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Direito Empresarial II – Títulos de Crédito Luiz Fernando Castilhos Silveira lfcsilveira@ucs.br 2023-2 – versão inicial (poderão ser alterados ao longo do semestre) Facilitação da circulação do crédito: Por meio de garantias dadas ao novo credor “Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado” (Vivante) CC 887 Legislação Aplicável Código Civil, arts. 887 a 926. Lei do Cheque (Lei 7.357/85) Lei das Duplicatas (Lei 5.474/68 – vide lei 13.775/2018) Lei Uniforme de Genebra (Letra de Câmbio e Nota Promissória) - Aplicação supletiva - Não vigoram, por exemplo, os arts. 10, alínea III do 41, números 2 e 3 do art. 43 e alíneas V e VI do art. 44 (Decreto 57.663/66), com ressalvas - Nesses casos, e como aplicação supletiva, aplica-se o previsto no Decreto 2.044/1908 Três princípios dos direito cambiário Cartularidade A palavra deriva de cártula, documento, papel Quem possui o documento presume-se credor Sem o documento, não é possível exercer os direitos por ele representados Os títulos de crédito visam à circulação do crédito. O princípio da cartularidade é a garantia de que quem o apresenta é seu titular. Sem isso, como saber se o crédito não continuou circulando?! Atenção: aquele que paga deve exigir a devolução do título Três princípios dos direito cambiário Literalidade Somente produzem efeitos os atos lançados no próprio título O devedor sabe que não precisará pagar mais que o exposto no título; por outro lado, o credor sabe que não precisará cobrar menos (exs.: quitação em separado, garantia em separado) Três princípios dos direito cambiário Autonomia (das relações) “Quando um único título documenta mais de uma obrigação, a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais.” (Fabio Ulhoa Coelho) Trata-se de mais uma garantia para os terceiros que adquirem o crédito de boa-fé. O direito cambiário protege até mesmo a chamada aquisição a non domino – salvo, claro, por má-fé. Três princípios dos direito cambiário Autonomia Abstração Inoponibilidade (das exceções) Quando o título circula, desvincula-se da relação fundamental (a que lhe deu origem) O devedor executado não pode alegar, em sua defesa, matéria estranha à sua relação direta com o exequente. Em outras palavras, não pode utilizar-se das defesas que teria contra o credor originário. (salvo, claro, má-fé do exequente) Classificação dos títulos de crédito Quanto ao modelo Vinculados (ex.: cheque e duplicata) Livres (ex.: letra de câmbio e nota promissória) Quanto à estrutura Ordem de pagamento Promessa de pagamento Sacador – Sacado – Tomador (ou beneficiário) Ex.: cheque, duplicata, letra de câmbio Promitente - Beneficiário Ex.: Nota promissória Classificação dos títulos de crédito Quanto às hipóteses de emissão Causais – hipóteses autorizadas por lei Não causais (ou abstratos) – qualquer hipótese (ex.: duplicata mercantil) Limitados – há hipóteses vedadas por lei (ex.: letra de câmbio para documentar compra e venda mercantil) (ex.: cheque, nota promissória) Quanto à circulação Ao portador Nominativos não à ordem Nominativos à ordem sem o nome do credor ostentam o nome do credor. Circulam por endosso ostentam o nome do credor. Circulam por cessão civil de crédito circulam por simples tradição Títulos de crédito Impróprios Títulos de legitimação (asseguram ao portador a prestação de um serviço ou o acesso a prêmios) Exs.: bilhete de metrô ou ônibus, ingressos de shows ou cinema, cupons premiados, bilhete de loteria, etc. Aplicam-se: - Cartularidade - Literalidade - Autonomia - Não são, no entanto, títulos executivos Títulos de crédito Impróprios Títulos de legitimação Títulos de investimento (destinam-se à captação de recursos pelo emitente) - Letra Imobiliária, emitida pelos agentes do SFH - Letra de câmbio financeira - Certificados de depósito bancário (CDBs) - Certificado de recebíveis imobiliários (securitizadoras de créditos) - Letra de Crédito Imobiliário (LCI) Títulos de crédito Impróprios Títulos de legitimação Títulos de investimento (representam crédito de financiamento aberto por instituição financeira) - Com garantia real, são “cédulas de crédito” (ex.: cédula hipotecária) - Sem garantia real, são “notas de crédito” Títulos de financiamento Há cinco espécies de cédulas típicas: - Cédula de crédito rural (Dec.