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4 Psicologia Social do Esporte

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DESCRIÇÃO
A construção histórica das práticas esportivas dentro do contexto social e suas manifestações pelo olhar da Psicologia Social e pela
Psicologia do Esporte.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos e a origem das práticas esportivas pelo viés da Psicologia Social do Esporte e como se tornaram um fenômeno
sociocultural na contemporaneidade, contribuindo para um trabalho ético e produtor de possibilidades existenciais humanas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a importância da Psicologia Social no contexto, nas práticas esportivas e no trabalho do profissional de Educação Física
MÓDULO 2
Identificar as estruturas e dinâmicas de grupo como um fenômeno complexo e as possibilidades de intervenção e estruturação
MÓDULO 3
Relacionar as influências sociais e culturais no processo de violência dentro e fora dos esportes
MÓDULO 4
Reconhecer a dinâmica da relação entre mídia e esporte
INTRODUÇÃO
Geralmente, é possível identificar a popularidade de espetáculos esportivos como UFC, NBA, UEFA e Campeonato Brasileiro na mídia – são
os principais campeonatos americanos, europeus e brasileiros de esportes como futebol, basquete e lutas. Contudo, para além dos holofotes,
patrocínios, programas televisivos e dos padrões estéticos que habitam as academias e outros contextos, voltados para performance e
simetria dos corpos, existe um campo muito maior e mais complexo. É preciso dar atenção especial às possibilidades de ação e intervenção
dos diversos profissionais da área esportiva sobre os indivíduos, que utilizam o esporte e suas derivações como "meios" e não "fim"
específico de vitória, rendimento ou fins estéticos.
As práticas esportivas estão alinhadas com o propósito de proporcionar saúde e qualidade de vida, o que, por um lado, é uma verdade
científica validada, possibilitando o manejo e prevenção de doenças crônicas, fatais e transtornos mentais. Porém, para além desta
perspectiva popular dissipada nas academias e esportes midiáticos, outras modalidades ficam ofuscadas por não possuírem o mesmo apelo
e resultados que estas já citadas anteriormente. A reabilitação, inclusão, projetos comunitários, abordagens com foco na terceira idade e
ressocialização através das práticas e contextos esportivos, em sua maioria, ficam em segundo plano e com poucos investimentos devido à
construção desta "verdade universal esportiva", capitalista e reprodutora de corpos adestrados frente a um ideal totalitário.
Diante deste panorama contemporâneo do mundo esportivo, cabe uma análise pelo viés da Psicologia Social do Esporte, possibilitando a
compreensão de como este fenômeno tornou-se um legado cultural e social, baseado no modelo capitalista de produção. Ainda, na
contribuição dos papéis desempenhados pelo profissional de Educação Física e demais outros inseridos nestes contextos.
MÓDULO 1
 Descrever a importância da Psicologia Social no contexto, nas práticas esportivas e no trabalho do profissional de Educação
Física
O HOMEM E O ESPORTE
A análise do cenário contemporâneo sobre a concepção do esporte fomenta a importância de um novo olhar sobre a relação homem, corpo,
esporte, sociedade, capitalismo e cultura, enquanto um fenômeno sociocultural com complexas dimensões e estruturas que o compõe.
Enquanto este fenômeno contemporâneo, consumido e transformado em produto, devido a sua consolidação e poder em todas as esferas da
sociedade, o esporte detém um valor cultural que acaba sendo campo de estudo e atuação das áreas da Psicologia, Antropologia, Sociologia
e outras afins voltadas para fisiologia dos corpos. A Psicologia Social do Esporte estuda e analisa de forma diferenciada as
características, especificidades, subjetividades, individualidades, peculiaridades e precariedades de um indivíduo, grupo,
população ou local onde a prática esportiva é realizada.
Por um lado, temos uma Psicologia do Esporte, voltada mais popularmente para práticas que envolvam a performance de atletas, a fim de
contribuir para o manejo de todas as demandas e fenômenos psicológicos em jogo.
Por outro, temos uma Psicologia Social do Esporte, que aborda o esporte em relação à cultura e à sociedade que o cerca, seus impactos e
influências. Ambas as áreas de conhecimento não são excludentes em si, nem complementares, mas contribuem para perspectivas e
dimensões diferentes, direcionadas a um mesmo objeto de estudo.
A Psicologia Social do Esporte trata-se de uma abordagem integralista que atinge todos os indivíduos inseridos na prática esportiva, não
direcionada apenas aos atletas profissionais, ao aumento da performance ou à conquista de medalhas e repetição dos movimentos, regras e
técnicas específicas de forma mecanicista dos corpos, moldando-os às rígidas possibilidades de atuação.
A Psicologia Social do Esporte está vinculada à democratização das práticas esportivas, adentrando por particularidades existenciais e
reais, que compreendem o praticante do contexto esportivo como um ser humano singular, com limites e modos de expressão corporal
próprios. Inclusive, podem ser aprimorados e desenvolvidos dentro da cultura do esporte, mas, que este não precisa ser encaixado em um
molde tecnicista, visando apenas o aprimoramento do desempenho em busca de títulos e premiações. Sua importância envolve os
impactos nas dimensões simbólicas e subjetivas dentro do contexto social, com possibilidades de produção de novas perspectivas
existenciais.
 
Fonte: Crédito editorial: Tharamust/ Shutterstock.com
Cabe, neste sentido, apresentarmos as outras dimensões que também contemplam o papel da Psicologia do Esporte para além da alta
performance e modalidades competitivas. Em um campo menos conhecido, longe dos holofotes e da grande mídia, temos a Psicologia Social
do Esporte, voltada para os contextos diversos de possibilidades humanas nas práticas esportivas. Reabilitação, qualidade de vida,
inclusão, sociabilização, inclusão de necessidades especiais e projetos comunitários, além de outras dimensões humanas, sociais e culturais,
utilizam as práticas esportivas como um meio, um instrumento de intervenção e desenvolvimento humano e social, e não com um fim
específico de resultados e prêmios. Sendo possível, dentro do campo da Psicologia do Esporte, áreas que colaboram para o aumento de
rendimento e performance, através dos acolhimentos das demandas psicológicas; por outro lado, área de cooperação nas políticas e
manifestações culturais que agregam, através das práticas esportivas, um novo valor ao corpo humano e social.
 
Crédito editorial: Vicente Sargues / Fonte: Shutterstock.com
 SAIBA MAIS
A Psicologia Social do Esporte e a Psicologia do Esporte são duas áreas que contribuem para o trabalho do profissional de Educação Física
sobre a importância da perspectiva de um novo olhar e sobre sua atuação nos contextos esportivos. Não podemos esquecer que, longe de
toda popularidade e prestígio que algumas práticas trazem consigo, esse olhar social e humanizado é um dever científico e moral que deve
promover o desenvolvimento de uma nova percepção e posicionamento sobre as outras dimensões e possibilidades que envolvem o
indivíduo inserido nas práticas esportivas e seu papel social.
Para Rubio (2007), ao buscar somente a performance e a vitória, surge um embate que implica nos valores de nossa sociedade atual, como
produtora de um trabalho alienante, na utilização dos corpos como objetos de intervenção passíveis de manipulação técnica rumo ao
rendimento máximo. Todo este contexto fica apenas contribuindo com os interesses inerentes aos espetáculos esportivos, que envolvem
também a venda de produtos e a imagem dos patrocinadores, corroborando para idealização de uma performance integral do potencial físico
e psicológico dos atletas. Diante desta situação, os profissionais inseridos neste campo de atuação irão se deparar com questões éticas,
profissionais, morais e sociais, pois o esporte e suas práticas detêm valor cultural devido a sua natureza de criação humana.
A PSICOLOGIA SOCIALE A PSICOLOGIA DO ESPORTE
A Psicologia Social do Esporte é uma área que aborda as práticas esportivas em uma dimensão social. De fato, ela apresenta uma outra
perspectiva sobre o fenômeno, que comumente abrange, em larga escala, as dimensões físicas e fisiológicas produzidas pelos corpos de
atletas em sua alta performance, influenciadas pelas características da sociedade moderna e contemporânea, fruto dos valores culturais e
sociais do século XXI. No entanto, como todo produto acadêmico de bases científicas e responsabilidade social, é necessário um recorte na
disciplina para abordarmos aspectos sociais do esporte. Traduzindo-se, assim, em uma outra vertente que não o modelo hegemônico
biologicista popular a que foi transformado, com grandes espetáculos de performances e comercialização pelas grandes mídias. Vamos,
então, abordar a relação indivíduo-corpo-esporte, junto às dimensões sociais e seus impactos socioculturais e políticos na interação com o
meio no qual se configuram.
 
Fonte: Shutterstock.com
Psicologia Social é uma área de saber científico que busca compreender o homem em relação ao seu contexto social. Isso corrobora para o
surgimento e consolidação da Psicologia Social do Esporte, que busca compreender o homem na prática esportiva levando em consideração
as influências desta relação (indivíduo x meio ambiente + social + cultural), na qual o engloba.
Na dimensão mais popularizada do contexto de formação do atleta profissional, a Psicologia do Esporte busca dar suporte às principais
demandas que podem contribuir para o aumento da performance, alinhado aos trabalhos e desenvolvimento da técnica com as contribuições
da biomecânica e fisiologia. Por outro lado, a Psicologia Social engloba o esporte como uma manifestação cultural com dimensões
psicológicas, subjetivas, simbólicas que fazem parte da realidade de um determinado indivíduo ou grupo esportivo. Para Cagigal (1996), o
feito humano é uma dimensão que contempla as práticas esportivas, sendo campo de estudo da Psicologia do Esporte, que deveria se
preocupar com o desenvolvimento humano, por meio das habilidades e potencialidades do sujeito, e não com foco na amplitude do
desempenho.
 
