em intervir, elaborando novas formas de dominação.
Neste sentido, o projeto de nação, desenvolvido pelo regime ditatorial, agravou as expressões da questão social,
tendo em vista que este projeto, em nenhum momento, atingiu a essência da desigualdade social que fundou o
nosso país forjado nos privilégios da alta concentração de terras e de riqueza. A distribuição de renda, pelo regime
ditatorial, nem se quer foi pensada enquanto estratégia de dominação, já que o regime expressou a consolidação
das desigualdades sociais e de um Estado autocrático, reverberando a essencialidade desigual da nação.
Para o financiamento da reforma do Estado, buscou-se o financiamento, pelo Fundo Monetário Internacional, que
não se atenta ao desenvolvimento social dos fundos emprestados, mas, apenas, com o pagamento da dívida
adquirida, já que há a necessidade de investir em capital financeiro. A crise do petróleo, assim, mostrou a sua
internacionalização, mesmo acontecendo fora do nosso país, expressou-se em nosso país, pondo fim ao milagre
econômico, que, embora avançasse no desenvolvimento da economia brasileira, aumentaria as desigualdades
sociais, referendando, assim, um passado marcado pela alta concentração de renda e de terras.
Referências
FAUSTO, B. . 5. ed. São Paulo: Edusp, 1997.História do Brasil
NETTO, J. P. uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 16. ed. São Paulo: Cortez,Ditadura e serviço social: 
2011.
OLIVEIRA, J. A. A. 60 anos de História da Previdência no Brasil. Rio de Janeiro: Vozes, 1986. Previdência Social:
PAIM, J. S. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.O Que é o SUS?
RIZZINI, I. : revisitando a história (1822-2000). Rio de Janeiro: Unicef, Cespi/USU, 2000.A Criança e a lei no Brasil
SANTOS, J. S. : particularidades no Brasil. São Paulo, Cortez: 2012.Questão Socia”
SILVA, L. C. E. O que Mostram os Indicadores sobre a Pobreza na Década Perdida. In: .Texto para discussão do IPEA
Rio de Janeiro: IPEA, n. 274, ago.1992. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs
>. Acesso em: 28/06/2019./td_0274.pdf
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http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0274.pdf
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_0274.pdf
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 5 - A PRÁTICA PROFISSIONAL DO 
SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DO 
POPULISMO (1961-1964)
Micaela Alves Rocha da Costa
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Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Contextualizar o serviço social brasileiro em diferentes períodos.
• Compreender a particularidade da atividade profissional.
• Conhecer as principais bandeiras de luta dos profissionais no período.
Tópicos de estudo
• A prática profissional.
• Principais acontecimentos do período democrático-popular.
• Emergência de uma nova prática profissional.
• Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros.
• Movimento de Educação de Base (MEB).
• Movimento de cultura popular.
• Liga camponesa e sindicatos rurais.
• Serviço social e o Estado.
• O assistente social como funcionário do Estado.
• Objeto profissional do Assistente social.
• Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade.
• O Desenvolvimento de comunidade (DC).
• A metodologia do DC no Brasil.
• DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico.
Contextualizando o cenário
A prática profissional do serviço social brasileiro tem sido construída coletivamente desde o século XX, contando 
com a contribuição de diversos sujeitos, organizações e instituições: a Igreja Católica, os movimentos sociais, o 
Estado, o empresariado, entre outros. Durante sua consolidação enquanto profissão, inúmeras transformações 
aconteceram no que se refere a teoria e a prática do/a assistente social.
Neste capítulo, vamos nos debruçar sobre importante metodologia adotada pela profissão, o desenvolvimento de 
comunidade, que trouxe mudanças significativas para o serviço social, erodindo as bases tradicionais da profissão 
e inaugurando um novo período para a categoria.
Diante disso, surge a seguinte questão: qual a contribuição da metodologia de desenvolvimento de caso para a 
profissão, no contexto desenvolvimentista?
5.1 A prática profissional
A história do serviço social brasileiro traz em seu bojo complexa construção histórica, com muitas transformações 
no que se refere ao trato com as expressões da questão social. Com gênese de origem e de influência religiosa, a 
profissão iniciou seu legado na década de 1930 no Brasil, pautada em um viés tradicional e conservador.
Contudo, com o desenvolvimento da economia, da política e das relações sociais, essa influência foi questionada e 
deu início a um período histórico com uma nova prática profissional pautada em outras análises, com contribuição
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de diferentes influências. Neste capítulo, entenderemos um pouco mais da conjuntura do populismo e as
transformações gestadas no âmbito do serviço social.
5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
Para entender as transformações que imbricaram no âmbito profissional, é de fundamental importância
compreender o contexto da época. Acompanhe clicando a seguir:
• Período democrático-popular
Foi na década de 1960, que uma série de acontecimentos configuraram o período denominado
democrático-popular, cujas principais expressões foram a luta de classes e as mobilizações populares.
Ambas se colocavam contra o processo de internacionalização da econômica brasileira.
• Significativas mudanças no contexto
Já no período que vai de 1961 a 1964, o contexto governamental brasileiro passou por significativas
mudanças. Em 1961, o presidente Jânio Quadros foi eleito, mas renunciou à presidência, por não conseguir
administrar a grave crise política pela qual o país passava. Quem assumiu o governo foi o vice dele, João
Goulart, popularmente conhecido como Jango.
• Governo de João Goulart
O governo de João Goulart durou até abril de 1964, quando foi deposto pelo golpe militar, iniciando a
ditadura nopaís. Durante o período em que foi presidente, Jango administrou diversas ações políticas que
o aproximaram, mesmo com limites, das reivindicações da classe trabalhadora. O momento foi de
sentimento populista fomentado junto à população.
O contexto em que Jango assumiu o governo foi marcado pela continuidade da crise econômica repercutindo
sobre a população, mobilizando diversos movimentos sociais e organizações na reivindicação de mudanças de
caráter popular e por divergências entre os representantes políticos.
As ações de Jango, para enfrentar a situação financeira do país, tiveram como referência a criação do Plano
 (1963-1965). Esse objetivava “[...] o combate ao surtoTrienal de Desenvolvimento Econômico-Social
inflacionário com uma política de desenvolvimento que permitisse ao país retomar as taxas de crescimento”
(TOLEDO, 2004, p.16).
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PAUSA PARA REFLETIR
Com base na conjuntura política e econômica do Brasil na década de 1960, quais as principais
dificuldades que a classe trabalhadora enfrentava em seu cotidiano?
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Fonte: © skyfish / / Shutterstock.
Embora o governo empenhasse esforços no sucesso do Plano, este não foi alcançado, ocasionando a permanência
da população em dívidas e a insatisfação de empresários da classe dominante.
Por outro lado, Jango promoveu a discussão da importância das reformas de base (na área agrária, política, fiscal,
etc.), na tentativa de trazer melhorias para trabalhadores. Além disso, o presidente também consolidou relação
mais próxima com o governo norte-americano, para manter a satisfação dos setores dominantes da sociedade.
Para tanto,
[...] Como reconhecia o Plano, as reformas eram indispensáveis a fim de que o capitalismo industrial
brasileiro pudesse alcançar um novo patamar de desenvolvimento. Concomitantemente, os setores da
esquerda nacionalista erigiam as reformas como condições indispensáveis à ampliação e
fortalecimento da democracia política no país (TOLEDO, 2004, p.17).
Com um grande apelo à população, o governo de Jango conseguiu garantir legitimidade frente ao contexto
econômico instável, com a pauta das reformas de base e, com isso, ganhou adeptos e apoiadores de diversos
setores.
Esse contexto mudou consideravelmente o cenário político e permite o surgimento de movimentos sociais em
várias áreas, conforme observaremos mais a frente.
5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
Com um complexo contexto político na realidade brasileira que configurava a intensa industrialização do país e o
início da polarização das classes sociais, o serviço social também passou a receber influências norte-americanas,
no que concerne ao âmbito profissional. De acordo com Andrade (2008, p. 275),
[...] A América do Norte passou a ser o novo “empório” de ideias, a nova referência de modelos e ações,
inclusive no sistema de bem-estar-social. Este fato, inevitavelmente, atingiu também o Serviço Social
brasileiro, que buscou, no correlato norte-americano, desde o suporte filosófico, as teorias do
conhecimento que dessem conta, principalmente, de responder as necessidades, até um suporte
teórico-científico e técnico para a prática profissional.
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Esta relação de proximidade entre Brasil e EUA inaugurou um novo período profissional provocando diversas
mudanças no modo de pensar e no o agir do serviço social, inserido na realidade brasileira em expansão com o
desenvolvimentismo. De acordo com Iamamoto e Carvalho (2006, p. 241), o desenvolvimentismo “[...] visa a uma
integração mais dinâmica no sistema capitalista”. No Brasil, essa ideologia se expressou com tensionamentos,
devido ao estágio de subdesenvolvimento e economia dependente.
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Conforme apontam Moro e Marques (2011), a contradição entre as mobilizações da classe trabalhadora e do
projeto reformista possibilitaram ao serviço social brasileiro o repensar pautado na autocrítica e no
questionamento do humanismo cristão presente desde a gênese profissional.
Com estas novas reflexões dentro do bojo profissional, a erosão do serviço social tradicional e o surgimento de
nova proposta para a prática profissional determinaram o processo de modernização da profissão que se
expressou na formação, na prática profissional e na expansão de técnicas utilizadas. Para tanto,
O serviço social sofre a influência macrossocietária do período, de profundas mudanças econômicas,
sociais, políticas e ideoculturais, oriundas do exaurimento do padrão rígido de acumulação capitalista
e das consequentes respostas que lhe são dadas pelo movimento das classes sociais em confronto
(MORO, MARQUES, 2011, p.17).
Essas transformações profissionais impactaram, igualmente, o fazer profissional nos espaços sócio ocupacionais.
De acordo com Iamamoto e Carvalho (2006, p.340), “[....] há, também, um significativo alargamento das funções
exercidas por assistentes sociais, em direção a tarefas, por exemplo, de coordenação e planejamento que
evidenciam uma evolução no status técnico da profissão”. Neste período, houve a expansão da metodologia de
serviço social de comunidade ao qual nos deteremos mais a diante.
Para além destas mudanças profissionais, a influência dos movimentos sociais também rebateu sobre a profissão,
que incorporou novos elementos para a análise da totalidade e das relações sociais.
88
5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
No período do governo de Jango, a reorganização da classe trabalhadora possibilitou o surgimento e a expansão
de inúmeros movimentos sociais. Com as medidas que visavam as reformas de base, a relação entre os
movimentos sociais e o governo ganharam mais proximidade e maior tensionamento de interesses junto à setores
da classe dominante.
Dentre as inúmeras bandeiras de luta presentes nesse período, destacaremos o protagonismo de três movimentos
sociais fundamentais para a luta política e para a proximidade com o serviço social: o movimento de educação de
, o e a , representando os sindicatos rurais da época.base movimento de cultura popular liga camponesa
5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
No contexto de diversas transformações políticas e econômicas em efervescência no país e no mundo, que
polarizaram os interesses capitalistas e o avanço do comunismo, algumas instituições desempenharam um papel
importante para a correlação de forças.
Militantes oriundos da Igreja Católica, frente à intensa conjuntura política que possibilitava a mobilização da classe
trabalhadora, organizaram-se em torno do movimento de educação de base (MEB).
O MEB objetivava a construção de ações no campo da educação com base no método de educação popular, por
meio da difusão de escolas radiofônicas.
Para tanto, [...] MEB tinha como objetivo não só alfabetizar os pobres, mas conscientizá-los e ajudá-los a tornarem-
se agentes de sua própria história” (SCHEFFER, 2013, p. 296). A ampliação das escolas radiofônicas, com apoio da
Igreja Católica e do Ministério da Educação, abarcou todas as regiões do país e foi amplamente difundida.
Seu funcionamento contava com uma equipe de inúmeros profissionais: professores, locutores de rádio, apoio
administrativo, radialistas, etc., que propagavam a educação popular para a classe trabalhadora.
DICA
A educação popular objetivou a formação de consciência política com o desenvolvimento de
conhecimentos. A formação pautada em uma perspectiva crítica e de totalidade possibilita o
exercício da reflexão cidadã comprometida com a transformação social.
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Além disso, o MEB tinha como base para a formação política diversas leituras críticas, com base na teoria marxista
e nas obras de Paulo Freire, que chegou a influenciar a prática profissional dos assistentes sociais, inspirados pelo
método de educação popular.
5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
Paralelo ao surgimento do MEB, o movimento de cultura popular (MPC) foi outra entidade de grande relevância
tanto para a organização da classe trabalhadora quanto para o período da época. O movimento de cultura popularera composto por inúmeros sujeitos, como estudantes universitários, artistas e intelectuais e tinha por objetivo,
[...] Realizar uma ação comunitária de educação popular, a partir de uma pluralidade de perspectivas,
com ênfase na cultura popular, além de formar uma consciência política e social nos trabalhadores,
preparando-os para uma efetiva participação na vida política do país (GASPAR, 2019, p. 313).
Tendo como berço de seu surgimento a cidade de Recife, o MCP buscou difundir seu objetivo por meio de três
departamentos/frentes de atuação, como mostra do fluxograma a seguir.
Eixos de atuação do movimento de cultura popular.
Clique a seguir e conheça como se dava a organização destas frentes do MPC:
90
Cultura
popular
c o m o
estratégia
Estas frentes eram organizadas de modo a levar a cultura popular como estratégia de
educação de base, de difusão de conhecimentos populares e formação de pessoal habilitado
para tais tarefas.
Educação
popular
A metodologia de educação popular e a influência de Paulo Freire também eram comumente
utilizadas no cotidiano do MPC, aproximando cada vez mais a população do movimento.
A utilização
do rádio
A utilização do rádio era bastante comum neste período, o que possibilitou ao MPC a
educação de jovens e de adultos e a formação de mais escolas de rádios para a expansão do
conhecimento nos bairros carentes.
O MPC também fomentou a educação popular amplamente, utilizando tais estratégias e contribuindo para a
formação da consciência crítica de vários setores da classe trabalhadora localizadas nos centros urbanos
periféricos.
A seguir, veremos como se deu a mobilização e a organização dos trabalhadores.
5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
No que concerne ao âmbito rural, a mobilização e a organização dos trabalhadores também se deram de forma
expansiva. Vamos clicar a seguir e acompanhar como isso aconteceu.
Ligas camponesas
As ligas camponesas surgiram na década de 1950, na cidade de Galileia, interior de Pernambuco. E, inicialmente
tiveram como objetivo a articulação política entre agricultores para enfrentar a luta contra latifundiários os quais
utilizavam de medidas repressivas nas disputas de terra.
Articulação política
Frente à grande dificuldade das articulações no interior, diversos agricultores se encaminharam para a capital, de
modo que conseguiram construir alianças políticas com importantes organizações, tais como a articulação do 
 (PCB).Partido Comunista Brasileiro
O PCB foi um exemplo destas articulações que contribuiu de forma relevante para a formação política e para a
consolidação de movimento mais organizado na luta contra o latifúndio. A bandeira pela reforma agrária se
constituiu como uma pauta central para as , bem como para seu trabalho de base.ligas camponesas
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Fonte: © greenaperture / / Shutterstock.
Dentre as maiores conquistas tanto das ligas camponesas quanto dos sindicatos rurais tem-se o reconhecimento e
a legitimação de movimentos precursores como o (MST), já que este contribuiu para oMovimento dos Sem Terra
surgimento do (GUILHERME, 2012).Serviço Social Rural 
Todos estes movimentos sociais citados agregaram para o enriquecimento teórico e para a análise da realidade
por parte do serviço social, considerando a interlocução com autores críticos, de inspiração marxista (baseados
nos preceitos de Karl Marx), bem como para o surgimento de nova prática profissional influenciada por esse
processo.
ASSISTA
O filme conta a história da luta camponesa no Brasil, durante a Cabra Marcado para Morrer 
década de 1960. Ele mostra as tensões entre os latifundiários e os trabalhadores rurais na luta
pela reforma agrária.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a contribuição teórica dos movimentos sociais no período desenvolvimentista para o
processo de politização do serviço social?
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No tópico as seguir, veremos quais as relações do serviço social com o Estado.
5.3 O serviço social e o Estado
A relação do serviço social com o Estado atinge, nesse período histórico, nova fase. A industrialização nos centros
urbanos, o desenvolvimento das cidades, a mobilização dos movimentos sociais e a expansão de empresas e
programas nacionais, de recorte social exigem a contratação de profissionais para atender às diversas demandas
oriundas nos mais diversos espaços ocupacionais.
A transformação da prática profissional, sob a influência das teorias norte-americanas, modificou
substancialmente o serviço social brasileiro e toda a categoria profissional. Nos próximos itens, nos debruçaremos
sobre como essas mudanças se operaram e qual o legado histórico que elas deixaram para os profissionais e para o
serviço social.
5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
Com a crise da economia e a expansão do capital estrangeiro no país, o governo desenvolvimentista de Jango foi
responsável por fomentar o crescimento industrial nacional, mesmo em um período de crise política, como
enfatizamos.
