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TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS PARA FINS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
GABRIELLE MUÑOZ MENDES 
 
 
 
 
 
 
 O COMÉRCIO DO CORPO HUMANO 
 
 
 
 
 RIBEIRÃO PRETO 
 2014 
GABRIELLE MUÑOZ MENDES 
 
 
 
 
 
 
O COMÉRCIO DO CORPO HUMANO 
 
 
 
 
Monografia Jurídica elaborada por exigência 
parcial para a obtenção do título de Bacharel 
em Direito, pelo Centro Universitário Moura 
Lacerda, sob a orientação da Prof. Leisa 
Boreli Prizon 
 
 
 
 
 
 
 RIBEIRÃO PRETO 
 2014 
GABRIELLE MUÑOZ MENDES 
 
O COMÉRCIO DO CORPO HUMANO 
 
Monografia apresentada no curso de 
graduação ao Centro Universitário Moura 
Lacerda para conclusão do curso de Direito. 
 
 
Data de defesa: ______ de _____________________ de 2014. 
 
Resultado: ________________________ 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_______________________________________ 
Orientador 
 
_______________________________________ 
Indicado 
 
_______________________________________ 
Convidado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais. Por 
terem feito de mim a pessoa que sou hoje. 
Pelo seu carinho e amor incondicional. À 
vocês eu dedico todas as minhas 
conquistas, todos os meus sucessos e todo 
meu amor. 
 
 
 
 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente à Deus, por tudo que tem feito em minha vida. À minha 
querida orientadora Leisa Boreli Prizon, sem a qual não seria possível a realização 
do presente trabalho, agradeço ao seu tempo à mim de dedicado, à paciência, ao 
carinho e a amizade para com a minha pessoa. À minha família pela paciência 
comigo durante o processo de elaboração deste trabalho. Aos meus amigos, que me 
ajudaram e me incentivaram para a conclusão do mesmo, em especial às minhas 
queridas amigas Renata Cristiane e Thais Vital pelo momento de união e força na 
hora do desespero. Aos meus queridos professores, que através desses 5 anos, não 
só me passaram todo o conhecimento necessário para seguir em frente em minha 
carreira, como também fizeram de mim uma pessoa melhor. Ao meu convidado, Dr. 
Álvaro Feracini Junior, pelo carinho ao aceitar o convite, e pelo apoio dedicado ao 
presente trabalho. Ao Núcleo de Prática Jurídica, desta instituição de ensino pelo 
apoio ao longo dos 5 anos de curso. E à todos aqueles que direta ou indiretamente 
me ajudaram na elaboração do presente trabalho, meus sinceros agradecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“..Pra que tanta futilidade. Pra que servem 
os rótulos se somos todos iguais O mundo é 
superficial. Maior é o nosso caráter, nossos 
sentimentos e aquilo em que realmente 
acreditamos.”- Ana Carolina 
 RESUMO 
 
O presente trabalho tem como objetivo trazer atenção para essa terrível realidade 
que o tráfico internacional de pessoas para fins sexuais, um fenômeno que vem 
ganhando cada vez mais força no cenário mundial. O crime de tráfico internacional 
de pessoas para fins sexuais é considerado hoje o terceiro delito mais rentável do 
mundo para as organizações criminosas, ficando atrás apenas do tráfico de 
entorpecente e do de armas. Este delito está diretamente ligado à prostituição e a 
indústria sexual. Milhares de pessoas, em sua maioria mulheres, ao redor do mundo 
são enganadas por falsas promessas de trabalhos e condições de vida melhores em 
outros países e acabam caindo nas mãos desses traficantes. Que quando chegarem 
ao seu destino final com estas vítimas, vão trancafiá-las, estupra-las, e explora-las 
sexualmente, como se fossem uma mercadoria, na maioria das vezes, elas são 
forçadas ao exercício da prostituição até a exaustão. Mesmo se tratando de um 
crime ligado com à prostituição não se pode confundir essas duas modalidades de 
comércio sexual, uma vez que são totalmente distintas em suas próprias 
características. Sendo a prostituição voluntária uma opção de escolha da pessoa em 
comercializar o próprio corpo para o sexo. E o tráfico para fins de exploração sexual, 
a forma de escravidão moderna mais cruel existente. 
 
 
Palavras chave: Tráfico de pessoa, exploração sexual, prostituição, legalização, 
dignidade humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
 
The present work aims to bring attention to this terrible reality that international 
trafficking for sexual purposes, a phenomenon that is gaining more strength on the 
world stage. The crime of international trafficking for sexual purposes is now the third 
most profitable crime in the world for organized crime, behind only the trafficking of 
narcotics and weapons. This crime is directly linked to prostitution and the sex 
industry. Thousands of people, mostly women, around the world are deceived by 
false promises of jobs and better living conditions in other countries and end up 
falling into the hands of these traffickers. That when they reach their final destination 
with these victims, ranging struck through them, rape them and exploit them sexually, 
as if they were a commodity, in most cases, they are forced into prostitution to 
exhaustion. Even when dealing with a crime linked to prostitution should not confuse 
these two forms of sex trade, since they are totally different in their characteristics. 
Being voluntary prostitution a choice of the person selling one's body for sex. In 
addition, trafficking for sexual exploitation, the existing form of modern slavery more 
cruel. 
 
Keywords: Trafficking in person, sexual exploitation, prostitution, legalization, 
human dignity. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 
 
1. PRINCÍPIOS .................................................................................................................... 13 
1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana .............................................................. 13 
1.2 Princípio Dignidade Sexual .......................................................................................... 14 
1.3 Princípio da Liberdade Sexual ..................................................................................... 15 
1.4 Direitos Humanos .......................................................................................................... 16 
 
2. TRATADOS, CONVENÇÕES E POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO .................. 18 
2.1 Aspectos Históricos ....................................................................................................... 18 
2.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos ............................................................ 18 
2.3 Convenção de Palermo ............................................................................................... 19 
2.4 Pacto de São José da Costa Rica ............................................................................. 20 
2.5 Fórum de Viena .............................................................................................................. 21 
2.6 Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas ...................................... 22 
2.7 Da Proteção à Criança e ao Adolescente .................................................................. 23 
 
3.CONCEITOS ...................................................................................................................... 24 
3.1 Prostituição..................................................................................................................... 24 
3.2 Países Legalizados ....................................................................................................... 27 
3.3 Países não Legalizados ................................................................................................ 31 
3.4 Exploração Sexual ......................................................................................................... 34 
3.5 Turismo Sexual .............................................................................................................. 37 
3.6.Escravidão Sexual ......................................................................................................... 38 
3.7 Pedofilia .......................................................................................................................... 39 
 
 
4. DO TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS ..................................................... 41 
4.1. Aspectos Históricos ...................................................................................................... 41 
4.2 Do Tráfico de Negros .................................................................................................... 42 
4.3 Do Tráfico de escravas Brancas ................................................................................. 42 
4.4 Do Tráfico Internacional de Pessoas para fins de Exploração Sexual.................. 43 
4.5 Da Classificação do Delito............................................................................................ 47 
4.5.1 Do Bem Jurídico Tutelado ......................................................................................... 47 
4.5.2 Do Sujeito Ativo ......................................................................................................... 48 
4.5.3 Da Organização Criminosa ....................................................................................... 49 
4.5.4 Do Sujeito Passivo .................................................................................................... 51 
4.5.5 Do Consentimento da vítima .................................................................................... 53 
4.6 Do Tráfico de Pessoas e da Comercialização de Migrantes ilegais ...................... 54 
4.7 Do Tráfico de Pessoas para Exploração e Sexual e da Prostituição Voluntária...56 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 59 
 
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 61 
 
 
 
11 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 O presente trabalho tem por finalidade ir a fundo neste fenômeno que cresce a 
cada dia no mundo. O tráfico internacional de pessoas para fins sexuais, além de ser 
um crime bárbaro e cruel, acaba por ser também um problema social. Pois acomete 
as comunidades mais carentes, onde encontram-se pessoas vulneráveis, que aos 
olhos dos traficantes, são vítimas perfeitas. 
Além do crime de tráfico de pessoas para fins sexuais, trataremos neste trabalho 
de todo o processo que envolve o comércio do sexo. Temos no capitulo 1, um breve 
esboço sobre os princípios da dignidade humana, da liberdade sexual, da dignidade 
sexual, e os direitos humanos. Todos estes que são violados constantemente no crime 
de tráfico para exploração sexual. Uma vez que assim como prega nossa Constituição 
Federal, a dignidade humana descende dos direitos fundamentais e deve ser 
respeitada acima de qualquer coisa. Por este mesmo motivo a dignidade sexual e a 
liberdade sexual de cada indivíduo deve ser igualmente respeitada, uma vez que 
descendem da dignidade humana. 
Em nosso Capitulo 2, trataremos dos Tratados, das Convenções e das Políticas de 
enfrentamento ao tráfico de pessoas. Temos dentre eles a Declaração dos direitos 
humanos, que veio como uma medida das Nações Unidas, reforçar a ideia de 
garantias aos direitos fundamentais de cada indivíduo na condição de ser humano. O 
Protocolo de Palermo, que trata do combate ao crime organizado, cujo o qual na 
maioria dos casos é sujeito ativo do crime de Tráfico internacional de pessoas para 
fins sexuais. O Pacto de São José da Costa Rica, que vem também para reafirmar a 
segurança dos direitos fundamentais do ser humano, seja ela nacional ou não. O 
Fórum de Viena, que trata do combate ao tráfico de pessoas. A Política de 
enfrentamento ao tráfico de pessoas, que tem por finalidade, prevenir, investigar e 
punir, quem comete este delito. E a Convenção de Genebra que vem para proteger 
principalmente os direitos das crianças. 
O Capitulo 3 trata da Prostituição, seu histórico ao redor do mundo, dos 
preconceitos ainda enfrentados ainda nos dias de hoje. Dos países que legalizaram a 
prostituição, como Alemanha, Holanda e Nova Zelândia, e traz também países onde 
12 
 