-Lei 167/67) - Cédula de crédito industrial (Dec.-Lei 413/69) - Cédula de crédito à exportaçao (Lei 6.313/75) - Cédula de crédito comercial (Lei 6.840/80) - Cédula de crédito bancário (título criado em 1999 – Lei 10.931/04) Títulos de crédito Impróprios Títulos de legitimação Títulos de investimento (representam mercadorias custodiadas) - Conhecimento de frete/transporte (Dec. 19.473/30) - Conhecimento de depósito e warrant Títulos de financiamento Títulos representatativos Títulos atípicos (?) Nota Promissória Quanto à estrutura, é promessa de pagamento Sacador (subscritor, emitente, promitente) Tomador (beneficiário, sacado) promete, incondicionalmente, pagar quantia certa ao O devedor principal é o sacador Ninguém é obrigado a emitir nota promissória Requisitos da Nota Promissória (arts. 75 e 76 da LUG) Cláusula Cambiária Promessa incondicional de pagar quantia determinada (ex.: “Aos x dias do mês de..., pagarei por esta única via de nota promissória, a João ou à sua ordem, a quantia de ...”) Data do saque Assinatura do subscritor Lugar do saque, ou a menção de um lugar ao lado do nome do sacador Nome do tomador Não havendo indicação do vencimento, considera-se emitida à vista Não havendo indicação do local do pagamento, este será o do saque (ou aquele mencionado ao lado do nome do subscritor) Regime Jurídico da Nota Promissória É o mesmo da Letra de Câmbio! Devem, no entanto, ser feitas quatro ressalvas: não se aplicam as regras incompatíveis com a estrutura de promessa (no geral, regras que dizem respeito à apresentação ao sacado e ao aceite) aplicam-se ao subscritor da nota as regras do aceitante da letra de câmbio (LUG, 78) na nota, o avalizado por aval em brando é o subscritor (LUG, 77) a nota admite a modalidade “a certo termo de vista” (LUG, 78) (depende de visto do subscritor; se o visto for negado, cabe protesto) Endosso Pelo endosso, o credor de um título (nominativo à ordem) transmite O endosso pode ser em branco ou em preto Formas de praticar o endosso: seus direitos a outra pessoa o endossatário passa a ser credor o endossante passa a ser coobrigado (salvo cláusula “sem garantia”) Obs.: - a cláusula “não à ordem” pode ser incluída por endossante (LUG, 15) simples assinatura no verso assinatura, no verso ou anverso, sob a expressão “pague-se” ou equivalente torna o título “ao portador” (efeito translativo) - endosso sob condição não é nulo, mas a condição é ineficaz (LUG 12) Atenção ao CC 914, que não se aplica aos títulos regidos por lei especial (responsável pela existência da dívida e pela solvência do devedor) - endosso após protesto ou do seu prazo é cessão civil (LUG 20) Endosso Impróprio Serve para legitimar a posse de terceiro sem transferir-lhe o crédito Pode ser de duas espécies: endosso-mandato (LUG, 18) endosso-caução (LUG, 19) trata-se de ato próprio para autorizar a cobrança por terceiro trata-se de ato próprio para a instituição de penhor sobre o título (tendo em vista que penhor se constitui, em regra, com a tradição – CC 1.431) Exemplo: “pague-se, por procuração, a Fulano” Exemplo: “pague-se, em garantia, a Fulano” O endossatário impróprio pode exercer todos os direitos que a letra confere, exceto o de transferir o crédito Exemplos de endosso em operações bancárias Operação de desconto (o credor recebe o valor, todo ou parte, do banco) Operação de mútuo (o banco empresta dinheiro e pega o título em garantia) O credor contrata serviço de cobrança (a ser realizada pelo banco) mediante endosso translativo (próprio) medianteendosso-caução mediante endosso-mandato Há duas características importantes: Na letra de câmbio, o aval pode ser antecipado (antes do aceite) autonomia (lembram da autonomia das relações?) equivalência (obrigação igual à do avalizado, cf. LUG 32 e CC 899) O aval se pratica por simples assinatura no anverso, ou sob a expressão “por aval” ou semelhante O aval também pode ser em branco ou em preto (na letra de câmbio, o aval em branco avalisa o sacador - LUG, 31) Garantia pessoal, própria dos títulos de crédito Geralmente garante todo o valor, mas admite-se aval parcial (LUG, 30) Aval Sucessivo: o avalista garante por um devedor e é garantido por outro Simultâneo: mais de um avalista do mesmo devedor Entre eles são solidários Avais simultâneos ou sucessivos? avalista Aval ou fiança? Aval é autônomo em relação à