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GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Autoria: Mara Luiza Gonçalves Freitas Indaial - 2020 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 F866g Freitas, Mara Luiza Gonçalves Gestão orçamentária e financeira do SUAS. / Mara Luiza Gonçalves Freitas. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 149 p.; il. ISBN 978-65-5646-002-4 ISBN Digital 978-65-5646-003-1 1.Assistência social. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 361 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Dinâmica Gerencial do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) .....................................................11 CAPÍTULO 2 Financiamento e Fontes de Recursos no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ...........................47 CAPÍTULO 3 Controle e Prestação de Contas no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ..........................................89 APRESENTAÇÃO Era noite de inverno, no início de junho. Seu Antônio, após perder tudo o que tinha durante as enchentes que se abateram sobre o Bairro Ribeiro de Abreu, região de Belo Horizonte banhada pelo Ribeirão do Onça, afluente do Rio das Velhas e receptor das águas do Ribeirão Arrudas, que corta a capital mineira, pas- sou a viver sob uma das marquises do Edifício JK. Seu Antônio possuía à época 55 anos, era viúvo e no ano anterior, já havia, também em razão de uma outra enchente, perdido sua esposa e única filha, face ao deslizamento do barranco sobre o qual ficava o seu barraco às margens do Ribeirão do Onça. Embora fosse mecânico, não conseguia mais trabalhar: deprimiu-se face à insuperável tristeza da perda e tornou-se alcoólatra. Mal havia reconstruído seu quarto com ajuda dos vizinhos, nova chuva veio e carregou mais do que o pouco que tinha: levou sua alma junto também. Desistiu de tudo e resolveu, após arrastar-se pela cidade, ani- nhar-se me meio a umas caixas de papelão que encontrou sobre aquela marqui- se. Depois de três meses, foi lá que tomou uma sopa, oferecida pelo pessoal de uma igreja que ficava por ali perto. Deram-lhe um cobertor e uma muda de roupa. Tornou-se esmoler e todo o dinheiro que recebia, comprava cachaça. Seu Antônio passou a ser invisível para a sociedade, até que um dia, teve um princípio de en- farte. Alguém chamou o SAMU e o encaminharam para o Hospital Pio XII. Lá, pela primeira vez, desde que perdeu sua casa em janeiro, tomou um banho quente e gozando de certa lucidez, pediu ajuda. Mediante requerimento do corpo médico, A equipe da assistência social da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte o entrevistou, ouviu seu triste relato e o in- seriram no programa de Assistência Social. Ele foi incluído no cadastro do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e também no Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP). Seu Antônio pas- sou a receber acompanhamento psicológico, a ter acesso ao Restaurante Popular para ter acesso a refeições saudáveis, a participar do grupo de apoio aos depen- dentes químicos, além de ter um cantinho decente para dormir e tomar banho. Permaneceu recebendo esse auxílio ao longo de dois anos, onde alcançou certa dignidade, que lhe permitiu recuperar a saúde, a integridade e sanidade mental e a retomar suas atividades. Hoje, seu Antônio mora em Contagem numa casinha que conseguiu alugar e trabalha como auxiliar mecânico numa grande indústria que fica perto da Itambé. Seu Antônio agora, pode levar flores ao túmulo de sua esposa e filha no Cemitério da Saudade, todos os finais de semana. A história de seu Antônio ilustra de forma reduzida, a importância e as possibili- dades de promoção humana que a assistência social pode oferecer. Trata-se de um braço do Estado muito relevante, para promover os mínimos sociais, através do res- gate de indivíduos marginalizados em favor da dignidade humana e da cidadania, princípios constitucionais. O tema, como se vê, não tem nada de politiqueiro, mas sim de política pública crucial para o fomento da equidade e do desenvolvimento sustentado. Nesse livro, discutiremos a Gestão Orçamentária e Financeira do Siste- ma Único de Assistência Social, também conhecido como SUAS. É importante ressaltar que a prática da assistência social é ancestral e se confunde com os próprios ritos da civilização. Outrora, ela era denominada de ca- ridade. Na figura a seguir, podemos apreciar a obra Eugène Delacroix, que ilustra a famosa parábola cristã, O Bom Samaritano. IL BUON SAMARITANO, DE EUGÈNE DELACROIX (1849) FONTE: <https://bit.ly/2YMm1sl>. Acesso em: 19 abr. 2020. A caridade é estimulada em todas as cristãs e não-cristãs mais conhecidas (cristianismo, islamismo, judaísmo, budismo). Trata-se de um ato de zelo com a criação, extensível não apenas ao ser humano, mas aos animais também (a ora- ção de São Francisco de Assis, talvez seja aquela que melhor representa tal ideia, assim como a prática budista de não matar nenhum tipo de ser vivo, por acreditar que eles associam-se diretamente à evolução espiritual das almas). Envolvia pre- cipuamente a distribuição de alimentos, o atendimento a doentes e sobreviventes de guerras, a dação de esmolas e em casos mais extremos, o despojo das pró- prias riquezas em prol dos necessitados e a entrega da vida ao cuidado dos mar- ginalizados, algo mais comum entre aqueles que optavam em seguir o sacerdócio (é possível observar esse processo em filmes épicos, como O Nome da Rosa, de Umberto Eco). Mesmo em religiões pagãs, a caridade também faziam parte: sa- cerdotes e sacerdotisas atuavam em gratuidade em templos (prática comum em templos dedicados a divindades helênicas e romanas). Com o decorrer do tempo, avançou-se para a adoção de crianças, casas de saúde e atendimento aos mais necessitados, com espaços para permanência. Na obra a História da Criança Abandonada, publicada em 2006, Maria Luiza Marcílio descreve a história da demografia histórica, em primoroso trabalho onde discorre sobre a evolução da demografia. Chama atenção a descrição requinta- da das primeiras práticas sobremaneira voltadas à gestão das crianças abando- nadas, entre elas, a Roda dos Expostos, prática comum entre os séculos XIII e XIX, afiançada pelas instituições religiosas que tinham interesse, sobremaneira, em batizar os recém-nascidos (p. 21-111). Descreve a autora que as pessoas que desejavam abandonar seus recém-nascidos, as colocavam sobre um cilindro, o qual era fixado ao muro ou à porta da instituição receptora. Então a referida roda era girada e um sino acionado, para assinalar que mais uma criança havia che- gado. Tal bebê era entregue a amas de leite para serem amamentadas e poste- riormente, a amas secas, com quem permaneciam até os sete anos de idade. Ao atingirem tal idade, eram entregues para atividades produtivas. Tal tragédia foi fomentada sobremaneira pela fome que avançou sobre a Europa Medieval, em meio a sua transição do feudalismo para a sociedade moderna, pré-industrial. A filantropia moderna, mais próxima ao modelo que conhecemos, é nata em meio ao Iluminismo, no século XVIII. De acordo com Trindade (2001, p. 33-34), a primeira organização da filantropia moderna é francesa, fundada em 1780 em Par- is e denominada SocietéPhilantropique de Paris. Tal organização reunia os caval- heiros mais ricos e influentes da capital parisiense e tinha como escopo o auxílio aos necessitados. A autora externa que além desse intuito, a filantropia nata na Revolução Industrial ainda possuia objetivos higienistas e de controle social. O modelo de organizações expande-se e associações passaram a se propagar. Evidentemente, que tal situação avançou e foi incorporada pelo Estado. A filantropia moderna foi incorporada precipuamente pela primeira vez, pela Consti- tuição de Weimar, que no século XIX, foi a primeira a prever mecanismos de pro- moção de bem-estar voltados ao povo alemão. Dela, emanaram-se outros ajustes em textos constitucionais, tal como aconteceu no Brasil, fundando um movimen- to que criou o chamado Estado de Bem-Estar Social ou Estado de Providência (TRINDADE, 2001, p. 34) ou Welfare State. O Estado de Bem-Estar viabilizava precipuamente o processo de oferta de subsídios para a alimentação, moradia, previdência, assistência de saúde. Em seus movimentos iniciais, surgiu em contraposição ao avanço dos movimentos anarquistas e sindicais que estavam em franco processo de emersão no continen- te europeu e asiático, sobremaneira, na Rússia czarista. Graças a inclusão e à promoção da providência estatal, a Alemanha foi um dos únicos países europeus a não enfrentarem conflitos expressivos entre empresários e empregados. No caso brasileiro, o modelo de Estado de Bem-Estar tornou-se realidade em 1934, durante o Governo de Getúlio Vargas, que inseriu na constituição uma série de benefícios aos trabalhadores (MATHIAS-PEREIRA 2010). Destacam-se a institu- ição da previdência social, do salário-mínimo, de programas de combate à seca. Contudo, o casal Vargas, de acordo com a obra Todas as Mulheres dos Presi- dentes, publicado em 2009 pela editora Máquina de Livros e escrito pelos jornalis- tas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, foram protagonistas desde o início dos anos 1930 na área filantrópica. De