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Teoria geral dos titulos de credito - EMPRESARIAL II

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1 
 
 
TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO - IX 
1. Do crédito: 
- O crédito como um fenômeno econômico importa um ato de confiança do credor ao devedor. O 
crédito de um é o débito de outro. A venda a prazo e o empréstimo constituem as suas duas 
formas essenciais; 
 2. Do título: 
- Em sua origem latina, a palavra títulus possui o significado de inscrição ou texto que dá 
identidade ou adjetivação à coisa, fato ou pessoa; 
- Duas interpretações básicas comportam a palavra título: 
a) a primeira em seu sentido estrito, guardando relação direta com a expressão física de um 
texto que adere à coisa ou a pessoa, tem como exemplo a placa colocada na porta de uma 
sala identificando a profissão do seu ocupante, e a distinção honorária de uma 
condecoração dada a alguém, através de diploma; 
b) e num sentido largo, que embora não grafado ou materializado, é capaz de dar identidade 
ou adjetivar uma coisa, fato ou pessoa, rotulando-os, como os que marcam a existência 
de fatos com reflexos jurídicos, ou seja, aqueles fatos que estão descritos na lei, 
merecendo um rotulo jurídico, como aquele que possui o domínio sobre coisa móvel ou 
imóvel é titular de um direito de propriedade e assim o título da relação jurídica 
estabelecida é o de proprietário. Um outro exemplo, seria o da relação jurídica 
obrigacional, onde aquele que ocupa uma a posição ativa é titulado como credor e o que 
ocupa a posição passiva é titulado como devedor ou obrigado; 
3. Definição de título de crédito: 
- A expressão título de crédito aproxima-se do sentido estrito do significado da palavra título. 
Título é um documento, ou seja, a inscrição jurídica, materialmente grafada em um papel de um 
crédito ou débito. O título de crédito não é um mero documento mas um instrumento que 
representa um crédito ou débito. O documento é o gênero e o instrumento a espécie. Documento 
deve ser entendido como aquele onde se registra qualquer fato jurídico, como a declaração de 
algo assinada por alguém, ou a sua cópia, a chamada reprodução mecânica ou eletrônica de fatos 
ou de coisas, a qual pode constituir prova, nos termos do art. 225 do Código Civil. O 
instrumento, no entanto, constitui o documento que foi especialmente confeccionado para fazer a 
prova de um ato. Na lição de Moacyr Amaral dos Santos, o instrumento constitui uma prova 
preconstituída do ato, enquanto que o documento é prova meramente casual; 
 2 
- Na definição de Vivante "título de crédito é um documento necessário para o exercício 
do direito literal e autônomo nele mencionado", a qual coincide com a adotada no art. 887 
do Código Civil: "título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal 
e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da 
lei."; 
 
- O título de crédito deve atender às exigências legais para que seja válido, no atendimento das 
normas que regem o Direito Cambial e nos termos do inciso III, do art. 104 do Código Civil; 
 
- Waldirio Bulgarelli destaca que nem todo papel onde é anotada a obrigação de um devedor é 
considerado como um título de crédito, ao assim expor: "diversamente dos quirógrafos 
(manuscritos = atos e contratos que constam em documento particular) comuns que são 
meramente probatórios, os títulos de crédito são constituídos de um direito distinto 
da sua causa, e por isso as normas que os regem, chamadas em seu conjunto de 
direito cambial ou cambiário, são especificas e, em alguns casos, até mesmo 
derrogações do direito comum. A explicação do fato encontra-se na necessidade de 
atribuir segurança e certeza na circulação desse direito que deve ser ágil e fácil, o que 
não ocorre com os direitos de crédito representados pelos documentos comuns."; 
4. Noções históricas: 
 
