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1 Cooper - definição e características ABA (1)

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1 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
CAPÍTULO 1 
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA* 
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (2007). Applied behavior analysis. Pearson Education. 
*Tradução livre 
 
 
A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é uma ciência dedicada a compreender e 
melhorar o comportamento humano. Mas outros campos tem intenções semelhantes. Qual é, então, 
o diferencial da Análise do Comportamento Aplicada? A resposta está em seus focos, objetivos e 
métodos. Analistas do Comportamento que fazem ABA focam em comportamentos de importância 
social definidios de forma objetiva; eles intervém para melhorar comportamentos sob estudo 
enquanto demonstram uma relação confiável entre suas intervenções e as melhoras 
comportamentais; e eles usam o método científico – descrição objetiva, quantificação e 
experimentação controlada. Em suma, A análise do Comportamento Aplicada, é uma abordagem 
científica para descobrir variáveis ambientais que confiavelmente influenciam comportamentos 
socialmente significantes e para desenvolver uma tecnologia de modificação do comportamento que 
obtenha vantagens práticas destas descobertas. 
Este capítulo fornece um breve resumo da história e do desenvolvimento da Análise do 
Comportamento, discute a filosofia subjacente à ciência e identifica as dimensões e características 
que definem a Análise do Comportamento Aplicada. Como a ABA é uma ciência aplicada, 
começamos com uma visão geral de alguns preceitos fundamentais para todas as disciplinas 
científicas. 
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS E UMA DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA 
Utilizada adequadamente, a palavra ciência se refere a uma abordagem sistemática para 
buscar e organizar conhecimento acerca do mundo natural. Antes de oferecer uma definição de 
ciência, discutimos o propósito da ciência e os pressupostos básicos e atitudes que guiam o trabalho 
de todos os cientistas, independentemente dos seus campos de estudo. 
O próposito da Ciência 
O objetivo geral da ciência é alcançar uma compreensão completa dos fenômenos estudados 
– comportamentos socialmente importantes, no caso da Análise Aplicada do Comportamento. A 
ciência se diferencia de outras fontes de saber ou formas de obtenção do conhecimento sobre o 
mundo ao nosso redor (por exemplo, contemplação, senso comum, lógica, figuras de autoridade, 
crenças religiosas ou espirituais, campanhas políticas, propaganda, testemunhos). A ciência busca 
descobrir os fatos da natureza. Apesar de ser frequentemente mal utilizada, a ciência não é uma 
ferramenta para validar versões preferidas da “verdade” defendidas por qualquer grupo, corporação, 
governo ou instituição. Portanto, conhecimento científico deve ser separado de qualquer razão 
pessoal, política, econômica ou qualquer outra para a qual foi solicitado. 
2 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Diferentes tipos de investigação científica produzem conhecimento que permite um ou mais 
dos três níveis de compreensão: descrição, predição e controle. Cada nível de compreensão contribui 
para base de conhecimentos científicos de cada campo. 
Descrição 
A observação sistemática aumenta a compreensão de uma dado fenômeno ao permitir que 
cientistas o descrevam com precisão. Conhecimento descritivo consiste de uma coleção de fatos 
sobre eventos observados que podem ser quantificados, classificados, e examinados para possíveis 
relações com outros fatos conhecidos – uma atividade importante e necessária para qualquer 
disciplina científica. O conhecimento obtido de estudos descritivos por vezes sugere possíveis 
hipóteses ou perguntas para pesquisas adicionais. 
Por exemplo, White (1975) reporta os resultados da observação de “taxas naturais” de 
aprovação (elogios verbais ou encorajamento) e desaprovação (críticas, reprovação) de 104 
professores de 1ª à 12ª séries. Dois achados maiores foram que (a) as taxas de elogios do professor 
reduziam a cada série e (b) em cada série após a segunda, a taxa na qual cada professor emitia 
declarações de desaprovação aos alunos excedia a taxa de aprovação. Os resultados deste estudo 
descritivo ajudaram a estimular dúzias de estudos subsequentes focados em descobrir os fatores 
responsáveis por estes resultados decepcionantes ou em aumentar taxas de elogios (por exemplo, 
Alber, Heward & Hippler, 1999; Martens, Hiralall & Bradley, 1997; Sutherland, Wehby & Yoder, 
2002; Van Acker, Grant & Henry, 1996). 
Predição 
Um segundo nível de compreensão científica ocorre quando repetidas observações revelam 
que dois eventos consistentemente covariam um com o outro. Isto é, na presença de um evento (por 
exemplo, estar chegando o inverno) outro evento ocorre (ou deixa de ocorrer) com alguma 
probabilidade específica (por exemplo, certos pássaros voam para o sul). Quando uma covariação 
sistemática entre dois eventos é encontrada, esta relação 
– denominada correlaçao – pode ser usada para prever a relativa probabilidade de que um evento 
ocorrerá, baseando-se na presença do outro evento. 
Como nenhuma variável é manipulada ou controada pelo pesquisador, estudos 
correlacionais não podem demonstrar se qualquer uma das variáveis observadas é responsável pelas 
mudanças na outra variável(is), e estas relações não devem ser inferidas (Johnston & Pennypecker, 
1993ª). Por exemplo, apesar de uma forte correlação existir entre clima quente e uma elevada 
incidência de mortes por afogamento, nós não devemos assumir que um clima quente e úmido causa 
o afogamento de alguém. Um clima quente também se correlaciona com outros fatores, como um 
elevado número de pessoas (nadadores e não nadadores) procurando se aliviar em água, e muitos 
casos de afogamento foram encontrados em função de fatores como uso de álcool e drogas, as 
relativas habilidades de natação das vítimas e a ausência de supervisão por salva-vidas. 
3 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Resultados de estudos correlacionais podem, por outro lado, sugerir a possibilidade de 
relações causais, que podem então ser exploradas em estudos posteriores. O tipo mais comum de 
estudo correlacional relatado na literatura da Análise do Comportamento Aplicada compara taxas 
relativas ou probabilidades condicionais de duas ou mais variáveis observadas, mas não manipuladas 
(por exemplo, Atwater & Morris, 1988; Symons, Hoch, Dahl, & McComas, 2003; Thompson & 
Iwata, 2001). Por exemplo, Mckerchar e Thompson (2004) encontraram correlações entre 
problemas de comportamento exibidos por 14 crianças pré-escolares e os seguintes eventos 
consequentes: atenção da professora (100% das crianças), apresentação de algum material ou item 
para a criança (79% das crianças) e fuga da tarefa instrucional (33% das crianças). Os resultados deste 
estudo não apenas fornecem validação empírica para as consequências sociais tipicamente usadas 
em contextos clínicos para analisar variáveis mantendo o comportamento problema de crianças, 
mas também aumenta a confiança na predição de que intervenções baseadas nos achados de tais 
pesquisas serão relevantes nas condições que ocorrem naturalmente em classes de pré-escolares. 
(Iwata et al., 1994). Adicionalmente, ao revelar as altas probabilidades com as quais professores 
responderam ao problemas de comportamento de forma que era provável a mantê-los e fortalecê-
los, os dados de McKerchar e Thompson também apontam a necessidade de treinar professores de 
formas mais efetivas a responder a comportamento problema. 
 
Controle 
A habilidade de prever com certo grau de confiança é um fruto valioso e útil da ciência; 
predição permite preparação. Entretanto, o maior benefício potencial da ciência pode ser derivado 
do terceiro e mais alto nível de compreensão científica – o controle. Evidências dos tipos de controle 
que podem ser derivados de achados científicos das ciências da natureza estãoao nosso redor em 
tecnologias que utilizamos no dia-a-dia: leite pasteurizado e os refrigeradores nos quais o 
guardamos; vacinas para gripe e os automóveis que dirigimos para ir até elas; aspirinas e televisões 
que nos bombardeiam com notícias e propagandas sobre a droga. 
Relações funcionais, os produtos primários da pesquisa analítico-comportamental básica e 
aplicada, fornecem o tipo de compreensão científica que é a mais importante e útil para o 
desenvolvimento de uma tecnologia de modificação do comportamento. Uma relação funcional 
existe quando um experimento bem controlado revela que uma mudança específica em um evento 
(a variável dependente) pode confiavelmente ser produzida por manipulações específicas em outro 
evento (a variável independente) e que a mudança na variável dependente provavelmente não foi 
resultado de fatores estranhos (variáveis estranhas) 
Johnston e Pennypacker (1980) descreveram relações funcionais como “o produto final da 
investigação científica natural da relação entre comportamento e sus variáveis determinantes” (p. 
16). 
Tal “co-relação” é expressa como y = f(x), onde x é variável independente 
ou o argumento da função, e y é a variável dependente. Para determinar se uma 
relação observada é verdadeiramente funcional, é necessário demonstrar a 
operação dos valores de x isolados e mostrar que são suficientes para a 
produção de y. ... Entretanto, uma relação mais poderosa existe a necessidade 
pode ser mostrada (se y ocorre apenas se x ocorre). A forma mais completa de 
e elegante de investigação empírica envolve a aplicação do método 
4 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
experimental para identificar relações funcionais. (Johnston & Pennypacker, 
1993ª, p. 239) 
A compreensão obtida pela descoberta científica de relações funcionais é a base de 
tecnologias aplicadas em todos os campos. Quase todas as pesquisas citadas neste texto são análises 
experimentais que demonstraram ou descobriram uma relação funcional entre um comportamento-
alvo e uma ou mais . variáveis ambientais. Porém, é importante entender que relações funcionais 
também são correlacões (Cooper, 2005) e que: 
De fato, tudo o que nós sempre realmente sabemos é que dois eventos 
são relacionados ou “co-relacionados” de alguma maneira. Dizer que um 
“causa” o outro é dizer que um é apenas resultado do outro. Para saber isso, é 
necessário saber que nenhum outro fator está contribuindo. Isto é virtualmente 
impossivel de saber porque requer identificar todas os possíveis fatores e 
então mostrar que ele são irrelevantes (Johnston & Pennypacker, 1993ª, p. 