acordo com os autores, Darcy Lima Saraman- ho realizou, em 1931, pela primeira vez, o Natal dos Pobres, evento que reuniu no Palácio do Catete 10 mil pessoas. O evento prosperou de tal forma, que em 1953 foi transferido para o Estádio do Maracanã, onde compareceram 110 mil pessoas. Em 1942, contudo, para ser aclamada como Mãe da Nação, paripassu ao Pai da Nação, Vargas instituiu a Legião Brasileira de Assistência (LBA), inaugurando a tradição das primeiras-damas da República assumirem as atividades ligadas à Assistência Social. A LBA foi extinta durante a gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso e foi substituído pelo Comunidade Solidária e o Bolsa-Família, que passaram a ser coordenados pela primeira-dama Ruth Vilaça Correia Leite Cardoso. (GUEDES; MELO, 2019). O conhecimento sobre a gestão da assistência social, além de histórico, é crucial para países em desenvolvimento, como no caso do Brasil. Por essa razão, nessa obra didática, você terá a oportunidade de conhecer sobre a governança orçamentária e financeira do Sistema Único de Assistência Social brasileiro. Para facilitar sua compreensão, o livro está dividido em três partes específicas: “Dinâ- mica gerencial do Sistema Único de Assistência Social (SUAS)”, “Financiamento e fontes de recursos no Sistema Único de Assistência Social (SUAS)” e “Controle e Prestação de contas no Sistema Único de Assistência Social”. Na Capítulo 1, você terá a oportunidade de compreender a governança do SUAS, mantidas as proporções da dinâmica organizacional delineada durante a gestão do governo Jair Messias Bolsonaro (é importante ressaltar esse aspecto a medida que cabe ao Presidente da República a organização do poder execu- tivo federal, razão pela qual gestões posteriores a dele podem tanto reestrutu- rar a dinâmica organizacional do poder executivo federal quanto extinguir pastas, como já aconteceu no passado com a LBA). No Capítulo 2, o conteúdo o levará a conhecer a dinâmica orçamentária e da execução orçamentária relacionada aos recursos voltados à Assistência Social. O último capítulo traz importante aspec- to relacionado ao controle na administração pública, abordando as três vertentes previstas em nossa constituição federal: o interno, o externo e o social. Abrange ainda a questão da corrupção os mecanismos para o seu combate. Como é de praxe em todos os materiais didáticos dos programas de pós-gra- duação da Uniasselvi, você terá a sua disposição um conjunto de exercícios pro- postos tanto aqui quanto na plataforma digital, na qual também você encontrará um fórum, gerenciado por um tutor e a avaliação. Recomendo ainda que confira todas as sugestões do Léo, nosso companheiro nessa jornada do conhecimento. Um bom trabalho, uma boa leitura e ótimos estudos! Abraço da professora Mara CAPÍTULO 1 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: • Viabilizar o conhecimento sobre o SUAS, à luz do modelo atualmente conduzi- do pela Secretaria Especial do Desenvolvimento Social vinculada ao Ministério da Cidadania (decorrência da Medida Provisória nº 870/2019, sancionada pelo Presidente da República Federativa do Brasil Jair Messias Bolsonaro, que aglu- tinou os Ministérios do Desenvolvimento Social e dos Esportes). Fazer: • Reconhecer os processos do SUAS, nas suas respectivas esferas: federal, es- tadual e municipal. • Compreender os principais indicadores e ferramentas gerenciais do SUAS. • Conhecer a legislação e os regulamentos relacionados ao SUAS. 12 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS 13 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO O Sistema Único de Assistência Social – SUAS foi criado em 2005 e sedi- mentado no aparato normativo nacional por meio da Lei n. 12.435 de 06 de ju- lho de 2011, sancionada pela então Presidente da República Federativa do Brasil Dilma Vana Rousseff e propunha-se à sofi sticar o texto da Lei n. 8.742, de 07 de setembro de 1993, sancionado pelo então Presidente da República Federativa do Brasil Itamar Franco, que institui a organização da Assistência Social no Brasil. Mantidas as proporções de que são alicerçados pela Constituição Federal, ambos aparatos normativos são imprescindíveis para a compreensão dos propó- sitos e dos interesses do Estado Brasileiro em relação à assistência social, quanto política pública executada por todos os entes federados. Em linhas gerais, a lei prevê que a assistência social no Brasil é um direito do cidadão e ao mesmo tempo um dever do Estado. Tal direito-dever é traduzido pela Política de Seguridade Social não contributiva, responsável pela provisão de míni- mos sociais, devidamente integrados a um conjunto de ações públicas e da socie- dade, capazes de garantir o atendimento às necessidades básicas dos cidadãos desfavorecidos. Esse teor, previsto no caput do artigo 1º da lei 8742/1993 traduz de imediato que tal política deve contar com a participação da sociedade, que se traduz na dinâmica dos conselhos e das conferências de assistência social, sobre os quais discorreremos mais adiante. Isso posto, é imperativo observar os objetivos da assistência social no Brasil, redelineados pela Lei n. 12435/2011: (I) proteção social, visando a garantia da vida, da redução de danos e da prevenção de incidência de riscos; (II) a vigilância socio- assistencial, que visa analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e supressão de vulnerabilidades como ameaças, vitimizações e danos; (III) a defe- sa dos direitos, garantindo amplo acesso às provisões socioassistenciais (BRASIL, 2011). Tais dispositivos, inscritos no artigo 2º da lei supra, esclarecem que a assis- tência social brasileira tem como escopo a promoção da cidadania e da dignidade humana, dois fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil.A proteção social, segundo o art. 2º da lei n. 12345/2011 envolve a atenção à cinco vertentes importantes: • proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; • amparo às crianças e aos adolescentes carentes; • promoção da integração ao mercado de trabalho; • habilitação e reabilitação das pessoas com defi ciência e a promoção de sua integração à vida comunitária; 14 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS • garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com defi ci- ência e ao idoso sem meios de subsistência. Como se pode observar, a intenção prioritária da proteção social é evitar o colapso do núcleo familiar e da depauperação das condições de subsistência de cidadãos brasileiros desde o ventre materno até o fi nal da vida, haja visto que cabe à assistência social o sepultamento digno de pessoas sem meios e indi- gentes. A lógica da lei, entretanto, não é transformar a assistência social como um meio “paternalista” de sustentação longevo, mas sim como um mecanismo de apoio que possa viabilizar a transição do cidadão de um momento de total maze- la e desprestígio econômico e social, de quaisquer naturezas, para um contexto onde ele possa caminhar com as próprias pernas (não à toa, a alínea c, do inciso I, do art. 2º, prevê a promoção da integração ao mercado de trabalho e a reinte- gração de indivíduos). O fomento sustentável dessa transição é imperativa para a garantia da cidadania e da dignidade humana, pois em nenhum momento a lei expressa o seu interesse em criar uma massa de dependentes. A vigilância socioassistencial tem escopo o mapeamento das fragilidades lo- cais (razão do uso do termo territorial) no intuito de mapear a capacidade institu- cional de proteger as famílias em situações como de depauperação da dignidade humana, tal como o trabalho análogo ao escravo, a exploração sexual, a violência doméstica, desequilíbrio na área de segurança causada por atividades paramilita- res e organizações criminosas, tragédias ocasionadas por grandes acidentes ou distúrbios ambientais severos. Por último, tem-se a defesa dos direitos, por meio da oferta de provisões socioassistenciais, convergentes com o mapeamento do ter- ritório. Nesse sentido, inserem-se as políticas públicas, como aquelas direcionadas ao combate à fome (distribuição de cestas básicas), combate aos efeitos da seca (implantação de cisternas ou reservatórios para coleta de água de chuvas ou ainda, distribuição de água com uso de carros-pipa), combate à exploração sexual (ações de monitoramento de famílias inseridas em grupos de risco), tratamento contra de- pendência química (entorpecentes e álcool), acolhimento de pessoas em risco (ca- sas de apoio para mulheres vítimas de violência doméstica e para crianças e ado- lescentes provenientes de domicílios desestruturados), entre outros. Esses objetivos são atingidos pela articulação bipartite entre o Estado e a Comunidade, por meio de suas entidades organizadas, a qual é formalizada por meio dos Conselhos de Assistência Social, presentes em todas as esferas da federação brasileira: União, Estados, Municípios e Distrito Federal. O propósito dessa interação é fomentar a acurada execução das políticas públicas, por meio do acompanhamento ostensivo da aplicação do erário público, cumprimento de indicadores quantitativos e qualitativos, fomento do controle social e otimização da malha de cobertura dos recursos. 