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Trabalho de Conclusão de Curso TCC

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1 
 
 
 
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIÁS – IESGO 
FACULDADES IESGO 
 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
SOFRIMENTO PSÍQUICO DE MÃES DIANTE DO PARTO DE CRIANÇAS 
PREMATURAS 
 
 
Hérica Carlos Chaves 
 
 
 
 
 
 
 
Formosa/GO, Novembro de 2019. 
2 
 
 
 
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIÁS – IESGO 
FACULDADES IESGO 
 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
 
SOFRIMENTO PSÍQUICO DE MÃES DIANTE DO PARTO DE CRIANÇAS 
PREMATURAS 
 
 
Hérica Carlos Chaves 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em 
Psicologia das Faculdades Integradas IESGO, como requisito 
parcial à obtenção do título de Graduado em Psicologia. 
 
 
ORIENTADOR (a): Prof. Me. NATHÁLIA OLIVEIRA 
 
 
Formosa/GO, Novembro de 2019. 
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE GOIÁS – IESGO 
3 
 
FACULDADES IESGO 
 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
Monografia aprovada em_______de________de______para obtenção do título de 
Bacharel em Psicologia. 
 
 
 
_______________________________________________________ 
_______________________________________________________ 
Orientador: Prof. Me. Nathália Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Membro: Prof. Dr. 
 
 
_______________________________________________________ 
Membro: Prof. Dr. 
 
 
Formosa/GO, Outubro de 2019. 
Resumo 
4 
 
 
A respectiva pesquisa acadêmica apresenta como objetivo analisar o que a literatura tem 
publicado a respeito do sofrimento psíquico de mães diante do parto de bebês prematuros. 
Desse modo, foram apresentados conceitos e especificações em se tratando da 
maternidade e gestação; bebês prematuros e seu desenvolvimento; relação mãe-bebê; 
sofrimento psíquico de mães de crianças prematuras, dentre outros aspectos 
indispensáveis. O método utilizado foi a revisão de literatura sistemática de artigos 
científicos construídos no território brasileiro, no período de 2001 a 2017. Sobretudo, as 
buscas foram efetivadas nas bases de dados conhecida como SciELO e PePsic. Sendo 
assim, foram selecionados 15 artigos para o desenvolvimento dos resultados e discussões, 
sendo concluída a comprovação do sofrimento psíquico de mães frente ao parto de 
crianças prematuras. 
Palavras-Chave: Sofrimento psíquico de mães, bebês prematuros, interação mãe-bebê, 
desenvolvimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
 
1. Introdução......................................................................................................................6 
2. Fundamentação teórica..................................................................................................8 
2.1 Maternidade e Gestação...............................................................................................8 
2.2 Bebês Prematuros e Aspectos do Desenvolvimento..................................................12 
2.3 Relação Mãe-Bebê.....................................................................................................18 
2.4 Sofrimento Psíquico de Mães de Crianças Prematuras............................................ 21 
3. Objetivo Geral ............................................................................................................23 
3.1 Objetivos específicos ................................................................................................23 
4. Método ........................................................................................................................24 
4.1 Instrumentos .............................................................................................................24 
4.2 Procedimentos ..........................................................................................................25 
4.3 Procedimentos de análise..........................................................................................26 
5. Resultados e Discussão................................................................................................27 
5.1 Bebê Imaginário X Sentimento de Luto....................................................................29 
5.2 A relação afetiva entre a mãe e o bebê prematuro.....................................................31 
5.3 Rede de Apoio às Mães de Bebês Prematuros..........................................................33 
6. Considerações Finais...................................................................................................35 
7. Referências..................................................................................................................37 
 
 
 
 
 
 
1. Introdução 
6 
 
 
Promover cuidados a um bebê é algo indispensável, no entanto, quando a mãe está 
em sofrimento psíquico tal exigência acaba sendo desafiadora, porque são necessárias 
uma série de apoio que agreguem aquela nova situação para que a mulher consiga sentir-
se forte para ultrapassar aquele momento em que seu psicológico encontra-se fragilizado. 
Segundo Araújo e Rodrigues (2010), a gestação e o pós-parto são um dos 
momentos caracterizados como propensos ao aparecimento de transtornos. A mulher 
passa por uma readaptação ao assumir esse novo papel, porque deixa de ser filha para se 
tornar mãe. Além disso, quando o bebê é prematuro esse momento se torna doloroso por 
estar diante de variados fatores que causam o sofrimento psíquico como cognitivos, 
biológicos, físicos, sociais e afetivos. 
Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é analisar o que a literatura tem 
publicado a respeito do sofrimento psíquico de mães diante do parto de bebês prematuros. 
Já, os objetivos específicos buscaram entender, a partir da literatura brasileira, como 
ocorre o desenvolvimento do sofrimento psíquico de mães diante do bebê prematuro; 
analisar, a partir dos artigos científicos localizados, quais são os principais desafios 
enfrentados pelas mães de bebês prematuros; e, por fim, conhecer como a rede de apoio 
a saúde física e psicológica atuam em sobre sofrimento psíquico dessas mães que passam 
a vivenciar um momento de sofrimento e dor. 
Sendo assim, o primeiro capítulo trata da diferenciação entre maternidade e 
gestação. Foi desenvolvida uma breve investigação histórica com intuito de 
contextualização do tema, expressando que o vínculo e a afetividade materna não são 
elementos intrínsecos à natureza feminina, tendo em vista os determinantes sociais, 
inicialmente com finalidades inicialmente econômicas, que disseminam esse tipo de 
associação. 
7 
 
O segundo capítulo volta-se para os bebês prematuros e seus respectivos aspectos 
do desenvolvimento, revelando ser um fenômeno biológico que causa o nascimento 
precoce de uma criança. Esta situação acaba comprometendo o processo de crescimento 
desse indivíduo, o que pode acarretar em problemas em diferentes aspectos do 
desenvolvimento infantil. 
O terceiro capítulo relaciona-se ao vínculo criado entre mãe e bebê. Alguns 
estudos mencionam que este é um vínculo capaz de proporcionar desenvolvimento nos 
âmbitos cognitivo, social e emocional de uma criança. 
O quarto capítulo vincula-se ao sofrimento psíquico de mães de crianças 
prematuras. Fase enfrentada por diversas mães que muitas vezes acabam sendo criticadas 
pela sociedade. Este capítulo buscou apontar o estado emocional de mães que se deparam 
com uma circunstância totalmente delicada que exige a cooperação da família e daqueles 
que estão em sua volta e em determinados casos, a participação de profissionais que irão 
ser peças indispensáveis neste processo que carece de ajuda, compreensão e apoio. 
Este estudo torna-se relevante, pois se trata de uma revisão sistemática de 
literatura embasada em artigos anteriormente publicados sobre a mesma linha de 
pesquisa, contribuído para outros estudos, bem como para a formação dos profissionais 
da área da psicologia. 
 