obr. avalizada; fiança é acessória o aval se sustenta mesmo não sendo exigível a obr. garantida, e o avalista não pode opor as exceções pessoais do avalizado! Na fiança, há o benefício de ordem; no aval, não. Vencimento Vencimento indeterminado Vencimento determinado O vencimento dos títulos deve ser sempre certo, único e possível. Não se admite vencimento condicional. Em dia certo (ex.: 26 de fevereiro de 2018); A certo termo da data (ex.: em 30 dias da emissão); À vista A certo termo da vista (ex.: em 30 dias da vista); Vencimento antecipado: Recusa ou falta de aceite Falência do devedor principal Prorrogação do vencimento? Perde ação contra coobrigados. Pagamento Pagamento recuperatório Pagamento extintivo Extingue a vida útil do título; Pagamento total realizado pelo devedor principal; Faz nascer o direito de regresso; Pagamento realizado por coobrigado ou avalista. É obrigação quesível: cumpre ao credor a apresentação para pgto. A não-apresentação não prejudica ações cambiárias, apenas põe o credor em mora. Juros moratórios presumem-se (406 do CC - SELIC ou 1% ao mês?) Juros remuneratórios devem constar no título (e estão sujeitos a muitas restrições, inclusive a depender do título) Definição de Fábio Ulhoa Coelho: “[Protesto é o] ato praticado pelo credor, perante o competente car-tório, para fins de incorporar ao título de crédito a prova de fato re-levante para as relações cambiais.” Definição legal: “Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros do-cumentos de dívida.” (art. 1º da Lei 9.492/97) Protesto Que fatos relevantes podem ser esses? Apresentação, falta de pagamento Recusa de aceite = protesto por falta de pagamento = protesto por falta de aceite LUG, 44 E se o credor perde o prazo? O protesto é condição sine qua non para a exigibilidade do crédito cambiário contra codevedores e seus avalistas (LUG, 53) Tratando-se de vencimento em dia certo: Divergência doutrinária quanto à LUG: o credor deve protestar o título em até 1 ou 2 dias úteis? Protesto por falta de pagamento Vale dizer: o credor mantém os mesmos direitos contra o sacado aceitante e seus avalistas (para quem a falta de protesto não produz efeitos). Para alguns autores: protesto necessário e protesto facultativo. Atenção: letra “sem despesas” (“sem protesto”) e a LUG (45 e 46) - Títulos típicos possuem outros prazos (cheque é o de apresentação (30 ou 60 dias), duplicata é 30 dias) Cancelamento do protesto (direito do devedor) O pedido, feito pelo devedor (ou interessado) ao Tabelionato de Protesto de Títulos, deve ser instruído com o título protestado ou declaração de anuência do credor. Pagamento em cartório: deve incluir juros, correção e despesas Outras questões referentes ao protesto Diferencia-se das demais ações unicamente porque limita a ma- téria de defesa do devedor frente a terceiro de boa-fé. Ação Cambial É a ação judicial decorrente de obrigação representada por título de crédito. Usualmente, demanda-se o pagamento de títulos de crédito pela via de Ação de Execução, eis que tais documentos são títulos executi- vos (CPC, 784, I) Se o executado for codevedor ou seu avalista, o título de crédito só é título executivo se acompanhado do instrumento de protesto isso significa que, sem o protesto, não há como cobrar judicialmente os coobrigados ou seus avalistas? Claro que há; no entanto, será uma simples ação de conhecimento, sem qualquer natureza cambial. Prescrição da Ação Cambial (LUG, 70) Contra os codevedores e seus avalistas: 1 ano do protesto Direito de regresso contra codevedor: 6 meses do pgto. ou da ação Contra o devedor principal e seu avalista: 3 anos do vencimento Prescrita a ação cambial, o devedor de obrigação com origem extra- cambial pode ser demandado por ação de conhecimento ou monitória Obrigações exclusivamente cambiais, que surgem unicamente no tí- tulo (como a do avalista) não podem ser cobradas após a prescrição da ação cambial Tais ações de cobrança são chamadas ações causais Nesse caso, o regramento aplicável é o do Direito Civil, tanto para os prazos de prescrição das obrigações, quanto para a oponibilidade das exceções do devedor. O Cheque (Lei 7.357/85): É ordem de pagamento À vista O sacado é necessariamente um banco (ao qual o emitente é vinculado por contrato de depósito bancário ou de abetura de crédito) É título de modelo vinculado (só é eficaz se emitido em papel fornecito pelo banco, avulso ou em talões) O banco sacado não tem, nem pode ter, obrigações cambiárias decorrentes do cheque (LC arts. 6º, 18 §1º e 29) Requisitos do Cheque (art. 1º da LCh) Cláusula Cambiária Ordem incondicional de pagar quantia determinada Data do saque Assinatura o subscritor Lugar do saque, ou a menção de um lugar ao lado do nome do sacador Nome de quem deve pagar (banco sacado) Aplica-se a mesma disciplina geral cambiária: implícita a cláusula à ordem, circulável por endosso; o endossante torna-se co-devedor, embora seja possível a cláusula sem garantia; cabível o endosso mandato, a cláusula “não à ordem”, etc. Cheque, quanto à circulação Prazo de apresentação do cheque: 30 dias, se “mesma praça”; 60, se “praças diferentes” A não-apresentação no prazo implica perda do direito de o credor mover ação cambial contra os endossantes e seus avalistas. A não-apresentação não gera qualquer consequência para o avalista do emitente O banco sacado deverá liquidar o cheque, se apresentado em até 6 meses contados do término do prazo de apresentação Notem que, nesse sentido, a apresentação tem a mesma função do protesto! Cheque pós-datado Cheque é título de pagamento à vista Isso significa que, caso apresentado o cheque ao banco sacado, este deverá liquidá-lo – mesmo que a apresentação seja anterior à data do saque ou à data combinada entre emitente e beneficiário. Aquele que apresenta cheque para liquidação antes da data contratada Ou seja, o acerto não gera efeito algum perante a instituição financeira De toda forma, o cheque pós-datado é título “bancável”, ou seja: pode ser objeto de operação de desconto, ou ser dado em garantia. responde pelo descumprimento segundo as regras da Resp. Civil Sustação do cheque Revogação ou contra-ordem (LCh, 35) Oposição (LCh, 36) Gera efeitos mesmo durante o prazo de apresentação pode ser requerida pelo emitente ou pelo portador legitimado Limita a apresentação do cheque aos 30 ou 60 dias (LCh, 35 § ún.) é ato exclusivo do emitente O banco sacado não pode julgar a relevância das razões invocadas (ou seja: é irregular exigir “provas”, boletim de ocorrência, etc.) Sustação irregular é crime tipificado (estelionato, CP 171, §2º inc. VI) (assim como a emissão de cheques sem provisão de fundos) Não se entende como motivo justificado o descumprimento contratual por parte do beneficiário (até porque o título pode já ter circulado e estar com terceiro de boa-fé!) Cheque sem provisão de fundos: Cada cheque pode ser reapresentado até uma vez O cheque sem fundos deve ser protestado dentro do prazode apresentação (essa reapresentação é mera faculdade do credor!) embora o efeito cambial não dependa do protesto, este é necessário para a obtençao de alguns fins extracambiais, tal como instruir um pedido de falência Cheque e ações cambiais Ação de Execução (tal qual Letra de Câmbio e Nota Promissória) Prescrita a execução, cabe ação por enriquecimento indevido (LCh, 61) Prescrita a ação por enriq. indevido, cabe ainda a ação causal (LCh, 62) - prescreve em 6 meses após o prazo de apresentação - para contar a prescrição, irrelevante a data em que foi apresentado o cheque - contra o emitente, endossantes e avalistas - prescreve em dois anos após a prescrição da execução - embora seja ação de conhecimento, é cambial porque presente a inoponi- lidade das exceções pessoais! - não é ação cambial (ou seja, é extracambial) - visa a discutir as obrigações das relações originárias A linha de tempo do cheque: Em iss ão “D at a do s aq ue ” Pr az o de a pr es en ta çã o Pr es cr içã o da E xe cu çã o e pr az o de liq ui da çã o Pr es cr . a çã o en riq . in de vid o Pr es cr . a çã o ca us al Pó s- da ta do 30 o u 60 d . 