Buscar

Tutoria SP 1.4 - 3 Período

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
1 
 
Sistema imune infantil 
SP 1.4: VACINAÇÃO OU IMUNIZAÇÃO? 
1) ESTUDAR CALENDÁRIO VACINAL INFANTIL DO SUS E 
PRIVADO. 
VACINAS RECOMENDADAS PARA CRIANÇAS 
Vacina BCG 
A vacina BCG é preparada com bacilos vivos de Calmette-
Guérin, a partir de cepas atenuadas por sucessivas 
passagens em meios de cultura do Mycobacterium bovis. A 
vacina apresenta, no primeiro ano de vida, eficácia de 84,5 a 
99,5% para a proteção das formas de tuberculose que 
dependem da disseminação hematogênica e suas 
manifestações mais graves, como a meningoencefalite e a 
tuberculose miliar. Diversos estudos realizados para avaliar 
a proteção da vacina BCG contra a tuberculose pulmonar 
têm demonstrado resultados que variam de 0-80%. 
É aplicada em dose única por via intradérmica na inserção 
do músculo deltoide do braço direito, preferencialmente 
ainda na maternidade, logo ao nascer, desde que o recém-
nascido tenha pelo menos 2.000 gramas. 
Vacina Hepatite B 
A hepatite B é uma doença cujo único reservatório do vírus 
é o ser humano e, portanto, com potencial de erradicação. A 
aquisição do vírus no período neonatal eleva 
consideravelmente o risco de cronificação. A vacinação do 
neonato tem como principal objetivo impedir a transmissão 
materno-fetal do vírus e deve ser realizada logo ao nascer, 
ainda na maternidade, nas primeiras 24 horas de vida. 
O esquema é de três doses aos 0, 2 e 6 meses. Quando 
utilizada a vacina pentavalente na rede pública (que contém 
o componente hepatite B na vacina), o esquema de quatro 
doses é administrado sem prejuízos (0, 2, 4 e 6 meses). A 
terceira dose deve ser aplicada após os 6 meses de idade. 
Vacina Rotavirus 
São vacinas de uso oral, compostas por vírus vivos 
atenuados. Duas vacinas estão licenciadas no Brasil: vacina 
monovalente VR1 (G1P[8]), utilizada pelo Programa Nacional 
de Imunizações (PNI), e a vacina pentavalente VR5 (G1, G2, 
G3, G4 e P1A[8]), utilizada na rede privada. Protegem contra 
diarreia causada pelo rotavírus, principalmente suas formas 
graves. Eficácia para gastroenterite grave, de 68,5 a 90% com 
a VR1 e 74 a 98% com a VR5. 
A vacina monovalente é administrada em duas doses, aos 2 
e 4 meses de idade. O limite de idade para administrar a 
primeira dose é 3 meses e 15 dias, e para a segunda, de 7 
meses e 29 dias. A vacina rotavírus pentavalente é 
administrada em três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade. A 
idade máxima para iniciar a vacinação é de 3 meses e 15 dias, 
e a terceira dose deve ser aplicada no máximo até 8 meses e 
0 dia de vida. O intervalo mínimo entre doses de ambas as 
vacinas é de 4 semanas 
Vacinas Pneumocócicas 
Existem três vacinas licenciadas no Brasil para a prevenção 
das infecções pneumocócicas: Conjugada 10 valente 
(VPC10); Conjugada 13 valente (VPC13); Polissacarídica 23 
valente (VPP23). 
As vacinas são indicadas para a prevenção das infecções 
pneumocócicas causadas pelos sorotipos incluídos nas 
vacinas em lactentes, crianças e adolescentes. Elas têm 
potencial de prevenir doenças invasivas (DPI) como: 
meningite, bacteriemia e outras, além de doenças 
pneumocócicas não invasivas como pneumonias não 
bacteriêmicas e otite média (OM) causadas pelo 
Streptococcus pneumoniae. 
Crianças saudáveis devem receber vacinas conjugadas no 
primeiro ano de vida, a partir de 2 meses de idade. O PNI 
utiliza a VPC10 no esquema de duas doses, administradas 
aos 2 e 4 meses, seguidas de um reforço aos 12 meses, 
podendo ser aplicada até os 4 anos e 11 meses de idade. 
A SBP recomenda, sempre que possível, o uso da VPC13, 
pelo seu maior espectro de proteção, no esquema de três 
doses no primeiro ano de vida (2, 4, e 6 meses) e uma dose 
de reforço entre 12 e 15 meses. 
Crianças com esquema completo com a VPC10 podem 
receber dose(s) adicional(is) da VPC13, até os 5 anos de 
idade, com o intuito de ampliar a proteção para os sorotipos 
adicionais. 
As vacinas pneumocócicas são prioritárias até 5anos de 
idade, especialmente nos lactentes até 24 meses de idade, 
considerado um dos períodos de maior vulnerabilidade para 
a infecção e desenvolvimento de suas manifestações 
clínicas. As crianças apresentam altas taxas de portador de 
pneumococo na comunidade; em geral estima-se uma taxa 
de 40-60% com pico aos 2 anos e declínio com o aumento da 
idade. Dessa maneira, o uso de vacinas conjugadas na 
infância reduz as taxas de colonização e promove efeito 
indireto em outras faixas etárias não vacinadas. 
Vacinas meningocócicas 
Existem distintas vacinas para a prevenção da doença 
meningocócica, todas são inativadas e administradas por via 
intramuscular: MenC-CRM; MenACWY-TT; MenACWY-CRM; 
MenACWY-D; MenB. 
A SBP recomenda o uso rotineiro das vacinas 
meningocócicas conjugadas para lactentes maiores de 2 
meses de idade, crianças e adolescentes. Sempre que 
possível, utilizar preferencialmente a vacina MenACWY pelo 
maior espectro de proteção, inclusive para os reforços de 
crianças previamente vacinadas com MenC. 
O PNI fornece a vacina MenC aos 3 e 5 meses com um 
reforço aos 12 meses, portanto, crianças com esquema 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
2 
 
vacinal completo do serviço público podem se beneficiar 
com dose(s) adicional(is) da vacina MenACWY do serviço 
privado, a qualquer momento, respeitando-se um intervalo 
mínimo de 1 mês entre as doses. Para adolescentes entre 11 
e 12 anos, o PNI disponibiliza a vacina MenACWY. 
A SBP recomenda vacinas MenACWY aos 3 meses, 5 meses 
como esquema primário com primeiro reforço aos 12 meses 
e segundo reforço entre 4 e 6 anos. Para adolescentes 
recomenda realizar a vacinação entre 10 e 15 anos e reforço 
após 5 anos. Entre 16 e 18 anos administrar somente uma 
dose da vacina. Existem diferenças de posologias das vacinas 
quadrivalentes ACWY a depender do laboratório produtor. 
Já a vacina MenB não está disponível no PNI e é 
recomendada pela SBP no esquema de duas doses aos 3 e 5 
meses com reforço aos 12 meses. Crianças de 12 a 23 meses 
devem receber duas doses com intervalo de dois meses 
entre elas com uma dose de reforço entre 12 e 23 meses 
após esquema primário. Crianças a partir de 24 meses e 
adolescentes não vacinados devem receber duas doses com 
intervalo entre 1 e 2 meses. Não se conhece, até o momento, 
a duração da proteção conferida pela vacina e a eventual 
necessidade de doses adicionais de reforço. 
Vacinas combinadas com o componente coqueluche 
As vacinas combinadas difteria, tétano e coqueluche (tríplice 
bacteriana) devem ser administradas no calendário da 
criança no esquema de cinco doses, aos 2, 4 e 6 meses com 
reforços aos 15 meses e 4 anos de idade. 
Crianças com 7 anos ou mais, nunca imunizadas, ou com 
histórico vacinal desconhecido, devem receber três doses da 
vacina contendo o componente tetânico, sendo uma delas 
preferencialmente com a vacina tríplice acelular com 
intervalo de 2 meses entre elas (0, 2 e 4 meses – intervalo 
mínimo de 4 semanas). 
Vacina Haemophilus influenza tipo b (Hib) 
O Hib era o principal agente etiológico das meningites 
bacterianas na era pré-vacinal. Após a introdução da 
vacinação no calendário infantil, hoje são raros os casos de 
doença invasiva por este agente. 
A vacina conjugada foi capaz de prevenir a doença entre os 
vacinados e, ao eliminar o estado de portador assintomático 
da bactéria em nasofaringe, foi capaz de reduzir a circulação 
do agente na comunidade em países que implantaram 
programas com altas coberturas vacinais. 
A vacina Hib, em geral, é combinada à vacina tríplice 
bacteriana na formulação penta ou hexavalente. 
Extremamente segura, é administrada no esquema de três 
doses aos 2, 4 e 6 meses. a SBP recomenda uma dose de 
reforço aos 15 meses de vida, especialmente se, no esquema 
primário, forem utilizadas em combinação com vacinas 
tríplices bacterianas acelulares. 
 