 
 
 
2. Fundamentação teórica 
 
2.1 Maternidadee Gestação 
8 
 
 
O conceito de maternidade e gestação tem passado por diversos entendimentos 
histórico-culturais que envolvem as comunidades em que as mulheres se encontram 
inseridas. Para Piccinini, Nardi e Lopes (2008), maternidade e gestação consistem em 
momentos e concepções distintos vivenciados pela mulher quando se tem o desejo de 
tornar-se mãe, porém o conceito de maternidade relaciona-se ao fator biológico pelo qual 
a mulher, durante determinado período gera dentro de si outro corpo, um bebê, é, portanto, 
o processo da gravidez propriamente dita. Enquanto a maternidade configura-se em um 
constructo social desenvolvido por aquelas mulheres que têm o desejo de se tornarem 
mães, visto que gerar um filho não garante que a mulher desenvolva a maternidade. 
Desde o século XVIII até as formas de organização encontradas atualmente, 
variadas concepções se desenvolveram em relação aos papéis desenvolvidos pelas 
mulheres-mães; e, também, pelas crianças. Moura (2004), afirma que a maternidade seja 
fruto dos paradigmas sociais e culturais, pois advém das primeiras relações atribuídas ao 
papel e às funções da mulher diante da sociedade: gerar filhos, cuidar da casa e dos filhos. 
É bem verdade que socialmente ainda se pensa que a gestação seja processo fundamental 
para preparação da mulher para a maternidade devido aos padrões pré-estabelecidos 
desde a época em que viam as mulheres apenas como donas de casas e parideiras (Moura, 
2004). 
Em meados do século XVIII, tomando como base os países da Europa e o Brasil, 
a sociedade pouco se preocupava com a condição física, sentimental que atualmente 
envolvem as relações entre mãe e filhos ou mesmo pela valorização da criança. A função 
da mãe era somete amamentar a criança, fonte de alimentação até que o filho não 
dependesse mais dela para sobreviver. Ainda na infância a criança assumia 
reponsabilidades de adulto. (Moura, 2004). 
9 
 
A diferença entre o conceito de maternidade definido socialmente antes e pós-
guerra, sofre influência dos ideais defendidos pelo movimento feminista, uma vez que as 
mulheres tomaram conhecimento da desigualdade por elas sofridas em relação aos 
homens (Scavone, 2001). Nesse contexto, a maternidade foi algo amplamente 
questionado, pois a mulher não tinha o direito de querer ou não ser mãe, o seu papel 
resumia-se em procriar, cuidar do lar e das famílias, sem maiores papeis sociais. “A 
máxima deste movimento era “un enfant, si je veux, quand je veux” [“uma criança se eu 
quiser, quando eu quiser”], que reivindicava o direito à livre escolha da maternidade 
(Scavone, 2001, p. 139). 
Entre as décadas de 60 e 80, as discussões feministas acerca do tema maternidade 
já eram bastante difundidas, pois com o advento da industrialização em massa elevou-se 
grandemente o número de mulheres ao mercado de trabalho. Nesse sentido, as atividades 
domésticas atribuídas culturalmente à figura feminina, bem como a responsabilidade de 
serem apenas mães e donas de casa deram espaço a construção de um novo perfil de 
mulheres, agora, também, trabalhadoras, que passaram a adiar os planos maternais 
(Scavone, 2001). 
Anteriormente às premissas defendidas pelo movimento feminista, os conceitos: 
maternidade e gestação, funcionavam como sinônimos, indissociáveis um do outro; e a 
criança não ocupava a posição de cuidado, afetividade e prioridade dentre as obrigações 
atribuídas à mãe, a posição ocupada pela criança também diferia da posição por elas 
ocupadas atualmente. Ainda segundo Moura (2004) o discurso médico e psicológico 
corroborou com o favorecimento das características pertinentes ao papel materno (Moura, 
2004). 
Scavone (2001) destaca que o movimento feminista no Brasil, encorajou muitas 
mulheres a lutarem pela ocupação de novos papeis sociais que não somente o de esposa, 
10 
 
mãe e dona de casa. Mas apesar da conquista do direito de quererem ou não gerar filhos 
ou tornarem-se mães, essa decisão ainda se define com maior ou menor força conforme 
a classe social. Nesse sentido, mesmo diante de tantas mudanças sociais de direito da 
mulher, a maternidade ainda é, de forma predominante, vista como um papel obrigatório 
a ser desenvolvido pela figura feminina. 
Passado o período em que a maternidade era unicamente relacionada à condição 
biológica em que a mãe era vista como objeto de gestação e amamentação, o período 
contemporâneo ressalta as características também sentimentais atribuídas a mulher tanto 
no período gestacional como maternal (Moura, 2004). 
Com avanço das tecnologias reprodutivas como por exemplo a reprodução 
assistida “Conjunto de técnicas de tratamento médico paliativo, em condições de 
in/hipofertilidade humana, visando à fecundação (Corrêa, 2001, p. 11)”, tornou evidentes 
as transformação do conceito de maternidade, atribuindo significados diferentes a 
gestação e maternidade, rompendo assim o determinismo biológico imbricados a estes 
termos. Com isso, houve também o rompimento definitivo da associação entre 
sexualidade e reprodução, tendo em vista a contracepção por meios artificiais (Scavone, 
2001). 
Sobre o exposto, Scavone (2001) sustenta que gravidez é o período de 
desenvolvimento do bebê entre a concepção e o parto e que ocorre por aproximadamente 
quarenta semanas. Nessa fase a mulher passa por constantes mutações no corpo e na 
mente, nesses termos, a gravidez é o fenômeno biológico enquanto a maternidade se trata 
da vivência que se dá entre mãe e filho. 
Logo, a gestação e a maternidade configuram períodos distintos em que a mulher 
passa desde o momento em que decide ou não se tornar mãe. Durante a gravidez, a mulher 
passa por constantes mudanças de ordens biológicas, psicológicas, somáticas e sociais 
11 
 
que refletem diretamente no período pós-gestacional, pós-parto, ou seja, na construção da 
maternidade. Nessa fase, a mãe desenvolve intensos sentimentos como: medos, dúvidas, 
angústias, alegria, apreensão, irrealidade (Ferrari, Piccinini, & Lopes, 2007). Essas 
variações emocionais podem acontecer tanto na gestação como na própria maternidade 
(Moura, 2004) 
Durante a gestação, a mulher passa pelo período de adaptação da gravidez ao 
mesmo tempo em que se prepara emocionalmente para a sua atuação na maternidade e 
para o próprio desenvolvimento do papel materno. Na verdade, é possível afirmar que, 
inconscientemente, a mulher se prepara para o processo maternal, pois este inicia-se até 
mesmo antes da concepção, pois culturalmente, desde que se nasce menina, as condições 
culturais e paradigmáticas impulsionam a mulher para a identificação das funções 
impostas para a figura da mulher, (Piccinini, Nardi, Lopes, 2008). 
A fase da gestação pode ocasionar nas mulheres a vivência de mudanças psíquicas 
que alteram o emocional da gestante positiva e negativamente, pois a mulher grávida pode 
desencadear problemas psicológicos a partir de crises emocionais ou desenvolver 
potenciais desconhecidos como adaptação e resolução de conflitos (Piccinini, Nardi, 
Lopes, 2008). 
A forma com que a mulher gestante lida com as mudanças provenientes do 
período gestacional é o que vai influenciar a sua relação com a criança no período da 
maternidade. “Levando-se em conta a relevância do período gestacional, tanto para a 
gestante e seu marido como para o bebê, é importante que se busque compreender a 
dinâmica psíquica desse momento e sua contribuição para a constituição da maternidade 
(Piccinini, Nardi, Lopes, 2008, p. 64)”. 
A realidade materna se distancia do que conta a literatura, em que o sucesso da 
maternidade depende unicamente do desejo pessoal de cada mulher em se tornar mãe. Os 
12 
 
fatores, sociais, culturais e profissionais são determinantes para o processo de adaptação 
e aceitação da mulher, no que tange a sua experiência como mãe (Correia, 1998). 
Tendo em vista que a maternidade é um processo que se constitui socialmente, o 
amor materno é algocomplexo longe de ser instintivo e perfeito, pois está condicionado 
por inúmeros fatores que não somente a natureza feminina e a vontade em tornar-se mãe. 
As mulheres podem se tornar mães sem a necessidade de gerar um filho, assim como 
podem gerar filhos e não desenvolverem a maternidade, tal afirmação valida a ideia de 
desvinculação dos termos, pois a maternidade envolve aspectos de ordem social, 
psicológicas e afetivas sem a necessidade de laços sanguíneos (Scavone, 2001). 
Nesta sessão, foi possível entender sobre a diferença entre os períodos gestação x 
maternidade que embora comumente sejam passíveis de incompreensão de seus 
significados, essas duas fases proporcionam alterações hormanais e psiquicas nas mães. 
 
