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TRABALHO - MACKENZIE - Principio Da Duracao Razoavel do Processo

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Universidade Presbiteriana Mackenzie
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO
PÓS-GRADUAÇÃO
PROCESSO CIVIL 
PROFESSOR – MARCOS STEFANI
ANTONIO CARLOS LUKENCHUKII – 72013605
MICHELE ROCHA DE AZEVEDO - 7216043
Princípio da Razoável Duração do Processo - Desdobramento e Evolução Histórica na esfera Nacional e Internacional - Elevação ao status constitucional de direito fundamental - Positivação na Legislação Infraconstitucional - Princípio da Razoabilidade e outros relacionados - Reformas e Providências para a efetivação do princípio em análise -Consequências pelo seu Descumprimento - Conclusões-Referências Bibliograficas
 
		O presente trabalho tem a finalidade de realizar uma breve exposição de determinados aspectos relacionados ao Princípio da Duração Razoável do Processo, sobretudo, seu conceito, vinculação com o princípio da Razoabilidade, assim como outros princípios correlatos; demonstrando, ainda que de forma bastante sucinta, o seu desenvolvimento histórico, suas implicações e consequências pelo descumprimento das partes e do Estado. 
 		Para tanto, em princípio, revela-se importante considerar que, embora não se trate de um tema contemporâneo, o Código de Processo Civil de 2015, reforçando os contornos desenhados pelo conceito da razoável duração do processo, enalteceu a importância da resolução de mérito e da busca por uma resposta satisfativa e, no acervo das suas normas processuais, ressaltou a intensão legislativa de explicar de forma clara que, atualmente, a entrega da prestação de jurisdicional, ou seja, a resposta ao jurisdicionado deve ser tempestiva, célere e eficaz. 
 		Seguindo essa perspectiva, não se mostra demais relembrar da ressalva realizada por Rui Barbosa em 1.921 - “A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta”.1
 
 		Não há como afirmar, no entanto, que a busca desenfreada pela celeridade processual com a imposição de prazos mais acentuados e genéricos, seria suficiente para trazer a eficiência à prestação jurisdicional, notadamente diante da diversidade de casos postos ao desenlace, cada qual com as suas características e complexidades.
 		De qualquer forma, para melhor entender o que poderia ser considerado razoável, levando-se em conta a importância e os desafios que giram em torno do assunto, o presente estudo pretende fazer uma abordagem, como já mencionado, do seu conceito, dos princípios correlatos e da construção normativa, seja na esfera nacional, como também na internacional, seguida ainda da análise das principais consequências geradas pelo descumprimento ao princípio em estudo, tanto das partes como também do Estado, apontando, inclusive, o despreparo e as falhas estruturais existentes no Poder Judiciário que impedem a tão almejada celeridade na marcha processual. 
Evolução Histórica e o Desdobramento Legislativo
 		A duração do processo há muito desafia os estudiosos do direito, assim como o sistema normativo. Prova disso assentam-se nos decretos criados pelo Henrique II, em 1.116, na Inglaterra, que, historicamente, ficou conhecido por o Assize of Clarendon. Pois bem, dentre as diversas normas criadas, na ocasião, destaca-se, aquela contida no artigo 4º, cujo teor determinava a realização da comunicação, pelos xerifes, aos juízes mais próximos do local onde o preso fora detido para fazer o julgamento, caso esse último não fosse realizado, tempestivamente, pelo juiz do local.
 		Devido a evidente pressão que o Rei João, da Inglaterra, sofria à época, foi assinada, em 1.215, a Magna Charta Libertatum, que, além de ser reconhecida como um dos primeiros instrumentos de limitação do Estado e da preservação dos Direitos Humanos Fundamentais, positivou também o Princípio do Devido Processo Legal, condenando, de forma expressa, a lentidão processual em seu artigo 40: “A ninguém venderemos, a ninguém recusaremos ou atrasaremos, direito ou justiça.”2
 		A duração do processo também foi tratada na Declaração da Virgínia de 1.776, em seu artigo 10º, cujo teor pede vênia para transcrever: 
Artigo 10° - Em todos os processos pôr crimes capitais ou outros, todo indivíduo tem o direito de indagar da causa e da natureza da acusação que lhe é intentada, tem de ser acareado com os seus acusadores e com as testemunhas; de apresentar ou requerer a apresentação de testemunhas e de tudo que for a seu favor, de exigir processo rápido pôr um júri imparcial e de sua circunvizinhança, sem o consentimento unânime do qual ele não poderá ser declarado culpado. Não pode ser forçado a produzir provas contra si próprio; 3 e nenhum indivíduo pode ser privado de sua liberdade, a não ser pôr um julgamento dos seus pares, em virtude da lei do país.3
 		Não bastassem as Cartas e Declarações acima mencionadas, a preocupação quanto à duração dos processos foi refletida em diversos outros tratados e convenções internacionais. Acredita-se que a Convenção Europeia dos Direitos Humanos de 1950 nos art. 5º, §3º, e 6º, §1º, foi uma das primeiras a abordar a respeito do direito da pessoa ser julgada em um prazo considerado razoável:
Art. 5º, § 3º - Qualquer pessoa presa ou detida nas condições previstas no parágrafo 1, alínea c), do presente artigo deve ser apresentada imediatamente a um juiz ou outro magistrado habilitado pela lei para exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada num prazo razoável, ou posta em liberdade durante o processo. A colocação em liberdade pode estar condicionada a uma garantia que assegure a comparência do interessado em juízo.
