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noção de direito penal militar

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NOÇÃO SOBRE O DIREITO PENAL MILITAR
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144 § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
Art. 144 § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios 
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
As instituições militares, as Forças Armadas, as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, têm missões na preservação das liberdades públicas. 
Elas cabem a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, o policiamento ostensivo preventivo, a preservação da ordem pública e as atividades de defesa civil.
Nota-se que a observância rigorosa da hierarquia e da disciplina é indispensável para o cumprimento das missões institucionais das corporações militares. Cabe ressaltar que a hierarquia e a disciplina encontram-se entrelaçados numa relação necessária de dependência recíproca.
O regular desempenho das missões atribuídas às forças militares constitui uma situação jurídico-social que demanda especial cuidado, pois sua desordem pode gerar uma deficiência na consecução dos objetivos maiores do próprio Estado. 
A regularidade das corporações militares deve ser entendida como a condição necessária para que as demais instituições do Estado possam cumprir seu escopo constitucional.
O Direito Penal Militar constitui um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à instituição de infrações penais militares, com as sanções pertinentes, voltadas a garantir os princípios basilares das Forças Armadas e Forças Auxiliares, constituídos pela hierarquia e pela disciplina. 
o Direito Penal Militar tutela variados bens jurídicos, porém sempre mantendo escalas. Em um primeiro plano, por se tratar de ramo específico do direito penal, tutela o binômio hierarquia e disciplina, bases organizacionais das corporações militares. Em segundo plano, não menos relevante, são tutelados os demais bens jurídicos, como vida, integridade física, honra, patrimônio e outros.
- O Direito Penal Militar é especial em razão do objeto de sua tutela jurídica: sempre a regularidade das instituições militares, seja de forma direta, imediata, seja de forma indireta ou mediata;
 - A jurisdição militar integra a denominada jurisdição especial ou extraordinária, porquanto está conferida a um órgão jurisdicional especial, a Justiça Militar (da União ou dos Estados); 
- A especialidade da Justiça Militar guarda relação direta com o objeto de tutela do direito penal militar;
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Art. 125. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
DIREITO PENAL MILITAR é o conjunto de prescrições jurídicas positivadas que valoram negativamente e proíbem o cometimento de delitos militares associam a estes, na condição de seu pressuposto, penas e/ou medidas de segurança, como consequência jurídica fazem parte do Direito Penal Militar 
DIREITO PENAL MILITAR é o conjunto de normas jurídicas que têm por objeto a determinação de infrações penais com suas consequentes medidas coercitivas em face da violação e, ainda, pela garantia dos bens juridicamente tutelados, mormente a regularidade de ação das forças militares, proteger a ordem jurídica militar, fomentando o salutar desenvolver das missões precípuas atribuídas às Forças Armadas e às Forças Auxiliares.
FONTES DO DIREITO PENAL MILITAR
- Fontes – são nascedouros, pontos de gênesis de algo; 
A doutrina divide as fontes em material e formal; sendo que esta última cinde em fontes imediatas e mediatas; 
*Fonte material; 
*Fonte formal imediata; 
*Fonte formal mediata;
FONTE MATERIAL
- Fonte material – é compreendida como a via hábil à produção do direito penal militar, o qual é traduzida por uma possibilidade reservada à União; 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Trata-se de competência legislativa privativa – admite delegação; não é exclusiva
FONTE FORMAL 
- Fonte formal – é aquela que permite o conhecimento do direito, proporcionando a exteriorização das normas penais, dividindo-se em imediatas e mediatas; 
- Fonte formal imediata – é a lei; apenas a lei complementar e a lei ordinária podem veicular matéria penal militar; o CPM – Decreto-Lei 1001/69; 
- Fonte formal mediata – costumes, princípios gerais do direito, analogia, jurisprudência;
AS CORPORAÇÕES MILITARES
O termo MILITAR no âmbito da Constituição Federal de 1988 refere-se: 
Art. 142 - § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; 
(...) 
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos; 
(...).
Após a EC n°18/1998 não são mais servidores públicos militares, são MILITARES FEDERAIS
Art. 42 - Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Território. 
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. 
Após a EC n°18/1998 não são mais servidores públicos militares, são MILITARES ESTADUAIS/DISTRITAIS
FORÇAS ARMADAS 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Nota-se, diante do texto constitucional, que as Forças Armadas são: 
– Instituições nacionais; 
– Base na hierarquia e na disciplina;
– Presidente da República é a autoridade suprema; 
– Defesa interna e territorial.
AS POLÍCIAS MILITARES E CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES 
Art. 144 § 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidasem lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. 
Art. 144 § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
Nota-se, diante do texto constitucional, que as Polícias e Corpos de Bombeiros Militares são: 
– Instituições estaduais/distritais;
– Base na hierarquia e na disciplina; 
– Governadores dos Estados-Membros são as autoridades supremas;
Além disso: 
- Cabe as PMs: o policiamento ostensivo e preservação da ordem pública; 
–Cabe aos CBMs: atividades de defesa civil; 
–São forças auxiliares e reserva do Exército
Todas as instituições militares são baseadas na: 
- Disciplina: poder que os superiores hierárquicos têm de impor condutas e dar ordens aos inferiores. 
- Hierarquia: vínculo de subordinação escalonada e graduada de inferior a superior.
Alexandre Carvalho diz que as instituições militares são partes inalienáveis do Estado Democrático de Direitos. Para que haja efetivamente a supremacia/regularidade da disciplina e da hierarquia há os Regulamentos Disciplinares e o Código Penal Militar.
As transgressões disciplinares são julgadas pelos Comandantes, Chefes e Diretores das Instituições Militares; 
- Para apurar há o processo administrativo disciplinar militar; 
- O documento que explicita o ilícito é a nota de punição; 
- Somente é aplicada a militares;
- A sanção é uma punição disciplinar;
Os Crimes Militares são julgados pelos membros do Judiciário; 
- Para apurar há o processo penal militar; 
- O documento que explicita o ilícito é a sentença/acórdão; 
- São aplicadas a militares e civis; 
- A sanção é uma pena;
NOÇÃO SOBRE A JUSTIÇA MILITAR
No Brasil, com o intuito pedagógico e didático, a Justiça se divide em: 
- Justiça Ordinária – demandas cotidianas - segue o rito ordinário, estão as áreas cíveis e penais; 
- Justiça Especial – compreende matérias exclusivas e determinadas: 
1) Justiça do Trabalho: conflitos das relações trabalhistas; 
2) Justiça Eleitoral: conflitos relacionados com o pleito eleitoral; 
3) Justiça Militar: conflitos relacionados a crimes militares.