2.2 Bebês Prematuros e Aspectos do Desenvolvimento 
 
A prematuridade é o fenômeno biológico que provoca o nascimento do bebê antes 
do cumprimento do prazo esperado de quarenta semanas. A prematuridade ou parto pré-
termo consiste no nascimento da criança em prazo menor que o convencional para uma 
gravidez. A gestação que termina até 37 semanas após o primeiro dia da última 
menstruação é considerada prematura e é um dos motivos que acarreta a mortalidade 
neonatal (Cuman, 2009). 
Para Linhares (2004), a ocorrência de um parto prematuro denuncia que algo fora 
do normal aconteceu para que a criança não pudesse alcançar a idade gestacional ideal 
para um parto normal, diante disso sabe-se que, se a criança nasce antes do tempo, o seu 
13 
 
desenvolvimento da fase uterina não chegou ao fim, sendo necessário a internação em 
Unidade de Tratamento Intensiva. 
O nascimento de um bebê prematuro envolve a atenção da mãe e da equipe 
médica, pois essas crianças necessitam de cuidados especiais como, por exemplo: UTI, 
alimentação por sonda, banho de luz. Esta situação atinge o emocional da mãe, causando-
lhe preocupações extras que consequentemente atrapalha a produção de leite (Silva, 
2009). 
 
“Quando a criança nasce prematura e necessita de cuidados na Unidade de 
Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN), a mãe passa a ser mera expectadora dos 
cuidados especializados prestados pela equipe de saúde. A visão de um cenário 
composto de tantas luzes, aparelhos, fios, profissionais especializados, 
estimulação sonora incessantemente presente, através de diversos alarmes e ruídos 
ensurdecedores, produz incerteza e insegurança na mãe em relação à vida de seu 
filho fora daquele ambiente (Araújo e Rodrigues, 2010, p. 866).” 
 
Embora a prematuridade apresente risco eminente, a tecnologia na área médico-
hospitalar e psicológica, oferecem todo apoio necessário para a mãe e para o bebê, “o que 
não inibe as dificuldades em relação à alimentação que [...] ainda é motivo de 
preocupação (Silva, 2009, p. 109)”, tendo em vista que a mãe recebe a alta hospitalar e a 
criança ainda precisa ficar internada. 
Para Silva (2009), embora, teoricamente, especialistas da área da saúde ensinem 
que as mães devem estimular a lactação, o processo na prática não é tão simples, e o leite 
acaba muitas vezes secando, fazendo com que a criança seja alimentada pelo banco de 
leite enquanto se encontra internada, ou por fórmulas especiais após a alta, pois há 
diminuição da produção láctea devido à pouca sucção do bebê. 
A prematuridade é uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil, 
tornando-se assim motivo de abalo emocional da mãe que não consegue segurar o bebê 
até as 40 semanas de gestação. A expectativa de gerar uma criança saudável é 
14 
 
interrompido quando se tem um parto pré-termo, pois o cuidado e o afeto que se esperava 
oferecer ao bebê dividem espaço com a preocupação e o medo de perder a tão esperada 
criança (Cuman, 2009). 
Os recém-nascidos prematuros exigem cuidados especiais pois são clinicamente 
frágeis e sucetíveis a desenvolverem complicações como sofrimento respiratório, a 
hemorragia no cérebro, crescimento dos vasos sanguíneos nos olhos, hemorragia 
pulmonar, bem como outros problemas que possam vivenciar durante a primeira 
infância e durante outras fases da vida (Brito et. al. 2003). 
Brito et. al. (2003) revela que, a taxa de mortalidade de bebês prematuros ainda 
é alta, principalmente quando se trata de recém-nascidos de extremo baixo peso, como 
por exemplo recém-nascidos que pesam 750 gramas e nasceram com 29 semanas ou 
menos de gestação. No entanto, ele destaca a questão de que os índices de mortalidade 
também podem estar atrelados as condições clínicas em que os bebês são submetidos, a 
qualidade dos cuidados por eles recebidos, os recursos disponibilizados na UTI e os 
enfoques terapêuticos. 
Esta situação pode comprometer o desenvolvimento da criança ocasionando 
problemas presentes e futuros em várias áreas, porém, a primeira preocupação tanto da 
mãe quanto dos médicos é com a perda de peso do bebê que já se encontra em um a 
situação delicada (Linhares, 2004). 
O fator do crescimento e desenvolvimento é a principal questão discutida por 
Rugolo (2005) em seu artigo: Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do 
prematuro extremo. Para a autora dentre os anseios dos pais quanto a situação do filho 
estão questionamentos do tipo: a criança vai sobreviver? Vai se desenvolver 
normalmente? Vai crescer? O que se pode fazer para que haja melhora na sua evolução? 
Sobre isso, Rugolo (2005) destaca que os cuidados com o bebê prematuro 
15 
 
precisam ser adequados e maximizados, uma vez que a criança prematura em suas 
primeiras semanas de vida tendem a sofrer com a perda de peso que chega a ser 
recuperada em torno da terceira semana e demais outros agravantes. 
Cuman et. al, (2009), reforça que a importâcia dos cuidados oferecidos na UTI 
para o desenvolvimento do bebê prematuro, pois os órgãos internos da criança, assim 
como no útero, devem receber estímulos adequados semanalmente para que haja a 
maturação. A idade gestacional é fator preponderante para os resultados positivos ou 
não estado clínico do bebê inicial e na mortalidade do recém-nascido, quanto maior a 
idade gestacional, maiores são as chances de sobrevivência. 
Após a fase crítica de desenvolvimento inicial do prematuro, a preocupação se 
volta para a incerteza da qualidade de vida futura dos pequenos, que pode ser 
influenciada por diversos fatores como investimento, custo da assistência neonatal e 
custos econômicos e sociais dos cuidados são influenciáveis. 
A vista disso, Moraes et. al. (2009), defende que o bebê prematuro necessita de 
atenção e cuidados especializados também em casa, sendo primordial que a criança 
esteja sob constante observação, pois devido a sua condição, pode apresentar 
complicações de saúde física que demandem visitas médicas frequentemente, e até 
mesmo novas hospitalizações durante os primeiros anos de vida. Situações como esta 
podem se tornar rotineiras e limitar a participação da criança em atividades próprias da 
infância. Assim a não participação da criança de forma efetiva na sociedade dificulta o 
desenvolvimento de habilidades sociais pertinente às crianças. 
Os cuidados com a criança prematura transcedem os limites do ambiente 
hospitalar, pois quando atinge a idade ideal para alta, a criança segue para casa com os 
pais que, na maioria da vezes sentem-se inseguros em cuidar de um ser considerado tão 
frágil. Nesse sentido, até mesmo para os pais a interação e o convívio com suas crianças 
16 
 