Isso traz implicações para o serviço social, na medida em que expande a demanda por profissionais da área nas
instituições públicas, criando novas necessidades por meio de políticas públicas. De acordo com Raichelis (2009, p.
4),
[...] Assim sendo, é o próprio Estado o grande impulsionador da profissionalização do assistente social,
responsável pela ampliação e constituição de um mercado de trabalho nacional, cada vez mais amplo
e diversificado, acompanhando a direção e os rumos do desenvolvimento capitalista na sociedade
brasileira.
Enquanto agente profissional, capacitado para lidar com as demandas impostas pelas políticas sociais, o assistente
social também vivia os tensionamentos em seu cotidiano de trabalho: entre o direcionamento do Estado, sob a
lógica do capital, e dos movimentos sociais, que instigados pela política desenvolvimentista e o sentimento
populista, exigiam a maior participação da população nas instâncias governamentais.
Fonte: © Dmytro Zinkevych / / Shutterstock.
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Fonte: © Dmytro Zinkevych / / Shutterstock.
Com base neste contexto, a profissão recebe influências que se expressam na formação e na prática profissional,
agregando novos métodos de trabalho nos diversos espaços sócio ocupacionais, conforme veremos no item a
seguir.
5.3.2 Objeto profissional do assistente social
Nas modificações operadas dentro da profissão é fundamental destacar dois elementos neste período: o início da
erosão das bases tradicionais da gênese profissional e a incorporação das teorias do serviço social norte-
americano.
As diversas transformações oriundas do período desenvolvimentista e o estreitamento das relações com os EUA no
âmbito econômico trouxeram contribuições para a profissão também. A metodologia de caso e de grupo, utilizada
amplamente pela categoria no trabalho profissional, na década de 1940, foi perdendo espaço frente às profundas
mudanças do contexto.
A forte presença dos movimentos sociais abriu espaço para que o desenvolvimento da técnica de trabalho
comunitário fosse incorporado pela categoria profissional. Além disso, a influência teórica do serviço social dos
EUA respaldava essa nova cena na conjuntura profissional.
Navegue no recurso a seguir e conheça mais sobre essa nova conjuntura.
Teorias norte-americanas
De acordo com Guilherme (2012), elas tinham como prerrogativas a técnica de emorganização da comunidade
situações decorrentes da expansão da forte industrialização nos centros urbanos. Desse modo, a técnica objetivava
a estruturação da população em torno de serviços institucionais.
No Brasil
No Brasil, esse movimento se expressou no âmbito do Estado e reorientou a profissão, de modo que, o “[...] serviço
social reaparece modificado, dentro do aparelho de Estado e grandes instituições assistenciais, guardando,
contudo, suas características fundamentais” (IAMAMOTO, CARVALHO, 2008, p. 309).
Controle do Estado
Estas características fundamentais indicavam que, embora a profissão perdesse alguns traços do caráter
tradicional, as novas transformações do contexto desenvolvimentista ainda reverberavam pormeio de uma prática
de controle do Estado sob os sujeitos sociais.
A seguir, acompanhe um fluxograma sobre a prática profissional do Serviço Social no contexto desenvolvimentista.
CONTEXTO
Estas metodologias são utilizadas pela categoria profissional em meados da década de 1950 e
entendem a questão social como um problema individual dos sujeitos.
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Transformações do contexto desenvolvimentista.
Assim, com a contribuição teórica da técnica de organização de comunidade e com as transformações operadas no
contexto desenvolvimentista, a categoria daria início à reflexão sobre sua prática profissional, incitando um novo
período para o serviço social no contexto brasileiro.
5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
Conforme observamos até agora, embora as referências tradicionais ainda se expressassem na prática profissional,
o questionamento dessas bases teóricas foi fomentado por um conjunto de determinações. Conheça as principais
clicando nas abas a seguir:
Participação dos movimentos sociais na cena política.
Influência de profissionais e teorias norte-americanas.
Orientação de instituições políticas internacionais.
Cabe destacar que o contexto mundial da época retratava ainda as disputas e os conflitos oriundos da Guerra Fria,
entre os Estados Unidos e a União Soviética. Esse tensionamento de forças que colocava em risco as potências
econômicas exigiu interferência da (ONU) para garantir a ordem mundial e, deOrganização das Nações Unidas 
forma sutil, enfraquecer as investidas dos socialistas internacionalmente. De acordo com Guilherme (2012, p.132),
[...] A Organização das Nações Unidas, no decorrer dos anos 1950 e 1960, voltou-se a sistematizar e
disseminar um modelo de Desenvolvimento de Comunidade que se define como um processo que
envolve a integração dos esforços da população aos planos regionais e nacionais de desenvolvimento
econômico e social.
Com base nesta orientação, o serviço social brasileiro recebeu influências de duas frentes distintas. De um lado, a
profissão deixava de utilizar técnicas centradas no indivíduo e começava a receber diversas influências da
psicologia, da sociologia com orientação funcionalista, passando a compreender a importância de sua atuação por
meio de uma perspectiva de ajustamento dos sujeitos.
95
Fonte: © iQoncept / / Shutterstock.
Por outro lado, o contexto de crescente luta dos movimentos sociais no governo de Jango, a difusão da educação
popular e a reivindicação de inúmeras reformas de base nas instâncias públicas incidiram sobre a categoria
profissional. Essa influência fez com que os/as assistentes sociais ingressassem nos movimentos sociais e
passassem a utilizar referenciais teóricos de origem crítica e popular. Assim,
[...] É a partir de tais vetores, condicionados por uma conjuntura nacional e internacional
desenvolvimentista que supunha novas exigências e atribuições que não mais o caso/grupo, que se
gestam através de novos referenciais teórico-metodológicos as possibilidades de uma inicial relação
profissional com os movimentos sociais (MORO, MARQUES, 2011, p. 24).
Como consequência desta conjuntura histórica, o serviço social brasileiro incorporou a metodologia de
desenvolvimento de comunidade em sua prática profissional, inaugurando uma nova fase para a profissão e para a
intervenção na realidade social.
5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
O desenvolvimento de comunidade originou-se em 1920, na Europa e nos Estados Unidos, e tinha como objetivo a
dominação e o controle por parte do Estado das contradições sociais, conforme aponta Castro (2011). A disso, as
principais potências econômicas começam a utilizar o desenvolvimento de comunidade, produzindo um conteúdo
de referência para a área social.
A influência dessa metodologia para o serviço social brasileiro chega em um momento tardio, em um forte
contexto de aproximação com os movimentos sociais que emergiam, conforme observamos nos itens anteriores.
Neste subcapítulo entenderemos a importância dessa contribuição para a profissão e para o contexto da época.
96
5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
Como já assinalado, a metodologia de desenvolvimento de comunidade emergiu no contexto de expansão
industrial e crise econômica. Porém, na América Latina e no Brasil, a aproximação dela só ocorreu alguns anos
depois, no segundo Congresso que ocorreu em 1949, no Rio de Janeiro, as primeiras discussõesPan Americano,
sobre o desenvolvimento de comunidade já eram difundidas por alguns profissionais que assinalavam o potencial
do método para a profissão.
Diante disso, o marco do desenvolvimento de comunidade no Brasil inaugurou relação mais próxima com os
movimentos sociais, que encontravam no desenvolvimentismo espaço para ampliar a democracia e reivindicar
reformas importantes no âmbito da política estatal.
Foi a partir da década de 1950 que o desenvolvimento de comunidade passou ser utilizado como técnica pelos
profissionais do serviço social brasileiro. De acordo com Silva (2006, p. 28),
[...] Ao DC é conferido um caráter político, crítico e classista, inserindo-se no contexto do
desenvolvimento nacional, numa dimensão macrossocietária e em função de mudanças estruturais,
fazendo com que as comunidades passem a ser vistas como uma realidade constituída de formas
antagônicas regidas por relações sociais de dominação.
A proximidade com os movimentos sociais do campo e da cidade com a profissão permitem uma partilha de
saberes sobre a vida social que influenciam a profissão em vários sentidos: na aproximação com a luta dos
camponeses, na incorporação da educação popular por parte dos profissionais, na contribuição da formação
políticas, entre outros.
Fonte: © / / Shutterstock.
97
Ao mesmo tempo que essa aproximação por meio da metodologia do desenvolvimento de comunidade
possibilitou a contribuição dos movimentos sociais, houve um limite da prática profissional, considerando que ela
é funcional ao modo de produção capitalista, e permite ao Estado maior controle e enquadramento dos sujeitos
frente ao aprofundamento da desigualdade social, ao aumento da pobreza, ao avanço dos ideais comunistas, etc.
Fluxograma sobre o direcionamento da metodologia de Desenvolvimento de Comunidade.
Permeada por avanços e retrocessos, a prática profissional se utiliza do Desenvolvimento de Comunidade para
trabalhar as contradições da sociabilidade vigente.
Para tanto, a categoria profissional da época se distanciou das práticas do serviço social tradicional e incorporou
essa nova metodologia, entendendo-a como central para a leitura da realidade e intervenção junto às classes
sociais. De acordo com Guilherme (2012, p.134),
[...] O Desenvolvimento de Comunidade assume caráter de mecanismo de ação sobre o capital
humano, a partir de sua existência comunitária, e estimula o próprio povo a participar do
planejamento e da realização de programas destinados a elevar o padrão de suas vidas por meio de
esforços somados entre o povo e o governo.
Com as mobilizações sociais em emergência, as demandas para a profissão aumentaram tanto no campo, como na
cidade. A aproximação da categoria com leituras críticas fomentou a consciência política de seu fazer profissional,
bem como reverberou em toda a formação profissional.
A implementação das bases que, posteriormente consolidará o movimento de reconceituação, é fruto deste
período histórico para a profissão.
5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
A metodologia de desenvolvimento de comunidade no serviço social brasileiro assumiu um caráter que se
diferencia dos métodos anteriormente usados (serviço social de caso e de grupo).
De acordo com Moro e Marques (2011, p.24) “[...] o Desenvolvimento de Comunidade no Brasil, aliado a uma
política governamental de bases populista e reformista, cria os determinantes para proposições que ultrapassem a
esfera modernizadora e acrítica”.
Desse modo, podemos auferir que o método DC trouxe como contribuição principal a participação dos
movimentos sociais e contribuiçõesteóricas que alargaram o horizonte metodológico da prática profissional.
98
As contribuições do desenvolvimento de comunidade.
Acima, é possível visualizar o fluxograma com as contribuições do desenvolvimento de comunidade.
Embora as contribuições teóricas do desenvolvimento de comunidade para o serviço social brasileiro tenham
modificado a prática profissional, é importante ressaltar que o tensionamento entre os limites da análise
funcionalista e a criticidade dos movimentos sociais permaneciam atravessados na profissão. Segundo Guilherme
(2012, p.135)
[...] as práticas e as produções teóricas do Desenvolvimento de Comunidade, realizadas durante o
período de 1960-1964, registram, de um lado, os postulados funcionalistas de integração social e, de
outro, intensos movimentos de participação que idealizavam mudanças sociais.
A contribuição dos movimentos sociais para a profissão foi suspensa a partir de 1964, com o golpe militar, o que
provocou uma nova fase para toda a sociedade e para o serviço social. Houve perda dos direitos políticos e a
instalação de medidas de controle, censura e perseguição para muitos, inclusive a classe trabalhadora.
Assim, toda a contribuição realizada pelo desenvolvimento de comunidade foi refreada pelo fechamento do
regime, contudo, a experiência oferecida nesse período histórico construiu bases sólidas para o futuro da profissão
e para a transformação de seu referencial teórico-metodológico.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um destacandomapa conceitual 
as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir mapa considere as leituras básicas e
complementares realizadas.
Dicas: comece com um termo ou expressão principal, em seguida, conecte-o às palavras de ligação, para dar
sentido ao texto. Por exemplo: na década de durante o o método de 1960, período desenvolvimentista, 
Desenvolvimento de Comunidade...
Recapitulando
A metodologia de desenvolvimento de comunidade foi um importante saldo do período desenvolvimentista para o
serviço social e para a renovação da profissão. Isto possibilitou o enriquecimento teórico com a influência de
outros países e a aproximação com os movimentos sociais.
99
Conforme observamos neste capítulo, a prática profissional na década de 1960 foi atravessada por um contexto
histórico de intensa mudança, promovida pela crise política e econômica do governo de Jango, provocando o
serviço social brasileiro diante de uma conjuntura complexa.
O aprofundamento da desigualdade social, os altos índices inflacionários e o crescente endividamento da
população implicaram no tensionamento entre as classes sociais e na reivindicação de reformas de base, por parte
da classe trabalhadora ao governo. É importante destacar que se gestava forte sentimento populista entre a classe
trabalhadora, o que incentivava ainda mais a luta por melhorias.
Esse movimento despertou na população a organização dos movimentos sociais que lutavam por melhorias nas
mais diversas áreas. Conforme vimos no capítulo, o movimento de educação de base, o movimento de cultura
popular, as ligas camponesas e os sindicatos rurais conquistaram legitimidade e espaço na cena política brasileira,
além de contribuir com a profissão com referenciais teóricos críticos e de base popular.
Também nos debruçamos sobre a profissão, no que concerne a sua atuação sob os moldes do Estado no contexto
desenvolvimentista, e destacamos o processo de influência e incorporação das teóricas norte americanas. Estas
permitiram a erosão de algumas bases tradicionais do serviço social brasileiro e deslocaram a intervenção
profissional pautada no individuo para a comunidade.
Nesse sentido, destacamos o surgimento da metodologia de desenvolvimento de comunidade, que promoveu
mudanças substanciais na formação e no exercício profissional, contribuindo para a correlação de forças entre a
classe trabalhadora e o governo.
Embora o desenvolvimento de comunidade apresente orientação funcionalista, a metodologia contribuiu
significativamente para a interlocução com o popular e para a profissão. O diálogo e intercâmbio com os
movimentos sociais, em detrimento da democracia, foi suspenso com o golpe militar em 1964, o qual retirou dos
direitos políticos sociedade e limitou a atuação profissional junto à população. Dessa maneira, o fechamento do
regime encerrou o período populista da mais abrupta forma.
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101
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http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/14152/10741
http://www.scielo.br/pdf/rbh/v24n47/a02v2447.pdf
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 6 - O SERVIÇO SOCIAL NO 
CONTEXTO DA DITADURA MILITAR (1964-1985)
Flávio José Souza Silva
102
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Estudar a realidade da intervenção profissional em uma realidade adversa.
• Constatar quando a ausência de processos democráticos prejudica ações profissionais.
• Descrever práticas focais e pontuais desenvolvidas no período em questão.
Tópicos de estudo
• Ditadura militar e serviço social.
• O regime militar e o impacto sobre os profissionais.
• O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social.
• Possibilidades de atuação profissional.
• Requisição do profissional do serviço social no período.
• As principais atividades desenvolvidas por assistentessociais.
• Políticas sociais e atuação profissional.
• Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND).
• Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s).
• A política de integração social.
• Legião Brasileira de Assistência (LBA);
• Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM).
Contextualizando o cenário
A gênese do serviço social na realidade brasileira deu-se durante o processo de industrialização, na década de
1910, mas se aprofundou a partir do momento que fora intitulado de , na década de 1930. Éindustrialização pesada
no contexto social-político-econômico-cultural de externalização da questão social que a profissão surge na era
dos monopólios.
O tratamento conferido durante meados da década de 1930 sobre a Era Vargas, objetivou em uma nova forma do
Estado burguês lidar com às expressões da questão social, permitindo, assim, que o serviço social pudesse
legitimar-se e institucionalizar-se enquanto profissão em nossa realidade, sobretudo, na década de 1940.
Ao passo que o Estado modificou a forma de intervenção dele sobre a questão social, a prática profissional do
serviço social, de viés conservador, começou a ser questionada e exigiu-se que a profissão passasse por revisões
para que pudesse adequar o fazer profissional às novas configurações da questão social a partir de novos
pressupostos teórico-metodológicos.
Iniciou-se, portanto, a erosão do serviço social que desembocou em um outro processo, o de renovação do serviço
social brasileiro, que estava em sintonia com o Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina.
Com a implementação do golpe militar, em 1º de abril de 1964, os pressupostos progressistas contidos no
Movimento de Reconceituação, pelo contexto sócio-político brasileiro, foram abandonados.
Porém, o movimento de Renovação continuou e se expressou em três vertentes: a modernização conservadora,
que fora o norte do fazer profissional durante toda a primeira fase da ditadura; a reatualização conservadora,
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103
localizada em alguns espaços acadêmicos, a partir de meados da década de 1970; e a intenção de ruptura, em
sintonia com a abertura democrática, na década de 1980. Diante desse cenário, surge a seguinte reflexão: qual a
importância de partir da apreensão da profissão enquanto um produto histórico das relações sociais capitalistas?