A JUSTIÇA MILITAR 
Art 124 da CF. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Em virtude das diferenças entre as Instituições militares, a JM se divide em: 
- Justiça Militar Federal ou da União – julga os delitos castrense relacionados com as Forças Armadas; 
- Justiça Militar Estadual – julga os crimes militares ligados as Polícias Militares e Corpos de Bombeiro Militares.
A Justiça Militar, no âmbito penal, julga apenas CRIME MILITAR. 
A JM é uma das únicas que mantém as decisões dos escabinatos. 
No momento do julgamento não há conexão, nem continência, de acordo com o inciso I do artigo 79 do CPP 
• CC N. 77.138 – RS (2007/0005534-5) STJ - PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME MILITAR. CRIME DE HOMICÍDIO. CONEXÃO. REUNIÃO DOS PROCESSOS. IMPOSSIBILIDADE.
A Justiça Militar, no âmbito penal, julga apenas CRIME MILITAR
 A JM não julga ato de impropriedade administrativa, salvo se este for ato disciplinar militar 
CC 100682 MG/STJ - CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PROPOSTA PELO MP CONTRA SERVIDORES MILITARES. AGRESSÕES FÍSICAS E MORAIS CONTRA MENOR INFRATOR NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO POLICIAL. EMENDA 45/2005. ACRÉSCIMO DE JURISDIÇÃO CÍVEL À JUSTIÇA MILITAR. AÇÕES CONTRA ATOS DISCIPLINARES MILITARES. INTERPRETAÇÃO. DESNECESSIDADE DE FRACIONAMENTO DA COMPETÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DO ART. 125, §4º, IN FINE, DA CF/1988. PRECEDENTES DO SUPREMO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM DO ESTADO.
A JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO
A Justiça Militar da União julga os Crimes Militares cometidos por militares e por civis; 
- Se o Crime Militar for cometido por oficiais, exceto generais, será julgado pelo Conselho Especial de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz Federal da Justiça Militar – antigo Juiz Auditor) 
- Se o Crime Militar for cometido pelas praças e pelos civis, será julgado pelo Conselho de Justiça Permanente – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado ( Juiz Federal da Justiça Militar – antigo Juiz Auditor)
A Justiça Militar da União não possui Tribunais Regionais, como os TREs e TRTs; 
Os oficiais generais são julgados originariamente pelo STM; 
A 2ª instância da JMU é o Superior Tribunal Militar.
Principais alterações trazidas pela Lei n° 13.774/2018: 
- Nomenclatura do juiz togado: Juiz Federal da Justiça Militar (inciso IV do art. 1°;) 
- Presidência dos conselhos de justiça – CEJ e CPJ - pelo juiz togado(inciso I-A do art. 30); 
- Julgamento monocrático pelo juiz togado do crime militar cometido por civil ou por militar em concurso com civil (inciso I-B do art. 30); 
- Julgamento dos habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade militar praticado em razão da ocorrência de crime militar, exceto o praticado por oficial-general pelo Juiz Federal da Justiça Militar (inciso I-C do art. 30).
A JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
- Art. 125 § 4º CF - compete à Justiça Militar processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil; 
- Observa-se que a JME não julga civil, apenas militares estaduais/distritais; 
- A 2ª instância da JME é o TJ ou TJME; 
- Quando o efetivo de PM e CBM de um estado da federação ou do Distrito Federal for superior a 20 mil poderá ser criado o TJME.
A Justiça Militar Estadual julga os Crimes Militares cometidos por policiais e bombeiros militares; 
- Se o Crime Militar for cometido por oficiais, será julgado pelo Conselho Especial de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz de Direito do Juízo Militar – Juiz Auditor); 
- Se o Crime Militar for cometido pelas praças será julgado pelo Conselho Permanente de Justiça – 04 Juízes Militares e 01 Juiz Togado (Juiz de Direito do Juízo Militar – Juiz Auditor).
STF - HABEAS CORPUS N. 00685102/130 
EMENTA: Crime praticado por militar e civil, em coautoria. Continência de causa – cumulação subjetiva entre crime comum e militar (art. 100, “a”, CPPM., e art. 77, do CPP). Hipótese em que não se justifica a unidade de processo e julgamento (art. 102, “a”, CPPM., e o art. 79, I, do CPP). Competência da jurisdição castrense para o julgamento do militar e da jurisdição comum para o civil.
A JUSTIÇA MILITAR E A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004
Inserção do parágrafo único do artigo 9° do CPM, acrescido pela Lei n. 9299/96, na CF; 
- No âmbito da JME: 
- Julgamento pelo Juiz do juízo militar das ações judiciais contra atos disciplinares; 
- Julgamento monocrático pelo Juiz do Juízo Militar nos CMs quando a vítima for civil; 
- Presidência dos Conselhos da JME – será o Juiz do Juízo Militar; 
- Possibilidade de criação dos TJMEs com 20.000 PMs e CBMs.
JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO X JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
A Justiça Militar da União: julga CMs cometidos por militares das Forças Armadas e civis; a 2ª Instância é o STM; somente julga crimes miliatres; o juiz togado denomina-se Juiz Federal da Justiça Militar; 
- A Justiça Militar Estadual: julga CMs cometidos por policiais militares e bombeiros militares; a 2ª Instância é o TJ ou TJME; julga crimes militares e ações judiciais de atos disciplinares; o juiz togado denomina-se Juiz de Direito do Juízo Militar;
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR
CRIME MILITAR 
Art. 124 da CF – À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
JUSTIÇA MILITAR julga CRIME MILITAR 
O critério que define um delito como crime militar é a lei conforme leitura do texto constitucional. 
Critério em razão da lei – rattione legis
Atualmente a lei que define um crime militar é o Código Penal Militar – Decreto-Lei 1001/1969 
No CPM , os crimes militares são divididos em: crimes militares em tempo de paz e crimes militares em tempo de guerra. 