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Este campo originou-se como uma das questões centrais do momento contemporâneo, chamada por Hall (2001) de crise de identidade. Esta
busca compreender o indivíduo por uma nova perspectiva oriunda de influências advindas das transformações sociais do século XX,
fragmentando o indivíduo moderno - que até então era visto como um sujeito unificado. Para Rubio (2019), existe a necessidade de
abordarmos este tema pela construção de novos paradigmas:
SITUAR A PSICOLOGIA DO ESPORTE DENTRO DO CAMPO DA PSICOLOGIA
SOCIAL É, ANTES DE TUDO, ATENTAR PARA O ATLETA DENTRO DO ESPORTE
COMO UM FENÔMENO SOCIAL E RETIRÁ-LO DA CONDIÇÃO DE UM EXECUTOR
DE GESTOS HABILIDOSOS COMO ELE FOI PENSADO AO LONGO DA HISTÓRIA.
(RUBIO, 2019)
Dentro deste contexto, há o enquadramento de características humanas, pessoais e intransferíveis, inatas, aprendidas e desenvolvidas
durante o percurso de vida, em sua interação com a sociedade, configurando-se, segundo Rubio (2019), "em um processo dinâmico de
transformação constante sujeito-meio social". Sendo assim, a Psicologia do Esporte é uma esfera que envolve os aspectos e
fenômenos esportivos e seu modus operandi, a partir do referencial da Psicologia Social, que ganhou representatividade no Brasil nos
anos 1990, aproximando-se como campo de pesquisa e intervenção social.
DIMENSÕES, CONTRIBUIÇÕES E INFLUÊNCIAS SOCIAIS,
CULTURAIS E CAPITAIS: UMA ANÁLISE DA LITERATURA SOBRE
O TEMA
O atleta ou praticante de alguma modalidade esportiva, seja por lazer, diversão, disciplina institucional, profissional ou por saúde, é
complexo e multidimensional. Carrega consigo, por meio de seu corpo, possibilidades, desejos e performances que vão de encontro aos
parâmetros preestabelecidos e normativos, regidos e implementados pelas instituições dominantes de uma sociedade.
 
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Há um consenso na literatura sobre o tema de que as práticas esportivas atuais sofreram influências pela configuração da sociedade e
cultura pós-industrial inglesa do século XIX, que pode ser compreendido como uma manifestação urbana que foi organizada pelo capitalismo,
com impactos na educação, sociedade e cultura, que engloba também estados, povos e classes sociais. Atualmente, o esporte é uma
manifestação global e popular que se transformou em um grande mercado com diversos fatores, influências e jogos de interesse, que possui
um importante impacto e poder sobre as massas.
O ESPORTE CONTEMPORÂNEO SURGIU COMO UMA PRÁTICA ARISTOCRÁTICA,
CUJAS REGRAS REFLETIRAM, AO LONGO DE MUITAS DÉCADAS, OS VALORES
DOS GRUPOS HEGEMÔNICOS QUE DITARAM OS RUMOS DAS INSTITUIÇÕES
ESPORTIVAS EM NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL. OS EFEITOS DESSA
MUDANÇA PODEM SER PERCEBIDOS EM MUITAS DIMENSÕES, TANTO DE
ORDEM OBJETIVA (CONTRATOS DE PATROCÍNIO, SALÁRIOS, AMPLIAÇÃO DO
MERCADO DE TRABALHO DAS VÁRIAS ÁREAS ENVOLVIDAS DIRETA OU
INDIRETAMENTE COM A REALIZAÇÃO DO ESPETÁCULO ESPORTIVO) COMO DE
ORDEM SUBJETIVA (A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO ATLETA, OS EFEITOS
DA EXPOSIÇÃO PÚBLICA DE SEU MUNDO PRIVADO, A VISIBILIDADE EXCESSIVA
E O OSTRACISMO PRECOCE).
(RUBIO, 2020).
Para Lane (1984), toda Psicologia possui um comprometimento social. Adentrando neste contexto, a Psicologia do Esporte, inserida nas
complexidades e dimensões humanas e sociais que competem às práticas esportivas, não se configura apenas como uma vertente voltada
para melhora do rendimento e resultados. Trata-se de uma ciência social do esporte. Neste sentido, abordaremos o esporte como um
fenômeno que foi sendo moldado e desenvolvido, desde sua aurora.
 EXEMPLO
Na Grécia, por exemplo, só podiam participar das Olimpíadas homens livres, nascidos em uma das cidades-estados gregas.
 
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Ao retornarmos para o modelo olímpico do mundo contemporâneo, podemos perceber que muitas coisas mudaram dentro das práticas
esportivas. Contudo, segundo Foucault (2000), este modelo permite-nos uma nova reflexão e olhar sobre o mundo, a cultura, a sociedade, os
saberes científicos, as instituições dominantes e o excesso de disciplinarização. Em suas obras, Michel Foucault (1926-1984) promove uma
reflexão do nosso presente e discorre que toda sociedade possui uma produção de discursos predominantes, selecionados e controlados
pelas instituições de poder e saber dominantes.
 
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Para Guirardelli (1988), Foucault corroborou para compreensão da modernidade por uma "anátomo-política do corpo", que está relacionada à
concepção de disciplina dos corpos como máquinas, sendo adestrados para o desenvolvimento de aptidões e externalização de suas
forças para utilidades de produção e fins econômicos. E, uma "biopolítica da população" que estaria associada ao controle e observância
constantes, como o controle da natalidade, mortalidade e saúde, influenciando as concepções de gestão de vida.
Os estudos de Oliveira (1994) nos permitem compreender a ótica dos esportes atuais mais populares como um produto capitalista. Oliveira
destaca que "a criança que pratica esporte respeita as regras do jogo capitalista", fato que representa a supremacia de um corpo biológico,
que acaba por ser o "saber dominante perpetuado e transpassado acadêmica e profissionalmente, que é o comumente visto em nossa
sociedade". A melhora da aptidão física da população acarreta em um melhor desempenho dos indivíduos no cumprimento dos seus
papéis sociais. Oliveira acrescenta que existe um papel biopsicológico na Educação Física, que vai além do movimento motor, que aborda
também o desenvolvimento psíquico do praticante da atividade física. Desta forma, precisamos focar "numa abordagem sistêmica
fundamentada na utilização dos domínios psicomotor, cognitivo e afetivo", correlacionando as práticas em Educação Física, enquanto
disciplina, com a sociedade,contribuindo para o seu papel e responsabilidade social.
Neste cenário esportivo, competitivo e profissional, há muitos processos burocráticos, regulamentatórios e técnicos agindo sobre a atuação
dos diversos profissionais que atuam no contexto, como os de Educação Física, preparadores, médicos, nutricionistas e outras áreas afins.
No cenário não competitivo, amador, há outras barreiras ou limites para atuação dos profissionais: sociais, culturais, estruturais, higiênicos,
físicos, relacionais e ambientais.
Esta perspectiva mais abrangente e totalitária da visão do indivíduo inserido no contexto esportivo, como uma manifestação cultural e social,
é o produto e o meio de todo o processo. Esta visão recebe influências e incentivos das práticas e condutas sociais já estabelecidas e
vigentes dentro de uma sociedade e mundo globalizado, sendo também influenciadora e agente impactante nos contextos, grupos,
comunidades, países e continentes inseridos.
Veremos a seguir a importância da Psicologia Social do Esporte como uma ciência responsável com a compreensão do indivíduo-
meio social em que vive, ultrapassando os limites apenas da técnica, corpo ou performance, inserindo-se como instrumento transformador
na realidade social e cultural vividas.
O CORPO FÍSICO E SOCIAL NA EDUCAÇÃO FÍSICA
No âmbito social dos fenômenos esportivos, muitos autores contribuíram para os estudo sobre o tema, principalmente no que diz respeito aos
rígidos manuais e regras impostos aos "corpos" dos indivíduos submetidos às práticas esportivas, sejam elas acadêmicas, profissionais ou
pedagógicas com crianças e adolescentes de idade escolar, quando adentradas em uma atmosfera regida por instituições dominantes.
Nos meios acadêmicos, caracteriza-se o discurso reducionista do fenômeno humano como um todo, contribuindo para estereotipia de
cuidar do corpo. Nos processos pedagógicos inseridos nas escolas e aulas de Educação Física, na visão de Gonçalves, (1994), há uma
biologização da Educação Física, que tem como foco a manutenção da saúde corporal, aptidão, habilidades motoras, principalmente, no
contexto esportivo, do qual o autor faz uma crítica aos processos de ensino e treinamento para crianças em idade escolar.
 
