Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS As principais inovações da nova lei de licitações e contratos administrativos (14.133/2021) Kelsen Luiz Rodrigues Gonçalves kelsen.goncalves@sou.unifal-mg.edu.br José Roberto Porto de Andrade Júnior RESUMO O presente trabalho possui a finalidade de mostrar as inovações da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 14.133/2021), apresentando as principais modificações proporcionadas pelo texto legal que objetivou modernizar as regras acerca das compras públicas, trazendo assim uma maior transparência, celeridade e eficiência aos procedimentos realizados pela Administração Pública. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica e análise da legislação. A nova lei compila em um mesmo diploma legislações que anteriormente encontravam-se esparsas, como as Leis 8.666/93 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), Lei 10.520/02 (Pregão) e Lei 12.462/2011 (RDC). Primeiramente, foram tratados aspectos sobre a vigência, transição e impactos trazidos na aplicação da nova lei. Em seguida foram analisadas as inovações principiológicas trazidas pela normativa e também as ferramentas de governança a serem utilizadas pelos gestores públicos. Ainda no decorrer do desenvolvimento foram estudadas mudanças nas modalidades, critérios de julgamento, procedimentos auxiliares e critérios de julgamento das licitações. Também foram verificadas as inovações acerca dos contratos administrativos, como a ampliação de sua duração, a ordem cronológica dos pagamentos, contrato de eficiência e os meios alternativos de resolução das controvérsias. Ao término do estudo, constatou-se que há pontos positivos e negativos trazidos pela nova lei, porém, existem muitas incertezas o que dá margem para interpretações diversas, fato este que irá gerar grandes discussões. Palavras-Chave: Licitações, Administração Pública, Princípios. PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 2 ABSTRACT The present work aims to show the innovations of the New Bidding Law (Law 14.133/2021), presenting the main changes provided by the legal text that aimed to modernize the rules on public procurement, thus bringing greater transparency, speed and efficiency procedures carried out by the Public Administration. The methodology used was the literature review and analysis of legislation. The new law compiles in the same diploma legislation that was previously scattered, such as Laws 8,666/93 (Bidding and Administrative Contracts Law), Law 10,520/02 (Trading) and Law 12,462/2011 (RDC). First, aspects of the validity, transition and impacts brought by the application of the new law were addressed. Then, the principled innovations brought by the regulations were analyzed, as well as the governance tools to be used by public managers. During the course of development, changes in the modalities, judgment criteria, auxiliary procedures and bidding criteria were studied. Innovations regarding administrative contracts were also verified, such as the extension of their duration, the chronological order of payments, efficiency contract and alternative means of resolving disputes. At the end of the study, it was found that there are positive and negative points brought by the new law, however, there are many uncertainties which give rise to different interpretations, a fact that will generate great discussions. Keywords: Bidding, Public Administration, Principles. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo científico possui como objeto de estudo as inovações trazidas pela Nova Lei de Licitações, qual seja, a Lei n° 14.133/2021 que foi promulgada em 01 de Abril de 2021 e estabeleceu um novo marco legal para as contratações públicas. Consiste no esforço de identificar e analisar as mudanças proporcionadas pela lei que representa um novo ponto de partida que traz importantes consequências e efeitos para a Administração Pública como um todo. O tema é atual e importantíssimo, uma vez que o diploma anterior (Lei 8.666/93) possuía PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 3 mais de vinte anos de vigência, e havia uma enorme necessidade de modernização e aperfeiçoamento das regras para as compras públicas. Para esse fim, o desenvolvimento da pesquisa foi dividido em 05 seções. Na primeira seção, a nova lei de licitações e contratos administrativos, serão tratados aspectos como os impactos causados, vigência e aspectos positivos e negativos já detectados. Na segunda seção, estudaremos a inserção de novos princípios aos processos licitatórios, tais como planejamento, transparência, eficácia, celeridade, segregação das funções, economicidade e competitividade. A terceira seção cuidará de apresentar os instrumentos de governança a serem utilizados pela Administração Pública, quais sejam, a gestão de riscos, a gestão por competências, o estudo técnico preliminar, o programa de integridade e o controle em três linhas de defesa. Na quarta seção examinaremos os aspectos relativos as modalidades de licitação, como a abolição de algumas modalidades, a criação do diálogo competitivo, os novos critérios de julgamento e os instrumentos auxiliares. E na quinta seção analisaremos os contratos administrativos, a ampliação de sua duração, a criação do contrato de eficiência, a ordem cronológica de pagamentos, a criação do Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e os meios alternativos de resolução das controvérsias. 2. METODOLOGIA Segundo Nunes (2013, p. 35), metodologia é o meio pelo qual o autor irá produzir a pesquisa, detalhando assim a perspectiva planejada. O desenvolvimento de um trabalho científico pode ser dar de diversas formas, de tal sorte que a utilizada neste artigo foi a revisão bibliográfica, onde a análise da dogmática jurídica é utilizada para entender melhor a construção de conceitos na doutrina, legislação e jurisprudência relativos ao tema proposto. As inovações da Lei 14.133/21 tem amplo espectro, envolvendo todas as fases da licitação e dos contratos administrativos. Desse modo, o presente artigo fez um recorte de pesquisa em relação às principais inovações trazidas pelo novo diploma normativo. PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 4 A revisão bibliográfica foi utilizada no intuito de colher o maior número possível de informações sobre o tema em comento, verificando assim, se alguns dos problemas crônicos das Leis 8.666/93 e 10.520/02 foram sanados. Portanto, a escolha da metodologia teve como objetivo interpretar as vantagens e desvantagens que essa atualização pode proporcionar para as compras públicas, auxiliando o gestor a alcançar a contratação mais vantajosa e efetiva para a Administração. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 A NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Muitas foram as críticas ao excesso de formalismo nos procedimentos da Lei 8.666/93, que em nada ajudou no combate a corrupção nos processos licitatórios, motivo que levou o projeto que resultou na Lei 14.133/2021 a passar por discussões desnecessárias, desde 1995, e diversas emendas no Congresso Nacional até sua aprovação (CESCO, 2021, apud OLIVEIRA, 2021). A nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos é o resultado de um longo histórico de outros projetos que foram consolidados, e acabou por ser aprovada pelo Congresso Nacional no dia 10 de dezembro de 2020 (PL 4253) e levada a Presidência da República para sanção no dia 01.04.2021, recebendo o número 14.133/2021(MARINELA; CUNHA, 2021). O novo Estatuto revogou expressamente as legislações que tratavam anteriormente do tema, sendo estas as leis 8.666/93, 10.520/2002 (Pregão) e 12.462/2011 (RDC), ao unificar as normas em um único diploma o legislador procurou garantir maior segurança e confiabilidadeaos seus intérpretes (CARVALHO FILHO, 2021). A junção em único diploma legal de todas as normas que tratam de licitações e contratações públicas favorece, e muito, o seu entendimento, principalmente tendo em vista que grande parte dos membros de comissões PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 5 não possui formação jurídica, e assim como os licitantes, não são peritos no assunto (MARINELA; CUNHA, 2021). 3.1.1 Impactos da nova norma A nova lei derroga todas as outras disposições anteriores contrarias as suas diretrizes, como bem ensinam Marinela e Cunha: A nova lei geral, como já afirmado, cria um novo "marco zero" para a interpretação de todas as regras de contratações públicas no país, com revogações expressas de normas anteriores, alterações de outras regras, além do fato de que as disposições anteriores que não se amoldam às suas diretrizes são derrogadas independentemente de disposição expressa nesse sentido, aplicando assim o art. 2° da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (DL 4.657/1942). (MARINELA; CUNHA, 2021, p.35). Sua vigência é imediata, pois está expresso no artigo 194 que a lei entra em vigor na data de sua publicação, estando apta assim a produzir efeitos e não sendo necessário o vacatio legis de 45 dias, que é regra geral, conforme o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (MARINELA; CUNHA, 2021). Quanto a regulamentação, poderão os Estados, Municípios e Distrito Federal utilizar-se das normas editadas para a União, uma vez que a nova lei revoga diversos regulamentos, tais como o pregão, registro de preços e outros procedimentos para adequação a nova legislação (MARINELA; CUNHA, 2021). 