15 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Isso posto, nota-se não apenas através da evidenciação dos objetivos legais, mas dos propósitos de organização da institucional da assistência social quanto balizadores de sua governança e de sua gestão. Trata-se de uma vertente seminal para a compreensão do SUAS. Assim sendo, para que possa proporcionar ao leitor uma visão sólida acerca da dinâmica gerencial do SUAS, o presente capítulo abor- dará os seguintes temas: Estrutura gerencial nos Estados Federados; Comissões Intergestores: dinâmica e aparato normativo; Vigilância Socioassistencial: Censo SUAS, Registro Mensal de Atendimentos (RMA); Prontuário Eletrônico Simplifi cado; Prontuário SUAS; Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassisten- cial; Gestão Compartilhada do SUAS: Conceito e Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social (IGDSUAS); Apoio Técnico e Sistema de Informação da Rede do SUAS: Aspectos gerais; Pacto de Aprimoramento do SUAS: Conceitos, Metas de Aprimoramento, Pacto de Aprimoramento do SUAS nos Es- tados e no Distrito Federal e Pacto de Aprimoramento do SUAS nos municípios. O propósito de cada um deles será destacado ao longo do texto. 2 ESTRUTURA GERENCIAL NOS ESTADOS FEDERADOS 2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE O SUAS E GOVERNANÇA O Sistema Único de Assistência Social é um dos sistemas públicos nacio- nais – tal como ocorre no caso do Sistema Único de Saúde – e tem como escopo a gestão de todos os serviços públicos e políticas públicas afeitas à assistência social em território nacional. No que diz respeito ao SUAS, tudo tem sua origem no texto constitucional, quando a República Federativa do Brasil, estabelece como seus fundamentos a cidadania e a dignidade humana e como seus objetivos fundamentais, a constru- ção de uma sociedade livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da mar- ginalização por meio da redução das desigualdades sociais e regionais e a pro- moção do bem de todos, sem preconceitos e discriminações de quaisquer formas. Em suma, o SUAS nasce da vontade nacional de expressar sua valorização do que o país tem de melhor, a sua gente, o seu capital humano, não tolerando qual- quer tipo de desvalia, em nome da prevalência dos direitos humanos. Logo, é de suma importância compreender que a assistência social no Brasil é uma obrigação 16 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS do Estado Brasileiro e de todos os seus entes federados. Entretanto, ela não pode ou deve ser tratada como insumo para promoção política sob pena de ferir-se o princípio da moralidade da administração pública. A assistência social no Brasil, não é favor: é mecanismo de superação da incompetência gerencial dos governos que não conseguem, apesar de bater recordes anuais de arrecadação, não conseguem oferecer políticas públicas consistentes para viabilizar que o povo brasileiro seja econo- micamente sustentável. Além das cláusulas pétreas, a Carta Magna em vigência prevê no Título VIII – Da Ordem Social, capítulo totalmente de- dicado ao tema Seguridade Social, que expressa nos artigos 194 e 195, a dinâmica de funcionamento das iniciativas de promoção da seguridade, onde insere-se a assistência social. Em relevo, a previsão constitucional da gestão (BRASIL, 1988). Art. 195. A seguridade social será fi nanciada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- cípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 10. A lei defi nirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Dis- trito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contraparti- da de recursos. Frente à Constituição, as Leis n. 12.435 de 06 de julho de 2011 e Lei n. 8.742, de 07 de setembro de 1993, sofi sticam as intenções dos legisladores, exprimindo as expectativas em relação ao funcionamento da arquitetura do sistema de Assistência Social no Brasil. Conforme arquitetado no nosso aparato normativo, o SUAS possui uma ele- gante estrutura, conforme exposto na fi gura a seguir: Logo, é de suma importância compreender que a assistência social no Brasil é uma obrigação do Estado Brasileiro e de todos os seus entes federados. Entre- tanto, ela não pode ou deve ser tratada como insumo para promoção política sob penade ferir-se o princípio da moralidade da admi- nistração pública. A assistência social no Brasil, não é favor: é mecanismo de supe- ração da incompe- tência gerencial dos governos que não conseguem, apesar de bater recordes anuais de arrecada- ção, não conseguem oferecer políticas públicas consisten- tes para viabilizar que o povo brasileiro seja economicamen- te sustentável. 17 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 FIGURA 1 – O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL FONTE: A autora Sugerimos a leitura das Leis n. 12.435, de 06 de julho de 2011 e n. 8.742, de 07 de setembro de 1993. Sua leitura é imprescindível para fomento da solidez de sua formação. Os textos podem ser en- contrados facilmente, por meio de pesquisa em algum sistema de pesquisa on-line, como o Google ou Bing. O SUAS é gerenciado pelo Ministério da Cidadania, produto da reestrutura- ção organizacional impetrada durante a gestão do Presidente Jair Messias Bol- sonaro, através de interface com a sociedade civil, que de modo compartilhado, determinam não apenas os regramentos de gestão, como as políticas públicas relacionadas à Assistência Social no Brasil. Suas decisões são suportadas por dois entes: as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e a Comissão Interges- tores Tripartite (CIT). Elas, em conjunto com o Ministério da Cidadania corrobo- ram para a articulação dos esforços e os recursos entre os entes federados, a 18 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS saber, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, os quais são de- vidamente acompanhados e aprovados pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e pelos seus pares simétricos, os Conselhos Estaduais e Munici- pais de Assistência Social (BRASIL, Ministério da Cidadania/Secretaria Especial do Desenvolvimento Social/Assistência Social 2020). Como pode-se observar na Figura 1, o SUAS é suportado pelo Plano Na- cional de Assistência Social (PNAS). Tal política está amparada na LOAS (Lei nº 8742/1993), mais especifi camente em seu artigo 4º, que prevê o seguinte conjun- to de princípios (BRASIL, 1993): Art. 4º - A assistência social rege-se pelos seguintes princípios. I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fi m de tornar o desti- natário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vendando-se qualquer com- provação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem dis- criminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios; serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. Esse dispositivo inscrito na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), ins- creve todos os propósitos da PNAS, a qual foi operacionalizada, efetivamente, por meio da Resolução do CNAS n. 145, de 15 de outubro de 2004, conforme explica CNAS (2016, p. 16). Por meio dessa resolução, os alicerces do SUAS em território nacional passaram a contar um instrumento de governança e de articu- lação entre os entes federados. Irradiado dessa, os procedimentos operacionais padrão do SUAS, foram traduzidos pela Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), cuja primeira versão foi publicada no ano de 2005 (MDS 2005). De acordo com CNAS (2016, p. 12), “[...] estas foram as normativas estruturantes de adesão dos entes federados ao novo modelo de organização e gestão da assistência social em todo o país, impulsionando o mo- vimento de enraizamento da política de Assistência Social no campo do direito”. (interpolação nossa). Como se nota, de acordo com Brasil (2020, s.p.), a PNAS envolve diretamente “[...] estruturas e marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do Distrito Federal”. 19 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Para aprofundar seus estudos sobre a dinâmica do SUAS, é in- dicada a leitura dos seguintes livros institucionais: • Política Nacional de Assistência Social PNAS/ 2004. Publica- do pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no ano de 2005, detalha com riqueza de detalhes a polí- tica nacional. O livro pode ser lido on-line, no endereço: <http:// www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Nor- mativas/PNAS2004.pdf>. • Plano Decenal de Assistência Social 2016-2026. Publicado pelo extinto Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no ano de 2016, discorre sobre o planejamento decenal do Plano Nacional de Assistência Social elaborado pelo Conselho Nacional de Assistência Social. O livro pode ser lido on-line no endereço: <https://bit.ly/2A70QH1>. Voltando à Figura 1, é possível notar que a estrutura do PNAS pode ser seg- mentada em três campos distintos, sendo dois relativos à modalidades de prote- ção social e outro, afeito à gestão do SUAS. As modalidades de proteção social são duas: (a) Proteção Social Básica e (b) Proteção Social Especial. A área de Gestão, por sua vez, diz respeito à gestão dos Benefícios Sociais, ao gerencia- mento do Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social (CNEAS) e a gestão de recursos da Assistência Social propriamente ditos. A Proteção Social, de acordo com SEDS (2020, s.p.), é defi nida como “[...] a garantia de inclusão a todos os cidadãos que encontram-se em situação de vulnerabilidade e/ou em situação de risco, inserindo-se na rede de Proteção Social local”. Por essa razão, ela é segmentada em Básica e Especial. Na Tabela 1 a seguir, são apresentados os con- ceitos, as aplicações e as respectivas formas de operacionalização de cada uma delas. A Proteção Social Básica envolve serviços de assistência social voltados à identifi cação de riscos sociais, que podem ser mitigados por meio da promoção dos laços relacionais, sobremaneira os familiares. Esses serviços são principiados pelo Centros de Referência em Assis- tência Social – CRAS e comumente envolvem atividades voltadas para proteção e atenção à família (acompanhamento de gestantes e recém-nascidos, com oferta A Proteção Social, de acordo com SEDS (2020, s.p.), é defi nida como “[...] a garantia de inclusão a todos os cidadãos que encontram-se em situação de vulnerabilidade e/ ou em situação de risco, inserindo-se na rede de Proteção Social local”. 