a prostituição ainda é tida como ilegal, como na China, Estados Unidos e Suécia. Trata 
também de temas como a Exploração sexual tão inerente no crime de tráfico 
internacional de pessoas para fins de exploração, sendo o principal objetivo dos 
traficantes, em relação as vítimas, o lucro que irão obter através da exploração dessas 
vítimas. Escravidão Sexual, situação pela qual as vítimas de tráfico passam, elas 
tornam-se escravas de seus traficantes, não tendo vontade própria e tendo de 
obedecer a ordens dos criminosos com medo das punições as quais são 
constantemente ameaçadas. E a Pedofilia, para que se estabeleça o que é abuso 
sexual de menor, e o que é pedofilia. Uma vez, que pedofilia é o termo que dá nome 
a um transtorno de preferência sexual. 
E por último no Capitulo 4, iremos tratar do Tráfico internacional de pessoas para 
fins sexuais, trazendo o histórico das primeiras vítimas de tráfico para a exploração 
que foram os negros, que eram retirados a força de seu país para exercer trabalho 
forçado em outros países. As negras que eram abusadas sexualmente de seus 
senhores, e por muitas vezes obrigadas por eles a exercerem a prostituição. O tráfico 
de escravas brancas, que já começava a render frutos para as organizações 
criminosas, que exploravam sexualmente essas mulheres. Trataremos também, de 
como se dá o angariamento e o aliciamento dessas vítimas, os traficantes/aliciadores, 
vão atrás dessas vítimas em comunidades menos desenvolvidas economicamente, 
onde encontraram na maioria das vezes pessoas, na sua maioria mulheres, em 
condição vulnerável, sendo ela o tipo perfeito de vítima. Essas vítimas são 
convencidas a saírem de seu pais junto com essas pessoas em busca de uma vida 
melhor, seguindo as faltas promessas lhe foram dadas. Têm-se também algumas 
noções sobre organização criminosa, que na maioria dos casos são os agentes ativos 
no crime de tráfico internacional de pessoas para fins de exploração. Trata-se também 
das diferenças entre o crime de tráfico internacional de pessoas para fins sexuais e 
da comercialização de migrantes ilegais, além das diferenças entre as pessoas que 
são traficadas para serem exploradas sexualmente, sob constante violência, abuso 
de poder, humilhações e condições degradantes, daquelas pessoas que viajam à 
outro país para exercer a prostituição voluntária, ou seja de livre e espontânea 
vontade. 
 
 
13 
 
 
1. Princípios. 
 
 
A ofensa aos direitos humanos, aos princípios da dignidade da pessoa humana, 
dignidade sexual, a violação da intimidade e da liberdade individual, estão evidentes 
no crime de tráfico de pessoas, uma vez que condições as quais as vítimas enfrentam 
quando traficadas sãos as mais degradantes que um ser humano poderia enfrentar. 
Vivendo em seu próprio inferno particular. 
 
 
1.1 - Dignidade da pessoa Humana 
 
 
O princípio da dignidade humana é trazido pelo artigo 1º, III da nossa Constituição 
Federal, como sendo um dos fundamentosda República, e tem um valor imensurável. 
A dignidade humana é tida como um atributo essencial em todo ser humano, por este 
motivo tem de ser tratada como uma qualidade própria especial de todo indivíduo e 
não tão somente como um direito que lhe é conferido através de um ordenamento 
jurídico. 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] III 
- a dignidade da pessoa humana; - Constituição Federal artigo 1º inciso 
III. 
 
A dignidade humana, por uma característica essencial em todo e qualquer ser 
humano, nela não há distinção, não é possível que um tenha mais dignidade que o 
outro, não se pode hierarquizar a dignidade. Todo ser humano, pelo simples fato de 
ser humano, todo e qualquer indivíduo pode e deve ser respeitado não importa a 
circunstância, sexo, cor, raça, condição social, tipo de profissão, (no caso da 
prostituição), opção sexual, etc. 
Por este motivo é necessário que a noção de dignidade humana deve ser 
compreendida da maneira ampla, para assim abranger a diversidade dos aspectos da 
vida humana. 
 
A dignidade humana é um princípio que deve ser respeitado acima de tudo, sendo ele 
fundamental para a vida em sociedade. Após a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos de 1948, o indivíduo passou a ter garantido o seu direito sem limites 
geográficos – territoriais. 
 
O princípio da dignidade humana é de extrema relevância, por isso, temos, desde a 
Constituição do Império, que foi outorgada em, 1824, um assunto mais moderno do 
que a época para resguardar os direitos e garantias fundamentais do brasileiro. Desde 
então temos em todas as nossas Constituições os direitos e garantias fundamentais, 
sendo resguardados, para assim, oferecer guarida aos seus cidadãos. E estes 
princípios fundamentais estão elencados na CF/88 no título I e II, isso para mostrar 
que o indivíduo e o coletivo prevalecem ao estado. 
14 
 
 
No caso do Tráfico de pessoas, precisamos dos direitos humanos para que leis 
internas possam proteger as vítimas que, na sua maioria são pessoas extremamente 
vulneráveis e influenciáveis, de famílias pobres e de condições de vida precária. 
 
A prática desse crime sexual não só viola a lei penal, ela fere a liberdade individual, a 
dignidade e afronta diretamente a dignidade humana. 
 
 
1.2 Dignidade Sexual 
 
 
Bem jurídico tutelado pelo art. 231 do Código Penal, que dita: 
 
Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do 
território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de 
exploração sexual: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou 
comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa 
condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2º A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da 
vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. 
 
Tínhamos aqui no Brasil, até o ano de 2005 um sistema jurídico-penal que pretendia 
proteger a sexualidade, em especial a das mulheres, mas tão somente daquela mulher 
considerada ‘’mulher honesta’’, expressão essa que aparecia em vários dispositivos, 
uma clara demonstração de ideologia baseada na dominação masculina, tratando a 
mulher como sexo inferior, que uma vez desprotegidas, necessitavam dessas 
garantias para trazer-lhes segurança. 
 
Mas, mais desprotegidas do que estas mulheres, estavam aquelas que optaram por 
exercer a prostituição, o que demonstra o forte e ainda existente preconceito que vive 
em nossa sociedade. 
 
Foi no final da primeira década do século XXI, que a aprovação da Lei n. 12.015, de 
7 de Agosto de 2009, reconheceu a sexualidade como um atributo da pessoa humana, 
sendo esta uma livre expressão de sua dignidade, a lei também acabou com a 
expressão de ‘’crimes contra os costumes’’ trazendo então a nova concepção para os 
crimes contra sexualidade e para sua proteção, no âmbito da dignidade sexual. 
 
15 
 
A dignidade sexual tem um valor fundamental que há muito tempo deveria ter sido 
reconhecida, e ter recebido desde então uma proteção adequada, para resguardar 
aqueles que praticam a sua sexualidade libertos dos preconceitos hipócritas 
enraizados até os dias de hoje na sociedade e não só para as mulheres consideras 
‘’honestas’’ mas para todo e qualquer indivíduo, tão somente pelo fato de ser humano, 
o direito a sua individualidade, liberdade, sexualidade e privacidade devem ser 
levados seriamente em consideração e acima de qualquer outra coisa respeitados. 
 
É faculdade de cada indivíduo utilizar o seu corpo da maneira que lhe bem entender, 
o que não acontece com as vítimas do tráfico de pessoas para fins sexuais, que são 
forçadas a manter atividades sexuais por dinheiro, nas modalidades de prostituição, 
turismo sexual, pornografia, dançando em boates como ‘’stripper’’ entre outras. 
 
[...] liga-se à sexualidade humana, representada pelo conjunto de 
fatos, ocorrências e aparências da vida sexual de cada indivíduo. O 
saudável desenvolvimento da sexualidade deve dar-se em ambiente 
amigável, associado à respeitabilidade e à autoestima de cada 
pessoa, resguardadas a sua intimidade e a sua vida privada. Nucci, 
2013, p. 16) 
 
As vítimas do tráfico são muitas vezes leiloadas e vendidas como um simples pedaço 
de carne, cujo o papel é satisfazer as vontades e desejos mórbidos de quem as 
compra. A compra de pessoa traficada é crime tipificado no art. 231, §1º do Código 
Penal. 
 
 O ser humano, no caso, é transmitido em objeto sexual em algo 
passível de ser comercializado ou apropriado para satisfação dos 
prazeres alheios, onde os seus valores pessoais, as suas vontades, 
as mínimas condições condignas de existência, são violentamente 
proscritas, menoscabadas. (Capez, Fernando; Prado Stela. Op. Cit., 
p. 118) 
 
 
 A dignidade é parte fundamental de todo e qualquer ser 
humano, e quando esta lhe é tirada, então não lhe resta mais 
nenhum traço de sua humanidade. 
Desde a simples masturbação, ato sexual individual, até a conjunção 
carnal com outra pessoa, são quadros da vida humana íntima, 
concernente apenas a órbita privada, longe das vistas e do controle do 
Estado, como regra. Qualquer interferência nesse âmbito termina por 
ferir a dignidade sexual, bem jurídico que se pretende seja tutelado. – 
Nucci 2013, p. 44) 
 
 
1.3 Liberdade Sexual 
 
 
A liberdade sexual deve ser entendida como o direito de expressar e exercer a própria 
sexualidade da pessoa de forma livre, da maneira que ela bem entender. Quando 
houver intolerância quanto a maneira de cada um expressar sua sexualidade, teremos 
condutas discriminatórias, o que traz consequências jurídicas. 
 