3.1.2 Transição A nova lei de licitações definiu a revogação das Leis nº 8.666/1993, 10.520/2002 e 12.462/2011 após dois anos de sua publicação (art. 193, II), porém deu a opção para que a Administração utilize as leis revogadas ou a nova nesse lapso temporal, sob a condição que a lei a ser utilizada esteja expressa no edital, sendo vedada sua aplicação combinada, conforme disciplina o artigo 191 (CARVALHO FILHO, 2021). Até o decurso do prazo de dois anos a Administração pode se valer das leis antigas ou da nova, devendo a opção escolhida ser expressa no edital, no PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 6 aviso ou no instrumento de contratação direta, sendo proibida a aplicação combinada das leis antigas com as novas em um mesmo procedimento. Acrescenta ainda, que o contrato respectivo será regido até o seu termo final pela lei escolhida no ato da instauração do seu procedimento, incluindo suas alterações (MARINELA; CUNHA, 2021). Ante o exposto Marinela e Cunha apresentam um resumo dos principais aspectos na transição para a nova lei, como vemos logo abaixo: Portanto, é possível concluir de forma sucinta: a) a Lei nº 14.133/2021 entra em vigor na data de sua publicação; b)a nova regra revoga imediatamente os crimes na licitação previstos na Lei nº 8.666; C)a nova regra revoga totalmente, em dois anos, a Lei nº 8.666 e aLei nº 10.520, além de alterar outras leis; d) durante os primeiros 2 anos, após a publicação da nova lei, os regimes, velha regra e nova regra, poderão ser aplicados conforme a escolha do Administrador que poderá: aplicar a regra nova ou aplicar a regra velha, bem como poderá mesclar os dois regimes, ora aplicando a nova lei e ora aplicando a velha lei, somente não podem misturar os diplomas dentro de um mesmo procedimento licitatório; e)os contratos assinados antes da entrada em vigor da nova lei seguem a regra velha; f)as licitações iniciadas antes da publicação da nova lei seguem a regra adotada quando de sua instauração, na abertura do procedimento licitatório; g)as licitações iniciadas após a publicação da nova lei o Administrador poderá escolher o regime, durante o primeiro biênio normativo. A regra adotada para a licitação deve ser aplicada para o seu respectivo contrato administrativo, durante toda a sua vigência, inclusive nas suas prorrogações quando a lei de vigência assim o permitir; h) para as contratações diretas a Lei nº 14.133/2021 determina também que o Administrado poderá fazer a opção entre a regra nova e as regras velhas, durante o período de dois anos, devendo a opção ser realizada expressamente no aviso de contratação direta. Tal opção irá regular o contrato durante toda a sua vigência (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 44- 45). O prazo de adaptação é importante, porém, os entes federativos devem se esforçar para aplicar as mudanças o quanto antes, pois são inúmeros os benefícios. É hora de aprender e disseminar o conhecimento acerca da nova lei, mesmo diante da falta de estrutura e recursos humanos capacitados nos órgãos públicos é necessário gerar segurança jurídica sobre o tema (MARINELA, CUNHA, 2021). 3.1.3 Aspectos positivos e negativos PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 7 O primeiro benefício foi a consolidação em um único diploma legal das normas gerais de licitação, facilitando a vida de todos os seus atores. Outro ponto interessante foi a reprodução do Regime Diferenciado de Contratações na nova lei, sendo que o RDC desde seu início incorporou orientações consolidadas pelo Tribunal de Contas da União e outro órgãos de controle. Ademais, foi incorporado, também, normativos editados pelo Ministério da Economia e jurisprudências que trouxeram modernização aos procedimentos licitatórios (MARINELA; CUNHA, 2021). A inversão das fases da licitação e a fase recursal única, no final, geraram uma celeridade muito maior no resultado do processo. Fato este que resulta em economia para a Administração (MARINELA; CUNHA, 2021). A adequação das modalidades de licitação também merece destaque, foram excluídas as modalidades tomada de preços e convite e criada a modalidade diálogo competitivo, além de melhorias nas regras de aplicação de cada uma das modalidades existentes, o que flexibilizou o rigor para alguns tipos de contratos, facilitando assim os procedimentos para recomposição de preços, efetivação de equilíbrio econômico e financeiro destes (MARINELA; CUNHA, 2021). Quanto aos contratos, o contrato de eficiência, que determina remuneração variável de acordo com o desempenho do contratado baseado em metas, qualidade, sustentabilidade ambiental e prazo de entrega é um grande ganho. A matriz de risco deixa mais transparente quais as responsabilidades do contratante e contratado, trazendo maior segurança as partes, assim como a ampliação das categorias de garantia e alocação de riscos para manutenção de seu equilíbrio (MARINELA; CUNHA, 2021). O excesso de formalismo não foi reduzido pela nova lei, deixando os procedimentos complexos e burocráticos. A tendência é que os licitantes apresentem diversos recursos, administrativos e judiciais, mencionando violações a princípios sem qualquer fundamento jurídico e, ainda, que esta suposta violação é mais grave do que violação a própria lei (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). Outro aspecto negativo apontado trata-se da deturpação da carona no sistema de registro de preços, onde há um total desprezo à estimativa inicial para a contratação. PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 8 3.2 DAS INOVAÇÕES PRINCIPIOLÓGICAS Os Princípios são um conjunto de normas fundamentos que devem ser seguidos pela Administração Pública a Constituição em seu artigo 37 positivou os principais princípios, sendo eles: A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (BRASIL, 2021). Os Princípios acima mencionados encontram-setambém no artigo 5º da Lei 14.133/2021 listando os princípios da licitação e dos contratos, bem como o disposto no Decreto Legislativo 4.657, de 4 de setembro de 1942 (LINDB). 8666/93 acrescentando mais doze princípios sendo eles: Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, interesse público, probidade administrativa, igualdade, planejamento, transparência, eficácia, segregação de funções, motivação, vinculação ao edital, julgamento objetivo, segurança jurídica, razoabilidade, competitividade, proporcionalidade, celeridade, economicidade e desenvolvimento nacional sustentável. (BRASIL, 2021). Diante do exposto acima, Nohara destaca quais são as inovações principiológicas da nova lei de licitações contratos administrativos: O que MUDOU? A nova lei veicula a previsão expressa de mais 14 princípios, para além dos já previstos anteriormente, quais sejam: a eficiência, o interesse público, o planejamento, a transparência, a eficácia, a segregação de funções, a motivação, a segurança jurídica, a razoabilidade, a competitividade, a proporcionalidade, a celeridade, a economicidade e o desenvolvimento nacional sustentável." (NOHARA, 2021, n.p) Iremos nos ater a análise dos princípios de maior relevância. 3.2.1 Planejamento O princípio do planejamento é uma ação de bom senso e ponderada, muito PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 9 bem pensada pelos gestores, qualidades estas que muitas vezes faltam aos nossos dirigentes. Esse princípio dispensa o amadorismo, o improviso e a desídia na atividade pública, porém, pode impor exigências exageradas e maior burocracia aos processos licitatórios (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). Nesse sentido, o planejamento está intimamente ligado ao atendimento do interesse público, uma vez que os contratos mais longos, como os de permissão ou concessão, por exemplo, somente atingirão sua finalidade com um meticuloso planejamento, deste modo, o cuidado com os recursos públicos deve ser redobrado de tal sorte que não ocorram situações que invalidem ou prejudiquem as contratações (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). O planejamento segundo Miranda está materializado no plano anual de contratações, que deve respeitar as diretrizes orçamentárias e um cronograma muito bem estudado da execução dos objetos contratados, como podemos observar: O planejamento das contratações públicas consiste no processo pelo qual um órgão ou entidade, à luz do plano anual de contratações e das diretrizes orçamentárias, define o cronograma para cada uma das etapas dos vários contratos de fornecimento, obras ou serviços que pretende adjudicar, levando em consideração a demanda de trabalho, os órgãos envolvidos e as restrições legais, logísticas e técnicas. O planejamento abrange a elaboração de estudo técnico preliminar, o orçamento estimado, a caracterização do objeto, as condições de execução, o pagamento e as garantias, a elaboração das minutas de edital e do contrato, a análise dos riscos e definição dos principais aspectos procedimentais do certame, como modalidade critério de julgamento e modo de disputa. (MIRANDA, 2021, n.p). Diante disso, a realização de licitações depende de prévia e bem definida estipulação orçamentária, a ser gerida por um gestor responsável e capaz, sob pena de indisponibilidade orçamentária, que implica inviabilidade da contratação (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). 