prematuras torna-se dificultosa devido a fragilidade, a irritabilidade e a não reação dos 
bebês em relação ao ambiente social (Moraes et. al., 2009). 
No que tange aos aspectos do desenvolvimento do bebê prematuro, a 
prematuridade é vista como um risco para o desenvolvimento em diversas áreas e 
momento da vida da criança, no entanto certas medidas podem ser tomadas para detecção 
deste risco, como: peso do bebê após o nascimento, idade gestacional (Brito et al., 2003). 
Uma das principais preocupações quanto ao desenvolvimento dobebê é o fator de 
crescimento, porém é difícil precisar quão rápido a criança irá se desenvolver nesse 
aspecto, pois se trata de um processo resultante de inúmeros fatores: “genéticos, 
nutricionais, hormonais e ambientais (Rugolo, 2005, p. 102)”. 
Dentre outras questões, a criança prematura necessita de cuidados emergenciais, 
pois não consegue se alimentar suficientemente, visto que a amamentação não é um 
processo simples para esses bebês que normalmente não têm força suficiente para sugar 
o leite materno. A sucção da criança prematura não é igual a de um bebê que nasce dentro 
do período normal, pois os seus órgãos não estão perfeitamente formados (Linhares, 
2004). 
Um parto prematuro envolve não somente fatores psicológicos e emocionais, mas 
também aspectos de natureza econômica, pois demanda cuidados assistenciais 
especializados e de grande complexidade. Um parto prematuro torna-se ainda mais 
complicado e preocupante para a mãe de baixa-renda, pois, no Brasil a contemplação por 
atendimento público não condiz com a urgência da necessidade (Cuman, 2009). 
Para que uma criança sobreviva é necessário o intenso cuidado e disponibilização 
de recursos tecnológicos e financeiros, por esse motivo a prematuridade pode acorrer com 
qualquer mulher de diferentes classe sociais, no entanto a mãe de baixa renda encontra 
maiores dificuldades e preocupação para com o seu filho, pois depende de recursos 
17 
 
públicos para manter vivo o seu filho. E caso a criança sobreviva, ainda se corre o risco 
de desenvolver problemas futuros, pois o pleno desenvolvimento da criança não depende 
somente de amor, mas também de fatores sociais e materiais que dão suporte ao 
desenvolvimento global da criança (Cuman, 2009). 
O recém-nascido prematuro requer cuidados especiais e transpessoais, pois como 
ser indefeso tem a necessidade de ser cuidado por outros seres humanos que lhe 
proporcionem proteção e preservação de sua vida, pois sozinhos não conseguem se 
desenvolverem plenamente. O prematuro deve ser cuidado por quem seja capaz de lhe 
proporcionar suas especificidades enquanto ser humano dependente (Morais, Quirino, 
Almeida, 2009). 
O bebê prematuro necessita de cuidados especiais oferecidos por profissionais 
capacitados e por unidades de tratamento intensivas, uma vez que o período em que o 
bebê passa internado compromete o desenvolvimento do vínculo afetivo entre mãe e bebê. 
Destarte, o fortalecimento desse vínculo também deve ser objeto de atenção dos 
profissionais de saúde, da família e da mãe e sobre ele trataremos na próxima sessão 
(Morais, Quirino, Almeida, 2009). 
A rotina hospitalar, embora cansativa, transmite uma sensação de segurança para 
os pais quanto ao desenvolvimento da criança que recebe cuidados 24h de equipe 
especializada, pois após a alta a responsabilidade de cuidar de um ser tão pequeno e frágil 
é transferida para os pais que muitas vezes experimentam sofrimento emocional como 
consequência da rotina exaustiva e cautelosa que envolve os cuidados com o bebê 
prematuro. 
Além da atenção imediata, os bebês recém-nascidos prematuros necessitam que 
estes cuidados e acompanhamento ocorram durante os primeiros anos de vida, pois esta 
população apresenta risco de déficits no desenvolvimento psicomotor. Desde o 
18 
 
momento do parto até a primeira infância, o bebê prematuro exige cuidados especiais, 
pois o período de internação do bebê, bem como sua sua vida pós internação geram, na 
mães, dúvidas e incertezas quanto ao desenvolvimento da criança e todas essas nuances 
contribuem para o possível sofrimento psiquico delas. 
 
2.3 Relação Mãe-Bebê 
 
Pesquisas de diferentes naturezas tem reconhecido a relação mãe-bebê, como uma 
virtude relevante para o estabelecimento do vínculo materno-infantil no que tange o 
desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança no decorrer da vida como um 
todo e não somente na infância (Simioni, Geib, 2008). 
A mãe é a referência da criança, sua atitude emocional reflete no desenvolvimento 
da criança desde a gestação, perpassando pelo puerpério e até ao desenvolvimento na 
infância. Paradigmas sociais determinam que a mãe seja responsável por orientar o bebê, 
proporcionando a ele qualidade de vida, servindo-lhe de base para a organização da sua 
vida psíquica e para o seu desenvolvimento enquanto ser humano (Simioni, Geib, 2008). 
Ainda que a presença, o carinho e o cuidado da mãe para com o bebê sejam 
fundamentais por muito tempo na vida da criança, é no período inicial que a figura 
materna exerce grande influência no desenvolvimento do bebê, no entanto, este contato 
inicial não ocorre de maneira expressiva quando se trata da mãe e bebê de parto 
prematuro. 
No puerpério, a mulher enfrenta mudanças de ordens físicas e emocionais, 
enfrentando a realidade de tornar-se mãe, a inversão de papéis, mudança de rotina diária, 
abdicações e preocupações que antes não faziam parte de sua vida. A mãe vítima de parto 
pré-termo ainda enfrenta o agravante de lidar com sua criança internada em uma UTI, e 
19 
 
neste caso, toda a atenção da mãe se volta para o bebê que se torna prioridade (Simioni, 
Geib, 2008). 
Para que haja uma boa relação entre a mãe e o bebê é necessário que a mulher 
tenha antes vivido boas experiências com a gestação, pois o vínculo estabelecido no 
puerpério é consequência da que se viveu também durante todo o processo gestacional e 
um parto prematuro acaba com todas as expectativas da mãe que se preparou para um 
pós-parto normal. Nesse sentido, embora a mãe esteja ciente da importância do seu papel 
para o desenvolvimento da criança, seu psicológico pode estar abalado devido as 
circunstâncias de ter sofrido um parto pré-termo, necessitando também de cuidados 
(Simioni, Geib, 2008). 
Ponte (2014) mostra que a prematuridade é algo que influi negativamente no 
desenvolvimento da relação afetiva construída entre a mãe e o filho, pois ainda durante o 
parto a mãe sofre com a possibilidade de perder o filho. O parto pré-termo torna-se 
traumático por frustrar as expectativas da mãe no que tange a sua relação com o bebê, 
gerando na mãe o medo de que a sua criança não sobreviva; o distanciamento causado 
pelas consequência de ter uma criança prematura dificulta o estreitamento dos laços 
maternais, uma vez que a mãe é imediatamente destituída da tarefa de ser mãe. A mãe 
deixa de realizar atividades esperadas por ela, como: pegar a criança no colo, amamentar, 
acariciar. 
No entanto, a prematuridade por si só não é responsável pelo distanciamento 
afetivo entre a mãe e o bebê, pois para Ponte (2014), o que dificulta o estreitamento dos 
laços afetivos entre a mãe e a criança são as situações traumáticas vivenciadas no parto e 
no pós parto, como é o caso da separação no momento imediato em que o bebê é 
encaminhado para UTI, o sentimento de tristeza por não ter a criança por perto, a falta de 
atvidade laboral e o manejo com a criança. Essa situação interfere na vinculação 
20 
 