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Para Gonçalves, no contexto acadêmico, prevalece o enfoque nos movimentos mecânicos, sem que o aluno compreenda a função daquele
modelo, limitando-se a aprender e reproduzir sem questionar, problematizar, transformar. No que rege às concepções e práticas realizadas
com atletas profissionais, Moreira (1995) permite-nos adentar nesta esfera sobre o corpo do atleta como algo disciplinado em nome da
aptidão, performance e desenvolvimento para que se configure o rendimento desejado, contribuindo para o lema "vencer a qualquer custo".
Assim, transfere-se para o corpo do atleta uma concepção ajustável às condições e demandas esportivas e capitalistas, que,
dependendo do esporte e nível de rendimento, necessita de alterações, submissão e privações para conseguir uma medalha ou subir ao
pódio, mesmo que isto implique sacrifícios irreversíveis a longo prazo.
Para Ludorf (2000), "pensar um corpo é uma tarefa um tanto complexa, dadas às diversas dimensões que podem ser exploradas", sendo o
corpo uma estrutura do homem humano, que, ao mesmo tempo, não se restringe a sua existência em matéria, já que ele é também meio
para relacionar-se, interagir e agir no mundo ao seu redor. Segundo Ludorf, o corpo "é uma construção, obviamente concreta, mas moldável,
conforme os valores e a cultura provenientes da sociedade onde está inserido", contribuindo assim, para uma nova visão além do modelo
biomédico, como algo fragmentado, técnico e racional.
Diante desta perspectiva, é preciso questionar os saberes construídos até então sob a ótica de um "corpo perfeito e saudável, protótipo da
sociedade capitalista contemporânea", abordando-o para além de uma perspectiva de objeto. Trata-se de não praticar o reducionismo
mecanicista sobre os corpos dos atletas e não atletas. Não os fragmentando enquanto uma perspectiva de objeto moldado pelo modelo
biomédico tecnicista, vagamente difundido nos saberes instituídos nos campos acadêmicos e de atuação profissional. Por outro lado,
precisamos considerar não somente os contextos de atletas ou ensinos pedagógicos para crianças de idade escolar.
Temos também, nos séculos XX e XXI, uma consolidação da estética dos corpos desproporcional a qualquer natureza humana singular
existente, transformando-os em simetrias perfeitas e tornando-os, neste contexto, produtos do consumo capital. Cabe, nos campos
manifestados, sob uma perspectiva estética simétrica, entrelaçada ao discurso de saúde e qualidade de vida, amplamente divulgados no
século XXI, ir ao encontro dos processos naturais de corporificação e sobrevivência de nossa espécie, na manifestação das possibilidades e
habilidades naturais e inerentes à estrutura humana.
 
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PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE
As contribuições capitalistas do mundo moderno, após a Revolução Industrial, nos permitem analisar os esportes e práticas esportivas sobre
o poder e domínio da burguesia, que aborda a disciplina das massas que perpetua as regras, deveres e limites dos corpos. O esporte
lança-se em um campo como preparatório para força de trabalho industrial capital, ensinando através de suas práticas os norteadores
capitalistas de rendimento e produtividade.
 
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Agora que você está mais familiarizado com o nosso tema de estudo, poderá compreender as nuances e influências socioculturais que todo
período socio-histórico é capaz de produzir sobre nossos corpos e performances, seja no trabalho, nas escolas, nas fábricas, nos
relacionamentos, nos esportes, na cultura e sociedade.
 
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE É UMA ÁREA QUE ABORDA O INDIVÍDUO INSERIDO DENTRO DO
CONTEXTO DAS PRÁTICAS ESPORTIVAS NA RELAÇÃO (COMO PRODUTO E PRODUTOR) COM A
REALIDADE SOCIAL DA QUAL FAZ PARTE. DIANTE DESTE PANORAMA, O ESPORTISTA, SEJA ELE
AMADOR OU ATLETA PROFISSIONAL DE ALTA PERFORMANCE, ESTÁ SUBMETIDO A UM CAMPO QUE
SOFRE INFLUÊNCIA DE DIVERSAS VARIÁVEIS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS. DIANTE DESTE
CONTEXTO, É INCORRETA A ALTERNATIVA QUE DIZ:
A) A Psicologia Social do Esporte não abordará o indivíduo inserido dentro do contexto profissional e de alta performance. Esta área fica
reservada apenas aos conhecimentos da Psicologia do Esporte, voltada para o rendimento e performance dos atletas.
B) A Psicologia Social do Esporte está inserida dentro de todos os contextos que envolvem práticas esportivas amadoras ou não,
profissionais ou não, de rendimento e alta performance ou não.
C) A Psicologia Social do Esporte aborda a relação indivíduo – meio – esporte – sociedade – cultura – comunidade, sob a ótica de um
continente dominado pela cultura capitalista.
D) A Psicologia Social também abordará questões como desempenho, performance e desenvolvimento corporal, mas sem tratar de seu fim
específico, e sim como uma das possibilidades que configuram e estão inseridas no processo.
E) A Psicologia Social do Esporte é uma área abrangente, sistêmica e totalitária, que não fragmenta o indivíduo ou o contexto que está
inserido, contribuindo para uma compreensão das complexidades e possibilidades de manifestações e existências humanas e seus impactos
na sociedade.
2. A PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE ESTÁ INSERIDA DENTRO DE UMA VISÃO QUE ABORDA AS
PRÁTICAS ESPORTIVAS REPRESENTATIVAS DE UM DETERMINADO PERÍODO SÓCIO-HISTÓRICO NA QUAL
SE CONFIGURAM. POR ISSO, SOFRE COM A CRÍTICA DE DIVERSOS AUTORES QUE ABORDAM O PAPEL DO
PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO UM REPRESENTANTE, INFLUENCIADO PELO SISTEMA
CAPITALISTA BURGUÊS DE PERPETUAÇÃO DO CORPO ENQUANTO MÁQUINA TECNICISTA PARA
REPRODUÇÃO DOS INTERESSES DOMINANTES. DIANTE DESTA PERSPECTIVA QUESTIONADORA,
PONTUADA POR ALGUNS AUTORES SOBRE O TEMA,É POSSÍVEL AFIRMAR QUE O PAPEL DO
PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DENTRO DESTE CONTEXTO NÃO CONTEMPLA:
A) O papel do profissional de Educação Física é abordar apenas o corpo e sua performance, não levando em consideração os aspectos
psicológicos, sociais e emocionais que estão também inseridos no contexto de atuação e do indivíduo.
B) É fundamental que o profissional de Educação Física, o psicólogo ou qualquer outro profissional que esteja inserido e atuando dentro do
contexto esportivo, tenha uma visão holística, sistêmica e não fragmentada daquele sujeito que prática a modalidade.
C) O profissional de Educação Física deverá levar em consideração, na sua atuação, o papel de agente transformador e ativo, contribuindo
para um papel também social de abordagem e relação com o atleta e sua performance, buscando desenvolvimento motor, psicológico, social,
comunitário e inclusivo.
D) As práticas esportivas são consideradas fenômenos socioculturais na contemporaneidade, por isso, o profissional de Educação Física,
seja em qualquer um dos contextos que esteja inserido, precisa estar atento aos fenômenos e influências que a sociedade, a cultura e o meio
externo produzem na performance daquele indivíduo praticante do esporte. Considerando, ainda, os impactos que esta performance
esportiva produz também na sociedade e cultura na qual estão submergidos.
E) O profissional de Educação Física precisa estar atento ao seu papel profissional e social no contexto das práticas de atividades físicas
dentro dos esportes, contribuindo para uma ação ética, compromissada com a saúde e bem-estar de todos os indivíduos e meio social
ambientados nesta modalidade praticada.
GABARITO
1. A Psicologia Social do Esporte é uma área que aborda o indivíduo inserido dentro do contexto das práticas esportivas na relação
(como produto e produtor) com a realidade social da qual faz parte. Diante deste panorama, o esportista, seja ele amador ou atleta
profissional de alta performance, está submetido a um campo que sofre influência de diversas variáveis fenomenológicas
existenciais. Diante deste contexto, é incorreta a alternativa que diz:
A alternativa "A " está correta.
 
É campo da Psicologia Social do Esporte todas as práticas esportivas dentro de modalidades profissionais ou amadoras, englobando
também, além dos aspectos sociais e culturais, a performance humana dos praticantes. No entanto, não se configura apenas como uma
abordagem de rendimento esportivo. Preocupa-se também com os impactos dos papéis sociais e contribuições em um contexto maior do que
somente o esporte, a mídia e as premiações.
2. A Psicologia Social do Esporte está inserida dentro de uma visão que aborda as práticas esportivas representativas de um
determinado período sócio-histórico na qual se configuram. Por isso, sofre com a crítica de diversos autores que abordam o papel
do profissional de Educação Física como um representante, influenciado pelo sistema capitalista burguês de perpetuação do corpo
enquanto máquina tecnicista para reprodução dos interesses dominantes. Diante desta perspectiva questionadora, pontuada por
alguns autores sobre o tema, é possível afirmar que o papel do profissional de Educação Física dentro deste contexto NÃO
contempla:
A alternativa "A " está correta.
 
O papel do profissional de Educação Física não pode ser delimitado aos aspectos motores, estéticos e de performance, buscando apenas os
aprimoramentos dos corpos. É preciso uma atuação que possa abranger todas as esferas internas e externas de seus objetos de
intervenção.
MÓDULO 2
 Identificar as estruturas e dinâmicas de grupo como um fenômeno complexo e as possibilidades de intervenção e estruturação
UMA CONCEPÇÃO SOCIO-HISTÓRICA
Em uma primeira premissa, podemos atribuir a formação dos grupos a um fenômeno sociopsicológico existencial adaptativo em prol da
sobrevivência. Nossos antepassados formavam grupos e configurações familiares com outros indivíduos para perpetuação da espécie,
aumentando significativamente suas chances de sobrevivência, desenvolvimento, segurança, adaptação e reprodução. A Psicologia Social
do Esporte contribui para uma compreensão mais abrangente dos fenômenos grupais e as dinâmicas dos grupos esportivos, pois a base dos
interesses sociais de uma determinada sociedade está no compartilhamento de interesses mútuos dos membros que a compõem, sempre
em busca de um fim em comum.
 