3.2.2 Transparência Miranda entende que o Princípio da Transparência significa dar visibilidade, conhecimento e fazer com que os administrados compreendam as ações da Administração Pública, como vemos a seguir: PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 10 O princípio da transparência impõe a clareza e a compreensibilidade das ações administrativas, impondo à Administração Pública o dever de agir corretamente, além das meras prescrições formais da norma, na conscientização de que a democracia exige uma explicitação compreensível do poder. Transparência significa, portanto, visibilidade, conhecimento e compreensibilidade da ação administrativa, de seus atos e de sua organização. (MIRANDA, 2021, n.p). Portanto, a transparência impõe uma postura positiva, ativa, de promover e divulgar as informações públicas dos contratos e licitações, sendo esse princípio derivado do princípio democrático do nosso Estado de Direito (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). 3.2.3 Eficácia Segundo Pozzo, Cammarosano e Zockun a eficácia está ligada aos resultados e questiona essa como um princípio jurídico como pode observar a seguir: O princípio diz respeito ao instrumental administrativo, ou seja, exige que o mecanismo da administração pública esteja configurado de maneira a permitir que os objetivos de satisfação do interesse público sejam efetivamente alcançados: o aparelhamento administrativo deve ser eficaz, produtivo. Por extensão, alcança o conteúdo de atos administrativos como o edital de licitação, que deve ser apto a alcançar suas finalidades. O que deve ser questionado, no entanto, é a existência de um “princípio da eficácia”. Evidentemente, como se aludiu, a eficácia tem um conteúdo jurídico, mas chama a atenção a inclusão da eficácia como princípio jurídico. Aliás, não se encontra referências na doutrina a um “princípio jurídico da eficácia” — muito menos nos comentários analíticos específicos do sistema de licitações e contratos administrativos. (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022, n.p). A inclusão do princípio da eficácia na nova lei de licitações visa vincular o planejamento da contratação ao atingimento dos resultados almejados, de maneira que realmente a melhor proposta seja a vencedora (MIRANDA, 2021). 3.3.4 Segregação das funções Pozzo, Cammarosano e Zockun entendem que a Administração Pública deve estar muito bem estruturada, com um organograma organizado onde os servidores sejam alocados de acordo com a gestão por competências e PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 11 funções muito bem definidas de cada um, como observaremos abaixo: Esse princípio também diz respeito à estruturação da administração pública, que deve contar com um organograma que reparta as diversas funções ou competências administrativas entre seus órgãos internos: departamentos, divisões, seções etc. No caso da Lei de Licitações, deverá haver separação de órgãos que elaboram o edital, daquele que irá julgar o certame e, ainda, de quem o homologa etc. O princípio se contrapõe à centralização e à concentração de funções diversas. Contudo, também aqui se questiona a adoção, pela legislação, da referência a um “princípio da segregação de funções”. (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022, n.p). 3.3.5 Competitividade Para Miranda, competitividade significa favorecer a participação da maior quantidade possível de empresas em um determinado processo licitatório, de tal sorte que a Administração Pública realmente obtenha a proposta mais vantajosa, como explica a seguir: O primado da competitividade, que também pode ser denominado de princípio de favor partecipationis (derivado da expressão latina “favorecer a participação”), funda-se no interesse público em ampliar a quantidade de empresas que possam participar da licitação. Com fundamento nesse princípio, na hipótese de omissões ou da existência de cláusulas contendo significado dúbio no instrumento convocatório, deve-se privilegiar a interpretação que favoreça a maior oportunidade de acesso ao certame, inclusive no que tange à mitigação de formalidades desnecessárias, em detrimento de uma interpretação mais restritiva ou formalista. (MIRANDA, 2021, n.p). Desse modo a competitividade é condição essencial para que a Administração Pública possa escolher a proposta que melhor satisfaz o interesse público, pois quantomaior o número de participantes maior a chance de se obter um menor preço, uma melhor qualidade ou um melhora atendimento. Assim, a contratação direta deve ser exceção a ser usada somente em alguns casos e de acordo com a lei (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). 3.3.6 Celeridade Pires entende que este princípio se relaciona com agilidade na qual os processos licitatórios são iniciados e finalizados, como podemos verificar PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 12 abaixo: O princípio da celeridade impõe que os processos licitatórios transcorram de modo ágil e atinjam seus resultados num espaço de tempo relativamente curto. Evidentemente de nada adianta ter preocupações de qualidade técnica ótima se o processo demorar muito tempo para atingir seu desfecho. Certamente um processo que não entregue resultados céleres não atende ao interesse público. (PIRES, 2021, n.p). Celeridade deveria ser um dos objetivos do processo licitatório, no país sempre tivemos grandes dificuldades em realizar processos com maior agilidade. No Brasil os procedimentos são exageradamente formais e burocráticos, assim entendemos que a norma deveria trazer como princípio o formalismo moderado e não a celeridade, que toma o seu lugar no sentido de tentar impedir o excesso de formalismo (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022). 3.3.7 Economicidade Para Pires (2021, n.p) o princípio da economicidade, por sua vez, é a norma que impõe preocupação com a eficiência quantitativa da aplicação da recursos materiais. É o aspecto puramente econômico da eficiência. Pozzo, Cammarosano e Zockun entendem que economicidade está relacionada com a boa gestão dos recursos públicos, que são escassos e devem ser geridos de modo a proteger o interesse público, como bem ensina a seguir: Há uma ideia geral relacionada ao princípio que o vincula a um maior ganho da produção de maneira menos custosa possível (ou, dito de outro modo, a um menor dispêndio de energia para um resultado positivo; trata-se de alcançar um bom custo-benefício). Régis Fernandes de Oliveira e Estevão Horvath, por exemplo, afirmam que a “economicidade diz respeito a se saber se foi obtida a melhor proposta para a efetuação da despesa pública, isto é, se o caminho perseguido foi o melhor e mais amplo para chegar à despesa e se ela fez-se com modicidade, dentro da equação custo-benefício”. De todo modo, basta encarecer que a economicidade não é um fim em si mesmo, mas um princípio fundamental relativo à gestão da coisa pública — afinal, está-se a tratar de recursos escassos, que não podem ser utilizados para finalidade diversa do atingimento de uma finalidade pública determinada pelo ordenamento jurídico (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022, n.p). PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 13 Assim, eficiência é uma noção ampla que abrange todos esses subprincípios estabelecidos pela nova Lei. De modo que a licitação só é eficaz se atinge o seu objetivo de seleção isonômica da melhor proposta, só é célere, se isso se faz num razoável espaço de tempo, só é econômica, se resulta num resultado positivo, em termos práticos de custo-benefício e, só está de acordo com o princípio do planejamento se de fato se integra às estratégias traçadas em atos e normas mais amplas como o plano anual de contratações e as leis orçamentárias, e só é eficiente, se atende a todos os requisitos anteriores (PIRES, 2021). 3.3 DOS INSTRUMENTOS DE GOVERNANÇA Além de novos objetivos o legislador estabeleceu expressamente que a alta administração deve se responsabilizar pela governança nas contratações, devendo criar processos e estruturas para a gestão de riscos e controles internos e assim, direcionar, monitorar e avaliar seus contratos e processos licitatórios, com a perspectiva de alcançar os objetivos legais (MARINELA; CUNHA,2021). A governança fica a cargo da alta administração do órgão, que deve analisar a gestão de riscos e implementar os controles internos para a finalização correta do procedimento (art. 11 e parágrafo único, ELC). Assim Sendo, é necessária a elaboração de um plano anual de contratações como parte do planejamento geral do órgão (CARVALHO FILHO, 2021). Para Niebuhr (2021, p. 251) a expressão governança envolve estruturas, sistemas, normas, agentes, práticas processuais e administrativas, entre outras. Todas com vistas ao desempenho adequado para atingir seus fins. 3.3.1 Gestão de Riscos O Artigo 11 da nova lei estabelece que a gestão de riscos é uma das ferramentas para consecução dos objetivos do processo licitatório: Art. 11.O processo licitatório tem por objetivos: Parágrafo único. A alta administração do órgão ou entidade é responsável pela governança das contratações e deve implementar PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 14 processos e estruturas, inclusive de gestão de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos licitatórios e os respectivos contratos, com o intuito de alcançar os objetivos estabelecidos no caput deste artigo, promover um ambiente íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em suas contratações.