- No Direito Romano era difícil a circulação dos capitais através do crédito, onde a obrigação 
constituía um elo pessoal entre o credor e o devedor, aderindo ao corpo deste, não podendo o 
credor, no direito primitivo, cobrar nos bens do devedor. A cobrança, estabelecida na Lei das XII 
Tábuas, consistia em matar o devedor ou vendê-Io como escravo. Mais tarde, através da Lex 
Papira, a garantia pessoal e corporal do devedor foi substituída pelo seu patrimônio, 
transferindo-se o crédito através da cessão, com obediência às formalidades estabelecidas para o 
ato; 
 
- Com o desenvolvimento da atividade mercantil na Idade Média, procurou-se simplificar a 
circulação de capitais com o surgimento da letra de câmbio, disseminando a utilização dos títulos 
de créditos sob várias formas; 
 3 
5. Características e atributos dos títulos de crédito: 
Da definição de título de crédito de Vivante, deflui três características ou princípios básicos 
do mesmo: 
a) Literalidade: o título é tido como literal porque a sua existência é regulada pelo teor do seu 
conteúdo, ou seja, só se leva em consideração o que nele está contido, assim qualquer outra 
obrigação, embora contida em um documento em separado, nele não se integra, produzindo-se, 
desta forma, efeitos jurídicos-cambiais somente os atos lançados no título de crédito. Um 
exemplo que pode ser citado é o da existência do aval, pois quando pretenso avalista se obrigou 
somente em documento em separado e não no título, a garantia não existe, em função do 
princípio da literal idade. Este não se aplica inteiramente no regime jurídico da duplicata, uma 
vez que a quitação desta pode ser dada, pelo portador do título, em documento em separado (art. 
9°, § 10/LD); 
b) Autonomia: o direito cambial determina a autonomia das obrigações estabelecidas no título 
de crédito, assim este constitui uma declaração autônoma do devedor, comprometendo-se a 
pagar as obrigações nele estabelecidas. Esta autonomia não se configura em relação à causa de 
tais obrigações, mas em relação ao terceiro de boa-fé, o qual possui um direito próprio que não 
lhe pode ser negado em razão das relações existentes entre os seus antigos possuidores e o 
devedor; 
c) Cartularidade: o título de crédito como foi exposto é um instrumento necessário para o 
exercício do direito, literal e autônomo, nele existente. Desta forma ele se materializa, numa 
cártula, ou seja num papel ou documento, e somente quem exibe a cártula, no seu original, é 
considerado como seu possuidor, e como legítimo titular do direito creditício pode pretender a 
satisfação das obrigações estabelecidas no título, através do direito cambial. A exibição do 
documento é necessária para o exercício do direito de crédito. O princípio da cartularidade não 
se aplica inteiramente ao regime da duplicata, uma vez que há disposições expressas na Lei das 
Duplicatas, ao exercício do direito cambiário, mesmo não estando de posse do título, como no 
protesto por indicação, estabelecido no § 1°, do art. 13; 
- Como atributos complementares a tais características ou princípios temos: 
 