Art. 6º, § 1º - Qualquer pessoa tem direito a que a sua causa seja examinada, equitativa e publicamente, num prazo razoável por um tribunal independente e imparcial, estabelecido pela lei, o qual decidirá, quer sobre a determinação dos seus direitos e obrigações de carácter civil, quer sobre o fundamento de qualquer acusação em matéria penal dirigida contra ela. O julgamento deve ser público, mas o acesso à sala de audiências pode ser proibido à imprensa ou ao público durante a totalidade ou parte do processo, quando a bem da moralidade, da ordem pública ou da segurança nacional numa sociedade democrática, quando os interesses de menores ou a protecção da vida privada das partes no processo o exigirem, ou, na medida julgada estritamente necessária pelo tribunal, quando, em circunstâncias especiais, a publicidade pudesse ser prejudicial para os interesses da justiça.
 		Com o mesmo propósito e ancorada na Assembleia Geral das Nações Unidas, nasceu em 1.966, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (ratificada no Brasil pelo Decreto 592/92) que, nos artigos 9º e 14º, assegura ao acusado pela prática de um crime o direito ser julgado em tempo razoável.
Artigo 9º - 3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário for, para a execução da sentença.
Artigo 14º - c) De ser julgado sem dilações indevidas;
 		A Convenção Americana Sobre os Direitos do Homem, de 1969, conhecida como Pacto de São José da Costa Rica -ratificada pelo Brasil no Decreto 678/92-, prevê no seu art. 8º, item 1, o prazo razoável do processo como garantia fundamental.
Art. 8º - 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
 		Por certo há outros exemplos de convenções e/ou cartas que foram criadas trazendo de maneira expressa a preocupaçãocom a duração razoável do processo, no entanto, impossível citar todas elas. Para finalizar as indicações, no entanto, não há como deixar de indicar a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia, proclamada em 2000, que, em seu art. 47, dispõe que: 
“...Toda a pessoa tem direito a que a sua causa seja julgada de forma equitativa, publicamente e num prazo razoável, por um tribunal independente e imparcial, previamente estabelecido por lei...” 
 		Por fim, pondera-se que a garantia à duração razoável do processo vem sendo, reiteradamente, adicionada aos textos legislativos em diversos países. Trata-se da busca pela resposta jurisdicional tempestiva e eficaz.
 		A legislação Pátria, embora com certo atraso, considerando o histórico internacional acima apresentado, passou a tratar e/ou positivar a preocupação com a demora na entrega jurisdicional na Constituição de 1934, no capítulo destinado aos Direitos e Garantias Individuais, mais precisamente no artigo 113, item 35: 
“A lei assegurará o rápido andamento dos processos nas repartições públicas, a comunicação aos interessados dos despachos proferidos, assim como das informações a que estes se refiram, e a expedição das certidões requeridas para a defesa de direitos individuais, ou para esclarecimento dos cidadãos acerca dos negócios públicos, ressalvados, quanto às últimas, os casos em que o interesse público imponha segredo, ou reserva.” 
 		Embora o texto constitucional tenha tratado dos processos administrativos, a doutrina entendeu, na época, que a celeridade também deveria ser estendida aos processos judiciais.
 		Inobstante o tema já tivesse merecido o devido destaque em outros vários países, a Constituição Federal de 1988, originalmente, não trouxe em seu acervo de artigos menção expressa à duração processual, deixando, assim, a cargo da jurisprudência e da doutrina, construir os seus entendimentos nos conceitos implícitos contidos nos incisos LIV e XXXV do artigo 5º do Texto Constitucional, que, respectivamente, tratam dos Princípios do Devido Processo Legal e da Inafastabilidade da Jurisdição. 
 		Foi s.m.j. o Decreto 678/92 promulgado com a finalidade de ratificar o Pacto de São José da Costa Rica, que incentivou os movimentos para a positivação da razoável duração do processo, eis que, como já mencionado acima, em tal pacto foi consagrado o direito a um processo justo com inúmeras garantias, dentre as quais a de um julgamento em tempo razoável.
 		Por força dessa motivação e/ou movimento, em 2004, com a introdução da EC 45/2004, que a razoável duração do processo foi, expressamente, incluída como direito fundamental, no inciso LXXVII do artigo 5º.