Vacina PoliomieliteExistem duas diferentes vacinas contra a poliomielite 
licenciadas no Brasil. Vacina de vírus vivo, oral (VOP), 
bivalente, contendo os poliovírus tipo 1 e 3 e a vacina 
inativada, injetável (VIP), trivalente, contendo os tipos 1, 2 e 3. 
O esquema vacinal no Brasil é de cinco doses, administradas 
2, 4 e 6 meses (esquema primário), com reforços aos 15 
meses e aos 4 anos de idade. 
As três primeiras doses, aos 2, 4 e 6 meses, devem ser feitas 
obrigatoriamente com a VIP. Pelo potencial de reversão da 
virulência da vacina oral atenuada, causando surtos de pólio 
derivado da vacina, a Organização Mundial da Saúde (OMS) 
recomenda aos países que substituam, na medida do 
possível, a VOP pela VIP. Portanto, a recomendação para as 
doses de reforço é que sejam feitas preferencialmente 
também com a vacina inativada VIP. Nesta fase de transição 
da vacina pólio oral atenuada (VOP) para a vacina pólio 
inativada (VIP) é aceitável o esquema atual recomendado 
pelo PNI que oferece três doses iniciais de VIP (2, 4 e 6 meses 
de idade) seguidas de duas doses de VOP (15 meses e 4 anos 
de idade). Desde 2016, a vacina VOP é bivalente, contendo 
os tipos 1 e 3 do poliovírus, podendo ser utilizada nas doses 
de reforço ou nas campanhas nacionais de vacinação. 
Vacina Influenza 
São vacinas subunitárias, compostas por fragmentos de vírus 
inativados. Como os subtipos virais circulantes mudam, a 
vacina é atualizada a cada ano conforme orientação da OMS. 
No Brasil, dispomos de vacinas trivalentes, com um subtipo 
A/H1N1, um A/H3N2 e um B (linhagem Yamagata ou 
Victoria) e vacinas tetravalentes, que contemplam, além 
desses três subtipos, uma segunda linhagem B, ampliando a 
possibilidade de proteção. 
Em menores de 9 anos de idade, no primeiro ano de 
vacinação, devem ser administradas duas doses com 30 dias 
de intervalo. Nos anos posteriores, dose única anual, 
aplicada por via intramuscular. 
A vacina trivalente é a utilizada pelo PNI e disponibilizada nos 
postos de saúde durante a campanha anual da gripe para 
crianças entre 6 meses e 6 anos incompletos, gestantes, 
puérperas, pessoas com comorbidades, profissionais da 
saúde, indígenas, professores, pessoas privadas de liberdade 
ou que trabalhem nessas instituições, pessoas que 
trabalham nas forças de segurança e salvamento e pessoas 
com 60 anos ou mais. 
A SBP e a SBIm recomendam o uso da vacina de forma 
universal, a partir dos 6 meses de idade, sempre que possível 
com a formulação quadrivalente. 
Vacina Tríplice Viral 
Vacina combinada tríplice (sarampo, rubéola e caxumba) ou 
tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Composta 
por vírus vivos atenuados. Deve ser aplicada por via 
subcutânea. 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
3 
 
Protege contra o sarampo, a rubéola e a caxumba. Em 
relação ao sarampo e à rubéola, com as duas doses 
recomendadas e aplicadas após 1ano de idade, a eficácia 
chega a 99%. Em situações de surtos de sarampo, uma dose 
adicional da vacina pode ser aplicada a partir dos 6 meses de 
idade, quando a eficácia é diminuída por interferência de 
anticorpos maternos, sendo chamada de dose “zero”. Para 
caxumba, a eficácia é de aproximadamente 86% com as duas 
doses. Na apresentação tetra viral, protege também contra 
a varicela. 
O PNI recomenda a vacinação de rotina na infância com duas 
doses, sendo a primeira aos 12 meses com a tríplice viral e a 
segunda aos 15 meses de idade com a tetra viral. Para 
crianças, adolescentes e adultos até 29 anos, suscetíveis, são 
recomendadas duas doses da vacina tríplice viral, com 
intervalo mínimo de 30 dias entre elas; dos 30 aos 59 anos 
em dose única. Pessoas com mais de 60 anos não necessitam 
ser vacinadas pois são consideradas imunes pela alta 
possibilidade de ter tido a doença no passado. Profissionais 
da saúde devem receber duas doses, independentemente da 
idade. A SBP e SBIm recomendam a vacina tetra viral (ou 
separadamente tríplice viral e varicela) em duas doses aos 
12 e 15 meses de idade. 
A tríplice viral (SCR) é recomendada para todo adolescente 
não anteriormente vacinado (2 doses) ou que recebeu 
apenas a primeira dose (completar com 1 dose). 
Vacina Varicela 
No Brasil, a vacina está disponível no PNI em duas doses: aos 
15 meses na formulação tetraviral (sarampo, rubéola, 
caxumba e varicela) e aos 4 anos de idade, na apresentação 
monovalente. 
A eficácia global da vacina é de aproximadamente 70% 
contra a infecção e de mais de 95% contra as formas graves 
da doença. A SBP recomenda que a segunda dose seja 
aplicada ainda no segundo ano de vida, com intervalo 
mínimo de 3 meses após a primeira dose, idealmente aos 12 
e 15 meses de vida, prevenindo assim falhas primárias. 
A vacina varicela é recomendada para todo adolescente sem 
histórico da doença, não anteriormente vacinado (2 doses) 
ou que recebeu apenas a primeira dose (completar com 1 
dose). 
Vacina Hepatite A 
As diferentes vacinas licenciadas no país são inativadas, de 
vírus inteiros purificados. O esquema vacinal é de duas 
doses, a partir de 1 ano de vida, com intervalo de 6 meses 
entre elas. Pode ser aplicada simultaneamente com 
qualquer outra vacina do calendário infantil. Extremamente 
segura, deve ser administrada por via intramuscular, sendo 
raros os eventos adversos. 
Em função de sua alta imunogenicidade após a primeira 
dose, o PNI oferece a vacina, até o momento, em dose única, 
aos 12 meses de idade. 
As vacinas hepatite A (VHA) e hepatite B (VHB) são 
recomendadas para todo adolescente não anteriormente 
vacinado ou com vacinação incompleta. Considera-se em dia 
com essas vacinas aqueles que receberam três doses da VHB 
e duas doses da VHA. 
Vacina Febre Amarela 
A vacina Febre Amarela é composta de vírus vivos 
atenuados, cultivados em embrião de galinha. Deve ser 
aplicada por via subcutânea e está indicada para a prevenção 
da febre amarela, doença causada por um arbovírus da 
família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. 
No Brasil, são indicadas duas doses da vacina para crianças 
menores de 5 anos de idade, aos 9 meses e 4 anos. Acima de 
5 anos o esquema preconizado é de dose única no PNI.9 
Entretanto, a aplicação de uma segunda dose para crianças 
e adolescentes que iniciaram o esquema acima desta idade 
é desejável, com o intuito de prevenir eventuais falhas 
vacinais. 
Vacina HPV 
Em 2014, o PNI introduziu a vacina quadrivalente para 
meninas de 9 a 14 anos no esquema de duas doses, com 
intervalo de seis meses entre elas. Em 2017, o programa 
passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, 
igualmente no esquema de duas doses. 
Para alguns grupos especiais, incluindo transplantados de 
medula óssea ou órgão sólidos, pacientes oncológicos e 
pacientes vivendo com HIV/Aids, a vacina está disponível 
para ambos os sexos, na idade de 9 a 26 anos, no esquema 
de três doses (0, 2 e 6 meses). 
A SBP recomenda também a vacinação de meninas e 
mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e jovens de 9 a 
26 anos, o mais precocemente possível. 
 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
4 
 
