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Teoria da Literatura II - 1aula

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Teoria da literatura II
Aula 1: As poéticas clássicas e a perspectiva romántica
Apresentação
Nesta aula, vamos compreender o campo dos estudos teóricos sobre a literatura, contrastando-o com o percurso das
re�exões que se desenvolveram desde a era clássica.
Além disso, vamos identi�car as poéticas clássicas de base prescritiva, enfatizando-se a concepção platônica de arte
como falseamento e distorção do real, a perspectiva aristotélica que compreende a imitação como constituinte da arte e a
Epístola aos Pisãos, de Horácio, marcada pelos preceitos de equilíbrio, harmonia e proporção.
Objetivos
Analisar as características das poéticas de Platão, Aristóteles e Horácio;
Estabelecer diferenças entre as poéticas clássicas e a perspectiva romântica.
Introdução
A Teoria da Literatura é uma disciplina cujo surgimento é relativamente recente, datando do início do século XX. Para um
iniciante nos estudos literários, às vezes é difícil compreender a importância dessa disciplina e a mudança de perspectiva que
ela provocou.
Por esse motivo, nas três primeiras aulas do curso de Teoria da Literatura II faremos um panorama do pensamento sobre a
literatura, da antiguidade clássica ao início do século xx, para compreendermos como se pensava a Literatura antes do
surgimento da corrente crítica que inaugurou a Teoria da Literatura, o Formalismo Russo.
Nessa primeira aula, retornaremos à Antiguidade Clássica, entre o quinto e o terceiro séculos antes de Cristo, quando surgiram
os primeiros textos sobre a Literatura que conhecemos para analisar os pressupostos das poéticas clássicas surgidas nesse
período.
Nosso caminho nessa aula se estenderá até o advento do Romantismo. Pretendemos com esse percurso tornar mais claras as
diferenças entre a teoria da Literatura e as poéticas que a antecederam.
XV
Entre os séculos XV e XVIII, período que se alonga do Renascimento ao Neoclassicismo, a Poética experimenta um novo
apogeu, retoma a autonomia diante da Retórica e assume o centro dos estudos literários.
XVIII
No entanto, já no século XVIII, esse espaço vai ser compartilhado com a Estética, disciplina surgida em 1750, com a obra de
Alexander Baungartem a ela dedicada. Ao longo desse século, a Estética acabou por substituir a Poética como disciplina
chave no estudo da Literatura.
 Fonte: Pierre Bamin / Unsplash
Retórica, póetica e estética: um percurso
Em seu sentido clássico, o termo poética denomina o ramo da Filoso�a que trata da poesia.
Embora se encontrem re�exões sobre a poesia na República, um dos diálogos escritos por Platão no qual Sócrates é o
personagem principal, costuma-se tomar a Arte Poética de Aristóteles como primeiro estudo dedicado a essa disciplina. A
Epístola aos Pisões ou Arte Poética, de Horácio, escrita em I a. C. , insere-se na linhagem das re�exões acerca da poesia,
atribuindo-lhe a função de “Educar com prazer”.
Datam do século III d. C. estudos poéticade contidos em Sobre o sublime, cuja autoria é atribuída a Longino e em fragmentos
da obra de Plotino. Na idade média, a poética e a Retórica, disciplina voltada para o estudo da Oratória, mesclam-se e as tênues
fronteira entre esses dois ramos do conhecimento humanista �cam imperceptíveis, além disso, inicia-se um estudo de técnica
poética que se desvincula totalmente do pensamento clássico acerca da poesia.
Poética e censura na república: sócrates e
a poesia
Você já leu “A República”, escrito por Platão?
Conheça um pouco sobre esta obra:
O diálogo intitulado A República, escrito por Platão, é um texto de difícil
classi�cação que pode ser lido por diferentes ângulos: �losó�co, político,
epistemológico, literário, entre outros. Dadas a complexidade e a genialidade
desse texto, ele tem servido de estímulo à re�exão ao longo dos séculos e pode
ser considerado uma das bases do pensamento ocidental.
Os estudiosos da obra de Platão consideram que A República é uma de suas mais
in�uentes obras. Nesse diálogo, Sócrates discute com outros convivas o sentido
do termo justiça e, para desenvolver a argumentação, decide criar um mundo ideal,
já que, segundo ele, não se poderia falar desse tema tendo como referência o
mundo em que vivia. O título do diálogo advém dessa comunidade ideal projetada
por ele. Sócrates, mestre de Platão, é o personagem principal.