(BRASIL, 2021). Segundo Nohara a Gestão de Riscos é extremamente importante para uma gestão de excelência nas corporações, significa a modernização de suas práticas como podemos aferir: A gestão de riscos faz parte do coração do compliance de uma organização na sociedade contemporânea. Conforme análise clássica do sociólogo alemão Ulrich Beck, estamos vivendo a chamada sociedade de risco. A civilização na sua modernização provoca em si riscos, sobretudo em razão das mudanças do cenário contemporâneo que apontam para transformações da indústria química, da microeletrônica, da tecnologia nuclear e das manipulações genéticas. (NOHARA, 2021). Ainda segundo Nohara para se prever o grau de risco que uma organização pode correr é utilizada a matriz de riscos, que analisa duas variáveis, como podemos observar: A matriz de riscos é estabelecida a partir do equacionamento de duas variáveis: 1. As probabilidades de ocorrência do evento, sendo elas desdobradas em distintos graus de probabilidade, como: quase certo, relativamente possível e pouco provável; 2. Os impactos e consequências da ocorrência de dados eventos, que podem ser mensurados em: impactos de pequenas consequências, impactos de consequências médias e impactos de consequências graves ou extremas, que, no geral, devem ser evitados. (NOHARA, 2021). A nova lei estabelece novas formas de controle das contratações públicas início com o estabelecimento de diretrizes para as contratações públicas e para as atividades de controle: o artigo 169, caput, prevê a submissão das contratações a práticas contínuas e permanentes de gestão de riscos, controle preventivo e controle social, podendo ainda se valer de recursos de tecnologia da informação para atingir os objetivos (POZZO, 2022). Portanto, com a gestão de riscos procura-se mitigar os efeitos e impactos, caso o pior cenário possível para a Administração Pública ocorra. Assim, risco é a possibilidade de ocorrência de um acontecimento danoso, negativo, que PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 15 provoque perdas e cause a responsabilização de uma pessoa física ou jurídica (NOHARA, 2021). 3.3.2 Gestão por competências A gestão por competências consiste no desenvolvimento das aptidões de um indivíduo que se transforma suas habilidades em perícia, sendo pessoas que elevaram a um nível extraordinário suas competências (NOHARA, 2021). A gestão por competências propõe alinhar as competências humanas com asorganizacionais, em um esforço para gerar e sustentar competências nas instituições necessárias à consecução de objetivos estratégicos (PIRES, et al., 2005). A nova lei introduziu importante mudança na figura do condutor dos processos licitatórios, e conforme o art. 8º, instituiu o agente de contratação, que é o servidor designado pela autoridade competente entre efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da Administração Pública. Esse servidor deverá tomar decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e executar todas e quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a homologação, ou seja, atuar no âmbito de suas competências (NOHARA, 2021). O empoderamento do agente de contratação é uma ideia inspirada no pregão, pois o pregoeiro lidera as decisões na modalidade pregão, com o auxílio de sua equipe de apoio, e a partir da nova Lei passou a existir o agente de contratação, que será auxiliado também por uma equipe de apoio, sendo que tal agente responde individualmente pelos atos que praticar, exceto quando induzido a erro pela atuação da equipe (art. 8º, § 1º, da Lei). Desse modo, na modalidade pregão, o pregoeiro ainda continuará sendo o servidor responsável pela condução dos certames (NOHARA, 2021). A Comissão de Licitações com composição colegiada, de três membros, está voltada sobretudo para licitações que envolvam bens ou serviços especiais, de acordo com as determinações da nova lei. Nesse sentido os membros continuam a responder solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, ressalvado o membro que expressar posição individual divergente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em que PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 16 houver sido tomada a decisão, como era na lei antiga (NOHARA, 2021). A gestão por competências está intimamente ligada ao mérito do servidor público, com bem explana Pozzo, Cammarosano e Zockun: Gerir competências é justamente avaliar com exatidão esse talento público que todo agente possui (alguns mais, outros menos); mas os possuem. Significa, em outras palavras, designar agentes públicos para o desempenho das funções essenciais à execução da lei de licitações. Ora, isto é identificar no desempenho das atribuições e das competências legais, quais agentes públicos fizeram curso de reciclagem em licitações e contratos; desempenharam cursos de aperfeiçoamento ou especialização em licitações e contratos; estudaram e estudam a matéria de licitações e contratos. Ou seja, é valorizar o mérito que o servidor público possui em licitações e contratos. Algo simples, prático e extremamente importante para a Administração Pública. (POZZO; CAMMAROSANO; ZOCKUN, 2022, n.p). No mesmo sentido do exposto acima a gestão por competências necessita que sejam alocados para agentes de contratação, assim como para pregoeiros, os servidores que reúnam qualificação profissional e perfil adequado, sempre observando os requisitos legais pela autoridade competente. Pois é indispensável o conhecimento das regras jurídicas da licitação, e o servidor que exerce a função acima mencionada deve desenvolver habilidades que lhe permitam bem conduzir o procedimento licitatório, o que envolve habilidades como: capacidade de negociação, extroversão, capacidade de lidar com pressão e sensibilidade para a busca de contratos mais vantajosos (NOHARA, 2021). 3.3.3 Estudo técnico preliminar O estudo técnico preliminar é uma das inovações da nova lei de licitações, está disciplinado no artigo 6º, XX da referida lei como podemos observar: Art. 6º Para os fins desta Lei, consideram-se: XX - estudo técnico preliminar: documento constitutivo da primeira etapa do planejamento de uma contratação que caracteriza o interesse público envolvido e a sua melhor solução e dá base ao anteprojeto, ao termo de referência ou ao projeto básico a serem elaborados caso se conclua pela viabilidade da contratação. (BRASIL, 2021). Segundo Marinela e Cunha o estudo técnico preliminar deve mostrar claramente o problema a ser resolvido e a melhor maneira de fazê-lo sob a PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 17 ótica do interesse público, inclusive nesse documento devem constar os requisitos, justificativa e planejamento da contratação como descreve a seguir: O estudo técnico preliminar além de descrever a necessidade da contratação também deverá evidenciar o problema a ser resolvido e a sua melhor solução sob a perspectiva do interesse público, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica e econômica da contratação. Para esse trabalho a lei nova enumera todos os requisitos que devem ser observados pelo gestor público, indicando inclusive a necessidade de justificação no caso de ausência de alguns deles. Nesse trabalho deve ser demonstrada a previsão da contratação no plano de contratações anual, sempre alinhado com o planejamento da Administração, os requisitos da contratação, as estimativas das quantidades para a contratação com as memórias de cálculo e os documentos de suporte, uma análise de mercado apresentando as alternativas possíveis para a contratação, a estimativa de valor da contratação, inclusive, com justificativas para o seu parcelamento ou não, além das contratações correlatas. (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 175). Ainda segundo os autores supramencionados o documento em comento deve demonstrar como se dará a manutenção e assistência técnica do objeto contratado, como os resultados a serem atingidos no que tange a economicidade e aproveitamento dos diversos recursos a serem utilizados, tais como recursos humanos, materiais e financeiros (MARINELA, CUNHA, 2021). Marinela e Cunha (2021, p. 175) “Os impactos ambientais e as medidas necessárias para reduzir o consumo de energia e o uso de reciclagem são indispensáveis nesse momento do procedimento licitatório”. Diante do exposto é primordial que existam servidores capacitados para a gestão contratual, fato que deve ser observado anteriormente a celebração do contrato. 3.3.4 Programa de integridade Oliveira discorre acerca da obrigatoriedade da implantação dessa ferramenta de governança para a empresa vencedora dos certames relativos a obras, serviços e fornecimentos de grande vulto como veremos a seguir: Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, o edital deverá prever a obrigatoriedade de implantação de programa de integridade pelo licitante vencedor, no prazo de 6 meses contados da celebração do contrato, conforme regulamento que disporá sobre as medidas a serem adotadas, a forma de comprovação e as penalidades pelo seu descumprimento (art. 25, § 4.