20 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS de leite, por exemplo), acompanhamento de idosos e pessoas com necessidades especiais (através de atividades integrativas e desportivas, entrega de cadeiras de roda, acompanhamento para serviços de fi sioterapia e renda mínima). TABELA 1 – PROTEÇÃO SOCIAL: MODALIDADES, CONCEITOS, APLICAÇÕES E SERVIÇOS RELACIONADOS Modalidade de Proteção Social Conceito Aplicação Serviços re- lacionados Básica Tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à popula- ção que vive em situação de vulnera- bilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e/ou fragilização de vín- culos afetivos - relacionais e de perten- cimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por defi ciências, dentre outras). A Proteção So- cial Básica tem como porta de entrada do Sis- tema Único da Assistência So- cial os Centros de Referência de Assistência Social - CRAS. • Serviço de Pro- teção e Atenção Integral à Família- -PAIF. • Serviço de Con- vivência e For- talecimento de Vínculos.• Serviço de Pro- teção Social Bá- sica no Domicílio para Pessoas com Defi ciência e Idosas. Especial É a modalidade de atendimento assis- tencial destinada a famílias e indivídu- os que se encontram em situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psí- quicos, abuso sexual, uso de substân- cias psicoativas, cumprimento de me- didas socioeducativas, situação de rua, situação trabalho infantil, entre outras. São situações que requerem acompa- nhamento individual e maior fl exibilida- de nas soluções protetivas, comportam encaminhamentos monitorados, apoios e processos que assegurem qualidade na atenção protetiva e efetividade na reinserção almejada. Os serviços de proteção espe- cial têm estreita interface com o sistema de ga- rantia de direitos, exigindo muitas vezes uma ges- tão mais com- plexa e compar- tilhada com o Poder Judiciário, Ministério Pú- blico e outros órgãos e ações do Executivo • Proteção Social Especial de Mé- dia Complexidade • Proteção Social Especial de Alta Complexidade • CREAS • CENTRO POP. FONTE: Adaptado de SEDS (2020) A Proteção Social Especial, por sua vez, já atende casos mais complexos, onde existem crimes contra a dignidade humana e a dignidade sexual, os quais 21 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 demandam articulado enforcement estatal para oferta de garantias às vítimas. Enquadram-se nessa modalidade de atendimento serviços de média complexida- de, como abordagem e acompanhamento de pessoas em situação de residência em rua, medidas socioeducativas à jovens delinquentes, mitigação de trabalho infantil. No caso dos atendimentos especiais de alta complexidade, envolvem-se serviços como acompanhamento institucional integral, casa de apoio para vítimas de violência doméstica, casa de apoio para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, albergue, medidas socioeducativas para apenados em regimes semiabertos e abertos, família substituta e família acolhedora, asilos. Todos esses trabalhos são executados pelo Centro de Referência Especializado em Assistên- cia Social (CREAS) e pelo Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua (CENTRO POP). Nas fi guras a seguir, é possível observar duas iniciativas relacionadas às proteções sociais básica e especial. FIGURA 2 - EXEMPLOS DE PROTEÇÃO SOCIAL TRADUZIDOS PELO MARKETING PÚBLICO FONTE: <https://bit.ly/2L8zKBC>; <https://bit.ly/3b61lOd>. Acesso em: 19 abr. 2020. Recomendamos a entrevista com a Especialista Isa Guará, as- sessora da Associação dos Pesquisadores de Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente (Neca). Disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=sdXEZD3EkiM>. 22 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS A Gestão do SUAS envolve a oferta de Benefícios Sociais, segmentados se- gundo a modalidade de risco e vulnerabilidade, o Cadastro Nacional de Entidades e Organizações de Assistência Social (CNEAS) e a concessão de certifi cação à entidades benefi centes e a gestão de recursos, por meio das decisões colegiadas das Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT) (BRASIL, 2020). Os Benefícios Sociais, de acordo com a Lei n. 8742/1993, podem ser clas- sifi cados em benefícios de prestação continuada (BCP), benefícios de prestação eventuais (BPE) e em serviços sociais. Confi ra as distinções de cada um deles, na Tabela 2. TABELA 2 – TAXONOMIA DOS BENEFÍCIOS SOCIAIS Modalidade de benefício social Conceito na base legal Exemplos de produtos Prestação Continuada O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de defi ciência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de defi ciência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho. Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de defi ciência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo. Trata-se de um benefício revisto a cada dois anos. • Programa BCP na Escola • Programa BCP Trabalho • Bolsa-Família. • Tarifa social ener- gia • Tarifa social água • Vale-gás. Eventuais Entendem-se por benefícios eventuais aqueles que vi- sam ao pagamento de auxílio por natalidade ou morte às famílias cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo. A concessão e o valor dos benefícios de que trata este artigo serão regulamentados pelos Conselhos de Assistência So- cial dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante critérios e prazos defi nidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Poderão ser estabelecidos outros benefícios eventuais para aten- der necessidades advindas de situações de vulnera- bilidade temporária, com prioridade para a criança, a família, o idoso, a pessoa portadora de defi ciência, a gestante, a nutriz e nos casos de calamidade pública. Eles obrigatoriamente tem de estar relacionados ao momento do nascimento, da morte, da vulnerabilidade temporária e na calamidade pública. • Situação de Cala- midade Pública. • Aluguel Social. • Auxílio natalidade. • Auxílio funeral. 23 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Serviços Sociais Entendem-se por serviços assistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabeleci- das em lei. Esses serviços são direcionados a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social e às pessoas que vivem em situação de rua. • Programa de Pre- venção às Dro- gas. • Programa Crian- ça Feliz. FONTE: Brasil (1993; 2020) Além de gerir os benefícios sociais, devidamente amparados pela Política Nacional de Assistência Social, cabe ao CNAS a gestão e a atualização do CNE- AS, conforme expressa o inciso XI, 19, da Lei 8742/2013: “[...] XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de entidades e organizações de assis- tência social, em articulação com os Estados, os Municípios e o Distrito Federal [...]” (BRASIL, 1993). O CNEAS refere-se à uma ferramenta gerencial, que tem como objetivo a compilação de informações sobre as entidades especializadas em assistência social no país e a sua respectiva oferta de serviços socioassisten- ciais. Além disso, trata-se de um meio de interface entre o Estado e a sociedade, onde, exalta-se a relevância das organizações do terceiro setor como estratégicas para o SUAS (BRASIL, 2020). O cadastro no CNEAS é demandado por entidades de terceiro setor de direito público ou privado sem fi ns lucrativos. Para melhor compreensão do sistema CNEAS, indicamos o site: <https://bit.ly/3drXTPt>. Nesse endereço, você terá a oportunidade de conhecer as etapas do cadastramento e os formulários que são utilizados pelo Governo Federal para o cadastramento de sua entida- de. Sugerimos ainda: • Teleconferência fala sobre o Cadastro Nacional de Entidades de Assistência Social (CNEAS). Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=2q-q-md46TY>. • Tutorial de preenchimento do CNEAS (Canal ofi cial do Ministé- rio das Cidades no Youtube; contém 07 vídeos). Disponível em: <https://bit.ly/2zlZjfF>. 