a) Circularidade: o crédito, na relação obrigacional, uma vez representado pelo título, 
possibilita a sua circulação, através da cártula, assim quem a possui tem um crédito representado 
por um título e pode transferí-lo a outrem para pagamento de uma obrigação. Assim porque os 
títulos de crédito são também chamados de títulos cambiais, tendo corno uma das suas 
características a cambiaridade ou cambialidade (do latim cambiare = mudança, troca, permuta). 
Atende desta forma uma de suas finalidades que é o de provar a existência de uma relação 
jurídica de débito e crédito, bem como o de permitir a circulação deste crédito, com a mudança 
da titularidade do sujeito ativo; 
 4 
b) Executividade: o título de crédito, como prova do crédito, permite ao credor a sua 
executividade, ou seja, uma vez não cumprida as obrigações nele estabelecidas,permite ao seu 
titular, utilizar o processo de execução, com as vantagens estabeleci das no art. 585 do CPC, o 
qual em princípio possui um rito mais célere; 
c) Abstração: constitui um subprincípio da autonomia, porque, como foi dito, o título de crédito 
quando posto em circulação, se desvincula da relação fundamental que lhe deu origem. Nota-se 
que entre os sujeitos que participaram do negócio que lhe deu origem, o título dele não se 
desvincula, desta forma a abstração somente se verifica quando o título é colocado em 
circulação; 
6. Classificação dos títulos de crédito: 
- A classificação dos títulos de créditos obedecem aos seguintes critérios: 
a) Quanto à sua natureza, os títulos de crédito podem ser: 
- abstratos: considerados os mais perfeitos dos títulos de crédito, uma vez que não se indaga a 
sua origem, ou seja, são aqueles nos quais a causa de geração não lhes está ligada, como a nota 
promissória, a qual traduz apenas uma confissão da obrigação de pagar determinado valor ao 
credor e o cheque que é uma ordem de pagamento a vista; 
- causais: estes títulos de crédito estão vinculados à sua origem, e como tais são considerados 
imperfeitos ou impróprios. São considerados títulos de crédito uma vez que podem circular 
mediante endosso. Como exemplo temos a duplicata, a qual decorre da venda de mercadorias, 
considerada a sua causa necessária. A jurisprudência tem restringido a sua autonomia quando 
demonstrado que o pretenso negócio fundamental, que em principio teria dado origem à mesma, 
não ocorreu; 
b) Quanto ao modelo, os títulos de crédito podem ser: 
-Vinculados: somente produzem efeitos cambiais os documentos que atendem ao padrão 
exigido. Pertencem a esta categoria: cheque e a duplicata (LD, art.27); 
- Livres: são aqueles que por não existir padrão de utilização obrigatória, o emitente pode, 
segundo a sua vontade, dispor os elementos essenciais do título. Pertencem a esta categoria: 
letra de câmbio e a nota promissória; 
 5 
c) Quanto à estrutura, os títulos de crédito podem ser: 
 - Ordem de pagamento: o sacador do título de crédito manda que o sacado pague certa 
importância. As ordens de pagamento geram, no momento do saque, três situações jurídicas 
distintas: a do sacador que ordena o pagamento; a do sacado para quem a ordem do pagamento 
foi dirigida e deverá cumpri-Ia; a do tomador, o qual é o beneficiário da ordem. Pertencem a 
esta categoria: cheque, duplicata, letra de câmbio; 
- Promessa de pagamento: o sacador assume o compromisso de pagar o valor do título. Geram 
apenas duas situações jurídicas: a do promitente, o qual assume a obrigação de pagar; e a do 
beneficiário da promessa. Pertence a esta categoria: nota promissória; 
d) Quanto à circulação, os títulos de crédito podem ser: 
- Ao portador: não revela o nome do credor. A circulação se opera pela tradição manual do 
título, ou seja, basta a entrega da cártula , para que se transfira a titularidade do antigo para o 
novo credor (art. 904/C. Civ.). O art. 907/C.Civ. declara nulos os títulos ao portador emitidos 
sem autorização da lei especial . Em nosso Direito, com o advento da Lei Uniforme de Genebra, 
não é permitida a emissão de letra de câmbio e nota promissória ao portador. A Lei 8.088, de 
31.10.1990, em seu art. 19, praticamente eliminou a forma ao portador dos títulos de crédito e 
estabeleceu a forma nominativa, ao assim dispor: "todos os títulos, valores mobiliários e 
cambiais serão emitidos sempre sob a forma nominativa, sendo transmissíveis somente por 
endosso em preto". Por sua vez a Lei 9.096, de 29.06.1995, Plano Real, em seu art. 69, 
estabeleceu a vedação de emissão, pagamento, compensação de cheque de valor superior a R$ 
100,00, sem identificação do beneficiário; 
- Nominativos: nos termos do art. 9211C.Civ, são os emitidos em favor de pessoa cujo nome 
conste no registro do emitente, ou seja, devem identificar o titular do crédito e se transfere por 
endosso em preto, efetuando a averbação no livro do emitente. Observa-se que o endosso 
constitui a forma simplificada de transferência de crédito representado pela cártula. Chama-se 
endosso em preto quando há identificação do nome para quem o título é transferido, se não há 
tal indicação tem-se o que se chama de endosso em branco; 
- A ordem: são os emitidos em favor de pessoa determinada, transferindo-se por endosso, 
diferenciando-se dos títulos nominativos, porque são transferíveis pelo simples endosso, sem 
qualquer formalidade; 
 