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É importante que o profissional atuante e inserido nos processos grupais – como é o caso dos treinadores, preparadores físicos e psicólogos
de equipe – compreenda as variáveis sociais, culturais, econômicas, psicológicas e ambientais inseridas no contexto, através de uma visão
sistêmica e ampla daquela realidade complexa que se configura.
Kurt Lewin (1890-1947), nos proporciona, através de seus referenciais teóricos, uma compreensão dinâmica do fenômeno grupal e suas
interrelações com a sociedade e cultura. Para o autor, a Psicologia Social teria o papel de diagnosticar a forma de organização dos
processos grupais e suas relações sociais.
Já para Pichon-Riviére (1907-1977), os grupos podem ser definidos como um operativo de pessoas em um determinado período e espaço,
com diversas articulações, simbolismos, manifestações e representações psicológicas, que se manifestam de forma clara ou não, no
processo de finalidades específicas de todos os membros deste conjunto. Em suas contribuições, atribui um papel importante sobre o vínculo
grupal nas relações para compreensão da vida própria de um grupo e os fenômenos de operatividade e instrumentalidade, abordando o
indivíduo e seus vínculos nas relações.
DINÂMICA DOS GRUPOS ESPORTIVOS
Afinal, como podemos compreender os grupos esportivos e sua relação com a Psicologia Social do Esporte?
Diante destas perspectivas e pressupostos teóricos apresentados a respeito dos grupos, é possível adentrarmos na complexa dimensão de
consolidação e ruptura dos grupos esportivos e seu papel social, ficando evidente que não podemos nos ater somente aos aspectos externos
e tangíveis deste. Não se trata apenas da soma de todos os atletas ou sujeitos que estão inseridos em um determinado contexto das práticas
esportivas. É mais do que a soma dos personagens que detém determinada qualidade técnica ou cognitiva, é também a organização, análise
e intervenção nos processos psicológicos, relacionais e sociais, advindos destas formas de agrupamentos com finalidade específica. Trata-se
de um sistema dinâmico social-histórico-cultural-psicológico-econômico-político.
 
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A dinâmica dos grupos esportivos nos permite estudar as constantes interações e influências nas quais todos os membros daquele
contexto físico e social exercem e são submetidos nos processos variados. Estas variáveis incluem dimensões específicas bem
denominadas, papéis, regras e normas, ações específicas e uma finalidade em busca de um ou mais objetivos finais. Desta forma, estuda-se
como estes fatores influenciam diretamente sobre os corpos físicos, no emocional, nas dimensões psicológicas dos membros e, ainda, como
os sujeitos destes grupos internalizam e reproduzem aspectos sociais de uma determinada cultura e sociedade, dentro de um período
específico, projetando e externalizando também impactos sobre ela. Nas configurações grupais, dentro do esporte, há:
ASPECTO PSICOLÓGICO
Motivações, emoções, aspectos internos do indivíduo frente aos interesses grupais e institucionais.
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ASPECTOS EXTERNOS
Referentes aos grupos, instituições, sociedade, cultura.
Ao se formar ou configurar um grupo esportivo, para que este atinja um nível de fluidez e entrosamento, é necessário compreender, enquanto
uma equipe esportiva que busca realizar um fim em comum, quais são as variáveis dentro do imaginário de cada membro, que emergem
no campo e que podem se associar a situações de conflitos ou alianças do grupo. Neste sentido, um dos principais aspectos abordados,
tantopara Psicologia do Esporte, quanto para Psicologia Social do Esporte, será a consonância – harmonia e integralização dos aspectos
internos e externos, físicos e mentais, psicológicos e sociais dos sujeitos, inerentes ao conjunto – levando em consideração desde os
impactos em uma escala micro até uma escala macro deste fenômeno social.
 
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Como um fenômeno socialmente estruturado, os esportes e grupos esportivos obedeceram às regras e pilares sociais na forma de
organização de seus membros na sociedade. Assim, no contexto das práticas esportivas grupais, a forma de organização, elaboração,
estruturação, delimitação dos objetivos e atuações estarão submergidas dentro das esferas sociais que regem nossa sociedade. Estes
grupos também estarão sujeitos à:
Setorização
Papéis bem estabelecidos
Hierarquia
Vigilância
Avaliação do desempenho e remuneração (simbólica, premiativa ou salarial)
Direitos e deveres
Para que um objetivo específico seja conquistado dentro do contexto esportivo, é necessário que haja o desenvolvimento dos integrantes e
suas práticas, aprimorando sempre os aspectos incompatíveis com a conquista, e desenvolvendo o indivíduo e grupo – que contempla todos
os membros da comissão técnica e da instituição, patrocinadores, mídia, projetos comunitários, centros de reabilitação, escolas, academias
etc. Pelo fato de uma desarmonia contribuir para falhas na comunicação, erros nas partidas, lesões, estresse físico e psicológico, entre outras
singularidades presentes no contexto, sugere-se necessária a figura de um líder.
 
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Compreender a dinâmica grupal possibilita a eficiência nos processos de aprendizado e performance como um todo, contribuindo para o
desenvolvimento pessoal, interpessoal, físico e, consequentemente, do próprio grupo. Configura-se, então, uma organização estruturada com
foco na performance e consolidação de um projeto pedagógico estabelecido e recriado por todos os membros, aumentando a produtividade e
êxito daquele conjunto de indivíduos. Os grupos esportivos, então, detêm uma natureza própria, funcionamento específico, relações
interpessoais de seus membros e a relação grupo (com e/ou na) sociedade. Ainda por esta perspectiva, as influências que podem afetar o
grupo são:
INTERNAS
Quando oriundas da personalidade de cada membro.
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EXTERNAS
Quando oriundas das esferas sociais, como torcidas, valores sociais e capitais, e objetivos.
SIMBÓLICAS
Como é o caso de derrotas, fracassos, premiações financeiras, características dos adversários e mídia.
Devemos entender o grupo como um organismo vivo, diferente de uma realidade estática, que precisa ser estruturado, reconhecido como tal,
desenvolvido e trabalhado a todo momento através de suas dinâmicas.
Diante deste contexto fluido e organizado em busca de uma homeostase grupal, em alguns momentos específicos, há desestruturações e
resignações necessárias, como ocorre quando um técnico é mandado embora, ou quando um jogador é vendido para outro clube, ou
quando um atleta sofre uma lesão e seu substituto assume o lugar, ou quando há mudanças no tipo de liderança. Por isso, assim como o
atleta é um construto que se desenvolve passando por diversos processos de formação, assim também ocorre com os grupos esportivos.
Desta forma, podemos entender as etapas de construção do grupo:
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Um primeiro momento de iniciação com papéis não ou pouco delimitados, em que o indivíduo baseia sua performance e atuação em suas
experiências prévias, fora daquele clube e contexto.
Após as dinâmicas vivenciais no contexto esportivo e desenvolvimento do sentimento de pertencimento grupal, começa a se estabelecer
papéis com funções específicas de cada indivíduo dentro daquele grupo, rumo a uma integração e desempenho das metas estabelecidas,
solidificando-se enquanto grupo coeso e funcional.
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Vale ressaltar que esta não é uma fórmula do sucesso grupal. Nestas dimensões especificadas, haverá diversos conflitos entre interesses
pessoais e do grupo, de natureza humana e psicológica, como ego, ciúmes, agressividade e força, aspecto mercantil e capitalista sobre
influência dos patrocinadores, gestores das instituições governamentais ou privadas que são representativas de algum projeto comunitário,
de inclusão ou reabilitação.
 