24 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Além do cadastramento das entidades benefi centes, o Governo Federal, após o cadastro no CNEAS, ainda oferece certifi cação, em três modalidades: para entidades especializadas na área de educação, na área de saúde e na área de assistência social. Nas fi guras seguintes, é possível conhecer os selos das cer- tifi cações CEBAS para a área de Assistência Social e para a área de Educação, respectivamente.FIGURAS 3 – CERTIFICAÇÕES DAS ENTIDADES BENEFICENTES ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO FONTE: <https://bit.ly/3cdpJ1P>; <http://cebas.mec.gov.br/>. Acesso em: 19 abr. 2020. Para saber mais sobre as certifi cações de entidades benefi cen- tes, acesse os seguintes endereços: • CEBAS EDUCAÇÃO. Disponível em: <http://cebas.mec.gov.br/>. • CEBAS ASSISTÊNCIA SOCIAL . Disponível em: <https://bit. ly/2YFOzmZ>. • CEBAS SAÚDE. Disponível em: <https://bit.ly/3b8vJI0>. Indicamos ainda o vídeo institucional do Ministério das Cidades, versando sobre o CEBAS Assistência Social. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=vujVRCvzwOA>. Isso posto, é fundamental compreendermos a dinâmica da Gestão de Recur- sos. Essa gestão é realizada por meio de dois fóruns colegiados: as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT) (BRA- SIL, 2020). Essas comissões são de ampla utilização na administração pública e podem ser encontradas em diversos segmentos da Administração, tais como na área de saúde, educação, segurança pública, com a mesma nomenclatura ou 25 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 com nomenclatura distinta. As Comissões são instituídas por lei e seus membros, indicados formalmente. Seu papel, particularmente no campo da assistência so- cial, é viabilizar a execução dos dispositivos previstos na LOAS e na NOB/SUAS e ao mesmo tempo, fomentar o controle social e a participação democrática nas decisões relacionadas às estratégias nacionais de assistência social. Alguns exemplos de reuniões das CIBs e das CIT: • Reunião da CIBs – Governo do Estado de Mato Grosso. Disponí- vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=VL7DVd-6wR4>. • Reunião da CIBs – Governo do Estado do Rio de Janeiro. Dispo- nível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wO3BccuXXgU>. • Reunião da CIT – DATASUS. Disponível em: <https://bit.ly/2YHji36>. Expressa a dinâmica de governança e funcionamento do SUAS, passaremos agora, ao estudo das responsabilidades dos entes federativos, conforme expres- so na LOAS. Atividade De Estudo 1 Acesse o site da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, visite a área dedicada à Secretaria Municipal de Assistência Social desse muni- cípio e na sequência, realize a leitura e a análise de conteúdo das atas de reuniões do Mesa de Diálogo e de Negociação Permanente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) com o Sistema de Garantia de Direitos e Sistema de Justiça indicadas a seguir: • ATA 1 – Disponível em: <https://bit.ly/3fqbhWn>. • ATA 2 – Disponível em: <https://bit.ly/2ypUbHC>. • ATA 3 – Disponível em: <https://bit.ly/2YE2Xw2>. • ATA 4 – Disponível em: <https://bit.ly/3dkI5yb>. Após a leitura das atas, preencha o quadro a seguir (que você também pode desenvolver, utilizando uma planilha eletrônica): 26 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Itens requeridos ATA 1 ATA 2 ATA 3 ATA 4 Data da reunião Autoridades presentes na reunião (nomes e cargos) Assuntos discutidos relacionados ao SUAS Após a realização do exercício, é possível que já tenha compreendido a im- portância estratégia do assunto para a Administração Pública. Agora, estudare- mos as responsabilidades dos Entes Federativos. • Casa da Roda de Caira. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=Nqd9glhV3iA>. • Roda dos Expostos. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=I-l8X4AAZjY>. • O que é a Roda dos Expostos. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=_x_tdSNIzo4>. 2. 2 RESPONSABILIDADES DOS ENTES FEDERATIVOS A dinâmica do SUAS, como já visto, está diretamente associada aos disposi- tivos inscritos na LOAS, a Lei nº 8742/2013. As iniciativas entre os entes federa- dos, a saber a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, são articu- ladas, descentralizadas e participativas, conforme expressa o caput do artigo 6º: “[...] [a]s ações na área de assistência social são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área” (BRASIL, 1993). 27 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Como já visto, essas entidades são os Conselhos de Assistência Social e as Comissões Bipartite e Tripartite, todos instituídos em cada um dos níveis de go- verno (municipal, estadual e federal), que atuam no delineamento das políticas de assistência social que executarão. Nos termos do artigo 8º da 8742/1993, “[...] [a] União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, observados os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, fi xarão suas respectivas Políticas de Assistên- cia Social”. Esse dispositivo reforça o fato de que as ações desenvolvidas pelos governos não são concorrentes ou independentes entre si, mas sim, articuladas: o foco é a promoção da dignidade humana. Essa relação, além de harmonizar ações executadas pelos diferentes níveis de governo, ainda viabilizam o trânsito dos recursos fi nanceiros que são aplicadas pelo SUAS. Essa interlocução fi ca clara também ao observarmos o disposto nos artigos 10 e 11 da LOAS, conforme- -se pode-se observar no extrato em relevo (BRASIL, 1993): Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações de assistência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos respectivos Conselhos. Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assistência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (BRASIL, 1993, grifo nosso). É importante observar que além da articulação, o dispositivo ainda coloca em relevo a possibilidade de celebração de convênios entre entidades benefi centes especializadas do terceiro setor (podendo estas serem certifi cadas ou não), des- de que tais convênios e planos a eles associados sejam aprovados pelos Conse- lhos de Assistência Social, vinculados a seu respectivo ente federativo. Na Tabela 3, apresenta-se as competências de cada ente federativo, confor- me expresso na Lei n. 8742/2013, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). TABELA 3 – COMPETÊNCIAS DE CADA ENTE FEDERATIVO NO SUAS Nível de Governo Dispositivo Lei 8742/1993 Competências previstas União Art. 12 I. Responder pela concessão e manutenção dos benefícios de pres- tação continuada defi nidos no art. 203 da Constituição Federal; II. Apoiar técnica e fi nanceiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito nacional; III. Atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência. 28 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Estados Art. 13 I. Destinar recursos fi nanceiros aos Municípios, a título de partici- pação no custeio do pagamento dos auxílios natalidade e fune- ral, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social; II. Apoiar técnica e fi nanceiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito regional ou local; III. Atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência; IV. Estimular e apoiar técnica e fi nanceiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social; V. Prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifi quem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. Distrito Federal Art. 14 I. Destinar recursos fi nanceiros para o custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelo Conselhode Assistência Social do Distrito Federal; II. Efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III. Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV. Atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V. Prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. Muni- cípios Art. 15 I. Destinar recursos fi nanceiros para custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidas pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; II. Efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; III. Executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV. Atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V. Prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei. FONTE: Adaptado de Brasil (1993) Como pode-se observar, enquanto os Benefícios de Prestação Continuada (BCP) fi cam sob responsabilidade precípua da União, os Benefícios de Prestação Eventuais, precipuamente, fi cam à cargo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, desde que aprovados pelos seus respectivos Conselhos de Assistên- cia Social, que devem estabelecer os critérios de concessão. A esses, cabem ain- da o estabelecimento de convênios com organizações do terceiro setor, para a execução de projetos de mitigação da pobreza, além, evidentemente, de estraté- gias de caráter emergencial. Cabe a eles também o desenvolvimento de serviços sociais que voltem-se ao atendimento de crianças e adolescentes em risco pesso- al e social e ainda, à população que vivem em situação de rua. 29 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Para fi xar os aspectos abordados nessa seção, indicamos a lei- tura do caso “Parceria intersetorial em políticas sociais: o controle da frequência escolar no Programa Bolsa Família” que apresenta aspec- tos das políticas públicas de assistência social no processo de mitiga- ção de mazelas sociais que afetam diretamente a dignidade humana. Pode-se observar ainda as externalidades positivas das estratégias de Assistência Social. Disponível em: <https://bit.ly/3dpmFQw>. Concluída a seção onde discorremos sobre a governança do SUAS e res- pectivamente, as responsabilidades dos entes federativos na gestão das PNAS, apresentaremos a seguir, alguns aspectos sobre as comissões intergestores. 