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DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: • Viabilizar ao aluno o conhecimento sobre o SUAS, à luz do modelo atualmente conduzido pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social vinculada ao Ministério da Cidadania (decorrência da Medida Provisória nº 870/2019, sancionada pelo Presidente da República Federativa do Brasil Jair Messias Bolsonaro, que aglutinou os Ministérios do Desenvolvimento Social e dos Esportes). Fazer: • Reconhecer os processos do SUAS, nas suas respectivas esferas: federal, estadual e municipal. • Compreender os principais indicadores e ferramentas gerenciais do SUAS. • Conhecer a legislação e os regulamentos relacionados ao SUAS. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O Sistema Único de Assistência Social – SUAS foi criado em 2005 e sedimentado no aparato normativo nacional por meio da Lei n. 12.435 de 06 de julho de 2011, sancionada pela então Presidente da República Federativa do Brasil Dilma Vana Rousseff e propunha-se à sofisticar o texto da Lei n. 8.742, de 07 de setembro de 1993, sancionado pelo então Presidente da República Federativa do Brasil Itamar Franco, que institui a organização da Assistência Social no Brasil. Mantidas as proporções de que são alicerçados pela Constituição Federal, ambos aparatos normativos são imprescindíveis para a compreensão dos propósitos e dos interesses do Estado Brasileiro em relação à assistência social, quanto política pública executada por todos os entes federados. Em linhas gerais, a lei prevê que a assistência social no Brasil é um direito do cidadão e ao mesmo tempo um dever do Estado. Tal direito-dever é traduzido pela Política de Seguridade Social não contributiva, responsável pela provisão de mínimos sociais, devidamente integrados a um conjunto de ações públicas e da sociedade, capazes de garantir o atendimento às necessidades básicas dos cidadãos desfavorecidos. Esse teor, previsto no caput do artigo 1º da lei 8742/1993 traduz de imediato que tal política deve contar com a participação da sociedade, que se traduz na dinâmica dos conselhos e das conferências de assistência social, sobre os quais discorreremos mais adiante. Isso posto, é imperativo observar os objetivos da assistência social no Brasil, redelineados pela Lei n. 12435/2011: (I) proteção social, visando a garantia da vida, da redução de danos e da prevenção de incidência de riscos; (II) a vigilância socioassistencial, que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e supressão de vulnerabilidades como ameaças, vitimizações e danos; (III) a defesa dos direitos, garantindo amplo acesso às provisões socioassistenciais (BRASIL, 2011). Tais dispositivos, inscritos no artigo 2º da lei supra, esclarecem que a assistência social brasileira tem como escopo a promoção da cidadania e da dignidade humana, dois fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil. A proteção social, segundo o art. 2º da lei n. 12345/2011 envolve a atenção à cinco vertentes importantes: • proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; • amparo às crianças e aos adolescentes carentes; • promoção da integração ao mercado de trabalho; • habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; • garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso sem meios de subsistência. Como se pode observar, a intenção prioritária da proteção social é evitar o colapso do núcleo familiar e da depauperação das condições de subsistência de cidadãos brasileiros desde o ventre materno até o final da vida, haja visto que cabe à assistência social o sepultamento digno de pessoas sem meios e indigentes. A lógica da lei, entretanto, não é transformar a assistência social como um meio “paternalista” de sustentação longevo, mas sim como um mecanismo de apoio que possa viabilizar a transição do cidadão de um momento de total mazela e desprestígio econômico e social, de quaisquer naturezas, para um contexto onde ele possa caminhar com as próprias pernas (não à toa, a alínea c, do inciso I, do art. 2º, prevê a promoção da integração ao mercado de trabalho e a reintegração de indivíduos). O fomento sustentável dessa transição é imperativa para a garantia da cidadania e da dignidade humana, pois em nenhum momento a lei expressa o seu interesse em criar uma massa de dependentes. A vigilância socioassistencial tem escopo o mapeamento das fragilidades locais (razão do uso do termo territorial) no intuito de mapear a capacidade institucional de proteger as famílias em situações como de depauperação da dignidade humana, tal como o trabalho análogo ao escravo, a exploração sexual, a violência doméstica, desequilíbrio na área de segurança causada por atividades paramilitares e organizações criminosas, tragédias ocasionadas por grandes acidentes ou distúrbios ambientais severos. Por último, tem-se a defesa dos direitos, por meio da oferta de provisões socioassistenciais, convergentes com o mapeamento do território. Nesse sentido, inserem-se as políticas públicas, como aquelas direcionadas ao combate à fome (distribuição de cestas básicas), combate aos efeitos da seca (implantação de cisternas ou reservatórios para coleta de água de chuvas ou ainda, distribuição de água com uso de carros-pipa), combate à exploração sexual (ações de monitoramento de famílias inseridas em grupos de risco), tratamento contra dependência química (entorpecentes e álcool), acolhimento de pessoas em risco (casas de apoio para mulheres vítimas de violência doméstica e para crianças e adolescentes provenientes de domicílios desestruturados), entre outros. Esses objetivos são atingidos pela articulação bipartite entre o Estado e a Comunidade, por meio de suas entidades organizadas, a qual é formalizada por meio dos Conselhos de Assistência Social, presentes em todas as esferas da federação brasileira: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. O propósito dessa interação é fomentar a acurada execução das políticas públicas, por meio do acompanhamento ostensivo da aplicação do erário público, cumprimento de indicadores quantitativos e qualitativos, fomento do controle social e otimização da malha de cobertura dos recursos. Isso posto, nota-se não apenas através da evidenciação dos objetivos legais, mas dos propósitos de organização da institucional da assistência social quanto balizadores de sua governança e de sua gestão. Trata-se de uma vertente seminal para a compreensão do SUAS. Assim sendo, para que possa proporcionar ao leitor uma visão sólida acerca da dinâmica gerencial do SUAS, o presente capítulo abordará os seguintes temas: Estrutura gerencial nos Estados Federados; Comissões Intergestores: dinâmica e aparato normativo; Vigilância Socioassistencial: Censo SUAS, Registro Mensal de Atendimentos (RMA); Prontuário Eletrônico Simplificado; Prontuário SUAS; Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial; Gestão Compartilhada do SUAS: Conceito e Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social (IGDSUAS); Apoio Técnico e Sistema de Informação da Rede do SUAS: Aspectos gerais; Pacto de Aprimoramento do SUAS: Conceitos, Metas de Aprimoramento, Pacto de Aprimoramento do SUAS nos Estados e no Distrito Federal e Pacto de Aprimoramento do SUAS nos municípios. O propósito de cada um deles será destacado ao longo do texto. 2 ESTRUTURA GERENCIAL NOS ESTADOS FEDERADOS 2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O SUAS E GOVERNANÇA O Sistema Único de Assistência Social é um dos sistemas públicos nacionais – tal como ocorre no caso do Sistema Único de Saúde – e tem como escopo a gestão de todos os serviços públicose políticas públicas afeitas à assistência social em território nacional. No que diz respeito ao SUAS, tudo tem sua origem no texto constitucional, quando a República Federativa do Brasil, estabelece como seus fundamentos a cidadania e a dignidade humana e como seus objetivos fundamentais, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginalização por meio da redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos, sem preconceitos e discriminações de quaisquer formas. Em suma, o SUAS nasce da vontade nacional de expressar sua valorização do que o país tem de melhor, a sua gente, o seu capital humano, não tolerando qualquer tipo de desvalia, em nome da prevalência dos direitos humanos. Logo, é de suma importância compreender que a assistência social no Brasil é uma obrigação do Estado Brasileiro e de todos os seus entes federados. Entretanto, ela não pode ou deve ser tratada como insumo para promoção política sob pena de ferir-se o princípio da moralidade da administração pública. A assistência social no Brasil, não é favor: é mecanismo de superação da incompetência gerencial dos governos que não conseguem, apesar de bater recordes anuais de arrecadação, não conseguem oferecer políticas públicas consistentes para viabilizar que o povo brasileiro seja economicamente sustentável. Além das cláusulas pétreas, a Carta Magna em vigência prevê no Título VIII – Da Ordem Social, capítulo totalmente dedicado ao tema Seguridade Social, que expressa nos artigos 194 e 195, a dinâmica de funcionamento das iniciativas de promoção da seguridade, onde insere-se a assistência social. Em relevo, a previsão constitucional da gestão (BRASIL, 1988). Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] • 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos. Frente à Constituição, as Leis n. 12.435 de 06 de julho de 2011 e Lei n. 8.742, de 07 de setembro de 1993, sofisticam as intenções dos legisladores, exprimindo as expectativas em relação ao funcionamento da arquitetura do sistema de Assistência Social no Brasil. Conforme arquitetado no nosso aparato normativo, o SUAS possui uma elegante estrutura, conforme exposto na figura a seguir: FIGURA 1 – O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL FONTE: A autora Sugerimos a leitura das Leis n. 12.435, de 06 de julho de 2011 e n. 8.742, de 07 de setembro de 1993. Sua leitura é imprescindível para a fomento da solidez de sua formação. Os textos podem ser encontrados facilmente, por meio de pesquisa em algum sistema de pesquisa on-line, como o Google ou Bing. O SUAS é gerenciado pelo Ministério da Cidadania, produto da reestruturação organizacional impetrada durante a gestão do Presidente Jair Messias Bolsonaro, através de interface com a sociedade civil, que de modo compartilhado, determinam não apenas os regramentos de gestão, como as políticas públicas relacionadas à Assistência Social no Brasil. Suas decisões são suportadas por dois entes: as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Elas, em conjunto com o Ministério da Cidadania corroboram para a articulação dos esforços e os recursos entre os entes federados, a saber, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, os quais são devidamente acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e pelos seus pares simétricos, os Conselhos Estaduais e Municipais de Assistência Social (BRASIL, Ministério da Cidadania/Secretaria Especial do Desenvolvimento Social/Assistência Social 2020). Como pode-se observar na Figura 1, o SUAS é suportado pelo Plano Nacional de Assistência Social (PNAS). Tal política está amparada na LOAS (Lei nº 8742/1993), mais especificamente em seu artigo 4º, que prevê o seguinte conjunto de princípios (BRASIL, 1993): Art. 4º - A assistência social rege-se pelos seguintes princípios. • I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; • II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; • III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vendando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; • IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; • V - divulgação ampla dos benefícios; serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. Esse dispositivo inscrito na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), inscreve todos os propósitos da PNAS, a qual foi operacionalizada, efetivamente, por meio da Resolução do CNAS n. 145, de 15 de outubro de 2004, conforme explica CNAS (2016, p. 16). Por meio dessa resolução, os alicerces do SUAS em território nacional passaram a contar um instrumento de governança e de articulação entre os entes federados. Irradiado dessa, os procedimentos operacionais padrão do SUAS, foram traduzidos pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), cuja primeira versão foi publicada no ano de 2005 (MDS 2005). De acordo com CNAS (2016, p. 12), “[...] estas foram as normativas estruturantes de adesão dos entes federados ao novo modelo de organização e gestão da assistência social em todo o país, impulsionando o movimento de enraizamento da política de Assistência Social no campo do direito”. (interpolação nossa). Como se nota, de acordo com Brasil (2020, s.p.), a PNAS envolve diretamente “[...] estruturas e marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do Distrito Federal”. Para aprofundar seus estudos sobre a dinâmica do SUAS, é indicada a leitura dos seguintes livros institucionais: • Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004. Publicado pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no ano de 2005, detalha com riqueza de detalhes a política nacional. O livro pode ser lido on-line, no endereço: <http://www.mds.gov.br>. • Plano Decenal de Assistência Social 2016-2026. Publicado pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no ano de 2016, discorre sobre o planejamento decenal do Plano Nacional de Assistência Social elaborado pelo Conselho Nacional de Assistência Social. O livro pode ser lido on-line no endereço: <http://www.assistenciasocial.al.gov.br>. http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/PNAS2004.pdf http://www.assistenciasocial.al.gov.br/xx-conferencia-estadual-de-assistencia-social/PLANO%20DECENAL%202016-2026-1.pdf Voltando à Figura 1, é possível notar que a estrutura do PNAS pode ser segmentada em três campos distintos, sendo dois relativos à modalidades de proteção social e outro, afeito à gestão do SUAS. As modalidades de proteção social são duas: (a) Proteção Social Básica e (b) Proteção Social Especial. A área de Gestão, por sua vez, diz respeito à gestão dos Benefícios Sociais, ao gerenciamento do Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social (CNEAS) e a gestão de recursos da Assistência Social propriamente ditos. A Proteção Social, de acordo com SEDS (2020, s.p.), é definidacomo “[...] a garantia de inclusão a todos os cidadãos que encontram-se em situação de vulnerabilidade e/ou em situação de risco, inserindo-se na rede de Proteção Social local”. Por essa razão, ela é segmentada em Básica e Especial. Na Tabela 1 a seguir, são apresentados os conceitos, as aplicações e as respectivas formas de operacionalização de cada uma delas. A Proteção Social Básica envolve serviços de assistência social voltados à identificação de riscos sociais, que podem ser mitigados por meio da promoção dos laços relacionais, sobremaneira os familiares. Esses serviços são principiados pelo Centros de Referência em Assistência Social – CRAS e comumente envolvem atividades voltadas para proteção e atenção à família (acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, com oferta de leite, por exemplo), acompanhamento de idosos e pessoas com necessidades especiais (através de atividades integrativas e desportivas, entrega de cadeiras de roda, acompanhamento para serviços de fisioterapia e renda mínima). TABELA 1 – PROTEÇÃO SOCIAL: MODALIDADES, CONCEITOS, APLICAÇÕES E SERVIÇOS RELACIONADOS Modalidade de Proteção Social Conceito Aplicação Serviços relacionados Básica Tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e A Proteção Social Básica tem como porta de entrada do Sistema Único da Assistência Social os Centros de Referência · Serviço de Proteção e Atenção Integral à Família-PAIF. comunitários. Destina-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vínculos afetivos - relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). de Assistência Social - CRAS. · Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. · Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. Especial É a modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação trabalho infantil, entre outras. São situações que requerem acompanhamento individual e maior flexibilidade nas soluções protetivas, comportam encaminhamentos monitorados, apoios e processos que assegurem qualidade na atenção protetiva e efetividade na reinserção almejada. Os serviços de proteção especial têm estreita interface com o sistema de garantia de direitos, exigindo muitas vezes uma gestão mais complexa e compartilhada com o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações do Executivo · Proteção Social Especial de Média Complexidade · Proteção Social Especial de Alta Complexidade · CREAS · CENTRO POP. FONTE: Adaptado de SEDS (2020) A Proteção Social Especial, por sua vez, já atende casos mais complexos, onde existem crimes contra a dignidade humana e a dignidade sexual, os quais demandam articulado enforcement estatal para oferta de garantias às vítimas. Enquadram-se nessa modalidade de atendimento serviços de média complexidade, como abordagem e acompanhamento de pessoas em situação de residência em rua, medidas socioeducativas à jovens delinquentes, mitigação de trabalho infantil. No caso dos atendimentos especiais de alta complexidade, envolvem-se serviços como acompanhamento institucional integral, casa de apoio para vítimas de violência doméstica, casa de apoio para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, albergue, medidas socioeducativas para apenados em regimes semiabertos e abertos, família substituta e família acolhedora, asilos. Todos esses trabalhos são executados pelo Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) e pelo Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (CENTRO POP). Nas figuras a seguir, é possível observar duas iniciativas