emocional mãe-bebê e pode gerar consequências ainda mais graves por toda a vida. 
A maternidade é um processo que se constrói socialmente, destarte todos que 
fazem parte do convívio social da mãe e do bebê podem e devem contribuir para que o 
processo de superação do parto prematuro ocorra de forma saudável. Neste momento, o 
apoio da família, o estabelecimento do vínculo familiar também contribui para que a 
relação da mãe com o bebê seja favorável (Simioni, Geib, 2008). 
Sobre isso, Silva (2009) afirma que as crianças com as quais as mães interagem 
de forma positiva, proporcionando estímulos ao desenvolvimento durante a infância, 
respondem melhor a linguagem receptiva e expressiva, desenvolvem habilidades sociais, 
demonstram representação de apego. 
A relação afetiva entre a mãe tende a ser desenvolvida com auxílio de rede de 
apoio, uma vez que o fato de a mãe de um bebê prematuro não viver as expectativas 
geradassobre a materniadde, durante a gestação, provoca o desenvolvimento de 
problemas graves de ordem psíquica nas mães. Assim, os profissionais da saúde clínica 
e psicológica são fundamentais no auxílio às mães, no que tange ao desenvolvimento 
da relação de afeto entre mãe e bebê. 
2.4 Sofrimento Psíquico de Mães de Crianças Prematuras 
 
A criança prematura, ao nascer, não está totalmente formada, pois apresenta certa 
imaturidade funcional de seus órgãos, o que acarreta riscos iminente de morte ou sequelas. 
Desta forma, requer cuidados clínicos especiais após o seu nascimento. Esses fatores 
proporcionam o desencadeamento de emoções contrárias para a mãe que desejava dar à 
luz um filho saudável, dentro das normalidades do parto (Klein e Linhares, 2006). 
No decorrer da gestação, a mãe desenvolve um estado de sensibilidade especial 
que a capacita a compreender as necessidades do seu filho e de exercer, suficientemente 
21 
 
bem, o cuidado materno. Diante dessa situação, a mãe que naturalmente também necessita 
de cuidados médicos, agora precisa ser assegurada psicologicamente com suporte e 
aconchego imprescindível para ajudá-la a lidar com a condição em que se encontra a 
criança (Klein e Linhares, 2006). 
A mãe de uma criança prematura está propensa ao desenvolvimento de sofrimento 
psíquico devido à preocupação e atenção extra com a criança de parto pré-termo. Para 
Pontes e Cantillino (2014), o trauma psicológico acontece de três diferentes formas: 
quando o próprio indivíduo sofre o trauma, quando ele presencia o trauma ou quando ele 
toma conhecimento do trauma por meio de outras fontes. 
Quando se trata do parto prematuro, conceituado pelos autores como parto 
traumático, a parturiente sofre o trauma ainda durante o trabalho de parto, pois teme pela 
lesão física ou até mesmo pela morte do recém-nascido e pela própria morte. Neste 
sentido, a puérpera sofre medo intenso, pavor e horror que se perpetuam até o pós-parto 
(Pontes e Cantillino, 2014). 
A mãe ainda experimenta a frustração logo após o nascimento do filho, devido a 
necessidade de separação de ambos, uma vez que o bebê precisa se sujeitar a cuidados 
especializados. Neste momento, a puérpera não pode segurar, amamentar ou mesmo 
acalentar o seu filho, podendo se sentir frustrada, triste e vazia. Logo, a mãe também 
precisa sentir-se apoiada e cuidada para que posteriormente consiga estabelecer vínculo 
afetivo com o filho, uma vez que “o parto traumático relacionado à prematuridade 
também poderá afetar a decisão da mãe quanto a ter outros filhos no futuro, além de 
interferir na lactação e no desenvolvimento do vínculo mãe-bebê (Pontes e Cantillino, 
2014, 292)”. 
Ao viver um parto prematuro, a mulher vivencia uma série de dificuldades que 
não eram esperadas por ela: lidar com a criança prematura, enfrentar rotinas de UTIs, 
22 
 
abster-se da amamentação e ainda conviver com a incerteza da sobrevivência do filho. 
Todos esses aspectos proporcionam distúrbios emocionais na parturiente que acaba 
vivendo um período estressante no puerpério, denominado por Pontes e Cantillino (2014), 
como estresse pós-traumático. 
Pontes e Cantillino (2014) ressaltam ainda que, apesar de todo o avanço 
tecnológico ter aumentado as chances de sobrevivência do recém-nascido prematuro, essa 
realidade não é suficiente para inibir os efeitos nocivos do trauma sofrido pela mãe que 
espera angustiadamente pelo desenvolvimento do filho enquanto este se encontra 
internado na UTI. 
Assim é essencial que as mães também sejam amparadas por profissionais que 
possam orientá-las durante o processo de estresse pós-traumático, dado que as mães 
devem se sentir apoiadas para posteriormente serem capazes de assumir o cuidado com 
criança e estabelecer vínculos afetivos. Além do apoio profissional, as mães de recém-
nascidos prematuros devem receber também o suporte familiar que é a base de qualquer 
indivíduo. 
O apoio família à mãe de bebê pré-termo apresenta inúmeros benefícios desde 
o amparo assistencial bem como no cuidado emocional. A família contribui 
“oferecendo conforto e encorajamento, o que permite reduzir os sentimentos de solidão, 
a ansiedade e os níveis de estresse causados pela vulnerabilidade da mulher e outros 
fatores (OMS, 1996, p. 53)”. 
O suporte familiar contribui para diminuição dos riscos de a mãe desenvolver 
problemas psíquicos mais graves após o parto. Uma situação em que a mãe se encontra 
em sofrimento por ter tido um parto prematuro pode se agravar ainda mais caso 
desenvolva, por exemplo, uma depressão pós-parto. 
 
23 
 
3. Objetivo Geral 
 
Analisar o que a literatura tem publicado a respeito do sofrimento psíquico de mães 
diante do parto de bebês prematuros. 
 
3.1 Objetivos específicos 
 
1- Entender, a partir da literatura brasileira, o sofrimento psíquico de mães diante do bebê 
prematuro. 
2- Averiguar, a partir dos artigos científicos localizados, quais são os principais desafios 
enfrentados pelas mães de bebês prematuros. 
3- Conhecer quais são os mecanismos que atuam em benefício do sofrimento psíquico 
dessas mães que passam a vivenciar um momento de sofrimento e dor. 
 
