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METODOLOGIA DO 
ENSINO SUPERIOR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autor: Norberto Siegel
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Luis Augusto Ebert
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Revisão Pedagógica: Ivan Tesck
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2016
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
378
S571m Siegel; Norberto
Metodologia do ensino superior/ Norberto Siegel.
Indaial : UNIASSELVI, 2016.
 
124 p. : il.
ISBN 978-85-69910-16-9
1. Ensino Superior.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
Norberto Siegel
Possui graduação em Filosofi a, pela Fundação 
Educacional de Brusque (1990), graduação em 
Teologia, pelo Instituto Teológico de Santa Catarina 
(1994), especialização em Filosofi a e Teoria do 
Conhecimento e Filosofi a da Ciência, pela Fundação 
Educacional de Brusque (2001), e mestrado em Educação, 
pela Fundação Universidade Regional de Blumenau 
(2005). Além de professor de cursos de Graduação 
e pós-graduação do Centro Universitário Leonardo 
da Vinci, tem experiência na área de Filosofi a e 
Educação, com ênfase em Ética. Na EAD, publicou 
vários materiais didáticos, tais como: Temas 
Transversais; Filosofi a Geral e da Educação; 
Fundamentos Epistemológicos da Geografi a; 
Legislação e Avaliação do Ensino Superior no 
Brasil.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Panorama Histórico do Ensino Superior e as
Políticas Públicas de Educação ...........................................9
CAPÍTULO 2
Tendências Pedagógicas .....................................................35
CAPÍTULO 3
Metodologias de Ensino e Aprendizagem ..........................57
CAPÍTULO 4
Planejamento do Ensino ......................................................75
CAPÍTULO 5
Avaliação do Ensino e da Aprendizagem .............................89
CAPÍTULO 6
Tecnologias de Comunicação no Ensino Superior ........ 111
APRESENTAÇÃO
Você deve estar se perguntando: como é feita a preparação de um professor 
para lecionar no Ensino Superior? O médico, o advogado, o engenheiro, o arquiteto 
e as demais profissões realizam o curso de Ensino Superior para poder atuar no 
mercado de trabalho. E como se aprende a ser professor universitário?
No Brasil, a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes 
e base da educação nacional, em seu art. 66, afirma que: “a preparação para o 
exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente 
em programas de mestrado e doutorado”. Como há falta de mestres e doutores para 
lecionarem no Ensino Superior, a preparação para essa área é feita por meio de 
cursos de pós-graduação lato sensu (especialização), que é a formação mínima para 
se poder atuar na sala de aula nos cursos superiores. Portanto, os cursos de pós-
graduação lato sensu têm a disciplina de Metodologia do Ensino Superior ou Didática 
do Ensino Superior, que é voltada para a formação docente.
O objetivo da disciplina é apresentar os principais aspectos do processo de 
preparação do professor, na pós-graduação lato sensu, para o exercício do magistério 
em nível superior. Para isso, os conteúdos estão divididos em 6 capítulos.
O primeiro capítulo tem como título “O Panorama histórico do Ensino Superior 
e as políticas públicas de educação”, em que são apresentados a origem do termo 
universidade e seus modelos, relacionados à história da Educação Superior no Brasil 
e suas políticas públicas.
O segundo capítulo apresenta as tendências pedagógicas presentes na prática 
pedagógica das instituições de ensino e que foram desenvolvidas pelo professor 
e pesquisador José Carlos Libâneo. Complementam o capítulo os aspectos que 
diferenciam disciplinaridade, transversalidade e interdisciplinaridade.
No terceiro capítulo são apresentadas algumas metodologias de ensino, dentre 
elas, podemos destacar a aula expositiva, os seminários, os trabalhos em grupo, as 
atividades práticas e a sala de aula invertida.
O quarto capítulo é dedicado ao planejamento de ensino, uma das atividades 
mais importante para o professor de Ensino Superior. Nele é apresentada uma 
definição de planejamento de ensino e como elaborar um plano de aula e de disciplina.
O quinto capítulo apresenta o tema avaliação como um instrumento de 
aprendizagem. Nele abordam-se as funções da avaliação (diagnóstica, formativa e 
somativa) e alguns tipos de avaliação que podem ser elaborados no Ensino Superior.
Por fim, o sexto capítulo apresenta as tecnologias de comunicação que estão 
presentes no Ensino Superior, bem como o desenvolvimento da educação a distância 
nestes últimos anos no Brasil.
Bons estudos!
O autor.
CAPÍTULO 1
Panorama Histórico do Ensino 
Superior e as Políticas
Públicas de Educação
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car os fatos que marcaram a história da Educação Superior.
 Conhecer as principais políticas públicas para a Educação Superior na 
atualidade.
 Relacionar os conhecimentos históricos da origem das Universidades e as 
políticas públicas de educação com a atualidade.
10
 Metodologia do Ensino Superior
11
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
ConteXtualização
O que nos inspira a apresentar este capítulo sobre o panorama histórico 
do Ensino Superior é trazer a memória da universidade, que desempenhou um 
papel importante de desenvolvimento junto à sociedade, pois ela contextualiza 
histórica e politicamente muitas das ações realizadas na atualidade e que têm 
forte infl uência história na Educação Superior.
Antes de iniciarmos nossa viagem pela história do pensamento e do ensino 
superior em nível geral e de Brasil, queremos destacar a fi losofi a que foi o marco 
inicial e essencial para o surgimento da educação como ciência. Foi a partir da 
Filosofi a Grega, principalmente pelos pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles, 
que surgiram as bases as quais deram sustentação ao desenvolvimento das 
instituições de ensino.
Sócrates, fi lósofo da cidade de Atenas, vivendo entre os anos 469 a 399 a.C., 
desenvolveu um método prático de ensino e de investigação baseado no diálogo, 
na conversa, na dialética, que tinha por fi nalidade desenvolver nas pessoas um 
conhecimento mais seguro sobre as coisas e não apenas das aparências.
Platão, que também foi fi lósofo e nasceu em 427 a. C, na cidade de Atenas na 
Grécia, fundou a academia, entendida por muitos como a primeira universidade. 
Nela os estudantes aprendiam fi losofi a, matemática e ginástica. Não se constitui 
realmente em uma universidade porque representava a forma de pensar de 
um pensador e sua escola era para repassar os seus conhecimentos. Somente 
na Idade Média, por interferência da Igreja Católica, é que as universidades 
ganharam corpo e os alunos aprendiam sobre assuntos relacionados à fé, à 
ciência e à fi losofi a.
Neste capítulo, vamos apresentar a origem do termo universidade e os 
principais modelos de universidade que se desenvolveram ao longo da história, 
relacionados com a realidade brasileira. Por fi m, vamos apresentar as principais 
políticas públicas para a Educação Superior no Brasil.
Origem do Termo Universidade
Para que possamos compreender o processo de formação do Ensino 
Superior brasileiro, faz-se necessário conhecer as origensda universidade que, 
de alguma forma, deixaram marcas na atual estrutura e organização de ensino. 
Queremos compartilhar com você uma das maiores conquistas da humanidade, a 
ideia de universidade, para, depois, especifi car os principais marcos históricos do 
desenvolvimento do Ensino Superior.
12
 Metodologia do Ensino Superior
O termo universidade vem do latim universitas, que signifi ca 
“um todo”. É uma instituição de ensino que se caracteriza por ofertar 
cursos de ensino superior (graduação e pós-graduação) a um 
número de pessoas inscritas. “A origem do termo “universidade” não 
está relacionado ao conhecimento universal, como comumente se pensa, mas 
ao conceito de corporação, de uma associação que mantém uma unidade.”. 
(FERREIRA, 2010, p. 25). A expressão universidade surgiu na Idade Média, em 
torno do século XII, e se referia a instituições que reuniam um conjunto de alunos 
e seus mestres, as quais abordavam o conhecimento de determinadas atividades.
Os dois centros que se tornaram modelos para as fundações 
posteriores, por mérito de sua considerável distinção, forma 
Paris e Bolonha; mas a ele se sucederam, rapidamente muitos 
outros centros, de maneira que uma rede destas instituições 
se espalhou em breve pela Europa, desde a Espanha, de 
um lado, até a Polônia e Boêmia, de outro. Os professores 
em Paris e os estudantes de Bolonha acharam vantajoso se 
agrupar numa corporação legal, e consequentemente adotam 
o termo universitas, um termo que podia ser usado por qualquer 
espécie de associação legal; por volta do fi m da Idade Média, 
ele já estava começando a ser restrito ao que denominamos 
agora universidades. (MINOGUE, 1979, p. 15).
Cabe destacar, ainda, que a expressão universidade deriva da expressão 
latina universitas magistrorum et scholarium, signifi cando uma congregação de 
mestres e estudantes para designar uma organização em torno do ensino em 
que os envolvidos ligavam-se pelos mesmos interesses. Em sua organização 
mais moderna, a universidade passou a signifi car uma instituição de ensino que 
oferece aulas em disciplinas aos que querem obter uma profi ssão.
A universidade é uma instituição que não nasceu em nosso 
País. É importada com modelos vindos de Portugal, França, 
Alemanha e Estados Unidos. Não foi pensada originalmente 
para o Brasil. Foi pensada para ser resposta a problemas de 
outras regiões que possuíam uma realidade própria e peculiar. 