relacionadas às proteções sociais básica e especial. FIGURA 2 - EXEMPLOS DE PROTEÇÃO SOCIAL TRADUZIDOS PELO MARKETING PÚBLICO FONTE: <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br>. Acesso em: 19 abr. 2020. FIGURA 2 - EXEMPLOS DE PROTEÇÃO SOCIAL TRADUZIDOS PELO MARKETING PÚBLICO http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/federais_bcp%3E;%20%3Chttp:/www.itapolis.sp.gov.br/portal4/index.php/secretarias-e-orgaos/desenvolvimentosocial/12582-dia-de-combate-a-exploracao-sexual-de-criancas-e-adolescentes-18-05-contara-com-passeata-em-itapolis-2 FONTE: <http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br>. Acesso em: 19 abr. 2020. http://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/portal.php/federais_bcp%3E;%20%3Chttp:/www.itapolis.sp.gov.br/portal4/index.php/secretarias-e-orgaos/desenvolvimentosocial/12582-dia-de-combate-a-exploracao-sexual-de-criancas-e-adolescentes-18-05-contara-com-passeata-em-itapolis-2 Recomendamos a entrevista com a Especialista Isa Guará, assessora da Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente (Neca). Disponível no link: <https://www.youtube.com>. A Gestão do SUAS envolve a oferta de Benefícios Sociais, segmentados segundo a modalidade de risco e vulnerabilidade, o Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social (CNEAS) e a concessão de certificação à entidades beneficentes e a gestão de recursos, por meio das decisões colegiadas das Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT) (BRASIL, 2020). Os Benefícios Sociais, de acordo com a Lei n. 8742/1993, podem ser classificados em benefícios de prestação continuada (BCP), benefícios de prestação eventuais (BPE) e em serviços sociais. Confira as distinções de cada um deles, na Tabela 2. TABELA 2 – TAXONOMIA DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS Modalidade de benefício social Conceito na base legal Exemplos de produtos Prestação Continuada O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho. Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Trata-se de um benefício revisto a cada dois anos. · Programa BCP na Escola · Programa BCP Trabalho · Bolsa-Família. · Tarifa social energia · Tarifa social água · Vale-gás. https://www.youtube.com/watch?v=sdXEZD3EkiM Eventuais Entendem-se por benefícios eventuais aqueles que visam ao pagamento de auxílio por natalidade ou morte às famílias cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão regulamentados pelos Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante critérios e prazos definidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para atender necessidades advindas de situações de vulnerabilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa portadora de deficiência, a gestante, anutriz e nos casos de calamidade pública. Eles obrigatoriamente tem de estar relacionados ao momento do nascimento, da morte, da vulnerabilidade temporária e na calamidade pública. · Situação de Calamidade Pública. · Aluguel Social. · Auxílio natalidade. · Auxílio funeral. Serviços Sociais Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas em lei. Esses serviços são direcionados a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social e às pessoas que vivem em situação de rua. · Programa de Prevenção às Drogas. · Programa Criança Feliz. FONTE: Brasil (1993; 2020) Além de gerir os benefícios sociais, devidamente amparados pela Política Nacional de Assistência Social, cabe ao CNAS a gestão e a atualização do CNEAS, conforme expressa o inciso XI, 19, da Lei 8742/2013: “[...] XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de entidades e organizações de assistência social, em articulação com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal [...]” (BRASIL, 1993). O CNEAS refere-se à uma ferramenta gerencial, que tem como objetivo a compilação de informações sobre as entidades especializadas em assistência social no país e a sua respectiva oferta de serviços socioassistenciais. Além disso, trata-se de um meio de interface entre o Estado e a sociedade, onde, exalta-se a relevância das organizações do terceiro setor como estratégicas para o SUAS (BRASIL, 2020). O cadastro no CNEAS é demandado por entidades de terceiro setor de direito público ou privado sem fins lucrativos. Para melhor compreensão do sistema CNEAS, indicamos o site: <https://www.gov.br/pt-br/servicos/cadastrar-entidade-de-assistencia- social>. Nesse endereço, você terá a oportunidade de conhecer as etapas do cadastramento e os formulários que são utilizados pelo Governo Federal para o cadastramento de sua entidade. Sugerimos ainda: • Teleconferência fala sobre o Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social (CNEAS). Disponível em: <https://www.youtube.com>. • Tutorial de preenchimento do CNEAS (Canal oficial do Ministério das Cidades no Youtube; contém 07 vídeos). Disponível em: <https://www.youtube.com>. Além do cadastramento das entidades beneficentes, o Governo Federal, após o cadastro no CNEAS, ainda oferece certificação, em três modalidades: para entidades especializadas na área de educação, na área de saúde e na área de assistência social. Nas figuras seguintes, é possível conhecer os selos das certificações CEBAS para a área de Assistência Social e para a área de Educação, respectivamente. FIGURAS 3 – CERTIFICAÇÕES DAS ENTIDADES BENEFICENTES – ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO FONTE: <http://conaud.com.br>; <http://cebas.mec.gov.br/>. Acesso em: 19 abr. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=2q-q-md46TY https://www.youtube.com/watch?v=iP_RibVHZro&list=PLIJkyFU4BtJed4rWOW5G9vmnnvuDqe_x7 http://conaud.com.br/registro-cebas-conheca-a-importancia-deste-registro/ http://cebas.mec.gov.br/ Para saber mais sobre as certificações de entidades beneficentes, acesse os seguintes endereços: • CEBAS EDUCAÇÃO. Disponível em: <http://cebas.mec.gov.br/>. • CEBAS ASSISTÊNCIA SOCIAL . Disponível em: <http://mds.gov.br>. • CEBAS SAÚDE. Disponível em: <https://www.saude.gov.br>. Indicamos ainda o vídeo institucional do Ministério das Cidades, versando sobre o CEBAS Assistência Social. Disponível em: <https://www.youtube.com>. Isso posto, é fundamental compreendermos a dinâmica da Gestão de Recursos. Essa gestão é realizada por meio de dois fóruns colegiados: as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT) (BRASIL, 2020). Essas comissões são de ampla utilização na administração pública e podem ser encontradas em diversos segmentos da Administração, tais como na área de saúde, educação, segurança pública, com a mesma nomenclatura ou com nomenclatura distinta. As Comissões são instituídas por lei e seus membros, indicados formalmente. Seu papel, particularmente no campo da assistência social, é viabilizar a execução dos dispositivos previstos na LOAS e na NOB/SUAS e ao mesmo tempo, fomentar o controle social e a participação democrática nas decisões relacionadas às estratégias nacionais de assistência social. Alguns exemplos de reuniões das CIBs e das CIT: • Reunião da CIBs – Governo do Estado de Mato Grosso. Disponível em: <https://www.youtube.com>. • Reunião da CIBs – Governo do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: <https://www.youtube.com>. http://cebas.mec.gov.br/ http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/entidade-de-assistencia-social/certificacao-de-entidades-beneficentes-de-assistencia-social-cebas https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/cebas https://www.youtube.com/watch?v=vujVRCvzwOA https://www.youtube.com/watch?v=VL7DVd-6wR4 https://www.youtube.com/watch?v=wO3BccuXXgU • Reunião da CIT – DATASUS. Disponível em: <https://www.youtube.com>. Expressa a dinâmica de governança e funcionamento do SUAS, passaremos agora, ao estudo das responsabilidades dos entes federativos, conforme expresso na LOAS. 1 Acesse o site da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, visite a área dedicada à Secretaria Municipal de Assistência Social desse município e na sequência, realize a leitura e a análise de conteúdo das atas de reuniões do Mesa de Diálogo e de Negociação Permanente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) com o Sistema de Garantia de Direitos e Sistema de Justiça indicadas a seguir: • ATA 1 – Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br>. • ATA 2 – Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br>. • ATA 3 – Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br>. • ATA 4 – Disponível em: <https://prefeitura.pbh.gov.br>. Após a leitura das atas, preencha o quadro a seguir (que você também pode desenvolver, utilizando uma planilha eletrônica): Itens requeridos ATA 1 ATA 2 ATA 3 ATA 4 Data da reunião Autoridades presentes na reunião (nomes e cargos) Assuntos discutidos relacionados ao SUAS Responder Após a realização do exercício, é possível que já tenha compreendido a importância estratégia do assunto para a Administração Pública. Agora, estudaremos as responsabilidades dos Entes Federativos. https://www.youtube.com/watch?v=jiiSZ6P7nmE https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/smasac/2019/SUASS/Ata%20de%20Reuni%C3%A3o%20da%20Mesa%20de%20Di%C3%A1logo%2029-08-19%20-%20APROVADA%20EM%20REUNI%C3%83O%20DE%20SETEMBRO.pdf https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/smasac/2019/SUASS/Ata%202%C2%AA%20Reuni%C3%A3o%20da%20Mesa%20de%20Di%C3%A1logo%20setembro%202019.pdf https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/smasac/2019/SUASS/Ata%20de%20Reuni%C3%A3o%20da%20Mesa%20de%20Di%C3%A1logo%20e%20Negocia%C3%A7%C3%A3o%20OUTUBRO%20-%2031-10-19-%20Vers%C3%A3o%20Final.pdf https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/smasac/2020/ATA%20-%20FINAL%20-%20REUNI%C3%83O%20MESA%20DE%20DI%C3%81LOGO%20DEZEMBRO%202019.pdf • Casa da Roda de Caira. Disponível em: <https://www.youtube.com>. • Roda dos Expostos. Disponível em: <https://www.youtube.com>. • O que é a Roda dos Expostos. Disponível em: <https://www.youtube.com>. 