2) IDENTIFICAR OS TIPOS DE IMUNIZAÇÃO 
DISPONÍVEIS E COMO OCORRE A RESPOSTA DO 
ORGANISMO. 
Os seres humanos estão constantemente expostos a agentes 
infecciosos, como parasitas, bactérias, vírus e fungos. Então, 
para se defender desses agentes, o sistema imune atua de 
duas maneiras: 
1) Ele reage rapidamente (de minutos a horas) aos agentes 
infecciosos, como, por exemplo, a fagocitose e outros 
mecanismos que já estão presentes no organismo antes da 
infecção. Essa é a resposta natural, inata ou inespecífica. 
2) Ele desenvolve mais lentamente (ao longo de dias ou 
semanas) uma resposta imune específica, como, por 
exemplo, a produção de anticorpos específicos para o 
sarampo. Essa é a resposta adquirida, adaptativa ou 
específica. 
Quando os mecanismos da resposta inespecífica não são 
suficientespara deter a infecção, a resposta específica será 
desencadeada. Inicialmente, haverá um período indutivo, 
fase que corresponde à procura do linfócito específico. 
Durante o período indutivo, não haverá a produção de 
anticorpos específicos. Após o reconhecimento do linfócito 
B específico, inicia-se a produção de anticorpos. A primeira 
classe de imunoglobulina a ser produzida é a IgM e, 
posteriormente, a IgG (resposta primária). 
A IgG ficará presente, na maioria das vezes, para o resto da 
vida. As imunoglobulinas específicas contra esse antígeno 
serão produzidas todas as vezes em que o organismo entrar 
em contato com esse agente etiológico (resposta 
secundária). Tal resposta é mais rápida, uma vez que não há 
período indutivo, pois na resposta primária ocorreu a 
estimulação dos linfócitos T de memória. 
Algumas vacinas necessitam da aplicação de mais de uma 
dose, para uma adequada proteção. É importante respeitar 
o intervalo mínimo entre as doses, pois isso corresponde ao 
período da queda de anticorpos produzidos pela dose 
anterior. As doses administradas no período inferior ao 
intervalo mínimo deverão ser repetidas, com exceção da 
vacina rotavírus humano. 
Nas situações em que o antígeno não estimula as células de 
memória (antígeno T-independente), a persistência dos 
anticorpos poderá ser limitada. A vacina polissacarídica 
meningocócica A e C não estimula as células de memória. Por 
isso, a duração da resposta imunológica é limitada a apenas 
3 a 5 anos. 
É importante que o antígeno vacinal seja aplicado o mais 
precocemente possível, antes que a pessoa entre em 
contato com o agente infeccioso. A vacina aplicada irá 
estimular a produção de anticorpos específicos e a produção 
de células de memória (resposta primária). 
Tais células permitirão a rápida produção de anticorpos 
específicos no momento da exposição ao agente causador 
da doença (resposta secundária). Assim, na reexposição, a 
resposta será mais rápida e mais potente, prevenindo a 
doença. A resposta imune que se deseja por intermédio da 
vacinação é semelhante à resposta que ocorre quando há o 
contato com micro-organismo selvagem. 
A imunidade específica pode ser adquirida de modo ativo ou 
passivo. 
Imunidade ativa 
A proteção adquirida de modo ativo é aquela obtida pela 
estimulação da resposta imunológica com a produção de 
anticorpos específicos. A infecção natural (com ou sem 
sintomas) confere imunidade ativa, natural e é duradoura, 
pois há estimulação das células de memória. Após uma 
infecção por sarampo, rubéola ou varicela, por exemplo, o 
indivíduo ficará protegido, não havendo mais o risco de 
adquirir a mesma doença novamente. 
A imunidade ativa, adquirida de modo artificial, é obtida pela 
administração de vacinas, que estimulam a resposta 
imunológica, para que esta produza anticorpos específicos. 
Imunidade passiva 
A imunidade adquirida passivamente é imediata, mas 
transitória. É conferida a um indivíduo mediante a: 
• passagem de anticorpos maternos por via 
transplacentária, por intermédio da amamentação pelo 
colostro e pelo leite materno (Rico em Imunoglobulinas, 
especialmente IgA) (imunidade passiva natural); 
• administração parenteral de soro heterólogo/homólogo 
ou de imunoglobulina de origem humana (imunidade 
passiva artificial) ou de anticorpos monoclonais. Exemplo: 
soro antitetânico, antidiftérico, antibotrópico e as 
imunoglobulinas específicas contra a varicela, hepatite B e 
tétano, palivizumabe. Neste tipo de imunidade, 
administram-se anticorpos prontos, que conferem a 
imunidade imediata. Não há o reconhecimento do antígeno 
e, portanto, não ocorre a ativação de célula de memória. 
Algumas semanas depois, o nível de anticorpos começa a 
diminuir, o que dá a esse tipo de imunidade um caráter 
temporário. Utiliza-se a imunidade passiva quando há 
necessidade de uma resposta imediata e não se pode 
aguardar o tempo para a produção de anticorpos em 
quantidade adequada. 
 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
5 
 