(CASSIMIRO; GONÇALVES, apud FERREIRA, 2010, p. 23).
A partir dessas considerações, queremos identifi car os fatos que marcaram 
a história da universidade e das infl uências sofridas desde sua criação. Por isso, 
pretendemos apresentar as características do modelo jesuítico, francês, alemão 
e inglês para, posteriormente, compreendermos o modelo brasileiro de Ensino 
Superior.
O termo 
universidade vem do 
latim universitas, que 
signifi ca “um todo”.
13
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
Os Modelos de Universidade e Suas 
InFluências
Apresentamos os modelos de universidade jesuítica, francesa, alemã e inglesa, 
que são referências para a compreensão da universidade contemporânea, as quais, 
de alguma forma, infl uenciaram a compreensão do ensino superior brasileiro.
a) O Modelo Jesuítico
Para compreendermos os primeiros passos da universidade no Brasil, 
apresentamos o modelo jesuíta, descrito pelas professoras Léa das Graças Camargos 
Anastasiou e Selma Garrido Pimenta, em seu livro Docência no Ensino Superior.
As primeiras 
instituições escolares 
implantadas 
no Brasil foram 
organizadas nos 
moldes das demais 
escolas jesuíticas 
dos vários países.
Nelas havia um 
programa básico de 
estudos, composto 
pelo Trivium, 
que abrangia a 
Gramática, a Retórica 
e a Dialética, e o 
Quadrivium, que 
abrangia a Aritmética, 
a Geometria, a 
Astronomia e a 
Música.
O MODELO JESUÍTICO
As primeiras instituições escolares implantadas no Brasil foram 
organizadas nos moldes das demais escolas jesuíticas dos vários 
países, que iniciaram o trabalho de escolarização num contexto em 
que o cristianismo visava “poder manter-se, propagar sua doutrina 
e assegurar o exercício do culto” (ULLMANN, 1994, p. 35). 
Eram escolas que iniciavam com o ensino das primeiras letras, 
chegando até as escolas superiores. Nelas havia um programa 
básico de estudos, composto pelo Trivium, que abrangia a 
Gramática, a Retórica e a Dialética, e o Quadrivium, que abrangia 
a Aritmética, a Geometria, a Astronomia e a Música.
Para construir o método de ensino, os jesuítas tomaram 
como referência o método escolástico, existente desde o século 
XII, e o modus parisiensis, como era chamado o método em 
vigor na Universidade de Paris, local onde Inácio de Loyola e os 
demais jesuítas fundadores da Companhia de Jesus realizaram 
seus estudos. Nesses modelos, em que o uso do latim imperava, 
visava-se à abordagem exata e analítica dos temas a serem 
estudados, clareza nos conceitos e defi nições, argumentação 
precisa e sem digressões, expressão rigorosa, lógica e silogística.
Nesses dois modelos tomados como referência (o escolástico 
e o modus parisiensis), dois momentos eram fundamentais: a 
lectio, que consistia na leitura do texto e na sua interpretação 
14
 Metodologia do Ensino Superior
pelo professor, com a análise de palavras, o destaque de ideias e a 
sua comparação com outros autores; e a questio, que consistia nas 
perguntas do professor aos alunos e destes ao mestre (ULLMANN; 
BOHNEN, 1994, p. 37). É preciso considerar a inexistência da 
imprensa e a difi culdade da cópia, um a um dos livros existentes.
Durante as aulas, aos alunos cabia realizar as reportaciones, 
ou seja, anotações para serem memorizadas em exercícios, e 
utilizar um caderno para loci communes, em que registravam, por 
ordem, assuntos e frases signifi cativas, palavras e pensamentos ou 
completavam essas anotações com citações transpostas, imitando 
os clássicos. Como o texto comentado pelo professor suscitava 
dúvidas, surgiam as quaestiones, indagações feitas pelos alunos ou 
pelo professor, visando clarear pontos difi cultosos. Delas surgiam 
as disputationes entre professores e alunos ou só entre esses 
últimos. Todo início de aula era precedido de verifi cação da lição 
anterior, chamada lectionem reddere, e, semanalmente, realizava-
se uma recapitulação de toda a matéria. Nas escolas jesuíticas, as 
aulas ocorriam em período integral, e ao fi nal da manhã e da tarde 
os alunos faziam as repetições do meio-dia e do fi nal da tarde, sob 
o comando de um aluno decurião, que, a exemplo do modelo do 
exército romano, era o “comandante” de um grupo de dez alunos.
A formação e a personalidade de cada professor – um sacerdote 
– eram elementos fundamentais para a efi cácia do método jesuítico. 
Como o objetivo era salvar as almas para Deus, cabia seguir cada 
aluno e concentrar toda a sua ciência em saber ensinar, adaptando-
se ao aluno, pondo em jogo toda a solicitude e amor exigido por sua 
vocação sacerdotal e docente. A fi m de garantir a ordem e o sucesso, 
toda anarquia discente e docente devia ser evitada: as normas eram 
rigidamente seguidas.
A base estava na unidade e hierarquia da organização dos 
estudos, na divisão e na graduação das classes e programas em 
extensão e difi culdade, não se permitindo passar a uma etapa 
mais avançada sem que a anterior estivesse totalmente dominada. 
O conhecimento, tomado como algo posto, indiscutível, pronto 
e acabado, devia ser assim repassado, e a memorização era 
concebida como operação essencial e recurso básico de ensino e 
aprendizagem. O material de ensino era comum a todas as escolas 
jesuíticas, independentemente do país em que se encontravam, e 
estava contido no documento chamado Ratio Studiorum, cabendo 
aos professores apenas cumpri-lo.
15
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
A ação docente é a de transmitiresse conteúdo indiscutível a 
ser memorizado, num modelo da exposição (aula expositiva – quase 
palestra) que era acompanhado de exercícios a serem resolvidos 
pelos alunos e tinha o recurso da avaliação como controle rígido e 
preestabelecido. Nas escolas jesuíticas, efetivou-se a manutenção 
de um modelo único, com controle rígido dentro e fora da sala da 
aula, e uma hierarquia de organização de estudos. 
[...]
Hoje, diferentemente do momento jesuítico inicial, não se impõe 
ao professor universitário um manual. Sua ação docente é muito 
mais calcada no senso comum do como ensinar. Neste, no entanto, 
a prelação do docente, a memorização, a avaliação, a emulação e 
o castigo característicos do modelo jesuítico permanecem. Luckesi 
(1994, p. 93-106) o defi ne como “conceitos, signifi cados e valores 
que adquirimos espontaneamente, pela convivência, no ambiente 
em que vivemos” e afi rma que, de acordo com esse senso comum 
vigente, para ser professor no sistema de ensino escolar, basta 
tomar certo conteúdo, preparar-se para apresentá-lo ou dirigir o 
seu estudo; ir a uma sala de aula, tomar conta de uma turma de 
alunos e efetivar o ritual da docência, que consiste em apresentar os 
conteúdos, controlar os alunos, avaliar a aprendizagem, disciplinar. 
Mantivemos o estudo dos clássicos por meio dos textos e de 
exercícios trabalhados num processo de repetição e exercitação do 
preestabelecido, condicionado a um currículo fi xo, determinado e 
organizado por justaposição de disciplinas.
Fonte: PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. C. Docência no 
ensino superior. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2014. p. 144-148.
Inácio de Loyola foi o fundador da Companhia de Jesus, ordem 
dos jesuítas que realizou o início do processo de escolarização no 
Brasil e que aqui permaneceu até sua expulsão pelo Marquês de 
Pombal, no século XVIII.
16
 Metodologia do Ensino Superior
Cabe destacar que este modelo de ensino teve seu início no Brasil com a 
chegada dos Jesuítas em 1549. Suas práticas educativas eram realizadas por 
meio de missões religiosas, visando evangelizar os índios, por meio de aulas 
de alfabetização da língua portuguesa, músicas, artes aos fi lhos dos colonos e 
alguns índios, e, ainda, por meio da criação dos seminários, para formar religiosos 
com o intuito de dar continuidade à catequização e à evangelização dos primeiros 
habitantes brasileiros.
Nesse modelo de ensino, o aluno era um ser passivo e obediente, que 
recebia as verdades proferidas pelos seus professores e que deveria memorizá-
las e reproduzi-las na hora das provas. Os alunos eram considerados uma “tábula 
rasa”. Isso signifi ca que não tinham conhecimento nenhum antes de frequentarem 
a escola. O professor era o responsável por ensinar, mas se o aluno não 
aprendesse, a culpa era do aluno, pois não tinha aptidão para o estudo. 
Por fi m, vale destacar que o modelo jesuítico se encontra, pois, na origem das 
práticas e modos de ensinar das Instituições do Ensino Superior. Na sequência, 
vamos apresentar o modelo Francês, que tinha como objetivo formar técnicos para 
viabilizar o desenvolvimento industrial da França e a expansão político-militar.
b) Modelo Francês
Também chamado de Napoleônico, o modelo francês de universidade 
tem como fi nalidade principal formar profi ssionais, tais como: professores, 
funcionários públicos, servidores, para atender às necessidades do Estado. Como 
as universidades eram partes integrantes da administração do Estado, não tinham 
autonomia institucional para realizarem seus estudos, pois tinham que atender às 
demandas e às solicitações dele. Nesse modelo, os professores têm um papel 
relevante: infl uenciar o desenvolvimento de programas e políticas para servirem 
ao Estado, ao invés da sociedade.