“Art 5º, LXXVIII, CF – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”
 		Com efeito, a ratificação do Pacto de Costa Rica e a elevação do princípio ao status constitucional, não se mostraram suficientes para aplicabilidade efetiva do princípio em estudo, nascendo daí a necessidade do tema ser tratado com mais rigor pela legislação infraconstitucional, providência consolidada em 2015 com a vinda do Código de Processo Civil que, em seus artigos 4º e 139, II, abordou, com mais clareza e objetividade o princípio quando previu, respectivamente, o direito das partes de obter a solução integral do mérito em prazo razoável e o dever do magistrado em velar pela duração razoável do processo, inclusive, dos atos executivos (atividade satisfativa).
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
 		Valendo observar que a Legislação Processual em vigência, além de garantir a duração razoável do processo, preocupou-se também em garantir o tempo plausível para a efetivação plena de todos os procedimentos da lide até sua satisfação, garantindo, assim, o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório.
 		Dessa forma, o Código de Processo Civil redesenhou os contornos do Princípio da Duração Razoável do Processo para estabelecer não só a prioridade em resolver as questões de mérito, como também a efetivação da decisão com a inclusão das atividades satisfativas. Assim, o princípio da duração razoável do processo deixou de ser meramente formal para alcançar também a esfera material.
Conceito de Razoabilidade e Suas Vinculações na Duração do Processo
 		Conforme definição estampada nos dicionários clássicos ou até mesmo naqueles mais convencionais, o termo razoável significa: coerente; possível; ponderado e sensato; ou ainda, conforme a razão. Já na esfera jurídica, seu significado finca-se na sintonia e harmonização que deveria e deve estar presente na relação das normas gerais com as peculiaridades de cada caso concreto, revelando, assim, sob qual perspectiva a norma deve ser aplicada considerando a singularidade do caso específico.
 		A complexidade aliada à singularidade de cada caso denuncia ser inviável e até mesmo contrário à essência do direito, criar e fixar tabelas com prazos genéricos para solução de processos na tentativa de alcançar o tempo razoável para entrega da prestação jurisdicional. Doutro bordo, deixar de fixar limites temporais para a resposta judicial, por certo, desaguaria na permissão de uma margem ampla para a existência de processos intermináveis, cuja decisão não teria mais a efetividade esperada pelo jurisdicionado. 
		A demora sem limites para responder e por fim ao litígio importa em flagrante arbitrariedade diante da exclusividade que o Poder Judiciário detém para dizer o direito. Em outras palavras, não se mostra coerente e tampouco justo atrair a atribuição de solucionar as celeumas de seus jurisdicionados, mas, no entanto, omitir-se, deixando de entregar resposta tempestiva e eficaz.
 		Não há como deixar de considerar que o processo nada mais é do que uma sequência de procedimentos ordenados e organizados na busca de uma solução embasada em normas pré-estabelecidas. 
 		São esses procedimentos que determinam a marcha processual e garante não só a clareza e objetividade dos atos, como também as garantias inerentes ao diálogo entre as partes, a exemplo do contraditório e da ampla defesa que, por sua vez, permitem ao Juiz aproximar-se dos fatos, reunir provas e construir o convencimento acerca da melhor solução da lide.
 		O tempo destinado para a entrega da prestação jurisdicional, portanto, deve ser suficiente para permitir a análise técnica e coerente do litígio de modo a conduzir a uma decisão eficaz. Assim, mostra-se evidente que o lapso temporal exigido durante a tramitação processual dependerá da natureza dos procedimentos e da complexidade do caso concreto.
 		Ainda assim, ou seja, mesmo considerando a complexidade do caso posto, o Poder Jurisdicional, como titular exclusivo da jurisdição, além de assegurar a tutela jurídica garantindo o direito de ação, deve também viabilizar e garantir a resposta com qualidade, efetividade e, sobretudo, dentro de um prazo razoável. Noutras palavras, o Estado, enquanto Jurisdição, deve garantir o devido processo legal, contraditório, a ampla defesa e notadamente, a efetividade da entrega da prestação num período razoável, garantindo, assim, a eficácia e efetividade da resposta.
 		A respeitabilidade e confiabilidade no Poder Judiciário estão ligadas a uma resposta rápida e eficaz nas lides ajuizadas. Nesse sentido, Humberto Theodoro Júnior ensina: "A primeira grande conquista do Estado Democrático é justamente a de oferecer a todos uma justiça confiável, independente, imparcial e dotada de meios que a faça respeitada e acatada pela sociedade"[3].