No artigo 9° do CPM encontram-se as hipóteses de caracterizaçãodos crimes militares em tempo de paz; 
No artigo 10 do CPM encontram-se as hipóteses de caracterização dos crimes militares em tempo de guerra;
Expressões importantes: 
Militares na inatividade – militares que “se aposentaram”: 
- Militares que estão na reserva – “por tempo de serviço” - podem ser convocados;
 - Militares que estão na reforma – “por idade ou por incapacidade” - não podem ser convocados. 
O militar da reserva ou reformado quando contratados temporariamente contratados para executar tarefa por tempo certo – PTTC – continua sendo militar da reserva – “não usam farda”- não são equiparados a militares da ativa.
O militar da reserva quando convocados/mobilizado, diferentemente dos PTTC, aí se equiparam aos militares da ativa. “usam farda” 
Equiparação a militar da ativa
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar
Militar da reserva ou reformado 
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou contra ele é praticado crime militar. 
Um militar que foi para reserva há 20 anos na graduação de sargento, continua sargento.
Defeito de incorporação 
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime. 
Incorporação – quando uma pessoa deixa de ser civil e passa a ser militar – deve fazer um juramento formal previsto na legislação militar.
Militares estrangeiros 
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções internacionais. 
Atentar para o que estiver previsto nos acordos internacionais.
Castrense - Militar; 
•Caserna - Quartel. 
Assemelhados – eram funcionários públicos civis regidos pela disciplina militar – eram lotados nas Forças Armadas – não existe mais esta figura do civil assemelhado a militar na esfera federal.
Militar em atividade – militar que se encontra na ativa – “em exercício” – podendo ser: 
- Militar em serviço; ou 
- Militar está de folga: gozo de férias, licença ou outro afastamento legal.
O Militar que se encontra agregado – “cedido” é militar da ativa 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 1. Compete à Justiça Militar processar e julgar crime praticado por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado (art. 9º, inciso II, alínea "a", do Código Penal Militar). 2. Militar em situação de atividade quer dizer "da ativa" e não "em serviço", em oposição a militar da reserva ou aposentado. 3. Precedentes do STJ e do STF. 4. Conflito conhecido para declarar competente a Justiça Militar, juízo suscitante. ( STJ, CC 85607/SP – Rel. Min. OG FERNANDES)
Soldado PM Temporário – criado pela Lei n° 10.029/2000 – para prestação voluntária de serviços administrativos e de serviços auxiliares de saúde e de defesa civil nas Polícias Militares e nos Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal.
Comandante
 Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda autoridade com função de direção.
Comandante – direção 
Superior 
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 
Superior – autoridade – critério mais abrangente
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR EM TEMPO DE PAZ
Art. 9° CPM – Consideram-se crimes militares em tempo de paz: 
I – Os crimes de que trata este código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nelas não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
No Inciso I do art. 9°, estão contidas 02 hipóteses de caracterização: 
- 1ª - A conduta criminosa está prevista no COM e também está na legislação penal comum, porém de forma diversa; 
Exemplo 1 – crime de Desacato 
- Art. 331, CP – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. 
- Art. 298, CPM - Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade.
Exemplo 2 – crime de Omissão de Socorro 
Art. 135, CPB – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Art. 201, CPM – Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam pedido socorro: CRIME MILITA
- No Inciso I do art. 9°, 02 situações: 
- 2ª - A conduta criminosa está prevista somente no CPM;
Exemplo 1 - Dormir em serviço 
Art. 203, CPM – Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza semelhante
Exemplo 2 - Deserção 
art. 187, CPM – Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias.
Exemplo 3 - Pederastia ou outro ato de libidinagem 
art. 235, CPM - Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar.
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II - os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
- Não precisa está de serviço;
- Não precisa está fardado; 
- Não precisa ocorrer no interior de um quartel; 
CC 85607 – SP STJ - PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 
RE 122706 STF – “O homicídio de um cabo da marinha contra um cabo da mesma Força, ambos da ativa, na residência da vítima, fora de zona militar seria crime militar.”
A jurisprudência do STF tem se firmado no sentido de que o cometimento de delito por agente militar contra vítima militar somente desafia a competência da Justiça Militar nos casos em que houver vínculo direto com o desempenho da atividade militar. 
O STJ entende que as patentes militares, por si só, não se revelam suficiente para atrair a competência da Justiça Militar Especializada. 
O STM mantém sua tradicional orientação, seguindo o preceito legal contido na alínea a do inciso II do artigo 9 do CPM.
- O autor militar precisa saber que a vítima é outro militar também 
- A posterior exclusão do serviço ativo das forças armadas é irrelevante, afere a condição de militar no momento da conduta.
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
- Militar da ativa – dentro do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militar da ativa; 
Lugar sujeito a administração militar – “quartel” - é aquele pertencente ao patrimônio das instituições militares ou que se encontra sob sua administração por disposição legal ou por ordem de autoridade competente – compreende bens imóveis e os móveis (veículo, embarcação, aeronave).
“Lugar sujeito a Administração militar “– julgados importantes: 
- Não abrange o interior de um domicílio situado dentro de uma vila militar – HC 58883-2 RJ – STF; 
- Abrange os espaços comuns das vilas militares;
 - Não abrange o interior do STM e das Auditorias Militares – CC 52174 DF – STJ 
- Não abrange instalações militares utilizadas para prática de clube social – HC 95471 MS – STF
C) por militar em serviço ou atuando em razão da função,em comissão de natureza militar; ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito á administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; 
Militar de serviço – fora do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militar da ativa;
“ Militares em serviço “– julgados/informes importantes: 
- Abrange o desempenho de policiamento ostensivo dos militares das Forças Armadas auxiliando o serviço de segurança pública – Art. 15 da LC 97/1999;
- Não abrange situações em que militares estão realizando serviços particulares – CC 7120 PA STF; 
- Não abrange o militar que estava de serviço e abandona seu posto e pratica infração penal – HC 91658 RJ STF
- Abrange situação em que militar de serviço, em situação de prisão, em decorrência de perseguição, efetua prisão ainda que for a da área de responsabilidade do policmaneto na qual estava escalado – RHC 60278 SP STF; 
- Abrange serviço realizado por militar de natureza de policiamento civil – HC 82141 MS STF;
O delito será militar se o autor for militar e o acidente envolver viatura militar em serviço, seja vítima civil ou militar. Após a Lei 13491/2017, os crimes de lesão corporal culposa e homicídio culposo na direção de veículo automotor, previstos nos artigos 302 e 303 do CTB, passam a ser crimes militares por extensão, se o militar estiver atuando em razão da função.