6.1 Ditadura militar e o serviço social
A instauração da ditadura militar brasileira marcou a suspensão e um ataque frontal às liberdades individuais,
políticas e sociais durante toda a sua duração. Como se sabe, o regime fora marcado pelo autoritarismo, pelo
arbítrio, pela censura, pela tortura e a violência que estruturam um modelo de Estado adotado, patrocinado e
estimulado pelo imperialismo estadunidense. Isso, em um contexto internacional balizado pelas disputas
ideológicas da Guerra Fria.
Neste sentido, o contexto social, político, econômico e, sobretudo, cultural foram atingidos por esta nova
conjuntura que acabara de ser implementada, por meio de um golpe de Estado. Sendo assim, todas as profissões,
em menor ou maior grau, tiveram que ser orientadas para atender aos interesses impostos por um novo modelo de
Estado que buscava, em sua primeira fase, reafirmar-se enquanto necessário.
Fonte: © rob zs / / Shutterstock.
O serviço social era uma profissão que já estava inserida na realidade brasileira desde a década de 1910, sendo
institucionalizada e legitimada na década de 1940. A partir de 1950, a prática profissional, caracterizada pelo
serviço social tradicional, começou a ser questionada, iniciando um processo de erosão (NETTO, 2011).
ESCLARECIMENTO
A Guerra Fria foi um momento histórico caracterizado por disputas ideológicas e políticas sem o
confronto armado, entre Estados Unidos e a extinta União Soviética.
104
O processo de erosão do Serviço Social tradicional brasileiro repercutiu na possibilidade de se repensar a formação
e prática profissional. Em sintonia com o Movimento de Reconceituação Latino-Americana, o serviço social
brasileiro viu a possibilidade de se atualizar a partir de pressupostos progressistas. Porém, com a implementação
do golpe militar e a suspensão da democracia, tais referências tiveram que ser abandonadas pelos profissionais.
Apesar do abandono aos pressupostos contidos no Movimento de Reconceituação, de caráter progressista e
antagônico ao momento sócio-político que o país vivenciara, iniciou-se, no Brasil, um processo nacional
possibilitando a renovação da profissão, superando, assim, as práticas contidas no serviço social tradicional,
desembocando em três vertentes.
A seguir, iremos discutir um pouco cerca dos impactos do regime militar sobre a profissão.
6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
O processo de erosão do serviço social tradicional tornou-se consequência concreta, em um contexto marcado por
novas expressões da questão social, em um quadro político em que o Estado reconfigurou as suas ações sobre as
novas formas da questão social. Assim, a partir dessas modificações, exigiu-se da profissão às novasadequações 
problemáticas emergentes.
Foi a partir desta materialidade que, no interior da profissão, iniciou-se um movimento questionador da
importação de teorias estrangeiras as quais davam ao serviço social tradicional. Isto tensionou a profissãocorpo 
pela procura de conhecimentos próprios em sintonia com as particularidades da América Latina. Foi neste bojo
que, segundo Netto (2011), o Movimento de Reconceituação desenvolveu-se.
ESCLARECIMENTO
O processo de erosão do serviço social tradicional aconteceu, no período do regime militar no
Brasil, assim como em toda América Latina, no tocante à crítica às teorias e os métodos
importados, sobretudo do Estados Unidos e da Europa.
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Fonte: © Vahe 3D / / Shutterstock.
Mesmo com a implementação do golpe militar, em 1964, no Brasil, o marco inicial do Movimento de
Reconceituação foi o 1º Seminário Regional Latino-Americano de Serviço Social, realizado em Porto Alegre, em
1965. Como já sinalizamos, a direção deste movimento era pautada em ideias e ideais progressistas, antagônicos
para um cenário ditatorial. Sendo assim, foram abandonados.
A erosão do serviço social tradicional permitiu à profissão o encontro com o pluralismo de ideias, possibilitando o
questionamento de suas bases confessionais e doutrinárias. No entanto, com a implementação do regime
ditatorial, o progressismo que caracterizava o Movimento de Reconceituação foi abandonado, ao mesmo tempo
que permitiu à profissão iniciar um processo de Renovação restrito à realidade brasileira (NETTO, 2011).
No próximo tópico, versaremos sobre o cerceamento da liberdade dos profissionais do serviço social dissidentes ao
regime militar brasileiro.
CURIOSIDADE
A importância deste seminário regional foi tamanha que, a partir dele, fundou-se a Associação
Latino-Americana de Escolas de Serviço Social (ALAETS), sendo esta responsável pela articulação
de profissionais pela reconceituação.
106
6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
Para apreendermos a expansão das expressões objetivas da ditadura militar sobre a profissão, segundo Netto
(2011, p. 117), é importante que possamos captar “as relações entre o movimento global do ciclo autocrático
burguês e o Serviço Social”, a fim de que possamos localizar estas novas condições e sincronizá-las à dinâmica e ao
significado histórico da autocracia burguesa brasileira.
Foi a partir da valorosa contribuição de Netto (2011) que podemos captar o trato repressivo do regime ditatorial
aos profissionais do Serviço Social, seja estes docentes, profissionais inseridos nas mais variadas políticas e
estudantes. A para esta repressão, que se objetiva da marginalização até o exílio, seria a inquietaçãojustificação
com o regime e a divulgação do pensamento dissidente.
Fonte: © Holli / / Shutterstock.
O regime ditatorial brasileiro não se detinha apenas à marginalização e ao exílio do pensamento dissidente, mas
também, realizava prisões etorturas. Netto (2011) chama atenção para o caso do professor Vicente de Paula
Faleiros, perseguido por duas ditaduras da América Latina: a chilena, seu país de origem e a brasileira. O mesmo
autor também sinaliza a longa lista de profissionais, docentes e discentes que foram perseguidos e silenciados pelo
regime (inclusive o próprio José Paulo Netto e Marilda Iamamoto).
Ao mesmo passo que havia perseguição e cerceamento da liberdade aos profissionais dissidentes do serviço social,
pois estes expressavam publicamente o seu descontentamento com o regime ditatorial, também havia a
PAUSA PARA REFLETIR
Por que a conjuntura social-política-econômica-cultural influiu sobre a profissão?
107
conversão: parcela de profissionais que constituíam um bloco homogêneo em sintonia com as diretrizes do regime.
A esta vertente do processo de renovação profissional, Netto (2011) intitulou de modernização conservadora.
A seguir apresentaremos as características da atuação profissional durante este período, com destaque para as
suas possibilidades.
6.2 As possibilidades de atuação profissional
Neste contexto sócio-histórico, abriu-se um leque de possibilidades ao serviço social, em comparação ao fazer
profissional alicerçado no tradicionalismo que marcou a gênese da profissão. No entanto, como bem pontua
Cardoso (2013), a prática profissional, naquele momento, por meio da vertente da renovação, denominada de
modernização conservadora, foi funcional à ditadura e buscou modernizar e trazer cientificidade para a formação e
exercício profissional. Mas, conserva muitos aspectos presentes na categoria desde a sua gênese, tais como o
tratamento moralizante e de responsabilização individual sobre as expressões da questão social.
Assim, é perceptível a congruência e a funcionalidade que profissão tomou nesse momento, ao ser peça-chave
para os interesses do regime, sobretudo no que se refere à condução e à aplicabilidade das políticas públicas
(NETTO, 2011). Percebe-se, portanto, o aprofundamento do conservadorismo e do tradicionalismo que marcaram
a origem da profissão, em um tratamento moralizante sobre a questão social (CARDOSO, 2013).
Mas é importante destacar: apesar de a vertente apontar para modernização conservadora do fazer profissional,
em total sintonia com os ditames do regime militar, foi nesse momento que a profissão adentrou em espaços os
quais possibilitaram o contato com pluralismo e o repensar profissional. A seguir, trabalharemos com a requisição
profissional do período.
CURIOSIDADE
Em 2016, durante o 15º Congresso Brasileiro de Assistente Sociais (CBAS), em Olinda (PE), o
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) inaugurou a exposição de painéis do projeto: Serviço
Social, Memórias e Resistências Contra a Ditadura Militar Brasileira.
PAUSA PARA REFLETIR
Mesmo a categoria profissional rompendo com o tradicionalismo, houve continuidade do
conservadorismo. Porém, quais as possibilidades que a modernização conservadora trouxe à
profissão?
108
6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
Com os processos inaugurados por meio da implementação do regime ditatorial, sobretudo, com anunciado 
, a requisição profissional por assistentes sociais aumentou significativamente, instaurando,milagre econômico
assim, um “mercado nacional de trabalho, macroscópico e consolidado” à profissão na realidade brasileira
(NETTO, 2011, p. 119).
Fonte: © quinky / / Shutterstock.
O , como se sabe, reorientou progressivamente a política social, vinculando-a ao sistemamilagre econômico
produtivo. O objetivo disso foi o de acentuar as distorções entre a produção e consumo para que, assim, fosse
possível atingir melhores índices no crescimento econômico. Isto fazia crer, portanto, que o desenvolvimento
social era consequência automática do crescimento econômico.
É a partir desta reorientação que a “(...) prestação de serviços sociais (educação, saúde, habitação, assistência e
etc.) passa a contribuir para a reprodução e maior produtividade da força de trabalho” (SILVA, 2011, p. 51). Temos,
portanto, no período, uma política social centralizada, focalizada e clientelista. À categoria profissional dos
assistentes sociais cabia, portanto, a operacionalização direta e terminal destas políticas (NETTO, 2011).
109
A requisição profissional, como podemos constatar, aumentou significativamente. Em contraste, os assistentes
sociais eram requeridos para lidar com operacionalização terminal e direta de políticas sociais, ou seja, sem ter
espaço para refletir sobre o porquê do fazer profissional. Assim, notamos os traços de continuidade com o serviço
social tradicional, embora se afirmasse que a categoria profissional havia passado pelo processo de modernização
naquele momento.
A seguir, analisaremos as principais atividades desenvolvidas por esses profissionais durante o período.
6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
O modelo de Estado instaurado com o golpe militar orientou o conjunto das profissões a atender aos interesses
impostos pelo regime, no tocante à uma nova atuação frente às expressões da questão social. Neste sentido, o
serviço social também teve a sua prática profissional reorientada para atender e dar respostas, às necessidades
que o Estado militar demandava.
Fonte: © Everett Historical / /Shutterstock.
Neste sentido, a atuação profissional, durante o regime militar, dava-se em três espaços ocupacionais. Clique na
interação para conhecer esses espaços.
PAUSA PARA REFLETIR
Quais as mediações que são responsáveis para o questionamento da prática profissional do
serviço social?
110
Estado Respondendo às expressões da questão social coercitiva, tecnocrática e
meritocraticamente, conforme a demanda econômica do capital.
Multinacionais
As quais necessitavam de profissionais preparados para lidar com o aparato burocrático e
que pudessem intervir diretamente na relação capital e o trabalho.
Filantropia
privada
Muito se expandiu diante do aprofundamento da questão social, decorrente do processo de
urbanização da população brasileira (CARDOSO, 2013; NETTO, 2011).
A atuação profissional, portanto, passou por estas alterações enquanto resultado direto de uma revisão do papel
profissional (CARDOSO, 2013), tendo em vista o surgimento de um novo padrão de exigências ao serviço social
brasileiro. Assim, as principais atividades desenvolvidas pelos assistentes sociais eram as de possibilitar o
desenvolvimento dos indivíduos, mas procurando a integração e a harmonização das relações sociais.
Desse modo, o serviço social, por meio do diagnóstico do problema social, deveria procurar a sua solução imediata
a fim de possibilitar não apenas a resolução, mas impedir conflitos e permear a harmonização e a integração das
relações sociais, conflitantes, tendo em vista a expansão da industrialização. A seguir, veremos as políticas sociais e
atuação profissional, especificamente.
6.3 Políticas sociais e atuação profissional
Como já sinalizamos, um dos espaços sócio-ocupacionais em que o serviço social, no período da ditadura militar
brasileira, obteve expansão de sua atuação profissional foi no Estado.
Também vimos que este ditatorial era orientado por três direções no enfretamento às expressões da questão
social: a coerção, a tecnocracia e a meritocracia. Sendo assim, a atuação profissional, nas políticas públicas
desenvolvidas pelo Estado brasileiro, também foi orientada por estas direções. Vejamos a seguinte sistematização,
para melhor fixação deste conteúdo.
111
Direções no enfrentamento às expressões da questão social
Veja que esta orientação, contida nas diretrizes que formulariam as políticas públicas pelo Estado ditatorial, trazia
consigo a compreensão sobre a questão social, enquanto problemas individuais, desajustes e patologias a serem
corrigidas e tratadas pela atuação profissional do serviço social.
Percebe-se que, mesmo havendo uma ruptura com a atuação do serviço social tradicional, esta não acontece
definitivamente, trazendo, nessa fase, traços de continuidade.Logo, essa perspectiva modernizadora (mas também moralizadora), remete a profissão a responder às expressões
da questão social com “(...) ações pontuais de enquadramento e ajustamento dos indivíduos, (...), propondo,
assim, ao Serviço Social, uma intervenção corretiva e preventiva” (CARDOSO, 2013, p. 139).
A seguir analisaremos o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento.
6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
O Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP) foi organizado pelo ministro do Planejamento João Paulo
dos Reis Velloso, no governo do presidente militar Emílio Garrastazu Médici (1969-1974). A orientação principal do I
PNP era inserir o Brasil entre as nações desenvolvidas no espaço de tempo de apenas uma geração. O I PNP estava
em sintonia com os princípios traçados no Programa de Metas e Bases apresentado em 1970. 
112
Fonte: © Creative Stock Studio / / Shutterstock.
Vejamos a seguinte sistematização, a fim de melhor fixar o conteúdo sobre a construção do I PND. 
113
Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento
Algumas metas foram traçadas pelo I PND, para que, assim, fosse possível alcançar a finalidade de colocar o Brasil
entre as nações desenvolvidas, sendo elas: de duplicar a renda per capita do país até 1980; de elevar o crescimento
do produto interno bruto (PIB) até 1974, com base numa taxa anual entre 8% e 10%. Se fosse possível um
crescimento tão vertiginoso assim, o Brasil conseguiria controlar as taxas de inflação e aumentaria a oferta por
emprego, chegando em até 3,2% em 1974.
Assim, portanto, a aposta contida no I PND era consolidar o desenvolvimento industrial no Brasil, aprofundando
processos de modernização, mas que não rompiam, como já se sabe, com a estrutura desigual do nosso país. A
seguir, iremos conhecer o projeto Rondon e os Centros Sociais Urbanos (CSU’s).
6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
O projeto Rondon foi fomentado por meio de uma iniciativa particular de uma equipe composta por 30 estudantes
universitários e dois (2) professores universitários, que pertenciam às faculdades do antigo estado da Guanabara,
no ano de 1967. A proposta era levá-los para vivenciarem a realidade da zona da mata amazônica e o Estado
escolhido, para tanto, foi o de Rondônia. Em 1968, por meio do decreto n. 62.927, de 28 de junho de 1968, criou-se
o GT (grupo de trabalho), subordinado ao Ministério do Interior, responsável pela institucionalização do projeto.
114
Em 1970, o GT foi transformado em um Órgão Autônomo da Administração Direta, por meio do decreto n. 67.505,
de novembro de 1970 e já em 1975, por meio da lei n. 6.310, foi instituída a Fundação Rondon, ativa até hoje. Houve
modificações, em relação à estrutura administrativa do projeto, no entanto, os objetivos continuam sendo os
seguintes. Clique nos ícones e confira.
Contribuir para o desenvolvimento.
Fortalecimento da cidadania do estudante universitário.
Desenvolvimento sustentável.
O bem-estar social e a qualidade de vida nas comunidades carentes, usando as habilidades universitárias.
Ou seja, a proposta do projeto é unir as , adquiridas em sala de aula, com ohabilidades universitárias
melhoramento da qualidade de vidada população.
Para melhor apreensão dos dados trazidos, vejamos a seguinte sistematização sobre o surgimento,
desenvolvimento e institucionalização do projeto Rondon:
Desenvolvimento e institucionalização do projeto Rondon
115
Desenvolvimento e institucionalização do projeto Rondon
Acima, vemos quais foram os principais objetivos do desenvolvimento e da institucionalização do projeto Rondon.
Já a construção dos Centros Sociais Urbanos (CSU’s) datam da metade da década de 1975, a qual se deu por meio
do decreto presidencial de n. 75.922, de julho daquele ano. A finalidade dos centros era o de promover a integração
social nas cidades, por meio do desenvolvimento de atividades comunitárias nos campos da educação, cultura e
desporto, da saúde e nutrição, do trabalho, previdência e assistência social e da recreação e lazer (BRASIL, 1975).
O presidente do Brasil, no período da construção do CSU, era Ernest Geisel (1974-1979). Naquele momento, a
ditadura militar adentrou o segundo momento do tratamento das expressões da questão social, sofrendo um giro,
indo do tratamento policialesco à percepção da integração social.
Assim, tanto o projeto Rondon, quanto a construção dos CSU’s, atentaram à lógica da reorientação das políticas
públicas, em fase da proposta de integração social.