16 
 
Com a liberdade sexual a pessoa é livre e tem total poder sobre si mesma, sabendo 
ela que irá responder por suas escolhas e possíveis consequências. 
Claro que a liberdade deve estar presente em ambos os indivíduos quando tratar-se 
de uma relação, não há que se falar em liberdade sexual quando uma das pessoas 
está sendo pressionada, coagida ou nos piores dos casos abusada e explorada para 
atividades sexuais. 
 
 A sexualidade precisa ser respeitada e reconhecida, uma vez que não é possível 
que o sujeito se reconheça como ser humano se não lhe for assegurado o respeito ao 
exercício de sua sexualidade bem como a liberdade a sua livre orientação sexual. 
A liberdade abrange o direito à liberdade sexual, que aliadoao direito de 
tratamento igualitário, independentemente da sexualidade. Temos então uma 
liberdade individual, um direito da pessoa, sendo este inalienável e imprescritível. 
É um direito de primeira geração e natural, ou seja, nasce com o ser humano, uma 
vez que decorre de sua própria condição de pessoa, de sua própria natureza humana. 
 
Mas o sexo é atividade humana íntegra e intima. O estado deve ficar 
completamente alheio a ela, a menos que coloque em risco direito 
fundamental de terceiro. Ilustrando, o desejo sexual de alguém não 
pode ser tão intenso e descontrolado a ponto de lhe permitir estuprar 
outra pessoa para satisfaze-lo. Nucci, 2013, p.18) 
 
 
A sexualidade é parte integral da personalidade do ser humano, e o seu total 
desenvolvimento depende diretamente da satisfação das necessidades humanas 
básicas, desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor. 
 
Os indivíduos sentem-se sexualmente mais livres: em partes porque 
não percebem os entraves reais às experiências que almejam, em 
parte porque somente desejam o que já está previamente 
condicionado; ou ainda, porque desenvolvem a capacidade de obter 
prazer de situações que considerariam indignas se as confrontassem 
com as possibilidades históricas irrealizadas. Atualmente, a liberdade 
sexual formal, fomentada pelo padrão de desempenho estabelecido 
pela sociedade industrial avançada, aceita como forma natural da 
conduta, expressões idiossincráticas e formas de comportamento 
outrora considerados inadmissíveis. Envolta por uma ambiguidade 
que ofusca a sua percepção, essa liberdade submetida aos interesses 
da produção capitalista insinua diversificadas possibilidades de 
relação entre os modos de expressão da sexualidade permitidos e os 
sistemas de controle destinados à sua regulação. Mesmo quando 
condicionado o ser humano à liberdade sexual formal, não deixa de 
ser a manifestação da sua liberdade individual; ambígua ou duvidosa 
em certos aspectos, ela não deve ser suprimidos, sob pretextos 
moralistas ou mesmo totalitários. (Nucci, 2013, p.46) 
 
 
 
 
1.4 Direitos Humanos 
 
 
17 
 
A Declaração dos Direitos Humanos foi aprovada em 10 de Dezembro de 1948, tendo 
como seu primordial objetivo proteger e garantir o respeito à dignidade da pessoa 
humana, e a universalidade dos seus direitos. 
 
Direitos humanos é a expressão intrinsecamente ligada ao direito 
internacional público. Assim quando se fala em ‘’direitos humanos’’ 
está-se tecnicamente a referir à proteção que a ordem internacional 
guarda sobre esses direitos. Os direitos humanos são, portanto, 
direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio 
de tratados multilaterais, globais ou regionais) contra as violações e 
arbitrariedades que um Estados possa cometer às pessoas sujeitas à 
sua jurisdição. (Mazzuoli 2014, p. 22) 
 
Com a Declaração de 1948, nasce a concepção contemporânea dos Direitos 
Humanos, assim como dita Flávia Piovesan: ‘’essa concepção é fruto da 
internacionalização dos Direitos Humanos que constitui um movimento extremamente 
recente na história surgindo a partir do pós-guerra, como resposta as atrocidades e 
aos horrores cometidos durante o nazismo.’’ 
 
Com a chegada da Declaração, começava a surgir um novo ramo do direito 
internacional público. O Direito Internacional dos Direitos Humanos, que tem por 
característica o objetivo de garantir o exercício dos direitos fundamentais do ser 
humano. 
 
Os direitos humanos são ‘’uma plataforma emancipatória voltada para 
a proteção da dignidade humana’’. (Piovesan 2006, prefácio) 
 
No dizer de Joaquim Herrera Flores, os direitos humanos compõem 
uma racionalidade de resistência, na medida em que traduzem 
processos que abrem e consolidam espaços de luta pela dignidade 
humana. (Piovesan 2006, p. 8) 
 
Os Direitos Humanos contemporâneos, segundo a Declaração Universal de 1948, tem 
em sua base, três princípios fundamentais, sendo eles: princípio da inviolabilidade da 
pessoa, o qual traz em seu significado que não deve-se beneficiar do sacrifício 
imposto a alguém, não se deve impor sacrifícios a outrem para então se beneficiar do 
resultado. O princípio da autonomia da pessoa, que dita que todo indivíduo é livre para 
praticar seus atos, desde que suas escolhas, sua conduta e seus atos não venham a 
prejudicar outras pessoas. E por último o princípio da dignidade da pessoa, no qual 
as pessoas devem serem tratadas e julgadas tão somente por seus atos praticados, 
sejam eles bons ou ruins, para que se respeite a dignidade do indivíduo. Princípio este 
que trata de um dos direitos fundamentais, que é a própria dignidade humana. 
 
Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se em vez dela qualquer 
outra como equivalente, mas quando uma coisa está acima de todo o 
preço, e, portanto não permite equivalente, então tem ela a 
dignidade... Esta apreciação dá, pois a conhecer como dignidade o 
valor de uma tal disposição de espírito e põe-na infinitamente acima 
de todo o preço. Nunca ela poderia ser posta em cálculo ou confronto 
com qualquer coisa que tivesse um preço, sem de qualquer modo ferir 
a sua santidade. – Kant. [11]SARLET apud Kant. (Tradução da obra 
Kant, Grundlegung.... “Kant, Fundamentos..., p. 134-135”). - Citação 
na parte de direitos humanos. 
18 
 
2. Tratados, Convenções e Políticas de enfrentamento. 
 
2.1 - Aspectos Históricos. 
 
Apareceu no ano de 1904 o primeiro documento internacional a tratar sobre tráfico de 
pessoas. Tinha o propósito de acabar com a troca de escravos brancos, que vinha 
ocorrendo por conta das mulheres brancas que migravam ou eram traficadas para 
países árabes e orientais, para servirem como concubinas ou exercerem a 
prostituição. O documento não obteve sucesso uma vez que tratava de um problema 
que até então tão somente preocupava a sociedade europeia e seus governantes. 
No ano de 1910, outro documento tratando sobre o tráfico de pessoas surge, agora 
reconhecendo a existência do tráfico dentro do território nacional e também incluindo 
previsões para que os envolvidos nestes crimes fossem punidos. Outro documento 
que não logrou sucesso, obtendo somente 13 ratificações. (Rodrigues, Tráfico 
internacional de pessoas para fins de exploração sexual, 2013) 
Já em 1921 e 1933 os documentos que tratavam sobre o tráfico de pessoas 
basearam-se no contexto da Liga das Nações, que definia que o tráfico independia do 
consentimento da mulher. 
Ocorre então no ano de 1949 a Convenção para Supressão do Tráfico de Pessoas e 
da Exploração da prostituição, onde foram então consolidados os quatro documentos 
anteriormente citados, tornando-se então um instrumento único para o combate do 
tráfico de pessoas, até o surgimento do Protocolo de Palermo e suas convenções. 
(Ela Wiecko V. de Castilho, Política Nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas, 
2013) 
Com isso os Direitos Humanos juntamente com seus sistemas de proteção 
internacionais, foram ao longo do tempo se aprimorando, e no ano de 1993, na 
Conferência Mundial de Direitos Humanos, designou-se então a Declaração e o 
Programa de Ação Viena, que trazia em um dos seus 18 itens: ‘’ Os Direitos Humanos 
das mulheres e das meninas são alienáveis e constituem parte integral e indivisível 
dos direitos humanos universais’’ 
O tráfico de pessoas, enfrentou uma enorme resistência e passou por muitas 
dificuldades, para que o direito das pessoas traficadas serem reconhecidos, e 
estabelecidos em documentos internacionais. 
 