240) 
As atitudes da Ciência 
A ciência é antes de tudo um conjunto de atitudes. 
 
- B. F. Skinner (1953, p. 12) 
A definição de Ciência não está em tubos de ensaio, espectrômetros ou aceleradores de 
partículas, mas no comportamento dos cientistas. Para começar a entender qualquer ciência, nós 
precisamos olhar além do aparato e dos instrumentação que está mais prontamente aparente e 
examinar o que os cientistas fazem.1 O percurso do conhecimento pode ser propriamente chamado 
de ciência quando é percorrido de acordo com os preceitos metodológicos gerais e expectativas que 
definem ciência. Apesar de não haver nenhum “método científico” no sentido de um conjunto 
prescrito de etapas ou regras que devem ser seguidas, todos os cientistas compartilham a suposição 
fundamental sobre a natureza dos eventos que são passíveis de investigação pela ciência, noções 
gerais sobre estratégia básica e perspectivas sovre como visualizar suas descobertas. Estas atitudes 
da ciência – determinismo, empiricismo, experimentação, replicação, parsimônia e dúvida filosófica 
– constituem um conjunto de suposições primordiais e valores que guiam o trabalho de todos os 
cientitas (Whaley & Surratt, 1968). 
Determinismo 
A ciência é baseada na suposição do determinismo. Os cientistas presumem que o universo, ou pelo menos 
a parte que eles pretendem investigar com os métodos da ciência, é um lugar regido por leis e ordenado onde 
todos os fenômenos ocorrem como resultado de um outro evento. Em outras palavras, eventos não apenas 
acontecem “querendo ou não”, eles estão relacionados de formas sistemáticas a outros fatores que são, eles 
próprios, fenômenos físicos passíveis de investigação científica. 
Se o universo fosse governado pelo acidentalismo, uma posição filosófica antitética ao 
determinismo que sustenta que eventos ocorrem por acidente ou sem causa, ou pelo fatalismo, a 
crença de que eventos são predeterminados, a descoberta científica e uso tecnológico de relações 
funcionais para melhorar coisas seria impossível. 
5 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Se quisermos usar os métodos da ciência no campo dos assuntos 
humanos, devemos assumir que o comportamento é regido por leis e 
determinado. Nós devemos esperar desobrir que o que um homem faz é o 
resultado de condições específicas e que uma vez que estas condições forem 
descobertas, nós podemos antecipar e, até certo ponto, determinar suas ações. 
(Skinner, 1953, p.6) 
O determinismo desempenha um duplo papel fundamental na condução da prática científica: 
é ao mesmo tempo uma postura filosófica que não se presta à prova e à confirmação que é procurada 
em cada experimento. Em outras palavras, a ciência primeiro assume a existência de leis e depois 
procura relações regidas por elas (Delprato & Midgley, 1992). 
Empiricismo 
O conhecimento científico é construído, acima de tudo, pelo empirismo – a prática da 
observação objetiva dos fenômenos de interesse. A objetividade, nesse sentido, significa 
“independente de preconceitos pessoais, gostos e opiniões privadas do cientista... Resultados de 
métodos empíricos são objetivos, pois estão abertos à observação de qualquer pessoa e não 
dependem da crença subjetiva do cientista” (Zuriff, 1985, p. 9). 
Na era pré-científica, assim como em atividade não-científica e pseudocientíficas dos dias 
de hoje, o conhecimento era (e é) o produto da contemplação, especulação, opinião pessoal, 
autoridade, e a lógica “óbvia” do senso comum. A atitude empírica do cientista, no entanto, requer 
observação objetiva baseada na descrição minuciosa, na medição sistemática e repetida e na 
quantificação dos fenômenos de interesse. 
Como em todo campo científico, empiricismo é a regra mais importante na ciência do 
comportamento. Todo esforço para entender, prever e melhorar o comportamento depende da 
capacidade do analista do comportamento de definir completamente, observar sistematicamente e 
medir com precisão e confiabilidade as ocorrências e não-ocorrências do comportamento de 
interesse. 
Experimentação 
Experimentação é a estratégia básica da maioria das ciências. Whaley e Surratt (1968) 
usaram a seguite anedota para introduzir a necessidade de conduzir experimentos. 
Um homem que vivia em um área de habitação suburbana foi 
surpreendido uma noite ao ver seu vizinho se curvar aos quatro ventos, cantar 
uma estranha melodia e dançar ao redor de seu gramado batendo um pequeno 
tambor. Após tertemunhar o mesmo ritual por mais um de mês, o homem ficou 
sobrecarregado de curiosidade e decidiu investigar. 
“Por que você passa por esse mesmo ritual toda noite?” o homem 
perguntou ao vizinho. “Ele mantém minha casa a salvo dos tigres”, o vizinho 
1 Skinner (1953) observou, que apesar de telescópios e ciclotrons nos darem uma “dramática imagem da ciência 
em ação” (p. 12), e que a ciência não teria avançado muito sem eles, tais dispositivos e aparatos não são a ciência em 
si mesmos. “Nem deve a ciência ser idetificada com mensuração precisa. Nós podemos medir e ser matemáticos 
sem estar sendo científicos, assim como nós podemos ser científicos com essas ajudas” (p. 12). Instrumentos 
científicos trazem cientistas para um maior contato com seu objeto de estudo e, com mensuração e matemática, 
permitem umadescrição mais presisa e controle sobre variáveis chave. 
6 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
respondeu. 
“Que martírio!” disse o homem. “Você não sabe que não há um tigre 
dentro de mil milhas daqui?” 
“Sim”, o vizinho sorriu. “Certamente funciona, não é?” (pp. 23-2 até 23-
3) 
Quando eventos são observados como covariáveis ou ocorrem em sequência temporal 
próxima, pode existir uma relação funcional, mas outros fatores podem ser responsáveis pelos 
valores observados da variável dependente. Para investigar a possível existência de uma relação 
funcional, um experimento (ou melhor, uma série de experimentos) deve ser realizado no qual o 
fator(es) suspeito de ter status causal é sistematicamente controlado e manipulado enquanto os 
efeitos sobre o evento em estudo são cuidadosamente observados. Ao discutir o significado do termo 
experimental, Dinsmoor (2003) observou que: 
Duas medidas do comportamento podem ser encontradas covariando 
em um nível estatisticamente significativo, mas não isso não deixa claro qual 
fator é a causa e qual fator é o efeito, ou se as relações entre os dois não são o 
produto de um terceiro, fator estranho, com o qual ambas estão variando. 
Suponha, por exemplo, que é encontrado que estudantes com boas notas vão a 
mais encontros que aqueles com baixas notas. Isso implica que boas notas 
deixam as pessoas socialmente atrativas? Que ir a encontros é o caminho para 
o sucesso acadêmico? Ou que segurança financeira e tempo livre contribuem 
tanto para sucesso acadêmico e social? (p. 152) 
Prever e controlar confiavelmente quaisquer fenômenos, incluindo a presença de tigres no 
quintal de alguém, requer a identificação e manipulação dos fatores que fazem aqueles fenômenos 
acontecerem como eles acontecem. Uma forma que pela qual o indivíduo descrito anteriormente 
poderia usa o método experimental para avaliar a efetividade de seu ritual seria primeiro mudar-se 
para uma vizinhança na qual tigres são regularmente observados e então sistematicamente manipular 
o uso do ritual “anti-tigres” (por exemplo, um semana com ritual, outra sem, outra com) enquanto 
observa e registra a presença de tigres sob condições com ritual e sem ritual. 
O método experimental é um método para isolar as variáveis relevantes 
dentro de um padrão de eventos Quando o método experimental é empregado, 
é possível alterar um fator por vez (variável independente) enquanto deixa 
todos os outros aspectos da situação constantes, e então observar quais efeitos 
essa mudança tem no comportamento-alvo (variável dependente). Idealmente, 
uma relação funcional pode ser obtida. Técnicas formais de controle 
experimental são delineadas para se assegurar que as condições comparadas 
sejam as mesmas. O uso do método experimental serve como condição 
necessária (sine quo non) para distinguir a análise experimental do 
comportamento de outros métodos de investigação. (Dinsmoor, 2003, p. 152) 
Assim, um experimento é uma comparação cuidadosamente conduzida de alguma medida 
do fenômeno de interesse (a variável dependente) sob duas ou mais diferentes condições nas quais 
apenas um fator por vez (a variável independente) difere em uma condição para outra. 
Replicação 
Os resultados de um experimento único, não importando o quão bem o estudo foi delineado 
e conduzido e não importando quão claros e impressionantes são os achados, nunca são suficientes 
7 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
para ganhar um lugar aceito dentro da base de conhecimento científico de qualquer área. Apesar 
dos dados de um único experimento terem valor por si só não possam ser descartados, somente 
depois que um experimento foi replicado várias vezes com mesmo padrão básico de resultados, os 
cientistas gradualmente se convencem dos achados. 
Replicação – a repetição de experimentos (bem como repetir condições de variáveis 
independentes dentro de experimentos) – “permeia todos os cantos do método experimental” 
(Johnston & Pennypacker, 1993a, p. 244). Replicação é o método primário com o qual cientistas 
determinam a confiabilidade e utilidade de seus achads e descobrem seus erros (Johnston & 
Pennypacker, 1980; 1993a; Sidman, 1960). Replicação – não a infalibilidade ou a honestidade 
inerente dos cientistas – é a razão primária pela qual a ciência é um empreendimento autocorretivo 
que acaba por acertar (Skinner, 1953). 
