Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bioquímica aplicada e interpretação de exames laboratoriais Principais exames laboratoriais relacionados a enzimologia, inflamação e doenças autoimunes Bloco 1 Rafaela Benatti de Oliveira Enzimas • Proteínas catalisadoras. • Aumentam a velocidade das reações. • Não são alteradas nesse processo. Enzimas Figura 1 - Enzima Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Induced_fit_diagram_pt.svg>. Acesso em: 22 out. 2019. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Induced_fit_diagram_pt.svg Enzimas • Transformam de 100 a 1000 moléculas de substrato em produto por minuto de reação. • Atuam em concentrações muito baixas e em condições específicas de temperatura e Ph. • Possuem todas as características das proteínas. • Podem ter sua concentração e atividade reguladas. • Estão quase sempre dentro da célula, e compartimentalizada. • Alto grau de especificidade. Reação enzimática Figura 2 - Reação enzimática Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cin%C3%A9tica_enzim%C3%A1tica. Acesso em: 22 out. 2019. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cin%C3%A9tica_enzim%C3%A1tica Porque as enzimas são importantes Sem a catálise, a maioria das reações químicas nos sistemas biológicos seria muito lenta para fornecer produtos na proporção adequada para sustentar a vida. Isoenzimas • Enzimas com uma estrutura primária (sequência de AA) diferente, catalisando a mesma reação e são codificadas por genes diferentes. • São tecidos específicos e apresentam nível sérico determinado pela lise celular. • Por exemplo, a LDH, que possui várias isoenzimas com subunidades diferentes com atuação em diferentes tecidos. Uso clínico das enzimas • Fosfatase Alcalina. • AST. • ALT. • GGT. • Amilase. • Lipase. • CK. • LDH. Uso clínico das enzimas Quadro 1 - Enzimas/ isoenzimas e seu uso no diagnóstico Fonte: elaborado pela autora. ENZIMA/ ISOENZIMA FONTE APLICAÇÕES CLÍNICAS AMILASE Glândulas salivares, pâncreas e ovários. Doença pancreática. ALT e AST Fígado, músculo esquelético, coração, rim e eritrócitos. Doenças hepáticas, IAM e doenças musculares. FAL Fígado, osso, mucosa intestinal, placenta e rim. Doenças óssea e hepáticas. GGT Fígado e rim. Doença hepatobiliar e alcoolismo. CK Musculo esquelético e liso, coração, cérebro. IAM e doenças musculares. LDH Coração, fígado, músculo esquelético, eritrócitos e plaquetas. IAM, hemólise e doenças do parênquima hepático. LIPASE Pâncreas. Doença pancreática. Inflamação • É uma resposta complexa a um estímulo nocivo. • Ocorre em tecidos vascularizados. • Envolve o recrutamento e ativação de várias proteínas plasmáticas e células. • Depende de mediadores químicos. • É uma resposta protetora que causa lesão tecidual. • Está associada a doenças infecciosas, imunológicas, vasculares e traumas. Sinais cardinais da inflamação Figura 3 - Sinais cardinais da inflamação Fonte: elaborada pela autora. CALOR Vasodilatação. Aumento do metabolismo celular. RUBOR Vasodilação. Hiperemia. TUMOR Vasodilatação. Extravasamento de fluído. Influxo celular (quimiotaxia). DOR Liberação de mediadores que afetam as terminações nervosas. PERDA DE FUNÇÃO Inflamação aguda x crônica • Curta duração. • Exsudação de fluídos e proteínas plasmáticas. • Migração de leucócitos. • Imunidade inata. • Longa duração. • Presença de linfócitos e macrófagos. • Destruição tecidual e tentativa de reparar os danos e fibrose. AGUDAA CRÔNICA Doenças inflamatórias Figura 4 - Doenças inflamatórias Fonte: elaborada pela autora. CÂNCER ARTRITE ALZHEIMER DOENÇAS NEUROLÓGICAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES DOENÇAS AUTOIMUNES DIABETES MELLITUS DOENÇAS PULMONARES INFLAMAÇÃO CRÔNICA OBESIDADE Marcadores de inflamação • IL-6, TNF-α, IL-8, IL-1β. • IL-10. • Adiponectina. • Chemocinas: MCP-1. • PCR, fibrinogênio, SAA. • Microalbumina urinária. • COX-2 e lipoproteína associada à fosfolipase-A2. Principais exames laboratoriais relacionados a enzimologia, inflamação e doenças autoimunes Bloco 2 Rafaela Benatti de Oliveira Sistema imune • Sistema imune: reconhecer e reagir contra antígenos (moléculas estranhas). • Mecanismos de defesa não específicos: 1ª Linha - Pele. Mucosas: vias respiratórias – muco; gástrica – HCl; vaginal – meio ácido. 