O modelo possuía uma preocupação com a formação de uma noção de 
nacionalidade junto à população. Uma das formas do Estado impor seu domínio 
estava na defi nição dos conteúdos dos cursos que estivessem diretamente ligados 
aos seus interesses, bem como no fi nanciamento do ensino e da pesquisa.
O modelo francês é um dos exemplos mais antigos de uso, por parte do 
Estado, da universidade para a modernização da sociedade, por meio do rigoroso 
controle do fi nanciamento das instituições de ensino e da nomeação de pessoal 
para assegurar uma distribuição equitativa dos recursos em todo o território 
nacional, visando ao seu desenvolvimento.
A formação de professores para o exercício da “docência universitária, era 
adquirida por meio de títulos que deveriam ser reconhecidos pelo Estado, ou seja, 
17
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
A educação era 
monopólio do estado 
e tinha a função de 
difundir suas ideias 
perante a sociedade.
O professor 
universitário, mais 
que um funcionário 
público, deve 
assumir o papel de 
membro de uma 
corporação científi ca, 
reivindicando a 
autonomia da 
pesquisa e do ensino.
deveria haver uma organização mínima e comum desses estudos para 
que fossem aprovados” (FERREIRA, 2010, p. 27). Em suma, pode-se 
afi rmar que “a educação era monopólio do estado e tinha a função de 
difundir suas ideias perante a sociedade.”. (FERREIRA, 2010, p. 27).
De acordo com a historiografi a tradicional, o modelo francês foi o que mais 
infl uenciou a formação da universidade brasileira. Ela conserva características 
herdadas desse modelo na sua atual estrutura, que vão desde a organização 
de suas faculdades, perpassam pela relação do ensino centrado no professor, 
concebendo este como detentor do conhecimento; pelo processo de ensino 
eminentemente memorialístico; à concepção de avaliação como instrumento 
fundamentalmente classifi catório. (FERREIRA, 2010).
c) Modelo Alemão
O modelo alemão, também chamado de Humboldt, surgiu devido ao fi lósofo 
Alexander Von Humboldt, cientista que lançou as bases do conhecimento 
científi co. Apesar de ter pesquisado diversas coisas em seus mínimos detalhes, 
sempre o fez com uma visão geral e imparcial. Defendia a pesquisa como função 
primordial da universidade em busca da verdade, sempre acompanhada do 
ensino.
Segundo a concepção alemã, para que a universidade 
desempenhe plenamente o seu papel, ela deve 
ser autônoma, embora sua existência dependa 
economicamente do Estado. Nesse sentido, num 
Estado que limite a liberdade de ensino e de pesquisa, 
que impeça a busca e a transmissão incessante da 
verdade científi ca, não será possível a existência 
de uma autêntica universidade. Daí que os homens 
de ciência ou os intelectuais não podem estar 
vinculados diretamente à prática política cotidiana, 
que compromete a autonomia do pensamento e 
a busca da “verdade pura”. O mundo da ciência não pode ser 
confundido com o mundo da ação, embora seja penetrado pelas 
realidades deste, que se convertem em objeto de investigação. No 
universo científi co, a valoração e a ação cedem lugar à “pureza 
da verdade”. O professor universitário, mais que um funcionário 
público, deve assumir o papel de membro de uma corporação 
científi ca, reivindicando a autonomia da pesquisa e do ensino, 
o que implica a sua independência das pressões e demandas 
externas à aventura do saber. (PAULA, 2002, p. 151-152).
Um aspecto importante a se destacar no modelo alemão de universidade é 
a relação entre pesquisa e educação, que teve grande infl uência na universidade 
brasileira, principalmente no desenvolvimento de pesquisas por meio do ensino, na 
liberdade administrativa, na complementaridade do Ensino Fundamental e Médio 
com o Ensino Superior. Esse modelo enfatiza a formação científi ca e humanista, 
18
 Metodologia do Ensino Superior
enquanto a formação tecnicista, presente nos cursos técnicos (Pronatec), está 
relegada ao segundo plano.
d) Modelo Inglês
O modelo inglês de universidade retrata basicamente a realidade de duas 
universidades: Oxford e Cambridge. Foram criadas no século XII e XIII e tiveram 
fortes infl uências das instituiçõesreligiosas, para as quais a aristocracia, de alta 
posição social, enviava seus fi lhos para realizarem seus estudos e, posteriormente, 
assumirem as funções de comando na sociedade.
Tinham a função de formar o caráter dos estudantes para exercer com 
dignidade uma profi ssão dentro de princípios éticos e morais. Buscavam formar o 
“gentleman”, com “uma inteligência cultivada, um gosto refi nado, um espírito leal, 
justo e severo, uma conduta nobre e cortês, qualidades que acompanham um 
vasto saber.”. (NEWMANN apud ROSSATO, 1998, p. 130).
Gentleman: palavra inglesa que signifi ca cavalheiro, pessoa de 
conduta irrepreensível, dotado de grande educação e cultura, e de 
grande delicadeza de trato.
A citação de Dréze e Debelle (1983, p. 35) resume bem qual é o papel da 
universidade inglesa:
O problema e a tarefa especial de uma universidade não é fazer 
avançar a ciência, nem fazer descobertas, nem formar novas 
escolas fi losófi cas, nem inventar novos modelos de análise, 
nem efetuar trabalhos de medicina, de direito ou mesmo de 
teologia, mas, muito mais, formar espíritos, religiosamente, 
moralmente e intelectualmente [...].
Em suma, o modelo Inglês de universidade é uma instituição que 
zela pelos valores tradicionais e por formar uma elite que irá administrar 
sua nação. Para fi nalizarmos esta seção, apresentamos um quadro 
comparativo entre os principais modelos universitários apresentados e 
que irão infl uenciar diretamente na formação da universidade brasileira.
O modelo Inglês 
de universidade é 
uma instituição que 
zela pelos valores 
tradicionais e por 
formar uma elite que 
irá administrar sua 
nação.
19
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
Quadro 1- Comparativo entre os principais modelos de 
universidade que infl uenciaram a universidade brasileira
Modelos
universi-
tários
Características marcantes
Principais infl uências no ensino 
superior brasileiro
Jesuítico
- Modelo de ensino (ratio studiorum): profes-
sor apresentava o conteúdo, levantamento 
de dúvidas dos alunos e exercícios para 
fi xação.
- O aluno copiava e memorizava o conteúdo.
- O conhecimento era tido como indiscutível, 
verdadeiro, pronto e acabado.
- A fi gura do professor era de portador da 
verdade e critério de cientifi cidade do conte-
údo transmitido.
- O professor era autoridade indiscutível e 
responsável por todas as respostas possí-
veis sobre o tema estudado.
- Os alunos deveriam se comportar como 
aprendizes passivos.
- Foi o primeiro modelo que esteve 
presente no Brasil. 
- O modelo de ensino ainda conti-
nua bem presente nas instituições 
de ensino superior brasileiras.
- Realização de provas e exames 
para mensurar o conhecimento.
- Caracteriza-se como uma peda-
gogia tradicional de ensino.
Francês
- Faculdades isoladas.
- Ciência como instrumento de controle.
- Forte dependência do Estado.
- Ensino centrado na formação de quadros 
superiores no país.
- Formação docente com currículo mínimo e 
submissão destes ao Estado.
- Organização das faculdades em 
estruturas compartimentalizadas.
- Professor como detentor do 
conhecimento.
- Ensino memorialístico.
- Avaliação como instrumento 
classifi catório e excludente.
Alemão
- Pesquisa como função primeira.
- Preocupação com o saber e com a verda-
de.
- Formação docente sem currículo pré-deter-
minado, portanto, subjetiva.
- Ausência da fi gura controladora do Estado.
- Desenvolvimento da pesquisa no 
ensino.
- Autonomia, ainda que pela liber-
dade administrativa.
- Preocupação em formar pesqui-
sadores.
- Ensino superior como comple-
mento do fundamental e médio.
Inglês
- Ciência como atividade neutra.
- Dissociação entre ensino e pesquisa.
- Conservação e transmissão dos saberes 
acumulados.
- Separação entre ensinar e 
pesquisar.
- Pluralidade de instituições forma-
doras.
- Caráter elitista.
Fonte: Ferreira e Shuvartz (2010 apud FERREIRA 2010, p. 31).
20
 Metodologia do Ensino Superior
 Atividade de Estudos:
 1) Quais são as características marcantes e as principais 
infl uências dos modelos de universidade jesuítico, francês, 
alemão e inglês no ensino superior brasileiro?
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
Universidade Brasileira: 
Democracia e Cidadania
Inicialmente, serão apresentadas algumas refl exões acerca do 
modelo de Educação Superior brasileiro presente nestas últimas décadas 
e, posteriormente, alguns indicadores do Ensino Superior na atualidade.
O principal aspecto que marcou cada um dos períodos da história 
da educação superior foi: as universidades públicas criadas na primeira 
metade do século passado seguiram uma visão liberal e de não interferência do 
Estado e da sociedade na universidade, ou seja, a ideia do saber desinteressado.