 
4. Método 
O presente estudo é resultado de uma revisão sistemática de literatura realizada 
por meio da leitura e análise de artigos publicados a respeito do sofrimento psíquico de 
mães diante do parto de crianças prematuras. O método de pesquisa da revisão sistemática 
de literatura consiste na análise retrospectiva de artigos científicos, sendo bastante comum 
nas pesquisas voltadas para a área da saúde (Galvão e Pereira, 2014). 
Pesquisas dessa natureza são abrangentes e não devem ser, de forma alguma, 
tendenciosas em sua elaboração, uma vez que os critérios adotados em sua realização são 
divulgados para que outros pesquisadores possam repetir o reproduzir o procedimento. 
Uma boa revisões sistemática pode tornar-se a melhor evidência para as tomadas de 
decisão de porofissionais que nela se baseiam, como por exemplo as revistas de pesquisa 
clínica (Galvão e Pereira, 2014). 
24 
 
A revisão sistemática da literatura. Trata-se de um tipo de investigação focada 
em questão bem definida, que visa identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as 
evidências relevantes disponíveis [...]. As revisões sistemáticas diferem das 
revisões narrativas ou tradicionais. Essas são amplas e trazem informações 
gerais sobre o tema em questão, sendo comuns em livros-texto. Também se 
distinguem das revisões integrativas, nas quais se utilizam diferentes 
delineamentos na mesma investigação, além de expressarem a opinião do 
próprio autor (Galvão e Pereira, 2014, p. 183). 
 
Cabe salientar que a revisão sistemática reúne os resultados dos estudos 
primários sobre determinado tema, sendo transparente, reprodutível e replicável, porém 
imparcial ao problema de pesquisa. Nesse tipo de pesquisa, a qualidade dos artigos e a 
fonte de pesquisa dos mesmos são de grande importância, pois garante a validade 
científica do conteúdo. 
 
4.1 Instrumentos 
Foram utilizados para a realização desse trabalho, artigos de validade científica 
retirados das base de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e PePsic 
(Periódicos Eletrônicos em Psicologia), a partir de duas categorias de descritores: a 
primeira: maternidade, gestação, mãe,; e, a segunda: crianças prematuras bebê prematuro, 
recém-nascidos pré-termo, prematuridade, nascimento prematuro, criança prematura. A 
partir disso, foram feitas as devidas combinações para que o maior número de artigos 
sobre o tema fossem encontrados. 
 
4.2 Procedimentos 
Os artigos selecionados foram aquele publicados no idioma português e entre os 
anos de 2001 e 2018. Com todo o critério de busca definido, atingiu-se o quantitativo de 
105 artigos, os quais foram organizados em planilha conforme tema, autor e ano de 
publicação. Desses, apenas 15 foram selecionados para a elaboração darevisão de 
25 
 
lieratuda da presente pesquisa, considerando que os artigos excluídos tratavam do tema 
de forma mais abrangendo, fugindo do foco de análise do sofrimento psíquico de mães 
de bebês pramaturos. 
Após organizados, os artigos tiveram seus resumos lidos para que somente 
aqueles que estivesse em conformidade com o tema da pesquisa compusessem os 
resultados do trabalho. 
A princípio a ideia foi pesquisar artigos publicados nos últimos 10 anos, no 
Brasil, em idioma português e nos endereços eletrônicos de conteúdo científico, como: 
Scilo e PePsic, no entanto a pesquisa muito restritiva não foi suficiente para encontrar um 
quantitativo significante para fundamentação teórica da pesquisa. Diante de disso, o filtro 
de pesquisa para este trabalho se expandiu e passou a procurar por: artigos científicos 
produzidos e publicados no Brasil, em idioma português, porém anos de 2001 a 2018. 
Nesses termos, os critérios de inclusão foram: enfoque nos aspectos 
psicológicos, enfoque nas gestantes/mães e enfoque no parto ter sido prematuro. Destarte, 
foram incluídos artigos que abordassem com concomitantemente a condição psíquica na 
gestação e na maternidade de mulheres que tiveram bebês prematuros, assim os artigos 
precisavam enfocar aspectos psicológicos dessas mulheres que tiveram como situação 
traumática a prematuridade de seus filhos. 
Dessa forma, não se trata de um critério o desenvolvimento dos bebês prematuros para 
você. Ver esse desenvolvimento dos bebês não é essencial para que você entenda o sofrimento 
psíquico das mães que abordassem sobre gestação, maternidade, prematuridade e ainda a 
condição psíquica enfrentada pelas mães de recém-nascidos prematuros, bem como os 
aspectos do desenvolvimento de uma criança que nasce de parto prematuro. 
 
4.3 Procedimentos de Análise 
26 
 
Após todo o processo de seleção e organização dos artigos conforme o tema e 
os objetivos da pesquisa, o próximo passo se deu a partir da leitura integral dos textos 
dos 15 artigos selecionados com base nos critérios de inclusão mencionados. 
Desta maneira, o resultado e discussão dos artigos selecionados foram 
organizados em subtemas estabelecidos em 3 categorias distintas, pensadas e criadas 
com base nos fatores que influenciam para o sofrimento psíquico das mães dos bebês 
prematuros: bebê imaginado e o sentimento de luto; a relação afetiva entre a mãe e o 
bebê prematuro; e a importância da rede de apoio às mães de bebês prematuros. 
 
 
 
 
5. Resultados e Discussão 
 
A princípio, para a construção dessa pesquisa foram encontrados 105 artigos que 
se relacionavam ao objeto de pesquisa. No entanto, a maior parte dos achados foram 
excluídos, porque, apesar de tratarem do nascimento de crianças prematuras ou tratarem 
de mães que enfrentam esse evento, não atendiam aos objetivos de estudar sobre o 
sofrimento psíquico de mães diante do bebê prematuro. Dessa forma, foram excluídos 90 
artigos: 57 a partir da leitura dos resumos e 33, pela leitura integral. 
O quadro que se segue mostra todos os artigos utilizados para fins de análise 
neste trabalho. Destacou-se para tanto três categorias de análise: : bebê imaginado e o 
sentimento de luto; a relação afetiva entre a mãe e o bebê prematuro; e a importância 
da rede de apoio às mães de bebês prematuros, as quais foram construídas para 
organizar e analisar os conteúdos encontrados nos artigos. 
27 
 
Quadro 1 – Artigos selecionados para pesquisa 
 
Título dos trabalhos 
 
Autores 
 
Ano 
Publicação 
Empírico/ 
Revisão 
Bibliográfica 
Maternidade e o feminismo: 
diálogo com as ciências 
sociais. 
 
Scavone, L. 2001 Revisão de 
literatura 
Novas tecnologias 
reprodutivas – limites da 
biologia ou biologia sem 
limites? 
 
Corrêa, M.V. 2001 Revisão de 
literatura 
Escore CRIB, peso ao 
nascer e idade gestacional 
na avaliação do risco de 
mortalidade neonatal; 
 
Brito et.al. 2003 Pesquisa 
empírica 
Estresse, resiliência e 
cuidados no 
desenvolvimento de 
neonatos de alto risco; 
 
Linhares, M.B.M. 
 
2004 Pesquisa 
empírica 
A Maternidade na História e 
a História dos Cuidados 
Maternos 
 
Moura, S.M.S.R. 2004 Pesquisa 
empírica 
Crescimento e 
desenvolvimento a longo 
prazo do prematuro extremo 
 
Rugolo, L.M.S.S. 2005 Pesquisa 
empírica 
Prematuridade e Interação 
Mãe-Criança. 
Klein, V.C. 
Linhares, M.B.M. 
 
2006 Revisão de 
literatura 
O bebê imaginado na 
gestação: aspectos teóricos 
e empíricos; 
 
Ferrari, A.G. 
Piccinini, C.A. 
Lopes, R.S. 
 