 
2.2 Declaração Universal do Direitos Humanos. 
19 
 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada 
em 1948 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas 
(ONU). O documento é a base da luta universal contra a opressão e a 
discriminação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e 
reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
devem ser aplicados a cada cidadão do planeta 
http://www.brasil.gov.br/ 
 
A DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos, foi adota pela ONU, (Organizações 
das Nações Unidas) no mês de Dezembro do ano de 1948, e estabelece que os 
principais Direitos Humanos Fundamentais, assim como a liberdade, devem ser uma 
garantia para todos. 
A positivação internacional dos Direitos mínimos dos seres humanos é tida como uma 
das principais preocupações, o que tende a completar um dos propósitos da 
Declaração que nada mais é se não a proteção aos Direitos Humanos. 
A declaração veio para nós como uma espécie de código de conduta internacional, 
para ditar que os direitos humanos são universais e que basta tão somente a condição 
de pessoa para que os seus direitos sejam reivindicados em qualquer situação e em 
qualquer lugar. (Http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2009/11/declaracao-
universal-dos-direitos-humanos-garante-igualdade-social) 
Por não ter sido submetida aos procedimentos de celebração dos tratados, não 
poderia ser considerada como um tratado, tratando-se assim de uma mera ‘’ 
recomendação’’ das Nações Unidas, para que os Estados possam respeitar e quiçá 
se perpetue uma nova maneira de lidar com a proteção internacional dos direitos 
humanos. 
No que se refere ao tráfico internacional de pessoas, a Declaração traz em seu art. 4º 
que ‘’ Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de 
escravos serão proibidos em todas suas formas” 
 
 
2.3 – Convenção de Palermo 
 
 
No ano de 2000, foi adotada a Assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) 
instituindo a Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado, 
20 
 
universalmente conhecida como Convenção de Palermo, tendo seu documento 
assinado por 147 países, os quais se comprometeram em criar medidas para acabar 
com o crime organizado. 
A Convenção de Palermo juntamente com seus protocolos adicionais são, vários 
tratados os quais visam o combate ao crime organizado transacional. Portanto é 
importante que seja combinado com os outros tratados que versem sobre direitos 
humanos, uma vez que a convenção veio vinculada a um tratado que trata 
especificamente do combate ao crime organizado. (http://www.unodc.org/lpo-
brazil/pt/crime/marco-legal.html) 
A Convenção junto de seus protocolos, caracteriza o crime organizado como a grande 
causa do tráfico de pessoas, por esse motivo, não se dá importância para aqueles que 
tentam a todo o custo, mesmo que ilegalmente migrarem. 
Em seu artigo 3º define tráfico de pessoas como: ‘’ [...] o recrutamento, o transporte, 
a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou 
uso de força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso 
de autoridade ou a à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de 
pagamento ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha 
autoridade sobre outra para fins de exploração’’. 
 E traz em seu artigo 2º, ‘’ b’’ um dos objetivos propostos pela Convenção é o de: ‘’ 
proteger a ajudar as vítimas desse tráfico, respeitando plenamente os seus direitos 
humanos’’, percebe-se aqui então, que o enfoque principal, seria o combate e a 
punição aos responsáveis pelo crime de tráfico, e não tão somente a proteção dos 
direitos humanos da vítima. 
O protocolo de Palermo, que foi adotado em novembro de 2000, continuou sendo 
ratificado pelos países até dezembro do ano de 2007, agora contando com 116 países, 
desde então, tem-se uma comoção a nível universal no interesse em combater o crime 
de tráfico de pessoas. Entretanto, da mesma maneira que cresce o interesse no 
combate ao tráfico de pessoas, o crime ao redor do mundo continua crescendo em 
proporções parecidas. 
 
 
2.4 Pacto de São José da Costa Rica 
 
 
Firmado em 1969, pelo países integrantes da OEA – Organização de Estados 
Americanos, que tem por finalidade o cuidado com os direitos sociais e os individuais 
de cada indivíduo, como o direito à vida, liberdade, dignidade, educação, e outros 
21 
 
direitos que nos são fundamentais. O Pacto é muito importante no que toca o tráfico 
de pessoas, pois veio para garantir o direito individual básico que é violado por este 
crime, o direito à liberdade de cada ser humano. (Flavia Piovessan, Direitos Humanos 
e Justiça Internacional, 2006) 
Sobre o tráfico de pessoas, traz em seu artigo 6º:[...]1. Ninguém pode ser submetido 
à escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de 
mulheres são proibidos em todas as formas. 2. Ninguém deve ser constrangido a 
executar trabalho forçado ou obrigatório. 
Nos países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade 
acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no 
sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena, importa por juiz ou tribunal 
competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade física 
e intelectual do recluso.’’ 
 
 
2.5 Fórum de Viena 
 
Cerca de 1.400 pessoas se reuniram em Viena, Áustria, na segunda semana de 
fevereiro do ano de 2008, para debater acerca de estratégias no combate ao tráfico 
de pessoas. (http://www.unric.org/pt/controlo-de-droga-e-prevencao-do-crime/15535) 
Os debates giraram em torno de três aspectos tidos como mais importantes pelos 
representantes dos países que ali estavam, são eles; a vulnerabilidade, impacto e 
ação. 
Um dos objetivos era a discussão sobre o que poderia ser considerado 
‘’vulnerabilidade’’. Segundo o documento, não é possível proteger populações que 
são vulneráveis, e tão pouco protege-las das situações que são altamente danosas, 
sem primeiro saber o que torna aquela população tão vulnerável a ponto de trazer 
atenção dos aliciadores, a violência e consequentemente o tráfico de pessoas. A 
ONU, pensa que essa situação de vulnerabilidade das populações só poderá ser 
erradicada por meio de medidas que possam prevenir e alertar essas vítimas em 
potencial. O termo ‘’vulnerabilidade’’ ficou definido então como: ‘’as condições 
resultantes de como os indivíduos experimentam negativamente a interação entre os 
fatores sociais econômicos, políticos e ambientais que criam o contexto de suas 
comunidades’’. 
Durante o seu discurso, a ex-ministra austríaca de assuntos para a mulher, Helga 
Konrad, desabafou dizendo que, infelizmente os traficantes estão milhares de passos 
à frente dos governos, os quais, segundo ela, não deveriam serem tão inertes assim 
22 
 
em relação a um problema de proporções tão graves assim como é o tráfico de 
pessoas. 
 
 
2.6 Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas 
 
 
No ano de 2006 o Brasil deu um passo importante em relação ao combate ao tráfico 
de pessoas. 
Aprovando uma política nacional de enfrentamento ao tráfico, (Decreto nº 5.948, de 
26 de outubro de 2006). Trata-se de um marco normativo e muito inovador para o 
Brasil, que traz consigo uma série de princípios e orientações para melhorar a atuação 
do poder público nacional no combate a este crime. 
O documento foi elaborado por representantes do Poder Executivo Federal e 
convidados do Ministério Público Federal, e teve também participação o Ministério 
Público do Trabalho. (Plano Nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas no site, 
http://www.unric.org/pt/controlo-de-droga-e-prevencao-do-crime/15535) 
Depois de muitos debates, chegou-se a um consenso sobre qual seria o conteúdo da 
nova política nacional. Nos termos da política o enfrentamento ao tráfico de pessoas 
é considerado, em suas várias modalidades, para que sejam todas combatidas, a 
exploração sexual comercial, à luta ao trabalho escravo, às políticas voltadas às 
mulheres, crianças e adolescentes, trazendo sempre a perspectiva dos direitos 
humanos para resguardar os direitos das vítimas. 
Um dos objetivos é dar atenção a 3 pontos considerados de maior importância para o 
combate ao tráfico, são eles: prevenção ao tráfico, repressão ao crime e 
responsabilização dos seus autores e atenção voltada paraas vítimas. São chamados 
de eixos estratégicos. 
Na prevenção, a intenção é tentar diminuir a vulnerabilidade que cerca alguns grupos 
sociais e trabalhar com essas pessoas para que se sintam menos fragilizadas, tudo 
isso acompanhada de uma forte política pública, que visa combater não só as reais 
causas deste problema, mas como também perpetuar a igualdade social. 
Em relação a repressão e responsabilização, o foco principal é a fiscalização 
juntamente com o controle e a investigação desses crimes, onde se leva em 
consideração aspectos penais, trabalhistas, nacionais e internacionais do crime de 
tráfico de pessoas. 
23 
 
No tocando à atenção às vítimas, um dos focos principais está no tratamento justo, 
não-discriminatório e seguro das vítimas, garantindo-lhes, proteção especial e acesso 
ao judiciário, como também assistência consular. E isso não só com os brasileiros, 
como também com os estrangeiros que se encontrarem em situação de tráfico no 
Brasil. 
 
 
2.7 Da Proteção à Criança e ao Adolescente 
 
 
Considera-se a exploração de crianças e adolescentes para fins sexuais uma das 
formais mais graves de violação aos direitos humanos. Uma vez que estes são os 
tipos mais vulneráveis de vítimas. 
Entrou em vigor na data de 19/11/2000 a Convenção 182 da OIT, Organização 
Internacional do Trabalho, que dispõe sobre a proibição das piores formas de trabalho 
infantil e traz um plano de ação imediata para eliminar essa terrível situação do cenário 
mundial. 
O objetivo da Convenção é a adoção por parte dos países que a ratificaram, de 
medidas e de programas de ação internacional para eliminação, dessas chamadas 
piores formas de trabalho infantil, sendo elas: o trabalho escravo, a prostituição 
infantil, ou o uso de crianças e adolescentes para a reprodução de material de 
conteúdo pornográfico, assim como a participação de crianças e adolescentes em 
práticas ilícitas, como muito se vê, crianças ‘’trabalhando’’ no tráfico de drogas. 
A OIT, contribui e muito para o combate ao trabalho forçado infantil, e além disso luta 
também por condições e trabalhos dignos para os adultos. 
O primeiro documento a ter como objeto a proteção da criança, foi publicado em 1924, 
a Declaração de Genebra, não se restringia apenas aos aspectos trabalhistas, assim 
como a OIT, em sua luta para erradicação do trabalho infantil. 
Já no ano de 1959, surge a Declaração dos Direitos da Criança, trazendo inovações 
principalmente na maneira de tratar a criança e o adolescente, que agora são tratados 
como sujeitos de direito, com todas as garantias que são conferidas aos adultos, e 
outras que lhe são exclusivas diante da sua condição de crianças e adolescentes. 
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança é um 
importante instrumento de garantias, no entanto, para que 
efetivamente as determinações por ela apresentadas sejam adotadas 
em contextos nacionais, é imprescindível que ocorram não somente 
24 
 