3) ABORDAR O MECANISMO DE IMUNIZAÇÃO 
TRANSPLACENTÁRIA E INTRAUTERINA. 
 Anticorpos Maternos e Proteínas 
O embrião/feto produz somente pequenas quantidades de 
anticorpos devido ao seu sistema imunológico imaturo. 
Alguma imunidade passiva é conferida ao feto pela 
transferência placentária de anticorpos maternos. As IgG 
gamaglobulinas são prontamente transportadas para o feto 
por transcitose. Anticorpos maternos conferem imunidade 
fetal a algumas doenças tais como difteria, varíola e 
sarampo; contudo, nenhuma imunidade é adquirida para 
coqueluche (tosse convulsiva) ou varicela (catapora). Uma 
proteína materna, a transferrina, atravessa a membrana 
placentária e carreia ferro para o embrião/feto. A superfície 
placentária contém receptores especiais para essa proteína. 
(Embriologia Clínica Moore) 
Imunidade transplacentária mediada por anticorpos 
As primeiras evidências a respeito da transmissão de 
imunoglobulinas da mãe para o feto surgiram com Brambell 
et al. estudando coelhos. Esses autores notaram que o fluido 
que preenchia o saco vitelino do embrião de coelho jovem 
era semelhante, em seu conteúdo proteico, ao do plasma. 
Entre as proteínas desse fluido encontravam-se 
imunoglobulinas de origem materna, que atravessavam o 
trofloblasto e o endoderma do saco vitelino embrionário, 
sugerindo que a imunidade era transmitida da mãe para o 
feto através do saco vitelino, ao invés da placenta. A taxa de 
transmissão não variava com a especificidade antigênica do 
anticorpo, mas havia uma clara seleção em relação a 
diferentes frações proteicas do soro – a fração 
gamaglobulina era transmitida mais eficientemente que a 
albumina. 
Em 1958, Brambell et al. formularam a hipótese para o 
mecanismo de transmissão de imunoglobulinas, 
posteriormente aperfeiçoada. 
De acordo com a hipótese de Brambell, receptores na 
superfície dos microvilos seriam invaginados durante o 
processo de fagocitose, passando a recobrir a parede interna 
dos fagossomas. Parte da proteína iria ligar-se a esses 
receptores, sendo posteriormente liberada das células na 
forma intacta para o espaço intercelular; a parte da proteína 
dos fagossomas que não se ligasse aos receptores seria 
degradada pelas enzimas lisosomais, não atingindo a 
circulação do feto/recém-nascido. 
Desse modo, a quantidade de gamaglobulina que poderia 
ser transmitida na sua forma intacta à circulação seria 
limitada pela população de receptores disponíveis. A taxa de 
transmissão dependeria das taxas de ligação e liberação da 
proteína pelos receptores. O caráter seletivo da transmissão 
dependeria de uma ou de ambas as taxas, podendo variar 
com diferentes tipos de gamaglobulina. 
Da circulação materna rumo ao sangue fetal, a molécula de 
IgG precisa transpor ao menos duas barreiras celulares: o 
sinciciotrofoblasto e o endotélio capilar fetal. Sabe-se que 
parte da IgG transportada, especialmente os aloanticorpos 
dirigidos contra antígenos expressos na placenta, não 
atingem a circulação fetal. Os complexos antígeno-anticorpo 
formados no estroma dos vilosos seriam eliminados através 
de fagocitose dos mesmos pelos macrófagos fetais, as 
células de Hofbauer. O receptor responsável pelo transporte 
de IgG através do sinciociotrofoblasto é o FcRn. Todas as 
subclasses de IgG atravessam a placenta, mas sabe-se que 
IgG1 e IgG3 passam mais eficientemente, seguidas de IgG4 
e, por último, IgG2 . Embora haja evidências de transporte 
de IgG através da placenta em fases precoces da gestação, 
sabe-se que ele ocorre eficientemente no terceiro trimestre 
da gestação. 
Alguns fatores são conhecidos por estarem associados a uma 
redução do transporte transplacentário de anticorpos. Entre 
eles, merecem menção especial as concentrações maternas 
de IgG total, especialmente acima de 15 g/L; a 
prematuridade, o baixo peso ao nascimento, a infecçãoplacentária por malária e a infecção materna pelo HIV. 
Após o nascimento, observa-se o declínio dos anticorpos 
maternos. Os estudos variam no que diz respeito à meia-vida 
da IgG total sérica mas, em média, ela é de 24 a 30 dias. 
Por volta do 4º mês, as concentrações de IgG total começam 
a se elevar: é este o momento em que a produção de IgG 
pela criança supera o consumo da IgG materna. Entretanto, 
as concentrações de IgG da criança só atingirão as 
concentrações do adulto por volta de 8 anos de idade. 
O conhecimento da imunização passiva adquirida por via 
transplacentária e o catabolismo da IgG materna nos 
primeiros meses de vida da criança são fundamentais para 
que se estreite a janela de suscetibilidade a patógenos 
específicos nessa fase da vida tanto para crianças sem 
comorbidades quanto para aquelas cujas mães apresentem 
condições que predisponha a um transporte 
transplacentário reduzido ou que elas próprias apresentem 
uma resposta imunológica prejudicada nos primeiros meses 
de vida. 
Os recém-nascidos têm maior suscetibilidade a infecções 
com organismos gram-negativos, porque os anticorpos IgM, 
que são opsoninas termoestáveis, não atravessam a 
placenta. O nível de oposonina termolábil, C3b, também é 
inferior no soro de recém-nascidos quando comparado ao 
dos adultos. Esses fatores provavelmente são responsáveis 
pelo comprometimento da fagocitose de alguns organismos 
por células polimorfonucleares em recém-nascidos 
Os recém-nascidos não têm a capacidade de montar 
respostas imunes eficazes contra microrganismos e, durante 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
6 
 
vários meses após o nascimento, sua principal defesa contra 
a infecção é a imunidade passiva fornecida pelos anticorpos 
maternos. A IgG materna é transportada através da 
placenta, e a IgA e IgG presentes no leite materno são 
ingeridas pelo lactente. 
O transporte transepitelial de IgA materna para o leite 
depende do receptor de poli-Ig. Os anticorpos IgA e IgG 
ingeridos podem neutralizar organismos patogênicos que 
tentam colonizar o intestino do bebê, e alguns anticorpos 
IgG ingeridos podem ser transportados através do epitélio 
intestinal para a circulação do neonato. Assim, um recém-
nascido possui, essencialmente, os mesmos anticorpos IgG 
que sua mãe. O transporte da IgG materna através da 
placenta é mediado por um receptor Fc específico para IgG 
denominado FcRn. O FcRn é único entre os receptores Fc 
porque se assemelha a uma molécula do complexo de 
histocompatibilidade principal (MHC, do inglês, major 
histocompatibility complex) de classe I, contendo uma 
cadeia pesada transmembrana não covalentemente 
associada a β2- microglobulina. No entanto, a interação de 
IgG com o FcRn não envolve a porção da molécula que é 
análoga à fenda de ligação do peptídeo usado pelas 
moléculas de MHC de classe I para exibir os peptídeos para 
o reconhecimento pelas células T. 
4) ENTENDER O DESENVOLVIMENTO IMUNOLÓGICO DA 
CRIANÇA (ADAPTAÇÃO...). 
O sistema imunológico está em constante desenvolvimento 
desde a concepção, assim como no período neonatal e nos 
primeiros anos de vida. Esse é um processo contínuo em que 
tanto sua construção acelerada quanto retardada podem 
prejudicar o indivíduo. 
O sistema imune humano surge no embrião a partir do 
tecido associado ao intestino. Células-tronco 
hematopoiéticas pluripotentes aparecem primeiro no saco 
vitelino com 2,5 a 3 semanas de idade gestacional, migram 
para o fígado fetal com 5 semanas de gestação e depois 
residem na medula óssea, onde permanecem durante toda 
a vida. 
Células-tronco linfoides desenvolvem-se a partir dessas 
células precursoras e se diferenciam em células T, B ou NK, 
de acordo com os órgãos ou tecidos para os quais as células-
tronco migram. O desenvolvimento de órgãos linfoides 
primários – timo e medula óssea – inicia-se durante a 
metade do primeiro trimestre de gestação e evolui 
rapidamente. Logo após, ocorre o desenvolvimento dos 
órgãos linfoides secundários – baço, linfonodos, tonsilas, 
placas de Peyer e lâmina própria. Ao longo da vida, a partir 
das células-tronco, esses órgãos servem como sítios de 
diferenciação de linfócitos T, B e NK. Tanto a organogênese 
inicial quanto a continuação da diferenciação celular 
ocorrem como consequência da interação de uma vasta 
gama de moléculas de superfície celular dos linfócitos e do 
microambiente e de proteínas secretadas pelas células 
envolvidas. 
 
Embriogênese: 
Durante o desenvolvimento embrionário e fetal há uma 
modulação contínua do tecido linfoide. O sistema 
hematopoietico, junto com o sistema vascular e cardíaco, é 
um dos primeiros a surgir durante a embriogênese. As 
primeiras células sanguíneas, derivadas de células do 
mesoderma, estão localizadas no saco vitelino na fase 
embrionária. Essas células primitivas migram para a região 
anterior da linha primitiva no embrião e formam 
progenitores eritroides. Acredita-se que esses primeiros 
progenitores também deem origem tanto aos granulócitos e 
macrófagos quanto aos megacariócitos. 
A seguir, o fígado fetal passa a ser responsável pela 
hematopoiese, que depois passa a ocorrer na medula óssea. 
Após sete semanas de gestação, as células progenitoras de 
células T que expressam receptores CD34 migram para o 
timo, onde ocorre sua diferenciação e maturação em células 
T com receptor (TCR) αβ. 
Porções menores de progenitores de células T no fígado fetal 
apresentam TCRs γδ a partir da 6ª a 8a semana de gestação 
e não migram para o timo para maturação. Estudos com 
sangue do cordão umbilical mostram que progenitores 
linfoides multipotentes se diferenciam para se tornar células 
B. 
A maturação e a diferenciação de células B fetais envolvem 
a ativação de fatores de transcrição de uma maneira gradual 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
7 
 