2007 Pesquisa 
empírica 
Gestação e a constituição da 
maternidades. Psicologia 
em Estudo; 
Piccinini, A.G.G 
Nardi, T.D. 
Lopes,R.S 
 
2008 Pesquisa 
empírica 
Percepção materna quanto 
ao apoio social recebido no 
cuidado às crianças 
prematuras no domicílio; 
 
Simioni, A.S. 
Geib, L.T.C. 
2008 Pesquisa 
empírica 
Prematuridade e fatores de 
risco; 
 
Culman, R.K.N. 2009 Pesquisa 
empírica 
O cuidado da criança 
prematura no domicílio; 
 
Moraes, A.C. 
Quirino, M.D. 
Almeida, M.S. 
2009 Pesquisa 
empírica 
28 
 
A vivência de mães de 
recém-nascidos prematuro; 
 
Silva; I.A. 2009 Pesquisa 
empírica 
Vivências e perspectivas 
maternas na internação do 
filho prematuro em Unidade 
de Tratamento Intensivo 
Neonatal; 
 
Araújo, B.B.M. 
Rodrigues,B.M.R.D. 
2010 Pesquisa 
empírica 
A influência do nascimento 
prematuro no vínculo mãe-
bebê; 
 
Ponte, G.A.R. 2014 Pesquisa 
empírica 
 Títulos, autores, data e método dos artigos utilizados nos resultados. 
De forma geral, os artigos apontam que a mulher no período do puerpério se 
torna frágil física e psicologicamente, pois a gestação em si, o trabalho de parto e a 
maternidade – situações comuns vivenciadas por quem espera por um bebê –, alteram 
os hormônios femininos ocasionando mudanças de humor (Moura, 2004; Scavone, 
2001; Ferrari, Piccinini e Lopes, 2001). No entanto, esse quadro se agrava quando a 
mãe sofre o parto prematuro e a tendência é desenvolver problemas psicológicos mais 
graves (Araújo e Rodrigues, 2010). 
O possível sofrimento psíquico da mulher no puerpério pode influenciar na 
construção da relação afetiva entre a mãe e o bebê, pois o distanciamento provocado 
pela separação de ambos é necessária para a continuação do desenvolvimento do bebê, 
porém a mãe não consegue estabelecer vínculos afetivos com a criança, sendo 
necessária a intervenção de profissionais especializados da área da saúde física e mental 
para acompanhar a mulher nesse processo. 
 
5.1 Bebê Imaginado X Sentimento de Luto 
 
 As mães que desejam ter os seus filhos, alimentam em si sentimentos positivos 
desde o planejamento da gestação, imaginam se tornarem mães de bebês saudáveis, pegar 
em seus braços, amamentar, levá-los para casa, cuidar e dar lhes carinho, amor e atenção. 
29 
 
Essa situação esperada é o que proporciona o estabelecimento de vínculos afetivos entre 
a mãe e a criança, pois a expectativa da mãe sobre o filho transcende o limite do 
desenvolvimento físico do feto, assim a criança passa a se formar também na mente da 
futura mãe (Simioni, Geib, 2008; Ponte, 2014). 
A construção de uma imagem perfeita do bebê na cabeça da mulher é reflexo da 
idealização da maternidade também perfeita, no entanto essa expectativa é quebrada 
quando a mãe e o bebê passam pelo parto prematuro, pois a mulher se encontra 
impossibilitada de realizar os afazeres com sua criança tanto no sentido de cuidar quanto 
de dar carinho, amor e atenção. A falta de oportunidade de realizar as funções maternas 
idealizadas, proporciona na mãe o surgimento de sentimentos negativos em relação à 
maternidade, principalmente o sentimento de luto por sentir o risco real de perder o seu 
bebê (Ponte, 2014). 
O sentimento de luto permeia o pensamento das mães constantemente ao se 
depararem com a antecipação do encontro; lidarem com um bebê diferente; teremmedo 
da perda; verem a morte como centro das atenções (Ponte, 2014; Pontes e Cantillino, 
2014). 
Os procedimentos rotineiros de uma UTI, os cuidados dos profissionais com a 
criança, tornam-se aterrorizantes para as mães que se veem como meras expectadoras dos 
cuidados com o filho. Toda essa situação tende a levar a mãe ao sofrimento psíquico 
marcado pelo medo da perda, impotência, falta de afeto, incapacidade de realizar as 
atividades rotineiras, consideradas normais. 
Os sentimentos positivos construídos durante a gestação se transformam em 
sentimentos negativos devido as incertezas quanto ao futuro do seu filho, assim o bebê 
imaginado, idealizado, passa a não existir mais, pois toda essa imprevisibilidade causada 
pela situação vivenciada de parto prematuro quebra o encanto da mãe em gestar e parir 
30 
 
uma criança perfeita, saudável, e de, consequentemente, levá-la pra casa (Pontes e 
Cantillino, 2014). 
A relação afetiva criada pela mãe com o bebê imaginado não se desenvolve da 
mesma maneira com o bebê real, pois este carrega consigo a materialização de fatores 
negativos que não foram pensados quando ainda estava no ventre da mãe. Mesmo 
sabendo dos riscos de uma gravidez, das possibilidades de o bebê nascer com alguma 
condição especial, a mãe nunca idealiza um bebê não saudável, suas expectativas sempre 
são as melhores possíveis (Pontes e Cantillino, 2014). 
Ao se deparar com um bebê real que necessita de condições especiais de cuidado 
e tem em si o risco iminente de morte ou de ter a saúde comprometida, diferentemente do 
bebê imaginado perfeito, nascido no tempo certo de gestação, a mãe precisa reorganizar-
se emocionalmente para conseguir passar pela difícil situação de lidar com um bebê 
prematuro. 
O bebê idealizado se encontra na mente da mãe e não em seu ventre e é no 
processo de criação do bebê imaginado que a mãe começa a estabelecer relações de afeto 
com a criança. A criação de um bebê ideal na mente da mãe é a segurança que ela cria 
para não se deparar com um bebê estranho no momento do parto. No entanto, mesmo que 
o parto prematuro não traga necessariamente um bebê com problemas de saúde aparente, 
o trauma do parto pré termo, os problemas consequentes da situação e o medos iminentes 
são fatores que fortalecem a desvinculação do amor materno com o filho que nasce 
(Simioni, Geib, 2008), por isso é de suma importância que a mãe e a criança recebam 
apoio profissional e familiar para que os laços maternos sejam estabelecidos. 
 