6 m es es 2 an os Prazo da prescrição civil,cujo marco inicial é regido pelo D. Civil. Autor: Prof. Luiz Fernando C. Silveira Duplicata – introdução: Pelo Código Comercial de 1850, os comerciantes atacadistas eram obrigados a emitir a fatura quando vendiam aos varejistas. Essa fatura deveria ser emitida por duplicado: uma via para o vendedor, outra para o comprador. A via que ficava com o vendedor, devidamente assinada pelo comprador, era quiparada a um título de crédito. relação por escrito das mercadorias entregues Só passou a ser amplamente utilizada quando tornou-se obrigatória como forma de controle tributário, na década de 1930. A partir da Lei 5.474/68 (e Dec. Lei 436/69), a duplicata passa a ter funções exclusivamente cambiais (e não mais fiscais). São duas as modalidades: mercantil e de prestação de serviços Duplicata mercantil É título causal: só pode se originar de compra e venda mercantil A partir de 1968, a emissão da duplicata é facultativa A LD veda que outro título seja sacado pelo vendedor Se emitida, deve ser escriturada no Livro de Registro de Duplicatas (LD, 19) (sob pena, inclusive, de incidir em crime falimentar – LF, 178) A duplicata tem modelo vinculado (LD, 27 e Res. BC 102/68) Requisitos da Duplicata (LD, 2º, §1º) Cláusula Cambiária e cláusula “à ordem” Data da emissão, igual à da fatura Data do vencimento ou cláusula à vista (vedado “a certo termo”) Nome e domicílio do vendedor Nome, domicílio e número de inscrição do sacado (CPF ou CNPJ) Números, da fatura e da duplicata (que podem ou não coincidir) Valor do título, por extenso e em algarismos Local de pagamento Declaração de concordância, para ser assinada pelo sacado (aceite) Assinatura do sacador Duplicata sem causa e a ilicitude penal: Até 1990, a emissão de duplicata sem causa era ilícito penal tipificado CP, 172 antigo: “Expedir ou aceitar duplicata que não corresponda, juntamente com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de bens ou a uma real prestação de serviço. Pena - Detenção de um a cinco anos, e multa equivalente a 20% sôbre o valor da duplicata” A partir de 1990, há alguma discussão. Entende-se que o tipo passou a proteger o consumidor, e não mais o crédito em geral. CP, 172 atual: “Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa” O “trâmite” da duplicata: Em até 30 dias do saque ela deve ser enviada ao sacado p/ aceite Caso não seja aceita, deve ser devolvida no mesmo prazo, acompa- Em até 10 dias, o sacado deve devolvê-la com aceite Se a execução do contrato pelo credor foi satisfatória, é dispensada da de exposição dos motivos para a recusa (LD, arts. 7º e 8º) a assinatura do devedor no título para caracterização do aceite. Os aceites da duplicata: Aceite ordinário: assinatura no canto inferior esquerdo do título Aceite por comunicação: carta ou telegrama do comprador (LD, 7º, §2º) Aceite por presunção: decorre do recebimento das mercadorias Protesto da duplicata: Protestável por falta de aceite, de devolução ou de pagamento Prazo: 30 dias, ou perde o direito cambial contra co-devedores Só será protestada uma vez, e os efeitos são idênticos em todos os casos (LD, 14, § 4º) Se o aceite é presumido, o protesto é indispensável Protesto por indicações A partir das informações do Livro de Registro de Duplicatas extrai-se o boleto, que é levado a cartório para protesto. Nos documentos emitidos eletronicamente, o banco emite a “guia de compensação”; não sendo paga, o banco comunica eletronicamente o cartório. Para realizar a execução judicial, necessário o instrumento de protesto acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias Duplicata de prestação de serviços: Mesmo regime jurídico da duplicata mercantil (com exceção da exigência, para o protesto, de comprovação do vínculo contratual entre as partes, além do comprovante de prestação do serviço) Quem pode emiti-la Empresários, fundações, associações e sociedades simples Não podem emiti-la Profissionais liberais (médicos, advogados, etc.) Prestadores de serviço eventuais Estes podem, contudo, emitir a fatura que, registrada no Cartório de Títulos e Documentos e devidamente protestada por falta de paga- mento, é título executivo; não admite, porém, aval ou endosso. Cédulas de crédito (Rural, Industrial, Comercial e à Exportação): “[...] títulos representativos de operações de financiamento, constitu- ídos com base em empréstimos concedidos por instituições finan- ceiras, ou entidade a essas equiparadas, a pessoa natural (física) ou jurídica que se dedique à respectiva atividade.” Gladston Mamede Legislação: - Cédula de crédito rural (Dec.-Lei 167/67) - Cédula de crédito industrial (Dec.-Lei 413/69) - Cédula de crédito à exportaçao (Lei 6.313/75) - Cédula de crédito comercial (Lei 6.840/80) Apenas na cédula rural o beneficiário poderá ser uma cooperativa Apresenta a estrutura de uma promessa de pagamento
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