Quantas vezes um experimento deve ser repetido com os mesmo resultados antes da 
comunidade científica aceitar os achados? Não há um número dado de replicações requeridas, mas 
quanto maior a importância dos achados para a teoria ou a prática, maior o número de replicações 
devem ser conduzidas. 
Parcimônia 
Um definição do dicionário de parcimônia é grande frugalidade (simplicidade), e de uma 
forma especial essa conotação precisamente descreve o comportamento dos cientistas. Como uma 
atitude da ciência, a parcimônia requer que todas as explicações simples e lógicas para o fenômeno 
em investigação devem ser descartadas, experimentalmente ou conceitualmente, antes de 
explicações mais complexas ou abstratas serem consideradas. Interpertações parcimoniosa ajudam 
cientistas a adequar seus achados na base de conhecimentos existente na área. Uma interpretação 
totalmente parcimoniosa consiste apenas destes elementos que são necessários e suficientes para 
explicar o fenômeno. A atitude de parcimônia é tão crítica para explicações científicas que é 
algumas vezes referida como a Lei da Parcimônia (Whaley & Surratt, 1968), uma “lei” derivada da 
Navalha de Ockham, creditada a Guilherme de Ockham (1285 – 1349), que postulou: “Não se deve 
aumentar, além do necessário, o número de entidades necessárias para explicar coisa alguma” 
(Mole, 2003). Em outras palavras, dada uma escolha entre duas explanações concorrentes e 
convindentes, para o mesmo fenômeno, deve-se eliminar as variáveis estranhas mais e escolher a 
explicação mais simples, a que requer menos suposições. 
Dúvida filosófica 
A atitude da dúvida filosófica requer que o cientista continuamente questione a veracidade 
do que é considerado como fato. Conhecimento científico deve sempre ser visto como uma 
tentativa. Cientistas devem estar constantemente dispostos a deixar de lado suas crenças e 
descobertas mais acalentadas e substituí-las pelo conhecimento derivado de novas descobertas. 
Bons cientistas mantém um nível saudável de ceticismo. Embora ser cético da pesquisa dos 
outros possa ser fácil, uma característica difícil porém crítica dos cientistas é eles permanecem 
abertos à possibilidade – bem como procuram por evidência – de que seus próprios achados ou 
interpretações podem estar errados. Como Oliver Cromwell (1650) postulou em outro contexto: “Eu 
peço a você ... ache possível que você pode estar enganado.” Para o verdadeiro cientista, “novas 
8 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
descobertas não são problemas; elas são oportunidades para investigações adicionais e compreensão 
ampliada” (Todd & Morris, 1993, p. 1159). 
Aplicadores devem ser tão céticos quanto pesquisadores. O aplicador cético não apensa 
requer evidência científica antes de implementar uma nova prática, mas também avalia 
continuamente sua eficácia uma vez que a prática tenha sido implementada. Aplicadores devem ser 
particularmente céticos a alegações extraordinárias feitas para a eficácia de novas teorias, terapias 
ou tratamentos (Jacobson, Foxx e Mulick, 2005; Maurice, 2006). 
Alegações que soam muito boas para serem verdade são geralmente 
apenas isso. ... 
Alegações extraordinárias requerem evidência extraordinária. (Sagan, 
1996; Shermer, 1997). 
O que constitui evidência extraordinária? No sentido mais estrito, e no 
sentido que deveria ser empregado ao avaliar alegações de eficácia 
educacional, evidência é o resultado da aplicação do método científico para 
testar a efetividadede uma afirmação, uma teoria, ou uma prática. Quanto 
mais rigorosamente o teste é conduzido, quanto mais vezes ele é replicado, 
quanto mais extensivamente ele é corroborado, mais extraordinárias são as 
evidências. As evidências se tornam extraordinárias quando são 
extraordinariamente bem testadas. (Heward & Silvestri, 2005, p. 209) 
Nós encerramos nossa discussão sobre a dúvida filosófica com dois conselhos, um de Carl 
Sagan, outro de B. F. Skinner: “A questão não é se nós gostamos da conclusão que surge de uma 
linha de raciocínio, mas se a conclusão decorre da premissa ou do ponto de partida e se a premissa é 
verdadeira” (Sagan, 1996, p. 210). “Não considere nenhuma prática imutável. Mude e esteja pronto 
para mudar novamente. Não aceite nenhuma verdade eterna. Experimente” (Skinner, 1979, p. 346). 
Outras atitudes e valores importantes 
As seis atitudes da ciência que examinamos são características necessárias da ciência em 
fornecem um contexto importante para compreender a análise do comportamento aplicada. 
Entretanto, o comportamento do cientista mais produtivo e bem-sucedido é também caracterizado 
por qualidades como meticulosidade, curiosidade,perseverança, diligência, ética e honestidade. 
Bons cientistas adquirem esses traços porque se comportar dessa forma se mostrou benéfico ao 
progresso da ciência. 
Uma definição de Ciência 
 
Não existe uma definição padrão universalmente aceita de Ciência. Oferecemos a seguinte 
definição como uma que engloba os propósitos e atitudes discutidos anteriormente da ciência, 
independentemente do assunto. A ciência é uma abordagem sistemática para a compreensão de 
fenômenos naturais – como evidenciado pela descrição, previsão, e controle – que depende do 
determinismo como pressuposto fundamental, o empirismo como sua principal diretriz, 
experimentação como sua estratégia básica, replicação como seu requisito necessário para a 
credibilidade, a parcimônia seu valor conservador, e a dúvida filosófica como sua guia consciente. 
Uma breve história do desenvolvimento da Análise do Comportamento 
9 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
A análise do comportamento consiste em três ramos principais. Behaviorismo é a filosofia 
da ciência do comportamento, pesquisa básica é o domínio da Análise Experimental do 
Comportamento (AEC), e o desenvolvimento de uma tecnologia para melhorar o comportamento é 
a preocupação da Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis - ABA). A 
análise do comportamento aplicada só pode ser completamente entendida no contexto da filosofia 
e das descobertas da pesquisa básica a partir das quais ela evoluiu e permanece conectada hoje. Esta 
seção fornece uma descrição elementar dos princípios básicos do behaviorismo e descreve alguns 
dos principais eventos que marcaram o desenvolvimento da análise do comportamento2. A Tabela 1 
lista os principais livros, periódicos e organizações profissionais que contribuíram para o avanço da 
análise do comportamento desde os anos 30. 
O Behaviorismo Estímulo-Resposta de Watson 
A psicologia no início dos anos 1900 foi dominada pelo estudo dos estados da consciência, 
imagens e outros processos mentais. A introspecção, o ato de observar cuidadosamente os próprios 
pensamentos e sentimentos conscientes, era um método primário de investigação. Embora os 
autores de vários textos da primeira década do século XX tenham definido a psicologia como a 
ciência do comportamento (ver Kazdin, 1978), John B. Watson é amplamente reconhecido como o 
porta-voz para uma nova direção no campo da psicologia. 
Em seu influente artigo, “Psicologia como o Behaviorista a vê”, Watson (1913) escreveu: 
A psicologia como o behaviorista a vê é basicamente um ramo objetivo 
e experimental da ciência natural. Seu objetivo teórico é a predição e o 
controle do comportamento. A introspecção não faz parte essencial de seus 
métodos, nem o valor científico de seus dados depende da prontidão com a qual 
eles se prestam à interpretação em termos de consciência. (p. 158) 
 
10 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Tabela 1: Seleção representativa de livros, periódicos e organizações que foram importantes no desenvolvimento e 
disseminação da Análise do Comportamento 
 
2 Descrições informativas e interessantes da história da análise do comportamento podem ser encontradas em 
Hackenberg (1995), Kazdin (1978), Michael (2004), Pierce e Epling (1999), Risley (1997, 2005), Sidman (2002), 
Skinner (1956, 1979), Stokes (2003) e em uma sessão especial de artigos na edição de outono de 2003 de The 
Behavior Analyst. 
11 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Tabela 1 (continuação) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Watson argumentou que o objeto adequado para a psicologia não era estados da mente ou 
processos mentais, mas comportamento observável. Além disso, o estudo objetivo do 
comportamento como uma ciência natural deve consistir na observação direta das relações entre os 
estímulos ambientais (S) e as respostas (R) que eles evocam. O behaviorismo watsoniano tornou-
se assim conhecido como a psicologia estímulo- resposta (S-R). Embora houvesse evidência 
científica insuficiente para apoiar a psicologia S-R como uma explicação viável para a maioria dos 
comportamentos, Watson estava confiante de que seu novo behaviorismo levaria de fato à previsão 
e controle do comportamento humano e permitiria aos profissionais melhorar o desempenho em 
áreas como educação, negócios e direito. Watson (1924) fez afirmações ousadas sobre o 
comportamento humano, como ilustrado nesta famosa citação: 
Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio 
mundo especificado para criá-los e eu vou garantir escolher qualquer uma ao 
acaso e treina-la para se transformar em qualquer tipo de especialista que eu 
selecione - advogado, médico, artista, comerciante-chefe e, sim, mesmo 
mendigo e ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, 
tendências, habilidades, vocações e raça de seus antepassados. Eu vou além 
dos meus fatos e admito, mas os defensores do contrário também e eles tem 
feito isso por muitos milhares de anos. (p. 104) 
É lamentável que tais alegações extraordinárias tenham sido feitas, exagerando a capacidade 
de prever e controlar o comportamento humano para além do conhecimento científico disponível. 