2ª Linha - Células: Neutrófilos, Macrófagos, Eosinófilos. Sistema imune Imunidade humoral: • Anticorpos (imunoglobulinas) no plasma. Figura 5 - Mecanismo de defesa específico Fonte: elaborada pela autora. MACRÓFAGOS LINFÓCITOS T (T4) LINFÓCITOS B PLASMÓCITOS ANTICORPOS ESTIMULA PRODUÇÃO DE INTERLEUCINA E INTERFERON LINFÓCITOS B DE MEMÓRIA ANTICORPOS FORMAÇÃO PRODUÇÃO Doenças autoimunes Figura 6 - Doenças autoimunes Fonte: elaborada pela autora. FALHA NO SISTEMA IMUNOLÓGICO (AUTOTOLERÂNCIA) DEIXA DE RECONHECER O PRÓPRIO CORPO E PASSA A ATACAR OS PRÓPRIAS CÉLULAS E TECIDOS. Doenças autoimunes Figura 7 - Tipos de doenças e diagnóstico Fonte: elaborada pela autora. SISTÊMICAS ÓRGÃO-ESPECÍFICAS AUTOANTICORPOS Autoanticorpo É um anticorpo produzido pelo sistema imune que atua contra uma ou mais proteínas do próprio indivíduo que o produziu. Lupus eritematoso sistêmico • Doença inflamação crônica, com formação e deposição de imunocomplexos em diversos órgãos e dano tecidual. • Variada apresentação clínica. • Evolução crônica com fases de exacerbações e remissões de suas manifestações clínicas. Lupus eritematoso sistêmico Figura 8 - Sintomas do LES Fonte: adaptado de: ttsz/ iStock.com.br. Figura 9 - Eritema malar Fonte: adaptado de Scio21/ iStock.com.br. Diagnóstico • VHS. • PCR. • Hemograma. • Exame de urina. • Exames bioquímicos. • Pesquisa de autoanticorpos. Artrite reumatoide Figura 10 - Artrite reumatoide mão Fonte: istock: rudisill/ iStock.com. Figura 11 - Artrite reumatoide radiografia Fonte: istock: WILLSIE/ iStock.com. Artrite reumatoide • FR. • PCR. • VHS. • Autoanticorpos. • Análise do líquido sinovial. Teoria em prática Bloco 3 Rafaela Benatti de Oliveira Teoria em prática Paciente do sexo feminino, 38 anos, relata estar há cerca de oito horas com dor na região superior do abdome, com irradiação lombar, associada a náuseas. Relata que teve pico de febre em casa, escurecimento da urina e que apresentou episódios prévios de dor no hipocôndrio direito, mas de menor intensidade quando comparados ao episódio atual. No exame físico, apresentou estado geral regular e icterícia, com pressão arterial (PA) de 80/58 mmHg, frequência cardíaca (FC) de 112 bpm e temperatura axilar de 38,2 °C. Ao examinar o abdome, apresentou dor à palpação difusa, principalmente na região epigástrica. Teoria em prática Os exames laboratoriais mostraram: • Leucocitose com desvio à esquerda. • Amilase de 1.850 U/L (VR: de 30 a 118 U/L). • Lipase de 1.680 U/L (VR: inferior ou igual a 68 U/L). • Aspartato-aminotransferase (AST) de 300 U/L (VR: inferior ou igual a 33 U/L). • Alanino-aminotransferase (ALT) de 250 U/L (VR: inferior ou igual a 41 U/L). • Bilirrubina total de 2,2 mg/dL (VR: < 1,2) com 1,2 mg/dL de bilirrubina direta (VR: < 0,8). Teoria em prática O diagnóstico da paciente foi de pancreatite aguda. Sobre esse caso responda: a) Qual o significado clínico do aumento das enzimas amilase e lipase? Teoria em prática b) Quais são os dados que levam a esse diagnóstico? Teoria em prática c) Porque em casos de pancreatite aguda, as enzimas e marcadores hepáticos se encontram aumentados? Teoria em prática d) Em relação aos marcadores inflamatórios, nesse caso, poderia solicitar algum para avaliar a doença ou o prognóstico? Dica da professora Bloco 4 Rafaela Benatti de Oliveira Dicas Quadro 1 - Exemplo Fonte: elaborado pela autora. Exemplo de quadro: EXAMES OBSERVAÇÃO 1 QUANDO SOLICITAR OBSERVAÇÃO 2 Interleucina-1β (IL- 1β). Citocina pró-inflamatória. Doenças inflamatórias. Está envolvida no processode aterogênese. Interleucina 10 (IL- 10). Citocina anti-inflamatória. Doenças inflamatórias. Inibe a expressão/ produção das citocinas pró- inflamatórias. Autoanticorpos. Produzidos pelo sistema imune que atua contra uma ou mais proteínas do próprio indivíduo que o produziu. Doenças autoimunes. Cada doença autoimune possui um ou mais autoanticorpos que auxiliam no diagnóstico. Dicas Para compreender alguns aspectos da avaliação laboratorial da resposta inflamatória, leia o artigo: MAYER, Letícia Eichstaedt; BONA, Karine Santos de; ABDALLA, Faida Husein; et al. Perspectivas laboratoriais na avaliação da resposta inflamatória. Rev. Bras. Farm., 91(4): 149-61, 2010. Referências MCPHERSON, Richard A; PINCUS, Matthew R. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais de Henry. 21 ed. Barueri: Manole, 2012. Cap. 20 e 54. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. Capítulo 22. SOUZA, AWS et al. Sistema Imunitário – Parte III: o delicado equilíbrio do sistema imunológico entre os pólos de tolerância e autoimunidade. Rev. Bras. Reumatol., 2010;50(6):665-94. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbr/v50n6/v50n6a07.pdf>. Acesso em: 22 out. 2019. %3chttp:/www.scielo.br/pdf/rbr/v50n6/v50n6a07.pdf%3e.
Compartilhar