e recombinação V(D)J para a origem de moléculas de IgD e 
IgM na superfície da célula B. 
As células imunológicas semeiam outros órgãos linfoides ou 
periféricos – incluindo nódulos linfáticos, pele, intestino, rim 
e pulmão – e se adaptam ao ambiente de cada órgão. 
Diversos tipos de células imunológicas se desenvolvem e 
amadurecem em diferentes estágios gestacionais, o que é 
necessário para estabelecer tolerância e resposta funcional 
com base nas necessidades de desenvolvimento. Isso 
prepara o embrião e o feto em desenvolvimento para a 
exposição ao antígeno durante a gravidez e após o 
nascimento. 
Epigenética: 
A exposição a alérgenos e patógenos provoca uma alteração 
no ambiente intrauterino com um impacto tanto na 
imunidade ao nascimento quanto na maturação imunológica 
durante o início da vida das crianças. 
Um desequilíbrio nutricional da mãe, tanto deficiente 
quanto em excesso, podem também ter um efeito 
considerável na imunidade neonatal e na maturação 
imunológica no início da vida. O estresse nutricional nas 
mães induz elevada estimulação do eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal, o que resulta em redução do peso do timo 
fetal, que por sua vez leva a apoptose de timócitos e de 
células B e T imaturas. Perturbações no desenvolvimento do 
sistema imunológico em neonatos causadas pelo 
desequilíbrio nutricional materno podem resultar em 
suscetibilidade a infecções ao nascimento e/ou risco tardio 
de doenças imunomediadas ou inflamatórias. 
Imunidade inata 
O sistema imunológico inato consiste em granulócitos 
(principalmente neutrófilos), células apresentadoras de 
antígenos, células natural killer (NK) e células T γδ. Essas 
células são imediatamente disponíveis para atuar de 
maneira eficiente sobre uma ampla gama de patógenos. 
Dada a exposição limitada a antígenos no ambiente 
intrauterino e a imatura resposta imunológica adaptativa 
neonatal, os recém-nascidos dependem fortemente de sua 
resposta imunológica inata para proteção contra infecção. 
Os neutrófilos são o principalcomponente do sistema 
imunológico inato e são responsáveis pela destruição de 
patógenos durante a infecção. A maioria das células do 
sangue humano são neutrófilos (70%-75%). No entanto, os 
neutrófilos neonatais têm defeitos tanto quantitativos 
quanto qualitativos. Ao nascimento, o número de 
neutrófilos varia de 1,5 a 28 × 109 células/L de sangue, em 
comparação com os níveis de 4,4 × 109/L em adultos. 
Além das deficiências quantitativas, os neutrófilos neonatais 
expressam TLR4 em níveis mais baixos que neutrófilos de 
adultos; já a expressão de TLR2 por neutrófilos de neonatos 
é semelhante à dessas células de adultos. A sinalização por 
meio das vias MyD88 é deficiente em neonatos após 
estimulação tanto de TLR2 quanto de TLR4. Essa resposta 
diminuída é atribuída a altos níveis de adenosina no sangue 
neonatal, o que aumenta os níveis de AMP cíclico (cAMP), 
levando à inibição da secreção de TNF-α estimulada por TLR. 
Assim que um neutrófilo detecta um patógeno, ele adere ao 
endotélio vascular e migra seguindo um gradiente 
quimiotático em direção ao local da infecção para fagocitar 
e destruir o patógeno. Esses eventos são seguidos de 
apoptose do neutrófilo, de modo a evitar inflamação 
excessiva. 
Neutrófilos neonatais expressam baixos níveis de L-selectina 
na superfície celular e Mac-1 (CD11b/ CD18), o que ocasiona 
uma redução de 50% na transmigração dessas células para 
locais de infecção. Essa resposta quimiotática prejudicada 
ocorre devido ao influxo de cálcio intracelular reduzido e à 
polimerização alterada de actina, limitando a capacidade dos 
neutrófilos de deformar e penetrar no revestimento 
endotelial vascular. Ademais, os neutrófilos neonatais não 
produzem adequadamente as redes neutrofílicas (NETs), 
importantes na destruição de bactérias extracelulares. Além 
disso, o sistema NADPH oxidase e a capacidade de gerar 
radicais hidroxila também não atuam perfeitamente nos 
granulócitos neonatais. 
Todas essas particularidades dos neutrófilos no início da vida 
tornam os neonatos especialmente suscetíveis à sepse. Ao 
longo dos primeiros anos de vida, essas células sofrem um 
processo de maturação que é fundamental para a aquisição 
de competência imunológica nos bebês. 
Os componentes do sistema complemento são expressos 
inicialmente no feto durante a gravidez e aumentam, 
atingindo os níveis de adulto ao longo dos primeiros 12 a 18 
meses de vida. As proteínas C encontradas no feto sob 
condições fisiológicas desempenham um papel crítico na 
capacidade de neutralização dos anticorpos e protegem o 
feto do sistema imunológico materno. Recém-nascidos 
expressam as frações C3, C4 e complemento hemolítico total 
(CH50). A deficiência desses fatores aumenta a 
suscetibilidade a infecções pré- ou perinatais. 
As células NK desempenham papel importante na resolução 
de infecções virais respiratórias agudas graves causadas por 
influenza ou vírus sincicial respiratório. As contagens de 
células NK são maiores em recém-nascidos do que em 
adultos, com expressão aumentada do receptor inibitório 
CD94/NKG2A. Entretanto, de modo geral, as células NK de 
neonatos apresentam uma reduzida capacidade funcional se 
comparadas às células NK de indivíduos adultos. 
As células T γδ são uma das primeiras a responder a 
infecções por Mycobacterium tuberculosis e Listeria 
monocytogenes. Elas liberam grandes quantidades de IFN-γ 
e exibem uma função citotóxica. São encontradas no timo e 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
8 
 