A citação que acabamos de expor foi usada para desacreditar Watson e continua a ser usada para 
desacreditar o behaviorismo em geral, embora o behaviorismo que baseia a Análise do 
Comportamento contemporânea seja fundamentalmente diferente do paradigma S-R. No entanto, 
as contribuições de Watson foram de grande importância: ele defendeu de maneira convincente o 
estudo do comportamento como uma ciência natural em par com as ciências físicas e biológicas.3 
Análise Experimental do Comportamento 
O ramo experimental da Análise do Comportamento formalmente teve seu início em 1938 
com a publicação de B. F. Skinner O Comportamento dos Organismos (1938/1966). O livro resumiu 
a pesquisa de laboratório de Skinner conduzida de 1930 a 1937 e colocou em perspectiva dois tipos 
3 Para uma interessante biografia e análise acadêmica das contribuições de J. B. Watson, ver Todd e Morris (1994). 
13 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
de comportamento: respondente e operante. 
Comportamento respondente é o comportamento reflexivo como na tradição de Ivan Pavlov 
(1927/1960). Os respondentes são eliciados, ou “trazidos para fora”, por estímulos que 
imediatamente os precedem. O estímulo antecedente (por exemplo, luz brilhante) e a resposta que 
ele provoca (por exemplo, constrição da pupila) forma uma unidade funcional chamada reflexo. 
Comportamentos respondentes são essencialmente involuntários e ocorremsempre que o estímulo 
eliciador é apresentado. 
Figura 1: O primeiro conjunto de dados apresentado em The Behavior of Organisms, de B.F. Skinner: An 
Experimental Analysis (1938). Todas as respostas para a alavanca foram reforçadas. Os três primeiros reforços 
aparentemente foram ineficazes. O quarto é seguido por eguido por um rápido aumento na taxa. 
 
Skinner estava "interessado em dar um relato científico a todo o comportamento, incluindo 
o que Descartes havia definido como ‘desejado’ e fora do alcance da ciência" (Glenn, Ellis, & 
Greenspoon, 1992, p. 1330). Mas, como outros psicólogos da época, Skinner descobriu que o 
paradigma S – R não conseguia explicar uma grande parte dos comportamentos, particularmente 
comportamentos para os quais não havia causas antecedentes aparentes no ambiente. Comparado 
ao comportamento reflexivo com seus claros eventos eliciadores, muito do comportamento dos 
organismos parecia espontâneo ou “voluntário”. Na tentativa de explicar os mecanismos 
responsáveis pelo comportamento “voluntário”, outros psicólogos postularam variáveis mediadoras 
internas ao organismo na forma de construtos hipotéticos como processos cognitivos, impulsos e 
livre-arbítrio. Skinner tomou um rumo diferente. Em vez de criar construtos hipotéticos, entidades 
presumidas mas não observadas que não poderiam ser manipuladas em um experimento, Skinner 
continuou a procurar no ambiente os determinantes do comportamento que não tinham causas 
antecedentes aparentes. (Kimball, 2002; Palmer, 1998). 
Ele não negou que variáveis fisiológicas desempenhem um papel na 
determinação do comportamento. Ele apenas sentiu que este era o domínio de 
outras disciplinas e, por sua vez, permaneceu comprometido em avaliar o 
papel causal do ambiente. Essa decisão significava olhar para outro lugar no 
tempo. Por meio de pesquisas meticulosas, Skinner acumulou evidências 
significativas, embora contraintuitivas, de que o comportamento é menos 
modificado pelos estímulos que o precedem (embora o contexto seja 
importante) e mais pelas consequências que o seguem imediatamente (ou seja, 
consequências que são contingentes a ele). A formulação essencial para essa 
noção é S-R-S, também conhecida como contingência de três termos. Não 
substituiu o modelo S-R – ainda salivamos, por exemplo, se sentirmos cheiro 
de comida cozinhando quando estamos com fome. No entanto, explica como 
o ambiente “seleciona” a maior parte do comportamento aprendido. 
Com a contingência de três termos, Skinner nos deu um novo 
paradigma. Ele alcançou algo não menos profundo para o estudo do 
comportamento e da aprendizagem do que o modelo do átomo de Bohr ou o 
14 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
modelo do gene de Mendel. (Kimball, 2002, p. 71). 
O segundo tipo de comportamento Skinner chamou de comportamento operante4. 
Comportamentos operantes não são eliciados por estímulos antecedentes, mas são influenciados por 
alterações no ambiente que seguiram o comportamento no passado. A contribuição mais poderosa 
e fundamental de Skinner para nossa compreensão do comportamento foi sua descoberta e análises 
experimentais dos efeitos das consequências sobre o comportamento. A contingência operante de 
três termos como a unidade primária de análise foi um avanço conceitual revolucionário (Glenn, 
Ellis, & Greenspoon, 1992). 
Skinner (1938/1966) argumentou que a análise do comportamento operante “unicamente 
com sua relação com o ambiente apresenta um importante campo de investigação separado” (p. 
438). Ele nomeou essa nova ciência como a Análise Experimental do Comportamento e delineou 
a metodologia para sua prática. Simplificando, Skinner registrou a taxa na qual um único sujeito 
(inicialmente usou ratos e depois pombos) emitiu um determinado comportamento em uma câmara 
experimental controlada e padronizada. 
O primeiro conjunto de dados apresentado por Skinner em O Comportamento dos 
Organismos foi um gráfico que “fornece um registro da mudança resultante no comportamento” (p. 
67) quando um pelota de alimento foi entregue imediatamente após um rato pressionar uma 
alavanca (ver Figura 1). Skinner observou que as primeiras três vezes que a comida seguiu uma 
resposta "não teve efeito observável", mas que "a quarta resposta foi seguida por um apreciável 
aumento na taxa, mostrando uma rápida aceleração ao máximo" (pp. 67-68). 
Os procedimentos investigativos de Skinner evoluíram para uma elegante abordagem 
experimental que permitiu demonstrações poderosas de relações funcionais ordenadas e confiáveis 
entre o comportamento e vários tipos de eventos ambientais5. Ao manipular sistematicamente o 
arranjo e a programação de estímulos que precederam e seguiram o comportamento em literalmente 
milhares de experimentos de laboratório das décadas de 1930 a 1950, Skinner e seus colegas e 
alunos descobriram e verificaram os princípios básicos do comportamento operante que continuam 
a fornecer a base empírica para a Análise do Comportamento contemporânea. A descrição desses 
princípios do comportamento – afirmações gerais de relações funcionais entre eventos 
comportamentais e ambientais – e táticas para mudança de comportamento derivados desses 
princípios constituem a maior parte deste texto. 
O Behaviorismo Radical de Skinner 
15 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Além de ser o fundador da análise experimental do comportamento, B. F. Skinner escreveu 
extensivamente sobre a filosofia desta ciência6. Sem dúvida, os escritos de Skinner foram os mais 
influentes tanto em orientar a prática da ciência do comportamento e em propor a aplicação dos 
princípios de comportamento em novas áreas. Em 1948, Skinner publicou Walden Two, um relato 
fictício de como a filosofia e os princípios de comportamento poderiam ser usados em uma 
comunidade utópica. Isto foi seguido por seu texto clássico, Ciência e Comportamento Humano 
(1953), no qual ele especulou como os princípios de comportamento poderiam ser aplicados ao 
comportamento humano complexo em áreas como educação, religião, governo, direito e 
psicoterapia. Grande parte da escrita de Skinner foi dedicada ao desenvolvimento e explicação de 
sua filosofia do behaviorismo. Skinner começou seu livro Sobre o Behaviorismo (1974) com estas 
palavras: 
O behaviorismo não é a ciência do comportamento humano; é a 
filosofia desta ciência. Algumas são estas: Tal ciência é realmente possível? 
Ela pode explicar todos os aspectos do comportamento humano? Quais 
métodos ela pode usar? Suas leis são válidas como são as da física e da 
biologia? Ela levará a uma tecnologia e, caso sim, qual o papel desempenhará 
nos assuntos humanos? (p. 1). 
O behaviorismo que Skinner iniciou diferiu significativamente (na verdade, radicalmente) 
de outras teorias psicológicas, incluindo outras formas de behaviorismo. Embora houvesse, e ainda 
haver, muitos modelos psicológicos e abordagens para o estudo do comportamento, o mentalismo é 
o denominador comum entre a maioria. 
Em termos gerais, o mentalismo pode ser definido como uma 
abordagem ao estudo do comportamento que pressupõe que existe uma 
dimensão mental ou “interna” que difere de uma dimensão comportamental. 
Esta dimensão é normalmente referida em termos de suas propriedades neurais, 
psíquicas, espirituais, subjetivas, conceituais ou hipotéticas. O mentalismo ainda 
supõe que fenômenos nessa dimensão causam diretamente ou pelo menos 
mediam algumas formas de comportamento, se não todas. Esses fenômenos são 
tipicamente designados como algum tipo de ato, estado, mecanismo, processo ou 
entidade que é causal no sentido de iniciar ou originar. O mentalismo considera 
4 Em O Comportamento dos Organismos, Skinner chamou de o condicionamento do comportamento respondente 
condicionamento Tipo S e o condicionamento de operantes de condicionamento Tipo R, mas estes termos foram 
rapidamente descartados. Oscondicionamentos respondente e operante e a contingência de três termos são 
posteriormente discutidos no próximo capítulo intitulado “Basic Concepts”. 
5 A maioria das características metodológicas da abordagem experimental iniciada por Skinner (por, exemplo, 
mensuração repetida da taxa ou frequência de respostas como uma variável dependente primária, comparações intra-
sujeito, análises visuais de gráficos) continuam a caracterizar as pesquisas básicas e aplicadas dentro da Análise do 
Comportamento. 