Ambas, portanto, fizeram parte do desenvolvimento de estratégias elaboradas pelo regime ditatorial, que tentou
reconstruir consensos e se perpetuar. A seguir, iremos nos apropriar melhor dos pressupostos dessa diretriz da
política social assumida nos governos militares.
6.4 A Política de integração social
A política de integração social fez parte da segunda fase da ditadura militar brasileira, no momento em que o
regime reorientava a ação sobre as expressões da questão social. Assim, passou-se de um tratamento meramente
policialesco, para uma lógica de harmonização e apaziguamento dos conflitos resultantes das relações sociais
antagônicas capitalistas.
Neste sentido, ao passo que o regime percebeu a limitação do tratamento pela força, reorientou e construiu
mecanismos que possibilitassem a supressão destes conflitos. Assim, as expressões da questão social foram
tratadas como problemas individualizados dos sujeitos sociais que, por meio da matriz de pensamento positivista-
funcionalista, puderam ser diagnosticados e cuidados.
Fonte: © Viktoria Kurpas / / Shutterstock.
116
Cabe, portanto, ao serviço social, criar mecanismos, por meio da atuação profissional, captar os problemas sociais,
mas também resolvê-los a fim de possibilitar a integração e harmonização. A seguir, iremos trabalhar com a Legião
Brasileira de Assistência, a fim de conhecer melhor esta instituição.
6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi a primeira grande instituição nacional de assistência social no país
(IAMAMOTO; CARVALHO, 2011), sendo organizada em decorrência da participação do Brasil na Segunda Guerra
Mundial. O objetivo dela, como é resgatado pelos autores citados é o de “de promover as necessidades das famílias
cujos os chefes haviam sido mobilizados, e, ainda, prestar decidido concurso ao governo em tudo que se relaciona
ao esforço da guerra” (Idem, 2011, p. 265).
Assim sendo, o surgimento da LBA teve importante papel: o de mobilizar a opinião pública em torno do apoio da
participação do Brasil na Segunda Grande Guerra. Isto foi promovido pelo governo da época que também orientou
a população a apoiar o governo militar. Neste sentido, esta instituição funcionaria na construção de consensos,
seja no apoio à guerra, seja no respaldo ao regime ditatorial brasileiro, nos anos seguintes à sua construção.
A LBA, após a sua primeira campanha assistencial de nível nacional, “(...) foi de grande importância para
implantação e institucionalização do serviço social, contribuindo em diversos níveis para a organização, expansão
e interiorização” (IAMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 267) da profissão, no tocante à consolidação e à expansão do
ensino especializado e do aumento do número de trabalhadores sociais.
A seguir, para melhor sistematização do conteúdo, vejamos a seguinte sistematização:
A LBV
No esquema cima, observamos os papéis fundamentais da LBA à época de sua criação.
A atuação profissional do serviço social, nessa instituição, manteve o padrão preexistente à época, no que se refere
ao “(...) e , as visitas domiciliares e entrevistas continuam sendo o fundamento do inquérito pesquisa social serviço
 (IMAMOTO; CARVALHO, 2011, p. 267 – itálicos do original).social de casos individuais
117
Por fim, a seguir, iremos conhecer a Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor.
6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) foi criada pelo decreto de n. 4.513 de 1964, com o
objetivode formular e implementar a Política Nacional de Bem-Estar do Menor. Também deveria promover
assistência em sintonia com os princípios constantes em documentos internacionais, por exemplo, a Declaração
Universal da Criança, promulgada em 1959.
A assistência prestada pela FUNABEM possuía o foco no princípio do bem-estar, voltando-se à intervenção no
processo de marginalização da vida social, seja esta acometida pela criança, adolescente ou família. Ou seja, a
finalidade era a de possibilitar a integração social, por meio de ações geradoras da conscientização, do amparo e
do auxílio. Portanto, para esta fundação, a assistência ao menor só se realizaria por intermédio da família.
A FUNABEM, pautava-se na , destinada à criança e aos adolescentes pobres,cultura da institucionalização
principalmente os dos grupos considerados perigosos. Isto se dava por intermédio do confinamento no complexo
institucional que estrutura a Fundação. Como já vimos, a proposta das políticas de integração social era a de
detectar a e elaborar a a fim de permitir a harmonização desta relação conflitante.situação-problema solução
Neste caso, internava-se o problema no intuito de solucioná-lo.
Durante o regime ditatorial brasileiro, a FUNABEM funcionou como um instrumento de legitimação de um sistema
que não teria como se manter apenas pelo uso da força, da coerção e do autoritarismo. Neste sentido, o
tratamento dos governos militares aos menores carentes foi uma característica marcante na conquista de 
consensos e da formação da opinião pública, justificando, inclusive, abusos dos direitos humanos destas pessoas.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um mapa conceitual, destacando
as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu mapa conceitual, procure destacar os
elementos mais centrais, considerando as leituras básicas e complementares realizadas.
Recapitulando
Neste capítulo, trabalhamos com a temática que envolve o serviço social no contexto da ditadura militar brasileira.
Buscamos, assim, discutir a inserção da profissão em um contexto social-histórico-político-cultural caracterizado
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a sintonia entre a FUNABEM e as políticas de integração social promulgadas pelo regime
ditatorial brasileiro? 
118
pelo autoritarismo, pela censura, pela tortura e pela violação dos direitos humanos, civis e políticos. É importante
ressaltarmos a necessidade de partirmos da apreensão social e histórica sobre a profissão, tendo em vista que esta
é um produto das relações sociais capitalistas.
A partir de tal pressuposto de apreensão do real, podemos captar as mediações que implicam em práticas
profissionais em sintonia com a conjuntura social-política-econômica-cultural do regime ditatorial, como uma
determinação social. Apesar de tratarmos este momento enquanto , paralelamente, não significou amodernizador
ruptura total com o projeto conservador que marca a gênese do serviço social. Pelo contrário, o que podemos
analisar é ruptura, mas, também, a continuidade de traços presentes no serviço social tradicional.
Durante o regime ditatorial, a realidade exigiu da profissão novas técnicas e capacidades teóricas para intervir
junto às expressões da questão social, e foi abrindo espaço para que a profissão também pudesse questionar sobre
o porquê do seu fazer profissional.
A ação meramente policialesca do regime estava mostrando a sua ineficiência, exigindo novas formas de atuação.
Foi assim que as políticas de integração social surgiram e aqui se encaixa a FUNABEM, totalmente em sintonia com
a construção de consensos pela ditadura.
Referências
BRASIL. Lei n. 75.922, de 1º. julho de 1975. . Portal da Câmara dos Deputados. Brasília, DF, 1º. jul. 1975.Decreto
Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-75922-1-julho-1975-424462-
>. Acesso em: 11/07/2019.publicacaooriginal-1-pe.html
CARDOSO, P. F. G. : os Diferentes Caminhos do Serviço Social no Brasil. Campinas:Ética e Projetos Profissionais
Papel Social, 2013.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. : Esboço de uma InterpretaçãoRelações Sociais e Serviço Social no Brasil
Histórico-Metodológica. 35. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
NETTO, J. P. : uma Análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 16. ed. São Paulo: Cortez,Ditadura e Serviço Social
2011.
SILVA, M. O. S. Resgate Teórico-Metodológico do Projeto Profissional de Ruptura. 7.O Serviço Social e o Popular: 
ed. São Paulo: Cortez, 2011.
119
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-75922-1-julho-1975-424462-publicacaooriginal-1-pe.html
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-75922-1-julho-1975-424462-publicacaooriginal-1-pe.html
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 7 - O SERVIÇO SOCIAL NO 
CONTEXTO DA NOVA REPÚBLICA (1986-1989)
Micaela Alves Rocha da Costa
120
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Conhecer os principais desafios do serviço social no período.
• Reconhecer a importância dos processos democráticos.
• Identificar os avanços consolidados na carta constitucional de 1988.
Tópicos de estudo
• A transição democrática e o saldo dos governos militares.
• A crise e a falência dos Estados.
• A inexistência de condições de intervenção prático-profissional.
• Situação econômica do período.
• Reorganização do serviço social.
• O serviço social e movimentos sociais.
• A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular.
• O serviço social no contexto da constituição cidadã.
• Seguridade social.
• Saúde universal.
• Previdência contributiva.
• A assistência social ganha de política pública.status
Contextualizando o cenário
O processo de redemocratização do Brasil, ocorrido no contexto da Nova República (198-1989), inaugurou um 
período de conquistas significativas para o conjunto da sociedade. Pautas reivindicadas historicamente pelos 
movimentos sociais, como o direito a saúde, a assistência social e a previdência social se transformaram em 
direitos sociais assegurados na Constituição Federal de 1988.
Nesse cenário, o serviço social também vivencia os rebatimentos desta conjuntura e reorganiza-se, incorporando 
novos valores e se aproximando, cada vez mais da classe trabalhadora. O processo democrático contribui para a 
construção do projeto profissional e para a maturidade da profissão no país.
Diante desse cenário, surge a seguinte questão: qual foi a principal conquista deste período? E qual sua 
importância para a história do país?
7.1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
A ditadura militar no Brasil teve início em 1964, e foi encerrada em 1985, com a abertura gradual do regime. Esse 
processo de transição deixou uma série de consequências para serem enfrentadas pelo conjunto da sociedade e 
das representações políticas. O saldo dos governos militares se referendou com uma grave crise econômica que 
impactou sobre todo o país e também atingiu o serviço social brasileiro.
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Nesse sentido, as manifestações desse período repercutem na categoria de forma negativa, considerando a
inexistência de condições para a intervenção profissional que se desdobram com a crise em tela. Neste
subcapítulo, nos debruçaremos sobre os determinantes da situação econômica do Brasil que permearam o
processo democrático em desenvolvimento.
7.1.1 A crise e a falência dos Estados
O processo de transição democrática no Brasil foi acompanhado por uma série de elementos que particularizam
este cenário no país. Uma das principais características destacadas desse período é a grave crise econômica que
vinha se aprofundando desde o período desenvolvimentista, em 1961.
Com a superação do golpe militar e do projeto de modernização conservadora, a influência norte americana na
política econômica brasileira continuou ganhando espaço e provocando, cada vez mais, uma relação de
dependência do capital estrangeiro e de grandesagências internacionais, como o Fundo Monetário Internacional
(FMI) no país na década de 1980.
Uma das mais expressivas manifestações da crise instalada na época é o aumento da inflação a índices alarmantes,
que comprometeram significativamente a economia brasileira. Ainda que a interferência do FMI tenha buscado
aliviar a crise, a dívida externa do país aumentava cada vez mais, provocando uma dependência econômica
acentuadíssima, que refletia em toda política econômica do Brasil.
Fonte: © g0d4ather / / Shutterstock.
ESCLARECIMENTO
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem por objetivo auxiliar na reconstrução financeira dos
países que estejam em dificuldade econômica nos períodos recessivos.
122
Com a economia profundamente desestabilizada, a falência dos Estados era uma consequência cada vez mais
concreta e que preocupava o governo e sua relação com o conjunto da sociedade, após o turbulento período
ditatorial. De acordo com Silva (2006), a transição democrática é marcada pela crescente dívida externa, arrocho
salarial, aumento da miséria, índices inflacionários significativos, entre outras expressões.
Assim, a conjuntura do país, impactada pela crise, incidiu diretamente sobre a diminuição dos gastos públicos nas
políticas sociais, atingindo sobremaneira a população, que ainda se recuperava do regime militar. O crescimento
da pobreza exigiu uma maior atenção por parte do Estado, que tentou se equilibrar na crise, mas não conseguiu.
Os rebatimentos desse delicado contexto econômico e político também se manifestaram sobre o exercício
profissional, provocando o serviço social brasileiro a entender a complexa conjuntura e intervir no processo frente
às condições impostas, conforme veremos no próximo item.
7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
Com o aprofundamento da desigualdade social, determinado pela crise econômica vigente no país, a classe
trabalhadora sentiu duramente as consequências do cenário regressivo de inúmeras formas.
O esgotamento do Estado provocou a redução de todo o gasto público como medida para atenuar o crescimento
dos índices inflacionários. Isto incidiu sobre o conjunto de políticas públicas, por meio da diminuição de
investimentos e congelamento das despesas.
Dessa forma, a precarização das condições de trabalho no espaço público implicou no impacto das políticas que,
consequentemente, manifestaram-se sobremaneira no cotidiano da classe trabalhadora. Deste modo, as
consequências do período se expressam “[...] na deterioração econômica das condições de vida do povo brasileiro,
agravada pela crise do padrão intervencionista do Estado e sua consequente incapacidade de investimento sendo
as políticas sociais duramente atingidas” (SILVA, 2006, p. 46).
Fonte: © Nolte Lourens / / Shutterstock.
Assim, a crise econômica impactou em dois eixos: na pauperização da classe trabalhadora e no enxugamento dos
gastos das políticas sociais, os quais atingiram a população e também os trabalhadores desses espaços sócio
ocupacionais. No que concerne ao serviço social, é importante ressaltar que, com uma conjuntura marcadamente
regressiva, os campos de atuação dos assistentes sociais também se tornaram cada vez mais limitados e
precarizados.
123
Com o aumento da miséria oriunda da crise, o fazer profissional se limitou à administração dos parcos recursos
destinados à manutenção das políticas sociais e dos benefícios frente a crescente demanda de usuários.
Paralelo a esse processo de precarização no âmbito do exercício profissional, ocorreu um movimento de ruptura
com o conservadorismo, que instigou a categoria profissional a uma maior aproximação com os setores populares
e com os movimentos sociais, na defesa de um pensar crítico no serviço social, e de bandeiras de luta importantes
como o direito a saúde, a educação, a assistência social, etc.
Esse contexto contribuiu para o amadurecimento da profissão, no entendimento do serviço social enquanto classe
trabalhadora, e na importância da articulação com os movimentos sociais em defesa dos interesses coletivos.
A seguir, veremos a situação econômica do período.
7.1.3 Situação econômica do período
Todo esse panorama econômico e político da conjuntura brasileira obedecia a uma lógica bastante conhecida pela
classe trabalhadora, em que a desigualdade entre as classes sociais permanecia legitimada pelos setores
dominantes da sociedade.
Embora o discurso sobre a dívida social deixada pelo regime militar à toda classe fosse uma frase constante entre
as autoridades da época, a questão econômica permanece central para o governo.
É neste contexto de transição democrática, após a morte do candidato a presidência Tancredo Neves, que seu vice,
José Sarney (1985-1990), juntamente com sua equipe ministerial, elaborou uma proposta de enfrentamento à crise
que perdurava no país, intitulada Plano Cruzado.
O plano consistia em um conjunto de medidas econômicas que congelava os salários e os preços de diversos
insumos, desde alimentos a produtos químicos, de forma a tentar controlar a hiperinflação. Embora todos os
esforços fossem empenhados, a crise econômica não correspondeu aos resultados esperados para o governo e
para a população. Por isso, a década de 1980 é conhecida como década perdida.
Diagrama sobre a situação econômica da década: contexto econômico recessivo do período da Nova República
(1986-1989).
No que se refere ao plano político, após a experiência de controle, censura e violência no regime militar, a
população mostrou desconfiança e insatisfação pelos partidos políticos. Esse descontentamento também se
estendeu ao governo de Sarney frente à situação de aumento inflacionário que rebatia diretamente sobre toda a
população, visto que, embora o regime tenha sido aberto, as condições econômicas permaneciam difíceis para
todo o conjunto da sociedade.
124
É neste período que a organização dos movimentos sociais na luta pela garantia de direitos, diante da grave
recessão econômica, tensionou o governo de modo a evitar a radicalização das forças opositoras e exigiu um maior
diálogo entre os setores dominantes e a classe trabalhadora, como veremos a seguir.
7.2 Reorganização do serviço social
A retomada da democracia no Brasil provocou a aprofundamento das lutas sociais em torno de pautas históricas
para a classe trabalhadora. Esse movimento contribuiu diretamente para o serviço social e permitiu que a
categoria profissional adensasse as fileiras junto aos movimentos sociais em prol da garantia dos direitos. Esse
momento histórico possibilitou um processo de reorganização da profissão e o compromisso com as demandas
oriundas da classe trabalhadora.
Assim, o Código de Ética profissional, de 1986, inaugurou esse novo período para o serviço social e para o contexto
de ruptura com o conservadorismo, reorientando os rumos da atuação profissional. A participação da população
na cena política favorecida pelo processo democrático incentivou esse momento de reorganização profissional,
bem como a nova perspectiva política da categoria que também favoreceu a luta pelos direitos sociais, conforme
veremos neste subcapítulo.
7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
A abertura do regime e o processo de redemocratização foram uma conquista importante da classe trabalhadora e
dos movimentos sociais. Ainda que a crise econômica determinasse uma certa imobilidade para a população
devido aos altos índices da inflação, a participação social foi um elemento muito importante neste processo.