 6 
7. Emissão e seus efeitos: 
- A partir da emissão de um título de crédito fica criada uma obrigação jurídica, a qual será 
representada por uma cártula, e assim constitui um ato jurídico unilateral, onde o emitente 
afirma que existe uma obrigação jurídica a ser cumprida; 
- Os títulos de crédito, por constituírem instrumentos jurídicos destinados a servir as relações 
negociais, podem ser utilizados de forma variada, podendo caracterizar pagamento ou garantia 
de pagamento. Há necessidade de saber se a emissão e a entrega do título ao credor têm, sobre o 
negócio fundamental, o efeito pro soluto ou pro solvendo, as quais constituem situações 
distintas, relacionadas à idéia de pagamento (em latim: solutio): 
a) pro soluto: com a entrega pro soluto resolve a obrigação originária, equiparando ao 
pagamento. Aceita a entrega do título pro soluto se resolve o negócio fundamental, 
havendo, neste caso uma novação, extinguindo-se a obrigação original, substituindo por 
uma nova obrigação, representada por um título de crédito; 
b) pro solvendo: a entrega do título pro solvendo não resolve a obrigação originária, mas 
apenas a representa, postergando-se a solução do negócio, assim neste caso o título cumpre 
a função de garantia do pagamento, o qual ainda deverá ser realizado; 
8. Natureza: 
- A jurisdição comercial, desde o Regulamento 737, abrangia os títulos de crédito, e como tal se 
entendia como matéria comercial, estuda no âmbito do Direito Comercial e, portanto, de natureza 
comercial. Hoje, porém, existe títulos de crédito de natureza civil, por determinação da lei, embora 
lhes sejam aplicados subsidiariamente a legislação cambial, como o Decreto-lei n° 167, de 
14.02.1967, que trata de títulos de crédito rural, onde, no art. 10°, define as cédulas de crédito rural 
como títulos civis, líquidos e certos; 
9. Forma: 
- A forma para os títulos de crédito constitui um elemento fundamental, distinguindo-os dos 
demais documentos de créditos submetidos ao regime comum dos atos e contratos jurídicos. O 
art. 889 do Código Civil estabelece os requisitos mínimos dos títulos de crédito, a contemplar a 
data de emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e assinatura do emitente. O art. 
888 do mencionado Código estabelece que a omissão de qualquer requisito legal que tire ao 
escrito sua validade legal como título de crédito, não implicará a invalidade do negócio jurídico 
que lhe deu origem. Por sua vez o art. 890 do mesmo Código, estabelece como não escritas no 
título as cláusulas nele especificadas, como a de juros, a de proibição de endosso e outras; 
 