2.2 RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERATIVOS A dinâmica do SUAS, como já visto, está diretamente associada aos dispositivos inscritos na LOAS, a Lei nº 8742/2013. As iniciativas entre os entes federados, a saber a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, são articuladas, descentralizadas e participativas, conforme expressa o caput do artigo 6º: “[...] [a]s ações na área deassistência social são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área” (BRASIL, 1993). Como já visto, essas entidades são os Conselhos de Assistência Social e as Comissões Bipartite e Tripartite, todos instituídos em cada um dos níveis de governo (municipal, estadual e federal), que atuam no delineamento das políticas de assistência social que executarão. Nos termos do artigo 8º da 8742/1993, “[...] [a] União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, fixarão suas respectivas Políticas de Assistência Social”. Esse dispositivo reforça o fato de que as ações desenvolvidas pelos governos não são concorrentes ou independentes entre si, mas sim, articuladas: o foco é a promoção da dignidade humana. Essa relação, além de harmonizar ações executadas pelos diferentes níveis de governo, ainda viabilizam o trânsito dos recursos financeiros que são aplicadas pelo SUAS. Essa interlocução fica clara também ao observarmos o disposto nos artigos 10 e 11 da LOAS, conforme-se pode-se observar no extrato em relevo (BRASIL, 1993): Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações de assistência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos respectivos Conselhos. https://www.youtube.com/watch?v=Nqd9glhV3iA https://www.youtube.com/watch?v=I-l8X4AAZjY https://www.youtube.com/watch?v=_x_tdSNIzo4 Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (BRASIL, 1993, grifo nosso). É importante observar que além da articulação, o dispositivo ainda coloca em relevo a possibilidade de celebração de convênios entre entidades beneficentes especializadas do terceiro setor (podendo estas serem certificadas ou não), desde que tais convênios e planos a eles associados sejam aprovados pelos Conselhos de Assistência Social, vinculados a seu respectivo ente federativo. Na Tabela 3, apresenta-se as competências de cada ente federativo, conforme expresso na Lei n. 8742/2013, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). TABELA 3 – COMPETÊNCIAS DE CADA ENTE FEDERATIVO NO SUAS Nível de Governo Dispositivo Lei 8742/1993 Competências previstas União Art. 12 I. Responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Federal; II. Apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito nacional; III. Atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência. Estados Art. 13 I. Destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social; II. Apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito regional ou local; III. Atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência; IV. Estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social; V. Prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. Distrito Federal Art. 14 I. Destinar recursos financeiros para o custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de Assistência Social do Distrito Federal; II. Efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III. Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV. Atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V. Prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. Municípios Art. 15 I. Destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidas pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; II. Efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III. Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV. Atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V. Prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. FONTE: Adaptado de Brasil (1993) Como pode-se observar, enquanto os Benefícios de Prestação Continuada (BCP) ficam sob responsabilidade precípua da União, os Benefícios de Prestação Eventuais, precipuamente, ficam à cargo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que aprovados pelos seus respectivos Conselhos de Assistência Social, que devem estabelecer os critérios de concessão. A esses, cabem ainda o estabelecimento de convênios com organizações do terceiro setor, para a execução de projetos de mitigação da pobreza, além, evidentemente, de estratégias de caráter emergencial. Cabe a eles também o desenvolvimento de serviços sociais que voltem-se ao atendimento de crianças e adolescentes em risco pessoal e social e ainda, à população que vivem em situação de rua. Para fixar os aspectos abordados nessa seção, indicamos a leitura do caso “Parceria intersetorial em políticas sociais: o controle da frequência escolar no Programa Bolsa Família” que apresenta aspectos das políticas públicas de assistência social no processo de mitigação de mazelas sociais que afetam diretamente a dignidade humana. Pode-se observar ainda as externalidades positivas das estratégias de Assistência Social. Disponível em: <https://repositorio.enap.gov.br>. Concluída a seção onde discorremos sobre a governança do SUAS e respectivamente, as responsabilidades dos entes federativos na gestão das PNAS, apresentaremos a seguir, alguns aspectos sobre as comissões intergestores. 3 COMISSÕES INTERGESTORES: DINÂMICA E APARATO NORMATIVO Como já vimos, a gestão do SUAS é participativa e valoriza o controle social. Por essa razão, ela conta com duas instâncias de pactuação: a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Essas instâncias estão presentes em todos os níveis de governo. De acordo com o MDS (2005, p. 43-46), tal dinâmica alinha-se com a proposta institucional de promover a descentralização político- administrativo e ao mesmo tempo, a valorização de territórios, com o intuito de oferecer um atendimento strictu sensu às demandas de assistência social. https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/290/7/Parceria%20intersetorial%20em%20pol%c3%adticas%20sociais%20o%20controle%20de%20frequ%c3%aancia%20escolar%20no%20PBF.pdf No campo da assistência social, o artigo 6º, da LOAS, dispõe que as ações na área são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social, articulando meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas, compostas pelos diversos setores envolvidos na área (MDS, 2005, p. 43). FIGURA 4 – INTERLOCUÇÃO DOS ENTES FEDERATIVOS, EXECUTORES DO SUAS E AS INSTÂNCIAS DE PACTUAÇÃO FONTE: A autora Embora articuladas entre si, é importante ressaltar que a Política Nacional de AssistênciaSocial possuem um comando único, o Ministério da Cidadania. E que, tanto o Conselho de Assistência Social, como as Comissões, sejam elas bipartites ou tripartes, são imprescindíveis para que as políticas de assistência social, o fomento da rede socioassistencial local e a gestão dos recursos financeiros e sua respectiva fiscalização, sejam realizados de forma adequada, em convergência com a lei (MDS, 2005). Qual a função de cada comissão? Na verdade, existem três instâncias colegiadas: o Conselho de Assistência Social, o CIB e a CIT. Os Conselhos de Assistência Social, nos termos do artigo 16, da Lei 8742/1993, estão presentes em todos os níveis de governo, sendo assim nomeados: Conselho Nacional de Assistência Social; Conselhos Estaduais de Assistência Social, Conselho de Assistência Social do Distrito Federal e os Conselhos Municipais de Assistência Social. De acordo com o caput desse artigo, ela constituem-se em “[...] instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil [...] (BRASIL, 1993). Conforme dispõem a Lei 8742/1993, o mandato tem duração de dois anos e é composto por 09 representantes do governo, 09 representantes da sociedade civil (usuários do sistema, entidades, assistência social e trabalhadores do setor, escolhidos em fórum fiscalizado pelo Ministério Público). Esses conselhos possuem as seguintes atribuições, conforme expresso no artigo 18 da Lei 8742/1993 (lembrando