No que se refere ao âmbito do serviço social, essa contribuição também foi positiva. O processo de reorganização
da profissão teve como um dos avanços significativos a relação direta com a organização mais geral dos
trabalhadores (SILVA, 2006). Ou seja, diante deste novo contexto, houve a criação de uma vinculação junto à classe
trabalhadora, isto é, o entendimento da categoria profissional de que o assistente social é trabalhador e está
incluído no contexto da luta geral dessa classe.
Assim, a compreensão da profissão enquantocategoria que é parte da diversidade da classe trabalhadora permitiu
aos assistentes sociais a construção de uma agenda política e profissional junto aos movimentos sociais,
confirmando a direção democrática e popular assumida, além de permitir a reorganização da profissão e a
inserção dos profissionais na luta geral dos trabalhadores (MORO; MARQUES, 2011).
PAUSA PARA REFLETIR
Por que a década de 1980 é conhecida como a ?década perdida
125
Fonte: © Brett Jorgensen / / Shutterstock.
O compromisso com os movimentos sociais e a presença do serviço social nas lutas sociais despertou reflexões na
categoria profissional acerca da importância da ampliação da cidadania para a classe trabalhadora. As
reivindicações de setores organizados ganharam mais espaço na disputa política frente ao contexto econômico
regressivo na conjuntura da época.
E é neste contexto que a inserção de profissionais junto aos movimentos sociais contribuiu tanto para a formação
profissional, como para atuação profissional do serviço social nos mais diversos espaços sócio ocupacionais. Para
Moro e Marques (2006), a partir desta aproximação houve o estabelecimento de um vínculo orgânico aos interesses
populares que se referendou por toda a profissão e em seus espaços de trabalho.
Assim, uma das maiores contribuições deste período foi consolidada com a aprovação do Código de Ética
Profissional, de 1986, que indicou a ruptura com os valores conservadores de outrora e o estabelecimento de novo
horizonte político por meio do compromisso com a classe trabalhadora e na superação de uma perspectiva a-
histórica e acrítica.
ASSISTA
O filme retrata o nascimento da Nova República, no contexto deDepois da chuva
redemocratização do país. O enredo é desenvolvido a partir da história de Caio, um adolescente
libertário, que vive o despertar de sua consciência política e das jovens paixões.
126
Fonte: © / / Shutterstock.
A partir da ampla mobilização social, que contou com a adesão de inúmeras categorias profissionais, como o
Serviço Social, a reivindicação pela ampliação da cidadania e a consolidação da democracia se transformaram em
pautas cada vez mais defendidas pelos movimentos sociais e pela classe trabalhadora.
Esse processo político instaurou as bases para a formulação da constituição da carta magna.
7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação 
popular
O processo de lutas pela redemocratização da sociedade foi um movimento construído coletivamente por amplos
setores da classe trabalhadora desde o início da Nova República. Com o contraponto da grave crise econômica, o
Estado buscou direcionar as forças políticas sem fomentar a radicalização das classes subalternas.
A partir do presidente Tancredo Neves, a discussão sobre a necessidade de uma assembleia constituinte já havia
sido publicamente divulgada. De forma estratégica, Sarney convocou uma proposta de constituinte que englobou
somente parlamentares eleitos para a construção de uma assembleia constituinte congressual, deixando a
população de fora deste espaço.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual a importância do Código de Ética de 1986?
127
Frente às pressões populares que entendiam a participação popular como central no processo democrático, houve
a produção e a distribuição de materiais para toda a população que possibilitavam a reflexão acerca da
importância da cidadania em processos constituintes.
Desta maneira, utilizando-se da intensa mobilização que possibilitaram mudanças na conformação da constituinte
congressual, os setores organizados da sociedade conseguiram apresentar suas reivindicações através de emendas
populares que seriam apresentadas no congresso na discussão e elaboração da Carta magna.
De acordo com Versiani (2010, p. 244), “[...] garantia-se a possibilidade de qualquer eleitor apresentar emendas ao
projeto de Constituição, contanto que subscritas por 30 mil cidadãos brasileiros e referendadas por três entidades
da sociedade civil”.
Fonte: © Millenius / / Shutterstock.
Por meio desta estratégia, amplos setores da sociedade participaram e contribuíram com a ampliação da 
democracia mediante as emendas. Esse exercício político elevou o nível de consciência cidadã da população, 
recuperando a crença, ainda que com limites, nas instâncias governamentais. A Constituição Federal de 1988 é o 
marco histórico deste processo, como veremos a seguir.
7.3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
Os direitos sociais assegurados pela carta magna inauguraram uma nova fase para o Estado, para a população e 
para o Serviço Social. A Carta Magna (nome dado à Constituição de 1988) assegurou um conjunto de direitos
CURIOSIDADE
Tancredo Neves seria o primeiro presidente após o fim da ditadura militar, mas acabou
falecendo antes de assumir o governo. Seu vice, José Sarney, assumiu o cargo da presidência da
república.
128
sociais, fruto da luta e da mobilização popular, que objetivaram trazer melhorias para a população no âmbito da
saúde, da educação, da assistência social, da previdência, da habitação, do lazer e esporte, entre outros.
Para o serviço social, a Constituição Federal possibilitou a expansão da categoria por meio das políticas públicas,
de modo que no processo do exercício profissional o objetivo era realizar intervenções que contribuíssem para a
efetivação e viabilização dos direitos sociais junto à população. A aproximação com os movimentos sociais e o
reconhecimento da categoria enquanto parte da classe trabalhadora, incitaram a profissão a manter-se atualizada
diante da conjuntura e na defesa dos direitos historicamente conquistados a partir da Constituição Cidadã.
7.3.1 Seguridade social
Antes da Constituição Federal de 1988, o sistema de proteção social no Brasil era ofertado de forma fragmentada e
limitada, nos moldes de um seguro para os trabalhadores que dele precisarem, através de contribuição financeira
na política previdenciária.
A partir dela, a proteção social se tornou um marco histórico, pois ofereceu a integração, a estruturação e a
articulação da política de assistência social, saúde e previdência social, instituindo o tripé de atuação da
Seguridade Social.
Diagrama sobre o tripé da seguridade social: composição das políticas de Seguridade Social no Brasil a partir de
1988.
Entre as garantias ofertadas pela Seguridade Social, destacamos a universalidade da cobertura e do atendimento;
a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; a seletividade e
distributividade na prestação dos benefícios e serviços; a irredutibilidade do valor dos benefícios; a equidade na
forma de participação no custeio; a diversidade da base de financiamento e o caráter democrático e
descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores,
empresários e aposentados (BRASIL, 1988).
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Fonte: © Roung Chanthasiri / / Shutterstock.
Estes objetivos representaram um avanço importante para os direitos sociais, no sentido em que assinalaram
condições que não existiam legalmente na proteção social antes da Constituição Federal.
Todavia, é importante destacar que no novo período político e econômico que se instala após 1988, as diretrizes
propostas para a consolidação da Seguridade Social, “[...] não foram totalmente materializadas e outras
orientaram as políticas sociais de forma bastante diferenciada, de modo que não se instituiu um padrão de
seguridade social homogêneo, integrado e articulado” (BOSCHETTI, 2009, p. 9).
É neste contexto que o serviço social é contratado para trabalhar, bem como para ocupar um espaço político
enquanto integrante de movimentos sociais e da sociedade civil, na defesa da Seguridade Social e na luta pela sua
ampliação.
7.3.2 Saúde universal
A discussão sobre saúde sempre foi uma pauta presente no desenvolvimento social e histórico brasileiro, por se
tratar de uma condição fundamental e de interesse para todas as classes sociais. A partir da Constituição Cidadã
houveram avanços significativos que buscaramcorrigir as injustiças sociais acumuladas no desenvolvimento
histórico brasileiro.
PAUSA PARA REFLETIR
Dentre os avanços possibilitados pela Constituição Federal, a Seguridade Social se destaca como
importante política de proteção social. Qual a importância do Serviço Social neste contexto?
130
Dentre estes avanços, é fundamental destacar a responsabilidade do Estado em promover as condições sociais e
econômicas em reduzir o risco de doenças e o compromisso no acesso universal para toda a população. Antes da
promulgação da Constituição, a saúde não tinha o caráter de universalidade e de direito, o que prejudicava
consideravelmente a população que dela necessitava.
Além disso, podemos destacar as três diretrizes presentes na Constituição Federal que trouxeram mudanças
importantes para o âmbito das políticas de saúde. São elas: a descentralização, com direção única em cada esfera
de governo; o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais e a participação da comunidade (BRASIL, 1988).
Diagrama sobre as diretrizes da saúde: diretrizes que norteiam o funcionamento das políticas de saúde pública
no Brasil
Toda a estrutura assinalada pela Constituição Federal possibilitou ao Serviço Social sua inserção na política de
saúde, em todas as esferas: no planejamento, na execução, na fiscalização, etc. A saúde se tornou grande esfera
empregadora da profissão a partir deste período e favoreceu a produção de conhecimento nesta área por parte do
Serviço Social, de modo a fortalecer a construção coletiva e a defesa da saúde pública em detrimento do avanço do
projeto privatista.
ASSISTA
O filme conta o percurso histórico da luta pela saúde,A história da política de saúde no Brasil
resgatando as ações desenvolvidas desde sua gênese até o ano 2000 no país. Ele retrata os
avanços e os limites durante este processo.
131
É importante destacar que a participação do Serviço Social nesta área de atuação possibilitou a construção e o
aperfeiçoamento de outras legislações que são importantes e referendaram o direito universal à saúde, tal como a
lei 8.142 que versa sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde.
7.3.3 Previdência contributiva
O histórico da previdência social no Brasil é substanciado de mudanças significativas, oriundas dos
tensionamentos e lutas entre a burguesia e a classe trabalhadora. A primeira expressão da previdência social data
da década de 1920 por meio da criação das (CAP’s) por Eloy Chaves,Caixas de Aposentadorias e Pensões
objetivando oferecer aos trabalhadores associados auxílios. Clique nos ícones e confira.
Pensões.
Aposentadoria.
Auxílio funerário, etc.
Até a promulgação da Constituição Federal inúmeras modificações foram atribuídas na previdência social e a partir
da Carta Magna, conquistas importantes foram incorporadas na lei. Embora o caráter contributivo tenha
permanecido como traço significativo nesta política, dentre os principais avanços, podemos considerar: a
cobertura de eventos oriundos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de acidentes do trabalho,
velhice e reclusão; manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda; proteção à maternidade,
especialmente à gestante; a proteção ao trabalhador em situação de desemprego e a pensão por morte de
segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes (BRASIL, 1988).
132
Fonte: © FotoAndalucia / / Shutterstock.
Para além destas modificações, foram definidas condições etárias para o recebimento da aposentadoria entre
homens e mulheres, considerando os fatores determinantes à vida e ao trabalho destes grupos. Os trabalhadores
do campo também foram incluídos, sendo consideradas as disparidades entre o trabalho no âmbito urbano e no
âmbito rural.
A partir da estruturação da Previdência Social, o Serviço Social é contratado para trabalhar na viabilização dos
direitos previdenciários no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), bem como, para ocupar os espaços na
ampliação da previdência. É importante ressaltar que a partir desta configuração, a profissão também passou a
contribuir com a produção do conhecimento na defesa dos direitos previdenciários e trabalhistas.
7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
Fundamentada na Constituição Federal, a assistência social deixou seu viés filantrópico e de caridade, adquirindo
um caráter de direito disponibilizado a quem dela precisar. Na perspectiva de política pública, passam a ser
objetivos da assistência social:: a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o
amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e
reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária e a garantia
de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (BRASIL, 1988).
133
Fonte: © Avatar_023 / / Shutterstock.
De modo a alcançar os objetivos propostos, as diretrizes delineadas pela Carta Magna para a assistência social
apostaram nos seguintes pontos: a descentralização político-administrativa, distribuindo as responsabilidades de
acordo com cada ente da federação (União, estados e municípios) e a participação popular por meio de
organizações representativas para a formulação e controle das políticas.
Diagrama sobre as diretrizes da Assistência Social: diretrizes que firmam a Política de Assistência Social a partir
da Constituição Federal de 1988
É fundamental observar que este novo arranjo da assistência social também possibilitou a participação da
comunidade e o controle por parte dela. A democratização dos espaços de formulação, planejamento e gestão da
Seguridade Social foi um avanço para a Constituição Federal e para o fortalecimento do exercício da cidadania
para os movimentos sociais e para a população no geral.
Com todos estes avanços legalmente reconhecidos e a assistência social recebendo o de política pública,status
alguns desafios permanecem para os trabalhadores da área, incluindo os assistentes sociais. A herança
conservadora e os traços da filantropia ainda tensionam a assistência social como um favor do Estado e não como
um direito legalmente garantido.
Ao assistente social, enquanto trabalhador que viabiliza diretamente os direitos previstos na Constituição junto à
população, é de fundamental importância politizar a assistência social, de modo que,
[...] a intervenção profissional na política de Assistência Social não pode ter como horizonte somente a
execução das atividades arroladas nos documentos institucionais, sob o risco de limitar suas
134
atividades à “gestão da pobreza” sob a ótica da individualização das situações sociais e de abordar a
questão social a partir de um viés moralizante (CFESS, 2011, p.7).
Deste modo, reforçar, buscar a ampliação dos direitos reconhecidos pela Constituição e enfrentar o
conservadorismo se configuram como um dever político e profissional do assistente social, no cotidiano de
trabalho na assistência. Assim como na área da saúde e da previdência social, o Serviço Social também contribuiu
diretamente para a formulação e ampliação da política de assistência social, estendendo este direito para outros
setores da população, como os desempregados, as pessoas com deficiência, as crianças e adolescentes, etc.
Todos os avanços conquistados por meio da Constituição Federal foram resultado de uma luta histórica enfrentada
duramente pela classe trabalhadora por muito tempo, que trouxeram benefícios tanto para os usuários, como para
os profissionais responsáveis por operacionalizar as políticas da Seguridade Social. Para o serviço social, inserido
no contexto contemporâneo, a luta na defesa destes direitos deve se configurar como um dos fundamentos do
trabalho profissional.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudoo que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um Mapa Conceitual destacando as
principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu mapa conceitual considere as leituras básicas e
complementares realizadas.
Dicas: comece com um termo ou expressão principal, em seguida, conecte esse termo ou expressão a palavras de
ligação, para dar sentido ao texto. Por exemplo: A Constituição Cidadã foi a síntese de um longo processo
democrático. Atenção: Elabore o mapa com até 25 conceitos.
Recapitulando
O serviço social no contexto da Nova República acompanhou um período de intensa movimentação política frente
a situação econômica do país. Neste capítulo, pudemos compreender a crise econômica que rebateu sobre o país e
se expressou com um alto índice inflacionário, provocando a diminuição dos gastos sociais com o orçamento
público e implicou, consequentemente, no empobrecimento da classe trabalhadora e o aprofundamento da
desigualdade social, configurando a década de 1980, como década perdida.
Esse contexto possibilitou para a categoria de assistentes sociais a reorganização do serviço social, que foi
instigada pela aproximação com os movimentos sociais que se mobilizavam na luta pela garantia de direitos frente
ao contexto recessivo. A aproximação com os movimentos sociais permitiu à profissão o entendimento da
categoria profissional como parte da classe trabalhadora.
Essa contribuição classista do serviço social teve sua expressão na elaboração do Código de Ética Profissional de
1986, o qual oficializou o rompimento com o conservadorismo e estabeleceu o compromisso político com as lutas
classe trabalhadora e dos movimentos sociais.
A chamada Constituição Cidadã foi o marco histórico deste período, sendo legislação fundamental para o
reconhecimento e para a viabilização dos direitos sociais. Dentre os inúmeros avanços possibilitados pela carta
magna podemos enfatizar a importância da Seguridade Social para a população, visto que inúmeros direitos e
condicionantes foram reconhecidos pelo Estado, sendo este responsável pela oferta e a viabilização dos direitos
conquistados.
No que concerne ao serviço social, a Constituição Cidadã possibilitou, por meio da Seguridade Social, a expansão
do lócus de trabalho profissional e um espaço de resistência política aos assistentes sociais na luta contra o
135
desmonte das políticas públicas, além de referendar a articulação da profissão com os movimentos sociais na
defesa dos direitos.
Referências
BRASIL. . Disponível em: <Constituição Federal de 1988 https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988
>. Acesso em: 02/06/2019./con1988_05.10.1988/ind.asp
BOSCHETTI, I. Seguridade Social no Brasil: Conquistas e Limites à sua Efetivação. In: DireitosServiço Social:
Sociais e Competências Profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009. Disponível em: <http://portal.saude.pe.gov.br
/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/seguridade_social_no_brasil_conquistas_e_limites_a_sua_efetivacao_-
>. Acesso em: 02/06/2019._boschetti.pdf
_______. Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Assistência Social-2011. Disponível em: <
>. Acesso em: 03/06/2019.http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf
HISTÓRIA da Saúde Pública no Brasil. Brasil. Ministério da Saúde. Universidade Federal Fluminense, Organização
Pan-Americana da Saúde. São Paulo, 2006. (60 min), son., col. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=L7NzqtspLpc>. Acesso em: 03/06/2019.