 7 
10. Obrigação de direito comum ou de direito material e a obrigação cambial: 
- O título de crédito prova a existência de uma relação jurídica, especificamente de uma ,relação 
de crédito e débito, constituindo prova de que determinada pessoa é credora ou devedora de 
outra; 
- Existem, além dos títulos de crédito, outros documentos estabelecidos pelo Direito que provam 
que determinada pessoa é titular de direitos perante outra, como os contratos em geral; o 
lançamento fiscal estabelecendo que um determinado contribuinte está obrigado a recolher um 
tributo ao ente público; a sentença judicialcondenatória, a qual estabelece um dever imposto à 
parte venci da em relação à vencedora, e assim outros documentos estabelecidos em normas 
legais, como apólice de seguro, certificado de registro de determinada marca, livros mercantis; 
- Podemos estabelecer as seguintes diferenças entre os títulos de crédito e demais documentos 
representativos de direitos e obrigações: 
a) o título de crédito refere-se somente às relações creditícias, não se estabelecendo 
nenhuma outra obrigação de dar, fazer ou não fazer, ao passo que em contratos, além de 
assegurar créditos em geral, poderá reger outras obrigações; 
b) o título de crédito está relacionado à facilidade na cobrança dos créditos em juízo, 
definido na lei processual como título executivo extrajudicial, nos termos do inciso I, do 
art. 585 do CPC, dando ensejo ao credor de promover a execução judicial do seu direito, 
ao passo que os outros documentos, representativos de crédito, se sujeitam à ação de 
conhecimento ou monitória; 
c) a principal diferença do regime cambiário e a disciplina dos demais documentos 
representativos de obrigações, o que podemos chamar de regime civil, está na facilidade 
do credor de encontrar terceiros interessados em antecipar-lhe o valor da obrigação ou 
parte da mesma, em troca da titularidade do título; 
11. Rol das relações cambiais e seus sujeitos: 
- As relações cambiais que dão origem à ordem de pagamento, através da qual o sacador do 
título de crédito manda que o sacado pague certa importância, geram, no momento do saque do 
título de crédito, três situações jurídicas distintas, contemplando os seguintes sujeitos: a do 
sacador que ordena o pagamento; a do sacado ou aceitante para quem a ordem do pagamento 
foi dirigida e deverá aceitar e cumpri-la; a do tomador, ü qual é ü beneficiário da ordem. 
Pertencem a esta categoria: cheque; duplicata, letra de câmbio; 
 
 8 
- As relações cambiais que dão origem à promessa de pagamento, através da qual o emitente 
(promitente) assume o compromisso de pagar o valor do título, geram apenas duas situações 
jurídicas, no momento da emissão do título de crédito, contemplando os seguintes sujeitos: a do 
promitente (devedor), o qual assume a obrigação de pagar; e a do beneficiário ( credor) da 
promessa. Pertence a esta categoria: nota promissória; 
- Através do endosso ocorre a transferência de crédito representado pelo título de crédito. Estas 
relações jurídicas de transferência dos títulos, são efetuadas pelos seguintes sujeitos o 
endossante, aquele que transfere a cártula a outrem, ou seja, ao endossatário, podendo esta 
transferência ser efetuada através do endosso em preto quando há identificação do nome para 
quem o título é transferido (endossatário), se não há tal indicação tem-se o que se chama 
endosso em branco; 
- Dentre o rol das relações jurídicas cambiais está o aval, o qual representa uma garantia 
prestada, de forma unilateral, por terceiros (avalista) a favor de qualquer um dos obrigados 
(avalizado) no título de crédito, visando garantir ao credor que saldará o débito, caso o seu 
garantido (avalizado) não o faça. O art. 897 do C. Civ. estabelece que o pagamento de título de 
crédito que contenha obrigação de pagar soma determinada pode ser garantido por aval. 
12. Título de crédito como título executivo extrajudicial: 
- Como foi observado anteriormente o título de crédito, como prova do crédito, permite ao 
credor a sua executividade, assim se o devedor não cumpriu com as obrigações nele 
estabelecidas, o credor nos termos do art. 585 do CPC poderá promover a sua execução como 
título executivo extrajudicial. Este dispositivo legal em seu inciso I (um), estabelece que são 
títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e 
o cheque; 
- A força executória estabeleci da na lei processual, exige que o título executivo extrajudicial 
seja líquido, certo e exigível. Considera que a liquidez e certeza são requisitos do próprio título, 
a ausência destes pressupostos retira a executividade do mesmo; 
- A certeza é a ausência de dúvida quanto à existência do crédito; a liquidez é a definição certa 
do valor; e a exigibilidade decorre do não adimplemento no seu termo; 
 13. A ação monitória: 
 