O STJ afirmou a competência da JME, em caso de homicídio culposo praticado por militar estadual contra civil. No caso, o policial militar em horário de folga e à paisana, abordou veículo ocupado por 4 indivíduos que vinha trafegando em alta velocidade e derrapando pneus, colocando em risco a segurança das pessoas que transitavam pela via. Após se identificar como policial militar, solicitou que todos os ocupantes saíssem do automóvel e, ato contínuo, empunhando sua arma de fogo particular carregada na mão direita , tentou tirar a chave da ignição com a mão esquerda. No entanto foi impedido pelo condutor embriagado e após um rápido embate com o réu, teria acidentalmente esbarrado na arma, causando inesperado disparo. (CC 152341/MG).
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
- Militar em treinamento – fora do quartel – contra qualquer pessoa, exceto militares da ativa;
- Manobras – adestramento da tropa no campo; 
- Exercício – adestramento da tropa; 
Militar em exercício ou em manobra também é militar em serviço
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra patrimônio sob administração militar, ou ordem administrativa militar; 
- Militar da ativa contra patrimônio sob administração militar; 
Com a edição da lei 13491/2017, alguns delitos não previstos no CPM, praticados por militar contra a administração, passaram a ser considerados crimes militares por extensão como por exemplo, a inserção de dados falsos em sistemas informatizados (art. 313-A, CP), crimes de licitações, dentre outros.
“Patrimônio sob administração militar”– julgados/informes importantes: 
- Não abrange os objetos no interior de um domicílio dentro de uma vila militar – Doutrina; 
- Abrange o fundo de saúde da instituição militar – CC 48014 RS – STJ; 
- Abrange os recursos advindos para Capelania Militar – RHC 96814 PA – STF; 
- Abrange os recursos advindos de pensão militar – HC 84735 PR
Art. 9° CPM – Consideram-se crimes militares em tempo de paz: 
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
A alteração inserida pela Lei 13491/2017 também alcança o inciso III, devendo ser elencados como crimes militares por extensão. 
Todas as hipóteses de caracterização referem-se contra as instituições militares tendo sempre como sujeito ativo pessoas que não seja militar da ativa.
Para efeito de definir o crime militar, equipara-se o militar da reserva e o reformado ao civil. 
O inciso III somente se aplica na esfera da JMU, uma vez que a JME somente julga militares dos Estados conforme dispositivo constitucional.
Art. 124 da CF - À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Art. 125, § 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
Orientação consolidada do STF – o cometimento de crime militar por agente civil em tempo de paz se dá em caráter excepcional, traduzindo em ofensa àqueles bens jurídicos tipicamente associados à função de natureza militar: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da Lei e da Ordem. ( STF – HC 86216/NG. Rel. Min. CARLOS BRITO. Primeira Turma. Publicação 24/10/2008).
Alteração da LOJMU pela 13774/2018 – competência monocrática do juiz togado 
Art. 30 da LOJMU - Compete ao juiz federal da Justiça Militar, monocraticamente: 
(...) 
I-B - processar e julgar civis nos casos previstos nos incisos I e III do art. 9º do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal Militar), e militares, quando estes forem acusados juntamente com aqueles no mesmo processo.
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar 
- Vide julgados da expressão – “patrimônio sob administração militar” 
- Se o objeto do delito é patrimônio sob a administração militar – armamento que pertenceu à polícia civil e que se encontrava sob custódia do exército para fins de destruição – o crime é de natureza militar. ( HC 119581, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, 07-05- 2014)
COMPETÊNCIA – CRIME MILITAR – PENSÃO – ESTELIONATO – ADMINISTRAÇÃO MILITAR. Cumpre à Justiça Militar julgar processo crime em que versado estelionato, sendo o objeto protegido a administração militar. ( STF – HC 119268, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 07/03/2017).
O falso testemunho praticado por militar reformado em auditoria militar ( que é órgão do Poder Judiciário Federal ) caracteriza crime comum, de competência da Justiça Federal. ( STJ – CC 55432 – Terceira Seção).
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
- Civil ou Militar da inatividade, dentro do quartel contra Militar da ativa ou Funcionário Público do MPM ou da JM no exercício da função.
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
- Civil ou Militar da inatividade, fora do quartel, contra Militar em treinamento;
- acampamento – treinamento de militar no campo, onde os militares pernoitam em barracas;
- acantonamento – treinamento de militar no campo, onde os militares pernoitam em alojamentos;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.” 
- Civil ou Militar na inatividade, for a do quartel, contra militar em serviço de natureza militar; 
- Exemplos: Contra militares do GSI e no Pan Americano; 
- As duas turmas do STF pacificaram a natureza militar da conduta praticada do civil contra militar que se encontra em policiamento ostensivo em virtude de processo de ocupação e pacificação.
Art. 9°§ 1 o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
§ 2 o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadascontra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei n o 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar n o 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei n o 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar;e 
d) Lei n o 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral.
- Se o autor do crime for um civil, preenchendo uma hipótese do artigo 9° do CPM, sendo vítima civil – crime será militar – HC 91003 BA – STF; 
- Durante o tribunal do júri, se houver desclassificação para crime que não seja doloso contra vida – será crime militar – RHC 80718 RS STF.
NOÇÃO SOBRE CRIME MILITAR EM TEMPO DE GUERRA
Tempo de guerra 
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das hostilidades. 
Inicia – com a declaração ou reconhecimento do estado de guerra; 
Termina – com a ordenação da cessação das hostilidades. Não é com a declaração do estado de paz.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
(...) 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; 
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; 
- A única hipótese legitimada pela CF; 
- O estado de guerra pode ocorrer independentemente da declaração formal de guerra – desde que evidenciado atos de guerra – um Estado contra o outro através de sua força armada.
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo; 
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado.
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;
 Os crimes especialmente previstos no CPM para o tempo de guerra estão elencados no Livro II da Parte Especial, a partir do artigo 355 em diante. 