DEPOIS da Chuva. Direção: MARQUES, C.; HUGHES, M. Coisa de cinema, 2013. (90 min), son., col.
MORO, M. D.; MARQUES, M. G. A Relação do Serviço Social com os Movimentos Sociais na Contemporaneidade. 
, Brasília (DF), ano 11, n. 21, p.13-47, jan./jun. 2011. Disponível em: <Revista Temporalis http://periodicos.ufes.br
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SILVA, M. O. S. : Resgate Teórico-Metodológico do Projeto Profissional de Ruptura. 3.O Serviço Social e o Popular
ed. São Paulo: Cortez, 2011.
136
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/ind.asp
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_05.10.1988/ind.asp
http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/seguridade_social_no_brasil_conquistas_e_limites_a_sua_efetivacao_-_boschetti.pdf
http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/seguridade_social_no_brasil_conquistas_e_limites_a_sua_efetivacao_-_boschetti.pdf
http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/seguridade_social_no_brasil_conquistas_e_limites_a_sua_efetivacao_-_boschetti.pdf
http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Grafica.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc
https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc
http://periodicos.ufes.br/temporalis/article/view/2185
http://periodicos.ufes.br/temporalis/article/view/2185
FUNDAMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL: 
QUESTÃO SOCIAL NOS ANOS 60-80
CAPÍTULO 8 - AS PARTICULARIDADES DO 
FAZER PROFISSIONAL E SEUS SIGNIFICADOS 
(1960-1980)
Micaela Alves Rocha da Costa
137
Objetivos do capítulo
Ao final deste capítulo, você será capaz de:
• Apresentar o debate colocado sobre a prática profissional entre as décadas de 60 a 80.
• Particularizar o debate a partir da ótica institucional.
• Oferecer ampliação das categorias teóricas formadoras do profissional de serviço social.
Tópicos de estudo
• Espaço institucional e espaço profissional.
• Espaço sócio-político das instituições sociais.
• As alternativas de ação em espaços públicos e privados.
• Participação e poder.
• Formas de participação utilizadas na época.
• O processo de planejamento e consulta popular.
• Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais.
• Estratégias de grupos populares e o movimento operário.
• As mobilizações e as relações de forças.
• Os centros sociais urbanos e a prática profissional.
• A expansão capitalista e a integração social.
• As relações de poder e o relacionamento do assistente social com a população.
Contextualizando o cenário
Ao longo de sua consolidação enquanto profissão, o serviço social passou por profundas transformações na
dimensão da formação e do exercício profissional que tiveram como referência a relação com diversos sujeitos,
desde a Igreja Católica até os movimentos sociais. A partir da década de 1960, a relação com as instituições
empregadoras começou a ganhar espaço e a forjar um novo modo de pensar e agir no âmbito da profissão e na
consciência política da categoria.
Neste capítulo, vamos nos deter acerca deste período, em que as particularidades do exercício do serviço social
ganham mais atenção por parte da categoria que, inserida no lócus institucional, passou a apreender os limites e
as possibilidades oriundas deste cenário de correlação de forças.
Para tanto, é importante refletir: quais as principais conquistas deste período para a profissão?
8.1 Espaço institucional e espaço profissional
No cotidiano de trabalho, entre as décadas de 1960 e 1980, os/as assistentes sociais engendraram um novo modo
de pensar e exercer a profissão, considerando a sociedade capitalista e as contradições inerentes a este sistema. A
inserção do serviço social em espaços institucionais possibilitou a compreensão, por parte da categoria, dos limites
e das possibilidades do saber profissional face aos interesses do Estado e das instituições privadas.
Frente aos desafios impostos e as possibilidades dadas, a categoria profissional foi responsável por imprimir um
novo direcionamento ético político, tensionando a relação com o poder institucional ao mesmo tempo em que
alargava a atuação nestes espaços sócio-ocupacionais.
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8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
As instituições sociais são espaços sócio-ocupacionais tensionados por interesses específicos da classe dominante,
embora sejam influenciadas também por setores populares. Deste modo, cumprem um papel importante, na
medida em que “[...] ocupam um espaço político nos meandros entre o Estado e a sociedadecivil” (FALEIROS, 1993,
p. 31).
Fonte: © pedrosek / / Shutterstock.
Assim, o papel político desempenhado pelas instituições sociais na época referida objetivou fomentar a conciliação
das classes sociais, visto que era necessário o consentimento da classe dominada para a legitimação da
dominante. Deste modo, as instituições se configuraram como uma arena de disputa em que o consenso e a
coerção eram empregados para promover a legitimação de uma classe (burguesia) sob a outra (proletariado).
Para tanto, dentre as estratégias mais utilizadas pelas instituições sociais estavam o uso da violência para moldar e
educar a compreensão e a vontade das classes dominadas, assim como os mecanismos ideológicos de cooptação
das insatisfações oriundas dos problemas cotidianos (FALEIROS, 1993).
ESCLARECIMENTO
A cooptação tem um sentido político neste contexto, visto que significa o convencimento de
uma pessoa a uma determinada ideologia. Por exemplo: um funcionário de uma empresa que é
convencido de que a greve não é um instrumento válido para os trabalhadores (FALEIROS, 1993).
139
Logo, o uso destas ferramentas era disposto de acordo com as situações decorrentes nas instituições e podiam ser
determinados pelos profissionais que nelas estivessem inseridos, configurando uma relação hierárquica de poder.
É neste cenário que os trabalhadores, e entre eles, os/as assistentes sociais se destacavam enquanto profissionais
que possuíam um saber técnico posto à disposição das instituições. Para tanto, o profissional se configurava como
uma autoridade profissional frente à população usuária dos serviços, que se encontrava em uma situação de
passividade.
Em vista disso, as instituições se tornaram espaços de fiscalização e patrulhamento dos usuários e do modo de
vida destes, “[...] colocando-os à mercê de quem controla a informação sobre eles e influencia
preponderantemente suas decisões” (FALEIROS, 1993, p. 33).
Fonte: © Tiko Aramyan / / Shutterstock.
Nesta lógica, as instituições transformaram as relações sociais, mercantilizando as necessidades humanas como
saúde, educação, assistência social, entre outros. O Estado capitalista subsidiou, então, parte destes serviços, para
o acesso a essa demanda por parte da população. Assim, conforme aponta Faleiros (1993, p. 34),
Os problemas que afetam o conjunto das classes dominadas são parcializados, abstraídos, analisados,
separados, classificados por categorias, que fragmentam estas classes em setores de velhos, menores,
acidentados, etc. Aparentemente, nega-se a existência de classes sociais para evitar uma possível
consciência de classe.
A atuação profissional se tornou subjacente a este direcionamento das instituições e dos interesses dominantes. A
classe trabalhadora e os movimentos sociais puderam pressionar estes espaços, provocando mudanças
institucionais e no cotidiano sócio ocupacional dos profissionais. Os/as assistentes sociais, inseridos neste
contexto, puderam ser legitimadores/as destas mudanças ou da permanência da situação, dispostos no
tensionamento da luta de classes da época.
Na sequência, veremos quais foram as alternativas de ação em espaços públicos e privados.
140
8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
A partir deste cenário em que o direcionamento político se sobrepôs no espaço institucional, coube ao serviço
social identificar diversas alternativas de ação nas esferas sócio-ocupacionais. Segundo Faleiros (1993) foram elas:
Organograma sobre as alternativas de ação profissional.
No organograma acima, vemos quais foram as principais alternativas de ação profissional do serviço social.
Conheça essas alternativas clicando nas abas a seguir:
Primeira alternativa
A primeira alternativa identificada como objetivou manter a ordem vigente,modernização conservadora
legitimando a desigualdade no âmbito profissional entre instituição e população usuária dos serviços, mas
mantendo uma atuação planejada, eficaz e eficiente. A principal expressão dela visou manter os profissionais
distantes de uma perspectiva politizada, reforçando uma suposta neutralidade.
Segunda alternativa
A segunda alternativa implicou na em detrimento da criação de um espaçonegação do trabalho institucional,
alternativo, a partir das lutas e movimentos populares. Isto é, as ações profissionais eram conjugadas juntamente
com as ações políticas, de modo a “[...] gerar alternativas particulares e globais de respostas reais aos problemas
sociais” (FALEIROS, 1993, p. 43). Conforme aponta o autor, neste período histórico, o Chile vivenciava uma
experiência por meio de um governo popular em que os profissionais trabalhavam juntamente com a população
para a implementação de tribunais de base (em detrimento de tribunais burgueses), além de participar da
construção de uma série de organismos populares controlados pela classe trabalhadora.
Terceira alternativa
A terceira alternativa chamada de objetivou uma instituição baseada na corrente contracontra institucional 
cultural, em que os serviços fossem desprofissionalizados, os regulamentos abertos, os usuários pudessem decidir
e participar de forma direta no funcionamento desta estrutura.
Quarta alternativa
141
Por fim, a quarta e última alternativa de ação visou a , emtransformação da correlação de forças institucionais
que os profissionais e a população se unissem em prol de um acordo entre os envolvidos, de forma a enfrentar a
violência institucional. Deste modo, a instituição seria utilizada pelos setores populares e pelos trabalhadores, ao
invés de utilizá-los e “[...] assim se complementam a ação de dentro com as pressões de fora” (FALEIROS, 1993, p.
44)
A seguir, conheça a dica relacionada com a primeira alternativa:
Foi a partir destas alternativas identificadas que a formação e o exercício profissional se enveredaram frente à
conjuntura da época, como veremos a seguir.
8.2 Participação e poder
Com a expansão dos espaços sócio-ocupacionais a partir da década de 1960 e a incorporação do serviço social em
grandes instituições do país, o conhecimento institucional adquirido pela categoria profissional passou a ser
pensado e elaborado de forma mais crítica, considerando os limites e as possibilidades inerentes a estes espaços.
Com a influência de autores de inspiração marxista, como Paulo Freire, Caio Prado Jr, Milton Santos, entre outros,
e por meio da relação de aproximação com os movimentos sociais, o serviço social brasileiro começou a incorporar
os ideais democráticos e os populares em expansão. Dessa forma, a prática profissional passou a ser alterada de
forma a tensionar as políticas sociais nos espaços institucionais, conforme veremos no subcapítulo a seguir.
8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
O conceito de participação apresenta diversos direcionamentos construídos por meio de perspectivas políticas
distintas. Para Faleiros (1993), este conceito possui um caráter ideológico que pode ser incorporado aos mais
diversos regimes políticos, desde os mais democráticos até os mais repressivos.
Clique a seguir e conheça as formas de participação mais utilizadas e debatidas neste período pela profissão:
Representação.
Participação e combate.
DICA
A neutralidade tem origem na Teoria Positivista e reforça um viés conservador que perdurou na
profissão. Para entender mais sobre esse tema leia Positivismo e marxismo: o debate sobre a
, deneutralidade científica e a construção do projeto profissional do Serviço Social brasileiro
Chagas (2015).
142
Participação; autonomia; participação disfarçada.
Todos estes serão analisados adiante. Mas você já pode acompanhar o organograma abaixo:
Organograma sobre as formas de participação social da época.
No organograma acima, vemos que a representação está no topo das formas de participação mais utilizadas pelo
conjunto da sociedade e do Estado.
Note que o objetivo da representação foi o consenso em torno de pautas específicas. De acordo com Faleiros (1993,
p. 74), “[...] de uma base social determinada destacam-se certos representantesque vão debater e resolver, em
nome dessa base, certos assuntos por ela propostos”, configurando, assim, o seu modo de funcionamento.
143
Fonte: © Pressmaster / / Shutterstock.
Assim, os principais limites dessa forma de participação eram a contenção de conflitos e a limitação da liberdade
de escolha dos indivíduos, que frente às alternativas já determinadas pela representação, não puderam exercer o
direito à livre escolha. Por exemplo, podemos utilizar os conselhos e parlamentos visto que “[...] não eliminam por
si mesmo a desigualdade, mas a consagram dando representação aos mais poderosos, aos ricos aos que dispõem
de recursos consideráveis” (FALEIROS, 1993, p. 76).
Já a participação e o combate eram compreendidos como as lutas sociais por parte da classe trabalhadora para o
enfrentamento da burguesia, mas também para a conquista de direitos, de reconhecimento e de poder. Ou seja,
para além de uma questão individual, a participação e o combate eram vistos como uma questão classista nesta
perspectiva.
Fonte: © Adrien Niederhaeuser / / Shutterstock.
144
De modo a contribuir com a forma da representação, a forma de participação e o combate podem controlar os
representantes de determinada base social e torná-la como representação de fato, aos interesses desta
coletividade. O exemplo clássico dessa forma de participação mediatizada pelo combate foi a Comuna de Paris.
No que se refere à participação e à autonomia, alguns grupos sociais, de modo a legitimar seus interesses, tem
construído alianças com profissionais que possam defender suas pautas através de alternativas técnicas. Para
tanto, “[...] a defesa de interesses supõe um contrato de defensor com uma clientela específica, fazendo valer seus
interesses” (FALEIROS, 1993, p.78). Essa experiência foi construída nos Estados Unidos em 1976, por Saul Alinsky,
um organizador comunitário que defendia a mediação de conflitos como estratégia de participação.
Por fim, a participação disfarçada é utilizada em regimes políticos autoritários, com a finalidade de garantir
estratégias de sobrevivência visto que a expressão individual e coletiva pode se configurar como uma ameaça com
graves consequências para os sujeitos sociais.
8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
Durante o desenvolvimento do serviço social nas esferas sócio-ocupacionais, o planejamento também se refletiu
como uma estratégia de fortalecimento das demandas da classe trabalhadora, assim como a consulta popular,
ainda que com limites institucionais.
De acordo com Faleiros (1993), o processo de planejamento governamental estimulou a participação da população
por meio do recolhimento de informações sobre suas reivindicações, por meio de pesquisas, reuniões, assembleias
em que foram discutidas situações específicas a partir da década de 1960. Assim, a população foi incluída e
consultada no que se refere as suas pautas, porém, permaneceu excluída dos importantes espaços decisórios.
No que se refere às grandes organizações, o planejamento foi reservado somente ao alto escalão de profissionais,
ficando a população distante desse processo. O processo de consulta popular nestes espaços institucionais “[...] dá
a impressão de que os problemas estão sendo estudados para serem resolvidos, de que alguém está se ocupando
da problemática da base, de que há soluções à vista” (FALEIROS, 1993, p. 74).
DICA
A Comuna de Paris foi o primeiro governo construído por trabalhadores e movimentos sociais na
França, em 1871.
PAUSA PARA REFLETIR
Qual é a importância da participação popular nas instâncias de planejamento e decisão das
instituições sociais?
145
Ou seja, expectativas foram criadas pelos setores populares, mas as resoluções para as suas demandas não foram
resolvidas nestes espaços. É diante deste contexto que a profissão foi convocada a pensar em novas formas
estratégicas para tensionar a correlação de forças dentro das instituições, como estudaremos a seguir.
8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
Entre as décadas de 1960 e 1980, a sociedade vivenciou experiências de aprofundamento da democracia por meio
de reformas de base no governo de João Goulart (1961-1964), como também vivenciou o golpe militar. Este
culminou em um novo modo de administrar, ou seja, controlado pela classe dominante.
Essa conjuntura permeada por situações políticas extremas, provocou a categoria profissional a pensar estratégias
para promover a articulação com a classe trabalhadora e buscar ações de enfrentamento político e defesa dos
interesses coletivos, instigados pelo movimento de reconceituação profissional, por meio da vertente de Intenção
de Ruptura (abordagens positivistas). Neste subcapítulo, veremos e os meios de enfrentamento e de sobrevivência
do movimento operário no processo de correlação de forças com a burguesia.
8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
Em um contexto marcado pela correlação de forças entre classe dominante (expressa pelo Estado, pelas
instituições e/ou empresas privadas) versus classe trabalhadora, a defesa de pautas e de interesses foi permeada
pela utilização de estratégias e táticas.
Fonte: © oatawa / / Shutterstock.
De acordo com Faleiros (1993, p. 81), “[...] a estratégia se refere aos objetivos a atingir em um período mais longo
[...] A tática se refere a objetivos particulares em um período mais curto e subordinado à estratégia”.
Na luta de classes, o movimento operário (composto por trabalhadores e grupos populares) foi o que determinou
quais eram as táticas e as estratégias utilizadas no enfrentamento com a classe dominante. Consoante com
Faleiros (1993), se a conjuntura fosse favorável à mobilização das massas populares, a estratégia utilizada poderia
ser mais ofensiva. Caso o momento fosse desfavorável com retrocessos políticos, a estratégia seria defensiva.
146
Organograma sobre a estratégia política utilizada pelo movimento operário.
A seguir, clique para conhecer mais sobre as principais estratégias dos trabalhadores e movimentos sociais, bem
como das classes dominantes.