transformações no campo das normas, mas uma reorganização das 
Instituições, incremento dos programas que trabalham com a criança 
e o adolescente, na visão de que não se tratam de objetos, mas de 
sujeitos de direitos.’’ (SILVA, ROSSATO, LÉPORE, CUNHA 2013, 
p.103) 
E no ano de 2000, foi publicado um Protocolo facultativo, para a Convenção dos 
Direitos da Criança, que vem a tratar da venda de crianças para a prostituição e 
pornografia infantil. O protocolo dita em seu artigo 1º, que os Estados os quais fazem 
parte, tem o dever de proibir a venda de crianças com destino a prostituição e 
pornografia infantil. 
Já em seu artigo 2º, o protocolo traz as definições de venda de crianças, prostituição infantil 
e pornografia infantil, para melhor esclarecer o objetivo principal que é a proibição. 
a) Venda de crianças significa qualquer ato ou transação pelo qual 
uma criança seja transferida por qualquer pessoa ou grupo de 
pessoas para outra pessoa ou grupo mediante remuneração ou 
qualquer outra retribuição. 
b) Prostituição infantil significa a utilização de uma criança em 
atividades sexuais mediante remuneração ou qualquer outra 
retribuição. 
c) Pornografia infantil significa qualquer representação, por qualquer 
meio, de uma criança no desempenho de atividades sexuais 
explicitas ou simuladas ou qualquer representação dos órgãos 
sexuais de uma criança para fins predominantemente sexuais. 
(SILVA, ROSSATO, LÉPORE, CUNHA 2013, p.104) 
 
3. Conceitos 
 
 
3.1 Prostituição 
 
 
 
Em sentindo estrito comum, a prostituição é o comércio sexual do 
próprio corpo, geralmente desenvolvido com habitualidade, 
objetivando o sustento. Mas não se pode considerar tal atividade de 
maneira tão simples quanto incompleta. 
Afinal, o verbo prostituir possui significados variados, abrangendo a 
visão de comercialização do sexo, além de desmoralizar, corromper, 
degradar, desonrar, auferindo intenso conteúdo moral – na realidade, 
imoral. (Nucci, 2013, p.62) 
 
 
Na definição de Cernicchiaro, prostituição é a conduta de uma pessoa 
que se entrega à pratica de relações sexuais. No mesmo sentido, 
Bento de Faria, define prostituição como a conduta de quem concede 
25 
 
o gozo de seu corpo em regra habitualmente, a qualquer pessoa. Para 
ambos o pagamento era prescindível. – (Rodrigues, 2013, p.40) 
 
 
A prostituição é um fenômeno que esteve presente em diversos modelos de 
sociedade. Acabou colaborando, direta ou indiretamente para a formação das normas 
sociais, com características gerais e especificas para cada momento histórico. 
Trata-se de uma atividade sexual, nem sempre reconhecida como um 
trabalho, licito ou ilícito, cuja origens se perde nos primórdios da 
humanidade. Nas palavras de Fábio Lopes Alves ‘’o epíteto ‘’mais 
antiga das profissões’’ atribuído à prostituição, busca dar conta da 
universalidade deste fenômeno conhecido em todas as épocas e 
lugares. Tão antigo quanto a prostituição são o preconceito, o rechaço 
público e a estigmatização das prostitutas, expressos na ‘mais antiga 
das ofensas’ que se designa sua prole’’. (Nucci, 2013, p.47) 
. 
 
A prostituição nem sempre sofreu desprezo e criticas, como no mundo de hoje. Essa 
prática que existe desde a antiguidade. Mulheres respeitáveis faziam sexo com o 
sacerdote ou com um andante, para adorar a um deus ou uma deusa. As prostitutas, 
não sofriam com preconceito, pelo contrário, estas eram tratadas com respeito, os 
homens que dormiam com essas prostitutas, lhe prestavam homenagens. Por muitas 
vezes, acontecia de a própria sacerdotisa ser prostituta. 
 
O comércio da prostituição teve inicio logo após o fechamento dos templos, com a 
chegada do Cristianismo. Era raro naquela época a prostituição individual como temos 
hoje em dia, naquela época as mulheres poderiam ser encontradas em bordéis e 
casas de banho, onde viviam. 
 
O cristianismo sempre valorizou o ascetismo e o celibato; o aspecto 
sexual da santidade eclipsava todos os outros. A moralidade tornou-
se identificada com a pureza sexual, uma definição que ainda resiste 
nos dias de hoje. A castidade tornou-se uma das maiores virtudes, 
como condição de retidão. A bíblia, no Novo Testamento, procurou 
evidenciar a conversão de ex-prostituta (Maria Madalena, Santa Maria 
Egípicia. Santa Afra, Santa Pelágia, Santa Thais, Santa Teodora) 
Mesmo diante de tal quadro, os padres sentiram a necessidade de 
tolerar a prostituição, como um mal indispensável. (Nucci, 2013, p.55) 
 
 
A igreja mesmo tendo de aceitar a prostituição como um mal indispensável, tentava 
por outro lado, medidas para controlar e organizar a prostituição. Incentivando as 
mulheres a não continuarem a se prostituir e a tentarem constituir uma família. 
 
Muitas mulheres entraram para a prostituição por não quererem fazer parte da classe 
operária, encontrando então na prostituição uma maneira de conseguir o seu sustento, 
esta época foi marcada pelas chamadas ‘’costureirinhas’’. 
 
Embora se tolerasse a prostituição, o lenocínio era severamente 
punido.O cafetão podia sofrer castigos físicos, prisão e até expulsão 
da cidade. Por isso como já mencionado, os bordéis se fechavam, 
encobrindo suas atividades. É interessante observar que as mesmas 
coberturas, até hoje existentes no mundo todo para a prostituição 
26 
 
exercida em locais fechados, eram igualmente utilizadas na Idade 
Média: casas de banho, barbearias, saunas, todas com aspectos da 
mais perfeita legalidade. Nucci, 2013, p.56) 
 
 
São conhecidas várias tentativas de proibição da prostituição ao longo 
da história, especialmente por influência religiosa. Porém, pode-se 
afirmar que o proibicionismo se encontra falho na origem, já que toda 
tentativa de proibição foi burlada. (Rodrigues, 2013, p.41) 
 
 
Nos dias de hoje, temos três grandes concepções internacionais sobre a prostituição. 
A primeira delas e a mais antiga também a regulamentarista, a qual tende a querer 
regular administrativamente a prostituição, o seu exercício. O estado por sua vez, 
passará a controlar essa atividade através de controle público. Exigindo de toda 
prostituta que a mesma passe por um sistema de controle através de fichas, controles 
sanitários e que paguem taxas. 
 
[...] o sistema de regulamentação, que teve inicio em 1803, na França, 
e se espalhou para outros países. Esse sistema considerava a 
prostituição um mal necessário e a cercava de medidas higiênicas e 
policiais, visando salvaguardar a saúde da população e a ordem 
pública. Além dessas medidas, cabe destacar que moderadamente há 
a preocupação também com questões fiscais e previdenciárias (direito 
prostitucional). É o sistema adotado atualmente na Holanda e na 
Alemanha, como forma de regulamentação moderna. (Rodrigues, 
2013, p.41) 
 
 
O sistema regulamentador tem por finalidade legalizar a prostituição 
dar-lhe benefícios como a outro trabalhador qualquer, registrando os 
trabalhadores do sexo fiscalizando suas atividades. (Nucci, 2013, 
p.69) 
 
 
 A segunda concepção é o chamado abolicionismo, onde se considera a prostituição 
um atentado contra a dignidade da mulher e também uma violação aos direitos 
humanos. – O Brasil, assinou o Tratado Abolicionista em 1951 
 
[...] o escopo desse sistema era submeter a prostituta ao direito 
comum, como qualquer outra cidadã. De acordo com Esther de 
Figueiredo Ferraz, o abolicionismo não vê a prostituição como um mal 
necessário, mas como um mal evitável e reparável. 
Trata-se de um sistema que pune não a prostituta, mas quem a 
explora: o rufião, o proxeneta ou o traficante, seja de forma consentida 
ou não. É o sistema adotado hoje pela política criminal brasileira. 
(Rodrigues, 2013, p.45)’’ 
 
 
O sistema abolicionista reconhece a existência da prostituição, 
considerando-a como uma mal social, devendo ser abolida. Fere a 
dignidade da pessoa e, particularmente, oprime a mulher. Não se deve 
castigar a prostituta, mas punir o cliente e todos os demais indivíduos 
que a volteiam, favorecendo ou auxiliando. 
27 
 
 
O abolicionismo advém do movimento dos direitos civis de finais do 
século XIX e de princípios do século XX, com o espirito da Convenção 
de 1949 para a suspensão do tráfico de pessoas e da exploração da 
prostituição. O objetivo não é proibir a prostituição - considerada 
incompatível com a dignidade humana – mas a exploração da 
prostituição é proibida. Tem medidas de prevenção visando proteger 
quem entra na prostituição e medidas de reinserção para quem se 
prostitui. (Nucci, 2013, p.70) 
 
Já a terceira concepção enxerga a prostituição como a compra e venda de prestação 
de serviços sexuais que deveriam ser proibidas. Aqui acredita-se que a solução para 
este problema seria uma intervenção ou interrupção na demanda. 
 