6 Skinner, que muitos consideram o mais eminente psicólogo do século 20 (Haagbloom et al., 2002), foi autor e co-
autor de 291 obras de fontes primárias (ver Morris & Smith, 2003, para uma bibliografia completa). Além da 
autobiografia de três volumes de Skinner (Particulars of My Life, 1976; The Shaping of a Behaviorist, 1979; A 
Matter of Consequences, 1983), numerosos livros e artigos biográficos foram escritos sobre Skinner, tanto antes 
como depois da morte dele. Os estudantes interessados em aprender sobre Skinner devem ler B.F. Skinner: A Life 
de Daniel Bjork (1997), B. F. Skinner, Organism de Charles Catania (1992), Burrhus Frederic Skinner (1904-1990): 
A Thank You por Fred Keller (1990), B. F. Skinner—The Last Few Days pela sua filha Julie Vargas (1990), e Skinner 
as Self-Manager de Robert Epstein. As contribuições de Skinner para a ABA são descritas por Morris, Smith e 
Altus (2005). 
16 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
as preocupações sobre a origem desses fenômenos, na melhor das hipóteses, 
incidentais. Em suma, o mentalismo sustenta que uma explicação causal 
adequada do comportamento deve apelar diretamente para a eficácia desses 
fenômenos mentais. (Moore, 2003, pp. 181-182) 
Construtos hipotéticos e ficções explanatórias são o estoque e a moeda de troca do 
mentalismo, que dominou o pensamento intelectual ocidental e a maioria das teorias psicológicas 
(Descartes, Freud, Piaget), e continua a fazê-lo no século XXI. Freud, por exemplo, criou um 
complexo mundo mental de construções hipotéticas – o id, o ego e o superego – que ele defendeu 
como chave para entender as ações de uma pessoa. 
Construtos hipotéticos – "termos teóricos que se referem a um processo ou entidade 
possivelmente existente, mas não-observado no momento" (Moore, 1995, p. 36) 
– não podem ser observados nem manipulados experimentalmente (MacCorquodale & Meehl, 
1948; Zuriff, 1985). Livre arbítrio, prontidão, liberadores inatos, dispositivos de aquisição de 
linguagem, mecanismos de armazenamento e recuperação para memória e processamento de 
informações são exemplos de construtos hipotéticos que são inferidos do comportamento. Embora 
Skinner (1953, 1974) tenha claramente indicado que é um erro excluir eventos que influenciam 
nosso comportamento porque eles não são acessíveis a outros, ele acreditava que usando ficções 
mentalistas presumidas mas não observadas (isto é, construtos hipotéticas) explicar as causas do 
comportamento não contribuiu em nada para uma explicação funcional. 
Considere uma situação típica de laboratório. Um rato alimentado por comida pressiona uma 
alavanca toda vez que uma luz acende e recebe comida, mas o rato raramente empurra a alavanca 
quando a luz está apagada (e se isso acontecer, nenhum alimento é liberado). Quando solicitado a 
explicar por que o rato pressiona a alavanca somente quando a luz está acesa, a maioria dirá que o 
rato "fez a associação" entre a luz acesa e a comida sendo entregue quando a alavanca é pressionada. 
Como resultado dessa associação, o animal agora “sabe” apertar a alavanca apenas quando a luz 
está acesa. Atribuindo o comportamento do rato a um processo cognitivo hipotético, como 
associaçao ou algo chamado de "conhecimento" não acrescenta nada a uma explicação funcional da 
situação. Primeiro, o ambiente (neste caso, o experimentador) emparelhou a luz e disponibilidade 
de alimentos para pressões de alavanca, não o rato. Segundo, o conhecimento ou outro processo 
cognitivo que supostamente explicaria o comportamento não é explicado em si mesmo, o que pediria 
ainda mais conjecturas. 
O “conhecimento” que é usado para explicar o desempenho do rato é um exemplo de uma 
ficção explanatória, uma variável fictícia que muitas vezes é simplesmente outro nome para o 
comportamento observado que nada contribui para a compreensão das variáveis responsáveis pelo 
desenvolvimento ou manutenção do comportamento. As ficções explanatórias são o ingrediente-
chave em “um modo circular de ver a causa e o efeito de uma situação” (Heron, Tincani, Peterson 
& Miller, 2005, p. 274) que dão uma falsa sensação de compreensão. 
Passar do comportamento observado para um mundo interior 
fantasioso é algo que continua inabalável. Às vezes é pouco mais que uma 
prática lingüística. Nós tendemos a fazer substantivos de adjetivos e verbos e 
então devemos encontrar um lugar para o coisas que os substantivos dizem 
representar. Dizemos que uma corda é forte e em pouco tempo estamos falando 
de sua força. Nós chamamos um tipo particular de resistência à tração, e então 
17 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
explicamos que a corda é forte porque possui resistência à tração. O erro é 
menos óbvio, mas mais problemático quando os assuntos são mais complexos. 
. . . 
Considere agora um paralelo comportamental. Quando uma pessoa 
tem sido sujeita a consequências suavemente punitivas ao andar em uma 
superfície escorregadia, ela pode andar de uma maneira que descrevemos 
como cautelosa. Fica então fácil dizer que ele anda com cautela ou que ele 
demonstra cautela. Há sim nenhum dano nisso até começarmos a dizer que 
ele anda com cuidado por causa de sua cautela. (Skinner, 1974, pp. 165-166, 
ênfase adicionada) 
Alguns acreditam que o behaviorismo rejeita todos os eventos que não podem ser definidos 
operacionalmente por avaliação objetiva. Consequentemente, Skinner supostamente rejeitou todos 
os dados de seu sistema que não puderam ser verificados independentemente por outras pessoas 
(Moore, 1984). Moore (1985) chamou essa visão operacional de “compromisso com a verdade por 
consenso” (p. 59). Este senso comum da filosofia do behaviorismo é limitada; na realidade, existem 
muitos tipos de behaviorismo – estruturalismo, behaviorismo metodológico e formas de 
behaviorismo que usam cognições como fatores causais (por exemplo, modificação do 
comportamento cognitivo e teoria da aprendizagem social), além do behaviorismo radical de 
Skinner. 
O estruturalismo e o behaviorismo metodológico rejeitam todos os eventos que não são 
definidos operacionalmente por avaliação objetiva (Skinner, 1974). Os estruturalistas evitam o 
mentalismo restringindo suas atividades a descrições de comportamento. Eles não fazem 
manipulações científicas; consequentemente, eles não abordam questões de fatores causais. 
Behavioristas metodológicos diferem dos estruturalistas usando manipulações científicas para 
procurar relações funcionais entre eventos. Desconfortáveis em basear sua ciência em fenômenos 
inobserváveis, alguns dos primeiros behavioristas negaram a existência de "variáveis internas" ou 
os consideraram fora do alcance de uma explicação científica. Tal orientação é freqüentemente 
referida como behaviorismo metodológico. 
Behavioristas metodológicos também geralmente reconhecem a existência de eventos 
mentais, mas não os consideram dentro da análise do comportamento (Skinner, 1974). A confiança 
dos behavioristas metodológicos nos eventos públicos, excluindo eventos privados, restringe a base 
de conhecimento do comportamento humano e desencoraja a inovação na ciência do 
comportamento. O behaviorismo metodológico é restritivo porque ignora áreas de grande 
importância para uma compreensão do comportamento. 
Ao contrário da opinião popular, Skinner não se opôs à preocupação da psicologia cognitiva 
com eventos privados (ou seja, eventosque ocorrem “dentro da pele”) (Moore, 2000). Skinner foi o 
primeiro behaviorista a ver pensamentos e sentimentos (ele os chamou de “eventos privados”) como 
comportamentos a serem analisado com as mesmas ferramentas conceituais e experimentais usadas 
para analisar o comportamento publicamente observável, não como fenômenos ou variáveis que 
existem dentro e operam através de princípios de um mundo mental separado. 
Essencialmente, o behaviorismo de Skinner faz três suposições principais sobre a natureza 
dos eventos privados: (a) Eventos privados, como pensamentos e sentimentos, são comportamentos; 
18 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
(b) o comportamento que ocorre dentro da pele é diferenciado de outros comportamentos 
(“públicos”) apenas pela sua inacessibilidade; e (c) o comportamento privado é influenciado por 
(ou seja, é uma função de) os mesmos tipos de variáveis que o comportamento publicamente 
acessível. 
Não precisamos supor que os eventos que ocorrem dentro da pele de 
um organismo tenham propriedades especiais por esse motivo. Um evento 
privado pode ser distinguido por sua acessibilidade limitada, mas não, até 
onde sabemos, por qualquer estrutura especial da natureza. (Skinner, 1953, p. 
257) 
Ao incorporar eventos privados em um sistema conceitual geral de comportamento, Skinner 
criou um behaviorismo radical que inclui e busca compreender todo o comportamento humano. “O 
que há dentro da pele e como sabemos sobre isso? A resposta é, acredito, o coração do behaviorismo 
radical ”(Skinner, 1974, p. 218). As conotações adequadas da palavra radical no behaviorismo 
radical são de longo alcande e abrangente, conotando filosofia de incluir todo o comportamento, 
público e privado. Radical também é um modificador apropriado para a forma de behaviorismo de 
Skinner, porque representa um afastamento dramático de outros sistemas conceituais ao exigir 
“provavelmente a mudança mais drástica já proposta em nossa maneira de pensar sobre o homem. 
