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Resenha do artigo "o trabalho docente no ensino superior da base técnica manufatureira contida na didática comeniana à flexibilização, simplificação e precarização do trabalho na contemporaneidade"

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MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO FCAP/UPE – GDLS
Disciplina: Docência do Ensino Superior
Docente: José Luiz Alves
Discente: Gaby Carvalho Alves
Resenha do artigo o trabalho docente no ensino superior: da base técnica manufatureira contida na didática comeniana à flexibilização, simplificação e precarização do trabalho na contemporaneidade
Pedagoga, Mestre em Educação e Doutora Em Aducação, Ferro atua na área de Educação, permeando por temáticas como trabalho didático, políticas públicas, história da educação, tecnologia de aprendizagem e filosofia. Silva, por sua vez é graduada em Letras, Pedagogia e Biologia, Mestre e Doutora em Educação, apesar de aposentada, permanece atuando como docente no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu - Mestrado Profissional em Educação, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, principalmente na área de Educação, com ênfase em organização do trabalho didático, formação de professores, ensino médio e ensino. As autoras começam abordando a organização do trabalho didático do professor contemporâneo, no decorrer do curso de Doutorado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), visando recuperar as perspectivas da pedagogia comeniana, que, conforme Cardoso (2014), defendia o ensino de tudo a todos, onde aprender e ensinar deveriam ocorrer desde cedo na vida do indivíduo e deveriam relacionar a escola ao dia a dia, a fim de compreender o trabalho do docente do ensino superior na atualidade, propondo retratar a visão comeniana para construção da Academia da época e apresentar a flexibilização, simplificação e precarização do trabalho docente atual, juntamente com os impactos da reforma universitária, a partir de 1990.
Entre os autores que dão base ao artigo, as autoras focam principalmente em estudos Marx e Engels (1999), essencialmente em sua obra A Ideologia Alemã, e nos estudos Coménio (1657). Neste prisma, versam sobre a evolução do modo de produção e relações de trabalho, com mudanças a partir de demandas, que passam a reorganizar suas atividades com foco na oferta. A educação passa a ter necessidades, ocorrendo mudanças, também, na relação aprendiz e professor. A evolução social da educação tem origem na Idade Moderna, particularmente na relação capitalista de trabalho, onde a didática é fundamentada sob a ótica da burguesia. Originada à época das manufaturas, a divisão de trabalho e o processo produtivo estabeleceram a sistematização da escola contemporânea. Assim, o processo didático é produto das conjunturas históricas, culturais e sociais. Tais conjunturas possibilitaram o surgimento da educação e das escolas moderas, que também se desenvolvem na atualidade, consoante aos seus fundamentos da educação. A Reforma Protestante de Matinho Lutero pode ser vista como o princípio dos ideais modernos da escola pública. Coménio, reformador protestante, foi pioneiro na formulação de uma didática fundamentada na técnica de produção manufatureira capitalista, uma vez que Coménio esperava alcançar uma escola capaz de democratizar o ensino às massas, de forma eficaz e baixo curso. Tais metas se tornaram os fundamentos da escola moderna, pública e privada.
As autoras abordam que, historicamente, a transição da manufatura para o capitalismo alterou o modo de pensar e desenvolver atividades, a organização de trabalho deixa de ser livre e individual e passa a ser um regime cooperativo e de aumento de força produtiva, aumentando a quantidade de mercadorias durante o processo, estabelecendo um valor fixo pela atividade realizada (salário) e barateando as custas da força de trabalho. O novo modelo visava o aumento produtivo e lucrativo do capital, onde as disparidades entre o salário e o valor produzido pelo trabalhador eram grandes e injustas. Para Ferro e Silva (2012), o pensamento de Coménio trouxe um olhar da transformação social capitalista para a essência do espaço escolar, implementando uma nova didática, com um modelo universal, visando um ensino democrático, sólido, eficaz, rápido e barato. A obra deste autor, A Didática Magna, caracteriza a organização necessária do âmbito escola, com suas necessidades e instrumentos de ensino, instituindo os moldes imprescindíveis para o ensino e aprendizagem na sociedade moderna. Onde a organização das instituições passa a ser em graus, ou seja, conforme a idade e o nível de aproveitamento dos alunos, aplicando também ao ensino universitário moderno, que era o último nível de ensino, através de ações de auxílio à facilitação de seus processos e ao seu sucesso, como: os debates públicos fundamentados em livros lidos, lições aplicadas por professores, indagações dos estudantes, conhecimento de mundo e viagens para ampliar conhecimentos, verificação do progresso teórico e prático dos alunos, a criação de uma sociedade didática (estudos sobre fundamentos das ciências para difundir sabedoria e incentivar o interesse em novas invenções e descobertas), entre outros (FERRO; SILVA, 2012). No processo educativo, o professor precisa de ferramentas didáticas para facilitar o ensino em todos os graus, fazendo-se importante repensar o ensino, suas táticas e as relações que o circundam.