‘’A proibição é o sistema adotado hoje nos Estados Unidos, por 
exemplo. Consiste em criminalizar a prostituição de per si, punindo o 
exercício e também sua exploração. (Rodrigues, 2013, p.41)’’ 
 
 
O sistema proibicionista visa a tolher e castigar a prostituição, seja a 
própria pessoa que comercializa o corpo, como também pode se 
estender a punição aos clientes. Proíbe qualquer forma de auxílio, 
favorecimento, intermediação, tráfico, sustento em razão da atividade. 
O modelo proibicionista vê a prostituição como um grave atentado 
contra os direitos humanos, uma clara manifestação da violência 
contra as mulheres e um símbolo inequívoco da exploração sexual. 
(Nucci, 2013, p.68) 
 
Temos aqui no Brasil uma espécie de sistema misto, uma vez que não se pune nem 
a prostituta e nem o cliente, e sim todos aqueles que de alguma maneira, auxiliam, 
favorecem e obtém lucro através da prostituição. 
 
 
 
3.2 – Países legalizados. 
 
 
 
 Alemanha 
 
 
No ano de 2002, durante o governo de coalisão de verdes e socialistas, que a Lei de 
prostituição LProst, foi aprovada. Não que a prostituição fosse um trabalho ilegal antes 
do ano de 2002 e nem proibido, aqueles que exerciam à época tinham de pagar 
impostos, mas enfrentavam o preconceito que taxava sua atividade imoral e sem 
nenhum valor jurídico. O que por muitas vezes fazia com que aqueles que viviam da 
prostituição sentissem-se desamparados e frágeis perante qualquer ameaça ou risco 
que viessem a correr durante o exercício de sua profissão. A Alemanha possui cerca 
de 82 milhões de habitantes, e dentre eles calcula-se que entre 100 e 300 mil 
mulheres, homens e transexuais trabalhem com sexo 
 
28 
 
Mesmo com o reconhecimento da prostituição com a aprovação da lei, sabe-se que o 
preconceito ainda existe, mesmo que muitas das vezes velado, mas a prostituição 
continua sendo mal entendida e os profissionais do sexo ainda são tidos como imorais, 
 
A lei tem como objetivo acabar com a imoralidade que paira sobre a atividade e 
também cria regras jurídicas para que se melhore as condições de trabalho daqueles 
que exercem a prostituição. Temos na lei três pontos importantes: 
 
 Trabalhadores do sexo têm o amparo da lei para cobrar o pagamento 
por serviços prestados não quitados; Podem escolher entre trabalhar 
como empregados ou autônomos. Em ambos os casos com 
obrigações e direitos a benefícios sociais como de qualquer outra 
atividade laboral; Foi abolida a lei que considerava como ‘promoção 
da prostituição’ o fato de bordéis oferecerem boas condições de 
trabalho ou ter, por exemplo, preservativos à disposição dos clientes. 
- http://br.boell.org/pt-br/2014/05/09/prostituicao-na-alemanha-e-legal 
 
Estima-se haver 400.000 prostitutas no país e 1.2 milhão de clientes 
para usar seus serviços por dia. Esse comércio movimenta cerca de 6 
bilhões de euros por ano, algo equivalente a empresas como Porsche 
e Adidas. (Nucci, 2013, p. 72) 
 
 
Para os trabalhadores do sexo na Alemanha a lei foi um passo importante para que 
os seus direitos como trabalhadores fossem devidamente reconhecidos. Por outro 
lado, sabem também, que foi apenas um pequeno primeiro passo de muitos que ainda 
restam até que o trabalho sexual seja de uma vez por todas descriminalizado também 
pela sociedade. 
 
Um fato interessante sobre a lei é que, por ela tratar-se de uma regulamentação 
voluntária, por sua vez não obriga ninguém a se declarar oficialmente trabalhador do 
sexo. De fato um ponto positivo para aqueles que temem sofrer preconceitos por conta 
de sua profissão. 
 
Na Alemanha existiam algumas organizações locais onde os trabalhadores do sexo 
se reuniam para então juntos, lutar por seus direitos, mas não havia até então uma 
organização a nível nacional, o que aconteceu no ano de 2013 quando um grupo com 
40 pessoas que exercem a prostituição como profissão fundaram a Associação 
Profissional de Serviços Eróticos e Sexuais. 
Essa associação foi criada em um momento crucial e delicado, uma vez que a luta 
contra a prostituição começava a ficar cada vez mais forte no país. O grupo vem sendo 
extremamente ativo, tanto na mídia quanto fora, saem pelo país afora dando palestras, 
para que as pessoas conheçam a sua realidade da profissão sobre a perspectiva do 
profissional dosexo através de relatos do seu dia-a-dia, com isso buscam erradicar 
aos poucos o preconceito para com a profissão. 
 
 
 
Holanda 
 
29 
 
Na Holanda, a prostituição é considerada profissão assim como qualquer outra desde 
Janeiro de 2001, o comércio do sexo voluntário foi legalizado e a pressão penal quanto 
as organizações criminosas, que propagam o comércio do sexo involuntário, em 
particular o infantil. A prostituição no país aumentou consideravelmente após a 
legalização, por conta das garantias trabalhistas agora garantidas as prostitutas. 
O que acabou por não agradar muito aqueles que são contra o exercício da 
prostituição, fazendo com o que o preconceito permaneça e a profissão não deixe de 
ser imoral para aqueles que não concordaram com sua legalização desde o início. 
A legalização na Holanda aconteceu para que a imagem dos Cafetões 
desaparecessem e para também erradicar o tráfico de pessoas para serem 
escravizadas sexualmente no país. A imagem do cafetão então, foi substituída pela 
imagem de grandes empresários que investem rios de dinheiro no turismo sexual, no 
entretenimento erótico que comanda praticamente todo o país, através da prostituição, 
casas noturnas recheadas de strippers, e até um museu destinado à prostituição 
recém inaugurado na cidade de Amsterdam. 
Há na Holanda o Red Light, que é um bairro localizado na cidade de Amsterdam, que 
contém ruas destinadas à prostituição, as conhecidas ‘’ vitrines’’. 
As prostitutas alugam uma espécie de quartinho em construção com janelas enormes 
voltadas para a rua, e então ficam lá, de frente para a rua, se exibindo com roupas 
sensuais e chamativas, como se estivem em uma vitrine de loja. Dessa maneira, os 
visitantes do local, muitas vezes turistas, podem apreciar e escolher a prostituta que 
mais lhe agrade aos olhos. 
O preço dos serviços dessas prostitutas gira em torno de 50 euros, com o preço 
tabelado para assim não gerar concorrência desleal. O cliente que optar pela prostituta 
de seu agrado, entra pela porta lateral e recebe o serviço ali mesmo. 
A ideia das vitrines surgiu por conta do clima chuvoso e frio de Amsterdam, o que 
dificultaria a vida das prostitutas de rua, assim, dentro de seus quartinhos estas ficam 
protegidas e podem realizar seu trabalho, com o máximo de conforto que o aquele 
espaço puder proporcionar. 
Existem mais de 7 mil prostitutas na Holanda, muitas delas trabalhando cerca de 11 
horas por dia, 6 vezes por semana. 
Os trabalhadores do sexo recebem do governo a garantia de assistência médica, 
direitos trabalhistas além da fiscalização para que lhe seja assegurada boas 
condições de trabalho, para que assim sua dignidade não seja afetada e este possa 
exercer sua profissão em segurança. 
‘’O sistema acolhido é o regulamentador. A prostituta deve ter pelo 
menos 18 anos e o cliente 16. Um terço das famosas vitrines de 
bordéis de Amsterdã fecharam após a Prefeitura recusar-se a renovar 
suas licenças. (Nucci, 2013, p. 79)’’ 
 
Existem três regiões, relativamente próximas, conhecidas como Red 
Light District, mas a mais famosa é a mais próxima à estação central, 
30 
 
onde existe a maior concentração de prostitutas se exibindo em 
janelas a qualquer hora do dia. 
Amsterdã orgulha-se de seu liberalismo e de sua política de 
descriminalização sem precedentes. Na capital da Holanda a 
prostituição é um serviço como outro qualquer, onde prostitutas são 
contribuintes e lutam, socialmente, pela aceitação de seus direitos 
trabalhistas. (http://www.rodei.com.br/2010/07/14/prostituicao-em-
amsterda-e-red-light-district/) 
 
 
Nova Zelândia 
 
A prostituição na Nova Zelândia foi legalizada há dez anos. Os parlamentares do país 
resolveram, que seria melhor votar por mudanças nas leis que tratavam da 
prostituição, após os trabalhadores do sexo e a Organização de mulheres e 
defensores da saúde pública, trazerem a mídia, debates sobre o tema. O projeto 
denominado de Prostitution Reform Act de 2003, veio para promover uma mudança 
significativa, revogando leis que até então criminalizavam as prostitutas, as tornando 
vulneráveis e desprotegidas dessa forma perante a sociedade. 
O projeto tem por objetivo descriminalizar a prostituição, além de visar a proteção dos 
direitos básico e fundamentais do trabalhadores do sexo, seus direitos humanos. 
Dando importância e garantindo o bem-estar do trabalhador, lhe proporcionando maior 
segurança até mesmo para sua saúde, já que sabemos ser uma profissão de risco, 
devido as doenças sexualmente transmissíveis a que estão sujeitos estes 
profissionais. A lei no entanto proíbe a prostituição dos menores de 18 anos. 
Mesmo depois de aprovada a lei, o trabalho sexual continua sendo praticado de 
maneira muito discreta, tanto nas grandes, quanto nas pequenas cidades do país. Isso 
devido ao preconceito que ainda predomina na sociedade com relação à prostituição, 
mesmo que legalizada ela ainda é marginalizada pela sociedade, que faz com que os 
trabalhadores do sexo, mesmo tendo seu direito garantido e podendo exercer a 
profissão livremente assim como qualquer outro trabalho, ainda sim, prefira fazer isso 
por baixo dos panos. 
O trabalho sexual é permitido, assim como também é permitido que se trabalhe de 
maneira individualizada, coletivamente, ou até mesmo em casas de prostituição. O 
que exige-se desses lugares, é que tenham um certificado emitido pela Corte Distrital. 
Caso a prostituta, venha sofre algum tipo de violência dentro do estabelecimento, o 
mesmo pode ser interditado, e é direito da prostituta que esta procure a justiça caso 
seja necessário. 
Desde 2003, a prostituição foi legalizada para maiores de 18 anos. 
Admite-se a existência de bordéis, cujos proprietários devem ter mais 
de 18, ser cidadão da Austrália ou da Nova Zelândia e possuir uma 
licença. Inexiste proibição no tocante ao proxenetismo. (Nucci, 2013, 
p. 82) 
31 
 