º, da nova Lei de Licitações). PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 18 Lembre-se que a exigência de programas de integridade por empresas contratadas pela Administração Pública foi inicialmente prevista em leis estaduais, agora consagrada na nova Lei de Licitações. Frise-se, contudo, que a existência do programa de integridade não é uma condição para habilitação da pessoa jurídica interessada na respectiva licitação, mas uma exigência direcionada à empresa vencedora do certame, sob pena de sanção. (OLIVEIRA, 2021, n.p.). O mesmo autor cita diversos artigos que expõe a importância que o legislador deu a implantação e aperfeiçoamento do programa de integridade, a saber: [...] fica evidenciada a relevância do compliance no novo diploma legal. Além de constituir um parâmetro para aplicação das sanções administrativas, o legislador trata do programa de integridade em outros dispositivos, a saber: a) art. 25, § 4º: exige a sua implementação nas contratações de obras, serviços e fornecimentos de grande vulto; b) art. 60, IV: indica a existência doprograma de integridade como critério de desempate na licitação; c) art.163, parágrafo único: exige a implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade como condição para reabilitação do licitante ou contratado nas infrações indicadas nos incisos VIII e XII do art. 155 da Lei. (OLIVEIRA, 2021, n.p.). Pozzo mostra que a implantação ou aperfeiçoamento pode ser dar na forma de sanção ou condição de reabilitação ao contratado, como vemos a seguir: É interessante notar que a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável descrita como sanção (no art. 156, § 1º, V) aparece como condição de reabilitação no parágrafo único do art. 163, para os apenados que tenham incorrido nas infrações previstas nos incisos VIII e XII, do caput do art. 155.(POZZO, 2022, n.p.). Oliveira apresenta de forma mais detalhada como a nova lei pode trata das hipóteses anteriormente mencionadas acerca do programa de integridade, como apresentar documentação falsa, declaração falsa ou praticar ato lesivo, seja nos andamento do processo licitatório, seja na execução do contrato, com podemos observar: A sanção pelas infrações previstas no art. 155, VIII (apresentação de declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou de declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato) e XII (prática de ato lesivo previsto no art. 5º da Lei Anticorrupção), exigirá, como condição de reabilitação do licitante ou contratado, a implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável (art. 163, parágrafo único, da nova Lei de Licitações). (OLIVEIRA, 2021, n.p.). PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 19 Assim, a implantação e aperfeiçoamento do programa de integridade é um dos parâmetros a ser analisado na aplicação da sanção, de modo a garantir a sua proporcionalidade. Nesse sentido, o art. 156, § 1.º, da nova Lei de Licitações descreve outros parâmetros além do mencionado para a análise da sanção a ser aplicada, quais sejam: a natureza e a gravidade da infração cometida, as peculiaridades do caso concreto, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os danos causados à Administração Pública (OLIVEIRA, 2021). 3.3.5 Controle em 3 linhas de defesa O artigo 169 da Lei 14.133/21 determina que a Administração Pública deve submeter as contratações pública a prática contínuas de gestão de riscos e controle preventivo, como veremos a seguir: Art. 169. As contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de tecnologia da informação, e, além de estar subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às seguintes linhas de defesa: I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade; II - segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de assessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão ou entidade; III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de controle interno da Administração e pelo tribunal de contas. § 1º. Na forma de regulamento, a implementação das práticas a que se refere o caput deste artigo será de responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade e levará em consideração os custos e os benefícios decorrentes de sua implementação, optando-se pelas medidas que promovam relações íntegras e confiáveis, com segurança jurídica para todos os envolvidos, e que produzam o resultado mais vantajoso para a Administração, com eficiência, eficácia e efetividade nas contratações públicas. (BRASIL, 2021). Marinela e Cunha ensinam que a nova lei de licitação possui o mecanismo das três linhas de defesa na prevenção de riscos e controle preventivo das contratações, como podemos observa: A nova Lei estabelece três mecanismos de proteção, mecanismos de controle, denominados na lei "linhas de defesa” que deverão ser observa dos pelos entes federativos e que exigem a participação de uma série de autoridades ou instituições que se responsabilizarão em atuar na implementação do controle da Administração Pública, exigindo, por PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 20 conseguinte, uma reformulação e fortalecimento dos orgãos e mecanismos de controle em todas as áreas da administração pública. (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 495). Citam ainda como quais são os atores e órgãos que compõem cada linha de defesa como podemos conferir: O primeiro controle será integrado por servidores e empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade. Já o segundo terá como integrantes as unidades de assessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão ou entidade, e, por fim, o terceiro controle terá a participação do órgão central de controle interno da Administração e do tribunal de contas. (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 495). Nohara destaca os procedimentos a serem tomado pelos integrantes das linhas de defesa no controle das licitações, vejamos: Os integrantes das linhas de defesa observarão o seguinte: (1) quando constatarem simples impropriedade formal, adotarão medidas para o seu saneamento e para a mitigação de riscos de sua nova ocorrência, preferencialmente com o aperfeiçoamento dos controles preventivos e com a capacitação dos agentes públicos responsáveis; (2) quando constatarem irregularidade que configure dano à Administração, adotarão as providências necessárias para a apuração das infrações administrativas, observadas a segregação de funções e a necessidade de individualização das condutas, bem como remeterão ao Ministério Público competente cópias dos documentos cabíveis para a apuração dos ilícitos de sua competência. (NOHARA, 2021, n.p.). O controle em três linhas de defesa está intimamente ligado ao princípio da segregação de funções, onde existe a necessidade de separar a atuação do órgão executor do órgão fiscalizador, de modo que o agente fiscalizador não seja ao mesmo tempo executor, preservando assim sua independência na fiscalização. Dessa forma, o §1º do art. 7º, da nova lei, disciplina que é proibida a designação do mesmo servidor para atuação simultânea em funções mais propensas a riscos, com o objetivo de reduzir a possibilidade de ocultação de erros e de ocorrência de fraudes nas contratações, esse entendimento também se aplica a assessoria jurídica e a controle interno do orgão (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 495). 3.4 DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 21 3.4.1 Exclusão de algumas modalidades A Nova Lei de Licitação trouxe mudanças também relativas as modalidades de licitação. Sendo que as modalidades de convite e tomada de preço deixarão de existir a partir do momento em que a Lei 8.666 for extinta, enquanto uma nova modalidade é implementada: o diálogo competitivo. A modalidade do diálogo competitivo foi uma das inovações trazidas pela nova lei das Licitações, essa modalidade permite negociação entre a administração pública e possíveis competidores da licitação, que serão pré- selecionados, baseando-se em critérios objetivos. 3.4.2 Diálogo competitivo A modalidade de Licitação chamada Diálogo Competitivo foi inspirada em um modelo da União Europeia sendo seu objetivo oferecer solução para as compras complexas da Administração Pública por meio do diálogo com a iniciativa privada. Essa modalidade foi trazida pela Lei em seu artigo 6º, inciso XLII determinando que para a contratação de obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes: Artigo 6º, inciso XLII: "(...) Diálogo competitivo: modalidade de licitação para contrataçãode obras, serviços e compras em que a Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos. (BRASIL, 2021). A Nova Lei ainda determina quando poderá ser utilizada a modalidade do Diálogo competitivo em seu artigo 32: Artigo 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Administração: I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: a) inovação tecnológica ou técnica; b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 22 precisão suficiente pela Administração; II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com destaque para os seguintes aspectos: a) a solução técnica mais adequada; b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida; c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato. (BRASIL, 2021). Nohara ensina que a condução do procedimento nessa modalidade de licitação é realizada por comissão de contratação que é formada por 3 servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes do órgão: O diálogo competitivo é conduzido por comissão de contratação composta pelo menos por 3 servidores efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da Administração, admitida a contratação de profissionais para assessoramento técnico da comissão. No caso de contratação de profissional para assessoramento, há a necessidade de assinatura de termo de confidencialidade, sendo exigido que se abstenham de desempenhar atividades que