É importante notar que pouco sabemos sobre o quanto dos
ensinamentos socráticos se faz presente nos diálogos de Platão, pois
é óbvio que as ideias do discípulo misturam-se às do mestre na
criação que tem lugar nesse texto. Por esse motivo existe uma
tendência a ler esse texto como um discurso �ccional de feição
�losó�ca.
Como já dissemos, esse texto nos interessa por seu caráter inaugural, como texto fundador de uma longa linhagem de
re�exões sobre as formas e funções do texto literário que veio culminar com o surgimento da Teoria da Literatura no início do
século XX. Nossos pontos de interesse na República são na verdade, interrelacionados: a perspectiva utilitária da arte, a
censura, a expulsão do poeta e a ideia de arte como falsidade.
Sócrates
Nos livros II e III, Sócrates conversa com o personagem
Adimanto sobre as histórias apropriadas à formação dos
cidadãos na República e dedica-se a pensar “A Educação
pela Ginástica e a música”, conforme ele mesmo esclarece,
a literatura está incluída na “música”.
É preciso lembrar que a produção daquele tempo se fazia
 Fonte: Wikipedia
É preciso lembrar que a produção daquele tempo se fazia
em versos e era geralmente acompanhada por instrumentos
e cantos. Mais tarde, Aristóteles revelará que os escritos em
prosa, embora existissem, não tinham ainda uma
classi�cação.
No livro III, ele também desenvolve uma preleção sobre as
formas de narração nos diferentes gêneros poéticos, a
imitação, o estilo simples, o estilo múltiplo e a harmonia,
sempre com o mesmo viés, bastante impositivo e
moralizante. Nas concepções apresentadas nesses dois
livros, podemos perceber um tom bastante autoritário, que
se revela no emprego do modo imperativo e nos vocábulos
usados, como veremos a seguir.
Saiba mais
Além destes dois textos que você acabou de ler, existem mais dois de Sócrates. Para conhece-los leia Textos de sócrates
Saiba mais
Assista ao vídeo A República de Platão - livro 3, fundamental para a continuidade dessa aula.
 Aristóteles de Francesco Hayez,1811 | Fonte: Wikipedia
Aristóteles e a arte poética
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"Aristóteles plantou os pés na terra e olhou para as coisas"
- SUASSUNA, 2002
A poética de Aristóteles, embora tenha sido escrita mais de cinco séculos antes de Cristo, só foi conhecida efetivamente a
partir de 1498, quando veio à público sua primeira edição latina. Daí em diante, sua in�uência sobre a criação e a crítica literária
foi bastante abrangente, tendo sido alvo de diferentes interpretações.
Em alguns momentos, foi tomada como um manual prescritivo, cujas regras deveriam ser seguidas, mas hoje predomina a
tendência a “”.¹
"encarar isoladamente certos conceitos aristotélicos como
fonte estimulante para novas observações e novas re�exões
sobre o fenômeno artístico"
- ARISTÓTELES, 1988
 Fonte: Wikipedia
Como muito bem sintetiza Ariano Suassuna no texto em
epígrafe, Aristóteles analisou objetivamente o mundo,
re�etindo sobre os mais variados aspectos do
conhecimento. Suas descrições e conceituações são via de
regra precisas e detalhadas. Quando se debruça sobre os
textos literários em circulação no momento em que vivia, o
tratamento não é diferente.
Desde o início da Poética, notamos o tom didático que
predomina no texto, visível no movimento de organizar as
ideias, apresentar conceitos e classi�car os textos.
O parágrafo inicial é um perfeito exemplo de introdução,
pois apresenta toda a organização das ideias apresentadas
a seguir:
Todas as citações foram retiradas da edição da Poética
disponibilizada em:
"Falemos da natureza e espécies da poesia, do condão de
cada uma, de como se hão de compor as fábulas para o bom
êxito do poema; depois, do número e natureza das partes ebem assim das demais matérias dessa pesquisa, começando,
como manda a natureza, pelas noções mais elementares.”"
- ARISTÓTELES, 1988
Ao lado desse caráter descritivo e minucioso, os textos de Aristóteles apresentam forte carga valorativa, característica muito
destacada nos períodos em que o texto foi lido como um conjunto de prescrições. Como exemplo desse modo de pensar,
podemos citar a passagem:
"Surgidas a tragédia e a comédia, os autores, segundo a
inclinação natural, pendiam para esta ou aquela; uns
tornaram-se em lugar de jâmbicos, comediógrafos; outros,
em lugar de épicos, trágicos, por serem estes gêneros
superiores àqueles e mais estimados.”"