no sangue do cordão umbilical. De maneira geral, as células 
T γδ neonatais apresentam baixa capacidade de 
proliferação, produção de citocinas frente a estimulação e 
produzem menores proporções de perforina e granzima B. 
Imunidade adaptativa 
Existem dois subconjuntos distintos de células T que 
expressam os receptores de células T (TCRs) α/β e γ/δ. As 
células que expressam TCRs γ/δ no fígado fetal não migram 
para o timo para maturação, mas desempenham um papel 
importante na proteção contra infecções microbianas em 
um estágio inicial de desenvolvimento. As células T α/β 
migram para o timo para maturação, resultando em 
timócitos TCR+ de linhagem T CD4+ ou T CD8+, o que está 
associado ao posterior reconhecimento de antígenos e 
ativação de células T. 
Em humanos, as células do sangue do cordão T CD4+ 
neonatais proliferam em resposta à IL-7 na ausência de 
estimulação de TCR. Estudos experimentais de células T 
CD4+ neonatais demonstram polarização para respostas T 
helper 2 - Th2 (IL-4, IL-5, IL-10) com uma produção diminuída 
de citocinas Th1 (IFN-γ, IL-2 e TNF-α). Por outro lado, as 
células Th17 desempenham um papel importante no 
desenvolvimento de imunidade a infecções bacterianas e 
fúngicas em nível de mucosa e pele. Experimentos usando 
células do sangue do cordão umbilical mostraram que 
neonatos têm uma frequência muito baixa ou ausência 
completa de células Th17. 
As células Th1, Th2 e Th17 desempenham um papel 
importante no desenvolvimento da imunidade a patógenos 
intracelulares e parasitas extracelulares, enquanto as células 
T regulatórias (Treg) são essenciais para a tolerância 
imunológica e desempenham um papel crucial na limitação 
das respostas imunes excessivas exercidas pelas células Th1, 
Th2 e Th17. 
As células B neonatais não mostram evidência de exposição 
antigênica e têm apenas um repertório de imunoglobulina 
(Ig) de superfície parcialmente desenvolvido. As deficiências 
observadas na produção de anticorpos neonatais podem ser 
decorrentes de várias características intrínsecas, como 
imaturidade das células B, repertório de células B pobre ou 
força reduzida de sinalização do receptor de células B (BCR). 
Em resumo, de modo geral, os linfócitos B e T naïves são 
programados de maneira diferente em neonatos em 
comparação com seus correspondentes encontrados em 
adultos. Os recém-nascidos exibem uma suscetibilidade 
aumentada a infecções decorrente da imaturidade de seus 
linfócitos, incluindo um baixo número de células T de 
memória efetora, secreção reduzida de citocinas Th1 e 
reduzida força de sinalização do receptor de células B. Por 
alguns meses após a concepção, o lactente está sob 
influência da IgG materna, que diminui ao longo dos 
primeiros meses. Após os 2 anos de idade, a resposta 
adaptativa começa a se organizar, com completo 
funcionamento após a primeira década de vida. 
Mecanismos adaptativos do sistema imunológico no 
período neonatal 
Diversos aspectos do sistema imunológico do neonato o 
caracterizam como aquele de um ser em desenvolvimento. 
Embora a resposta imunológica inata neonatal seja menos 
eficiente que a do adulto, se comparada à resposta 
adaptativa neonatal, ela parece estar mais “completa” ao 
nascimento. 
Vários exemplos desse estágio ainda em desenvolvimento 
da resposta imunológica adaptativa podem ser descritos: o 
encontro de células T CD4+CD8+ circulantes,7 a 
preponderância do fenótipo naïve (CD45RA+ CCR7+)8 e a 
resposta imunológica humoral reduzida frente à infecção ou 
vacinação. 
Nesse sentido é que devem ser analisados o aumento 
expressivo de células polimorfonucleares circulantes 
imediatamente após o nascimento, a imunidade materna 
transplacentária mediada por anticorpos e a imunidade 
conferida pelo leite materno e, principalmente, pelo 
colostro, com transferência de imunoglobulinas e de células. 
 Esses seriam os três mecanismos adaptativos que, durante 
período transitório – variando de 2 a 3 dias no caso da 
elevação de polimorfonucleares a muitos meses, no caso do 
leite materno –, facilitariam a sobrevida do recém-nascido e 
lactente jovem no ambiente extrauterino. Talvez não seja 
sem razão o fato de dois dentre esses três fatores, o 
colostro/leite materno e a imunidade transplacentária 
mediada por anticorpos, serem constituídos principalmente 
por elementos do sistema imunológico adaptativo materno,justamente o menos maduro ao nascimento. 
Embora pouco tenha sido estudado a respeito da 
importância do pico sérico de polimorfonucleares, bem mais 
já se sabe sobre o papel exercido pelos dois outros fatores, 
o colostro/leite materno e a imunidade transplacentária 
mediada por anticorpos. 
Desenvolvimento dos órgãos linfoides 
O tecido linfoide é proporcionalmente pequeno, mas 
bastante desenvolvido no nascimento e amadurece 
rapidamente no período pósnatal. O timo é maior em 
relação ao tamanho do corpo durante a vida fetal e ao 
nascimento seu peso normalmente equivale a dois terços do 
seu peso maduro, que é alcançado durante o primeiro ano 
de vida. Ele atinge seu pico de massa, no entanto, pouco 
antes da puberdade e, a seguir, involui gradualmente. 
Por volta de 1 ano de idade, todas as estruturas linfoides 
estão maduras histologicamente. Os números absolutos de 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
9 
 
linfócitos no sangue periférico também atingem um pico 
durante o primeiro ano de vida. 
O tecido linfoide periférico (Baço, linfonodos e MALTs) 
aumenta rapidamente em massa durante a lactância e fase 
pré-escolar. Ele atinge o tamanho adulto com 
aproximadamente 6 anos da idade, excede essas dimensões 
durante os anos pré-puberais e depois involui junto com o 
início da puberdade. O baço, no entanto, acumula 
gradualmente sua massa durante a maturação e não atinge 
o peso total até a idade adulta. O número médio de placas 
de Peyer ao nascimento é metade do número adulto, e 
aumenta gradualmente até ultrapassar, na adolescência, o 
número médio do adulto. 
5) COMPREENDER AS REAÇÕES ADVERSAS DA VACINA E 
AS CONTRAINDICAÇÕES (AL ERGIAS...) . 
A contraindicação é entendida como uma condição do 
usuário a ser vacinado que aumenta, em muito, o risco de 
um evento adverso grave ou faz com que o risco de 
complicações da vacina seja maior do que o risco da doença 
contra a qual se deseja proteger. Para todo imunobiológico, 
consideram-se como contraindicações: 
• a ocorrência de hipersensibilidade (reação 
anafilática) confirmada após o recebimento de dose 
anterior; e 
• história de hipersensibilidade a qualquer 
componente dos imunobiológicos. 
Em geral, as vacinas bacterianas e virais atenuadas não 
devem ser administradas a usuários com imunodeficiência 
congênita ou adquirida, portadores de neoplasia maligna, 
em tratamento com corticosteroides em dose 
imunossupressora e em outras terapêuticas 
imunodepressoras (quimioterapia, radioterapia etc.), bem 
como gestantes, exceto em situações de alto risco de 
exposição a algumas doenças virais preveníveis por vacinas, 
como, por exemplo, a febre amarela. 
São situações que devem ser avaliadas em suas 
particularidades para a indicação ou não da vacinação: 
• Usuários que fazem uso de terapia com corticosteroides 
devem ser vacinados com intervalo de, pelo menos, três 
meses após a suspensão da droga. 
• Usuários infectados pelo HIV precisam de proteção 
especial contra as doenças imunopreveníveis, mas é 
necessário avaliar cada caso, considerando-se que há grande 
heterogeneidade de situações, desde o soropositivo 
(portador assintomático) até o imunodeprimido, com a 
doença instalada. 
• Crianças filhas de mãe com HIV positivo, menores de 18 
meses de idade, mas que não apresentam alterações 
imunológicas e não registram sinais ou sintomas clínicos 
indicativos de imunodeficiência, podem receber todas as 
vacinas dos calendários de vacinação e as disponíveis no 
CRIE o mais precocemente possível. 
• Usuários com imunodeficiência clínica ou laboratorial 
grave não devem receber vacinas de agentes vivos 
atenuados. 
• O usuário que fez transplante de medula óssea (pós-
transplantado) deve ser encaminhado ao CRIE de seis a doze 
meses após o transplante, para revacinação conforme 
indicação. 
Situações para o adiamento da administração de um 
imunobiológico: 
• Usuário de dose imunossupressora de corticoide – vacine 
90 dias após a suspensão ou o término do tratamento. 
• Usuário que necessita receber imunoglobulina, sangue ou 
hemoderivados – não vacine com vacinas de agentes vivos 
atenuados nas quatro semanas que antecedem e até 90 dias 
após o uso daqueles produtos. 
• Usuário que apresenta doença febril grave – não vacine até 
a resolução do quadro, para que os sinais e sintomas da 
doença não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis 
eventos adversos relacionados à vacina. 
Vacina BCG 
Em geral, não provoca eventos sistêmicos. Complicações e 
reações anafiláticas são raras. Cicatrização mais lenta, com 
evolução de mais de 6 meses de duração, ou enfartamento 
e supuração de gânglios linfáticos podem ocorrer. O 
acompanhamento de lesão vacinal incomum e a avaliação da 
necessidade de investigar a presença de tuberculose ou de 
utilizar quimioprofilaxia devem ser realizados pela Secretaria 
de Saúde local. 
Crianças menores de 5 anos, comprovadamente não 
vacinadas previamente, devem receber a vacina. A repetição 
da vacina BCG nas crianças que não apresentaram cicatriz 
não é mais recomendada. 
Em casos de histórico familiar ou suspeita de 
imunodeficiência, ou RN cujas mães fizeram uso de 
biológicos durante a gestação, a vacinação poderá ser 
postergada ou contraindicada. 
Vacina Hepatite B 
São raríssimos os eventos adversos a ela associada, como os 
locais (dor no local da aplicação) e sistêmicos (febre e 
irritabilidade). 
Vacina Rotavirus 
Em caso de vômitos ou regurgitação, não é recomendado 
repetir a vacina. Caso a vacina administrada em uma das 
doses tenha sido a pentavalente, ou o produto utilizado para 
qualquer dose seja desconhecido, um total de três doses 
deve ser administrado. 
Eventos adversos: Podem ocorrer irritabilidade, febre, 
fadiga, choro, perda de apetite, diarreia e vômitos e 
raramente sangramento intestinal. Nas pesquisas clínicas 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
10 
 