Traição 
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
São os crimes previstos no Livro I da Parte Especial, a partir do artigo 136, agregando a circunstância temporal – praticado em tempo de guerra. 
Crimes praticados em tempo de guerra 
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.
Deserção 
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.
Art. 391. Praticar crime de deserção definido no Capítulo II, do Título III, do Livro I, da Parte Especial: Pena - a cominada ao mesmo crime, com aumento da metade, se o fato não constitui crime mais grave.
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-la a perigo.
No inciso III é importante perceber que trata de crimes impropriamente militares, todavia somente será crime militar em tempo de guerra se o delito ocorrer em: 
- Território nacional ou estrangeiro, militarmente ocupado; ou 
- Em qualquer lugar, se comprometer a preparação, eficiência ou as operações militares ou, de qualquer forma, atentar contra segurança externa do país ou por expor a perigo.
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado. 
Crime praticado em presença do inimigo 
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.
No inciso IV pode se concluir que mesmo um crime comum, não previsto no CPM, praticado por um civil, pode ser classificado como crime militar em tempo de guerra se ocorrer na presença do inimigo, ou seja, em zona de efetivas operações militares. 
A majorante do artigo 20 não abrange apenas o inciso I, os demais são abrangidos.
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em prejuízo de país em guerra contra país inimigo do Brasil: 
I - se o crime é praticado por brasileiro; 
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro, militarmente ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente. 
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil. 
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
O CPM – Decreto-Lei n. 1001, 21 de outubro de 1969 
Princípio da Especialidade 
LEX SPECIALIS DEROGAT LEX GENERALI 
LEI ESPECIAL DERROGA LEI GERAL
Princípio de legalidade 
Art. 1o CPM - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem previa cominação legal. 
- Lei Complementar ou Lei Ordinária; 
- Medida Provisória??? EC n° 32/2001 – art. 62, pár. 1° , inciso I, “b”; 
- Âmbito nacional; 
DPM = DP
Lei supressiva de incriminação 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. 
Retroatividade de lei mais benigna 
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível 
Apuração da maior benignidade 
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
Lei supressiva de incriminação 
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil. 
Abolitio criminis Efeitos: 
- liberdade;
- Primariedade; 
- Não cessa a obrigação cível (se já houver o trânsito em julgado da sentença condenatória – títuloexecutivo judicial já constituído);
Retroatividade de lei mais benigna - Lex Mitior ou Novatio legis in mellius 
Art. 2° , § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
A lei penal nova somente alcança o fato ocorrido antes da vigência se for uma lei melhor, mais benéfica. 
Art. 5° , inciso XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
Súmula 611 do STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
No âmbito da Justiça Militar da União compete ao Juiz Auditor (juiz togado) a execução das penas cumpridas em presídios militares. 
Na JME – juiz da Vara de Execuções Penais – par. Único do art. 2 da LEP e súmula 192 do STJ.
Apuração da maior benignidade 
Art. 2° , § 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. 
A lei melhor é aquela que atenua a resposta penal, reduzindo o tempo de encarceramento ou a quantidade de pena. 
A aferição da benignidade da lei nova deve ser feita no caso concreto.
Apuração da maior benignidade 
Não é possível a combinação de elementos benéficos de leis distintas, uma vez que assim o juiz estaria criando uma terceira lei (lex tertia). 
“(...) A aplicação do CPM apenas na parte que interessa ao paciente (...) representaria a criação de uma norma híbrida, em parte composta pelo CPM e, em outra parte, pelo código penal comum. Isto, evidentemente, violaria o princípio da reserva legal ou o princípio da separação dos poderes.” STF HC 86459/RJ. Rel.: Min. JOAQUIM BARBOSA – Segunda Turma. Publicação DJ 02- 02-2007. 
Processo envolvendo aplicação da lei de crime hediondos na esfera militar.
Medidas de segurança
 Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. 
Segundo o CPM prevalece a lei vigente no tempo da execução, se diversa da lei ao tempo da sentença.
Todavia, deve ser analisado que uma lei penal posterior somente se aplica aos fatos anteriores a sua vigência se trouxer algum benefício ao réu – inciso XL do art. 5° da CF.
Lei excepcional ou temporária 
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Lei temporária – início e término certo; 
Lei excepcional – início certo e término eventual; 
Se um agente praticar um crime militar durante a vigência de uma lei temporária ou excepcional, mas somente vem a ser julgado em momento posterior à sua revogação, já em período de normalidade, deve submeter-se àquela norma, ainda que mais gravosa – lei ultra-ativa. 
DPM=DP
Tempo do Crime Militar 
Art. 5° do CPM - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
- Teoria adotada – teoria da atividade 
- Tempo do CM – tempo da ação ou omissão
Não esquecer da Súmula 711 do STF que também se aplica para os crimes militares: 
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
DPM = DP
Lugar do Crime Militar 
Art. 6°- Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida. 
- crimes comissivos: teoria da ubiquidade 
- crimes omissivos: teoria da atividade
Territorialidade, Extraterritorialidade 
Art. 7º do CPM Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Art. 5º do CPB - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
- No Direito Penal 
Regra: territorialidade; 
Exceção: extraterritorialidade. 
- No Direito Penal Militar 
Regra: territorialidade temperada (sem prejuízo as convenções internacionais) e a extraterritorialidade irrestrita (incondicionada).
DPM ≠ DP
RESUMO - Aplica-se a Lei Penal Militar brasileira quando o Crime militar ocorrer dentro ou fora do território nacional. 
- Se Militar Federal cometer crime militar fora do Brasil – art. 91 CPPM – foro da capital da União 
Art. 91 do CPPM - Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra, processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte.
- Se PM/BM cometer crime militar fora do Brasil – aplica-se a Sumula 78 STJ – juízo militar do seu Estado de origem do militar estadual/distrital. 
Compete a Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa. (Súmula 78, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/06/1993, DJ 16/06/1993).
Território – é o âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado evidenciado no território efetivo que corresponde à superfície terrestre, águas territoriais e ao espaço aéreo correspondente. 
O mar territorial estende-se por 12 milhas da costa, não se confundindo com a zona econômica exclusiva que é de 200 milhas.
Art. 7°§ 1° - Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada. 
Art. 7° § 3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando militar.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros 
Art. 7°§ 2° - É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares. 