Há dez anos, parlamentares da Nova Zelândia votaram por mudanças 
nas leis relativas à prostituição, após intenso debate e mobilização de 
trabalhadoras do sexo, organizações de mulheres e defensores da 
saúde pública. 
O Prostitution Reform Act 2003 (PRA) promoveu uma significativa 
mudança, revogando leis que tinham sido usadas para criminalizar 
prostitutas e que as tornavam vulneráveis. 
O objetivo do PRA é descriminalizar a prostituição e proteger os 
direitos humanos dos profissionais do sexo e contribuir para protegê-
las da exploração. 
 A lei também define a importância da promoção do bem-estar e da 
segurança e saúde de quem está na atividade. A lei proíbe a 
prostituição de menores de 18 anos (http://www.sxpolitics.org/pt/wp-
content/uploads/2013/10/prostituicao-na-nz.pdf) 
 
A lei veio também como um instrumento que visa, prevenir e eliminar a exploração 
dessas pessoas, e também é uma válida ferramenta combater o tráfico de pessoas. 
Dados do serviço de imigração do país revelam que não foram identificados casos de 
tráfico de pessoas no país. 
A descriminalização vem também para elevar os padrões no tocante a saúde 
ocupacional e a segurança, uma vez que prostitutas e clientes, agora sentem-se 
seguros para, caso suspeitem de algo anormal ou suspeito dentro do bordel, fazer a 
denúncia para a polícia. 
 
 
 
3.3 – Países não legalizados 
 
 
 
China 
 
 
 Na China, a prostituição é ilegal, em todas as suas formas, seja a individual, os 
bordéis onde se pratica a prostituição e também o proxenetismo. Porém as rondas 
policiais na China, por muitas vezes encontra locais de prostituição, prendendo as 
prostitutas, os mantedores de sites de prostituição, os clientes e todos aqueles que 
contribuem, facilitam e utilizam da prostituição. Já em Taiwan, a prostituição foi 
legalizada em Junho do ano de 2009. 
A prostituição é definitivamente ilegal, mas na prática as leis e a aplicação das leis 
nem sempre caminhamjuntas, por isso os policiais na China, em suas rondas tem 
encontrados prostitutas e lugares onde a prostituição é praticada, pois há um conflito 
muito grande, entre as leis e sua correta aplicação. 
32 
 
A exemplo disso temos a Constituição Chinesa que prega a garantia a liberdade de 
expressão, mas aquele que ousar usar de sua liberdade para se expressar sobre algo 
‘’ proibido’’ tem grandes chances de ser preso ou no pior dos casos, levar punições 
bem severas, sendo colocado em uma prisão, sendo levado ao trabalho forçado, entre 
outros. 
Quando presas as prostitutas na China passam por humilhações e há relatos de casos 
onde foram torturadas pelos próprios policiais. São tratadas como um ser inferior como 
se não fossem dignas de terem seus direitos respeitados, o que chega a ser 
contraditório, uma vez que se proíbe a prostituição por acreditar-se que esta viole o 
direito de personalidade da mulher, e em outro momento viola-se a dignidade e todos 
os seus direitos fundamentais, humilhando, torturando e desprezando a mulher que 
exerce a prostituição. 
‘’Traduz-se a prostituição como violação dos direitos da personalidade 
da mulher. (Nucci, 2013, p. 75)’’ 
Em fevereiro, o Ministério da Segurança Pública em Pequim prometeu 
atacar duramente os "três vícios" – prostituição, apostas e uso de 
drogas –, mas o foco da iniciativa está claramente na venda de sexo. 
A campanha nacional começou em 9 de fevereiro, quando a China 
Central Television veiculou uma matéria com repórteres disfarçados 
mostrando a prostituição em hotéis de Dongguan. No dia seguinte, o 
chefe do partido na província de Guangdong, que inclui Dongguan, 
ordenou o fechamento de locais de entretenimento na cidade por três 
meses. A polícia invadiu algumas saunas, casas noturnas e bares de 
caraoquê – os tipos de locais com reputação de imoralidades por toda 
a China. 
O Ministério da Segurança Pública chinês ordenou que delegacias de 
todo o país conduzam operações similares. Uma piada popular diz 
que, para conter uma recente onda de gripe aviária, Xi disse "livrem-
se das galinhas", mas a ordem foi enviada ao Ministério da Segurança 
Pública, em vez do Ministério da Saúde – e os policiais acharam que 
ele estava se referindo a prostitutas .Até agora, a maior baixa política 
foi o chefe de polícia de Dongguan, Yan Xiaokang, que foi demitido e 
colocado sob investigação. No entanto, são as prostitutas que vêm 
enfrentando as piores consequências (http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-
e-estilo/noticia/2014/03/industria-do-sexo-e-severamente-reprimida-
em-dongguan-na-china-4450402.html) 
A China também enfrenta um problema que é o ‘’tráfico de noivas’’, são websites nos 
quais vende-se pacotes de viagens para que grupos de homens, conheçam ‘’noivas 
estrangeiras’’, o que acaba se tornando um caso de tráfico, uma vez que essas 
mulheres são retiradas do seu país de origem, com falsas propostas de casamento, 
para serem exploradas depois e colocadas no mundo da prostituição forçada, 
escravizadas sexualmente. A polícia Chinesa luta para combater essa prática, 
retirando e proibindo que sites como esse estejam disponíveis na internet, o que acaba 
por ser uma ‘’missão impossível’’, devido à grande quantidade de anúncios 
fantasiosos espalhados pela rede. A polícia tenta erradicar esse problema também, 
mantendo uma mais vigilância nas fronteiras, evitando assim que essas mulheres 
saiam traficadas do país. 
33 
 
 
 
Estados Unidos. 
 
 
Nos Estados Unidos, a prostituição é ilegal, tendo exceção em algumas áreas do 
Estado de Nevada que permite algumas formas de prostituição nos condados 
afastados de Las Vegas. Porém, a indústria do sexo nos Estados Unidos, é 
considerada a maior e mais ativa do mundo, e gera milhões de dólares por ano. 
Na maior parte dos Estados Unidos, a prostituição é oficialmente classificada como um crime 
sem vitimas. (...) As prostitutas têm sido concebidas como criminosas sexuais, vítimas de 
crimes sexuais e mulheres contaminadas pelas autoridades legais, paladinos da moralidade, 
oficiais da saúde pública. Além disso, vê-se prostitutas como ligadas a outros crimes. O crime 
organizado, furto, roubo, estupro, tráfico de drogas, são frequentemente, associados à 
prostituição. 
Segundo Ronald Weitzer, aproximadamente, 60.000 americanos 
foram presos em 2009 por violação das leis de prostituição. A maioria 
das prisões envolve o comércio de rua, enquanto o de lugares 
fechados são visados apenas em algumas cidades. (...) A 
criminalização tem várias consequências. Em primeiro lugar as prisões 
e muitas provocam pouco efeito nos vendedores, que rapidamente 
voltam a vender sexo. Prisão e punição podem ser danosas pelo 
estigma gerado pelo antecedente criminal. Em segundo lugar, 
algumas dessas prisões não apresentam nenhum dano ao público, 
pois as negociações entre vendedor e comprador se dão em local 
discreto. Em terceiro, a criminalização é um custo para o sistema 
judiciário, algo que poderia ser realocado para outras prioridades. Em 
quarto, a criminalização põe em perigo os trabalhadores do sexo, pois 
ficam relutantes em relatar abusos de clientes. (estupro, roubo etc). 
Não são preocupações inconsistentes. (Nucci, apud Weitzer 2013, p. 
77) 
Contratar serviços de prostitutas também é ilegal nos EUA, há muitos casos de 
homens que geralmente estão embriagados e acabam abordando policiais femininas 
nas ruas de Las Vegas por pensarem se tratar de uma fantasia e acabarem na prisão. 
A promoção da prostituição só não é considerada crime contra a ordem pública 
quando esta se dá no mundo virtual, um território até agora quase sem lei. Manter site 
que promove, divulga e propaga a prostituição não é crime. 
Para o governo americano a prostituição é altamente prejudicial, uma vez que ela vem 
alimentando o tráfico humano. Por este motivo o governo se opõe a prostituição e 
todas as outras atividades relacionadas a ela, incluindo o lenocínio, proxenetismo e 
os bordéis. Para eles, a prostituição interfere e prejudica a escolha de um trabalho 
‘’digno’’ nos moldes da sociedade. 
34 
 
Percebe-se que o grande problema por trás disso tudo é o preconceito enraizado na 
sociedade, que ainda considera a prostituição como algo sujo e degradante, aqui não 
se enxerga a prostituição como um trabalho como um outro qualquer, como uma 
escolha daquele que decide trabalhar com sexo, mas sim, como algo que lhe é 
imposto, forçado pelas circunstancias ou por alguém, o que acaba por criminalizar a 
prostituição e torna-la alvo de intermináveis preconceitos. 
 