É quase literalmente uma questão de transformar a explicação do comportamento de dentro para 
fora.” (Skinner, 1974, p. 256) 
Skinner e a filosofia do behaviorismo radical reconhecem os eventos nos quais ficções, como 
os processos cognitivos, são baseados. O behaviorismo radical não restringe a ciência do 
comportamento a fenómenos que podem ser detectados por mais de uma pessoa. No contexto do 
behaviorismo radical, o termo observar implica “entrar em contato com” (Moore, 1984). Os 
behavioristas radicais consideram eventos privados como pensar ou sentir os estímulos produzidos 
por um dente danificado não são diferentes dos eventos públicos, como a leitura oral ou a percepção 
dos sons produzidos por um instrumento musical. De acordo com Skinner (1974), “o que é sentido 
ou observado introspectivamente não é um mundo não-físico da consciência, mente ou vida mental, 
mas o próprio corpo do observador” (pp. 18-19). 
O reconhecimento de eventos privados é um aspecto importante do behaviorismo radical. 
Moore (1980) afirmou de forma concisa: 
Para o behaviorismo radical, os eventos privados são aqueles eventos 
em que os indivíduos respondem em relação a certos estímulos acessíveis 
apenas a si mesmos. . . . 
As respostas que são feitas a esses estímulos podem elas próprias ser 
públicas, isto é, observáveis por outros, ou podem ser privadas, isto é, 
acessíveis apenas ao indivíduo envolvido. Não obstante, para parafrasear 
Skinner (1953), não é necessário supor que os eventos que ocorrem dentro da 
pele tenham propriedades especiais apenas por essa razão. 
. . . Para o behaviorismo radical, então, as respostas de um indivíduo a 
respeito de estímulos privados são igualmente lícitas e similares em espécie 
às respostas de uma pessoa em relação aos estímulos públicos. (p. 460) 
Cientistas e profissionais são afetados por seu próprio contexto social, e as instituições e 
escolas são dominadas pelo mentalismo (Heward & Cooper, 1992; Kimball, 2002). Uma 
compreensão firme da filosofia do behaviorismo radical, além do conhecimento dos princípios do 
19 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
comportamento, pode ajudar o cientista e o praticante a resistir à abordagem mentalista de 
abandonar a busca por variáveis controladoras no ambiente e derivar para ficções explanatórias no 
esforço de entender o comportamento. Os princípios de comportamento e os procedimentos 
apresentados neste texto aplicam-se igualmente a eventos públicos e privados. 
Uma discussão completa do behaviorismo radical está muito além do escopo deste texto. 
Ainda assim, o estudante sério de análise do comportamento aplicada deve dedicar um estudo 
considerável aos trabalhos originais de Skinner e a outros autores que criticaram, analisaram e 
ampliaram o pensamento filosófico, fundamentos da ciência do comportamento7. (Veja o Quadro 1 
para as perspectivas de Don Baer sobre o significado e a importância do behaviorismo radical.) 
Análise do Comportamento Aplicada 
Um dos primeiros estudos a relatar a aplicação humana de princípios de comportamento 
operante foi realizado por Fuller (1949). O sujeito era um menino de 18 anos com profundas 
deficiências no desenvolvimento, descrito na linguagem da época como um “idiota vegetativo”. Ele 
estava deitado de costas, incapaz de se virar. Fuller encheu uma seringa com uma solução morna de 
açúcar e injetou uma pequena quantidade de fluido na boca do jovem toda vez que ele movia o braço 
direito (aquele braço era escolhido porque ele o movia com pouca frequência). Em quatro sessões, 
o garoto estava movendo o braço para uma posição vertical a uma taxa de três vezes por minuto. 
Os médicos que o assistiam. . . pensaram que era impossível para ele 
aprender qualquer coisa – de acordo com eles, ele não havia aprendido nada 
nos 18 anos de sua vida –, mas em quatro sessões experimentais, usando a 
técnica de condicionamento operante, uma adição foi feita ao seu 
comportamento que, nesse nível, poderia ser denominado apreciável. Aqueles 
que participaram ou observaram o experimento são da opinião de que, se o 
tempo permitisse, outras respostas poderiam ser condicionadas e as 
discriminações aprendidas. (Fuller, 1949, p. 590) 
Durante a década de 1950 e no início dos anos 1960, os pesquisadores usaram os métodos 
da análise experimental do comportamento para determinar se os princípios de comportamento 
demonstrados em laboratório com sujeitos não humanos poderiam ser replicados com seres 
humanos. Grande parte da pesquisa inicial com seres humanos foi realizada em clínicas ou 
laboratórios. Embora os participantes normalmente se beneficiassem desses estudos aprendendo 
novos comportamentos, o principal objetivo dos pesquisadores era determinar se os princípios 
básicos de comportamento descobertos no laboratório funcionavam com humanos. Por exemplo, 
Bijou (1955, 1957, 1958) pesquisou vários princípios de comportamento com sujeitos tipicamente 
em desenvolvimento e pessoas com retardo mental; Baer (1960, 1961, 1962) examinou os efeitos 
das contingências de punição, fuga e esquiva em crianças pré-escolares; Ferster e DeMyer (1961, 
1962; DeMyer & Ferster, 1962) conduziram um estudo sistemático dos princípios do 
comportamento usando crianças com autismo como sujeitos; e Lindsley (1956, 1960) avaliou os 
efeitos do condicionamento operante no comportamento de adultos com esquizofrenia. Esses 
primeiros pesquisadores estabeleceram claramente que os princípios de comportamento são 
aplicáveis ao comportamento humano e estabeleceram o cenário para o desenvolvimento posterior 
7 Discussões excelentes sobre o behaviorismo radical podem ser encontradas em Baum (1994); Catania e Harnad 
(1988); Catania e Hineline (1996); Chiesa (1994); Lattal (1992); Lee (1988); e Moore (1980, 1984, 
1995, 2000, 2003) 
 
20 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
da Análise do ComportamentoAplicada. 
O ramo da análise do comportamento que mais tarde seria chamado de Análise do 
Comportamento Aplicada (ABA) pode ser atribuído à publicação, em 1959, do artigo de Ayllon e 
Michael intitulado “The Psychiatric Nurse as a Behavioral Engineer”. Os autores descreveram como 
a equipe de atendimento direto em um hospital psiquiátrico utilizou uma variedade de técnicas 
baseadas nos princípios de comportamento para melhorar o funcionamento de residentes com 
transtornos psicóticos ou retardo mental. Durante a década de 1960, muitos pesquisadores 
começaram a aplicar princípios de comportamento em um esforço para melhorar comportamentos 
socialmente importantes, mas esses primeiros pioneiros enfrentaram muitos problemas. Técnicas 
de laboratório para medir o comportamento e para controlar e manipular variáveis, por vezes, não 
estavam disponíveis, ou o seu uso era inadequado em ambientes aplicados. Como resultado, os 
primeiros praticantes da análise do comportamento aplicado tiveram que desenvolver novos 
procedimentos experimentais à medida que avançavam. Havia pouco financiamento para a nova 
disciplina, e os pesquisadores não tinham recursos para publicar seus estudos, dificultando a 
comunicação entre eles sobre suas descobertas e soluções para problemas metodológicos. A maioria 
dos editores de periódicos estavam relutantes em publicar estudos usando um método experimental 
não familiarizado com a ciência social, que contava com um grande número de sujeitos e testes de 
inferência estatística. 
21 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
 
BOX 1: O QUE É BEHAVIORISMO? 
Don Baer amava a ciência do comportamento. Ele adorava escrever sobre isso e adorava falar sobre isso. Don era 
famoso por sua incomparável capacidade de falar extemporalmente sobre questões filosóficas, experimentais e profissionais 
complexas, de uma forma que sempre fazia sentido conceitual, prático e humano. Ele fez isso com o vocabulário e a sintaxe 
de um grande autor e a entrega realizada de um mestre contador de histórias. A única coisa que Don conhecia melhor do que 
sua audiência era sua ciência. 
Em três ocasiões, em três décadas diferentes, os alunos de pós-graduação e professores do programa de educação 
especial da Ohio State University tiveram a sorte de ter o professor Baer como professor convidado para um seminário de 
doutorado sobre questões contemporâneas em educação especial e análise do comportamento aplicada. As perguntas e 
respostas que se seguem foram selecionadas de transcrições de dois dos três seminários de teleconferência da OSU do 
professor Baer. 
Se uma pessoa na rua se aproximasse de você e perguntasse: "O que é behaviorismo?", Como você responderia? 
O ponto-chave do behaviorismo é que o que as pessoas fazem pode ser entendido. Tradicionalmente, tanto o leigo 
quanto o psicólogo têm tentado compreender o comportamento vendo-o como o resultado do que pensamos, o que sentimos, 
o que queremos, o que calculamos e etc. Mas não precisamos pensar em comportamento desse jeito. Podemos encará-lo 
como um processo que ocorre em seu próprio direito e tem suas próprias causas. E essas causas são, muitas vezes, 
encontradas no ambiente externo. 
A análise do comportamento é uma ciência que estuda como podemos organizar nossos ambientes de modo que 
tornem muito prováveis os comportamentos que queremos ser prováveis o suficiente, e tornem improváveis os comportamentos 
que desejamos ser improváveis. Behaviorismo é entender como o ambiente funciona para que possamos nos tornar mais 
inteligentes, mais organizados, mais responsáveis; para que possamos encontrar menos punições e menos decepções. Um 
ponto central do behaviorismo é este: podemos refazer nosso ambiente para realizar algo mais facilmente do que podemos 
refazer nosso eu interior. 
Um entrevistador uma vez perguntou a Edward Teller, o físico que ajudou a desenvolver a primeira bomba atômica: 
“Você pode explicar a um não-cientista o que você acha tão fascinante sobre a ciência, particularmente a física? ”Teller 
respondeu:“ Não”. Sinto que Teller estava sugerindo que um não-cientista não seria capaz de entender, compreender ou 
apreciar a física e seu fascínio por ela. Se um não-cientista lhe perguntasse: “O que você acha tão fascinante sobre a ciência, 
particularmente sobre a ciência do comportamento humano?” O que você diria? 