Requisitos para aplicação da lei penal militar brasileira: 
- Crime ocorrer no interior de aeronave ou navio estrangeiro; 
- Localizado no quartel; e 
- Crime atentatório as instituições militares.
Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela e computada, quando idênticas. 
- Aplica-se a Detração penal – desconto da pena cumprida provisoriamente ou no estrangeiro; 
- Aplicação do princípio non bis in idem - Existência de 02 ações judiciais em searas diferentes pela prática de fatos distintos – não é bis in idem – RE CC 91016 MT – STJ 
DPM = DP
- Aplicação do princípio non bis in idem - Existência de 02 ações judiciais em searas diferentes pela prática de fatos distintos – não é bis in idem 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ACIDENTE AÉREO. ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANSPORTE AÉREO. INOBSERVÂNCIA DE LEI, REGULAMENTO OU INSTRUÇÃO E HOMICÍDIO CULPOSO.DELITOS PRATICADOS POR MILITARES, CONTROLADORES DE VÔO. CRIMES DE NATUREZA MILITAR E COMUM. DESMEMBRAMENTO. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA DE CONFLITO. 1. Não ofende o princípio do ne bis in idem o fato dos controladores de vôo estarem respondendo a processo na Justiça Militar e na Justiça comum pelo mesmo fato da vida, qual seja o acidente aéreo que ocasionou a queda do Boeing 737/800 da Gol Linhas Aéreas no Município de Peixoto de Azevedo, no Estado do Mato Grosso, com a morte de todos os seus ocupantes, uma vez que as imputações são distintas. 2. Solução que se encontra, mutatis mutandis, no enunciado da Súmula 90/STJ: "Compete à Justiça Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele". 3. Conflito não conhecido. (STJ – CC 91016/MT – Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI – Terceira Seção).
INSTITUTOS DO CRIME MILITAR 
ITER CRIMINIS 
- Cogitação (cogitatio) 
– atos mentais; - Preparação (conatus remotus) 
– atos preparatórios para a realização do delito; regra que não são puníveis; todavia em algumas situações o legislador do CPM quis punir de forma autônoma condutas que podem ser consideradas atos preparatórios – ex: crime de conspiração – art. 152; 
- Execução (conatus proximus) – quando o agente ingressa nos atos executórios. 
- Consumação (summatum opus) – quando se reúne todos os elementos definidos na lei; 
- Exaurimento – é a fase posterior à consumação do delito; 
Ato executório – é o comportamento descrito no tipo penal objetivo – CPM adotou a teoria objetivo-formal; 
Conspiração 
Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime previsto no artigo 149: Pena - reclusão, de três a cinco anos. 
Motim 
Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados: 
I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la; 
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior; 
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina militar: Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.
Tentativa 
Art. 30 – Inciso II CPM - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime consumado.
- Na tentativa “EU QUERO MAS NAO POSSO” 
- Tentativa perfeita - todos os meios de execução foram realizados – crime falho 
- Tentativa imperfeita – nem todos os meios de execução foram realizados 
- Tentativa branca ou incruenta – não há ofensa ao bem jurídico tutelado 
- Tentativa vermelha ou cruenta – há ofensa ao bem jurídico tutelado
No Direito Penal – instituto e causa obrigatória de redução de pena 
No Direito Penal Militar – instituto facultativo de redução de pena – teoria objetiva temperada 
- Regra: teoria objetiva – diminui de um a 2 terços; 
- Exceção: teoria subjetiva - EXTRAORDINARIAMENTE pode ser aplicada a pena do crime consumado ao crime tentado.
Desistência voluntária 
Art. 31 CPM - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, responde pelos atos já praticados. 
- Desistência voluntária – inicia a execução mas, voluntariamente, não continua a atividade delitiva; 
A desistência não precisa ser espontânea; - Segundo o STF (HC 115215) – trata-se de causa pessoal de exclusão da punibilidade.
- Arrependimento eficaz – pratica todos os atos de execução, porém depois, voluntariamente, pratica atos que inviabiliza a consumação delitiva; 
Desistência voluntária – processo de execução ainda em curso; 
Arrependimento eficaz – processo de execução já encerrado. 
Nos institutos respondem pelos atos praticados.
DP=DPM
Arrependimento Posterior 
Art. 16 CPB - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça a pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
No DPM não há previsão deste instituto como causa obrigatória de redução de pena na Parte Geral. 
Na Parte Especial tem a diminuição de pena no crime de furto atenuado (art. 240,§2°)apropriação indébita (art. 250), estelionato (art. 253), receptação (art. 254, p. único) e dano (art. 260, p. único). - Peculato Culposo (art. 303, §4° do CPM).
DPM ≠ DP
Furto simples 
Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, até seis anos. 
Furto atenuado
 § 1º Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país. 
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado, antes de instaurada a ação penal.
Peculato 
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de três a quinze anos. §
 1º A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário mínimo. 
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendose da facilidade que lhe proporciona a qualidade de militar ou de funcionário. 
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.
Crime impossível
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável. 
CPM adotou a teoria objetiva temperada – somente afasta a punibilidade da tentativa somente quando houver ineficácia absoluta do meio empregado ou absoluta impropriedade do objeto. 
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. (STJ Súmula 567, 3ª Seção).
O raciocínio da súmula pode ser aplicado em caso de furto praticado em detrimento de estabelecimento militar com monitoração por câmeras de vigilância. 
DPM=DP
Excludentes de Ilicitude
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento do dever legal; 
IV - em exercício regular de direito. 
Parágrafo único. Não ha igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desanimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque.
- Teoria da Ratio Cognoscendi – a tipicidade exerce uma função indiciária de ilicitude – verificada a ocorrência de um fato típico, há um juízo condicionado de ilicitude. 
Requisitos: 
- Objetivo – diz respeitoaos elementos objetivos constantes da norma permissiva; 
- Subjetivo – consciência e vontade de agir justificadamente, evidenciada pela relação de congruência entre a conduta do agente a norma que permite sua prática.
- O consentimento do ofendido – causa supralegal de exclusão de ilicitude – não se aplica na esfera penal militar – bens jurídicos são indisponíveis – ação penal pública. 
- O CPM apresenta um rol meramente enumerativo de excludentes de ilicitude – lista não pode ser exaustiva – não se trata de questão exclusiva da esfera penal, mas do ordenamento jurídico em geral.