possam configurar conflito de interesses. (NOHARA, 2021, n.p.). Acerca dos trabalhos da comissão Nohara faz observações de como funciona a divulgação do edital e as duas fases do diálogo competitivo, vejamos: O edital de pré-seleção deve ser divulgado com no mínimo 25 dias úteis de antecedência, com a necessidade da Administração e as exigências previstas. O procedimento divide-se em FASE DE DIÁLOGO, em que ocorrem as reuniões com os candidatos que preencham os requisitos, sendo feitas reuniões gravadas e registradas em ata, que serão juntados ao processo, sendo realizado até a Administração encontrar a solução necessária. Daí, há a elaboração do edital para a segunda fase, que é a COMPETITIVA, devendo existir um mínimo de 60 dias úteis, contendo a especificação da solução e os critérios objetivos de seleção. Nessa fase, há a apresentação das propostas, sendo admissível que a Administração solicite esclarecimentos ou ajustes às propostas apresentadas, desde que não haja discriminação nem distorções. A Administração deve buscar a contratação mais vantajosa como resultado. (NOHARA, 2021, n.p.). Os órgãos de controle poderão acompanhar e monitorar a andamento do diálogo competitivo, opinando quanto ao prazo máximo, legalidade, legitimidade e economicidade da licitação e antes da celebração contratual, tudo isso com o objetivo de dar transparência ao processo (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 125). PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 23 3.4.3 Novos critérios de julgamento Os critérios de julgamento determinados pela nova lei estão previstos em seu art. 33, sendo eles: “menor preço”, “maior desconto”, “melhor técnica ou conteúdo artístico”, “técnica e preço”, “maior lance” e “maior retorno econômico”. Podemos verificar que em uma primeira análise foram mantidos os critérios de menor preço, técnica e preço, maior lance e melhor técnica, sendo a última acrescentada do vocábulo “ou conteúdo artístico”. Os demais aparentam ser novos. 3.4.3.1 Menor preço Quanto ao critério do menos preço a mudança trazida pela lei foi a de que o administrador deve se atentar não somente ao menos preço mais também deve considerar o menor dispêndio. Deve o administrador atentar-se a compatibilidade da oferta com as especificações do edital avaliando assim não apenas o critério financeiro. Segundo Jessé Torres Pereira Junior, nessas circunstâncias o barato pode sair caro, uma vez que o custo com manutenção, troca e adaptação pode não ser compensatório em face do pretenso menor preço de contratação. (PEREIRA JUNIOR, 2020). O § 1º do artigo 34 da Lei n. 14.133/21 define em quais condições podem ser usados como medidas de menor dispêndio: § 1º Os custos indiretos, relacionados com as despesas de manutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto ambiental do objeto licitado, entre outros fatores vinculados ao seu ciclo de vida, poderão ser considerados para a definição do menor dispêndio, sempre que objetivamente mensuráveis, conforme disposto em regulamento. (BRASIL, 2021). Podemos concluir que quanto se trata de menor dispêndio a proposta deve- se adequar a uma melhor contratação a fim de se evitar adjudicação de ofertas de má qualidade que precise de manutenção ou que sejam opostas as medidas de sustentabilidade ambiental. PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 24 3.4.3.2 Maior desconto O critério de maior desconto não trouxe grandes mudanças consagrando o vencedor da licitação o licitante que oferecer o maior desconto percentual a um valor previamente fixado pela Administração Pública. Para Niebuhr (2011, p. 496) o maior desconto não deixa de ser uma maneira diferente da convencional de se apurar o menor preço. 3.4.3.3 Melhor técnica ou conteúdo artístico O critério da melhor técnica ou conteúdo artístico será utilizado na a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística. Devendo o julgamento considerar apenas as propostas técnicas ou artísticas. Quanto ao seu julgamento caberá ao administrador público avaliar as características das propostas para assim poder atestar a real capacidade do licitante. Nessa modalidade deve-se constituir uma banca para atribuição de notas às propostas, levando sendo consideradas as demonstrações de conhecimento do objeto, a metodologia e o programa de trabalho, a qualificação das equipes técnicas e a relação dos produtos que serão entregues. A pontuação relativa à qualificação técnico-profissional exige a participação direta e pessoal dos profissionais indicados no certame. 3.4.3.4 Técnica e preço Na modalidade da técnica e preço a administração pública deverá ter fatores fixos como objetivos de pontuação para julgamento. Para a efetivação do critério técnica e preço o mesmo deverá ser precedido por estudo preliminar que determine a qualidade técnica das propostas. De acordo com a Lei n. 14.133/21 essa regra deverá ser aplicada aos serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual, serviços majoritariamente dependentes de tecnologia sofisticada e de domínio restrito, bens e serviços especiais de tecnologia de informação e de PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 25 comunicação, obras e serviços especiais de engenharia. No julgamento da técnica e preço também será utilizado o critério de atribuição de nota devendo assim avaliar a capacitação do licitante por meio de atestado comprobatório. 3.4.3.5 Maior lance O critério de maior lance foi alterado pela nova lei de licitações e deverá ser aplicado na modalidade do leilão. O critério do maior lance trata-se de critério que deve ser utilizado quando a Administração oferecer algo em troca de um pagamento, ou seja, ele deve ser utilizado nas situaçõesem que a Administração não paga; quando quem paga é o contratado (NIEBUHR, 2011, p.497). 3.4.3.6 Maior retorno econômico O critério de maior retorno econômico é uma das inovações trazidas pela lei n°14.133/21. Em resumo, refere-se a critério para celebração de contrato de eficiência. Para sua maior compreensão, tem-se o § 1º do artigo 23 Lei n. 12.462/2011: § 1º O contrato de eficiência terá por objeto a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, sendo o contratado remunerado com base em percentual da economia gerada. (BRASIL, 2021). 3.4.4 procedimentos auxiliares Os procedimentos auxiliares também são considerados umas das grandes inovações da nova lei de licitações, esses procedimentos encontram-se previstos no artigo 78 da lei n°14.133/21, sedo eles: Art. 78. São procedimentos auxiliares das licitações e das contratações regidas por esta Lei: I - credenciamento; PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 26 II - pré-qualificação; III - procedimento de manifestação de interesse; IV - sistema de registro de preços; V - registro cadastral. § 1º Os procedimentos auxiliares de que trata o caput deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos definidos em regulamento. § 2º O julgamento que decorrer dos procedimentos auxiliares das licitações previstos nos incisos II e III do caput deste artigo seguirá o mesmo procedimento das licitações. (BRASIL, 2021). Disciplinar os instrumentos auxiliares que estavam esparsos em diversas legislações foi um dos pontos inovadores e que merecem elogios na nova lei de licitações, ferramentas que foram legitimados pela jurisprudência e encontram-se consolidados no dia a dia das compras públicas (NOHARA, 2021). 3.4.4.1 Credenciamento: O credenciamento é o processo administrativo de chamamento de interessados em prestar serviços ou fornecer bens para a Administração. Todavia, no credenciamento não há disputa, já que todos os interessados, preenchendo os requisitos previstos no ato de convocação, podem ser chamados a executar o objeto (art. 6º, XLIII). (MAZZA, 2022). Marinela e Cunha ensinam que o credenciamento foi introduzido para atender a nova hipótese de contratação de objetos que devam ou possam se contratados por meio desse procedimento, como podemos observar: Esse procedimento foi introduzido para atender a nova hipótese de contratação direta por inexigibilidade de objetos que devam ou possam se contratados por meio de credenciamento, conforme se observa do art. 74, inciso IV e art. 79 e seguintes da Lei 14.133/2021. O credenciamento poderá ser usado nas seguintes hipóteses: (i) Contratação paralela e não excludente, situações em que é viável mais vantajoso para a Administração Pública a realização de contratos administrativos simultâneos em condições padronizadas; (ii) contratação com seleção a critério de terceiros, hipóteses em que a seleção do contratado está a cargo do beneficiário direto da prestação do objeto; (iii) em mercados fluidos, casos em que a flutuação constante do valor da prestação e das condições de contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de processo de licitação. (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 203). Quanto ao rito do credenciamento o mesmo será definido em regulamento PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 27 devendo observar as regras previstas no artigo art. 79, parágrafo único: I – a Administração deverá divulgar e manter à disposição do público, em sítio eletrônico oficial, edital de chamamento de interessados, de modo a permitir o cadastramento permanente de novos interessados; II – na hipótese do inciso I do caput deste artigo, quando o objeto não permitir a contratação imediata e simultânea de todos os credenciados, deverão ser adotados