Ed Morris organizou um simpósio sobre este tópico alguns anos atrás na convenção anual da Associaçao pela Análise 
do Comportamento e, nesse simpósio, Jack Michael comentou sobre o fato de que, embora um dos grandes problemas e 
desafios de nossa disciplina seja comunicar com nossa sociedade sobre quem somos, o que fazemos e o que podemos fazer, 
ele não achou razoável tentar resumir o que é análise de comportamento para uma pessoa comum em poucas palavras. Ele 
nos deu este exemplo: Imaginando, um físico quântico é abordado em um coquetel por alguém que pergunta: “O que é física 
quântica?” Jack disse que o físico poderia muito bem responder, e provavelmente deveria responder: “Eu não posso lhe dizer 
poucas palavras. Você deve se inscrever no meu curso”. 
Eu sou muito simpático com o argumento de Jack. Mas também sei, como alguém que se confronta com a política de 
relacionar nossa disciplina com a sociedade, que, embora possa ser uma resposta verdadeira, não é uma boa resposta. Não é 
uma resposta que as pessoas ouvirão com prazer ou inação, ou até mesmo aceitarão. Eu acho que essa resposta cria apenas 
ressentimento. Portanto, acho que temos que nos engajar em um pouco de show business honesto. Então, se eu tivesse que 
de algum modo dizer algumas conotações do que me mantém no campo, acho que eu diria que desde criança eu sempre achei 
que meu maior reforço era algo chamado de compreensão. Eu gostava de saber como as coisas funcionavam. E de todas as 
coisas do mundo que há para entender, ficou claro para mim que o mais fascinante era o que as pessoas fazem. Comecei com 
as coisas usuais da ciência física, e foi intrigante para mim entender como funcionam os rádios, como funciona a eletricidade 
e como os relógios funcionam, etc. Mas quando ficou claro para mim que nós também poderíamos aprender como as pessoas 
funcionam - não apenas biologicamente, mas comportamentalmente - eu achei o melhor de tudo. Certamente, todos devem 
concordar que esse é o assunto mais fascinante. Que poderia haver uma ciência do comportamento, sobre o que fazemos, 
sobre quem somos? Como você pôde resistir a isso? 
 
Adaptado de “Thursday Afternoons with Don: Selections from Three Teleconference Seminars on Applied Behavior Analysis” 
por W. L. Heward e C. L. Wood (2003). Em K. S. Budd e T. Stokes (Eds.), A Small Matter of Proof: The Legacy of Donald M. 
Baer (pp. 293–310). Reno, NV: Context Press. Usado com permissão. 
 
22 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
Apesar desses problemas, foi um momento emocionante e grandes novas descobertas 
estavam sendo feitas regularmente. Por exemplo, muitas aplicações pioneiras de princípios 
comportamentais para a educação ocorreram durante este período (ver, por exemplo, O'Leary & 
O'Leary, 1972; Ulrich, Stachnik, & Mabry 1974), a partir das quais foram derivados procedimentos 
de ensino, como atenção e elogio contingente (Hall, Lund, e Jackson, 1968), sistemas de economia 
de fichas (Birnbrauer, lobo, Kidder, & Tague, 1965), desenho curricular (Becker, Englemann, & 
Thomas, 1975), e instrução programada (bijou, Birnbrauer, Kidder, & Tague, 1966; Markle, 1962). 
Os métodos básicos para confiavelmente melhorar o desempenho do estudante desenvolvidos por 
esses primeiros aplicadores de análise do comportamento forneceu a base para abordagens 
comportamentais na elaboração de currículos, métodos de ensino, manejo de sala de aula e 
generalização e manutenção de aprendizagem que continuam a ser usadas décadas depois (cf., 
Heward et al., 2005). 
Programas universitários em análise do comportamentoaplicada foram iniciadas na década 
de 1960 e início de 1970 na Arizona State University, Florida State University, University of Illionis, 
Indiana University, University of Kansas, a University of Oregon, University of Southern Illinois, 
University of Washington, West Virginia University e Western Michigan University, entre outros. 
Por meio de ensino e pesquisa, faculdades em cada um destes programas fizeram grandes 
contribuições para o rápido crescimento do campo8. 
Dois eventos significativos, em 1968, marcam este ano como o início formal da análise do 
comportamento aplicada contemporânea. Primeiro, o Journal of Applied Behavior Analysis (JABA) 
iniciou suas publicações. O JABA foi o primeiro periódico nos Estados Unidos a lidar com 
problemas aplicados que deram aos pesquisadores, usando a metodologia da análise experimental 
do comportamento, um destino para publicar suas descobertas. O JABA foi e ainda é a revista mais 
importante da análise do comportamento aplicada. Muitos dos primeiros artigos em JABA 
tornaram-se demonstrações modelo de como conduzir e interpretar a ABA, que por sua vez levou a 
melhores aplicações e metodologias experimentais. 
O segundo grande evento de 1968 foi a publicação do artigo, “Some Current Dimensions of 
Applied Behavior Analysis” por Donald M. Baer, Montrose M. Wolf, e Todd R. Risley. Estes 
autores, os fundadores da nova disciplina, definiram os critérios para avaliar a adequação de 
pesquisa e práticas em análise do comportamento aplicada e delinearam o escopo de trabalho para 
. Seu artigo de 1968 foi a publicação mais amplamente citado na análise do comportamento 
aplicada, e continua sendo a descrição padrão da disciplina 
Características definidoras de Análise do Comportamento Aplicada 
Baer, Wolf e Risley (1968) recomendaram que a Análise do Comportamento Aplicada 
deveria ser aplicada, comportamental, analítica, tecnológica, conceitualmente sistemática, eficaz, 
e capaz de gerar resultados generalizáveis. Em 1987, Baer e seus colaboradores afirmaram que os 
“sete guias autoconscientes para a conduta analítico- comportamental” (p 319) que eles tinham 
formulado 20 anos atrás “permanecem funcionais; ainda conotam as dimensões atuais do trabalho 
normalmente chamado de Análise do Comportamento Aplicada”(p. 314). Enquanto escrevemos este 
8 Artigos descrevendo as histórias dos programas de análise comportamental aplicada em cinco dessas universidades 
pode ser encontrada na edição de inverno 1994 JABA. 
23 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
livro, quase 40 anos se passaram desde o artigo inicial de Baer, Wolf, Risley foi publicado, e nós 
achamos que as sete dimensões que postuladas por eles continuam a servir como o principal critério 
para definir e julgar o valor da Análise do Comportamento Aplicada. 
Aplicada 
O aplicada na Análise do Comportamento Aplicada aponta para o compromisso da ABA 
em promover melhoras em comportamentos importantes para a vida das pessoas. Para atender a este 
critério, o pesquisador ou profissional deve selecionar comportamentos que são socialmente 
significativos para os participantes: comportamentos sociais, de linguagem, acadêmicos, da vida 
diária, auto-cuidado, profissionais, de recreação e lazer que melhoram as experiências do dia-a-dia 
dos participantes e/ou afetam suas outras pessoas significativas (pais, professores, colegas, 
empregadores) de tal forma que eles se comportam de forma mais positiva com e para o participante. 
Comportamental 
A princípio pode parecer supérfluo incluir um critério tão óbvio – certamente Análise do 
Comportamento Aplicada deve ser comportamental. No entanto, Baer et al (1968) estabeleceram 
três pontos importantes relativos ao critério comportamental. Primeiro, não é qualquer 
comportamento; o comportamento escolhido para o estudo deve ser o comportamento que precisa 
ser melhorado, não um comportamento semelhante que sirva como um proxy para o comportamento 
de interesse ou descrição verbal do comportamento pelo sujeito. Analistas do comportamento 
realizam estudos do comportamento, e não estudos sobre o comportamento. Por exemplo, em um 
estudo que avaliou os efeitos de um programa para ensinar as crianças da escola a se darem bem 
umas com as outras, um aplicador de análise do comportamento iria observar diretamente e medir 
categorias bem definidas de interações entre as crianças em vez de usar medidas indiretas, como as 
respostas das crianças em um sociograma ou respostas a um questionário sobre como eles acreditam 
que eles se dão bem uns com os outros. 
Em segundo lugar, o comportamento deve ser mensurável; a medição confiável e precisa de 
um comportamento é tão crítica em pesquisa aplicada como é em pesquisa básica. Pesquisadores 
aplicados devem enfrentar o desafio de medir comportamentos socialmente significativos em seus 
ambientes naturais, e devem fazê-lo sem recorrer à medição de substitutos não-comportamentais. 
Em terceiro lugar, quando mudanças no comportamento são observadas durante uma 
investigação, é necessário perguntar qual comportamento mudou. Talvez só o comportamento dos 
observadores tenha mudado. “Medição explícita da confiabilidade dos observadores humanos torna-
se, assim, não apenas uma boa técnica, mas um primeiro critério para afirmar se o estudo foi 
apropriadamente comportamental” (Baer et al., 1968, 
p. 93). Ou talvez o comportamento do experimentador mudou de forma não planejada, tornando-se 
impróprio atribuir qualquer mudança observada no comportamento do sujeito para as variáveis 
independentes que foram manipulados. O aplicador de análise do comportamento deve tentar 
controlar o comportamento de todas as pessoas envolvidas em um estudo. 