Na década de 50, a universidade caracterizou-se por desenvolver uma ideia 
de educação pública gratuita a todas as camadas sociais, dando sinais de atender 
a um dos direitos primordiais do cidadão, a educação pública.
[...] O ensino universitário público era pago, mas estudantes 
que comprovassem falta de recursos tinham direito a bolsas 
de estudos. As taxas escolares, devido às reivindicações por 
gratuidade, deixaram de ser reajustadas até que, com o tempo, 
não mais cobradas. Esse fato aliado às pressões de estudantes e 
docentes para expansão do ensino gratuito, levou à federalização 
de diversos estabelecimentos. Por este procedimento, escolas 
mantidas por municípios e estados foram incorporadas à União 
pela Lei n. 1.254 de dezembro de 1950. No ano seguinte, mais 39 
instituições, entre Faculdades Isoladas e Universidades também 
foram benefi ciadas, com isso, a gratuidade na educação superior 
brasileira passou a existir de fato na década de 1950. (CUNHA, 
1989 apud REIS, 2008, p. 25-26).
Na década de 50, 
a universidade 
caracterizou-se por 
desenvolver uma 
ideia de educação 
pública gratuita a 
todas as camadas 
sociais, dando sinais 
de atender a um dos 
direitos primordiais 
do cidadão, a 
educação pública.
21
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
Na década de 70, em pleno regime das ditaduras militares no Brasil e 
América Latina, o Estado passa a controlar e censurar o pensamento, limitando 
o acesso ao saber, mas procurou atender às necessidades da indústria e da 
tecnologia. Os aspectos que caracterizaram a Educação Superior nesta época 
eram a “disseminação de uma visão tecnicista e burocrática de educação; adoção 
da indissociabilidade entre ensino e pesquisa; expansão de vagas; implantação 
da pós-graduação e de atividades de extensão; conceito de autonomia.”. 
(MENEGHEL, 2003, p. 157).
Caso você queira aprofundar os seus estudos sobre a 
Universidade no período da Ditadura Militar, sugiro a leitura da tese 
de doutorado de Stela Maria Meneghel, “A Crise da Universidade 
Moderna no Brasil”, principalmente o capítulo 4 – Reforma 
Universitária de 68: a implantação.
 Na década de 90, as instituições atravessam um momento diferente, ou seja, 
as instituições de Ensino Superior passam por um processo de mercantilização do 
ensino, comandadas pela lógica do capital, com certa autonomia para adaptar-
se às regras do mercado, enquanto o Estado fi ca com o papel de avaliar o 
desempenho, consequentemente, isentando-se de qualquer responsabilidade 
pelo fracasso das instituições de Ensino Superior.
Tabela 1 - Evolução do número de instituições públicas e 
privadas de Ensino Superior no Brasil – 1970-2000
Ano Universidade Faculdadesintegradas
Estabelecimentos 
isolados
Centros
Universitários Total
Público Privado Público Privado Público Privado Público Privado
1970 32 15 - - 139 463 - - 639
1975 37 20 - -178 625 - - 860
1980 45 20 1 10 154 643 - - 882
1985 48 20 1 58 184 548 - - 859
1990 55 49 - 74 167 582 - - 918
1995 68 59 3 84 147 490 - - 851
2000 71 85 2 88 132 782 1 49 901
Fonte: Disponível em: <http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt0303.pdf>. Acesso em: 2 abr. 2016.
22
 Metodologia do Ensino Superior
É importante notar que, de acordo com a Tabela 1, o Ensino Superior até 
1980 estava concentrado nas universidades e estabelecimentos isolados de 
ensino. A partir de 1980 aparecem as faculdades e, no ano 2000, os centros 
universitários. Outro aspecto que merece destaque é a presença, cada vez mais 
forte, das instituições privadas no Ensino Superior.
Em paralelo ao crescimento das instituições de ensino a partir da década 
de 70, também tivemos a elevação do número de alunos matriculados nos 
estabelecimentos de Ensino Superior. Analise a tabela que segue!
Tabela 2 – Evolução dos números de matrículas em estabelecimentos 
públicos e privados no ensino superior brasileiro (1933 – 2010)
Fonte: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-40362013000200009>. Acesso em: 11 abr. 2016.
É importante destacar que, a partir do fi nal da década de 80, o Estado 
brasileiro realiza reformas no Ensino Superior. Tais mudanças modernizam e 
racionalizam as atividades estatais em quatro ciclos, que dão um direcionamento 
de como estão sedimentadas em nossa sociedade, a saber:
23
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
• Primeiro ciclo (1986 a 1992) – várias iniciativas de 
organização de um processo de avaliação, e a existência 
de avaliações isoladas no país não se constituindo em uma 
avaliação de caráter nacional (PARU, GERES); 
• Segundo ciclo (1993 a 1995) – denominado de formulação 
de políticas. Instalação do Programa de Avaliação Institucional 
das Universidades Brasileiras (PAIUB); 
• Terceiro ciclo (1996 a 2003) – denominado de consolidação 
ou implementação da proposta governamental. Ocorreu o 
desenvolvimento do Exame Nacional de Cursos (ENC), o 
Provão, e o da Avaliação das Condições de Oferta (ACO), a 
qual passou, posteriormente, a ser chamada de Avaliação das 
Condições de Ensino (ACE). Por fi m, houve, ainda, algumas 
Portarias para regulamentarem e organizarem a avaliação das 
IES; 
• Quarto ciclo (2003 a atual) – denominado de construção 
da avaliação emancipatória, com a implantação do SINAES, 
numa proposta de se desenvolver uma avaliação formativa e 
que considerasse as especifi cidades das IES do país. (FELIX, 
2008; FONSECA, 2007 apud POLIDORI, 2009, p. 444).
Analisando a história recente da evolução da Educação Superior brasileira, 
podemos destacar que, na atualidade, a Avaliação do ensino Superior é regulada 
pelos índices, que são: o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de 
Cursos da Instituição de Educação Superior (IGC).
CPC - O Conceito Preliminar de Curso foi criado para agregar 
ao processo de avaliação da Educação Superior critérios objetivos 
de qualidade e excelência dos cursos. O CPC vai de 1 a 5 e, como o 
próprio nome sugere, é um indicador prévio da situação dos cursos 
de graduação. Para que os valores se consolidem, e representem 
efetivamente o que se espera de um curso em termos de qualidade 
e excelência, comissões de avaliadores realizam visitas locais para 
concordar ou alterar o conceito obtido preliminarmente. O Conceito 
Preliminar de Curso será divulgado anualmente, junto aos resultados do 
Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade. Os cursos 
com conceito 3 serão aqueles que atendem aos critérios de qualidade 
para funcionar. Da mesma forma, cursos com conceito 5 serão cursos 
de excelência, devendo ser vistos como referência pelos demais. 
IGC- Índice Geral de Cursos é um indicador de qualidade 
que avalia as instituições de Educação Superior. Ele é calculado 
anualmente, considerando a média dos últimos CPCs disponíveis 
dos cursos avaliados da instituição no ano do cálculo e nos dois 
anteriores, ponderada pelo número de matrículas em cada um dos 
24
 Metodologia do Ensino Superior
cursos computados. Como o IGC considera o CPC dos cursos 
avaliados no ano do cálculo e nos dois anos anteriores, sua 
divulgação refere-se sempre a um triênio, compreendendo, assim, 
todas as áreas avaliadas, ou, ainda, todo o ciclo avaliativo.
Fonte: Brasil (2016).
Cabe ressaltar que, em cada um dos períodos apresentados, a Educação 
Superior estabeleceu relações diferentes com a sociedade, impedindo-a, muitas 
vezes, de participar e de atender as suas necessidades, passando o Estado a ser o 
ditador das normas e das regras, de acordo com a sua vontade e os seus interesses.
Em números, como estavam as instituições de Ensino Superior em 2014? 
Confi ra os detalhes na fi gura que segue:
Figura 1 – Números de instituições de Educação Superior e números de 
matrículas em cursos de graduação por organização acadêmica – Brasil – 2014
Fonte: Disponível em: <http://docplayer.com.br/11093503-Mec-censo-
da-educacao-superior-2014.html>. Acesso em: 11 de abr. 2016.
De acordo com a Figura 1, o Brasil tem 2.368 instituições, que oferecem 
cursos superiores em mais de 32 mil cursos de graduação. Quanto ao número 
de alunos matriculados no Ensino Superior, o Brasil registrou 7.823.013 de 
estudantes, de acordo com o Censo da Educação Superior 2014, divulgado pelo 
Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
25
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
O que se observa nestes últimos anos é que há uma tendência de crescimento 
no número de estudantes e, consequentemente, de docentes no Ensino Superior, 
e que a maioria se concentra na rede privada de ensino.
A seguir, apresentamos algumas defi nições e explicações com 
relação à classifi cação das instituições universitárias:
• Universidades: instituições que se caracterizam pela 
indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e de extensão.
• Centros Universitários: confi guram-se como uma nova 
modalidade de instituição de Ensino Superior pluricurricular (criados a 
partir do Decreto n. 3.860/01). Caracterizam-se pela oferta de ensino 
de graduação, qualifi cação do seu corpo docente e pelas condições 
de trabalho acadêmico proporcionadas à comunidade escolar.