Fonte: Shutterstock.com
 SAIBA MAIS
Para um maior aprofundamento das questões grupais dentro do contexto esportivo e suas possibilidades de manejo, o mapa sociométrico,
proposto por Romeno Jacob Levy Moreno (1999), fornece informações relevantes para intervenções e eficácia das propostas pedagógicas
inseridas nas práticas esportivas, manifestadas através de grupos e equipes.
Saravali (2005) afirma que devemos "relacionar as formas pelas quais se davam as relações de afinidade, indiferença, rejeições, com fatores
psicológicos, sociais, biológicos observáveis". Ou seja, trata-se de um diagnóstico diferenciado entre as interações, possibilitando a
identificação dos principais personagens do contexto, buscando uma melhor organização e configuração grupal. Para Kaufman (1992), o
teste deve atender "a reorganização de vínculos, a distribuição de tarefas, ou mesmo o estudo da estrutura interna de um grupo".
Vale-nos lembrar que o método sociométrico é um recorte pontual que contribui com uma informação daquela realidade em um determinado
momento específico, não cabendo novamente uma fórmula mágica para compreensão, intervenção e, consequentemente, resultado. Por
outro lado, através da sociometria é possível conhecer alguns aspectos menos evidentes e mais ocultos dos grupos, como alianças, crenças,
temas proibidos, acordos ideológicos, arranjos específicos, relações de poder, valores e papéis.
ESTRUTURA E DINÂMICA DOS GRUPOS ESPORTIVOS
TIPOS DE LIDERANÇA GRUPAL
Na literatura relativa ao campo da Psicologia Social do Esporte, é de consenso que os fenômenos psicológicos de liderança e coesão grupal
interferem na performance do grupo. O papel do líder no cenário esportivo é integralizar e repassar os valores, metas, objetivos e acordos de
forma clara e objetiva para todos os seus membros, auxiliando-os no rumo aos resultados esperados. Para tal tarefa, o líder precisa
apresentar características específicas para este papel: comunicação coordenada para transmissão clara da mensagem; inteligência
emocional para lidar com as constantes pressões e exigências do meio; tomada de decisão eficiente e consciente; saber assumir riscos e
delegar funções. Existem, portanto, dois principais tipos de gestão grupal sobre a forma de liderança:
LIDERANÇA AUTORITÁRIA
Compatível com as contribuições do capitalismo e controle das massas, busca, através de seu discurso, o alcance dos objetivos pelos
indivíduos do grupo, que devem através de seus corpos e performance, sem direito à discussão ou participação no processo de decisão,
reproduzirem as técnicas motoras a fim de conquistar a vitória.
LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
Existe uma maior flexibilização quanto à tomada de decisão, participação na comunicação, transmissão de valores e propósitos,
responsabilidades distribuídas de acordo com as demandas grupais fortalecendo a interação e confiança de todos os membros.
A globalização e a mercantilização do esporte, em nível macroeconômico, impactam diretamente o funcionamento, estrutura, organização e
dinâmica dos grupos esportivos, principalmente no que tange aos fatores sociais da nossa sociedade capitalista, que interferem diretamente
nos objetivos pessoais, simbólicos e primitivos dos indivíduos e massas. Por isso, todos os processos esportivos, bem como seus
grupos e equipes, precisam ser analisados sobre a ótica de uma prática social, com implicações políticas econômicas, delimitando os
corpos e identidades em jogo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE TRAZ UMA COMPREENSÃO DOS PROCESSOS GRUPAIS
INSERIDOS NAS PRÁTICAS ESPORTIVAS, COLABORANDOPARA INTERVENÇÕES E ESTRUTURAÇÕES QUE
PROPORCIONEM COESÃO NO GRUPO E, CONSEQUENTEMENTE, UM BOM DESEMPENHO E
PERFORMANCE. SOBRE A COESÃO GRUPAL, É CORRETO AFIRMAR:
A) É inata aos grupos, uma vez que os indivíduos inseridos no contexto esportivo já sabem quais são suas habilidades e funções e apenas
precisam agir em direção à vitória.
B) É inata aos grupos esportivos, uma vez que formar grupos para sobrevivência é uma característica do homem primitivo que se estendeu
até os dias atuais.
C) É inata aos grupos esportivos, pois os membros inseridos neste contexto sabem separar suas motivações e necessidades pessoais frente
às responsabilidades e objetivos da equipe.
D) É um construto das identidades coletivas assumidas dentro do esporte, necessitando de trabalho contínuo, manejo, modificações e
motivação constante das relações interpessoais entre seus membros.
E) É inata e, depois, em um segundo momento, é construída de forma automática conforme as relações entre os membros do grupo vão
sendo estabelecidas de forma natural, sem nenhum tipo de orientação ou intervenção, ou pela figura de um líder.
2. A PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE ATRIBUI AOS GRUPOS UMA RESPONSABILIDADE TAMBÉM
SOCIAL, CULTURAL E REPRESENTATIVA DAS MASSAS. CONFORME ESTUDAMOS, GRUPOS POSSUEM
UMA VIDA PRÓPRIA E GERAM EFEITOS E INFLUÊNCIAS EM TODOS OS SEUS MEMBROS E NA SOCIEDADE
QUE OS DEFINE. SOBRE OS GRUPOS ESPORTIVOS, É INCORRETO AFIRMAR QUE:
A) São similares a organismos vivos, na qual, todas suas dimensões e estruturas precisam ter funções bem estabelecidas e claras entre si, o
que não significa que sejam rígidas e intransigentes, mas dinâmicas e organizadas, possibilitando seu bom funcionamento.
B) São mecanismos simples de compreensão e intervenção, uma vez que existem regras, normas e objetivos claros dentro dos esportes.
C) São mecanismos complexos dos fenômenos humanos produzidos no contexto dos esportes, sendo necessário o trabalho e
desenvolvimento das relações interpessoais de seus praticantes e membros da comissão técnica.
D) São sistemas complexos que precisam ser compreendidos por um olhar abrangente que engloba todas as esferas culturais, sociais,
psicológicas, políticas e econômicas.
E) São possibilidade de organização de indivíduos nas práticas esportivas, e que precisa ser compreendido mais do que a soma de todos
seus agentes.
GABARITO
1. A Psicologia Social do Esporte traz uma compreensão dos processos grupais inseridos nas práticas esportivas, colaborando
para intervenções e estruturações que proporcionem coesão no grupo e, consequentemente, um bom desempenho e performance.
Sobre a coesão grupal, é correto afirmar:
A alternativa "D " está correta.
 
Os processos grupais são construídos e desenvolvidos dentro das práticas e vivências esportivas, através do desenvolvimento e
relacionamento interpessoal de todos os seus membros, não podendo ser compreendido apenas como a soma de todas as suas partes. É
um organismo vivo, com características próprias, influenciado e influenciando as demais dimensões da sociedade, economia e cultura.
2. A Psicologia Social do Esporte atribui aos grupos uma responsabilidade também social, cultural e representativa das massas.
Conforme estudamos, grupos possuem uma vida própria e geram efeitos e influências em todos os seus membros e na sociedade
que os define. Sobre os grupos esportivos, é incorreto afirmar que:
A alternativa "B " está correta.
 
Os grupos esportivos e suas dinâmicas não são objetos simples de serem estudados ou analisados, formam em si uma complexa rede de
informações e representações das identidades individuais e coletivas sociais.
MÓDULO 3
 Relacionar as influências sociais e culturais no processo de violência dentro e fora dos esportes
UM RETRATO SOCIAL DA ANTIGUIDADE E O MUNDO
CONTEMPORÂNEO
Antes de abordarmos o fenômeno humano da violência, precisamos nos ater para duas vias que podem ser a origem de seus efeitos:
Uma via primitiva, biológica, fisiológica inerente às emoções humanas mais antigas.
Outra perspectiva cultural e social, que analisa este fenômeno como construído dentro das dinâmicas grupais e existenciais da construção de
um Estado totalitário e de um sistema burguês capitalista, após as principais revoluções.
É importante uma análise temporal, cronológica e sociocultural dos fenômenos produzidos pelos homens em um determinado período.
Abordar a violência no esporte só é possível por meio de uma análise histórica do que nos trouxe até aqui, através da Psicologia Social que
contribui para o manejo deste tipo de fenômeno das práticas esportivas atuais.
A violência pode ser caracterizada como um recurso de força física para garantir um fim específico para o sujeito que a submete.
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Como nossos antepassados não eram dotados dos mesmos mecanismos de análise, pensamento estruturado e complexo que nos detemos
atualmente – graças ao processo de evolução de nossa espécie e o desenvolvimento da estrutura cerebral que denominamos neocórtex –
precisavam utilizar a violência como um meio para luta e confronto com os animais ou tribos por território, como forma de sobrevivência
humana. Em um aspecto mais fisiológico, nós, seres humanos, possuímos em nossas estruturas cerebrais áreas responsáveis pelo sistema
de luta e fuga, despertados em situações extremas e hostis, garantindo ou aumentando nossas chances de sobrevivência. Dentro deste
contexto, há a liberação de neurotransmissores, como dopamina, adrenalina e noradrenalina, alterando toda uma homeostase fisiológica.
Com o passar do desenvolvimento da monocultura, agricultura, plantio e formação de famílias, territórios e atividades econômicas e sociais,
possibilitadas pelo desenvolvimento da linguagem e comunicação, a violência deixou de ser um mecanismo inato que servia para caça contra
animais silvestres. Passou a ser direcionada a outros homens, tratando de se impor, através da força, como uma relação de poder, seja para
conquistas econômicas, de territórios ou sociais.
 
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A violência enquanto produção social é demarcada por inúmeras guerras, batalhas, duelos e práticas de escravidão, presentes nos mundos
antigo e moderno. Nesta nuance, é um fenômeno corriqueiro e introjetado nas práticas e discursos sociais. Para Elias (1994), não será
surpresa alguma se encontrarmos nos registros e literaturas da Antiguidade e Idade Média, a presença da violência e brutalidade nas
competições realizadas nas arenas e batalhas esportivas da época, caracterizando o grau de agressividade presente na sociedade que a
delimita.
Somente no século XVIII e XIX, que as então consideradas práticas esportivas começaram a se configurar de forma disciplinada e com
ordem, delimitando os limites de violência. O mundo evoluiu, globalizou-se; as formas de violência deixaram de ser em sua maioria apenas
físicas, adentrando às dimensões psicológicas, sociais e culturais.
 