- ARISTÓTELES, 1988
Observando a articulação do discurso encontramos um intenso uso de
imperativos que sustenta as leituras do texto enquanto conjunto de
prescrições. Nota-se isso, por exemplo, no seguinte trecho:
"Deve-se sempre procurar a verossimilhança e a
necessidade. O irracional não deve entrar no
desenvolvimento dramático, mas se entrar, que seja
unicamente fora da ação.”"
- ARISTÓTELES, 1988
Aristóteles parte da de�nição de poesia como imitação, para analisar as espécies de poesia imitativa – ou seja, a Epopeia, a
Tragédia e a Comédia, classi�cando-as segundo os meios, os objetos e os modos da imitação. O quadro abaixo sintetiza a
classi�cação apresentada pelo �lósofo:
Diferenças Tragédia Comédia Epopéia
Meios diversos Verso/canto Verso/canto Verso
Objetosdiversos Homens melhores Homens piores Homensmelhores
Modosdiversos ação ação narração
Agora que já conhecemos um pouco da poética de Aristóteles, vamos fazer uma comparação entre suas ideias e aquelas
emitidas por Platão/Sócrates na República. O quadro a seguir sintetiza as diferenças de pressupostos entre esses pensadores:
PLATÃO/SÓCRATES ARISTÒTELES
Conceito de
beleza
Beleza é o brilho da verdade. Verdade =essência
(mundo das ideias)
Beleza é uma propriedade do objeto, nãoé reflexo de uma
essência superior.
Mimesis
(imitação)
Visão positiva.Imitar épróprio ao homem.Imitação
éuma representação superior do
sensível.Verossimilhança.
Visão negativa.Imitação emterceiro nível, reprodução
imperfeita do absoluto.
Prazer/Função
da Arte
“Beleza é aquele bem que é aprazível sóporque é
bem.” (Retórica)Na Retórica, analisa a fruição da obra
de arte doponto de vista do sujeito.Anoção de beleza
é intimamente ligada à de prazer. Prazer estético
advém daapreensão gratuita e sem esforço dos
objetos. Catarse – prazer advindo dapena e temor que
propicia a purgação desses sentimentos.
Rejeita o prazer;“Aarte é útil para a formação dos Guardiões,
serve para a transmissão deensinamentos éticos “para nós,
ficaríamos com um poeta mais austero em menosaprazível,
tendo em conta sua utilidade, a fim de que ele imite para nós
afala do homem de bem e se exprima segundo aqueles
modelos que de inícioregulamos quando tentávamos educar
os militares” (A República, LivroIII)
A poética de Horácio
Horácio enviou a Carta aos pisões (Epistula ad Pisones), também conhecida como Arte Poética (Ars Poetica), ao cônsul romano
Lúcio Pisão e seus �lhos, também literatos. Em sua missiva, o poeta latino formula princípios para a construção poética e dá
sugestões de ordem prática para escritores.
Nesse texto, o poeta apresenta suas re�exões sobre a composição artística, tema que já havia abordado em seis poemas
compostos anteriormente.
É na Arte Poética, no entanto, que se apresentam depuradas e amadurecidas suas concepções. Para BRANDÃO, um importante
eixo do pensamento horaciano é a ideia de que
"A obra é regida por leis que podem ser formuladas"
- ARISTÓTELES, 1988
O texto é, por isso mesmo, bastante pragmático e foi traduzido com certo radicalismo em tratados de poética difundidos nas
diferentes “ondas” clássicas que marcam a história da arte ocidental a partir do �m da Idade Média.
Horácio toma como referência a pintura para pensar a poesia, o que �ca bem claro numa expressão do texto que se tornou
célebre: “ Ut pictura, poiesis ”.
Podemos assim sintetizar os princípios que ele formula para que seja atingida a perfeição artística:
Fatores estruturantes da obra: ordem e unidade.
Meios pelos quais o poeta realiza seu objetivo: razão, trabalho e disciplina.
Desde o início do texto, para rejeitar as obras que ultrapassam a lógica cotidiana e enveredam pelo absurdo, compara a escrita
à pintura:
“Suponhamos que um pintor entendesse de ligar a uma cabeça humana um pescoço de cavalo, ajuntar membros de toda
procedência e cobri-los de penas variegada, de sorte que a �gura, de uma mulher formosa em cima, acabasse num hediondo
peixe preto; entrados para ver o quadro, meus amigos, vocês conteriam o riso? Creiam-me Pisões, bem parecido com um
quadro assim seria um livro onde se fantasiassem formas sem consistência, quais sonhos de enfermo, de maneira que o pé e a
cabeça não se combinassem num ser uno.”