5.2 A Relação Afetiva Entre a Mãe e o Bebê Prematuro 
 
31 
 
Ponte (2014) em seus achados sobre a influência do nascimento prematuro no 
vínculo mãe-bebê, mostra que a prematuridade é algo que influi negativamente no 
desenvolvimento da relação afetiva construída entre a mãe e o filho, já que existe um 
distanciamento causado pelas consequências de ter uma criança prematura, uma vez que 
a mãe é imediatamente destituida da tarefa de ser mãe. A mãe deixa de realizar atividades 
esperadas por ela, como: pegar a criança no colo, amamentar, acariciar. 
A prematuridade por si só não é responsável pelo distanciamento afetivo entre a 
mãe e o bebê, pois para Ponte (2014), o que dificulta o estreitamento dos laços afetivos 
entre a mãe e a criança são as situações traumáticas vivenciadas no parto e no pós parto, 
como é o caso da separação no momento imediato em que o bebê é encaminhado para 
UTI, o sentimento de tristeza por não ter a criança por perto, a falta de atvidade laboral e 
o manejo com a criança. 
Essa situação interfere na vinculação emocional mãe-bebê e pode gerar 
consequências ainda mais graves por toda a vida, pois o desenvolvimento integral da 
criança depende também da relação afetiva, do carinho, amor e cuidado recebido pela 
mãe desde os primeiros dias de vida. Além disso, a experiência traumática do parto, bem 
como a sensação de impotência e o sentimento de culpa, na maioria das vezes provoca o 
afastamento da mãe para como o filho. 
Por outro lado, Silva (2009), ao pesquisar sobre as vivências de mães de recém-
nascidos prematuros, afirma que as crianças com as quais as mães interagem de forma 
positiva, proporcionando estímulos ao desenvolvimento durante a infância, respondem 
melhor a linguagem receptiva e expressiva, desenvolvem habilidades sociais, 
demonstram representação de apego. 
O sentimento de luto e o afastamento entre mãe-bebê provocado pelo evento do 
parto prematuro causa o sofrimento psíquico nas mães que deixam involuntariamente de 
32 
 
desenvolverem o que se espera de uma mãe no puerpério. Em uma situação de parto 
normal, a expectativa é que a mãe cuide, alimente, banhe, troque fraldas de seu bebê, pois 
por mais cansativa que a tarefa seja, isso é mais que simplesmente cuidar, mas, representa 
o exercício de conhecimento e reconhecimento de seu filho, promovendo o estreitamento 
da ligação afetiva. Quando acontece o parto prematuro, esses cuidados rotineiros são 
realizados pelos profissionais de enfermagem e as mães acabam ficando em segundo 
plano, ainda que desejem esse contato com o recém-nascido (Araújo e Rodrigues, 2010). 
 
5.3 Rede de Apoio às Mães de Bebês Prematuros 
 
Tornar-se mãe de uma criança prematura que exige cuidados diários até que a sua 
saúde se estabeleça é uma tarefa cansativa física e psicologicamente, pois as mães 
enfrentam um misto de sentimentos que acabam prejudicando a sua relação com o bebê. 
Na maioria das vezes as mães entram em sofrimento psíquico a partir do medo da perda 
do bebê e por não poderem realizar as atividades de mãe (Araújo e Rodrigues, 2010; 
Pontes e Cantillino (2014). 
 Em uma situação de parto prematuro, as mães vivenciam os extremos das 
emoções de um dia para outro, pois o desenvolvimento de um bebê prematuro é na 
maioria das vezes inconstante: se em um dia apresenta melhora, no outro pode acontecer 
alguma intercorrência que faz com que o momento de alegria se transforme em 
insegurança, ansiedade, dentre outros (Klein e Linhares, 2006). 
As mães que experimentam o processo de prematuridade são suscetíveis ao 
desenvolvimento de distúrbios psicológicos que comprometem a relação afetiva com o 
bebê, nesse sentido é importante que a mãe tenha apoio dos profissionais de saúde, da 
família, de amigos, pois essa rede de apoio torna-se fundamental no auxílio aos cuidados 
33 
 
físicos e também no desenvolvimento do vínculo afetivo entre mãe e filho (Klein e 
Linhares, 2006; OMS, 1996). 
 Pode-se afirmar que em uma situação de parto prematuro, a mãe também seja 
prematura, pois não está preparada para viver tantas emoções de uma única vez, pois a 
prematuridade demanda mobilização e estresse (Klein & Linhares, 2006). Para minimizar 
as situações conflituosas vividas pela mãe, é importante que a rede de apoio formada por 
pessoas do convívio da família se organize para dar apoio a mãe em suas múltiplas 
funções desde o revezamento na UTI e/ou até um simples conversa confortante (Pontes 
& Cantillino, 2014; OMS, 1996). 
O apoio a saúde física e psicológica da mãe, advinda dos profissionais de saúde 
são imprescindíveis para o desenvolvimento do bebê e do vínculo afetivo mãe-bebê, além 
da interação, inserção da família aos cuidados e acompanhamento do bebê. Todo apoio 
positivo recebido pela mãe da criança prematura funciona como suporte para ajudá-la a 
enfrentar esse momento tão difícil. O apoio recebido pela mãe ajuda a reduzir o impacto 
e o risco da mãe desenvolver outros problemas psicológicos (Simioni & Geib, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
6. Considerações Finais 
 
 Nota-se que a prematuridade é um fator determinante de risco para a vida e saúde 
do bebê, já que é um dos causadores da mortalidade infantil. A separação existente entre 
mãe-filho é algo inevitável, após o nascimento a criança necessita receber cuidados 
especializados. O ambiente hospitalar passa a ser também o ambiente damãe, Cabe 
lembrar que os pais de uma criança prematura acabam vivenciando circunstâncias de 
sofrimento, dor e angústia, principalmente a mãe, pois ela não foi preparada para lidar 
com um parto prematuro e muito menos olhar seu filho em uma incubadora, dependente 
de equipamentos. 
 A mãe acaba tendo que lidar com esse momento, mesmo cheia de preocupações 
com a saúde do seu bebê. Diante dessa situação, há a possiblidade de sensações de medo, 
insegurança e ansiedade. Sendo assim, demonstram necessitar de cuidados peculiares ao 
longo da internação neonatal, vivenciando a necessidade de amparo, acolhimento, 
segurança e orientação. 
A partir da análise dos resultados, compreendeu-se que no território brasileiro 
existem alguns estudos envolvendo o sofrimento psíquico da mãe de bebês prematuros, 
contendo aspectos significativos que mostram desde a fase da gestação até o momento 
delicado e frágil de mulheres que precisam lidar com uma circunstância marcada por 
35 
 
desafios e barreiras que carecem ser ultrapassadas, no entanto, não são todas que 
conseguem lidar com essa situação, para as mães é doloroso não poder amamentar a 
criança, pegar no colo, e desenvolver todos os cuidados que o bebe necessita. 
Devido a todo contexto do ambiente hospitalar, as mães se tornam solidárias, 
desenvolvem sentimentos de empatia, amizade, pois ambas estão passando pela mesma 
situação de tristeza, preocupações e dor. Alguns hospitais poderiam ter uma rede de apoio 
estruturada formada por familiares e profissionais, um espaço com algumas mães que já 
passaram por essas experiências, e também para as futuras mães, para estabelecer uma 
reciprocidade maior entre elas, um ambiente com médicos psiquiatras e psicólogos, para 
que essas mães se sintam acolhidas, e também os seus familiares, para que tenham o 
entendimento dessa situação e consigam dar apoio, e força para as mães nesse momento. 
Portanto, torna-se crucial elucidar que o presente tema não se encerre por aqui, 
porque há uma grande necessidade da expansão do acervo envolvendo o sofrimento 
psíquico de mães de bebês prematuros. É uma temática relevante e que merece um pouco 
mais de atenção pela sociedade. Torna-se crucial destacar que um dos principais desafios 
foi à ausência de materiais envolvendo a rede de apoio às mães de bebês prematuros. Isso 
demonstra que a literatura sobre esta questão ainda encontra-se reduzida, pois as 
pesquisas disponíveis na internet, por exemplo, são reduzidas e superficiais. 
 
 
 
 
 
 
 
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