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Existem, portanto, na atualidade, diversos tipos de violência inerentes à sociedade e à cultura na qual estamos inseridos, que se refletem
diretamente no comportamento do indivíduo social e, consequentemente, na conduta de todos os sujeitos dentro do contexto das práticas
esportivas. Mesmo com toda evolução tecnológica, científica, social e cultural, podemos assistir novas configurações e modalidades de
violência que encontram novos meios de se transformarem.
 EXEMPLO
O cyberbullying nos dá um ponto de referência de que, por mais que a sociedade se transforme e evolua no espaço e tempo, a violência se
manifesta através dos indivíduos inseridos neste contexto. Não muito distante do meio esportivo, são corriqueiras notícias de pedofilia,
assédio e estupro contra atletas no período de formação, muitas vezes, praticados por membros da comissão técnica.
O mundo sempre foi marcado pela violência, desde a Grécia antiga até os dias atuais, por isso, compreender a violência no esporteé, em
um primeiro momento, compreender as bases fenomenológicas para tal. O Brasil possui um número alarmante de mortes por violência
praticada a outro, seja por racismo, preconceitos religiosos, etnocentrismo, roubo, brigas de trânsito, impregnação de força e excesso policial,
guerras do narcotráfico, milícia, contravenção, e outras realidades inerentes ao nosso país. Estes processos configuram a base da violência
dentro de nossa sociedade. Por isso, pelo viés da Psicologia Social, é indissociável que estes fenômenos violentos, que
constantemente se expressam, estejam presentes nos esportes nacionais e mundiais.
Diante desta perspectiva, clubes, ginásios, escolas, campeonatos amadores e até mesmo os esportes dentro do cenário comunitário de
inclusão e socialização de seus praticantes evidenciam-se e se configuram como grupos sociais inerentes ao nível macro econômico político
cultural de nossa sociedade. Por isso, há uma pluralidade de conflitos, lutas, causas e ideologias que abrangem todos os contextos sociais.
Para abordar o fenômeno cultural e social a que a violência no esporte se configura, é necessária uma interface com o contexto histórico
deste processo, dentro das disputas esportivas, que possuem uma relação direta com o poder, o capitalismo e a produtividade inerentes ao
sistema.
Vale ressaltar que nosso comprometimento científico nos impede de abordar como um todo este processo e unificá-lo dentro desta complexa
rede de configurações em que se expressam os fenômenos esportivos atuais. Por isso, traremos um recorte dos principais aspectos e
setores que a violência ocupa hoje no mundo esportivo pelo olhar da Psicologia Social do Esporte.
O ESPORTE CONTEMPORÂNEO E A VIOLÊNCIA SOCIAL
Os eventos esportivos, sejam amadores ou profissionais, proporcionam por si um ambiente tenso e estressante para aqueles inseridos nele,
seja através da performance dos corpos, seja para quem assiste, vibra ou torce. Dentro destas nuances, existem diversos fatores sociais,
ideológicos, políticos e sociais que se infiltram na percepção dos sujeitos em sua totalidade. O ambiente esportivo, então, é responsável
pela produção de diversos estímulos que podem gerar gatilhos nos indivíduos e coletividades, proporcionando um palco para
produções violentas, quando não submetido às regras e normas bem estabelecidas. Por isso, com o desenvolvimento e globalização dos
esportes, diversas práticas foram adotadas no decorrer do tempo para dar respaldo e segurança às modalidades de atuação.
A FIFA (Federação Internacional de Futebol) propôs o termo do fair play (jogo limpo), a fim de contribuir para a consciência coletiva presente
nos contextos futebolísticos em prol da redução da violência.
Outra modalidade criada foi o Estatuto do Torcedor no Brasil, assim como temos diversas práticas universais unificadas mundo afora, como
por exemplo, a luta contra o racismo e a violência dentro das práticas esportivas.
A lei número 12.299/2010 combate e repreende os fenômenos violentos oriundos das práticas esportivas em competições, enfatizando
responsabilidades e deveres das torcidas organizadas, proibindo ainda os torcedores de praticarem qualquer tipo de ato discriminatório,
racista ou xenófobo.
Em decorrência da lei, criou-se os juizados do torcedor, com competência criminal, sendo reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal.
Ao mesmo tempo que o esporte reflete fenômenos violentos enquanto prática social, por outro lado, algumas modalidades de violência no
esporte, dentro de um contexto específico com normas e regras bem estabelecidas, não são consideradas atos violentos que buscam um fim
pela impregnação da força física ou relação de poder. Algumas categorias esportivas integram o uso da força física como parte das regras do
jogo, mas não com o objetivo de machucar o adversário ou incapacitá-lo. Para Chauí (2001):
ENTENDE-SE O CONCEITO DE VIOLÊNCIA NO ESPORTE, COMO O USO DA
FORÇA FÍSICA E/OU DO CONSTRANGIMENTO PSÍQUICO PARA OBRIGAR
ALGUÉM, A AGIR DE MODO CONTRÁRIO À SUA NATUREZA E AO SEU SER,
DENTRO DO AMBIENTE ESPORTIVO, PERPETRADO, QUER SEJA PELOS
PRATICANTES OU PELOS ESPECTADORES.
 
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 Crédito editorial: Dawid S Swierczek / Fonte: Shutterstock.com.
Vale ressaltarmos a importância do cenário capitalista e social que contribuem e influenciam estas práticas violentas no contexto esportivo. A
configuração da nossa sociedade atual tornou a rivalidade, a competição com o outro e a agressividade fenômenos intrínsecos sociais. Na
percepção de Elias (1994), as práticas esportivas proporcionam libertação e excitação ao público que as assiste, marcando as disputas que
envolvem habilidade, surpresas, resultados inesperados e descarga de adrenalina e sentimento de excitação - sensações que, dificilmente,
são experimentadas na vida cotidiana da sociedade capitalista que trabalha nos meios de produção do sistema inerente.
VIOLÊNCIA NO ESPORTE
VIOLÊNCIA DAS TORCIDAS
A violência dentro e fora do contexto esportivo ganha cada vez mais destaque nas grandes mídias. É possível encontrarmos manchetes tanto
de violência dentro dos campos, quadras, ginásios e, principalmente, nos esportes de maior contato físico, mas que não se restringe apenas
aos jogadores e praticantes, abrangendo também, em alguns casos, comissão técnica e torcidas. Tais atos violentos são constantemente
embasados dentro de uma disputa de forças de ideologias sociais de poder, como discriminações por racismo e gênero ou imposição pela
força de pontos de vista próprios, que se sobrepõem à opinião e ao posicionamento de outro membro do grupo, da disputa esportiva, da
torcida ou da sociedade em questão.
 
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O fanatismo pode se manifestar em várias esferas da sociedade e contextos culturais, como religioso, político, econômico e esportivo, nos
quais há expressão e expansão das emoções reprimidas pelo meio social cotidiano, possibilitando que o sujeito se identifique e se sinta
empoderado a manifestar repulsa e suas ideologias. É o momento em que aspectos psicológicos e emocionais de frustração e
fragilidade podem ser expressos sobre a forma de violência no esporte. Vivemos atualmente a polarização e a fragmentação da
sociedade, marcada por diversas disputas reais, simbólicas e territoriais. Existe uma polarização na organização e configuração do
posicionamento dos indivíduos e cidadãos. Há, então, as lutas de classe, de gêneros, política e ideológica, que acabam por separar os
sujeitos de acordo com seu ‘’poder e saber’’. Tal sentimento alienante de separação e de não pertencimento, como membros iguais que
compõem uma sociedade totalitária, com direitos e deveres evidentes e inerentes, passa a acirrar e ampliar os confrontos e as diversas
formas de violência, que encontram nos esportes para se expressarem.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O FENÔMENO DA VIOLÊNCIA DENTRO DO ESPORTE É UMA COMPLEXA MANIFESTAÇÃO DE
ARTICULAÇÕES SOCIAIS, POLÍTICAS, PSICOLÓGICAS E CULTURAIS QUE INFLUENCIAM AS AÇÕES.
DIANTE DESTE FENÔMENO, AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOCIAL DO ESPORTE, PARA
COMPREENSÃO E ABORDAGEM DOS ATLETAS E INDIVÍDUOS NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, SÃO
CADA VEZ MAIS PRESENTES. SOBRE A PERSPECTIVA SOCIAL, É INCORRETA A ALTERNATIVA:
A) Compreende um artefato teórico científico que nos possibilita entender o contexto esportivo por um outro olhar, não sendo um olhar
mecanicista treinado e enrijecido conforme propagado na cultura capitalista atual, possibilitando-nos identificar quais as influências que
motivam o comportamento agressivo dentro do esporte.
B) Compreende bases sólidas para o manejo e identificação das varáveis externas e internas que contribuem para o fenômeno da violência
ser manifestado dentro dos esportes.
C) Compreende com referenciais e uma ampla visão do indivíduo humano, enquanto também um ser social, que manifesta, através de sua
performance ou torcida dentro dos esportes, a violência inerente como produto da sociedade que o compõe.
D) Compreendea violência como um fenômeno social que se manifesta também no contexto esportivo, necessitando de estratégias que
englobem todas as complexidades em jogo.
E) Compreende uma visão restrita apenas aos fenômenos da violência nos casos ocorridos dentro das competições, não englobando torcidas
ou a sociedade que nos rege.
2. A VIOLÊNCIA É UM FENÔMENO SOCIOCULTURAL QUE SEMPRE ESTEVE PRESENTE EM NOSSA
NATUREZA HUMANA DESDE OS PRIMÓRDIOS E, POSTERIORMENTE, COMO ATRIBUTO DE IMPOSIÇÃO DE
FORÇA E PODER PELOS ESTADOS, BURGUESIA, IGREJA, CLERO E OUTRAS FIGURAS DE PODER. POR
ISSO, SUA PERPETUAÇÃO E REPRODUÇÃO PELAS MASSAS É UM CAMPO DE DIFÍCIL SIMPLIFICAÇÃO E
UNILATERALIDADE. SOBRE A VIOLÊNCIA NOS ESPORTES, É INCORRETO AFIRMAR:
A) Só está presente nos esportes de contato, como por exemplo, o futebol, não sendo encontrada nas demais modalidades.
B) Pode ser encontrada em todos os tipos de esportes e contextos esportivos, uma vez que é uma característica social e cultural que se
manifesta nesses campos.
C) A violência não está apenas em jogo quando reproduzida pelos atletas, comissão técnica ou gestores, ela também é inerente às torcidas.
D) A violência através do uso da força contra a vontade do outro é uma característica de um fenômeno cultural e social. Contudo, há uma
utilização da força sobre os corpos, característica de algumas modalidades esportivas, na qual não se configura violência, uma vez que
obedece a normas e regras bem estabelecidas.
E) A violência social é um problema antigo e inerente a todos os períodos socio-históricos da humanidade. Dentro dos esportes, ela reflete o
nível de intolerância e disfunções dos membros que compõem o todo que chamamos de sociedade.
GABARITO
1. O fenômeno da violência dentro do esporte é uma complexa manifestação de articulações sociais, políticas, psicológicas e
culturais que influenciam as ações. Diante deste fenômeno, as contribuições da Psicologia Social do Esporte, para compreensão e
abordagem dos atletas e indivíduos na prática da Educação Física, são cada vez mais presentes. Sobre a perspectiva social, é
incorreta a alternativa:
A alternativa "E " está correta.
 