 		O mesmo autor, adiante acrescenta: "O processo, instrumento de atuação de uma das principais garantias constitucionais - a tutela jurisdicional -, teve de ser repensado. É claro que, nos tempos atuais, não basta mais ao processualistadominar os conceitos e categoriais básicos do direito processual, como a ação, o processo e a jurisdição, em seu estado de inércia. O processo tem, sobretudo, função política no Estado Social de Direito. Deve ser, destarte, organizado, entendido e aplicado como instrumento de efetivação de uma garantia constitucional, assegurando a todos o pleno acesso à tutela jurisdicional, que há de se manifestar sempre como atributo de uma tutela justa"[4].
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6129/A-duracao-razoavel-no-processo
 		Ao abordar a questão da efetividade, Luiz Rodrigues Wambier, pondera: "vale dizer que o direito ao processo significa direito a um processo cujo resultado seja útil em relação à realidade dos fatos. Não se trata, é claro, de um processo fantasioso, que não desemboque numa efetiva prestação do serviço tutelar jurisdicional. O processo sem efetividade desrespeita o princípio do due processo of law" [7].
 		Dessa forma, inadequado seria criar um conceito único para atender a todas as possibilidades temporais extraídas da tramitação processual. Por essa razão que, por opção Legislativa, foi adotado um conceito jurídico indeterminado, permitindo ao operador do direito aplica-lo ao caso concreto considerando a percepção do seu conteúdo e da sua extensão levando-se em conta as especificidades e complexidades de cada caso.
Princípios Constitucionais Relacionados
 		Antes de apontar e tratar dos princípos constitucionais que mantém relação com aquele objeto do presente estudo, não se mostra por demais realçar, ainda que em poucas linhas, a importância da utilização dos mesmos (princípios) para o operador do direito. Para tanto, não há como deixar de mencionar a citação do prof. Vicente Ráo que, na década de 50, já afirmava que a não observância dos princípios “quando não induz a erro, leva à criação de rábulas em lugar de juristas”[1]. 
 		Seguindo essa esteira de pensamento, ressalte-se que, embora seja para o operador do direito importante o conhecimento dos princípios/normas, o mero conhecimento deles, por si só, não se mostra suficiente. É essencial saber a motivação de sua utilização; ou seja, qual é a sua função no universo jurídico para então emprestar ao jurista uma direção mais adequada para a sua respectiva aplicação ao caso concreto, sobretudo, diante da sua reconhecida natureza de normas jurídicas.
		Embora estejam ao lado das regras legais, essas últimas exercem papel diverso dos princípios dentro do sistema normativo. Em outras palavras, enquanto as regras legais descrevem fatos hipotéticos, com inegável função de regular direta ou indiretamente as relações jurídicas que se amoldam nas figuras típicas por elas (leis) descritas, os princípios agem de forma genérica dentro do sistema e tem aplicação multifuncional, a exemplo da função, fundamentadora, da orientadora e da interpretativa, como fonte sudsidiária.
 		A despeito dessas 03 (três) funções básicas, pode-se elencar outras, como aquela destinada a qualificar juridicamente a própria realidade a que se referem, indicando qual a posição que os agentes jurídicos devem tomar em relação a ela (realidade); e, tratando-se de princípio inserido na Constituição, a de revogar as normas anteriores e invalidar as posteriores que lhes sejam incompatíveis. 
 		É justamente por essas razões que os princípios têm eficácia positiva e negativa. A eficácia positiva consubstancia-se na inspiração, na luz hermenêutica e normativa lançadas no ato de aplicar o Direito. Já a eficácia negativa apresenta-se como mecanismo para tornar inválidas decisões, regras, ou mesmo, subprincípios que se contraponham aos princípios, por contraste normativo.
 		Não bastasse, ainda serve o princípio como limite de atuação do jurista. Em outras palavras, da mesma forma que funciona como vetor de interpretação, tem ele a função de limitar os anseios subjetivos do operador do direito. Ou seja, estabelecem bases que servirão como limites para o exercício criativo do jurista, do seu senso do razoável e da sua capacidade de fazer a justiça do caso concreto [6].
 		Seguindo essa esteira de pensamento, pode-se afirmar que os princípios funcionam também como fonte de legitimação da decisão. Noutras palavras, quanto mais o magistrado procura torná-los eficazes, mais legítima será a prestação jurisdicional; doutro bordo, carecerá de legitimidade a entrega, resposta ou decisão que desrespeitar esses princípios constitucionais. Assim, são os princípios as imposições deontológicas que legitimam as decisões, o que conduz o interprete à conclusão de que eles (princípios), podem ser denominados em distintas dimensões, quais sejam: fundamentadora, interpretativa, supletiva, integrativa, diretiva e limitativa (Trabucchi e Bobbio) [7].
 		Por todas essas razões, dentre outras não mencionadas no presente trabalho, é que parte da doutrina considera os princípios como ‘supernormas’. Nesse mesmo diapasão, vale lembrar a definição realizada por Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.”