que as prerrogativas nacionais, em razão da simetria legal, são irradiadas para as legislações dos demais entes federados, que de acordo com o art. 8º, devem fixar suas próprias políticas de assistência social) (BRASIL, 1993): • I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; • II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social; • III - acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das entidades e organizações de assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; • IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de assistência social certificadas como beneficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; • V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social; • VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de Assistência Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes para o aperfeiçoamento do sistema; • VII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social; • VIII - aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais equitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias; • IX - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados; • X - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS); • XI - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social; • XII - elaborar e aprovar seu regimento interno; • XIII - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos. As Comissões Intergestores Bipartite (CIB), assim como as Comissões Intergestores Tripartite, são “[...] espaços de articulação e expressão de demandas dos gestores federais, estaduais e municipais [responsáveis pela negociação e pactuação] sobre aspectos operacionais da gestão do SUAS [mantendo] contato permanente [entre si] de modo a garantir a troca de informações sobre o processo de descentralização” (BRASIL, 2020) (Interpolação nossa). Essas comissões são essenciais para a atividade de controle social. Um bom exemplo que viabiliza sua melhor compreensão desse papel na qualidade da execução da Política Nacional de Assistência Social, pode ser encontrada a seguir, no Léo Estudando. ATO EM DEFESA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL TEM GRANDE APOIO E RESULTA EM CARTA PARA BRASÍLIA Leomar Alves Rosa – Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) Categoria: Assistência Social – Publicado: quarta-feira, outubro 18, 2017, às 13:33 Membros da Comissão Intergestores Bipartite reunidos em reunião Fotos: Matheus Barreto Campo Grande (MS) – O ato em defesa do Sistema Único de Assistência Social, realizado na manhã desta quarta-feira (18), na Escola do SUAS/MS “Mariluce Bittar”, na Capital, mobilizou diversos segmentos da sociedade em defesa da manutenção do orçamento para o ano de 2018 do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A atual proposta orçamentária apresentada à Câmara Federal tem um valor simbólico de R$ 78 mi, para a gestão do SUAS, além do corte de 11% anunciado para o Programa Bolsa Família. A titular da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast), Elisa Cleia Nobre, pontuou que o momento exige mobilização. “Essa proposta orçamentária nem deveria ter sido cogitada, mas já que foi precisamos nos indignar diante do fato e lutar. Essa é uma mobilização de todos nós, pois o SUAS é um sistema que dá certo e precisa ser respeitado”, disse. Para a representante do Fórum Estadual dos Usuários do SUAS, Maria Aparecida Borges, a preocupação com o assunto deve ser grande. A representante expressou ainda durante sua fala a trajetória de luta para o crescimento da área dentro do SUAS e a garantia de direitos na sociedade. O deputado estadual, Rinaldo Modesto, considerou a proposta de redução incabível. “Não podemos permitir que num momento como esse, qual o País atravessa, se venha retirar recursos dos mais frágeis, e com mais vulnerabilidade”, alertou em seu discurso de defesa do SUAS. Os deputados estaduais, João Grandão e Lídio Lopes, também presente no ato de apoio, reforçaram a importância do SUAS dentro da sociedade como um todo, dizendo ainda que por muitas vezes a assistência social recebe demandas de outras áreas e mesmo com dificuldade se propõe a resolve- las e ainda a dar os encaminhamentos necessários. Do ato surgiu uma carta que será encaminhada pelo governador Reinaldo Azambuja e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Junior Mochi, ao presidente Michel Temer, durante agenda programada para os próximos dias. Também participaram do evento a vereadora enfermeira Cida Amaral, representando a Câmara Municipal de Campo Grande; a vice-prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes; o professor e pró-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Angelo Motti; Sérgio Wanderly, presidente do Colegiado Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social de Mato Grosso do Sul (Coegemas), além da representante do Fórum Estadual dos Trabalhadores do SUAS, Silvia Regina Nakmatsu, e do Fórum Permanente de Assistência Social (FASEMS), Suely Gomes. FONTE: Disponível em: <http://www.sedhast.ms.gov.br>. Acesso em: 19 abr. 2020. Como pode-se observar, tanto a CIT como as CIBs sãoimprescindíveis para o êxito das PNAS. Acrescenta-se ainda que a CIT, de acordo com Brasil (2020) são compostos também pela representação do Ministério das Cidades (União), pelo Fórum Nacional de Secretários de Assistência Social – Fonseas (Estados e Distrito Federal) e pelo Colegiado Nacional de Gestores de Assistência Social - Congemas (Municípios). Dentre as suas principais funções, ainda de acordo com Brasil (2020), ressaltam-se: a pactuação de estratégias para implantação e operacionalização das PNAS, o estabelecimento de acordos sobre questões operacionais da implantação dos serviços, programas, projetos e benefícios, a atuação como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de implementação e regulação e pactuação dos critérios e procedimentos de transferências de recursos para confinanciamentos e outros acordos relativos à gestão de recursos pecuniários. Para compreender melhor a dinâmica operacional do SUAS e principalmente o papel das Comissões Intergestores, indicamos a leitura do livro “Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS NOB- RH/SUAS”. O material está disponível para download no seguinte endereço: <https://prefeitura.pbh.gov.br>. 4 VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL: CENSO SUAS, REGISTRO MENSAL DE ATENDIMENTOS (RMA); PRONTUÁRIO ELETRÔNICO SIMPLIFICADO; PRONTUÁRIO SUAS; ENCONTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Como vimos, a PNAS tem, dentre seus objetivos, a promoção da descentralização da gestão das políticas de assistência social e a promoção do território. Nesse campo, além da organização de uma política própria, a instituição de conselhos e comissões e de órgãos como o CRAS e o CREAS, http://www.sedhast.ms.gov.br/ato-em-defesa-do-sistema-unico-de-assistencia-social-tem-grande-apoio-e-resulta-em-carta-para-brasilia/ https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/smasac/2018/documentos/intranet_nob_rh_suas.pdf cabe o diagnóstico e o monitoramento das demandas socioassistenciais, que podem variar de município para município, de região para região. De acordo com Brasil (2020), a Vigilância Socioassistencial, que também pode ser denominada de Sistema de Vigilância Socioassistencial (Figura 5), relaciona-se ao processo de “[...] produção, sistematização, análise e disseminação de informações territorializadas” (BRASIL, 2020), com os seguintes enfoques: (a) diagnóstico e monitoramento de situações de vulnerabilidade e risco e (b) tipificação, mensuração (qualitativa e quantitativa) e estabelecimento de critérios para normalização dos padrões de qualidade dos serviços de assistência social. O sistema de informações de assistência social ainda fomenta a oferta de dados fidedignos para o SUAS, em caráter de fluxo contínuo. Tais informações são essenciais para, se necessário for, o reposicionamento das políticas públicas, estabelecimento de prioridades e determinação de alocação de recursos. FIGURA 5 – SISTEMA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL FONTE: <http://simvis.