Já as instituições não-universitárias caracterizam-se por atuar 
numa área específi ca do conhecimento ou da formação profi ssional 
e não têm autonomia para criação de novos cursos superiores, 
necessitando de autorização do poder executivo. As instituições não-
universitárias classifi cam-se em:
• Faculdades isoladas e integradas: como afi rmado 
anteriormente, são entendidas como faculdades e abrangem mais 
de uma área de conhecimento e estão organizadas para atuar com 
regimento comum e comando unifi cado.
• Centros de Educação Tecnológica e os Centros Federais 
de Educação Tecnológica (CEFETS e CETS): são instituições 
especializadas de educação profi ssional pós-secundária, públicas ou 
privadas que têm a fi nalidade de qualifi car profi ssionais, nos vários 
níveis e modalidades de ensino. 
• Institutos Superiores de Educação: têm por fi nalidade à 
formação inicial, continuada e complementar para o magistério da 
educação básica, podendo oferecer cursos de licenciaturas e de 
pedagogia entre outros. 
Fonte: Soares (2002).
26
 Metodologia do Ensino Superior
Há várias bibliografi as que abordam o desenvolvimento 
histórico da Educação Superior no Brasil. Como sugestão de leitura 
complementar, indica-se o livro de:
CHAUÍ, Marilena. Escritos sobre a universidade. São Paulo: 
UNESP, 2001.
Este livro é escrito por uma das mais experientes pesquisadoras 
do campo da educação na atualidade e discute as diversas questões 
que envolvem a universidade pública em nosso país.
 Atividades de Estudos:
 1) Estabeleça as principais diferençasentre universidades, 
centros universitários e faculdades.
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 2) Segundo os dados do Instituto Nacional de Estudos e 
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep de 2014, um 
em cada 26 brasileiro está matriculado no Ensino Superior, ou 
seja, 7.828.013 alunos estudam na modalidade presencial ou a 
distância. Nesse sentido, analise a tabela que segue:
27
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
Tabela 3 – Total de matrículas em cursos de graduação - presenciais e a distância - 2014
 Total Geral Universidades Centros Universitários Faculdades 
 IF e 
CEFET 
Brasil 7.828.013 4.167.059 1.293.795 2.235.197 131.962
Pública 1.961.002 1.678.706 27.094 123.240 131.962
Federal 1.180.068 1.046.467 . 1.639 131.962
Estadual 615.849 546.086 1.793 67.970 .
Municipal 165.085 86.153 25.301 53.631 .
Privada 5.867.011 2.488.353 1.266.701 2.111.957 .
Fonte: Adaptado de: <http://portal.inep.gov.br/superior-
censosuperior-sinopse>. Acesso em: 21 abr. 2016.
 Considerando os dados dessa tabela e os estudos realizados até 
agora, elabore um texto em torno de 15 linhas que contemple os 
seguintes aspectos:
 • Análise geral sobre os dados apresentados na tabela.
 • As instituições públicas e privadas. 
 • A educação na formação profi ssional.
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
 __________________________________________________
As Políticas Públicas Para a 
Educação Superior no Brasil
O campo das políticas públicas é bastante amplo, pois envolve toda a história 
da educação brasileira e mundial. O propósito não é abordar todos os itens que 
marcaram a história, mas alguns aspectos que caracterizam as políticas públicas 
a partir da década de 90 para cá.
Você deve estar se perguntado: o que são políticas públicas?
Políticas públicas são formas de planejamento governamental 
visando coordenar os meios e recursos à disposição do Estado, 
e também do setor privado e suas atividades, para a realização 
de objetivos e ações ‘socialmente relevantes e politicamente 
determinados. (BUCCI, 2002 apud KAUCHAKJE, 2008, p. 71).
28
 Metodologia do Ensino Superior
Visando ampliar o crescimento das instituições de Ensino Superior, o 
Estado incentivou a participação das instituições privadas que aumentaram 
consideravelmente o número de matrículas por meio de programas desenvolvidos 
nestes últimos tempos.
Os principais programas desenvolvidos para a Educação Superior são:
a) Prouni – Programa Universidade para Todos
É o programa do Ministério da Educação, criado pela Lei n. 11.096 
de 13 de janeiro de 2005, que concede bolsas de estudos integrais e 
parciais (50%) às instituições privadas com cursos sequenciais e de 
graduação a estudantes brasileiros não possuidores de diploma de 
Ensino Superior.
Em 2016, os requisitos que o estudante deve apresentar para 
participar do Prouni são:
• Ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do magistério da 
educação básica e integrando o quadro de pessoal permanente da instituição 
pública, para os cursos com grau de licenciatura destinados à formação do 
magistério da educação básica; ou
• Ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio - Enem, a partir da edição 
de 2010, e obtido, em uma mesma edição do referido exame, média das notas 
nas provas igual ou superior a 450 pontos e nota superior a zero na redação.
• Ter cursado o Ensino Médio completo em escola da rede pública ou privada 
na condição de bolsista integral da própria escola.
É o programa 
do Ministério da 
Educação, criado 
pela Lei n. 11.096 
de 13 de janeiro de 
2005, que concede 
bolsas de estudos 
integrais e parciais 
(50%) às instituições 
privadas.
Confi ra estas e outras informações no site do programa Prouni: 
<http://prouniportal.mec.gov.br>.
b) Reuni – Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão 
das Universidades Federais
Em 2007, por meio do Decreto n. 6.096 de 24 de abril, é implantado o 
Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades 
29
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
Federais (REUNI), que tem como proposta principal ampliar o acesso e 
a permanência na Educação Superior.
Além de ampliar o acesso e a permanência na Educação Superior 
pública, as ações promovidas pelo REUNI visam criar condições para 
que as universidades possam expandir-se e melhorar o atendimento 
pedagógico e acadêmico.
O programa também tem como objetivo elevar o número de 
vagas nos cursos de graduação, ampliar a oferta de cursos noturnos, promover 
inovações pedagógicas e tecnológicas e diminuir a taxa de evasão nos cursos de 
graduação presenciais.
c) Fies – Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior
Criado em 1999 pelo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), o 
Fies substituiu o Programa de Crédito Educativo – PCE/CREDUC, que foi 
aperfeiçoado pelos governos posteriores. O Fies destina-se a estudantes 
regularmente matriculados em instituições de Educação Superior privada e 
que são reconhecidas pelo MEC, com exigência de participação no Enem. 
Após ter feito a inscrição, o estudante pode ter até 100% de seu 
curso fi nanciado, o qual poderá ser pago num prazo até três vezes 
superior ao da graduação, com juros de 3,4% ao ano.
O Programa de 
Apoio ao Plano de 
Reestruturação 
e Expansão das 
Universidades 
Federais (REUNI), 
que tem como 
proposta principal 
ampliar o acesso e 
a permanência na 
Educação Superior.
O Fies destina-se
 a estudantes regu-
larmente matricula-
dos em instituições 
de Educação 
Superior privada e 
que são reconhe-
cidas pelo MEC, 
com exigência de 
participação no 
Enem.
Conheça mais sobre o Reuni acessando o site: <http://reuni.mec.gov.br>.
Para obter mais informações acesse o site do Fies: <http://
sisfi esportal.mec.gov.br>.
d) Sisu – Sistema de Seleção Unifi cado
O Sisu é um sistema unifi cado de seleção de estudantes em que instituições 
públicas de Ensino Superior oferecem vagas a candidatos participantes do Exame 
Nacional de Ensino Médio (Enem), gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC).
30
 Metodologia do Ensino Superior
Esse sistema funciona da seguinte maneira: em cada edição, 
durante duas vezes ao ano, as instituições públicas de Ensino Superior 
podem optar por participar do Sisu e ofertar vagas em seus cursos. Ao 
fi nal do período de inscrições, são selecionados os candidatos mais 
bem classifi cados para ocupar o número de vagas ofertadas. Todo 
esse processo é realizado via internet.
A avaliação que se faz do Sisu é que houve uma melhor 
racionalidade e uma otimização dos recursos por parte das IES públicas, bem 
como favoreceu um aumento no número de vagas.
O Sisu é um sistema 
unifi cado de seleção 
de estudantes em 
que instituições 
públicas de Ensino 
Superior oferecem 
vagas a candidatos 
participantes do 
Exame Nacional de 
Ensino Médio (Enem).
A educação a 
distância foi incluída 
como política pública 
no Brasil por meio das 
Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional 
(LDB), lei n. 9.394/96 
em seu artigo 80, 
que estabelece sua 
possibilidade em 
todas as modalidades 
de ensino.
Para obter mais informações acesse o site do Sisu: <http://sisu.
mec.gov.br>.
e) Expansão do EAD no Brasil: Universidade Aberta do Brasil
A educação a distância foi incluída como política pública no Brasil 
por meio das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lein. 
9.394/96 em seu artigo 80, que estabelece sua possibilidade em todas 
as modalidades de ensino.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a 
veiculação de programas de ensino a distância, em todos os 
níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
§ 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime 
especiais, será oferecida por instituições especifi camente 
credenciadas pela União.
§ 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de 
exames e registro de diploma relativos a cursos de educação 
a distância.
 § 3º As normas para produção, controle e avaliação de 
programas de educação a distância e a autorização para sua 
implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, 
podendo haver cooperação e integração entre os diferentes 
sistemas. (BRASIL, 1996).
O artigo 80 foi regulamentado posteriormente pelos Decretos n. 2.494 e n. 