LEGÍTIMA DEFESA 
- Possibilidade de reação direta do sujeito em defesa de um direito próprio ou de terceiro, em face da impossibilidade de intervenção tempestiva do Estado, que tem igualmente por fim que interesses dignos de tutelas não afetados. 
Requisitos: 
- Agressão injusta; 
- Atualidade ou iminência da agressão; 
- Defesa de direito próprio ou de terceiro;
 - Uso moderado dos meios necessários 
Os ofendículos – legítima defesa preordenada.
Exercício regular do direito 
O sujeito usufrui de uma faculdade conferida pelo ordenamento jurídico, desempenhando uma atividade ou realizando uma conduta autorizada. 
O agente tem que ter consciência e a vontade de agir de acordo com o direito.
Estrito cumprimento do dever legal 
Relacionado aos deveres de intervenção dos agentes públicos na esfera particular com o fito de garantir o cumprimento da lei. 
Dever legal – é aquele previsto em norma jurídica de caráter geral, penal extrapenal, incluindo normas jurídico- administrativas (decreto, portaria, regulamento). 
Tratando apenas de uma ordem, não de lei, pode haver exclusão da culpabilidade, pela obediência à ordem não manifestamente ilegal, mas não exclusão da ilicitude.
Excludente do Comandante ou Excludente Inominada 
Paragrafo único art. 42 CPM – Excludente do Comandante 
- O CMT, em situações extremas, 
- Pode compele os subalternos, 
- por meios violentos,
- Executar manobras urgentes, 
- para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desanimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque. 
Não há crime militar de violência contra inferior, art. 176 CPM, por parte do Comandante.
Estado de Necessidade
 - CPB – teoria unitária – EN apenas justificante; 
- CPM – teoria dualista – alemã/diferenciadora 
EN justificante – exclui ilicitude – não há crime militar – art. 43 
EN exculpante – exclui a culpabilidade – ha crime militar, mas não haverá pena – art. 39
Estado de Necessidade Justificante 
Art. 43 CPM - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, e consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo. 
- O bem jurídico sacrificado e inferior ao protegido
Estado de Necessidade Exculpante
 Art. 39. Não e igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem esta ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. 
- O bem jurídico sacrificado e igual ou superior ao protegido
EXCESSOS NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO 
Excesso culposo 
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação. 
O agente que em qualquer causa de excludente, excede culposamente os limites da necessidade responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
Exemplo: após fazer cessar a injusta agressão, o agente dá continuidade à repulsa agressão, quando esta já não é mais necessária.
Excesso doloso 
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso.
Excesso decorrente de direito - acontece quando após iniciada a ação justificada, em virtude do erro de interpretação da lei quanto aos limites da causa de justificação, o sujeito acredita que pode prosseguir ainda albergado pela excludente do crime. 
O agente responde pelo resultado a título de dolo, sendo facultado ao juiz aplicação de atenuante.
Excesso exculpante ou escusável 
Trata-se de uma ocorrência de um excesso na reação defensiva que por suas peculiaridades não merece ser apenado. 
É necessário que as circunstâncias do caso concreto evidenciem que a perturbação psíquica retirou do sujeito a possibilidade de avaliar corretamente a intensidade de sua reação defensiva. 
No DP é uma causa supralegal, no CPM é causa legal de exclusão da culpabilidade do agente por inexigibilidade de conduta diversa.
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Noção – é a capacidade que o agente de uma conduta proibida tem, na situação concreta, de apreender a ilicitude de seu comportamento. 
Não se trata de uma consciência técnico-jurídica ou formal – mas de uma consciência do injusto para um leigo – a imoralidade, antissocialidade ou lesividade de sua conduta.
O CPM abordou a consciência da ilicitude diferentemente do CPB; 
No CPM prevê o erro de direito no artigo 35. 
Adotou-se igual tratamento da ignorância da lei ao erro de interpretação da lei. 
No erro de direito, o sujeito ao praticar o fato, supõe lícito porque ignora a norma ou porque, apesar de conhece-la, interpreta-a de forma equivocada. 
Não se tem erro de proibição – ideia mais recente – se volta para questão da ilicitude.
Erro de direito
 Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
 - No erro de proibição (CPB) – o agente supõe autorizada uma conduta que é proibida – faz um juízo equivocado daquilo que não lhe é permitido fazer em sociedade.
O CPM não isenta de pena o agente que supõe o fato por ignorância ou por erro de direito escusáveis. A pena pode ser atenuada ou substituída. 
Atenuada – artigo 73; 
Substituída – de reclusão para detenção. 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
No CPM não se pode alegar erro de direito em se tratando de crime que atente contra o dever militar, pois neste caso o agente tem a obrigação de conhecer a norma militar e interpretá-la corretamente. 
O militar deve conhecer seu dever. 
Os crimes contra o dever militar estão previstos entre os artigos 187 a 204 do CPM: insubmissão, deserção, abandono de posto.
Erro de fato 
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima. 
No erro de fato, o sujeito equivoca-se quanto algum elemento retrito ao plano fático, pois, ao praticar o crime, supõe a inexistência de circunstância de fato que o constitui. 
Exemplo: o agente toma para si mochila de um colega de farda, por idêntica à sua.
No CPM prevê o erro de fato e no CPB tem o erro de tipo. 
Art. 20 CPB - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Sendo o erro de fato invencível ou plenamente escusável (o agente não tinha como evita-lo, nas circunstâncias em que se encontrava, mesmo tomando todas as cautelas necessárias), o agente é isento de pena. No CPB o erro de tipo exclui o dolo.
Se o erro de fato é vencível ou inescusável ( se o agente tivesse atuado com a diligência exigida, teria evitado o erro), poderá ser punido a título de culpa, se houver previsão legal de modalidade culposa. No CPB também é a puniçãoa título de culpa. 
No CPM, também é previsto o erro sobre descriminante putativa (supõe a existência de situação de fato que tornaria a ação legítima), conferindo o mesmo regramento do erro de fato sobre elemento constitutivo do tipo. 
Exemplo: um soldado de serviço de sentinela, acreditando tratar-se de uma invasão ao quartel, mata um civil que, fugindo de um assalto, corre em direção à área militar para buscar um abrigo.
Erro determinado por terceiro 
2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme o caso. 