Veri�camos aí um claro traço da ênfase na racionalidade que marca o texto, sintetizada na frase: “Princípio e fonte da arte de
escrever é o bom senso”.
Outro aspecto importante na obra é o fato de que a visão clássica horaciana não deixa espaço para o improviso, para ele a
perfeição só pode ser obtida pelo trabalho conjugado ao domínio técnico e à racionalidade que disciplina a experiência
criadora.
No entanto, valoriza também a inspiração (ou “natureza”), quando a�rma:
“Já se perguntou se o que faz digno de louvor um poema é a natureza ou a arte. Eu por mim não vejo o que adianta, sem uma
veia rica, o esforço, nem, sem cultivo, o gênio; assim, um pede ajuda ao outro, numa conspiração amistosa. "
1
É inegável que a Arte Poética de Horácio constituiu um cânone, um modelo para a
criação poética ocidental, tendo sido objeto de estudo para inúmeros escritores. O
prestígio desse texto foi incomparável, pois, embora nem sempre seus preceitos
fossem inteiramente integralmente seguidos, in�uenciou diversos estilos literários,
principalmente até o advento do romantismo.
Exemplo
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/teolit/aula1.html
Podemos citar como prova dessa in�uência de Horácio na criação literária o fato de que algumas expressões cunhadas por ele,
como carpe diem (aproveite o dia) e aurea mediocritas (mediocridade dourada) terem se tornado, mais que valores, temas
artísticos para variadas gerações. Como já dissemos, a in�uência das poéticas clássicas sobre a produção artística ocidental, a
partir de sua redescoberta no período renascentista, foi imensa.
Segundo Vitor Manuel da Aguiar e Silva¹, os traços dessas realizações artísticas de inspiração clássica – do Renascimento ao
Neoclássico - podem ser assim sintetizados:
Clique nos botões para ver as informações.
Razão (entidade imutável) = bom-senso (exclui fantasia, imaginação);
Racionalismo 
Objetiva não o real concreto, mas o que pode acontecer (exclui insólito, anormal, imaginário, maravilhoso)
Verossimilhança 
Não cópia detalhista e minuciosa,mas imitação idealizada que escolhe e acentua aspectos característicos e essenciais do
modelo (exclui grosseiro, hediondo, vil e monstruosos);
Imitação da natureza 
Analisadas e justi�cadas pela razão. Cada forma literária e cada gênero possui regras especí�cas (conteúdo, estrutura,
estilo). 
Exemplo: regra das três unidades dramáticas (espaço/tempo/ação);
Obediência às regras 
Imitar os que imitam com perfeição a natureza (Herança renascentista). Perigo: rigidez e arti�cialismo;
Imitação de autores greco-latinos 
Interna: coerência e harmonia interna da obra; 
Externa: adequação à moral vigente, ao gosto, sensibilidade e costumes do público;
Conveniências 
 Adolph Tidemand e Hans Gude, Brudeferden e Hardanger, Artistas Nascentes para a arte, arquiteto e design| Fonte: Wikipedia
O movimento romântico surgido no século XVIII na Europa é essencialmente contraditório. De um lado, segundo Arnold Hauser,
como continuidade do processo de emancipação da burguesia, é expressão de um “entusiasmo plebeu”, contrapondo-se ao
“intelectualismo delicado e discreto” das classes superiores.De outro, representa uma reação dessas classes superiores ao
racionalismo neoclássico que o precedeu.
Saiba mais
Para compreender a estética do período que abordaremos agora, é importante entendermos que há uma discronia (diferença
temporal) entre a história literária europeia e a brasileira. Isso �ca claro quando observamos as datas das principais
publicações românticas. Para saber mais leia o texto Romantismo na Europa.
Estes dois fragmentos citados demonstram que a origem do anticlassicismo romântico reside no desejo de libertar o sujeito de
todas as amarras, deixando-o livre para expressar-se. Dessa forma, o sujeito romântico, idealista e sentimental, tomado como
um gênio por seus pares, não poderia submeter-se às regras clássicas, que para ele seriam constrições insuportáveis.
Seguindo esse ideário, o poeta abandona-se à inspiração e ao improviso, ao devaneio e à fantasia, ao sentimento e à
percepção, en�m, a todos aqueles valores que, como vimos, os clássicos abominariam.
Friedrich Schlegel, nos seus Diálogos sobre a poesia II, apresenta o ideário idealista
 Fonte: Wikipedia
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"“A única coisa que lhe peço é não duvidar da possibilidade
de uma nova mitologia [...] Se é verdade que uma nova
mitologia pode erguer-se, somente com suas formas, das
remotas profundezas da alma, o idealismo – o maior
fenômeno de nossa época – oferece a nós uma direção
altamente signi�cativa e uma prova extraordinária daquilo
que estamos buscando. 