realizadas, não há relato de aumento de casos de 
intussuscepção com o uso das vacinas. 
Contraindicações: Reação anafilática prévia a qualquer 
componente da vacina. A vacina é contraindicada para 
crianças com história de doença gastrintestinal crônica, 
inclusive malformação congênita do trato gastrintestinal e 
portadores de imunodepressão. Precaução: postergar a 
vacina se a criança apresentar alguma doença grave, vômitos 
ou diarreia. 
Vacinas Pneumocócicas 
As vacinas pneumocócicas são consideradas muito seguras. 
A maioria dos eventos reportados são locais: dor, inchaço ou 
vermelhidão. Os eventos sistêmicos mais associados são: 
febre, irritabilidade, perda de apetite e choro intenso. 
Usualmente, os eventos adversos são autolimitados em até 
3 a 5 dias. 
Vacinas meningocócicas 
Os eventos adversos locais mais comumente relatados são 
dor, edema e hiperemia. Sintomas sistêmicos comumente 
relatados são cefaleia, sonolência, febre, irritabilidade, 
inapetência, fadiga e sintomas gastrointestinais (náusea, 
vômito, diarreia, dor abdominal). As reações são 
autolimitadas com tendência a desaparecer em até 72 horas. 
Vacinas combinadas com o componente coqueluche 
O componente pertussis da vacina está associado a maior 
reatogenicidade, especialmente febre, irritabilidade, 
sonolência e eventos adversos locais. Eventos graves como a 
síndrome hipotônica hiporresponsiva, convulsão febril e 
choro persistente podem ocorrer. As vacinas Coqueluche 
acelulares têm risco reduzido de eventos adversos e eficácia 
semelhante às de células inteiras e, por isso, sempre que 
possível, devem ser preferíveis. 
Vacina Poliomielite 
Existem duas diferentes vacinas contra a poliomielite 
licenciadas no Brasil. Vacina de vírus vivo, oral (VOP), e a 
vacina inativada, injetável (VIP). 
A VOP está contraindicada para crianças 
imunocomprometidas e para seus contatos domiciliares. 
Nestas circunstâncias, utilizar a VIP. Tratam-se de vacinas 
seguras, comraros eventos adversos associados a elas. 
Vacina Influenza 
Os eventos adversos mais comuns são: dor local, febre, 
mialgias, cefaleia, sonolência e sensação de cansaço, que 
podem ocorrer nas primeiras 48 horas. Reações alérgicas 
imediatas (urticária, angioedema, asma alérgica, anafilaxia) 
são extremamente raras. 
Vacina Tríplice Viral 
Os eventos adversos, em geral, são leves e transitórios. Dor 
no local da injeção pode ocorrer por 2 a 3 dias. Eventos 
sistêmicos, quando ocorrem, são mais tardios, 5 a 12 dias 
após a vacinação, com febre (5-15%) acima de 39°C por 1 a 
2 dias e exantema transitório (2%). Podem causar convulsões 
febris e trombocitopenia transitória, que é rara. Sintomas 
característicos de rubéola, sarampo, caxumba ou varicela 
(vacina tetra) podem ser observados. Os eventos adversos 
são menos comuns após a segunda dose da vacina. 
Está contraindicada para gestantes, pessoas com anafilaxia a 
dose prévia da vacina e que tenham reações alérgicas graves 
à gelatina, neomicina e indivíduos imunocomprometidos. 
Reações alérgicas ao ingerir ovo de galinha não são 
contraindicação para o uso da vacina. 
Vacina Varicela 
São raros os eventos adversos associados a ela. Está 
contraindicada para gestantes, pessoas com anafilaxia à 
dose prévia da vacina e indivíduos imunocomprometidos. 
Vacina Hepatite A 
São raros os eventos adversos. 
Vacina Febre Amarela 
A vacina Febre Amarela é, em geral, bem tolerada e 
raramente associada a eventos adversos graves. Os sintomas 
gerais relatados do 3º ao 10º dia são leves e desaparecem 
espontaneamente. Estes incluem: cefaleia, mialgia e febre. 
Manifestações locais como dor na área de aplicação ocorrem 
em 4% dos adultos vacinados e um pouco menos em crianças 
pequenas. A dor dura 1 ou 2 dias, na forma leve ou 
moderada. 
Apesar de muito raros, podem acontecer eventos graves: 
reações alérgicas, doença neurológica (encefalite, 
meningite, doenças autoimunes com envolvimento do 
sistema nervoso central e periférico) e doença em órgãos 
(infecção pelo vírus vacinal, causando danos semelhantes 
aos da doença). No Brasil, entre 2007 e 2012, a ocorrência 
destes eventos graves foi de 0,42 caso por 100 mil vacinados. 
Crianças e adolescentes portadores de doenças crônicas sem 
imunossupressão devem ser vacinados na rotina. 
São contraindicações para o uso da vacina: 
• Crianças menores de 6 meses de idade. 
• Imunodeficiência congênita ou secundária por 
doença (neoplasias, Aids e infecção pelo HIV com 
comprometimento da imunidade) ou por 
tratamento (drogas imunossupressoras, 
radioterapia, pacientes submetidos a transplante 
de órgãos, etc.). 
• Pacientes que tenham apresentado doença 
neurológica desmielinizante no período de 6 
semanas após a aplicação de dose anterior da 
vacina. 
• Gestantes, salvo em situações de alto risco de 
infecção, que devem ser avaliadas pelo médico. 
• Mulheres amamentando bebês com até 6 meses. 
Se a vacinação não puder ser evitada, suspender o 
aleitamento materno por 10 dias. 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
11 
 
• Pessoas com história de reação anafilática 
relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo 
de galinha e seus derivados, gelatina bovina ou 
outras). 
• Pacientes com história pregressa de doenças do 
timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência 
de timo ou remoção cirúrgica). 
Em crianças menores de 2 anos de idade, a vacina febre 
amarela não deve ser aplicada simultaneamente com a 
vacina tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola) ou a 
tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Um 
intervalo mínimo de 30 dias deve ser respeitado, porém, em 
situações de risco epidemiológico, podem ser aplicadas no 
mesmo dia ou com qualquer intervalo. A partir de 2 anos de 
idade, não há esta restrição: elas podem ser aplicadas 
simultaneamente. 
Vacina HPV 
Extremamente segura, apresenta raramente eventos 
adversos locais (dor, vermelhidão e edema) e sistêmicos 
(febre, mal-estar e cefaleia) em cerca de 5-10% dos 
vacinados. 
6) APRESENTAR AS RECOMENDAÇÕES QUE DEVEM SER 
DADAS AOS PAIS SOBRE VACINAÇÃO. 
PROFILAXIA ANTITÉRMICA PARA VACINAÇÃO 
Não é recomendado uso rotineiro de medicações 
analgésicas e/ou antipiréticas profiláticas. Amamentação, 
anestésicos tópicos e atividades de distração podem ser 
eficientes em diminuir a dor no momento da vacinação. 
Elevação da temperatura axilar acima de 37,5ºC. É uma 
resposta fisiológica à administração de antígenos, com 
produção de citocinas inflamatórias que atuam no 
hipotálamo, com liberação de prostaglandinas e elevação da 
temperatura. Promove a resposta imunológica. 
Antitérmico profilático: utilizá-lo quando na dose anterior 
houve febre elevada ou história prévia de convulsão febril. 
Administrar no momento da vacinação e depois repetir de 
6/6 horas durante 24 a 48 horas. Usar de preferência o 
paracetamol, na dose já indicada. 
 