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2020. Como pode-se observar na figura anterior, todos os serviços públicos, que de uma forma ou de outra tangenciam a área de assistência social, são fornecedores de informações para o Sistema de Vigilância Socioassistencial (SIMVIS). Isso envolve inclusive comunicações/depoimentos realizados em redes sociais utilizadas por indivíduos acompanhados, haja visto que http://simvis.com.br/site/sobre-nos/ constituem-se em fontes de identificação de riscos. A ideia é que por meio do SIMVIS, o governo, independentemente de seu nível, possa ser eficiente, tanto na entrega do serviço público ou do benefício social, quanto na gestão dos recursos aplicados na execução das estratégias definidas em sua política de assistência social. Para a operacionalização da Vigilância Socioassistencial, o SUAS prevê as seguintes ferramentas: (a) o Censo SUAS; (b) o Registro Mensal de Atendimentos (RMA); (c) o Prontuário SUAS; (d) o Prontuário Eletrônico Simplificado; e (e) o Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial do SUAS (BRASIL, 2020). Conheça o conceito de cada um deles por meio da tabela a seguir. TABELA 4 – COMPONENTES DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Mecanismo do Sistema de Vigilância Socioassistencial Conceito CENSO SUAS · O Censo SUAS é um processo de monitoramento que coleta dados por meio de um formulário eletrônico preenchido pelas Secretarias e Conselhos de Assistência Social dos Estados e Municípios. É realizado anualmente desde 2007, por meio de uma ação integrada entre a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) e foi regulamentado pelo Decreto nº 7.334 de 19 de outubro de 2010. São seus objetivos: Produzir dados sobre a implementação da política de assistência social no país; · Aperfeiçoar a gestão do SUAS e a qualidade dos serviços socioassistenciais prestados à população; Identificar avanços, limitações e desafios da institucionalização do SUAS; Fornecer informações que permitam ao poder público dar transparência e prestar contas de suas ações à sociedade. Registro Mensal de Atendimento – RMA O Registro Mensal de Atendimentos (RMA) é um sistema onde são registradas mensalmente as informações relativas aos serviços ofertados e o volume de atendimentos nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centros POP). Seu principal objetivo é uniformizar essas informações e, dessa forma, proporcionar dados qualificados que contribuam para o desenvolvimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), conforme as determinações das Resoluções da Comissão http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7334.htm Intergestores Tripartite (CIT) n° 4/2011 e n° 20/2013. Na medida em que tais informações são registradas mensalmente pelas unidades, é possível mapear tanto a oferta de determinados serviços, quanto o volume de atendimento. Assim, o RMA tem um papel essencial no planejamento e na tomada de decisões no campo das políticas públicas de Assistência Social. Prontuário SUAS O Prontuário SUAS é um instrumento técnico formado por um conjunto de informações relativas à família ou membro familiar que possibilita a comunicação entre os membros da equipe de referência do CRAS ou do CREAS e a continuidade do serviço prestado ao indivíduo. O Prontuário SUAS tem como objetivo principal contribuir para a organização e qualificação do conjunto de informações necessárias ao diagnóstico, planejamento e acompanhamento do trabalho social realizado com as famílias e indivíduos no âmbito do PAIF, do PAEFI e do Serviço de Medidas Socioeducativas Prontuário Eletrônico Simplificado O Prontuário Eletrônico Simplificado é um sistema que permite o registro dos atendimentos/acompanhamentos às famílias que procuram o SUAS, por meio do registro do nome e do NIS (número de identificação social). É um registro simples, rápido e fácil, mas que permite aos operadores da política de Assistência Social registrar e compartilhar informações sobre o acesso das famílias e indivíduos aos serviços socioassistenciais. Além disso, por meio do Prontuário Eletrônico Simplificado o técnico terá acesso a um amplo conjunto de informações já coletadas e registradas em outros sistemas. Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial do SUAS O Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial é uma realização do Ministério de Desenvolvimento Social, por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social. Trata-se de iniciativa realizada desde 2007 e é parte importante do processo deconsolidação e legitimação da Vigilância Socioassistencial e do Sistema Único de Assistência Social. FONTE: Adaptado de Brasil (2020) Para se aprofundar no tema SIMVIS, sugerimos o estudo dos seguintes conteúdos: • Sobre o CENSO SUAS. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br>. • Sobre o RMA. Disponível em: <https://aplicacoes.mds.gov.br>. • Sobre o Prontuário SUAS e o Prontuário Eletrônico Simplificado. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br>. • Sobre o Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br>. É muito importante que você dedique um bom tempo aos estudos de todos esses conteúdos, avançando inclusive na leitura de todos os manuais técnicos, para fomento da exímia qualidade de formação nesse assunto. Exposta a questão do Sistema de Vigilância Socioassistencial, discorre-se sobre a Gestão Compartilhada do SUAS, propriamente dita. O compartilhamento gerencial do SUAS, conforme já exposto, ocorre por meio da articulação entre as unidades da federação e respectivos níveis de governo, além da promoção da participação democrática em nível de território, da sociedade civil organizada, dada por meio dos conselhos e comissões. Como o aspecto da gestão já foi exaustivamente abordado ao longo desse capítulo, focaremos a nossa atenção no Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social - IGDSUAS. Conforme expõe MDS (2012, p. 3), o êxito com a experiência do Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família foi determinante para o IGDSUAS. Ainda conforme o MDS (2012), o referido índice tem como escopo a avaliação da “[...] qualdiade da gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais no ambito dos municípios, DF e estados, bem como a articulação intersetorial”. O indicador é essencial para a definição da alocação e distribuição dos recursos públicos, sobremaneira os da União. Tal informação, portanto, valoriza a promoção da equidade, por meio da distribuição desigual de recursos entre os entes da federação. Em outras palavras, recebe mais, quem precisa mais. O IGSUAS é amparado pelos seguintes dispositivos legais: Lei n. 12.435/2011, que altera a Lei n. 8.742/1993 (LOAS) e regulamentado pelo Decreto n. 7.636/2011 e pelas Portarias n. 337/2011 e n. 07/2012 (MDS, 2012). http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/snas/vigilancia/index2.php https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/atendimento/auth/index.php http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/snas/vigilancia/index3.php http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/snas/vigilancia/index4.php Para conhecer os procedimentos metodológicos para o cálculo do IGDSUAS, estude atentamente o Caderno de Orientações sobre o Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social. Disponível em: <http://portalsocial.sedsdh.pe.gov.br>. Além do IGDSUAS, vale a pena discorrer sobre o Apoio Técnico e o Sistema de Informação da Rede do Suas. 1 Com base na Figura 5 (Sistema de Vigilância Socioassistencial), desenhe o organograma do Sistema de Vigilância Socioassistencial da sua cidade. Responder 5 APOIO TÉCNICO E SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA REDE DO SUAS: ASPECTOS GERAIS O suporte para a execução do SUAS é realizado por meio do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação – SAGI. De acordo com Brasil (2020), a referida secretaria é responsável pelo fomento de políticas públicas e capacitação de pessoal, ela também responde pelo “[...] monitoramento, avaliação, gestão da informação e capacitação dos agentes públicos [...] [responde ainda pela gestão da] maior base de dados de políticas sociais para a população de baixa renda: o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal” (interpolação nossa). A SAGI favorece não apenas a gestão da informação, mas também estrutura para aprimoramento e oferta de inovação no campo de políticas públicas direcionadas à Assistência Social. Por essa razão, o adequado abastecimento das bases do SIMVIS, conjugado com o cálculo do IDGSUAS, além de trocas de experiências entre todos os atores envolvidos no sistema de assistência social brasileiro. http://portalsocial.sedsdh.pe.gov.br/sigas/capacitasuas/arquivos/2015/modulo02/recife/caderno-de-orientacoes-igdsuas-marcos-orcamento.pdf Para melhor compreensão da dimensão da SAGI, recomenda-se a navegação no site do Ministério da Cidadania e o estudo do farto volume de estudos e outras informações pertinentes ao sistema de gerenciamento. Acesse: <https://aplicacoes.mds.gov.br>. Embora essa seção seja aparentemente curtinha, esperamos que você tenha compreendido a sua relevância e dimensão, através do estudo acurado da sugestão realizada pelo Léo. Isso posto, apresentaremos nossa última seção deste capítulo, que trata do Pacto de Aprimoramento do SUAS: Conceitos, Metas de Aprimoramento, Pacto de Aprimoramento do SUAS nos Estados e no Distrito Federal e Pacto de Aprimoramento do SUAS nos municípios. Vamos lá? 6 PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS: CONCEITOS, METAS DE APRIMORAMENTO, PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL E PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS NOS MUNICÍPIOS Como toda política pública, o aprimoramento deve ser pactuado, em virtude das