 		Pois bem, após o breve, mais, no entanto, necessário resumo sobre a importância dos princípios, assim como das suas funções no sistema normativo, pondera-se que, por força das citadas atribuições vinculadas a eles (princípios), pode-se afirmar que alguns princípios constitucionais mantém vinculação bastante próxima com o Princípio da Razoável Duração do Processo, a exemplo do Devido Processo Legal, da Segurança Jurídica, da Legalidade, da Eficiência, dentre outros. No entanto, o princípio considerado núcleo essencial é o Princípio da Razoabilidade que, por sua vez, traz como contraponto à celeridade da tramitação do processo, a prudência na prestação jurisdicional que, por sua vez, garantirá a qualidade e efetividade que de ordinário se espera da resposta judicial, com a manutenção de todas as garantias legais e constitucionalmente previstas na condução do processo, desde a propositura da ação até a satisfação.
 		De acordo com Humberto Ávila:1
"a razoabilidade estrutura a aplicação de outras normas, princípios e regras, notadamente das regras. A razoabilidade é usada com vários sentidos. Fala-se em razoabilidade de uma alegação, razoabilidade de uma interpretação, razoabilidade de uma restrição, razoabilidade do fim legal, razoabilidade da função legislativa."
 		Assim, para que o tempo necessário para a condução do processo seja melhor compreendido e, sobretudo, aplicado de forma prudente, o princípio da razoabilidade deve ser utilizado como diretriz norteadora, pois só assim, que o ideal de efetividade, de eficácia e, notadamente, de justiça na entrega da resposta judicial seja alcançado. Nesse sentido já caminhava a doutrina processualista, de acordo com as lições de Moacyr Amaral Santos: 
"o interesse público é o de que as demandas terminem o mais rapidamente possível, mas que também sejam suficientemente instruídas para que sejam decididas com acerto"[12].
 		Não bastassem os princípios já mencionados, não há como deixar de considerar também que para a manutenção da razoável duração do processo, outros princípios devem ser igualmente considerados, a saber; o da boa-fé, sempre presente não só na esfera material, como também na processual; princípio que, com a devida vênia, dispensa maiores elucubrações, como também o da cooperação que também foi positivado na legislação processual civil, no artigo 6º do CPC: “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.” 
 		Nesse passo, vale observar a lição de Humberto Teodoro Junior (2017, p. 65); “incumbe a todos os sujeitos do processo diligenciar no sentido de promover o prosseguimento mais ágil possível para ofeito na medida de suas atribuições, evitando diligências inúteis ou meramente protelatórias, simplificando o curso do processo dentro dos parâmetros legais e buscando repelir condutas temerárias e embaraçosas.” 
 		Grande parte da doutrina vem entendo ser o princípio da cooperação relevante para minimizar a duração do processo, eis que se consubstancia na cooperação de ambas as partes com o julgador, de modo a impulsionarem o processo sempre que possível, não deixando de medir esforços na busca da resolução do conflito.
 		Revela-se de suma imiportência salientar que, conforme Gonçalves (2018, p. 91), o princípio não busca que as partes concordem ou ajudem uma à outra, mas sim que colaborem para que o processo seja resolvido da melhor forma possível. Para tanto, ensina que: 
“O princípio da cooperação exige do magistrado que observe: a) o dever de esclarecer as partes sobre eventuais dúvidas a respeito de suas determinações, bem como b) o de consulta-las a respeito de dúvidas com relação às alegações formuladas e às diligências solicitadas, e de c) preveni-las quanto a eventuais deficiências ou insuficiências de suas manifestações.” 
 		Pode-se afirmar, portanto, que a cooperação compreende no esforço necessário das partes envolvidas no processo para evitar vícios processuais e condutas inadequadas que possam postergar, injustificadamente, a marcha processual e, assim, comprometer a efetividade da tutela jurisdicional. 
 		O princípio da cooperação, no entnato, deve ser aplicado com limites na natureza da atuação de cada uma das partes. 
Reformas e Criação de Incidentes na Busca pela Duração Razoável do Processo
 		Firme no propósito de tornar efetivo o princípio objeto do presente trabalho, o Legislativo, assim como o Judiciário vêm se esforçando na criação de incidentes para emprestar melhor agilidade às demandas, a exemplo do IRDR (incidente de resolução de demandas repetitivas) que, por sua vez, tem como finalidade harmonizar os entendimentos através de precedentes a serem utilizados em ações futuras como norteadores das decisões. Trata-se de incidente que, num primeiro momento, pode gerar um retardamento em razão da necessidade de suspensão dos feitos em andamento até a decisão final; mas, no entanto, num futuro não muito distante, as decisões uniformizadas serão utilizadas como preciosas ferramentas para por fim, de forma bastante eficaz e ágil, as demandas repetitivas. O mesmo ocorreu com a criação do julgamento dos recursos repetitivos que, por sua vez, recebeu guarida nos artigos 1.036 e seguintes do CPC de 2015. 