A visão é ampla e dinâmica sobre todos os fenômenos violentos ou não, inseridos neste contexto, contemplando também a violência nas
torcidas e na sociedade.
2. A violência é um fenômeno sociocultural que sempre esteve presente em nossa natureza humana desde os primórdios e,
posteriormente, como atributo de imposição de força e poder pelos estados, burguesia, igreja, clero e outras figuras de poder. Por
isso, sua perpetuação e reprodução pelas massas é um campo de difícil simplificação e unilateralidade. Sobre a violência nos
esportes, é incorreto afirmar:
A alternativa "A " está correta.
 
A violência não é um fenômeno restrito apenas a algumas modalidades de esporte. Ela é reconhecida em diversas práticas esportivas e seus
contextos, envolvendo, além dos atletas, outros indivíduos como torcedores e equipe técnica.
MÓDULO 4
 Reconhecer a dinâmica da relação entre mídia e esporte
RELAÇÃO ESPORTE X MÍDIA
 
Crédito editorial: Jaggat Rashidi / Shutterstock.com
A relação esporte x mídia, assim como todos os fenômenos humanos nos contextos esportivos, precisa ser abordada por uma perspectiva
política, social e econômica, assim como seus impactos sobre a sociedade.
O esporte do mundo moderno teve sua consolidação, propagação e popularidade através dos jornais, revistas e emissoras de televisão. Os
meios midiáticos detêm um papel central na divulgação, reprodução e transformação dos esportes em um mercado cada vez mais
globalizado e lucrativo, o que contribuiu para sua consolidação como um fenômeno cultural contemporâneo em larga escala. Veja a seguir
algumas das reproduções simbólicas vendidas pela mídia através dos esportes que contribuem de certa forma para a alienação do público
que o assiste (uma vez que há um abismo cultural e social entre o real e o imaginário perpetuado pelos meios de comunicação sobre os
esportes):
 
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ESPETÁCULO
 
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ASCENSÃO ECONÔMICA
 
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HERÓIS DOS ESPORTES
 
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ENTRETENIMENTO E DIVERSÃO
Como podemos compreender os impactos e consequências deste instrumento no mundo dos esportes? E, principalmente, como a Psicologia
Social do Esporte nos mune de diretrizes no processo de intervenção e ação com os indivíduos inseridos neste meio?
 
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É função da mídia promover e fomentar as principais fantasias e desejos de cada indivíduo social. Ela vende prestígio,
autorrealização, potência, segurança, informação, poder, satisfação, alimenta vaidades, luxúrias e outras modalidades intrínsecas ao
imaginário coletivo. Esta repetição de propagandas, novelas, esportes, documentários, séries e programas televisivos transmitem à
sociedade um "recorte" diante das infinitas possibilidades de existência dos sujeitos sociais. Quando algo é muito repetido e perpetuado,
passa-se por uma verdade absoluta, não questionada e não problematizada, o que leva a falsas concepções da própria realidade do
indivíduo.
Neste contexto, o sistema capitalista contribui para "venda e propagação" de prestígio e ascensão social, principalmente, através
dos esportes. Este fenômeno humano complexo é levado a uma perspectiva reducionista e completamente modificada da realidade, ou seja,
perpetua-se uma visão deturpada sobre o esporte, como se pudesse ser resumido a espetáculos, atletas heróis e grandes clássicos
transmitidos e vendidos por milhões. Kenski (1995) corrobora sobre esta concepção da influência da mídia nas tendências culturais do
corpo em movimento, impactando significantemente o campo da Educação Física, esporte e sociedade.
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Crédito editorial: Artnana / Fonte: Shutterstock.com
Este processo midiático do esporte, enquanto fenômeno sociocultural, data do século XIX. Para Melo (1999), estas influências vieram do
continente Europeu como prática dos imigrantes que refletiam a sua identidade original, consolidando a imprensa esportiva nos estados do
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Rio de Janeiro e São Paulo. Para Santos (2007), foi nas décadas de 1960 e 1970 que os esportes ampliaram seus espaços sociais nos lares
das famílias brasileiras, efetivando-se como fenômeno das massas.
IDENTIDADE ORIGINAL
Como agentes da imprensa inseridos no contexto esportivo. Ou seja, uma prática europeia inserida no contexto brasileiro, pelos
imigrantes.
Na década de 1980, com os avanços tecnológicos e práticas globais nos meios de comunicação, o esporte se modificou e se desenvolveu
com grandes investimentos e movimentações financeiras, transformando o espetáculo em um comércio consolidado e amplamente
divulgado.
 
Fonte: Shutterstock.com
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Crédito editorial: Stefan Ugljevarevic / Fonte: Shutterstock.com
Na atualidade, os clubes e algumas modalidades de esporte no Brasil, principalmente, o futebol, têm grande parte de sua renda financeira
proveniente da venda de jogadores. Estes possuem mais visibilidade e valor agregado graças às transmissões esportivas e espetáculos
propagados nas mídias para as massas. Outra fonte de renda do segmento esportivo brasileiro é proveniente dos direitos de imagens e
contratos televisivos, que submetem clubes, jogos e atletas à realidade das principais emissoras.
A mídia teve um papel fundamental e importante na propagação e popularização do esporte, transformando-o em objeto de consumo em
larga escala. Ela também detém grande parte do capital oriundo e destinado aos clubes, atletas e patrocinadores. Oriundo, pois os clubes
são os protagonistas dos eventos. Sem evento não há renda. Destinado, pois as emissoras pagam altas cifras pelos direitos de transmissão.
É o meio, não só de comunicação, mas da perpetuação dos principais problemas existentes da nossa realidade social. Diante deste contexto,
a mídia contribui para:
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1
A alienação do telespectador, que passa a ter acesso apenas a um recorte de uma realidademuito maior dos esportes enquanto ‘’legado da
humanidade’’.
2
Perpetuar desigualdades sociais advindas do capitalismo, que transforma quase tudo em mercadoria a ser consumida pelas massas.
3
Uma deturpação do esporte no imaginário coletivo, uma vez que enaltece as modalidades de rendimento e mais popularizadas, deixando de
lado diversas outras práticas esportivas de inclusão, reabilitação e socialização.
4
A representação manipulada daquela realidade esportiva que é editada, cortada, comentada, dividida, reproduzida e selecionada da maneira
que bem entendem seus produtores e patrocinadores, tornando-se um meio de controle e polarização da sociedade.
Para Betti (2001), a mídia propaga uma alienação social em forma de espetáculo televisivo, associando as práticas globais atuais com a
política romana do pão e circo, para distrair e tornar ameno os problemas sociais provenientes do capitalismo. A fim de preservar e manter a
ordem social excludente, valoriza a imagem do campeão em detrimento do perdedor, enaltecendo apenas as vitórias e disputa entre pares,
corroborando com um sistema capitalista crescente em suas desigualdades sociais. Diante desta perspectiva, alguns autores como Betti,
consideram que não existe um esporte na mídia e sim um esporte da mídia.
ESPORTE COMO MERCADORIA
A mídia ocupa na atualidade um papel importantíssimo na propagação dos esportes, enquanto fenômeno sociocultural globalizado
transformado em espetáculo, que é reproduzido e transformado em mercadoria, baseado nos conceitos capitalistas de alienação e controle
de massas. Foi transformado em consumo no imaginário coletivo, para que através dele se manifeste uma realização simbólica de vitória,
êxtase, superação, domínio e poder. A mídia transformou os atletas em heróis e as competições, em espetáculos. No entanto, muito distante
dos holofotes, existe uma outra realidade social das massas, não tão glamurosa assim, submetida a diversos problemas estruturais,
territoriais, existenciais, políticos e econômicos.
Essas dificuldades não são transmitidas pelos meios de comunicação, que mais produzem uma realidade criada e editada, do que
comunicam notícias e acontecimentos reais cotidianos, buscando sempre impactar e prender a atenção de seus consumidores. Devido ao
capitalismo e à globalização dos esportes, através da propagação nos meios midiáticos de reprodução, popularizou-se apenas um recorte
dentre o todo que engloba as práticas e modalidades esportivas, reduzindo-o a um fenômeno lucrativo e cada vez mais expansivo.
Há, então, a polarização esportiva, conforme já enraizado nas práticas sociais, como manifestações de reprodução de comportamentos
aprendidos e internalizados, sem questionamento das massas.
 
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De um lado, dentro dos holofotes, arenas, shows, espetáculos e Olimpíadas, temos um esporte burguês para as elites consumirem através
de valores exacerbados.
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Por outro lado, as demais classes acompanham os eventos através do recorte demonstrado em televisões e internet, quando possuem
acesso a estes.
Dentro das práticas e possibilidades de atuação do profissional de Educação Física, configura-se a popularização dos ideais estéticos
corporais. Corpos passíveis de serem modificados em sua simetria se enquadram em um modelo ditatório de pouco percentual de gordura e
aumento significativo de massa muscular, disfarçado por um discurso propagador de saúde e qualidade de vida.
 