 
Suécia 
 
 
A Suécia criminaliza a venda e compra de serviços sexuais desde o ano de 1999, e 
prevê penas de prisão de até 6 meses ou multa para aqueles que infringirem a lei. As 
prostitutas tem direito ao anonimato e não precisam comparecer ao juízo, uma vez 
que são tratadas como a vítima e não como criminosas. 
‘’A Suécia adota uma política abertamente abolicionista, apoiada na 
convicção de que a prostituição se trata de uma situação de 
exploração. (Nucci, 2013, p. 83)’’ 
Porém, a criminalização não bastou para erradicar a prostituição do país uma vez que 
as prostitutas procuraram novas maneiras de oferecer seus serviços, hoje em dia a 
oferta é feita por telefone e também pela internet. Embora a prostituição ainda que 
minimizada o tráfico de pessoas para exploração sexual diminuiu consideravelmente 
no país. Com o risco de ser preso, a procura dos clientes pelas prostitutas diminuiu 
consideravelmente, o que torna a Suécia um mercado infrutífero para o comércio de 
escravas sexuais. 
Para os suecos a prostituição não é nunca uma escolha livre, e não há dúvidas de que 
o modelo sueco tem inspiração no movimento feminista e que por este motivo pune o 
cliente e preserva a prostituta, aqui também há uma superproteção aos seus direitos 
humanos, é oferecia uma ajuda à prostituta para que ela consiga sair da prostituição 
e passe a ter uma vida mais ‘’digna’’ e um trabalho que lhe ofereça essas 
possibilidades,conforme dita a sociedade. 
O sistema sueco não se concentra exclusivamente em punir o cliente, 
mas cuidar da prostituta, oferecendo-lhe variadas opções de trabalho 
alternativo, bem como um programa social e psicológico para assisti-
la se quiser deixar a vida. (Nucci, 2013, p.83) 
 
 
 3.4 - EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
35 
 
 
Explorar é uma conduta de variados significados, contendo em seu 
universo desde uma simples procura ou estudo, passando por uma 
pesquisa, até chegar à condição de tirar proveito de alguém ou de 
algo. E neste último sentido, pode-se fazê-lo de maneira honesta ou 
desonesta. O modo desonesto a má-fé, envolvendo o abuso da 
ingenuidade alheia, enganando ou ludibriando para, então, tirar 
proveito ou lucro, em prejuízo do explorado. (Nucci, 2013, p.89) 
A expressão exploração sexual constitui elemento normativo do tipo 
penal. Segundo Francisco de Assis Toledo, os elementos normativos 
são os constituídos por termos ou expressões que só adquirem 
sentido quando completados por um juízo de valor, preexistente em 
outras normas jurídicas ou ético-sociais ou emitido pelo próprio 
intérprete. Como não há definição legal, esta ficará a cargo dos 
doutrinadores e também do poder público. 
Segundo André Estefam, o nosso Código Penal fornece algumas 
diretrizes na determinação do conceito da elementar. Para o autor, os 
conceitos de violência sexual (p. ex..: estupro) e de satisfação sexual 
(atividade licita) representam os limites interpretáveis da exploração 
sexual. Estefam define exploração sexual como conduta daquele que 
tira proveito de outrem, transformando-o em objeto ou mercadoria e 
promovendo sua degradação sob o aspecto da sexualidade. 
(Rodrigues, 2013, p. 50, 51) 
Denomina-se exploração sexual toda e qualquer prática sexual as quais através dela 
o indivíduo venha a obter lucro. Geralmente ocorre por consequência da pobreza, da 
violência doméstica, da falta de perspectiva de vida, o que leva jovens nessas 
situações, deixarem seus lares e encontrarem ‘’abrigo’’ em locais onde explorarão sua 
sexualidade, em troca de moradia e comida. 
Para Guilherme Nucci a exploração sexual deve ser caracterizada 
como forma de retirada de vantagem em relação a alguém, valendo-
se de fraude, ardil, posição de superioridade ou qualquer forma de 
opressão. Esse autor afirma que a exploração sexual não se confunde 
com qualquer forma de violência sexual ou com a mera satisfação 
sexual. No mesmo sentido Luiz Flavio Gomes entende que a 
exploração sexual tem a conotação negativa de aproveitamento ou 
fruição de uma debilidade. 
Renato Fabbrini afirma que o termo exploração sexual comporta 
diferentes acepções no contexto legal, como tirar proveito, beneficiar-
se, extrair lucro de uma situação ou de alguém. Para esse autor o fim 
econômico não é exigido pelo legislador o podendo o proveito ser 
natureza sexual por exemplo. (Rodrigues, apud Nucci, Gomes, Fabrini 
2013, p. 51) 
A grande realidade é que hoje em dia vários países sofrem com a exploração sexual, 
no geral são meninas e mulheres, que são colocadas neste mercado do sexo por meio 
de uma rede organizada de exploradores, com os seus aliciadores trabalhando em 
comunidades, na maioria das vezes lugares mais necessitados e com pouca 
qualidade de vida, para que assim, fique mais fácil o convencimento da vítima. 
36 
 
 ‘’Inexiste exploração sexual sem violência, ameaça ou qualquer 
espécie de emprego de fraude para dobrar a resistência de alguém à 
prática do sexo. (Nucci, 2013, p. 91)’’ 
No entanto, há discussões acerca da exploração sexual em relação à prostituição, 
muitos pregam que não há que se falar em exploração sexual, quando a prostituição 
é voluntária, pois estaríamos falando de uma auto exploração. 
Cuidando do tema, Beatriz Gimeno esclarece ser a exploração sexual 
um conceito ambíguo e difícil de definir. ‘’No entanto, as feministas 
antiprostituição insistem em considerar que a atividade da prostituição 
é sempre exploração sexual, mas não se incomodam em argumentar 
a respeito... Então, por que a prostituição será sempre exploração? 
Creio que a consideração de que a prostituição é sempre exploração 
é errônea e que as generalizações maximalistas aplicadas a situações 
tão diferentes como as que podem dar aqui dificultam uma 
aproximação real e crível. (...) Ademais, se nos concentrarmos em 
demasia nas condições de exploração, finalmente no veremos 
obrigadas a aceitar que a regulação poderia melhorar essas mesmas 
condições de exploração. Normalmente, o debate para as feministas 
se concretiza no discutir se a essência da exploração concentra-se 
(Munro, 2008, p.84) no uso instrumental de uma pessoa como meio 
para outro fim, se seguimos a perspectiva kantiana, ou nas 
consequências de que uma pessoa ( o empresário ou o cliente, se 
aceitarmos que existe uma ganância em termos simbólicos: a mais-
valia de gênero) tenha umas ganâncias desproporcionais às custas do 
trabalho da outra. (...) A maioria dos trabalhadores é explorada, mas, 
ao mesmo tempo, tira um benefício dessa exploração, posto que, 
como consequência da mesma a sua situação é melhor antes do que 
depois. Portanto a questão não é se há ou não elementos daninhos 
senão se há unicamente dano ou se tem, sobretudo dano. (Nucci, 
apud, Gimeno 2013, pgs. 91, 92) 
Quando a prostituição é voluntária, sendo o consentimento válido, 
entendemos que fica excluída a exploração. Aqui novamente se afirma 
que não cabe ao Estado intervir na esfera privada da pessoa 
plenamente capaz. Contudo, tratando-se de menor, pessoa 
vulnerável, ou presentes a fraude, coação ou violência, fica 
evidenciada a exploração. (Rodrigues, 2013, p. 53) 
Há ainda alguns doutrinadores que conceituam a exploração sexual como a espécie 
da qual surgem as demais espécies de utilização do sexo de forma comercial, como 
a prostituição, a pornografia, o turismo sexual e também o tráfico de pessoas. 
Não se pode negar a existência de autêntica exploração sexual de 
alguns setores da prostituição, em especial as pessoas prostituidas 
sob controle e fiscalização violenta ou ameaçadora de rufiões. 
O tráfico de pessoas, quando inserido no cenário dos delitos contra a 
dignidade sexual, também se destina basicamente a prostituição, 
restando vazia de conteúdo a expressão outra forma de exploração 
sexual. (Nucci, 2013, p.90,92) 
 
37 
 
 
3.5 - Turismo Sexual 
 
 O turismo é a atividade de lazer, abrangendo, também os variados 
serviços de apoio ao viajante, como hotéis, aluguéis de carros, 
restaurantes, museus etc. O denominado turismo sexual é a viagem 
empreendida por alguém para buscar em outro paradeiro o 
conhecimentos de lugares ou pessoas, que lhe possam satisfazer a 
lascívia. (Nucci, 2013, p. 102) 
O turismo sexual ocorre no mundo já há dezenas de anos, no Brasil, pelo menos nos 
últimos 15 anos o turismo sexual tem se intensificado nas regiões Norte e Nordeste. 
Na realidade o turismo é apenas um meio utilizado para a prática da prostituição. Os 
estrangeiros, destinam-se a outros países querendo satisfazer seus extintos com 
pessoas exóticas, diferente da realidade que conhecem no seu país de origem. 
[..,] o turista sexual busca, em primeiríssimo lugar, prostituição, nos 
lugares onde considera mais fácil, barata e acessível. Em segundo 
plano, pode buscar estabelecimento de diversão adulta, concentrados 
em shows eróticos de toda ordem. 
O turismo sexual em si mesmo não que dizer nada, sendo 
absolutamente incompatível com a designação de uma espécie de 
exploração sexual. Seria o turista um explorador de terceiro, porque 
deixou seu local de residência para conhecer outros lugares, encontrar 
pessoas de nacionalidades e culturas diversas, para fins sexuais. 
Como mencionado, essa viagem de descoberta de novos contatos 
sexuais, por si só, não pode equivaler à exploração sexual. (Nucci,

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