3 COMISSÕES INTERGESTORES: DINÂMICA E APARATO NORMATIVO Como já vimos, a gestão do SUAS é participativa e valoriza o controle social. Por essa razão, ela conta com duas instâncias de pactuação: a Comissão Inter- gestores Bipartite (CIB) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Essas instân- cias estão presentes em todos os níveis de governo. De acordo com o MDS (2005, p. 43-46), tal dinâmica alinha-se com a propos- ta institucional de promover a descentralização político-administrativo e ao mes- mo tempo, a valorização de territórios, com o intuito de oferecer um atendimento strictu sensu às demandas de assistência social. No campo da assistência social, o artigo 6º, da LOAS, dispõe que as ações na área são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social, articulando meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instâncias deliberativas, compostas pelos diversos setores envolvidos na área (MDS, 2005, p. 43). 30 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS FIGURA 4 – INTERLOCUÇÃO DOS ENTES FEDERATIVOS, EXE- CUTORES DO SUAS E AS INSTÂNCIAS DE PACTUAÇÃO FONTE: A autora Embora articuladas entre si, é importante ressaltar que a Política Nacional de Assistência Social possuem um comando único, o Ministério da Cidadania. E que, tanto o Conselho de Assistência Social, como as Comissões, sejam elas biparti- tes ou tripartes, são imprescindíveis para que as políticas de assistência social, o fomento da rede socioassistencial local e a gestão dos recursos fi nanceiros e sua respectiva fi scalização, sejam realizados de forma adequada, em convergência com a lei (MDS, 2005). Qual a função de cada comissão? Na verdade, existem três instâncias colegiadas: o Conselho de Assistência Social, o CIB e a CIT. Os Conselhos de Assistência Social, nos termos do artigo 16, da Lei 8742/1993, estão presentes em todos os níveis de governo, sendo assim nome- ados: Conselho Nacional de Assistência Social; Conselhos Estaduais de Assis- 31 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 tência Social, Conselho de Assistência Social do Distrito Federal e os Conselhos Municipais de Assistência Social. De acordo com o caput desse artigo, ela consti- tuem-se em “[...] instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participati- vo de assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre go- verno e sociedade civil [...] (BRASIL, 1993). Conforme dispõem a Lei 8742/1993, o mandato tem duração de dois anos e é composto por 09 representantes do governo, 09 representantes da sociedade civil (usuários do sistema, entidades, assistência social e trabalhadores do setor, escolhidos em fórum fi scalizado pelo Ministério Público). Esses conselhos possuem as seguintes atribuições, conforme expresso no artigo 18 da Lei 8742/1993 (lembrando que as prerrogativas nacionais, em razão da simetria legal, são irradiadas para as legislações dos demais entes federados, que de acordo com o art. 8º, devem fi xar suas próprias políticas de assistência social) (BRASIL, 1993): I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social; III - acompanhar e fi scalizar o processo de certifi cação das en- tidades e organizações de assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de assistência social certifi cadas como benefi - centes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e partici- pativo de assistência social; VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de Assis- tência Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes para o aperfeiçoamento do sistema; VII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social; VIII - aprovar critérios de transferência de recursos para os Es- tados, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais equitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da Lei de Di- retrizes Orçamentárias; IX - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados; X - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS); 32 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS XI - indicar o representante do Conselho Nacional de Assistên- cia Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade Social; XII - elaborar e aprovar seu regimento interno; XIII - divulgar, no Diário Ofi cial da União, todas as suas deci- sões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos. As Comissões Intergestores Bipartite (CIB), assim comoas Comissões Inter- gestores Tripartite, são “[...] espaços de articulação e expressão de demandas dos gestores federais, estaduais e municipais [responsáveis pela negociação e pactuação] sobre aspectos operacionais da gestão do SUAS [mantendo] contato permanente [entre si] de modo a garantir a troca de informações sobre o processo de descentralização” (BRASIL, 2020) (Interpolação nossa). Essas comissões são essenciais para a atividade de controle social. Um bom exemplo que viabiliza sua melhor compreensão desse papel na qualidade da exe- cução da Política Nacional de Assistência Social, pode ser encontrada a seguir, no Léo Estudando. Ato em defesa do Sistema Único de Assistência Social tem grande apoio e resulta em carta para Brasília Leomar Alves Rosa – Secretaria de Estado de Direitos Hu- manos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) Categoria: Assistência Social – Publicado: quarta-feira, outubro 18, 2017, às 13:33 Membros da Comissão Intergestores Bipartite reunidos em reunião Fotos: Matheus Barreto 33 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Campo Grande (MS) – O ato em defesa do Sistema Único de Assistência Social, realizado na manhã desta quarta-feira (18), na Escola do SUAS/MS “Mariluce Bittar”, na Capital, mobilizou diversos segmentos da sociedade em defesa da manutenção do orçamento para o ano de 2018 do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). A atual proposta orçamentária apresentada à Câmara Federal tem um valor simbólico de R$ 78 mi, para a gestão do SUAS, além do corte de 11% anunciado para o Programa Bolsa Família. A titular da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assis- tência Social e Trabalho (Sedhast), Elisa Cleia Nobre, pontuou que o momento exige mobilização. “Essa proposta orçamentária nem de- veria ter sido cogitada, mas já que foi precisamos nos indignar diante do fato e lutar. Essa é uma mobilização de todos nós, pois o SUAS é um sistema que dá certo e precisa ser respeitado”, disse. Para a representante do Fórum Estadual dos Usuários do SUAS, Maria Aparecida Borges, a preocupação com o assunto deve ser grande. A representante expressou ainda durante sua fala a traje- tória de luta para o crescimento da área dentro do SUAS e a garantia de direitos na sociedade. O deputado estadual, Rinaldo Modesto, considerou a propos- ta de redução incabível. “Não podemos permitir que num momento como esse, qual o País atravessa, se venha retirar recursos dos mais frágeis, e com mais vulnerabilidade”, alertou em seu discurso de de- fesa do SUAS. Os deputados estaduais, João Grandão e Lídio Lopes, também presente no ato de apoio, reforçaram a importância do SUAS dentro da sociedade como um todo, dizendo ainda que por muitas vezes a assistência social recebe demandas de outras áreas e mesmo com difi culdade se propõe a resolve-las e ainda a dar os encaminhamen- tos necessários. Do ato surgiu uma carta que será encaminhada pelo governador Reinaldo Azambuja e pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ju- nior Mochi, ao presidente Michel Temer, durante agenda programada para os próximos dias. Também participaram do evento a vereadora enfermeira Cida Amaral, representando a Câmara Municipal de Campo Grande; a vi- ce-prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes; o professor e pró-rei- 34 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS tor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Angelo Motti; Sérgio Wanderly, presidente do Colegiado Estadual de Gesto- res Municipais de Assistência Social de Mato Grosso do Sul (Coege- mas), além da representante do Fórum Estadual dos Trabalhadores do SUAS, Silvia Regina Nakmatsu, e do Fórum Permanente de As- sistência Social (FASEMS), Suely Gomes. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2zYLJzc>. Acesso em: 19 abr. 2020. Como pode-se observar, tanto a CIT como as CIBs são imprescindíveis para o êxito das PNAS. Acrescenta-se ainda que a CIT, de acordo com Brasil (2020) são compostos também pela representação do Ministério das Cidades (União), pelo Fórum Nacional de Secretários de Assistência Social – Fonseas (Estados e Distrito Federal) e pelo Colegiado Nacional de Gestores de Assistência Social - Congemas (Municípios). Dentre as suas principais funções, ainda de acordo com Brasil (2020), ressaltam-se: a pactuação de estratégias para implantação e ope- racionalização das PNAS, o estabelecimento de acordos sobre questões opera- cionais da implantação dos serviços, programas, projetos e benefícios, a atuação como fórum de pactuação de instrumentos, parâmetros, mecanismos de imple- mentação e regulação e pactuação dos critérios e procedimentos de transferên- cias de recursos para confi nanciamentos e outros acordos relativos à gestão de recursos pecuniários. Para compreender melhor a dinâmica operacional do SUAS e principalmente o papel das Comissões Intergestores, indicamos a lei- tura do livro “Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS NOB-RH/SUAS”. O material está disponível para download no seguinte endereço: <https://bit.ly/3ccOong>. 