Na atualidade, o trabalho do docente no ensino superior público e privado são baseadas no processo da pedagogia comeniana, ou seja, didática capitalista de mercadorização e de mercantilização da educação, de acordo com as demandas do mundo e de trabalho. A década de 1970 trouxe uma nova perspectiva do consumo e da educação, com a crise de acumulação de capital em nível global, fazendo com que a sociedade capitalista reorganizasse suas relações de trabalho com base na produção e agregação de valor do capital. Ferro e Silva (2012) ressaltam que o capitalismo permanece capitalista, os valores são os mesmos, o que muda é a estrutura dessa atividade, que, nesta época, focaram em: divisão internacional do trabalho; desregulamentação do mercado de capitais; aumento dos setores de serviços; interação entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo; inovações científicas e tecnológicas; flexibilização e fluidez do trabalho; e outros. Assim, passa a ter um pensamento de universalização da educação, em todos os seus níveis. Quanto a este prisma, no ensino superior, entre os séculos XX e XXI, o Brasil exibe aspectos precário e desafiador, visto que a educação superior permanece elitista e cada vez mais privatizada. A demanda e a oferta de vagas são inversamente proporcionais, i.e., precisa, inevitavelmente, redemocratizar o ensino, a extensão e a pesquisa, abrindo oportunidades e reformulando suas diretrizes.
A redemocratização tem por base uma reforma nas estruturas didáticas, organizacionais e gerais, com princípios fundamentados na Reforma Universitária, estabelecida pela Lei nº 5.540/1968, que firma as normas de organização e de funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média (BRASIL, 1968). Como consequência dessa reforma, o trabalho docente passou a ser organizado baseado no revolucionamento da divisão do trabalho, através do empresariamento da educação no ensino superior, resultando na simplificação e precarização do trabalho do docente, gerando a desqualificação do trabalho na área, transformando-o à noção de um trabalho simplório e de “fácil” execução. A evolução de métodos nesse setor gera essa noção de simplicidade e mercadoria padronizada, reduzindo o papel do trabalho empenhado pelo profissional, ofuscando-o e reduzindo sua qualificação ao produto final. Consequentemente, isso reflete também no salário e nas condições trabalhistas, dificultando os investimentos e enfraquecendo lutas trabalhistas dos profissionais docentes. Tal fato pode ser observado no investimento e nas parcerias que visam a acessibilidade de menos favorecidos ao ensino superior, analisando-se a redução da qualidade para atingir esse objetivo, ao invés de maximizar a qualidade e propor criticidade, engessando o ensino. Apensar do lado negativo, algumas propostas evidenciaram o ensino e proporcionaram cultura e pesquisa de forma geral, indo alémda classe social e do conhecimento de mundo dos estudantes, viabilizando humanização e práticas que ultrapassam o ensino padrão, como estágios, aulas de campo, visitas técnicas e outras formas.
O aligeiramento, conforme Ferro e Silva (2012), é um modelo de formação adotado na reforma, conforme governos assumem o poder, é possível verificar uma racionalidade administrativa para o crescimento do ensino superior no País e de suas qualidades, como durante o período dos governos de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luís Inácio Lula da Silva (LULA), durante 1995 a 2010, que, à medida que a sociedade evolui e apresenta diferentes necessidades, trouxe consigo uma expansão de métodos técnicos centrados na multidisciplinaridade, informação, tecnicidade, multiculturalidade e diversificação de oferta, possibilitando mudanças administrativas em instituições e divisão do trabalho institucional. Atualmente, mesmo com todas as criações e evoluções tecnológicas que o homem alcançou e com os avanços das políticas públicas no âmbito educacional, com seus efeitos inovadores no ensino, os parâmetros do trabalho didático não proporcionou as mudanças necessárias e suficientes à base técnica, quando comparada às propostas de Coménio, uma vez que tais evoluções não devem apenas estar disponíveis, visto que sozinhas não são capazes de revolucionar a educação, é preciso que haja reestruturação, empoderamento, democratização real e aplicada, não apenas uma mecanização e precarização dos profissionais e da educação.
Principalmente, é fundamental o olhar para a relação entre professor, aluno e políticas, onde a educação é fundamentada na Metodologia Ativa de aprendizagem, atuando como mediadora da criticidade, transformando os papeis dos docentes e discentes, da escola e da sociedade, unindo comunidades nas responsabilidades cidadãs, individuais, políticas, sociais e ambientais, garantindo, além de conhecimento e crescimento acadêmico, melhoria na qualidade de vida profissional, pessoal e social. A didática apresenta grande destaque neste processo ao assessorar o professor no desenvolvimento de metodologias de ensino e no aprimoramento das competências intelectuais, fortalecendo, promovendo e favorecendo o processo educativo e de ensino e aprendizagem.
Referências
BRASIL. Casa Civil. 1968. Lei 5.540, de 20 de novembro de 1968. Fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e dá outras providências. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília: Diário Oficial da União, 1968.
CARDOSO, K. L. P. Comenius e o direito à educação: a visão pioneira a caminho dauniversalidade. Dissertação (Mestrado em Educação), Faculdade de Humanidades e Direito da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.
ESCAVADOR. 2022. Iara Augusta da Silva. Disponível em: https://www.escavador.com/sobre/5190283/iara-augusta-da-silva. Acesso em: 20 fev 2023.
ESCAVADOR. 2022. Olga Maria dos Reis Ferro. Disponível em: https://www.escavador.com/sobre/4361970/olga-maria-dos-reis-ferro. Acesso em: 20 fev 2023.
FERRO, O. M. R.; SILVA, I. A. O trabalho docente no ensino superior: da base técnica manufatureira contida na didática comeniana à flexibilização, simplificação e precarização do trabalho na contemporaneidade. Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, n. 13, v. 1, p. 148–158, 2012.

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