 		Esse expediente, além de proporcionar a uniformização dos entendimentos de nossas Cortes, tem a finalidade de otimizar a duração dos processos envolvendo questões de direito idênticas. 
 		Não fossem suficientes os exemplos acima indicados, vale observar também as reformas processuais verificadas ao longo do tempo para reduzir o tempo de duração dos processos. Dentre as diversas reformas, pode-se citar a edição das Leis n. 10.352 e 10.358, de 2001, e 10.444, de 2002. Dentre elas, destaca-se a edição da Lei n, 10.352/2001, que, por sua vez, promoveu alterações consideráveis nos recursos, tornando mais simples, rápida e eficiente a resposta do Judiciário, sem se esbarrar na segurança e justiça da decisão a ser prolatada.
 		O agravo de instrumento, por exemplo, com a publicação da lei em questão, teve as hipóteses de cabimento achatadas.
 		Não há como deixar de comentar também a otimização das instâncias, possibilitando ao juiz conhecer do mérito da demanda nos casos de reforma da decisão que no juízo a quo extinguiu o processo sem o exame do mérito, nos termos do § 3º do art. 515 do Código de Processo Civil, dispositivo esse acrescentado pela reforma.
 		Num breve resumo, inúmeras foram as reformas criadas para, dentre outras providências, minimizar e otimizar a duração do processo, considerando a sua característica aliada ao seu grau de complexidade.
	Decisões jurisprudenciais no tocante ao princípio duração razoável do processo
A razoável duração do processo é invocada em vários contextos com fundamentos diversos em diferentes áreas do direito, em especial decisões penais, administrativas, trabalhistas e também cíveis. Os Tribunais vêm firmando entendimentos importantes no sentido do respeito a esta garantia constitucional. Uma delas visando a celeridade processual e duração razoável do processo ao pacificar que em sede de mandado de segurança é viável a desistência da lide mesmo depois da sentença de mérito: 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO. MANDADO DE SEGURANÇA. DESISTÊNCIA APÓS PROLAÇÃO DA SENTENÇA DE MÉRITO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO. 1. É assente o entendimento de que em sede de mandado de segurança é possível a desistência da lide mesmo após a prolação da sentença de mérito. Precedentes do STJ e STF. 2. A não observância do princípio da razoável duração do processo não exclui da parte impetrante o imperativo de promover o impulsionamento do feito a fim de resguardar seus direitos. 2. Agravo interno não provido.
(TRF-3 - ApelRemNec: 00520825619994036100 SP, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA, Data de Julgamento: 07/03/2019, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:29/03/2019)
Outrora, há decisões acerca de haver uma necessidade de implementação de ferramentas que visem essa garantia constitucional e assim possam objetivamente ultrapassar deficiências processuais que não geram prejuízo efetivo à solução da causa:
PROCESSUAL CIVIL. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA PÚBLICA POR MEIO ELETRÔNICO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. 1. Constata-se que, não se configura a ofensa ao art. 1.022 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, em conformidade com o que lhe foi apresentado. 2. Quanto à alegada infringência ao disposto no art. 183, § 1º, do CPC/2015, o entendimento sobre a prerrogativa de intimação pessoal da Fazenda Pública Estadual é protegido pela atual legislação processual, a qual conferiu, expressamente, o direito a todas as unidades federativas e entes públicos. No entanto, o Novo Código de Processo Civil prevê ser possível a intimação pessoal por meio eletrônico baseando-se no princípio da duração razoável do processo afim de acelerar a tramitação. Precedente: AgInt no AREsp 1.001.265/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 16/10/2017. 3. Recurso Especial não provido.
(STJ - REsp: 1803979 SP 2019/0024327-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 17/09/2019, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 11/10/2019)
Há também discussões a cerca do princípio da razoável duração do processo como fundamento importante de temas julgados em recursos especiais repetitivos, uma vez que o Supremo Tribunal de Justiça promove uma uniformidade de entendimento do fundamento, em que as instâncias ordinárias devem seguir tais entendimentos, assim como as súmulas vinculantes em que visam garantir a tempestividade jurisdicional e a duração razoável do processo ao buscar padronizar decisões e a partir disso, garantindo a segurança jurídica ao dar previsibilidade a estas decisões judiciais. 
Por sua vez, a decisão de afetação do recurso especial do sistema de recursos repetitivos suspende o processamento de processos que se encontram pendentes, sendo eles coletivos ou individuais, que abordem no tocante a esta discussão no território nacional conforme Artigo 1.037 inciso III CPC. Assim, o lapso temporal tardio ao julgar estes recursos repetitivos pode prejudicar a aplicabilidade da razoável duração do processo, em que o legislador procurou contrapor ao estabelecer o Artigo 1.037 § 4º, CPC/15, em que determina que tais situações sejam preferenciais e as mesmas sejam julgados pela Corte num período de 12 meses. 