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Por uma outra perspectiva, mais questionadora e problematizante deste contexto, encontramos uma gama de possibilidades existenciais,
humanas e sociais. Os esportes e as práticas de movimento motor possuem um papel fundamental na integralização dos sujeitos; no
desenvolvimento psicológico e cognitivo; na inclusão de todos os membros da sociedade, mesmo que possuam algum tipo de
prejuízo ou deficiência, mental ou motora; e nos projetos comunitários, governamentais e filantrópicos que dão oportunidades e
desenvolvem novas perspectivas existenciais, além de outros impactos ou influências sociais e culturais.
A mídia então, por si só, não é capaz de apresentar e transmitir os verdadeiros valores do esporte para sociedade, contribuindo para
ressignificações e desenvolvimento cultural. Ela acaba por reproduzir discursos dominantes, colaborar para desigualdades sociais alarmantes
e utilizar os espetáculos esportivos como fins lucrativos que movimentam milhões em espécie, contribuindo para a visão do lucro, luxo,
riquezas patrimoniais e um protótipo de felicidade do consumo.
 RESUMINDO
As pontuações e reflexões desenvolvidas neste módulo possibilitam que o profissional de Educação Física e outros profissionais inseridos
nos esportes adquiram o conhecimento mais aprofundado e estruturado dos fenômenos esportivos e seus impactos sociais, como um campo
a ser estudado e percebido em sua atuação, para que não contribuam, desta forma, com os processos alienantes propagados pelas mídias.
Não restringindo os esportes à estética, aos atletas e às competições como uma mercadoria a ser vendida. Por isso, esta análise pelo viés da
Psicologia Social do Esporte é imprescindível para a atuação dos profissionais inseridos no contexto de forma problematizante e
questionadora, para que não acabem por disseminar uma intervenção minimalista, rígida, reducionista e precária, nas muitas realidades
encontradas neste contexto. Ainda, que não reduzam o esporte aos atletas, ao alto rendimento, a premiações e à mercadoria vendida e
dissipada pela mídia atual. Existem outras dimensões e sujeitos que ficam ‘’por fora’’ dos holofotes, mas que fazem parte deste complexo
fenômeno sociocultural contemporâneo.
ESPORTE E MÍDIA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A MÍDIA É UM INSTRUMENTO QUE PRECISA SER COMPREENDIDO DE ACORDO COM SUAS
ATUALIDADES E CONFIGURAÇÕES NO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO CAPITALISTA, QUE TRANSFORMOU
AS PRÁTICAS ESPORTIVAS EM GRANDES ESPETÁCULOS EXTREMAMENTE LUCRATIVOS. SOBRE A
RELAÇÃO ENTRE MÍDIA E ESPORTE, PODEMOS AFIRMAR:
A) Contribui para uma visão crítica do sujeito frente à realidade que o compõe. Uma vez que dá acesso a uma múltipla gama de informações,
contextos, reportagens, conteúdo dos mais diversos e heterogêneos, contribuindo para solidificação de uma visão crítica e problematizante
do público.
B) Não possui fins lucrativos, apenas a intenção de transmissão dos esportes e seus valores sociais que impactam a população.
C) Possuem um compromisso social com os membros da sociedade, proporcionando um campo democrático e flexível para as diversas
manifestações culturais e simbólicas dos diferentes contextos esportivos.
D) É um instrumento democrático e imparcial, neutro, sem intenções políticas, econômicas ou restritivas aos fenômenos sociais em suas
infinitas possibilidades de manifestação.
E) É um construto que configura uma relação de interdependência em que a mídia produz grandes espetáculos lucrativos que geram ibope e
audiência para seus representantes. Ao mesmo tempo, transfere parte desse lucro sobre forma de contratos com os clubes e atletas pelos
direitos de imagens televisivas.
2. A MÍDIA É UM DOS PRINCIPAIS MEIOS DE PROPAGAÇÃO DOS ESPORTES E SUAS PRÁTICAS, VALORES
E VIVÊNCIAS ESPORTIVAS. ELA É RESPONSÁVEL POR TRANSMITIR UMA REPRESENTAÇÃO DA
REALIDADE ESPORTIVA GLOBAL, CONTRIBUINDO PARA QUE ESTE FENÔMENO QUE É O ESPORTE
CHEGUE ATÉ A POPULAÇÃO. SOBRE AS REPRODUÇÕES MIDIÁTICAS, NÃO É CORRETO AFIRMAR:
A) Apresentam apenas um recorte de uma realidade muito maior e mais complexa que são os esportes e suas práticas.
B) Contribui para a imagem do esporte como meio de performance e habilidade dos corpos, promovendo um ideal de desempenho universal
inerente a todos os corpos.
C) Contribui para o processo de uma visão simplista sobre as práticas esportivas, uma vez que foca apenas nos espetáculos, deixando de
lado outros contextos sociais e culturais nos quais o esporte desempenha um papel importante de inclusão, socializaçãoe desenvolvimento
humano.
D) Contribui para inclusão, subjetivação e acolhimento das diversas manifestações culturais e sociais através das práticas esportivas.
E) Apresenta uma realidade glamurosa e modificada sobre os holofotes que permeiam os principais espetáculos como os campeonatos de
futebol, NBA (basquete americano) e UFC (competições de lutas).
GABARITO
1. A mídia é um instrumento que precisa ser compreendido de acordo com suas atualidades e configurações no cenário
contemporâneo capitalista, que transformou as práticas esportivas em grandes espetáculos extremamente lucrativos. Sobre a
relação entre mídia e esporte, podemos afirmar:
A alternativa "E " está correta.
 
No contexto globalizado em que vivemos, é impossível separarmos as variáveis inerentes ao campo de forma independente. Há, portanto,
uma interdependência de todos os agentes e instrumentos do contexto, sofrendo influências um dos outros.
2. A mídia é um dos principais meios de propagação dos esportes e suas práticas, valores e vivências esportivas. Ela é responsável
por transmitir uma representação da realidade esportiva global, contribuindo para que este fenômeno que é o esporte chegue até a
população. Sobre as reproduções midiáticas, não é correto afirmar:
A alternativa "E " está correta.
 
A mídia não proporciona a inclusão de todas as manifestações culturais e sociais através dos esportes, por outro lado, ela seleciona os
contextos mais populares e passíveis de serem transformados em espetáculos para serem comercializados.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para uma melhor compreensão pelo viés e contribuições da Psicologia Social nos fenômenos esportivos, é imprescindível que haja uma
análise mais elaborada de suas estruturas e dimensões, não colaborando para uma visão reducionista e apenas mecanicista das práticas
esportivas. Enquanto fenômeno social, o esporte não pode ser reduzido a um jogo, partida ou campeonato; não pode ser reduzido também
apenas às práticas e modalidades de alta performance e profissionalizantes. Em uma maior escala, é um fenômeno social com implicações
políticas, econômicas e, principalmente, de formação de opiniões com diversas realidades e perspectivas.
Para a não fragmentação e descontextualização deste fenômeno, é necessária a incorporação das questões psicológicas e sociais inerentes
ao tema, desde as escolas ao processo de formação dos atletas e grupos esportivos. Mobilizando aspectos como cooperação grupal,
sociabilização, saúde, bem-estar coletivo, respeito, educação, valorização do progresso e não somente da vitória, contribui-se, assim, para a
humanização das práticas esportivas enquanto meio de desenvolvimento e integração do indivíduo à sociedade.
O esporte, enquanto fenômeno e manifestação sociocultural contemporâneo, se manifestará através de sua ação colaborando com a
perpetuação dos valores e problemas da sociedade na qual ele está inserido, representando e sendo representado.
Para não cooperar com uma cultura excludente, é necessário repensar as práticas esportivas e como este campo de saber se materializa no
contexto contemporâneo, contribuindo para uma nova percepção dos esportes pelas massas. Diferentemente do que é propagado nos dias
atuais, performance, desempenho, títulos e ascensão financeira devem ser meios e não fins específicos. Meios, estes, que poderão ajudar a
promover educação, saúde, bem-estar, lazer, diversão, cultura, inclusão e desenvolvimento motor.
FALA MESTRE
Especialização Profissional no Futebol
Sinopse: Zico fala sobre a especialização dos profissionais dentro do futebol, individualização da preparação do jogador, relação do técnico
com a autonomia desses profissionais e de quebra, conta uma história curiosa dos seus tempos de jogador, sobre alimentação e rivalidade
entre times.
Sinopse: Zico fala sobre a especialização dos profissionais dentro do futebol, individualização da preparação do jogador, relação do técnico
com a autonomia desses profissionais e de quebra, conta uma história curiosa dos seus tempos de jogador, sobre alimentação e rivalidade
entre times.
O início da História de um Craque
Sinopse: Zico fala sobre o início da sua relação com o futebol e dos sacrifícios necessários para se tornar um craque.
Sinopse: Zico fala sobre o início da sua relação com o futebol e dos sacrifícios necessários para se tornar um craque.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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Universitária, 2005, apud KAUFMAN, A. Teatro - bastidores. São Paulo, 1992.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema, veja:
Como Fábio Silvestre da Silva aborda as dinâmicas sociais dos processos esportivos no artigo: Projetos sociais em discussão na
psicologia do esporte.
O que Nei Jorge dos Santos Junior explicita sobre a relação entre o esporte e a mídia no artigo: Relações entre esporte e mídia no
Brasil.
CONTEUDISTA
Thaís Pinheiro Gouveia Crisciullo
 CURRÍCULO LATTES
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