• Trabalhadores e movimentos sociais
Entre as inúmeras estratégias utilizadas pelos trabalhadores e movimentos sociais neste período, podemos
destacar o desgaste provocado à burguesia em situações de enfrentamento, de modo a enfraquecê-la e a
exigir concessões que estivesse nas pautas populares.
• Classe dominante
Veja que para Faleiros (1993, p. 83), “[...] quanto as concessões a arrancar, se elas referem a mais poder e
decisão para os grupos subalternos, chega-se a uma estratégia de poder popular para estabelecer o
controle popular sobre um terreno ou um pleito controlado pela classe dominante”. Assim, entre as
estratégias utilizadas pela classe dominante estiveram os mecanismos de consenso, como os acordos
entre patronato e operários ou a cooptação de dirigentes populares e a utilização da coerção, por meio da
violência com o uso de força policial e/ou militar e a manipulação de informações que privilegiem apenas o
ponto de vista dominante.
Neste tensionamento de forças políticas opostas durante as décadas de 1960 a 1980, coube ao movimento operário
agir com base na criatividade e na combatividade para desviar do controle do Estado militar e lutar por seus
interesses. Por exemplo, ressaltamos a Rádio Libertadora a qual transmitiu um manifesto político contra a ditadura
militar no maior meio de comunicação da época em 1969. 
Organizado pela Aliança Nacional Libertadora (ALN) e o revolucionário Carlos Marighella, o manifesto explicou o
objetivo da ação e denunciou o governo militar, o imperialismo norte-americano, propondo uma ação
revolucionária entre os trabalhadores.
•
•
ASSISTA
O documentário Marighella que conta a história sobre o líder comunista e um dos principais
símbolos de resistência na luta contra a ditadura militar no Brasil.
147
Desse modo, a correlação entre as forças populares e as dominantes, e a utilização de táticas e de estratégias
foram determinantes neste período para a compreensão da luta de classespor parte do serviço social e para sua
atuação junto à classe trabalhadora.
A seguir, estudaremos mais sobre as mobilizações e as relações de forças no período.
8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
Consoante com Duriguetto e Baldi (2012, p. 194) “[...] o serviço social é uma profissão essencialmente vinculada aos
interesses classistas contraditórios que fundamentam a sociedade capitalista” e é a partir deste entendimento que
a área passou a vivenciar os espaços institucionais de modo a tensionar a correlação de forças entre burguesia e
proletariado. A seguir, clique e conheça mais sobre essa profissão e o contexto em que está inserida.
Cenário
Em um cenário em que os setores populares se desmobilizam e as estratégias de luta se tornam defensivas, o
Estado pôde enxugar as políticas sociais, cortar benefícios e retroceder com os direitos, suspendendo as
concessões em jogo ou aquelas já concretizadas.
Mobilização permanente
Frente a este contexto, coube ao movimento operário e setores populares se engajarem em uma mobilização
permanente (FALEIROS, 1993), de modo a galgar novamente conquistas, concessões políticas e sociais que
visassem à melhoria das condições de vida e de trabalho.
Assistente social
Enquanto empregado/a das instituições que representam os interesses dominantes e enquanto trabalhador/a e
profissional envolvido com os movimentos sociais, “[...] pode atuar no sentido da promoção e do fortalecimento
das organizações e lutas “coletivas” dos trabalhadores que são alvo de suas intervenções” (DURIGUETTO; BALDI,
2012, p. 195).
Com base neste contexto de limites e de possibilidades, no exercício profissional, dentro das instituições, que o/a
assistente social desenvolverá as particularidades de seu trabalho, conforme estudaremos no subcapítulo a seguir.
8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
A conjuntura política do cenário brasileiro a partir da década de 1960 mudou bruscamente, passando de um
regime em que o processo democrático ganhava mais escopo para um regime militar. No que se refere ao âmbito
social, as reformas de base que ganhavam espaço na agenda política, foram suspensas e os movimentos sociais
destituídos dos direitos de manifestação.
É a partir deste período, que o governo militar, corroborando com o desenvolvimentismo em um novo cenário,
implementou uma série de ações voltadas para alavancar a economia e promover o crescimento econômico no
país.
148
Fonte: © vladwel / / Shutterstock.
Todavia, a crise política agravada pela conjuntura internacional, aprofundou a situação de desigualdade social e o
desgaste político do regime, provocando rebatimentos na formação e na prática profissional. Aprofundaremos
esse aspecto a seguir.
8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
Em 1964, o golpe militar inaugurou um novo período no país, em que direitos foram extintos, movimentos sociais
perseguidos, a economia foi insuflada e estagnada e a desigualdade social permaneceu em crescimento na
sociedade. Vários generais passaram pelos governos militares, tentando resgatar o país de uma grave crise política
e social, mas tensionavam cada vez mais a situação, aprofundando as disparidades na sociedade.
Foi em 1975 que o então presidente Ernesto Geisel (1974-1979) deu início a uma série de ações para tentar
recuperar o prestígio dos militares perante à insatisfação da população, abrindo o regime político de forma gradual
e vagarosa e incentivando a expansão capitalista no país.
Dentre estas ações, houve a criação dos Centros Sociais Urbanos (CSU) que fez parte do II Plano Nacional de
Desenvolvimento, que objetivava “[....] promover novos hábitos alimentares, organizar cuidados de saúde,
favorecer o desenvolvimento de atividades esportivas que contribuíssem para diminuir as tensões sociais”
(FALEIROS, 1993, p. 146). Assim, os serviços ofertados por estes espaços eram voltados para a assistência social,
para a velhice, para a reforma da previdência social e para o trabalho.
149
Diagrama sobre os serviços ofertados nos CSU.
No diagrama acima, vemos os serviços que passaram a ser ofertados pelos Centros sociais Urbanos.
Este modo de administração era baseado nacionalmente “[...] por um Comitê Executivo composto por
representantes de cinco ministérios (Planejamento, Saúde, Trabalho, Interior e Previdência Social) e, no âmbito do
Estado, por um organismo de gestão e um conselho consultivo” (FALEIROS, 1993, p. 147). 
Para tanto, apesar de se constituir enquanto uma instituição governamental, havia um espaço para a participação
da população nos CSU’s. De acordo com Borba (1990, p.405),
Proposto inicialmente como base física para a prestação de serviços públicos de relevância social à
população de baixa renda concentrada em áreas urbanas carentes de infraestrutura e equipamentos
similares, ao CSU foi atribuído um papel de catalisador de certo tipo de relações sociais - as chamadas
‘relações comunitárias’ - tidas como desejáveis e necessárias à solução dos problemas dessas áreas.
É importante ressaltar que a participação popular tinha um caráter político limitado, que direcionava a atuação
dos conselhos apenas para ações de legitimação das iniciativas governamentais. Ou seja, a população não podia
ter autonomia para dialogar com os assuntos de seus interesses com as esferas do governo, tampouco propor
ações.
Com um caráter contraditório, os centros objetivavam promover o governo e não provocar mudanças substanciais
na vida da população. Como exemplo disso destaca Faleiros (1993, p.147)
PAUSA PARA REFLETIR
Quais os principais limites dos Centros Sociais Urbanos na época? Por quê?
150
[...] Em João Pessoa, a capital do Estado da Paraíba, por exemplo, a população solicitava a construção
de um cemitério no local para onde o Estado previu o Centro: mas a construção do Centro foi erguida
apesar de tudo, de acordo com a decisão do governo.
Apesar da contradição inerente a consolidação do CSU, estas instituições foram espaços de trabalho profissional e,
ainda que com limites, puderam contribuir no cotidiano da população, por meio da viabilização de direitos e da
discussão sobre os problemas oriundos nos contextos comunitários da sociedade.
No tópico seguinte, conheceremos mais sobre as relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com
a população.
8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a 
população
Dentro das instituições governamentais e das empresas privadas, o/a assistente social é um profissional que possui
um saber técnico e especializado frente à demanda de usuários que atende, ou seja, detém um saber que
caracteriza uma relação de poder entre profissional versus usuário nos marcos do seu local de trabalho.
No que se refere à sua relação com o trabalho, o profissional é contratado pelo Estado ou por empresas privadas e
se configura enquanto um/a trabalhador/a assalariado/a que vende sua força de trabalho. Aqui também há uma
relação de poder entre empregador versus empregado.
Neste vínculo de trabalho, o serviço social se configura como uma profissão de caráter contraditório, pois, de
acordo com Iamamoto e Carvalho (2006, p. 75), a profissão,
Responde tanto a demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro polo pela
mediação de seu oposto. Participa tanto dos mecanismos de dominação e exploração como, ao
mesmo tempo e pela mesma atividade, dá resposta às necessidades de sobrevivência da classe
trabalhadora e da reprodução do antagonismo nesses interesses sociais, reforçando as contradições
que constituem o móvel básico da história.
Para tanto, é neste contexto que o/a profissional é desafiado a lidar com o poder enquanto conhecimento para
tensionar a correlação de forças dentro do seu espaço sócio-ocupacional, respondendo às demandas que lhe são
impostas, ora por ordens superiores, ora pela solicitação da população usuária.
151
Fonte: littlenySTOCK / / Shutterstock.
De acordo com Faleiros (1993), em um artigo realizado com base no cotidiano profissional de umassistente social
inserido na área da Saúde Pública, que trabalhou com pacientes com hanseníase (doença também conhecida
como lepra), as relações de poder e o relacionamento com a população eram atravessadas por elementos tais
como os que você confere clicando a seguir:
O espaço institucional.
A organização interna da equipe.
A postura do assistente social e seus instrumentos de trabalho (como a fala, a escuta, a instrumentalidade, etc.).
O uso do dinheiro recebido pela instituição.
Todos estes elementos, segundo o autor, interferiram no atendimento aos usuários, na correlação de forças entre o
assistente social e a instituição empregadora e na relação dos profissionais entre as equipes. Ou seja, a correlação
de forças em que está inserido o assistente social foram determinantes para a consolidação (ou não) de seu
trabalho.
152
Dessa maneira, as tensões entre o saber profissional e o poder institucional se apresentavam de forma sutil e de
forma direta, cabendo ao assistente social “[...] repensar a prática cotidiana à luz de certas categorias de análise
que permitam uma contribuição efetiva à mudança de correlação de forças que favoreça a clientela” (FALEIROS,
1993, p. 141).
É a partir da década de 1970, com a renovação crítica do serviço social, que o exercício de reflexão política,
considerando os limites e as possibilidades do trabalho profissional, as contradições da sociedade capitalista e,
consequentemente, o exercício profissional, ganhou mais espaço na formação e no exercício profissional. Assim,
Essa dinâmica traz a aprendizagem do próprio assistente social numa comunicação fecunda com o
público e no exercício político da profissão, o exercício esse que supõe a abertura fundamental para a
crítica da estrutura capitalista, que supõe sujeitos em ação no confronto de ideias e de representações
da sociedade, de seu grupo, de si mesmo e da profissão (FALEIROS, 2014, p. 721).
Assim, a dimensão ideo-política passou a ser destacada pelo serviço social em todas as esferas de atuação, de
modo a fomentar a reflexão sobre as potencialidades do trabalho do/a assistente social inserido no contexto de
correlação de forças entre burguesia e proletariado.
Proposta de atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore uma síntese destacando as
principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese, considere as leituras básicas e
complementares realizadas, além das dicas de documentários.
Dicas: uma boa síntese é um texto curto, mas que aborde as ideias principais do capítulo, a partir da sua
perspectiva.
Recapitulando
Entre as décadas de 1960 a 1980, a conjuntura histórica do país foi sacudida por acontecimentos históricos como o
desenvolvimentismo e o golpe militar que incidiram diretamente sobre a profissão, provocando mudanças
importantes.
Neste capítulo, pudemos estudar as principais conquistas deste período: o desenvolvimento da maturidade
política da profissão nos espaços institucionais que se expressaram no reconhecimento da correlação de forças
nos espaços sócio-ocupacionais e na aproximação do serviço social com a classe trabalhadora e com os
movimentos sociais.
Foi a partir desta aproximação que o serviço social passou a particularizar a formação e o exercício profissional
voltados à defesa dos interesses populares, desenvolvendo alternativas profissionais que contemplassem as
demandas oriundas destes setores.
Vimos que a participação popular nas esferas de planejamento e decisão das instituições foi de fundamental
importância para o envolvimento da classe trabalhadora no tensionamento da correlação de forças, ainda que
estes espaços colocassem limites da população. A abertura das instituições para a participação popular favoreceu
ainda mais a aproximação ao serviço social.
Entendemos a diferença entre tática e estratégia utilizadas pelos movimentos sociais na luta de classes com os
setores dominantes e a importância de lutas ofensivas e defensivas. Destacamos, ainda, o exercício da profissão
153
com base em interesses classistas antagônicos e o direcionamento do serviço social na defesa dos interesses da
classe trabalhadora.
Nos debruçamos sobre a criação e a consolidação dos Centros Sociais Urbanos, instituições governamentais que
contavam com a participação da população em seu funcionamento, oferecendo serviços na área da assistência
social, trabalho, idosos, etc. Apesar da participação popular como um elemento positivo na conjuntura da época,
os Centros Sociais Urbanos tinham limites políticos no que se refere à atuação deles, visto que não mudavam
efetivamente a condição de vida da população, tampouco expandiam a participação popular.
Por fim, ressaltamos os limites e as possibilidades do serviço social frente às relações de poder nas instituições e
nas relações com os usuários, além da importância da dimensão ideo-política para a formação e o exercício
profissional comprometidos com os setores populares a partir da década de 1980.
Referências
BORBA, S. V. A Produção de Equipamentos Urbanos como Alternativa de Política Social: o Programa Nacional de
Centros Sociais Urbanos. Porto Alegre, v. 12, n. 2, p. 403-421,1991. Disponível em: <Revista Ensaios FEE,
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CHAGAS, B. R. F. C. Positivismo e Marxismo: o Debate sobre a Neutralidade Científica e a Construção do Projeto
Profissional do Serviço Social Brasileiro. Londrina, v. 17, n. 2, p.169-186, jan./jun. 2015. Serviço Social em Revista,
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DURIGUETTO, M. L.; BALDI, L. A. P. Serviço Social, Mobilização e Organização Popular: uma Sistematização do
Debate Contemporâneo. Florianópolis, v. 15, n. 2, p. 193-202, jul./dez. 2012. Disponível em: <R. Katál., http://www.
>. Acesso: 30/07/2019.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802012000200005&lng=en&nrm=iso
FALEIROS, V. P. 4. ed. São Paulo: Cortez, 1993.Saber Profissional e Poder Institucional.
________. O Serviço Social no Cotidiano: Fios e Desafios. ., São Paulo, n. 120, p. 706-722, out./dez.Serv. Soc. Soc
2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
>. Acesso: 01/07/2019.66282014000400007&lng=en&nrm=iso
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Esboço de uma InterpretaçãoRelações Sociais e Serviço Social no Brasil: 
Histórico Metodológica. São Paulo: Cortez, 2006.
MARIGHELLA. Direção: Isa Grinspum Ferraz. Produção: Pablo Torrecillas. Brasil: Downtown Filmes, 2012.
(1h40min), son., color.