 
 
 
7) IDENTIFICAR OS IMPACTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA 
REDUÇÃO DA COBERTURA VACINAL (ÊNFASE NO 
SARAMPO). 
A vacinação é uma das maneiras mais efetivas de se 
evitar doenças. Atualmente previne 2-3 milhões de mortes 
ao ano, e mais de 1,5 milhão poderiam ser evitadas se a 
cobertura vacinal mundial fosse aprimorada. No entanto, a 
hesitação vacinal está entre as 10 ameaças à saúde 
mundial. Juntamente com resistência antimicrobiana, HIV 
e dengue, a resistência ou recusa à vacinação tem sido uma 
questão global crescente. 
O Brasil é um dos países que oferece o maior número de 
vacinas à população. Atualmente, o Programa Nacional de 
Imunizações, PNI, disponibiliza mais de 300 milhões 
de doses anuais distribuídas entre 44 imunobiológicos, 
incluindo vacinas, soros e imunoglobulinas. Conta com 
aproximadamente 34 mil salas de vacinação e 42 Centros de 
Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE), que 
atendem indivíduos portadores de condições clínicas 
especiais e utilizam variadas estratégias de vacinação, 
incluindo vacinação de rotina, campanhas, bloqueios 
vacinais e ações extramuros. 
O ressurgimento de doenças como o sarampo em nações 
onde este já era erradicado é só um dos exemplos de 
como a hesitação vacinal pode ser um sinal de ameaça à 
saúde pública. Os prejuízos causados pela falta de vacinação 
já estão se tornando realidade, tendo como exemplo o 
sarampo que apresenta mais de 300 casos confirmados em 
Roraima e no Amazonas. 
Ainda, segundo dados do próprio PNI, nos últimos dois anos 
as coberturas vacinais entre menores de 1 ano de idade 
foram inferiores ao mínimo desejado. O período crítico 
começou em 2017, quando 25% da população em risco de 
contrair febre amarela, a maioria crianças, não foi vacinado. 
O problema permanece crítico: dados recentes revelam 
que apenas 88% da população-alvo foi vacinada contra 
sarampo, em todo o país este ano (o percentual mínimo para 
a eliminação desta doença é 95%), enquanto em 100 
municípios brasileiros, a cobertura alcançou menos de 50% 
da população-alvo contra a poliomielite. 
No Brasil, a redução da cobertura vacinal é preocupante, 
de acordo com dados do Ministério da Saúde. 
A cobertura vacinal adequada é fator primordial para a 
proteção da população nas diversas faixas etárias, pois tem 
o poder de impedir a proliferação de determinadas doenças 
e/ou até mesmo erradicá-las, impactando positivamente a 
saúde pública. 
A hesitação vacinal refere-se ao atraso em aceitar ou recusar 
as vacinas, apesar da disponibilidade de serviços de 
vacinação. É um problema mundial complexo, contexto 
específico que varia ao longo do tempo, local e tipos de 
Ana Beatriz Figuerêdo Almeida - Medicina 2022.1 
12 
 
vacinas. Devido à natureza complexa da hesitação vacinal, 
não existe estratégia única de intervenção que possa 
atingir a todas as instâncias relacionadas à hesitação vacinal. 
Segundo oMinistério da Saúde, não há dados sobre a taxa 
de recusa vacinal no país. Mas de acordo com o 
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do 
Brasil (Datasus), as oito vacinas obrigatórias até o primeiro 
ano de vida estão com cobertura abaixo do recomendado 
pela OMS, que é 90% a 95%. 
A queda das coberturas vacinais no Brasil desde 2016 
levanta a questão da hesitação vacinal como uma das 
principais preocupações das autoridades sanitárias. 
A hesitação vacinal deve ser mais bem compreendida no 
contexto brasileiro por meio de publicações científicas. 
Movimentos antivacinas, apesar de antigos, estão se 
fortalecendo no mundo, com início mais visível em países de 
alta renda. Entretanto, certamente, o impacto desse 
sentimento negativo em relação à vacina será mais 
importante nos países de média e baixa renda, à medida que 
esses movimentos se fortaleçam. É possível relacionar que 
associação desses fatores, hesitação vacinal e movimentos 
antivacina, têm provocada a baixa cobertura vacinal, nesse 
sentido é imprescindível que gestores, pesquisadores e a 
população brasileira se mobilizem para proteger o exitoso 
programa de imunizações. 
Sarampo 
É uma doença altamente contagiosa que, apesar de existir 
uma vacina eficaz, ainda ocorre no mundo inteiro, causando 
até surtos, atingindo o maior número de casos notificados 
em 23 anos, contabilizando cerca de 870.000 pacientes em 
2019, com 207.000 óbitos. 
• Etiologia – Paramyxovirus. 
• Mecanismo de transmissão – via aérea, através de 
aerosol. 
• Tempo de incubação – oito a doze dias. 
• Tempo de contágio – desde dois dias antes do início 
do pródromo até quatro dias após o aparecimento 
do exantema. 
• Isolamento – respiratório (uso de máscara) até 
quatro dias após o início do exantema. 
Quadro clínico: a doença começa com pródromo que dura 
de três a quatro dias, com febre, tosse, cefaleia, mal-estar, 
prostração intensa, incomum em doenças virais. 
A febre é elevada, atingindo o auge na época do 
aparecimento do exantema, o que difere também da maioria 
das viroses e cai em lise no terceiro ou quarto dia do 
exantema. A 
 tosse é seca, intensa (incomoda o paciente), está sempre 
presente e se acompanha de coriza abundante, hialina no 
início, purulenta nos dias subsequentes. 
Os olhos ficam hiperemiados com lacrimejamento e 
fotofobia e, nos casos mais graves, ocorre edema 
bipalpebral. 
A prostração por vezes é intensa, denotando 
comprometimento sistêmico. 
O enantema é a primeira manifestação mucocutânea a 
aparecer, e é característico. 
A orofaringe fica hiperemiada e na região oposta aos dentes 
molares aparecem manchas branco-azuladas, pequenas, de 
cerca de 1 mm de diâmetro, chamadas de manchas de 
Koplik. Aparecem, um ou dois dias antes do exantema e 
desaparecem dois ou três dias após. 
O exantema se inicia atrás do pavilhão auricular, 
disseminando-se rapidamente para o pescoço, face, tronco 
e atinge a extremidade dos membros por volta do terceiro 
dia. O exantema é maculopapular eritematoso, morbiliforme 
como regra, mas em determinadas áreas pode confluir. Na 
fase do exantema a doença atinge o seu auge, ficando o 
paciente toxemiado, febril, com os olhos hiperemiados, 
queixando-se da claridade, com intensa rinorreia e tosse 
implacável. Para os não familiarizados a aparência é a de 
uma doença grave. O exantema começa a esmaecer em 
torno do terceiro ou quarto dia, na mesma sequência que 
apareceu, deixando manchas acastanhadas. 
O sarampo, apesar de ser uma “doença de infância” não 
deve ser considerado como moléstia banal “que todas as 
crianças devem ter”. O número de complicações é grande, 
podendo-se citar entre elas: laringite, às vezes muito 
acentuada, traqueobronquite, pneumonite intersticial, 
queratoconjuntivite, o que pode levar à cegueira, 
miocardite, adenite mesentérica, diarreia com perda 
importante de proteína, panencefalite esclerosante 
subaguda. Otite média é a principal complicação bacteriana. 
Também podem suceder sinusite, pneumonia bacteriana, 
púrpura trombocitopênica, encefalomielite, reativação de 
tuberculose pela imunodepressão. Em crianças menores de 
um ano e em desnutridas é causa não desprezível de óbito. 
Em adolescentes e adultos a gravidade tende a ser maior. 
o tratamento do sarampo é sintomático, com boa 
hidratação, alimentação adequada, antipiréticos e uso de 
antibióticos quando ocorrerem complicações bacterianas 
como otite e pneumonia, lembrando que os germes a serem 
combatidos são os prevalentes na comunidade e segundo o 
grupo etário e história de vacinação contra patógenos 
bacterianos.

Continue navegando