exímias proposições previstas em nossa Carta Constitucional. No caso do SUAS, tal pacto é forjado no âmago da Comissão Intergestores Tripartite. Exemplo de Pacto de Aprimoramento do SUAS Definido Pacto de Aprimoramento do Suas 23 de fevereiro de 2017 Depois de várias reuniões e debates, meses de estudos, acertos e análises, foi definido o texto final do Pacto de Aprimoramento do Sistema Único de Assistência Social (Suas). O último item a ser pactuado era a meta 4, que https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/portal/index.php?grupo=164 http://fonseas.org.br/definido-pacto-de-aprimoramento-do-suas/ tratava do cofinanciamento dos municípios. O acerto foi definido, em Brasília, durante a 153° Reunião da Comissão Intergestores Tripartite(CIT), integrada por membros do Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social (Fonseas) – presente com 20 estados – Conselho Nacional de Gestores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS) e Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS). Diante dos problemas financeiros dos estados, foi adotada uma estratégia com maior precaução, dentro do que os secretários estaduais apontaram como “realidade atual” . Dessa forma, as metas ficaram da seguinte maneira: os estados que cofinanciam menos de 10% dos municípios objetivarão atingir o patamar de até 10% até 2018 e 20% até 2019; aqueles que cofinanciam entre 20% e 40% das cidades, planejam alcançar entre 40% até 2019 e os estados que cofinanciam entre 40% e 60% , a meta é atingir 60% até 2019. Cinco estados que cofinanciam menos de 10% determinaram alcançar o total de 10% até o final de 2017. A CIT debateu ainda a questão do Acessuas e como os municípios podem acessar o saldo de verbas que nunca usaram e como podem obter novos repasses. De acordo com os coordenadores do programa há R$ 93 milhões em saldo que as cidades nunca utilizaram. Para que isso possa ser acessado é necessário que haja uma repactuação, com metas a serem definidas. A definição de critérios e metas ficou para outra reunião. O Acessuas é um programa do MDSA que visa a promoção do acesso ao mundo do trabalho. FONTE: Disponível em: <http://fonseas.org.br>. Acesso em: 26 abr. 2020. Como pode-se observar, o propósito do pacto é a consolidação de metas exequíveis entre todos os entes federativos, de forma que a PNAS seja cumprida diligentemente. Para você compreender melhor o que é o Pacto de Aprimoramento do SUAS e os respectivos indicadores acordados, indicamos os seguintes vídeos: http://fonseas.org.br/definido-pacto-de-aprimoramento-do-suas/• Pacto de Aprimoramento do SUAS – Associação Mineira de Municípios. Disponível em: <https://www.youtube.com>. • Palestra: A Proteção Social Especial e o Pacto de Aprimoramento do SUAS. Disponível em: <https://www.youtube.com>. Esperamos que a sua trilha de estudos até aqui tenha acontecido com muito êxito, apresentamos a seguir as considerações finais desse capítulo. 1 Quais são as responsabilidades dos entes federativos no contexto do Sistema Único de Assistência Social nos termos da Lei 8742/1993? Responder ALGUMAS CONSIDERAÇÕES As políticas públicas de assistência social no Brasil têm como objetivo precípuo a promoção da cidadania e da dignidade humana, por meio da oferta de serviços e benefícios aos brasileiros em situação de risco pessoal e social, em quaisquer faixas etárias. Trata-se de um abraço do Estado para os momentos difíceis, necessários à restauração daqueles que ou não tiveram oportunidades ou que perderam tudo, como cidadãos dignos. Nesse sentido, o capítulo buscou apresentar toda a dinâmica de gestão do SUAS, ressaltando cada uma das vertentes amparadas em legislação emanada do nosso texto constitucional. Espera-se que o discente tenha realizado corretamente a sua trilha de estudos, lendo cada um dos conteúdos indicados pelo Léo. Como se viu, tal conhecimento é primordial para que o agente público, no caso o servidor ou o usuário do sistema, possa discutir melhorias, acompanhar os indicadores e a aplicação de recursos e oferecer sugestões dentro dos fóruns colegiados consagrados por todos os entes federados. Como se vê, se o SUAS for aplicado de forma técnica, lançando mão de todo o seu aparato legal e modelo de governança, não há dúvidas de que o país conta com um grande fator de promoção humana, capaz de recuperar estimas e de promover pessoas, resgatando-as das mazelas causadas pela fragilidade econômica, social ou decorrentes de calamidades públicas e desastres naturais. Se a técnica prevalecer, o fator de uso político da tragédia humana desfalece e abre espaço para o bom atendimento dos https://www.youtube.com/watch?v=ksat0XCtCek&list=PLS_bGgUfFh5B1_eLJe4oRddbwG1X_J_lH&index=2&t=0s https://www.youtube.com/watch?v=Igl2w54rDtw princípios constitucionais da administração pública, em particular, a impessoalidade, a moralidade e a eficiência. FINANCIAMENTO E FONTES DE RECURSOS NO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: • Viabilizar a compreensão dos processos de financiamento do SUAS. • Aprender o orçamento público e a execução orçamentária na administração pública, modalidades de financiamento, a taxonomia dos pisos de assistência social e seus respectivos serviços agregados, além, das modalidades de repasses, como fundos, convênios e contratos de repasse e relatórios de parcelas pagas. Fazer: • Compreender a lógica orçamentária na administração pública. • Reconhecer a tipologia de financiamentos, pisos e serviços agregados. Compreender as modalidades de repasses, fundos, convênios e relatórios. Em 2020, o Brasil atravessou um dos maiores desafios de saúde pública da sua história republicana: a superação do COVID-19, primeira pandemia do século XXI. Além do aporte bilionário no Sistema Único de Saúde (SUS), na ordem de R$ 410 bilhões, o governo federal ainda previu o a manutenção do Bolsa Família, suspenso em razão de auditorias no serviço (que até o início da pandemia em março de 2020, possuía mais de um milhão de brasileiros na fila de espera) e a instituição de um voucher de R$ 600,00 (seiscentos reais) como ajuda de custo aos trabalhadores informais e autônomos, atingidos diretamente pela estagnação da economia, estimulada precipuamente pela necessidade de implantação do isolamento social como medida à prevenção da propagação do vírus. A ação previu o dispêndio mensal de R$ 19 bilhões mensais com o apoio aos trabalhadores. Além dessas medidas, houve também a criação do Programa Antidesemprego e a ampliação do orçamento federal destinado à Assistência Social, o que demonstra o papel dessa área para atendimento de fundamentos constitucionais, como a dignidade humana (Figura 1). FIGURA 1 – PAULO GUEDES, ENTÃO MINISTRO DA ECONOMIA DO BRASIL, ANUNCIANDO AS AÇÕES DE MITIGAÇÃO DOS IMPACTOS DO COVID-19 EM DIVERSAS ÁREAS, DENTRE ELAS, A DA ASSISTÊNCIA SOCIAL FONTE: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 20 abr. 2020. Para entender melhor as ações voltadas à assistência social criadas especialmente para o período em que o Brasil esteve em emergência sanitária, em razão do COVID-19, sugerimos a leitura da notícia veiculada na pelo Ministério da Economia, informando as ações do Governo voltadas à manutenção da economia e dos empregos. O texto foi adaptado para que as medidas relacionadas à Assistência Social fosse colocadas em relevo (A interpolação [...] indica que houve trechos suprimidos). Caso você queira conhecer todas as medidas tomadas na ocasião, é possível acessar o site do Ministério da Economia ou o seguinte site: https://oglobo.globo.com/economia/governo-avalia-suspensao-temporaria-de-contratos-de-trabalho-para-evitar-demissoes-1-24312652 <http://www.economia.gov.br/noticias/2020/marco/confira-as-medidas-tomadas-pelo- ministerio-da-economia-em-funcao-do-covid-19-coronavirus>. QUADRO 1 – MEDIDAS TOMADAS PELO MINISTÉRIO DA ECONOMIA DO BRASIL POR OCASIÃO DA PANDEMIA CAUSADA PELO CORONAVÍRUS (COVID-19) – ÊNFASE NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CONFIRA AS MEDIDAS TOMADAS PELO MINISTÉRIO DA ECONOMIA EM FUNÇÃO DA COVID-19 (CORONAVÍRUS) Ministério instituiu grupo de monitoramento dos impactos econômicos da pandemia da Covid-19 Medidas tomadas pelo Ministério da Economia por causa da Covid-19 (Coronavírus): 16 de março de 2020: [...] - E está reforçando o Bolsa Família, destinando R$ 3,1 bilhões para a ampliação do número de beneficiários do programa. Mais de 1 milhão de brasileiros devem ser beneficiados com a medida. Instrumento legal: Medida Provisória de crédito extraordinário. 