critérios objetivos de distribuição da demanda; III – o edital de chamamento de interessados deverá prever as condições padronizadas de contratação e, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, deverá definir o valor da contratação; IV – na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a Administração deverá registrar as cotações de mercado vigentes no momento da contratação; V – não será permitido o cometimento a terceiros do objeto contratado sem autorização expressa da Administração; VI – será admitida a denúncia por qualquer das partes nos prazos fixados no edital. (BRASIL, 2021). Pozzo observa que o credenciamento não é hipótese de inexigibilidade mas sim um procedimento que auxiliar um contratação direta da Administração Pública: O credenciamento não é propriamente uma hipótese de inexigibilidade de licitação, mas um procedimento auxiliar que pode levar a uma contratação direta, tendo em vista a inviabilidade de competição que reside justamente no fato de que qualquer um que preencha os requisitos está apto a realizar o serviço ou fornecer o produto. (POZZO, 2022, n.p.). Em quaisquer hipóteses de credenciamento, é vedado o cometimento a terceiros do objeto contratado sem autorização expressa da Administração, (inciso V do parágrafo único do art. 79) sendo permitida a denúncia por qualquer uma das partes nos prazos fixados no edital (inciso VI do parágrafo único do art. 79). Assim, o legislador objetivou, respectivamente, (i) vedar a cessão do objeto do contrato decorrente de credenciamento, sem a prévia anuência da Administração Pública e (ii) a permitir o descredenciamento de qualquer interessado (Pozzo, 2022). 3.4.4.1 Manifestação de interesse (PMI): Podemos dizer que essa modalidade também é umas das novidades da nova lei de licitações, está prevista no artigo 81 da lei 14.133/21. Discorre sobre o assunto o doutrinador Alexandre Mazza: PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 28 Tal procedimento se inicia com a Administração publicando edital de chamamento público solicitando para que a iniciativa privada proponha e realize investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras. Mesmo sendo novidade na lei geral de licitações, o chamamento já existia na Lei de Parcerias Voluntárias (Lei n. 13.019/2014), segundo a qual as organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos podem apresentar propostas para apreciação pelo poder público, que irá avaliar a possibilidade de celebração de parceria. (MAZZA,2022, p.1840). O PMI está disciplinado no artigo 81 da nova lei de licitações, como vemos a seguir: Art. 81. A Administração poderá solicitar à iniciativa privada, mediante procedimento aberto de manifestação de interesse a ser iniciado com a publicação de edital de chamamento público, a propositura e a realização de estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras que contribuam com questões de relevância pública, na forma de regulamento. § 1º Os estudos, as investigações, os levantamentos e os projetos vinculados à contratação e de utilidade para a licitação, realizados pela Administração ou com a sua autorização, estarão à disposição dos interessados, e o vencedor da licitação deverá ressarcir os dispêndios correspondentes, conforme especificado no edital. § 2º A realização, pela iniciativa privada, de estudos, investigações, levantamentos e projetos em decorrência do procedimento de manifestação de interesse previsto no caput deste artigo: I - não atribuirá ao realizador direito de preferência no processo licitatório; II - não obrigará o poder público a realizar licitação; III - não implicará, por si só, direito a ressarcimento de valores envolvidos em sua elaboração; IV - será remunerada somente pelo vencedor da licitação, vedada, em qualquer hipótese, a cobrança de valores do poder público. (BRASIL, 2021).Em seu art. 81, § 4º, a nova lei de licitações estabelece que o PMI “poderá ser restrito a startups, assim considerados os microempreendedores individuais, as microempresas e as empresas de pequeno porte, de natureza emergente e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao desenvolvimento e à implementação de novos produtos ou serviços baseados em soluções tecnológicas inovadoras que possam causar alto impacto, exigida, na seleção definitiva da inovação, validação prévia fundamentada em métricas objetivas, de modo a demonstrar o atendimento das necessidades da Administração.” (POZZO, 2022). 3.4.4.2 Pré-qualificação: PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 29 A nova lei disciplinou que a pré-qualificação é o procedimento seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital, destinado à análise das condições de habilitação, total ou parcial, dos interessados ou do objeto (art. 6º, XLIV). Afirmou, ainda, que se trata de um procedimento técnico-administrativo para selecionar previamente (i) licitantes que reúnam condições de habilitação para participar de futura licitação ou de licitação vinculada a programas de obras ou de serviços objetivamente definidos ou (ii) bens que atendam às exigências técnicas ou de qualidade estabelecidas pela Administração Pública (art. 80, I e II) (POZZO, 2022). Pozzo entende que a pré-qualificação é uma antecipação da habilitação dos licitantes no processo licitatório, dando celeridade aos seus trâmites como podemos verificar: Estritamente, a pré-qualificação consiste em uma antecipação da fase de habilitação da licitação. Com a finalidade de eliminar da licitação discussões acerca da idoneidade dos licitantes, deslocando-as no tempo, a Administração Pública define em edital prévio e apartado exigências sobretudo de qualificação econômico-financeira e capacidade técnica (sem prejuízo de requisitos comuns sobre habilitação jurídica e regularidade fiscal) que deverão ser atendidas pelos licitantes para se legitimarem a participar de certame ulterior. Os licitantes pré-qualificados serão considerados desde logo habilitados para a licitação, a qual poderá eventualmente ser restrita apenas aos pré-qualificados. Trata-se, portanto, de um procedimento seletivo preliminar e que termina com uma decisão administrativa definitiva (naturalmente sujeita a recursos e revisões): somente os licitantes pré-qualificados serão considerados pré- habilitados para fins da licitação consequente, podendo, ainda, serem os únicos admitidos a participar deste último procedimento posterior. (POZZO, 2022, n.p.). Poderá ainda ser total ou parcial, com alguns ou todos os requisitos técnicos ou de habilitação necessários, assegurada, em qualquer hipótese, a igualdade de condições entre os concorrentes. Deverão integrar o catálogo de bens e serviços da Administração e terão validade máxima de um ano, não podendo ultrapassar a validade dos documentos apresentados pelos interessados que poderão atualizá-los (MARINELA; CUNHA, 2021, p. 205). 3.4.4.3 Registro de preços: O Sistema de registro de preços é o conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços e à aquisição de bens para PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 30 contratações futuras e eventuais da Administração. Marçal Justen Filho define o registro de preços como: “o contrato normativo, constituído como um cadastro de produtos e fornecedores, selecionados mediante licitação, para contratações sucessivas de bens e serviços” (NOHARA, 2021). É o procedimento administrativo para realização de compras, obras ou serviços rotineiros, sendo a regra para aquisição de bens que são usados frequentemente. Está previsto no art. 15 da lei 8.666/93 e seus parágrafos e no art. 6º, XLV e arts. 82 a 86 da Lei 14.133/2021 (MARINELA; CUNHA, 2021). Pozzo faz severa crítica ao procedimento de “carona” que pode ser realizado por órgão que não participou inicialmente do Registro de Preços, vejamos: [...] indica-se a deturpação que o sistema sofreu: a Administração brasileira, com apoio de parte da doutrina e da jurisprudência, deturpou o instituto por meio do “carona”. Passou-se a admitir, com tranquilidade assombrosa, que órgãos que não tenham participado da estimativa de contratações utilizem-se da ata de registro de preços, com total desprezo à estimativa inicial. Se a licitação foi aberta com base na estimativa de comprar mil borrachas, passou-se a admitir a aquisição de duas mil borrachas. Com isso, o sistema de registro de preços tornou-se um eficaz mecanismo de menoscabo ao princípio licitatório. Um bom instituto foi vilipendiado de modo imoral e aviltante. A Lei 14.133/21, nos arts. 82 a 86,tentou legitimar esse vilipêndio." (POZZO, 2022, n.p.). O artigo 6º, inciso XLV da Lei 14.133/2021 disciplina que o sistema de registro de preços é o conjunto de procedimentos para realização, mediante contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para contratações futuras (BRASIL, 2022). A utilização do Sistema de Registro de Preços foi ampliada na nova lei, que anteriormente era restrito às compras e serviços, no regime da Lei8.666/1993 e do Decreto federal 7.892/2013, a sua utilização foi ampliada no RDC para abarcar, ainda, obras e serviços de engenharia (art. 88, I, do Decreto federal 7.581/2011). Assim, com a promulgação da nova Lei de Licitações, poderá ser utilizado para o registro de preços para serviços, inclusive de engenharia, obras, aquisição e locação de bens (OLIVEIRA, 2021). O registro de preços não possui a finalidade de selecionar a melhor proposta para celebração de contrato específico, como ocorre normalmente