Foi assim precisamente que o idealismo nasceu, como se
fosse do nada, é agora, mesmo no mundo do espírito, ele
constitui uma referência, uma vez que a energia humana
espalhou-se em todas as direções e progressivamente
desenvolveu-se, certamente ela não perderá a si mesma
nem ao caminho de volta.” "
- SCHLEGEL, 1801
Outro �lósofo alemão, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a�rma em sua obra também intitulada Diálogos sobre a poesia (1821),
sobre a nova mitologia que libertará os homens do valor mais fundamental para o romântico:
 Fonte: ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA
"Nenhuma capacidade será reprimida nunca mais: �nalmente
surgirá a regra que trará a liberdade geral e a igualdade de
mentes! Essa deve ser as última e mais nobre obra humana"
- HEGEL, 1821
Estes dois fragmentos citados demonstram que a origem do anticlassicismo romântico reside no desejo de libertar o sujeito de
todas as amarras, deixando-o livre para expressar-se. Dessa forma, o sujeito romântico, idealista e sentimental, tomado como
um gênio por seus pares, não poderia submeter-se às regras clássicas, que para ele seriam constrições insuportáveis.
Seguindo esse ideário, o poeta abandona-se à inspiração e ao improviso, ao devaneio e à fantasia, ao sentimento e à
percepção, en�m, a todos aqueles valores que, como vimos, os clássicos abominariam.
Notas
Ut pictura, poiesis 1
“Poesia é como pintura.” - tradução de Jaime Bruna em: ARISTÓTELES, HORÁCIO & LONGINO. A Poética clássica. Intr. Roberto
de Oliveira Brandão. Trad. Jaime Bruna. 3. ed. São Paulo, Cultrix, 1988. p. 65.
Referências
¹ARISTÓTELES, HORÁCIO & LONGINO. A Poética clássica. Intr. Roberto de Oliveira Brandão. Trad. Jaime Bruna. 3. ed. São Paulo,
Cultrix, 1988. p. 2.
ADORNO, W. Theodor. Notas de literatura I. ed.34.São Paulo: Duas Cidades, 2003.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Trad. Paulo Sérgio Rouanet. 7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. v.1.
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade. Rio de janeiro: Zahar, 2004.
LIMA, Luiz Costa, org. A teoria da literatura em suas fontes. 2.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984. v.2.
PROPP, Vladimir I. Morfologia do conto maravilhoso. Org. e prefácio de Boris Schaiderman. Trad. Jasna Paravich Sarhan. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 1984.
SILVA, Manuel de Aguiar. Teoria da literatura. 6.ed. São Paulo: Almedina, 2000.
TOLEDO, Dionísio de Oliveira. (org) Teoria da literatura: os formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1971.
TRINDADE, Magaly & BELLODI, Zina C. Teoria da literatura revisitada. Petrópolis: Vozes, 2005.
TEIXEIRA, Ivan. O formalismo russo. Dísponível em: //textoterritorio.pro.br/alexandrefaria/recortes/cult_fortunacritica_2.pdf
Acesso em 24/5/2010.
TEIXEIRA, Ivan. New criticism. Dísponível em: //textoterritorio.pro.br/alexandrefaria/recortes/cult_fortunacritica_3.pdf
ARAÚJO NETO, Miguel Leocádio. A sociologia da literatura: origens e questionamentos. Dísponível em:
//www.entrelaces.ufc.br/miguel.pdf Acesso em 24/5/2010.
SILVA , Marcelo José da. Percurso e percalços de Afrânio Coutinho na crítica literária brasileira. Disponível em:
//www.uel.br/pos/letras/terraroxa/g_pdf/vol16/TRvol16g.pdf Acesso em 24/5/2010.
ARISTÓTELES, HORÁCIO & LONGINO. A poética clássica. São Paulo: Cultrix, 1990.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Trad.
COUTINHO Afrânio (dir ) A Literatura no Brasil 3 ed Rio de Janeiro/Niterói: José Olympio Editora/ UFF 1986 v 1
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COUTINHO, Afrânio (dir.). A Literatura no Brasil. 3.ed. Rio de Janeiro/Niterói: José Olympio Editora/ UFF, 1986. v.1.
EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Trad. Valtensir Dutra. 2.ed. S. Paulo: Martins Fontes, 1994
Próxima aula
A crítica literária no século XIX;
o positivismo literário;
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