O STF, em relação a essa matéria, modificou o posicionamento anterior de 2001 em relação a revisão de teses repetitivas ligadas ao tema dataxa de juros compensatórios em ações de desapropriação com a ADin 2.332 Passados quase 17 anos desde 2001, o STF modificou seu posicionamento anterior, em maio de 2018, ao julgar o mérito da ADIn  2.332. Isso provocou a necessidade de se afetar um novo caso (QO no REsp 1.328.993) no âmbito do STJ, em agosto de 2018, para realizar a revisão das teses repetitivas e das súmulas que se encontravam em conformidade com o antigo posicionamento, o que decorreu na suspensão de todos os processos que tratem do tema em todo o território nacional. Portanto, esta demora no julgamento definitivo, pelo STJ, deste processo afetado para revisão das teses repetitivas pode acarretar repercussão negativa ao cumprimento da garantia da razoável duração do processo:
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA QUESTÃO DE ORDEM. REVISÃO DE TESE REPETITIVA. SOBRESTAMENTO. EXTENSÃO. DESAPROPRIAÇÃO. REFORMA AGRÁRIA. JUROS COMPENSATÓRIOS. FALTA DE INSURGÊNCIA QUANTO AO CAPÍTULO CORRESPONDENTE DA SENTENÇA. LEI N. 13.465/2017. EXCLUSÃO DA SUSPENSÃO. ALTERAÇÃO DO MOMENTO DE SUSPENSÃO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DO ESCOPO DE SOBRESTAMENTO. RESTRIÇÃO AO CAPÍTULO DAS TESES AFETADAS. POSSIBILIDADE DE DECISÃO PARCIAL DE MÉRITO E CORRESPONDENTE SEGUIMENTO DO PROCESSO. ENUNCIADO 126 DA II JORNADA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL/CJF. EMBARGOS ACOLHIDOS, EM PARTE. 1. Na hipótese de inexistir insurgência quanto ao capítulo da sentença relativa aos juros compensatórios, ou de não ser aplicável o reexame necessário, não há que se falar em sobrestamento do feito. 2. A Lei n. 13.465/2017 afastou a incidência do art. 15-A do Decreto-Lei n. 3.365/1941 no tocante às desapropriações para reforma agrária, sendo inaplicáveis as teses repetitivas sujeitas à revisão dos processos em que a imissão na posse tenha ocorrido a partir de sua vigência. Por conseguinte, tais casos não devem ser abrangidos pela suspensão. 3. Quanto ao pleito para que a suspensão ocorra somente após a interposição do recurso especial, os aclaratórios não prosperam, seja porque é inexistente qualquer vício de fundamentação nesse ponto, seja porque tal providência destoa da lógica atribuída ao regime de precedentes judiciais estabelecido no CPC/2015. Da mesma forma, não há que se falar em risco de sobrestamento do feito por ocasião do indeferimento da imissão provisória na posse do imóvel, porquanto, em tal etapa, não há debate sobre o índice de juros compensatórios aplicável. 4. Nos termos do Enunciado 126 da II Jornada de Direito Processual Civil/CJF, "o juiz pode resolver parcialmente o mérito, em relação à matéria não afetada para julgamento, nos processos suspensos em razão de recursos repetitivos, repercussão geral, incidente de resolução de demandas repetitivas ou incidente de assunção de competência". Assim, Documento: 1844636 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 1 de 4 Superior Tribunal de Justiça deverá o juiz deixar de proferir decisão sobre as teses afetadas, sobrestando o processo quanto aos capítulos relacionados, sem prejuízo de decisão e seguimento do feito no que diga respeito às demais questões. A homologação de acordo entre as partes excluindo a questão das matérias controvertidas também afastará o sobrestamento. 5. Embargos de declaração acolhidos em parte, para esclarecer que não estão compreendidos na ordem de sobrestamento: i) os feitos expropriatórios em que não haja recurso quanto aos juros compensatórios ou não estejam sujeitos a reexame necessário e, em nome da segurança jurídica, os feitos já transitados em julgado até a data da publicação do acórdão paradigma; ii) as desapropriações para reforma agrária cuja imissão na posse tenha ocorrido após a vigência da Lei n. 13.465/2017; e iii) as questões controvertidas alheias ao debate dos juros compensatórios, nos termos do Enunciado n. 126 da II Jornada de Direito Processual Civil/CJF.
Descumprimento ao Princípio e Suas Consequências
 		Evidentemente que a aplicação do princípio em estudo é impositiva e, por essa razão, a Parte que, dolosamente, não cooperar para minimizar o tempo da marcha processual, deverá ser responsabilizada pelos seus atos, sejam eles comissivos ou omissivos.