154
https://revistas.fee.tche.br/index.php/ensaios/article/download/1455/1819
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/ssrevista/article/view/21954
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802012000200005&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802012000200005&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282014000400007&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282014000400007&lng=en&nrm=iso
	I_FSSQSAnos6080
	FSSQSA_C01-C06
	FSSQSA_C01-C04
	FSSQSA_C01-C02
	FSSQSA_C0
	FSSQSA_C01
	Compreenda seu livro: Metodologia
	Compreenda seu livro: Percurso
	Boxes
	Apresentação da disciplina
	A autoria
	Micaela Alves Rocha da Costa
	Flávio José Souza Silva
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
	1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
	1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
	1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
	1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
	1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja
	1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
	1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
	1.3 Processo de politização dascontradições capitalistas e reconhecimento da questão social
	1.3.1 A organização política dos trabalhadores
	1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
	1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
	1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira
	1.4.1 Definição de questão social
	A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
	No Brasil, a questão social apresenta características próprias
	1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C02
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	2.1 Período democrático popular e a questão social
	2.1.1 Jânio Quadros (1961)
	2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
	2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
	2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
	2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
	2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social
	2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
	2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
	2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
	2.4 Questão social e a política de austeridade militar a política de austeridade militar
	2.4.1 Principais índices sociais do período
	2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C03
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	3. Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
	3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
	3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
	3.2 Golpe militar (1964)
	3.2.1 EUA e a contrarrevolução
	3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
	3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
	3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista
	3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
	A primeira fase, de 1964 a 1968
	A segunda fase, em 1968
	A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
	3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
	3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
	3.4.2. Política cultural da ditadura
	3.4.3 Controle e censura
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C04
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	4.1 Política econômica do período militar
	4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
	4.1.2 Inflação e poder de compra
	4.1.3 O milagre econômico
	4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
	4.2 Indicadores sociais do período
	4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
	4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
	4.2.3 Saneamento básico
	4.2.4 Taxas de empregabilidade
	4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
	4.3.1 Política de Habitação (BNH)
	4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
	4.3.3 A política de saúde
	4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
	4.4.1 Programa de energias brasileiro
	4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
	4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C05
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	5. 1 A prática profissional
	5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
	Período democrático-popular
	Significativas mudanças no contexto
	Governo de João Goulart
	5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
	5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
	5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
	5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
	5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
	5.3 O serviço social e o Estado
	5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
	5.3.2 Objeto profissional do assistente social
	5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
	5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
	5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
	5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C06
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	6.1 Ditadura militar e o serviço social
	6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
	6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
	6.2 As possibilidades de atuação profissional
	6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
	6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
	6.3 Políticas sociais e atuação profissional
	6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
	6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
	6.4 A Política de integração social
	6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
	6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C07
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	7. 1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
	7.1.1 A crise e a falência dos Estados
	7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
	7.1.3 Situação econômica do período
	7.2 Reorganização do serviço social
	7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
	7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular
	7. 3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
	7.3.1 Seguridade social
	7.3.2 Saúde universal
	7.3.3 Previdência contributiva
	7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C08
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	8.1 Espaço institucional e espaço profissional
	8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
	8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
	8.2 Participação e poder
	8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
	8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
	8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
	8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
	Trabalhadores e movimentos sociais
	Classe dominante
	8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
	8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
	8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
	8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a população
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	Blank Page
	Blank Page
	Blank Page
	Blank Page
	Blank Page
	Blank Page
	Blank Page
	II_FSSQSAnos6080
	FSSQSA_C01-C06
	FSSQSA_C01-C04
	FSSQSA_C01-C02
	FSSQSA_C0
	FSSQSA_C01
	Compreenda seu livro: Metodologia
	Compreenda seu livro: Percurso
	Boxes
	Apresentação da disciplina
	A autoria
	Micaela Alves Rocha da Costa
	Flávio José Souza Silva
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
	1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
	1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
	1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
	1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
	1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja
	1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
	1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
	1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e reconhecimento da questão social
	1.3.1 A organização política dos trabalhadores
	1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
	1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
	1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira
	1.4.1 Definição de questão social
	A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
	No Brasil, a questão social apresenta características próprias
	1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C02
	Objetivos do capítulo
	Tópicosde estudo
	Contextualizando o cenário
	2.1 Período democrático popular e a questão social
	2.1.1 Jânio Quadros (1961)
	2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
	2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
	2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
	2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
	2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social
	2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
	2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
	2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
	2.4 Questão social e a política de austeridade militar a política de austeridade militar
	2.4.1 Principais índices sociais do período
	2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C03
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	3. Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
	3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
	3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
	3.2 Golpe militar (1964)
	3.2.1 EUA e a contrarrevolução
	3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
	3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
	3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista
	3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
	A primeira fase, de 1964 a 1968
	A segunda fase, em 1968
	A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
	3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
	3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
	3.4.2. Política cultural da ditadura
	3.4.3 Controle e censura
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C04
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	4.1 Política econômica do período militar
	4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
	4.1.2 Inflação e poder de compra
	4.1.3 O milagre econômico
	4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
	4.2 Indicadores sociais do período
	4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
	4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
	4.2.3 Saneamento básico
	4.2.4 Taxas de empregabilidade
	4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
	4.3.1 Política de Habitação (BNH)
	4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
	4.3.3 A política de saúde
	4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
	4.4.1 Programa de energias brasileiro
	4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
	4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C05
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	5. 1 A prática profissional
	5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
	Período democrático-popular
	Significativas mudanças no contexto
	Governo de João Goulart
	5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
	5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
	5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
	5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
	5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
	5.3 O serviço social e o Estado
	5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
	5.3.2 Objeto profissional do assistente social
	5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
	5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
	5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
	5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C06
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	6.1 Ditadura militar e o serviço social
	6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
	6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
	6.2 As possibilidades de atuação profissional
	6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
	6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
	6.3 Políticas sociais e atuação profissional
	6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
	6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
	6.4 A Política de integração social
	6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
	6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C07
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	7. 1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
	7.1.1 A crise e a falência dos Estados
	7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
	7.1.3 Situação econômica do período
	7.2 Reorganização do serviço social
	7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
	7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular
	7. 3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
	7.3.1 Seguridade social
	7.3.2 Saúde universal
	7.3.3 Previdência contributiva
	7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C08
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	8.1 Espaço institucional e espaço profissional
	8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
	8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
	8.2 Participação e poder
	8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
	8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
	8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
	8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
	Trabalhadores e movimentos sociais
	Classe dominante
	8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
	8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
	8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
	8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a população
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
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	FSSQSA_C01-C04
	FSSQSA_C01-C02
	FSSQSA_C0
	FSSQSA_C01
	Compreenda seu livro: Metodologia
	Compreenda seu livro: Percurso
	Boxes
	Apresentação da disciplina
	A autoria
	Micaela Alves Rocha da Costa
	Flávio José Souza Silva
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
	1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
	1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
	1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
	1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
	1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja
	1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
	1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
	1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e reconhecimento da questão social
	1.3.1 A organização política dos trabalhadores
	1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
	1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
	1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira
	1.4.1 Definição de questão social
	A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
	No Brasil, a questão social apresenta características próprias
	1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C02
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	2.1 Período democrático popular e a questão social
	2.1.1 Jânio Quadros (1961)
	2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
	2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
	2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
	2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
	2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social
	2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
	2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
	2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
	2.4 Questão social e a política de austeridademilitar a política de austeridade militar
	2.4.1 Principais índices sociais do período
	2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C03
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	3. Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
	3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
	3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
	3.2 Golpe militar (1964)
	3.2.1 EUA e a contrarrevolução
	3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
	3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
	3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista
	3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
	A primeira fase, de 1964 a 1968
	A segunda fase, em 1968
	A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
	3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
	3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
	3.4.2. Política cultural da ditadura
	3.4.3 Controle e censura
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C04
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	4.1 Política econômica do período militar
	4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
	4.1.2 Inflação e poder de compra
	4.1.3 O milagre econômico
	4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
	4.2 Indicadores sociais do período
	4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
	4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
	4.2.3 Saneamento básico
	4.2.4 Taxas de empregabilidade
	4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
	4.3.1 Política de Habitação (BNH)
	4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
	4.3.3 A política de saúde
	4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
	4.4.1 Programa de energias brasileiro
	4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
	4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C05
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	5. 1 A prática profissional
	5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
	Período democrático-popular
	Significativas mudanças no contexto
	Governo de João Goulart
	5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
	5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
	5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
	5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
	5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
	5.3 O serviço social e o Estado
	5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
	5.3.2 Objeto profissional do assistente social
	5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
	5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
	5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
	5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C06
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	6.1 Ditadura militar e o serviço social
	6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
	6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
	6.2 As possibilidades de atuação profissional
	6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
	6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
	6.3 Políticas sociais e atuação profissional
	6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
	6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
	6.4 A Política de integração social
	6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
	6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C07
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	7. 1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
	7.1.1 A crise e a falência dos Estados
	7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
	7.1.3 Situação econômica do período
	7.2 Reorganização do serviço social
	7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
	7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular
	7. 3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
	7.3.1 Seguridade social
	7.3.2 Saúde universal
	7.3.3 Previdência contributiva
	7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C08
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	8.1 Espaço institucional e espaço profissional
	8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
	8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
	8.2 Participação e poder
	8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
	8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
	8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
	8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
	Trabalhadores e movimentos sociais
	Classe dominante
	8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
	8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
	8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
	8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a população
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
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	Boxes
	Apresentação da disciplina
	A autoria
	Micaela Alves Rocha da Costa
	Flávio José Souza Silva
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
	1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
	1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
	1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
	1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
	1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja
	1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
	1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
	1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e reconhecimento da questão social
	1.3.1 A organização política dos trabalhadores
	1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
	1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
	1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira
	1.4.1 Definição de questão social
	A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
	No Brasil, a questão social apresenta características próprias
	1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C02
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	2.1 Período democrático popular e a questão social
	2.1.1 Jânio Quadros (1961)
	2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
	2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
	2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
	2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
	2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social
	2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
	2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
	2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
	2.4 Questão social e a política de austeridade militar a política de austeridade militar
	2.4.1 Principais índices sociais do período
	2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C03
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	3. Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
	3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
	3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
	3.2 Golpe militar (1964)
	3.2.1 EUA e a contrarrevolução
	3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
	3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
	3.3.1 Manutençãodo esquema de acumulação capitalista
	3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
	A primeira fase, de 1964 a 1968
	A segunda fase, em 1968
	A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
	3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
	3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
	3.4.2. Política cultural da ditadura
	3.4.3 Controle e censura
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C04
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	4.1 Política econômica do período militar
	4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
	4.1.2 Inflação e poder de compra
	4.1.3 O milagre econômico
	4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
	4.2 Indicadores sociais do período
	4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
	4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
	4.2.3 Saneamento básico
	4.2.4 Taxas de empregabilidade
	4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
	4.3.1 Política de Habitação (BNH)
	4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
	4.3.3 A política de saúde
	4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
	4.4.1 Programa de energias brasileiro
	4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
	4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C05
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	5. 1 A prática profissional
	5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
	Período democrático-popular
	Significativas mudanças no contexto
	Governo de João Goulart
	5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
	5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
	5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
	5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
	5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
	5.3 O serviço social e o Estado
	5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
	5.3.2 Objeto profissional do assistente social
	5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
	5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
	5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
	5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C06
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	6.1 Ditadura militar e o serviço social
	6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
	6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
	6.2 As possibilidades de atuação profissional
	6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
	6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
	6.3 Políticas sociais e atuação profissional
	6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
	6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
	6.4 A Política de integração social
	6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
	6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C07
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	7. 1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
	7.1.1 A crise e a falência dos Estados
	7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
	7.1.3 Situação econômica do período
	7.2 Reorganização do serviço social
	7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
	7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular
	7. 3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
	7.3.1 Seguridade social
	7.3.2 Saúde universal
	7.3.3 Previdência contributiva
	7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C08
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	8.1 Espaço institucional e espaço profissional
	8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
	8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
	8.2 Participação e poder
	8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
	8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
	8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
	8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
	Trabalhadores e movimentos sociais
	Classe dominante
	8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
	8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
	8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
	8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a população
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
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	Apresentação da disciplina
	A autoria
	Micaela Alves Rocha da Costa
	Flávio José Souza Silva
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	1.1 Transformações societárias e os impactos nas relações sociais
	1.1.1 Revolução Industrial e as mudanças nas relações de trabalho
	1.1.2 O processo de instauração do capitalismo industrial
	1.1.3 A pauperização da classe trabalhadora
	1.1.4 As relações contraditórias entre capital e trabalho no capitalismo
	1.2 Concepções sobre a questão social do ponto de vista da Igreja
	1.2.1 Influência do pensamento religioso na manutenção da estrutura social
	1.2.2 Ação social da Igreja e as encíclicas papais
	1.3 Processo de politização das contradições capitalistas e reconhecimento da questão social
	1.3.1 A organização política dos trabalhadores
	1.3.2 A influência dos intelectuais ligados à crítica social
	1.3.3 O reconhecimento da questão social pela classe trabalhadora
	1.4 A questão social na contemporaneidade e suas expressões na sociedade brasileira
	1.4.1 Definição de questão social
	A questão social é inerente ao modo de produção capitalista
	No Brasil, a questão social apresenta características próprias
	1.4.2 Principais expressões da questão social na atualidade
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C02
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	2.1 Período democrático popular e a questão social
	2.1.1 Jânio Quadros (1961)
	2.1.2 João Goulart (1961-1964) (SANTOS, 2012)
	2.2 A questão social e a primeira fase da ditadura militar
	2.2.1 As principais reivindicações da classe trabalhadora
	2.2.2 As propostas de enfrentamento das manifestações
	2.3 A segunda fase da ditadura militar e o controle sobre a questão social
	2.3.1 Políticas sociais desenvolvidas no período
	2.3.2 Movimentos sociais no final da década de 1970
	2.3.3 A questão indígena no período da ditadura militar
	2.4 Questão social e a política de austeridade militar a política de austeridade militar
	2.4.1 Principais índices sociais do período
	2.4.2 20 anos de ditadura militar e o acirramento das expressões da questão social
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C03
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	3. Capitalismo dependente e a autocracia burguesa
	3.1.1 Sistema econômico brasileiro e a dependência econômica
	3.1.2 Elites brasileiras e o desenvolvimento econômico
	3.2 Golpe militar (1964)
	3.2.1 EUA e a contrarrevolução
	3.2.2 Brasil subdesenvolvido e dependente
	3.3 Autocracia burguesa e o modelo dos monopólios
	3.3.1 Manutenção do esquema de acumulação capitalista
	3.3.2 Funcionalidade política e econômica do Estado e a burguesia
	A primeira fase, de 1964 a 1968
	A segunda fase, em 1968
	A terceira e última fase, no final do ciclo da autocracia burguesa, em 1974
	3.4 Autocracia burguesa e o mundo da cultura
	3.4.1 Enquadramento do sistema educacional
	3.4.2. Política cultural da ditadura
	3.4.3 Controle e censura
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C04
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	4.1 Política econômica do período militar
	4.1.1 Resultados econômicos do período ditatorial
	4.1.2 Inflação e poderde compra
	4.1.3 O milagre econômico
	4.1.4 Fundo Monetário Internacional (FMI)
	4.2 Indicadores sociais do período
	4.2.1 Taxas de natalidade e de mortalidade
	4.2.2 Analfabetismo e evasão escolar
	4.2.3 Saneamento básico
	4.2.4 Taxas de empregabilidade
	4.3 As políticas sociais e o trato com a questão social
	4.3.1 Política de Habitação (BNH)
	4.3.2 Políticas voltadas à infância e à juventude
	4.3.3 A política de saúde
	4.4 Ditadura militar e a crise do petróleo
	4.4.1 Programa de energias brasileiro
	4.4.2 Programa nacional do álcool (Proácool)
	4.4.3 Fortalecimento da Petrobrás
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C05
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	5. 1 A prática profissional
	5.1.1 Principais acontecimentos do período democrático-popular
	Período democrático-popular
	Significativas mudanças no contexto
	Governo de João Goulart
	5.1.2 Emergência de uma nova prática profissional
	5.2 Movimentos sociais no governo de Jânio Quadros
	5.2.1 Movimento de educação de base (MEB)
	5.2.2 Movimento de cultura popular (MPC)
	5.2.3 Ligas camponesas e sindicatos rurais
	5.3 O serviço social e o Estado
	5.3.1 O Assistente social como funcionário do Estado
	5.3.2 Objeto profissional do assistente social
	5.3.3 Deslocamento do eixo do indivíduo para o da comunidade
	5.4 O Desenvolvimento de comunidade (DC)
	5.4.1 A metodologia do DC no Brasil
	5.4.2 DC no Brasil: caráter político, crítico e clássico
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C06
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	6.1 Ditadura militar e o serviço social
	6.1.1 O regime militar e o Impacto sobre os profissionais
	6.1.2 O cerceamento à liberdade dos profissionais do serviço social
	6.2 As possibilidades de atuação profissional
	6.2.1 Requisição do profissional do serviço social no período
	6.2.2 As principais atividades desenvolvidas por assistentes sociais
	6.3 Políticas sociais e atuação profissional
	6.3.1 Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PNP)
	6.3.2 Projeto Rondon e Centros Sociais Urbanos (CSU’s)
	6.4 A Política de integração social
	6.4.1 Legião Brasileira de Assistência (LBA)
	6.4.2 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM)
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C07
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	7. 1 A transição democrática e o saldo dos governos militares
	7.1.1 A crise e a falência dos Estados
	7.1.2 A inexistência de condições de intervenção profissional
	7.1.3 Situação econômica do período
	7.2 Reorganização do serviço social
	7.2.1 O Serviço social e movimentos sociais
	7.2.2 A Assembleia Nacional Constituinte e a possibilidade de participação popular
	7. 3 O serviço social no contexto da constituição cidadã
	7.3.1 Seguridade social
	7.3.2 Saúde universal
	7.3.3 Previdência contributiva
	7.3.4 A assistência social ganha status de política pública
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
	FSSQSA_C08
	Objetivos do capítulo
	Tópicos de estudo
	Contextualizando o cenário
	8.1 Espaço institucional e espaço profissional
	8.1.1 Espaço sócio-político das instituições sociais
	8.1.2 As alternativas de ação em espaços públicos e privado
	8.2 Participação e poder
	8.2.1 Formas de participação utilizadas na época
	8.2.2 O processo de planejamento e consulta popular
	8.3 Estratégias e táticas utilizados pelos profissionais
	8.3.1 Estratégias de grupos populares e o movimento operário
	Trabalhadores e movimentos sociais
	Classe dominante
	8.3.2 As mobilizações e as relações de forças
	8.4 Os centros sociais urbanos e a prática profissional
	8.4.1 A expansão capitalista e a integração social
	8.4.2 As relações de poder e o relacionamento do/a assistente social com a população
	Proposta de atividade
	Recapitulando
	Referências
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