2.561, de 1998, mais ambos revogados pelo Decreto n. 5.622, em vigência desde 
sua publicação em 20 de dezembro de 2005.
No decreto 5.622, fi cou estabelecida a política de garantia 
de qualidade no tocante aos variados aspectos ligados 
a modalidade de Educação a Distância, notadamente ao 
31
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
credenciamento institucional, supervisão, acompanhamento 
e avaliação, harmonizados com padrões de qualidade 
enunciados pelo ministério da educação. (BRASIL, 2005).
Nestes últimos anos, principalmente a partir de 2005, houve um crescimento 
signifi cativo desta modalidade de ensino, devido à expansão das instituições 
privadas que investiram e ampliaram seus espaços para atender a uma demanda 
cada vez maior. 
Um aspecto importante a se destacar é a implantação da Universidade Aberta 
do Brasil (UAB), por meio do Decreto n. 5.800 de 2006, que teve como fi nalidade 
ampliar o acesso à Educação Superior no Brasil por meio da modalidade a distância.
Os cursos ofertados via UAB estão mais voltados para a área da formação 
de professores da educação da rede pública de Educação Básica, para atender a 
uma necessidade urgente que é a falta de professores e um desprestígio social e 
salarial da profi ssão.
Em abril de 2016, o Brasil contava com 171 instituições públicas e privadas 
credenciadas pelo governo federal para ministrar cursos de graduação e pós-
graduação lato sensu na modalidade a distância. Infelizmente não há nenhuma 
instituição que oferte mestrado ou doutorado totalmente a distância, pois 
continuam aguardando que o MEC edite normas sobre isto.
 Atividade de Estudos:
 1) O cenário de oportunidades na Educação Superior brasileira 
é o mesmo que em épocas passadas, uma vez que as políticas 
públicas para educação têm se preocupado com a diminuição 
das desigualdades sociais e econômicas, incisivamente para a 
Educação Superior, com a instituição do Prouni, REUNI, Fies e 
outros programas.
 LIMA, Antônio Bosco de. Qualidade da educação superior: O 
programa Reuni. Jundiaí: Paco Editorial, 2014 (adaptado).
 Nesse contexto, analise e associe os itens que seguem:
 I – Prouni.
 II- Reuni.
 III – Fies.
 IV – Sisu.
32
 Metodologia do Ensino Superior
 ( ) Criado pelo de Decreto n. 6.096, é um Programa de Apoio 
ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades 
Federais que tem como proposta principal ampliar o acesso e a 
permanência na Educação Superior.
 ( ) É um sistema de seleção unifi cado de estudantes, no qual 
instituições públicas de Ensino Superior oferecem vagas a 
candidatos participantes do Exame Nacional de Ensino Médio 
(Enem). 
 ( ) Programa de fi nanciamento de estudantes matriculados em 
cursos de graduação de instituições privadas e que tenham 
avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da 
Educação.
 ( ) Programa criado pela Lei n. 11.096, que concede bolsas de 
estudos integrais e parciais às instituições privadas que ofertam 
cursos superiores.
 Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de 
respostas:
 a) ( ) II – IV – III – I.
 b) ( ) IV – II – I – III.
 c) ( ) III – II – I – IV.
 d) ( ) I – III – IV – II.
Algumas ConsideraçÕes
O objetivo deste capítulo foi apresentar uma síntese histórica da origem 
do termo universidade (universitas), que signifi ca “um todo”, e os principais 
modelos que infl uenciaram as instituições públicas e privadas no Brasil. Entre os 
modelos apresentados estão o jesuítico, francês, alemão e inglês, cada um com 
características marcantes na educação brasileira.
Outro aspecto apresentado é um cenário da Educação Superior nestes 
últimos anos, bem como o número de instituições de Educação Superior e o 
número de matrículas em cada um dos períodos.
Por fi m, apresentamos os programas de políticas públicas brasileira para 
a Educação Superior e o que se observa é uma melhora no sistema público e 
privado de educação, e um aumento no acesso à universidade por parte dos 
setores socialmente mais necessitados. No entanto, para avaliar o êxito dos 
33
Panorama Histórico do Ensino Superior e 
as Políticas Públicas de Educação Capítulo 1 
programas de políticas públicas de Educação Superior, é necessário levar em 
conta não somente os itens apresentados, mas outros aspectos, como qualidade 
dos serviços prestados e os benefícios para toda a sociedade.
É claro que muitos outros aspectos poderíamos apresentar, mas você 
poderá aprofundar seus estudos consultando as diferentes fontes (bibliografi as 
e sites) utilizadas para a elaboração deste capítulo. A seguir, vamos apresentar 
as principais tendências pedagógicas e seus pressupostos teóricos presentes na 
prática docente.
ReFerências
BRASIL. INEP. Indicadores de Qualidade da Educação Superior. Disponível 
em: <http://portal.inep.gov.br/educacao-superior/indicadores>. Acesso em: 11 abr. 
2016.
______. Decreto n. 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o art. 80 da 
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional. Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005. n. 243, 
Seção 1. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.
jsp?jornal=1&pagina=1&data=20/12/2005>. Acesso em: 19 abr. 2016.
_______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. 
Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília, 2007. 
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.
pdf>. Acesso em: 15 mar. 2016.
______. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes 
e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 15 maio 2016.
CHAUÍ, M. Escritos sobre a universidade. São Paulo: UNESP, 2001.
DRÉZE, J.; DEBELLE, J. Concepções da Universidade. Fortaleza: Edições 
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SOARES, M. S. A. (Coord.). Educação superior no Brasil. Brasília: CAPES, 
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CAPÍTULO 2
Tendências Pedagógicas
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer as diferentes tendências pedagógicas presentes na prática escolar 
brasileira.
 Identifi car os pressupostos de aprendizagem presentes nas diferentes 
tendências pedagógicas.
36
 Metodologia do Ensino Superior
37
Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
ConteXtualização
No capítulo anterior, apresentamos as origens do termo universidade, os 
modelos de universidade e suas infl uências no sistema educacional brasileiro, bem 
como as principais políticas públicas para a Educação Superior no Brasil.
Este capítulo tem por fi nalidade apresentar as tendências pedagógicas na prática 
escolar brasileira. A teoria das tendências pedagógicas foi desenvolvida por José 
Carlos Libâneo, que é um dos pesquisadores de destaque no campo da educação.
José Carlos Libâneo nasceu em 1945, na cidade de Angatuba, 
interior de São Paulo. Graduado em Filosofi a pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC) em 1966, mestre em 
educação escolar brasileira e doutor em educação. Escreveu várias 
obras, entre elas estão:
– Educação na era do conhecimento em rede e 
transdisciplinaridade, 2005.
– Educação escolar: políticas, estrutura e organização, 2005.
– Didática: velhos e novos temas, 2003.
– Didática, 2001.
– Adeus professor, adeus professora? Novas exigências 
educacionais e profi ssão docente, 2001.
– Pedagogia e pedagogos, para quê?, 2001.
– Democratização da escola pública: a pedagogia crítico social 
dos conteúdos,1985.
Partindo do pensamento de José Carlos Libâneo, os pressupostos teóricos 
e metodológicos das diversas tendências pedagógicas (que serão apresentados 
nas próximas páginas) oferecem aos professores uma orientação para analisar a 
sua prática docente. A forma como os professores selecionam os seus materiais e 
elegem as técnicas para a realização do ensino depende muito de sua formação e 
da fi nalidade da educação na sociedade.
A maioria dos professores baseia sua prática pedagógica em pressupostos 
tradicionais, que têm como referência o conhecimento comum, o exemplo de 
colegas professores com mais experiência, ou, também, segue os mesmos livros 
didáticos. Queremos discutir estes pensamentos que sustentam o atual cenário de 
muitas instituições de ensino. Inicialmente, vamos apresentar a tendência liberal, 
e, posteriormente, a tendência progressista.
38
 Metodologia do Ensino Superior
Tendência Liberal
O termo tendência não quer signifi car uma moda ou um costume que se 
teve num determinado período histórico, mas concepções pedagógicas que 
se fi zeram presentes na prática docente. Podemos dizer que tendências são 
comportamentos ou características que são semelhantes e que estão presentes 
no fazer pedagógico.
O termo liberal não tem o sentido de democrático, mas de justifi car um sistema 
político (capitalismo) cuja premissa básica: “defender a predominância da liberdade 
e dos interesses individuais na sociedade, estabeleceu uma forma de organização 
social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também 
denominada saciedade de classes.”. (LIBÂNEO, 2003, p. 21, grifo do autor).
As formas como a tendência liberal se manifesta estão presentes na 
pedagogia tradicional, renovada progressivista, renovada não-diretiva e 
tecnicista. A seguir, vamos conhecer cada uma dessas formas e suas principais 
características.
a) Tendência Liberal Tradicional
De acordo com Libâneo (2003), a tendência liberal tradicional procura 
dar destaque para o ensino humanístico de cultura geral, no qual o aluno é 
educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como pessoa. A 
seguir, vamos apresentar como essa tendência compreende o papel da escola, 
os conteúdos de ensino, os métodos, o relacionamento professor-aluno, os 
pressupostos de aprendizagem e as manifestações na prática escolar.