Analítica 
Um estudo na Análise do Comportamento Aplicada é analítico quando o experimentador 
demonstrou uma relação funcional confiável entre os eventos manipulados e uma mudança em 
24 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
alguma dimensão mensurável do comportamento alvo. Em outras palavras, o experimentador deve 
ser capaz de controlar a ocorrência e a não ocorrência do comportamento. Às vezes, porém, a 
sociedade não permite a manipulação repetida de comportamentos importantes para satisfazer as 
exigências do método experimental. Portanto, os analistas do comportamento aplicados devem 
demonstrar controle na maior medida possível, dadas as restrições do ambiente e comportamento; 
e, em seguida, eles devem apresentar os resultados de julgamento por parte dos consumidores da 
pesquisa. A questão principal é a credibilidade: o pesquisador conseguiu controle experimental para 
demonstrar uma relação funcional confiável? 
A dimensão analítica permite à ABA, não só demonstrar a eficácia, mas também fornecer a 
“provas” das relações funcionais e replicáveis entre as intervenções recomendadas e resultados 
socialmente significativos (D. M. Baer, 21 de outubro de 1982, comunicação pessoal). 
Porque nós somos uma disciplina baseada em dados e delineamentos, 
estamos em posição de destaque de ser capaz de provar que o comportamento 
pode trabalhar da maneira que a nossa tecnologia prescreve. Nós não estamos 
teorizando sobre como o comportamento pode funcionar; estamos 
descrevendo sistematicamente como ele funcionou muitas vezes em aplicações 
do mundo real, em projetos competentes e com sistemas de medição muito 
confiáveis e válidos para se duvidar. Nossa capacidade de provar que o 
comportamento pode funcionar de tal forma não estabelece, é claro, que o 
comportamento não pode funcionar de outra maneira: não estamos em uma 
disciplina que pode negar quaisquer outras abordagens, somente em uma que 
pode afirmar que conhece muitas de suas condições suficientes ao nível da 
prova experimental. . . nosso assunto é a mudança de comportamento, e nós 
podemos especificar a condições suficientes e utilizáveis para isto. (D.M. Baer, 
comunicação pessoal,Outubro 21 de 1982, ênfase no original). 
Tecnológica 
Um estudo na Análise do Comportamento Aplicada é tecnológico quando todos os seus 
procedimentos operacionais são identificados e descritos com detalhe suficiente e clareza “de tal 
modo que um leitor tem a grande chance de replicar a aplicação com os mesmos resultados” (Baer 
et al., 1987, p. 320). 
Não é suficiente dizer o que deve ser feito quando o sujeito emite a 
resposta R1; é essencial também, sempre que possível dizer o que deve ser 
feito se o sujeito emite as respostas alternativas, R2, R3, etc. Por exemplo, 
alguém pode ler que birras em crianças são muitas vezes extintas deixando a 
criança em seu quarto fechado durante o tempo da birra mais dez minutos. A 
não ser que a descrição do procedimento também afirme o que deve ser feito 
se a criança tenta sair do quarto antes, ou sair pela janela, ou espalhar fezes nas 
paredes, ou começar a fazer sons de estrangulamento, etc., ela não é uma 
descrição tecnológica precisa. (Baer et al., 1968, pp. 95-96) 
Não importa quão poderoso seus efeitos tenham sido em um determinado estudo, um método 
de mudança de comportamento terá pouco valor se os profissionais não são capazes de reproduzi-
lo. O desenvolvimento de uma tecnologia replicável de mudança de comportamento tem sido uma 
característica definidora e uma meta contínua da ABA desde o seu início. Estratégias 
comportamentais são replicáveis e ensináveis a outros. As intervenções que não podem ser 
25 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
replicadas com fidelidade suficiente para alcançar resultados comparáveis não são consideradas 
parte da tecnologia. 
Uma boa verificação da adequação tecnológica de uma descrição processual é ter uma 
pessoa treinada na análise do comportamento aplicada para ler atentamente a descrição e, em 
seguida, aplicar o procedimento em detalhes. Se a pessoa comete qualquer erro, acrescenta qualquer 
operação, omite qualquer passo ou tem que fazer qualquer pergunta para esclarecer a descrição 
escrita, então, a descrição não é suficientemente tecnológica e requer melhoria. 
Conceitualmente Sistemática 
Embora Baer e colegas (1968) não tenham afirmado explicitamente, uma característica 
definidora da análise do comportamento aplicada diz respeito aos tipos de intervenções utilizadas 
para melhorar o comportamento. Embora haja um número infinito de estratégias e procedimentos 
específicos que podem ser usados para alterar o comportamento, quase todos são derivados e/ou 
combinações de um número relativamente pequeno de princípios básicos do comportamento. 
Assim, Baer e colegas recomendaram que relatórios de pesquisa de Análise do Comportamento 
Aplicada devem ser conceitualmente sistemáticos, o que significa que procedimentos para alterar o 
comportamento e quaisquer interpretações de como ou por que estes procedimentos foram eficazes 
devem ser descritos em termos dos princípios relevantes a partir do qual foram derivados. 
Baer e colaboradores (1968) forneceram uma forte razão para o uso de sistemas conceituais 
na Análise do Comportamento Aplicada. Primeiro, relacionar procedimentos específicos aos 
princípios básicos pode permitir ao consumidor da pesquisa derivar outros procedimentos 
semelhantes do mesmo princípio(s). Em segundo lugar, são necessários sistemas conceituais para 
uma tecnologia se tornar uma disciplina integrada em vez de uma “coleção de truques”. Coleções 
de truques que são vagamente relacionados não se prestam à expansão sistemática, e são geralmente 
difíceis de aprender e de ensinar. 
Eficaz 
 
Uma aplicação eficaz de técnicas comportamentais deve melhorar o comportamento sob 
investigação em um nível prático. “Na aplicação, a importância teórica de uma variável geralmente 
não está em questão. Sua importância prática, especificamente o seu poder em alterar o 
comportamento suficientemente para ser socialmente importante, é o critério essencial” (Baer et al., 
1968, p. 96). Enquanto algumas investigações produzem resultados de importância teórica ou 
significância estatística, para serem julgadas eficazes, um estudo de Análise do Comportamento 
Aplicada deve produzir mudanças de comportamento que alcancem significado clínico ou social. 
Quanto um determinado comportamento de um sujeito precisa mudar para a melhoria ser 
considerada socialmente importante é uma questão prática. Baer e seus colaboradores afirmaram 
que é mais provável que a resposta venha das pessoas que têm de lidar com o comportamento; elas 
devem ser perguntadas o quanto o comportamento precisa mudar. A necessidade de produzir 
mudanças comportamentais que são significativas para o participante e/ou aqueles no ambiente do 
participante levou os analistas do comportamento a procurar as variáveis “robustas”, intervenções 
que produzem efeitos grandes e consistentes sobre o comportamento (Baer, 1977a). 
Quando eles revisitaram a dimensão da eficácia 20 anos mais tarde, Baer, Wolf e Risley 
26 
Definição E Características Da Análise Do Comportamento Aplicada 
(1987) recomendaram que a eficácia da ABA também seja julgada por um segundo tipo de resultado: 
o grau em que mudanças nos comportamentos alvo resultam em mudanças perceptíveis nas razões 
pelas quais foram selecionados aqueles comportamentos de mudança originalmente. Se não ocorrem 
tais mudanças na vida dos sujeitos, a ABA pode atingir um nível de eficácia mas ainda falhar em 
atingir uma forma crítica de validade social (Wolf, 1978). 
Podemos ter ensinado muitas habilidades sociais sem examinar se eles 
realmente promoveram a vida social do sujeito; muitas habilidades cortesia sem 
examinar se alguém realmente notou ou se importou; muitas habilidades de 
segurança sem examinar se o sujeito realmente ficou mais seguro após; muitas 
habilidades de linguagem, sem medir se o sujeito realmente as utiliza para 
interagir de forma diferente do que antes; muitas tarefas sem medir o valor real 
dessas tarefas; e, em geral, muitos habilidades de sobrevivência sem examinar 
a real sobrevivência subseqüente do sujeito. (Baer et al., 1987, p. 322) 
Generalidade 
A mudança de comportamento tem generalidade se ela dura ao longo do tempo, ocorre em 
outros ambientes além daquele no qual a intervenção que a produziu foi inicialmente implementada, 
e/ou se espalha para outros comportamentos não diretamente tratados pela intervenção. Uma mudança 
de comportamento que continua após os procedimentos de tratamento originais serem retirados tem 
generalidade. E a generalidade é evidente quando as mudanças no comportamento-alvo ocorrem em 
ambientes ou situações não-terapêuticas em função de procedimentos de tratamento. Generalidade 
também existe quando os comportamentos que não foram o foco da intervenção mudam. Embora nem 
todas as instâncias da generalidade sejam adaptativas (por exemplo, um leitor iniciante que tem só 
aprendeu a emitir o som da letra p em palavras como e pet e ripe, pode fazer o mesmo som ao ver a 
letra p na palavra phone), mudanças de comportamento generalizadas e desejáveis são resultados 
importantes de um programa de análise de comportamento aplicada porque representam pontos 
adicionais em termos de melhora comportamental. 
Algumas características adicionais da ABA 
A Análise do Comportamento Aplicada oferece à sociedade uma abordagem para a resolução 
de problemas que é responsável, pública, realizável, capacitante, e otimista (Heward, 2005). Embora 
não estejam entre as dimensões que definem a ABA, essas características devem ajudar a aumentar a 
medida em que os decisores e os consumidores em muitas áreas olham para Análise do 
Comportamento como uma fonte valiosa e importante de conhecimento para alcançar melhorias. 
Responsável 
O compromisso dos analistas do comportamento com a eficácia, seu foco em variáveis 
ambientais acessíveis que influenciam de forma confiável o comportamento, e sua confiança na 
medição direta e frequente

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