35 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 4 VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL: CENSO SUAS, REGISTRO MENSAL DE ATENDIMENTOS (RMA); PRONTUÁRIO ELETRÔNICO SIMPLIFICADO; PRONTUÁRIO SUAS; ENCONTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Como vimos, a PNAS tem, dentre seus objetivos, a promoção da descentra- lização da gestão das políticas de assistência social e a promoção do território. Nesse campo, além da organização de uma política própria, a instituição de con- selhos e comissões e de órgãos como o CRAS e o CREAS, cabe o diagnóstico e o monitoramento das demandas socioassistenciais, que podem variar de municí- pio para município, de região para região. De acordo com Brasil (2020), a Vigilância Socioassistencial, que também pode ser denominada de Sistema de Vigilância Socioassistencial (Figura 5), rela- ciona-se ao processo de “[...] produção, sistematização, análise e disseminação de informações territorializadas” (BRASIL, 2020), com os seguintes enfoques: (a) diagnóstico e monitoramento de situações de vulnerabilidade e risco e (b) tipifi ca- ção, mensuração (qualitativa e quantitativa) e estabelecimento de critérios para normalização dos padrões de qualidade dos serviços de assistência social. O sistema de informações de assistência social ainda fomenta a oferta de dados fi dedignos para o SUAS, em caráter de fl uxo contínuo. Tais informações são essenciais para, se necessário for, o reposicionamento das políticas públicas, estabelecimento de prioridades e determinação de alocação de recursos. 36 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS FIGURA 5 – SISTEMA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL FONTE: <http://simvis.com.br/site/sobre-nos/>. Acesso em: 19 abr. 2020. Como pode-se observar na fi gura anterior, todos os serviços públicos, que de uma forma ou de outra tangenciam a área de assistência social, são fornece- dores de informações para o Sistema de Vigilância Socioassistencial (SIMVIS). Isso envolve inclusive comunicações/depoimentos realizados em redes sociais utilizadas por indivíduos acompanhados, haja visto que constituem-se em fontes de identifi cação de riscos. A ideia é que por meio do SIMVIS, o governo, indepen- dentemente de seu nível, possa ser efi ciente, tanto na entrega do serviço público ou do benefício social, quanto na gestão dos recursos aplicados na execução das estratégias defi nidas em sua política de assistência social. Para a operacionalização da Vigilância Socioassistencial, o SUAS prevê as seguintes ferramentas: (a) o Censo SUAS; (b) o Registro Mensal de Atendimentos (RMA); (c) o Prontuário SUAS; (d) o Prontuário Eletrônico Simplifi cado; e (e) o En- contro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial do SUAS (BRA- SIL, 2020). Conheça o conceito de cada um deles por meio da tabela a seguir. 37 DINÂMICA GERENCIALDO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 TABELA 4 – COMPONENTES DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL Mecanismo do Sistema de Vigilância Socioassistencial Conceito CENSO SUAS O Censo SUAS é um processo de monitoramento que coleta da- dos por meio de um formulário eletrônico preenchido pelas Se- cretarias e Conselhos de Assistência Social dos Estados e Mu- nicípios. É realizado anualmente desde 2007, por meio de uma ação integrada entre a Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) e foi regulamentado pelo Decreto nº 7.334 de 19 de ou- tubro de 2010. São seus objetivos: Produzir dados sobre a imple- mentação da política de assistência social no país; Aperfeiçoar a gestão do SUAS e a qualidade dos serviços socioa- ssistenciais prestados à população; Identifi car avanços, limitações e desafi os da institucionalização do SUAS; Fornecer informações que permitam ao poder público dar transparência e prestar contas de suas ações à sociedade. Registro Mensal de Atendimento – RMA O Registro Mensal de Atendimentos (RMA) é um sistema onde são registradas mensalmente as informações relativas aos servi- ços ofertados e o volume de atendimentos nos Centros de Re- ferência da Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) e Centro de Refe- rência Especializado para População em Situação de Rua (Cen- tros POP). Seu principal objetivo é uniformizar essas informações e, dessa forma, proporcionar dados qualifi cados que contribuam para o desenvolvimento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), conforme as determinações das Resoluções da Comis- são Intergestores Tripartite (CIT) n° 4/2011 e n° 20/2013. Na me- dida em que tais informações são registradas mensalmente pelas unidades, é possível mapear tanto a oferta de determinados servi- ços, quanto o volume de atendimento. Assim, o RMA tem um pa- pel essencial no planejamento e na tomada de decisões no campo das políticas públicas de Assistência Social. Prontuário SUAS O Prontuário SUAS é um instrumento técnico formado por um conjunto de informações relativas à família ou membro familiar que possibilita a comunicação entre os membros da equipe de referência do CRAS ou do CREAS e a continuidade do serviço prestado ao indivíduo. O Prontuário SUAS tem como objetivo principal contribuir para a organização e qualifi cação do conjunto de informações necessá- rias ao diagnóstico, planejamento e acompanhamento do trabalho social realizado com as famílias e indivíduos no âmbito do PAIF, do PAEFI e do Serviço de Medidas Socioeducativas 38 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Prontuário Eletrôni- co Simplifi cado O Prontuário Eletrônico Simplifi cado é um sistema que permite o registro dos atendimentos/acompanhamentos às famílias que pro- curam o SUAS, por meio do registro do nome e do NIS (número de identifi cação social). É um registro simples, rápido e fácil, mas que permite aos operadores da política de Assistência Social re- gistrar e compartilhar informações sobre o acesso das famílias e indivíduos aos serviços socioassistenciais. Além disso, por meio do Prontuário Eletrônico Simplifi cado o técnico terá acesso a um amplo conjunto de informações já coletadas e registradas em ou- tros sistemas. Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial do SUAS O Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassis- tencial é uma realização do Ministério de Desenvolvimento Social, por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social. Trata-se de iniciativa realizada desde 2007 e é parte importante do processo de consolidação e legitimação da Vigilância Socioassistencial e do Sistema Único de Assistência Social. FONTE: Adaptado de Brasil (2020) Para se aprofundar no tema SIMVIS, sugerimos o estudo dos seguintes conteúdos: • Sobre o CENSO SUAS. Disponível em: <http://aplicacoes.mds. gov.br/sagi/snas/vigilancia/index2.php>. • Sobre o RMA. Disponível em: <https://aplicacoes.mds.gov.br/ sagi/atendimento/auth/index.php>. • Sobre o Prontuário SUAS e o Prontuário Eletrônico Simpli- fi cado. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/snas/ vigilancia/index3.php>. • Sobre o Encontro Nacional de Monitoramento e Vigilância Socioassistencial. Disponível em: <http://aplicacoes.mds.gov.br/ sagi/snas/vigilancia/index4.php>. É muito importante que você dedique um bom tempo aos estudos de todos esses conteúdos, avançando inclusive na leitura de todos os manuais técnicos, para fomento da exímia qualidade de formação nesse assunto. 