• Papel da escola: consiste na preparação intelectual e moral dos alunos 
para assumir sua posição na sociedade. Entende que a forma de obter o 
conhecimento é única para todos os alunos. Os que apresentam difi culdades 
devem se esforçar mais para conquistar o seu lugar junto aos mais capazes 
intelectualmente.
• Conteúdos de ensino: são os conhecimentos e valores sociais acumulados 
pelas gerações adultas e que devem ser repassados aos alunos como 
verdades. Os conteúdos são separados da escola e da vida, por isso, recebem 
muitas críticas de intelectuais e pesquisadores.
• Métodos de ensino: têm como fundamento a exposição oral do conteúdo. 
Tanto a exposição do conteúdo, quanto a interpretação são feitas pelo 
professor, que, geralmente, segue estes pontos: preparação do aluno 
(recordar a matéria da aula anterior); apresentação (destaque dos pontos-
chave); associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido); 
39
Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
generalização (dos aspectos particulares conclui-se o geral); aplicação 
(resoluções de exercícios).
• Relacionamento professor-aluno: predomina a autoridade do professor e 
sua postura é a de evitar o relacionamento entre os alunos durante as aulas. A 
disciplina imposta é a maneira mais efi caz para obter a atenção dos alunos.
• Pressupostos de aprendizagem: entende que a assimilação do 
conhecimento é a mesma para uma criança e para um adulto. A aprendizagem 
se dá pela repetição dos conteúdos apresentados pelo professor.
• Manifestações na prática escolar: essa tendência está presente na Educação 
Básica e também no Ensino Superior. Não há um pesquisador teórico que a 
defende, mas na prática há milhares de defensores que a praticam.
b) Tendência Liberal Renovada Progressivista
A tendência teve início com o Manifesto dos Pioneiros da Educação, 
publicado em 1930 e assinado por diversos intelectuais, entre eles Lourenço 
Filho, Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. (SANDER, 2007). Essa tendência é 
conhecida como Escola Nova.
Manifesto dos Pioneiros da Educação: Em 1931, realizou-
se uma conferência sobre a educação nacional, na qual foi lançado 
um documento que fi cou conhecido como Manifesto dos Pioneiros 
da Educação Nova. Em linhas gerais, este documento afi rma 
que a “educação varia sempre em função de uma ‘concepção 
de vida’, refl etindo, em cada época, a fi losofi a predominante 
que é determinada, a seu turno, pela estrutura da sociedade.”. 
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 2009, p. 43).
Escola Nova: O movimento educacional conhecido como 
Escola Nova surgiu no fi nal do século XIX justamente para propor 
novos caminhos à educação, em descompasso com o mundo no 
qual se achava inserida. Representa o esforço de superação da 
pedagogia da essência pela pedagogia da existência. Não se trata 
mais de submeter a pessoa a valores e dogmas tradicionais e 
eternos nem de educá-la para a realização da “essência verdadeira”. 
A pedagogia da existência volta-se para a problemática do indivíduo 
único, diferenciado, que vive e interage em um mundo dinâmico. 
(ARANHA, 2006, p. 225).
40
 Metodologia do Ensino Superior
Em comparação com a tendência liberal tradicional, essa tendência visa 
superar o caráter autoritário e discriminatório da educação. Defende que a prática 
educativa deve ser ativa.Os alunos aprendem fazendo e o processo educacional 
está centrado no aluno, e não no professor. De acordo com Libâneo (2003), estas 
são as características:
• Papel da escola: a escola deve se adaptar às necessidades que o indivíduo 
tem em seu meio social. Essa tendência é progressivista porque os indivíduos 
se adaptam progressivamente ao ambiente em que se encontram. Á escola 
cabe suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo 
ativo de construção.
• Conteúdos de ensino: como o indivíduo se adapta progressivamente ao 
meio social, os conteúdos de ensino são defi nidos a partir da função e das 
experiências que a pessoa tem. É mais importante o processo de aquisição do 
saber do que o saber propriamente dito, ou seja, é “aprender a aprender”.
• Método de ensino: parte-se da ideia de aprender fazendo. Valorizam-se as 
tentativas experimentais que o estudante faz, tanto a pesquisa quanto a busca 
de solução de problemas.
• Relacionamento professor-aluno: o papel do professor é de auxiliar 
o desenvolvimento livre e espontâneo do estudante. A disciplina é o 
relacionamento harmonioso entre professores e alunos dentro da sala de aula.
• Pressupostos de aprendizagem: para aprender é necessário estar motivado. 
Somente motivados é que somos capazes de aprender e de descobrir coisas 
novas. A avaliação não tendo um caráter punitivo, mas é compreendida 
como um processo para auxiliar o estudante em seus trabalhos e desafi os de 
aprendizagem.
• Manifestações na prática escolar: a pedagogia progressivista está muito 
presente nos cursos de licenciatura e pedagogia destinados à formação de 
professores do Ensino Fundamental e Médio.
c) Tendência Liberal Renovada Não Diretiva
Essa tendência tem uma preocupação com a questão prática, pois seu 
objetivo é o desenvolvimento pessoal (autorrealização) e que queira ocupar um 
papel de destaque na sociedade com maior autonomia. Ela está baseada nas 
ideias do psicólogo norte-americano Carls Rogers, que dá maior atenção aos 
aspectos psicológicos do que pedagógicos ou sociais.
41
Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
Carl Rogers (1902-1987): A terapia rogeriana se defi ne como 
não-diretiva e centrada no cliente (palavra que Rogers preferia a 
paciente), porque cabe a ele a responsabilidade pela condução 
e pelo sucesso do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas 
facilita o processo. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se 
assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer 
que a tarefa do professor é liberar o caminho para que o estudante 
aprenda o que quiser. (FERRARI, 2016).
De acordo com Libâneo (2003), estas são as características predominantes 
no âmbito escolar da tendência liberal renovada não-diretiva:
• Papel da escola: a escola deve estar mais preocupada com os problemas 
psicológicos do que os pedagógicos ou sociais. As aulas, a matéria, os livros 
têm muito pouca importância, pois o que forma o comportamento da pessoa é 
estar bem consigo mesmo e com seus semelhantes.
• Conteúdos de ensino: a transmissão de conteúdos não tem muita 
importância, pois o processo de ensino facilita que os estudantes busquem 
por si mesmos os conhecimentos disponíveis.
• Método de ensino: diante de cada estudante, o professor desenvolve um 
estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos. O professor é um 
“facilitador” do conhecimento.
• Relacionamento professor-aluno: a educação está centrada no aluno e não 
no professor. O professor deve ser um especialista em relações humanas ao 
garantir o clima de relacionamento favorável e de confi ança com o estudante.
• Pressupostos de aprendizagem: a motivação é o elemento essencial 
para a aprendizagem, pois resulta do desejo de busca da autorrealização. A 
motivação aumenta quando o estudante desenvolve o sentimento de que é 
capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais.
• Manifestações na prática escolar: esta forma de educação está presente 
em um número expressivo de professores, orientadores e psicólogos 
educacionais que se dedicam ao aconselhamento.
42
 Metodologia do Ensino Superior
d) Tendência Liberal Tecnicista
A tendência liberal tecnicista compreende a educação como um 
treinamento para preparar os indivíduos para atuarem na indústria 
como mão de obra qualifi cada. “No tecnicismo acredita-se que a 
realidade contém em si suas próprias leis, bastando aos homens 
descobri-las e aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o conteúdo 
da realidade, mas as técnicas (forma) de descoberta e aplicação.”. 
(LIBÂNEO, 2003, p. 23).
De acordo com Libâneo (2003), os aspectos que caracterizam essa tendência são:
• Papel da escola: cabe à educação escolar organizar o processo de aquisição 
de habilidades, atitudes e conhecimentos específi cos, que sejam úteis e 
necessários para os indivíduos se integrarem na máquina do sistema social 
global. Também cabe à educação escolar produzir indivíduos "competentes” 
para o mercado de trabalho, transmitindo, efi cientemente, informações 
precisas, objetivas e rápidas.
• Conteúdo de ensino: as informações, os princípios científi cos e as leis são 
ordenadas numa sequência lógica por especialistas. Os conteúdos de ensino 
decorrem da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal de subjetividade, e 
estão sistematizados em manuais ou em livros didáticos.
• Método de ensino: é o processo de condicionamento das respostas que 
o estudante deverá obter por meio da operacionalização dos objetivos e 
da mecanização dos processos. As etapas básicas do processo ensino e 
aprendizagem são:
 – estabelecimento de comportamentos terminais, por meio de objetivos 
instrucionais;
 – análise da tarefa de aprendizagem, a fi m de ordenar sequencialmente os 
passos da instrução; 
 – executar o programa, reforçando gradualmente as respostas corretas 
correspondentes aos objetivos.
• Relacionamento professor-aluno: os papéis são bem defi nidos. O professor 
transmite os conteúdos aos estudantes conforme os manuais ou livros 
didáticos, enquanto o aluno recebe as informações e memoriza. Debates, 
discussões, questionamentos são desnecessários no processo ensino e 
aprendizagem.
A tendência 
liberal tecnicista 
compreende a 
educação como 
um treinamento 
para preparar os 
indivíduos para 
atuarem na indústria 
como mão de obra 
qualifi cada.