 		Aliás, em se tratando da procrastinação dolosa ou culposa dos atos processuais, todos os envolvidos podem ser responsabilizados, sobretudo, o Estado que, enquanto Poder Jurisdição, detém, como já dito, a exclusividade para dizer o direito e, por essa razão, tem o dever de prover as condições necessárias para dar efetividade às questões sub judice. A omissão em disponibilizar condições suficientes para viabilizar a eficiente tramitação processual, notadamente diante das altas taxas judiciais recolhidas para tal finalidade, ou seja, para custear melhores condições estruturais, faz desaguar em patente descumprimento ao princípio em análise, pois sem condições humanas (servidores aptos) e físicas (equipamentos, estrutura apropriadas e ambientes salubre), a atividade jurisdicional será, negativamente, afetada, implicando, assim, no atraso na condução dos processos. Essa omissão, por se amoldar ao disposto no artigo 37, § 6ª da CF, implicará na imputação da responsabilidade com a possível condenação de indenização.
 		Em se tratando do funcionamento precário do serviço público, Cavalieri Filho, ensina[2]:
“O serviço judiciário defeituoso, mal organizado, sem os instrumentos materiais e humanos adequados, pode, igualmente, tornar inútil a prestação jurisdicional e acarretar graves prejuízos aos jurisdicionados pela excessiva morosidade na tramitação do processo. Os bens das partes se deterioram, o devedor desparece, o patrimônio do litigante se esvai, etc”
 		Pondera-se que o serviço precário prestado pelo Estado não afeta apenas o Princípio da Razoável duração o processo, como também as garantias do acesso à justiça, logo, deve ser ele responsabilizado, indenizando a parte que suportou as consequências.
 		A despeito da possibilidade de responsabilizar o Estado, revela-se importante observar a responsabilidade do Magistrado que, sem justificativa, promove o retardamento dos atos processuais. Sobre a responsabilidade do Juiz, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Lei Complementar 35/79) já fazia a menção dela no art. 49, II, que, por sua vez, trata da responsabilidade do juiz pelas perdas e danos, caso ele viesse a postergar, sem justo motivo, os atos processuais que deveria conhecer de ofício ou até mesmo aqueles requerido pelas partes. 
 		Os incisos contidos no art. 143 do CPC de 2015, tratou a responsabilidade do Juiz de forma mais específica, deixando clara a intensão do Legislador em atribuir a responsabilidade pessoal aquele (juiz) que, por dolo ou fraude, omissão ou desídia, injustificada, deixar de agir de ofício ou a requerimento da parte. A apuração da responsabilidade no caso da desídia, recusa ou omissão, no entanto, somente terá cabimento após ter findado o prazo de 10 dias a contar do requerimento da parte. 
 		Por fim, as partes (autor, réu ou até mesmo terceiros intervenientes) que não observarem a boa-fé, assim como os deveres de cooperação e lealdade, nos termos dos artigos. 5º c.c. 77 do CPC e, na contramão da boa-fé, promoverem atos manifestamente protelatórios como; postergar indevidamente o andamento do processo, suscitar incidentes infundados, interpor recursos sem fundamentação, dentre outras condutas, malferirão o princípio da razoável duração do processo e, assim, poderão ser penalizadas com a aplicação de sanções processuais que, geralmente, consubstanciam-se na aplicação de multas, calculadas considerando o valor da causa ou do proveito econômico pretendido por quem deu causa a violação. Tudo sem prejuízo do ressarcimento das despesas advindas do ato, conforme disposição dos artigos art. 79, 80, IV, art. 80, VII, 81 e 311, I, todos do Código de Processo Civil.
  
Conclusões
 		De todo o arrazoado, pode-se facilmente extrair que a duração razoável do processo, elevada há muito ao status constitucional como direito fundamental e, igualmente,considerado com princípio constitucional, exerce papel impar e, portanto, extremamente importante para assegurar a qualidade da prestação jurisdicional, garantindo, assim, a resposta judicial tempestiva e, por via de consequência, efetiva e eficiente. 
 		A sua aplicação, no entanto, somente torna-se possível se todos os envolvidos no processo participarem com a lealdade e boa-fé que de ordinário se espera. E ainda, observarem a cooperação na prática dos atos processuais, rendendo-se às regras vigentes e princípios norteadores do direito processual.
 		A soma da lealdade, boa-fé aliada à observância das regras pré-estabelecidas, tornará mais fácil o árduo trabalho de conduzir o processo dentro de um lapso temporal adequado, sem, contundo, arranhar as garantias das partes no exercício do contraditório e da ampla defesa, assim haverá a efetivação da dignidade e vontade das partes no processo, sendo essencial doutrinas adequadas a casos concretas e sobretudo jurisprudências que privilegiem um novo paradigma processual para que haja essa efetivação da vontade das partes no processo, não havendo lesão as garantias constitucionais quando respeitados os direitos que estão correlacionados entre si.
 Referências Bibliográficas:
1.) 
 
	PÓS-GRADUAÇÃO – FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL

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