nas licitações e contratações de objeto unitário. Pelo contrário, o intuito é realizar uma licitação, mediante concorrência ou pregão, para registrar em ata PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 31 os preços de diversos itens, apresentados pelos licitantes vencedores, que poderão eventualmente ser adquiridos pela Administração, dentro de determinado prazo, na medida de sua necessidade (OLIVEIRA, 2021). As condições para contratação pelo Sistema de Registro de preços são em resumo: realização prévia de ampla pesquisa de mercado, seleção de acordo com os procedimentos previstos em regulamento, desenvolvimento obrigatório de rotina de controle, atualização periódica dos preços registrados, definição do período de validade do registro de preços e inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que aceitar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vencedor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante que mantiver sua proposta original (MARINELA; CUNHA, 2021). O art. 84 da Lei 14.133/2021 estabelece que a vigência da ata será de um ano e admite expressamente a possibilidade de prorrogação por igual período. A falta de sistematicidade é flagrante, pois diante do art. 84, o que o inciso V do § 5º do art. 82 estabelece é o dever de estar consignado no edital, previsão que deve ser repetida na ata de registro de preços, o período de validade da ata de um ano e se é ou não possível sua prorrogação por mais um ano. Exige- se ainda mais, que o edital estabeleça as datas específicas (POZZO, 2022). 3.4.4.4 Registro cadastral: A Nova Lei de Licitações disciplinou em seu art. 87, o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), que ainda está sujeito a regulamentação e que deve ser utilizado por órgãos e entidades da Administração Pública. Será unificado e público devendo ser amplamente divulgado e estar permanentemente aberto aos interessados,sendo obrigatória a realização de chamamento público pela internet, no mínimo anualmente, para atualização dos registros existentes e para ingresso de novos interessados (NOHARA, 2021). 3.5 DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 3.5.1 Ampliação da duração dos contratos PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 32 Quanto a duração dos contratos administrativos, o novo diploma legal trouxe mudanças importantes, com bem ensinam Marinela e Cunha: A duração dos contratos sofreu importantes alterações na nova Lei. No âmbito da Lei n. 8.666/93, os contratos administrativos deveriam, necessariamente, ter prazo determinado de duração, sendo vedados, expressamente, os contratos com prazo indeterminado (art. 57, § 3º, da Lei n. 8.666/93). Na Lei n. 14.133/2021, o legislador autoriza a Administração, sob condições e em determinada situação, a firmar contrato por prazo indeterminado.(MARINELA; CUNHA, 2021, p. 332). O art. 105 da nova lei estabeleceu a regra sobre a duração dos contratos administrativos, determinando a fixação do prazo no edital do respectivo certame e a observância, “no momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários, bem como a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro” (MIRANDA, 2021). A nova lei alterou a duração dos contratos administrativos e não manteve explícito o limite dos créditos orçamentários anuais. Optou o legislador por ampliar a hipótese de duração de contrato para a prestação de serviços contínuos, que atinge vigência máxima decenal, onde se preocupa com a fiscalização periódica de disponibilidades de crédito orçamentário, porém, ao mesmo tempo, abre margem para descontinuidades por parte da Administração, diante de uma ampla discricionariedade por parte do Poder Público para prorrogações (NOHARA, 2021). Em resumo e sem prejuízo dos prazos previstos em lei especial, são prazos da nova lei: Até 10 anos para compras estratégicas e que envolva tecnologia; de 10 anos (sem investimento) até 35 anos (com investimento) a contratação que gere receita ou o contrato de eficiência; Até 15 anos para operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação; Prazo indeterminado nos contratos em que a Administração seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio (NOHARA, 2021). 3.5.2 Contratos de eficiência O conceito de contrato de eficiência está disciplinado no art. 6º, LIII da Lei, qual seja, o ajuste administrativo cujo objeto é a prestação de serviços, que PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 33 pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, sendo o contratado remunerado com base em percentual da economia gerada (MIRANDA, 2021). Assim, Miranda assevera que o contrato em comento visa proporcionar maior economia a Administração Pública nas suas aquisições, conforme demonstrado abaixo: O objetivo do contrato de eficiência – cujo critério de julgamento será o de maior retorno econômico, aplicável exclusivamente para essa espécie de contratação, a teor do disposto no art. 39 – será proporcionar uma economia à Administração Pública na forma de redução de despesas correntes, mais especificamente relacionadas às despesas de custeio, conforme consta da supra-aludida definição legal. Assim, essa contratação poderá ser utilizada objetivando a diminuição de desembolsos com aquisição de bens de consumo, manutenção predial ou de equipamentos, bem como para a redução de dispêndios relacionados ao consumo de água, energia elétrica ou telefonia. (MIRANDA, 2021, n.p.). O critério de julgamento por maior retorno econômico é utilizado exclusivamente para a celebração de contrato de eficiência e considera a maior economia para a Administração Pública. O contratado terá sua remuneração vinculada ao percentual de economia efetivamente obtida na execução do contrato (NOHARA, 2021). 3.5.3 Ordem cronológica dos pagamentos A ordem cronológica dos pagamentos dos contratos encontra-se positivada no artigo 141, da Lei nº 14.133/2021, Nohara discorre sobre o assunto como veremos a seguir: O dever de pagamento pela Administração, estabelece o art. 141 que será observada a ordem cronológica para cada fonte diferenciada de recursos, subdividida pelas seguintes categorias de contratos: 1. fornecimento de bens; 2. locações; 3. prestação de serviços; e 4. realização de obras. A nova lei organizou as exceções à observância da ordem cronológica, pois, além de exigir a prévia justificativa, determinou a posterior comunicação ao órgão de controle interno da Administração e ao tribunal de contas competente, estabelecendo as situações que considerou que não admitem ampliações, por serem exclusivas. (NOHARA, 2021, n.p.). PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 34 No entanto o §1º do mesmo artigo trata das possibilidades de alteração da ordem cronológica prevista no caput do mesmo dispositivo legal, desde que haja "prévia justificativa da autoridade competente e posterior comunicação ao órgão de controle interno da Administração e ao tribunal de contas competente", enumerando, exclusivamente, quais são as situações que autorizam referida modificação (BRASIL, 2021). A lei 14.133/2021 faz previsão das situações onde a ordem cronológica dos pagamentos pode ser alterada, que são as seguintes: grave perturbação da ordem, situação de emergência ou calamidade pública; pagamento a microempresa, empresa de pequeno porte, agricultor familiar, produtor rural pessoa física, microempreendedor individual e sociedades cooperativas, desde que demonstrado o risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato; pagamento de serviços necessários ao funcionamento dos sistemas estruturantes, desde que demonstrado o risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato; pagamento de direitos oriundos de contratos em caso de falência, recuperação judicial ou dissolução da empresa contratada; e pagamento de contrato cujo objeto seja imprescindível para assegurar a integridade do patrimônio público ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou entidade, quando demonstrado o risco de descontinuidade da prestação de um serviço público de relevância, ou o cumprimento da missão institucional (NOHARA, 2021). Acerca das possibilidades de alteração da ordem cronológica de pagamento acima mencionado, é importantíssimo destacar que boa parte delas são verdadeiras medidas de efetivação de políticas públicas (PEREIRA JUNIOR, 2012). Deverá ser disponibilizada mensalmente no sítio do órgão público a ordem cronológica de seus pagamentos, assim como as justificativas caso haja alteração de ordem e os fundamentos que levaram a alteração (NOHARA, 2021). O pagamento antecipado é permitido em alguns casos na nova lei, mas é vedado como regra, como disciplina o § 1º do art. 145. Desse modo as possibilidades que permitem o pagamento antecipado são: se propiciar sensível economia de recursos ou se representar condição indispensável para PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL | UNIFAL-MG (CAMPUS VARGINHA)| 35 a obtenção do bem ou para a prestação do serviço, hipótese que deverá ser previamente justificada no processo licitatório e expressamente prevista no edital de licitação ou instrumento formal de contratação direta. Caso o objeto não seja executado no prazo contratual, o valor antecipado deverá ser devolvido (NOHARA, 2021). 3.5.4 Portal nacional de compras públicas (PNCP) A Lei 14.133/21 em seu art. 174 cria o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sendo este o sítio eletrônico oficial com a seguinte
Compartilhar