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Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
• Pressupostos de aprendizagem: nessa teoria prevalece a ideia de 
que aprender é modifi car seu comportamento e, principalmente, o seu 
desempenho. O ensino é um processo de condicionamento por meio do uso 
de reforço das respostas que se quer obter. O psicólogo americano Skinner 
foi o principal representante dessa tendência pedagógica, afi rmando que, por 
meio de imitação, repetição e do hábito, repetimos as instruções programadas 
e esperadas de nós.
Skinner: Burrhus Frederic Skinner realizou, durante anos, 
experiências com ratos para simular o conhecimento humano. Nesta 
experiência, o rato faminto é colocado em uma caixa que contém 
uma alavanca e um fornecedor de alimento. Quando o rato aperta 
a alavanca sob as condições estabelecidas pelo experimentador, o 
alimento é fornecido, recompensando, assim, o rato. O rato tende a 
repetir o movimento cada vez que sentir fome.
Figura 2 - Caixa de Skinner
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/dH4KUK>. Acesso em: 2 maio 2016.
• Manifestações na prática escolar: a tendência foi introduzida no Brasil no 
fi nal dos anos 60 com o objetivo de adequar o tema educacional à orientação 
político-econômica do regime militar: inserir a escola nos modelos de 
racionalização do sistema de produção capitalista.
44
 Metodologia do Ensino Superior
Tendência Progressista
A expressão “progressista” é empregada para designar as tendências 
que têm uma análise crítica da sociedade. Tenta superar a visão tradicional de 
educação defendida pela pedagogia liberal, apresentada na seção anterior. A 
pedagogia progressistamanifesta-se em 3 tendências: libertadora, libertária e 
crítico social dos conteúdos.
a) Tendência Progressista Libertadora
Essa tendência teve como representante principal o pensador brasileiro Paulo 
Freire, por isso, também é conhecida como pedagogia de Paulo Freire. Paulo 
Freire (1999, p. 25) afi rmava que “ensinar não é transferir conhecimentos, mas 
criar as possibilidades para a sua própria produção e a sua construção”. Portanto, 
ensinar não é algo mecânico, em que cada um domina uma certa quantidade de 
conteúdos de determinada disciplina e os repassa aos seus educandos, mas é, 
acima de tudo, estar aberto às indagações e às curiosidades dos alunos frente 
aos desafi os que esta realidade apresenta.
Paulo Freire nasceu em Recife em 1921 e é considerado um 
dos pensadores brasileiros mais infl uentes da pedagogia crítica. 
Destacou-se em seu trabalho com a educação popular, voltado para 
a conscientização política. Autor de mais de 30 livros, entre eles 
podemos citar:
– 1959 – Educação e atualidade brasileira.
– 1967 – Educação como prática da liberdade. 
– 1970 – Pedagogia do oprimido. 
– 1985 – Por uma pedagogia da pergunta.
– 1996 – Pedagogia da autonomia.
– 2000 – Pedagogia da indignação.
A seguir, vamos ver como a tendência compreende o papel da escola, os 
conteúdos de ensino, os métodos de ensino, os passos da aprendizagem, o 
relacionamento professor-aluno, os pressupostos de aprendizagem e suas 
manifestações na prática escolar, tendo como base os escritos de Libâneo (2003), 
que estruturou as tendências pedagógicas.
45
Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
• Papel da escola: compreende a escola como um local onde professores e 
alunos, mediados pela realidade, atingem um nível de consciência dessa 
realidade com o objetivo de atuarem na transformação social com uma visão 
crítica da sociedade.
• Conteúdos de ensino: o importante não é transmitir conteúdos que são 
estabelecidos pelos livros didáticos, mas partir de “temas geradores” que 
levem a uma discussão e a uma relação crítica com a experiência de vida.
• Métodos de ensino: baseado no diálogo, o método de ensino está na 
discussão em grupos, em que professores e alunos se engajam no processo 
de aprendizagem.
• Relação entre professor-aluno: é baseada no diálogo entre professores e 
alunos. O professor não é mais importante que o aluno, mas a relação é de 
igualdade e com saberes diferentes, por isso, a relação é horizontal, na qual 
professores e alunos se posicionam como sujeitos do ato de conhecer.
• Pressupostos de aprendizagem: a aprendizagem se dá a partir de situações-
problema das quais se analisa criticamente a realidade concreta. O que 
é aprendido não decorre de uma memorização ou imposição, mas do nível 
crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de compreensão, 
refl exão e crítica.
• Manifestações na prática escolar: essa pedagogia tem como divulgador Paulo 
Freire e está bastante presente nos movimentos populares, sindicatos, partidos 
políticos, que vêm atuando em diversos campos da sociedade.
b) Tendência Progressista Libertária
A tendência progressista libertária e libertadora tem em comum a 
valorização da experiência vivida e a luta pelo antiautoritarismo.
A tendência progressista libertária parte de uma 
simples premissa: por natureza nós guardamos tudo aquilo 
que utilizamos. Isso se refere a conhecimentos ou a funções 
orgânicas. Se a título de experiência um indivíduo colocar um 
tapa-olho, obstruindo um de seus olhos por seis meses, ao 
retirar o tapa-olho depois desse período estará praticamente 
cego deste olho e terá adquirido um problema no outro, que 
fi cou livre, por tê-lo forçado demais ao longo do período, 
tentando compensar a perda de visão do outro. 
Por que isso ocorre? Porque por natureza vamos perdendo o 
que não usamos e aprimoramos aquilo que usamos. O mesmo 
ocorre com o conhecimento. Se estamos em contato com o 
mesmo constantemente, ele cresce. Se estudamos algo que 
não utilizamos, esquecemos. (MESSEDER, 2012, p. 102).
Se estamos 
em contato 
com o mesmo 
constantemente, 
ele cresce. Se 
estudamos algo 
que não utilizamos, 
esquecemos.
46
 Metodologia do Ensino Superior
Essa pedagogia valoriza o que é vivido pelos educandos no seu dia a dia. 
Repudia toda e qualquer forma de autoritarismo ou falta de liberdade. Os limites 
e regras devem ser discutidos entre os envolvidos no processo para, somente 
depois, serem seguidos, caso contrário, torna-se uma arbitrariedade. 
Segundo Libâneo (2003), os principais aspectos dessa tendência no 
ambiente escolar são:
• Papel da escola: a escola deve proporcionar mecanismos institucionais de 
participação do aluno na sociedade, tais como: assembleias, conselhos, 
eleições, reuniões, associações, etc. Essas instituições são autogestionárias. 
Ao participar da sociedade, o aluno leva tudo que aprendeu para sua vida, 
ocorrendo a transformação de sua personalidade.
• Conteúdos de ensino: as matérias são colocadas à disposição do aluno, 
mas não são exigidas, pois o importante são as experiências vividas, 
principalmente pelo grupo no qual o aluno está inserido.
• Método de ensino: é na vivência grupal que os alunos aprenderão a se 
organizar e a buscar as respostas para as suas necessidades e exigências da 
vida social.
• Relação professor-aluno: a relação entre professor e aluno é no sentido da 
não-diretividade. O professor desempenha o papel de conselheiro, orientador 
e catalisador das discussões do grupo.
• Pressupostos de aprendizagem: dá-se ênfase na aprendizagem informal, 
via vivência grupal, com a fi nalidade de formar pessoas livres. Somente o 
vivido, o experimentado é incorporado e utilizado em novas situações pelos 
educandos. 
• Manifestações na prática escolar: abrange quase todas as tendências 
antiautoritárias em educação, entre elas, a anarquista, a psicanalista e dos 
professores progressistas. Entre os divulgadores dessa tendência estão 
Celestin Freinet (há muitas escolas que utilizam seu método), Miguel Gonzales 
e Miguel Arroyo.
c) Tendência Progressista “crítico social dos conteúdos”
Essa tendência também é conhecida como histórico-crítica. Ela propõe uma 
superação das pedagogias tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica 
inserida na prática social concreta. A escola é entendida como mediação entre 
o indivíduo e a sociedade, exercendo a função de transmitir os conteúdos, 
47
Tendências Pedagógicas Capítulo 2 
enquanto a assimilação do conteúdo pelo aluno é resultado do saber criticamente 
reelaborado. (LIBÂNEO, 2003).
De acordo com Libâneo (2003), são suas características na prática escolar:
• Papel da escola: sua função consiste na preparação do aluno para o mundo 
adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da 
aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada 
e ativa na democratização da sociedade.
• Conteúdo de ensino: são os conteúdos culturais universais que devem ser 
incorporados pela humanidade frente à realidade social. Não basta que os 
conteúdos sejam ensinados, mas é preciso que se liguem à sua signifi cação 
humana e social.
• Método de ensino: uma aula começa pela constatação da prática real, 
havendo, em seguida, a consciência dessa prática no sentido de referi-la aos 
termos do conteúdo proposto, na forma de um confronto entre a experiência e 
a explicação do professor.
• Relação entre professor-aluno: tanto aluno quanto professor tem um 
relacionamento horizontal, em que alunos não se encontram submissos ao 
professor, nem o professor encontra-se submisso aos alunos.
• Pressupostos de aprendizagem: está baseada nas estruturas cognitivas 
dos alunos. O professor precisa saber (compreender) o que os alunos dizem 
ou fazem, o aluno precisa compreender o que o professor procura dizer-lhes. 
A transferência da aprendizagem se dá a partir do momento da síntese, isto é, 
quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma

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