- A ação monitória, tem com base no art. 1.102 a, do CPC, compete a quem pretender, com base 
em prova escrita, sem eficácia de título executivo, pagamentos em dinheiro ou a entrega de coisa 
móvel. Assim aquele que tiver prova escrita da obrigação sem a eficácia de título executivo, tem 
legitimidade para obter o provimento monitória; 
 9 
 14. Valores mobiliários: 
- Na definição de Rubens Requião valores mobiliários são todos os papéis emitidos pelas 
sociedades anônimas para a captação de recursos financeiros no mercado. Tem por objetivo a 
captação de investimentos para o financiamento de tais empresas. A Lei nO 6.385/1976, que 
criou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, alterada pela Lei n° 10.303/2001, expõe um 
elenco os títulos considerados valores mobiliários, dentre os quais as ações, debêntures e bônus 
de subscrição e certificados de desdobramento, relativos às ações, debêntures e bônus de 
subscrição; certificados de depósitos de valores mobiliários, cédulas de debêntures; notas 
comerciais; contratos futuros, de opções;- títulos ou contratos de investimento coletivo, quando 
ofertados publicamente; 
15. Legislação cambial: 
a) A Lei Uniforme da Convenção de Genebra: 
- Com objetivo de se adotar um direito comum para a letra de câmbio e a nota promissória, a todos 
os povos, em 7 de junho de 1930, foram assinadas três convenções por vários países, dentre os 
quais o Brasil, ou sejam, a convenção para adoção de uma lei uniforme ;. sobre letras de câmbio e 
notas promissórias; b) a convenção destinada a regular certos conflitos de leis em matéria das letras 
de câmbio e notas promissórias e protocolo; c) a convenção relativa ao direito de selo em matéria 
de letras de câmbio e notas promissórias; 
- A aplicação da Lei Uniforme de Genebra no Direito brasileiro, veio a ocorrer com o Decreto 
Legislativo n° 54, de 1964, aprovado pelo Congresso Nacional, e com o Decreto do Presidente 
da República, de n° 57.663, de 24.01.1966, o qual determinou que fossem as mencionadas 
convenções executadas e cumpridas, com as "reservas", as quais consideramse como não 
incorporadas ao Direito interno brasileiro os dispositivos da Lei Uniforme excetuados pelas 
mesmas; 
c) Os títulos de crédito no Código Civil de 2002 e nas demais normas especiais: 
- O atual Código Civil possui nos seus artigos 887 a 926, normas gerais sobre títulos de crédito, 
as quais são aplicadas somente quando compatíveis com os mandamentos constantes em lei 
especial ou se esta for inexistente, nos termos estabelecidos no art. 903. Funciona, portanto, 
como normas supletivas, aplicáveis na ocorrência de lacunas em regramento jurídico específico, 
ou inexistindo norma jurídica especial para determinado título de crédito. Desta forma 
prevalecem as normas especiais existentes sobre os títulos de crédito, como a Lei Uniforme de 
Genebra, e as seguinte; normas, dentre outras: 
a) a Lei do Cheque, de nO 7.357, de 02.09.1985; 
b) a Lei das Duplicatas, de nO 5.474, 18.07.1968, alterada pelo Decreto-lei n° 436, de 
27.01.1969; 
 
 10 
c) a Cédula Rural Pignoratícia, Decreto n° 167, de 14.02.1967; 
d) a Cédula de Crédito Industrial, Decreto-lei n° 413,09.01.1969; 
e) a Cédula de Crédito à Exportação, Lei nO 6.313, de 16.12.1975; 
f) a Cédula Hipotecária, Decreto-lei nO 70, de 21.11.1966; 
g) o "Warrant", Conhecimento de Depósito, Decreto n° 1.102, de 21.11.1903; 
h) o Conhecimento de Transporte,Decreto n° 19.473, de 10.12.1930.

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