39 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Exposta a questão do Sistema de Vigilância Socioassistencial, discorre-se sobre a Gestão Compartilhada do SUAS, propriamente dita. O compartilhamento gerencial do SUAS, conforme já exposto, ocorre por meio da articulação entre as unidades da federação e respectivos níveis de go- verno, além da promoção da participação democrática em nível de território, da sociedade civil organizada, dada por meio dos conselhos e comissões. Como o aspecto da gestão já foi exaustivamente abordado ao longo desse capítulo, foca- remos a nossa atenção no Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social - IGDSUAS. Conforme expõe MDS (2012, p. 3), o êxito com a experiência do Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família foi determinante para o IGDSUAS. Ainda conforme o MDS (2012), o referido índice tem como escopo a avaliação da “[...] qualdiade da gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais no ambito dos municípios, DF e estados, bem como a articulação intersetorial”. O indicador é essencial para a defi nição da alocação e distribuição dos recursos públicos, sobremaneira os da União. Tal informação, portanto, valoriza a promoção da equidade, por meio da distribuição desigual de recursos entre os entes da federação. Em outras palavras, recebe mais, quem precisa mais. O IGSUAS é amparado pelos seguintes dispositivos legais: Lei n. 12.435/2011, que altera a Lei n. 8.742/1993 (LOAS) e regulamentado pelo Decre- to n. 7.636/2011 e pelas Portarias n. 337/2011 e n. 07/2012 (MDS, 2012). Para conhecer os procedimentos metodológicos para o cálculo do IGDSUAS, estude atentamente o Caderno de Orientações sobre o Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social. Disponível em: <http://portalsocial.sedsdh.pe.gov.br/sigas/ca- pacitasuas/arquivos/2015/modulo02/recife/caderno-de-orientacoes- -igdsuas-marcos-orcamento.pdf>. Além do IGDSUAS, vale a pena discorrer sobre o Apoio Técnico e o Sistema de Informação da Rede do Suas. 40 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Atividade De Estudo 1 Com base na Figura 5 (Sistema de Vigilância Socioassistencial), desenhe o organograma do Sistema de Vigilância Socioassisten- cial da sua cidade. R.:____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5 APOIO TÉCNICO E SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA REDE DO SUAS: ASPECTOS GERAIS O suporte para a execução do SUAS é realizado por meio do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação – SAGI. De acordo com Brasil (2020), a referida secretaria é responsável pelo fomento de políticas públicas e capacitação de pessoal, ela também responde pelo “[...] moni- toramento, avaliação, gestão da informação e capacitação dos agentes públicos [...] [responde ainda pela gestão da] maior base de dados de políticas sociais para a população de baixa renda: o Cadastro Único para Programas Sociais do Gover- no Federal” (interpolação nossa). A SAGI favorece não apenas a gestão da informação,mas também estrutura para aprimoramento e oferta de inovação no campo de políticas públicas direcio- nadas à Assistência Social. Por essa razão, o adequado abastecimento das bases do SIMVIS, conjugado com o cálculo do IDGSUAS, além de trocas de experiên- cias entre todos os atores envolvidos no sistema de assistência social brasileiro. 41 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Para melhor compreensão da dimensão da SAGI, recomenda- -se a navegação no site do Ministério da Cidadania e o estudo do farto volume de estudos e outras informações pertinentes ao sistema de gerenciamento. Acesse: <https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/por- tal/index.php?grupo=164>. Embora essa seção seja aparentemente curtinha, esperamos que você te- nha compreendido a sua relevância e dimensão, através do estudo acurado da sugestão realizada pelo Léo. Isso posto, apresentaremos nossa última seção des- te capítulo, que trata do Pacto de Aprimoramento do SUAS: Conceitos, Metas de Aprimoramento, Pacto de Aprimoramento do SUAS nos Estados e no Distrito Fe- deral e Pacto de Aprimoramento do SUAS nos municípios. Vamos lá? 6 PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS: CONCEITOS, METAS DE APRIMORAMENTO, PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS NOS ESTADOS E NO DISTRITO FEDERAL E PACTO DE APRIMORAMENTO DO SUAS NOS MUNICÍPIOS Como toda política pública, o aprimoramento deve ser pactuado, em virtude das exímias proposições previstas em nossa Carta Constitucional. No caso do SUAS, tal pacto é forjado no âmago da Comissão Intergestores Tripartite. 42 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS Exemplo de Pacto de Aprimoramento do SUAS Defi nido Pacto de Aprimoramento do Suas 23 de fevereiro de 2017 Depois de várias reuniões e debates, meses de estudos, acer- tos e análises, foi defi nido o texto fi nal do Pacto de Aprimoramento do Sistema Único de Assistência Social (Suas). O último item a ser pactuado era a meta 4, que tratava do cofi nanciamento dos municí- pios. O acerto foi defi nido, em Brasília, durante a 153° Reunião da Comissão Intergestores Tripartite(CIT), integrada por membros do Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social (Fonseas) – presente com 20 estados – Conselho Nacional de Ges- tores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS) e Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS). Diante dos problemas fi nanceiros dos estados, foi adotada uma estratégia com maior precaução, dentro do que os secretários es- taduais apontaram como “realidade atual” . Dessa forma, as metas fi caram da seguinte maneira: os estados que cofi nanciam menos de 10% dos municípios objetivarão atingir o patamar de até 10% até 2018 e 20% até 2019; aqueles que cofi nanciam entre 20% e 40% das cidades, planejam alcançar entre 40% até 2019 e os estados que cofi nanciam entre 40% e 60% , a meta é atingir 60% até 2019. Cinco estados que cofi nanciam menos de 10% determinaram alcançar o total de 10% até o fi nal de 2017. A CIT debateu ainda a questão do Acessuas e como os muni- cípios podem acessar o saldo de verbas que nunca usaram e como podem obter novos repasses. De acordo com os coordenadores do programa há R$ 93 milhões em saldo que as cidades nunca utiliza- ram. Para que isso possa ser acessado é necessário que haja uma repactuação, com metas a serem defi nidas. A defi nição de critérios e metas fi cou para outra reunião. O Acessuas é um programa do MDSA que visa a promoção do acesso ao mundo do trabalho. FONTE: Disponível em: <http://fonseas.org.br/defi nido-pacto-de- -aprimoramento-do-suas/>. Acesso em: 26 abr. 2020. Como pode-se observar, o propósito do pacto é a consolidação de metas exequíveis entre todos os entes federativos, de forma que a PNAS seja cumprida diligentemente. 43 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 Para você compreender melhor o que é o Pacto de Aprimora- mento do SUAS e os respectivos indicadores acordados, indicamos os seguintes vídeos: • Pacto de Aprimoramento do SUAS – Associação Mineira de Mu- nicípios. Disponível em: <https://bit.ly/2Lb9NBq>. • Palestra: A Proteção Social Especial e o Pacto de Aprimoramento do SUAS. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=I- gl2w54rDtw>. Esperamos que a sua trilha de estudos até aqui tenha acontecido com muito êxito, apresentamos a seguir as considerações fi nais desse capítulo. Atividade de Estudo 1 Quais são as responsabilidades dos entes federativos no con- texto do Sistema Único de Assistência Social nos termos da Lei 8742/1993? R.:____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ALGUMAS CONSIDERAÇÕES As políticas públicas de assistência social no Brasil têm como objetivo pre- cípuo a promoção da cidadania e da dignidade humana, por meio da oferta de serviços e benefícios aos brasileiros em situação de risco pessoal e social, em quaisquer faixas etárias. Trata-se de um abraço do Estado para os momentos difíceis, necessários à restauração daqueles que ou não tiveram oportunidades ou que perderam tudo, como cidadãos dignos. Nesse sentido, o capítulo buscou 44 GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA DO SUAS apresentar toda a dinâmica de gestão do SUAS, ressaltando cada uma das ver- tentes amparadas em legislação emanada do nosso texto constitucional. Espera-se que o discente tenha realizado corretamente a sua trilha de estu- dos, lendo cada um dos conteúdos indicados pelo Léo. Como se viu, tal conhe- cimento é primordial para que o agente público, no caso o servidor ou o usuário do sistema, possa discutir melhorias, acompanhar os indicadores e a aplicação de recursos e oferecer sugestões dentro dos fóruns colegiados consagrados por todos os entes federados. Como se vê, se o SUAS for aplicado de forma técnica, lançando mão de todo o seu aparato legal e modelo de governança, não há dúvidas de que o país conta com um grande fator de promoção humana, capaz de recuperar estimas e de promover pessoas, resgatando-as das mazelas causadas pela fragilidade eco- nômica, social ou decorrentes de calamidades públicas e desastres naturais. Se a técnica prevalecer, o fator de uso político da tragédia humana desfalece e abre espaço para o bom atendimento dos princípios constitucionais da administração pública, em particular, a impessoalidade, a moralidade e a efi ciência. REFERÊNCIAS BRASIL. Assistência Social. Brasília: Ministério da Cidadania/Secretaria Especial do Desenvolvimento Social/Assistência Social. 2020. Disponível em: http://www.desenvolvimentosocial.gov.br/servicos/assistencia-social/. Acesso em: 10 abr. 2020. BRASIL. Decreto n. 7.636 de 07 de dezembro de 2011. Dispõe sobre o apoio fi nanceiro da União a Estados, Distrito Federal e Municípios destinado ao aprimoramento dos serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social com base no Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de Assistência Social - IGDSUAS. Brasília: Presidência da República/Casa Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 10 abr. 2020. BRASIL. Lei n. 12.435, de 06 de julho de 2011. Altera a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Brasília: Presidência da República/Casa Civil. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12435.htm. Acesso em: 10 abr. 2020. BRASIL. Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da assistência social e dá outras providências. Brasília: Presidência da 45 DINÂMICA GERENCIAL DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) Capítulo 1 República/Casa Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
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