18 de março de 2020: - Ampliamos os valores destinados às medidas emergenciais de até R$ 147,3 bilhões, inicialmente, para R$ 169,6 bilhões. Desse total, R$ 11,8 bilhões serão destinados diretamente ao combate à pandemia; até R$ 98,4 bilhões para assistência a população mais vulnerável; e até R$ 59,4 bilhões para manutenção de empregos; [...] - O Governo anunciou a criação de um auxílio emergencial no valor R$ 200, por pessoa, durante três meses, para apoiar trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores individuais (MEIs) que integrem família de baixa renda. A medida vai beneficiar de 15 a 20 milhões de brasileiros e injetar até R$ 5 bilhões por mês na economia custeados com recursos da União; Instrumento Legal: Projeto de Lei (PL); - Esse auxílio emergencial não pode ser acumulado com benefícios previdenciários, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa Família ou seguro-desemprego; - Criação de programa para evitar demissões neste período de pandemia. O Ministério da Economia vai criar o Programa Antidesemprego. O objetivo da iniciativa é facilitar as negociações trabalhistas de modo a reduzir os custos do contrato de trabalho e preservar os vínculos empregatícios, dentro dos limites previstos na Constituição Federal; Instrumento Legal: Medida Provisória (MP); - O programa prevê a adoção das seguintes medidas: teletrabalho, antecipação de férias individuais, decretação de férias coletivas, adoção e ampliação de banco de horas, redução proporcional de salários e jornada de trabalho, antecipação de feriados não religiosos, além do diferimento do recolhimento do FGTS (Instrumento Legal: Medida Provisória) durante o estado de emergência, que já havia sido anunciado; [...] 19 de março de 2020: - Elevamosos recursos destinados às medidas emergenciais para até R$ 179,6 bilhões com a inclusão de mais R$ 10 bilhões no Programa Antidesemprego; (Continuação) - Os R$ 10 bilhões serão utilizados para a criação do auxílio para complementar a renda dos trabalhadores mais vulneráveis que terão sua remuneração e jornada de trabalho reduzida; Instrumento legal: Medida Provisória ou Projeto de Lei (pode não ser adotada); - Nesse sentido, todos os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos e tiverem redução salarial e de jornada receberão uma antecipação de 25% do que receberiam mensalmente caso solicitassem o benefício do seguro-desemprego. A medida vai beneficiar mais de 11 milhões de trabalhadores em todo o Brasil; Instrumento legal: Medida Provisória ou Projeto de Lei; [...] - Com o objetivo de reduzir a exposição ao risco da população, o INSS está adotando uma série de medidas para simplificação dos atendimentos, prorrogação de prazos e flexibilização de exigências. Entre elas: a suspensão da perícia médica presencial e a suspensão da exigência de inscrição no CadÚnico para o recebimento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) que é garantido a pessoas com deficiência e a idosos de baixa renda. Essas medidas somam-se à suspensão da prova de vida já anunciada. (Dependente de aprovação legal). Instrumento legal: Projeto de Lei; [...] - Para requerer o auxílio emergencial de R$ 200 – voltado a trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores individuais que integram família de baixa renda – não será necessário se inscrever no CadÚnico. Para aqueles que não estão inscritos, serão utilizados os dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o banco de dados do trabalhador adotado pela Previdência; Instrumento legal: Medida Provisória ou Projeto de Lei; [...] - Distribuição de R$ 2 bilhões para o Orçamento da Assistência Social; [...] - Ampliação do Bolsa Família, abrangendo 1,2 milhão de famílias; - Liberação imediata de R$100 milhões via Sistema Único de Assistência Social, para todos os municípios do país. Até o final de semana serão mais R$100 milhões; [...] FONTE: Ministério da Economia, 2020. Disponível em: <http://www.economia.gov.br>. Acesso em: 27 mar. 2020. Como complementação a esse estudo, veja como a Câmara dos Deputados votou o Projeto de Lei n. 9236/17, que aumentou o auxílio previsto na proposta do Ministério da Economia de R$ 200,00 para R$ 600,00, direcionados à pessoas de baixa renda, durante o período de emergência sanitária provocado pelo COVID-19. A proposta previu a disponibilização de R$ 1.200,00 para mães de família e tinha como condicionante, a não percepção de outro benefício social (como no caso do Bolsa Família). O link é o seguinte: <https://www.camara.leg.br>. Imaginando que você já tenha se sensibilizado com a importância do financiamento para a operacionalização do Sistema Único de Assistência Social, daremos início a primeira seção desse capítulo. 2 ASPECTOS INICIAIS SOBRE O FINANCIAMENTO DO SUAS Como é possível observar no conteúdo introdutório desse capítulo, é impossível discorrer-se sobre Assistência Social, sem se tangenciar, pelo menos, a questão os impactos sobre o Orçamento Público e sobre a execução desse orçamento. Evidentemente que quando lemos a Constituição Federal, observamos salutar prestígio da dignidade humana, do direito à vida e da promoção do bem-estar do cidadão. Não à toa, a constituição promulgada em 1988 também é denominada de Constituição Cidadã. Contudo, quando se acessa a questão da Assistência Social, colocam-se em xeque a questão das limitações orçamentárias. Nesse sentido, a Pandemia do COVID-19 foi o teste extraordinário mais duro dos agentes públicos e permitiu que a sociedade avaliasse o que era realmente relevante para a Administração Pública: a vida do cidadão ou a economia. Como é possível observar nas notícias veiculadas em distintos canais de imprensa e mídias sociais, sobremaneira aquelas veiculadas em plataformas como o Instagram e o Youtube, houve fracionamento dos interesses estatais entre aqueles relacionados à preservação da vida e aqueles relacionados à economia. Em 24 de março de 2020, surpreendendo a todos – e após pronunciamento envolvendo toda a equipe ministerial realizado em 18 de março de 2020 discorrendo sobre os riscos do COVID-19 e os impactos sobre a vida, o então http://www.economia.gov.br/noticias/2020/marco/confira-as-medidas-tomadas-pelo-ministerio-da-economia-em-funcao-do-covid-19-coronavirus https://www.camara.leg.br/noticias/648863-camara-aprova-auxilio-de-r-600-para-pessoas-de-baixa-renda-durante-epidemia/ presidente defendeu claramente a economia, durante pronunciamento oficial realizado em rede nacional. Para compreender melhor o contraste do discurso do então Presidente da República, assista os pronunciamentos realizados em 18 de março de 2020 e em 24 de março de 2020, para avaliação do posicionamento da preferência de Estado em meio a uma pandemia. O interesse aqui não é verificar qual é o posicionamento correto do mesmo ator, mas, sim, a observação de uma célere mudança dada num espaço de seis dias. Através dessa análise, você poderá compreender a pressão orçamentária sobre a manutenção dos serviços e benefícios públicos, sobremaneira os afeitos à assistência social, foco desse livro didático. • Pronunciamento do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Jair Messias Bolsonaro em conjunto com sua equipe Ministerial em 18 de março de 2020, sobre a Pandemia COVID-19. Disponível em: <https://youtu.be>. • Pronunciamento do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Jair Messias Bolsonaro em cadeia nacional em 24 de março de 2020, sobre a Pandemia COVID-19. Disponível em: <https://www.youtube.com>. De qualquer forma, a parte da questão política, a dinâmica orçamentária do país nesse período, demandou a autorização de créditos extraordinários para viabilização de ações de governo, que à época, foram comparadas a um esforço de guerra, como pode-se observar nos diversos instrumentos normativos publicados a época, tais como os expressos na Medida Provisória n. 929/2020. A Medida Provisória n. 929, de 25 de março de 2020, pode ser lida na íntegra no endereço: <http://www.in.gov.br>. A tabela a seguir apresenta o extrato da referida MP, onde encontra-se a expressão dos créditos extraordinários direcionados ao Bolsa-Família. TABELA 1 – ALOCAÇÃO DE CRÉDITOS EXTRAORDINÁRIOS DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19 https://youtu.be/lhltNqinvm4 https://www.youtube.com/watch?v=Vl_DYb-XaAE http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/medida-provisoria-n-929-de-25-de-marco-de-2020-249676431 Órgão 55000 – Ministério da Cidadania Unidade 55101 – Ministério da Cidadania – Administração Direta Anexo Crédito Extraordinário Programa de Trabalho Recursos de todas as fontes R$ 1,00 Funcional Programática Programa/Ação/ Localizador/Produto E S F G N D R P M O D I U F T E Valor 5028 Inclusão Social por meio do Bolsa Família e da Articulação das Políticas Públicas 3.037.598.000 (Continua) Órgão 55000 – Ministério da Cidadania Unidade 55101 – Ministério da Cidadania – Administração Direta Anexo Crédito Extraordinário Programa de Trabalho Recursos de todas as fontes R$ 1,00 Funcional Programática Progra- ma/ Ação/ Localiza- dor/ Produto E S F G N D R P M O D I U F T E Valor ATIVI- DADES 08 244 5028 8442 Transfe- rência de Renda Direta- mente às Famílias em Condição de Pobreza e Extrema Pobreza (Lei nº 10.836, de 2004) 3.037.598.000 08 244 5028 8442 6500 Transfe- rência de Renda Direta- mente às Famílias em Condição de Pobreza e
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