Se um terceiro determina o erro dolosamente, deve verificar se o agente incidiu em erro escusável ou inescusável. 
- Se escusável – isento de pena; 
Exemplo: um oficial médico ordena ao enfermeiro que inejte determinado remédio no paciente, o que é feito de imediato. O paciente vem a falecer, pois tratava de um poderoso veneno.
Se um terceiro determina o erro dolosamente, deve verificar se o agente incidiu em erro escusável ou inescusável. 
- Se inescusável – responde a título de culpa. 
Exemplo: um soldado desafia um colega míope mostrar sua boa pontaria disparando sua arma em direção a um tronco postado à distância. O soldado míope e irrefletido dispara e acerta o tronco, que na verdade era outro militar, o qual vem a falecer em virtude do ferimento. O soldado que determinou o erro responde por homicídio doloso e o soldado míope – homicídio culposo.
Se um terceiro determina o erro culposamente, responde a título de culpa, sem prejuízo de se verificar se o agente incorreu em erro escusável (isento de pena) ou inescusável (culpa imprópria).
Erros acidentais 
Neste erro não há isenção de pena, pois não faz o agente julgar lícita a ação criminosa. O sujeito atua dolosamente e com consciência da ilicitude de seu comportamento, mas apenas se equivoca quanto a um elemento não essencial do tipo ou erra no seu movimento de execução atingindo pessoa ou bem jurídico diverso. 
Art. 37. Quando o agente, por êrro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da pena. 
§ 1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. 
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79.
O CPM prevê 3 modalidades de erro: 
- Erro na identificação da pessoa (error in personam); 
- Erro na execução (aberratio ictus); e 
- Erro quanto ao bem jurídico(aberratio criminis).
- Erro na identificação da pessoa (error in personam); 
O agente por erro de percepção, atinge uma pessoa em vez de outra e, portanto, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. A execução foi correta, mas o agente tem uma falha de percepção na identificação da vítima.
 Exemplo: Um soldado pretendendo praticar violência contra superior hierárquico, esconde-se numa trilha pouco iluminada para surpreende-lo, mas confunde-se e golpeia outro soldado. 
Vale também para o erro sobre o objeto.
- Erro na execução (aberratio ictus); 
O agente, por erro no uso dos meios de execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra. A expressão aberratio ictus pode ser traduzida por desvio no golpe. 
Trata-se também de erro de pessoa para pessoa, todavia não por erro de percepção, mas por erro na execução ou por outro acidente. 
Exemplo: Um soldado pretendendo matar um colega, dispara sua arma, vindo a acertar outro militar que passava pelo mesmo local naquele momento. 
- Erro quanto ao bem jurídico(aberratio criminis) 
Ocorre quando, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, que responderá por culpa, se houver previsão legal. 
O sujeito arremessa uma pedra a fim de danificar um vidro do alojamento de praças, mas erra o alvo e acaba atingindo um militar que transitava pela alameda do quartel. Não responde pela tentativa de dano, mas pela lesão culposa. 
TANTO NO ERRO NA EXECUÇÃO QUANTO NO ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO, SE HOUVER DUPLICIDADE DO RESULTADO, APLICA-SE A REGRA DO CONCURSO FORMAL – art. 79.
TANTO NO ERRO NA EXECUÇÃO QUANTO NO ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO, SE HOUVER DUPLICIDADE DO RESULTADO, APLICA-SE A REGRA DO CONCURSO FORMAL – art. 79. 
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma de todas; se, de espécies diferentes, a pena única e a mais grave, mas com aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o disposto no art. 58.
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Noção – é a possibilidade, determinada pelo ordenamento jurídico, de atuar de uma forma distinta e melhor do que aquela a que o sujeito se decidiu. 
Na inexigibilidade de conduta diversa, há uma impossibilidade de determinar-se conforme o Direito, em que pese estar presente a consciência da ilicitude. 
O CPM prevê: a coação irresistível, obediência hierárquica, estado de necessidade exculpante e o excesso escusável.
Coação irresistível 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria vontade 
Na coação moral irresistível, o comportamento é voluntário, mas a vontade é viciada, já que o agente não pode determinar-se livremente. A irresistibilidade da coação é aferida pela gravidade do mal prenunciado, conforme o poder do coator em cumpri-lo.
A ameaça de mal pode ser dirigida ao próprio coagido ou a alguém a ele relacionado. 
Exemplo: um soldado é obrigado a subtrair munição do quartel, caso contrário, seu que está em poder traficantes, será morto.
- Coação moral irresistível – vis compulsiva – exclui a culpabilidade;
- Coação física irresistível- vis absoluta – exclui a tipicidade. 
Na coação irresistível não se exige que o coagido se oponha para atuar conforme o Direito. Somente é punido o autor da coação. O coagido é mero instrumento. 
Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação moral irresistível. Exigência que os militares suportem as mais diversas pressões para assegurar o cumprimento do dever militar.
Se a coação for física, não há conduta, por ausência de vontade; e assim, mesmo em crimes contra o dever militar, o sujeito não pode ser responsabilizado, daí a ressalva da parte final do artigo 40 do CPM. 
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão quando física ou material.
Percebe-se que, se era possível resistir à coação, o juiz tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um têrço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
Obediência hierárquica 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
(...) 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 
1° Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
O dever de obediência do subordinado nasce de um mandato vinculante. Do subordinado que executaum mandato vinculante não é exigível conduta diversa. 
Para que seja não seja culpável, é necessário que o executor seja subordinado hierarquicamente àquele que deu diretamente a ordem e além disso, deve tratar-se de ordem vinculada à matéria de serviços e não manifestamente criminosa. 
Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, é punível também o inferior.
A ordem legal deve ser cumprida, caso contrário responde pelo crime militar de recusa de obediência, artigo 163 do CPM 
Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução: Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
(...) Por outro lado, tenho para mim que a obediência reflete um dos grandes deveres do militar, não cabendo ao subalterno recusar a obediência devida ao superior, sobretudo levando-se em conta os primados da hierarquia e da disciplina. Ademais, inviável delimitar, de forma peremptória, o que seria, dentro da organização militar, ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não há rol taxativo a determinar as diversas atividades inerentes à função policial militar. (...) (HC 101.564, STF, Segunda Turma, Rel. Min. GILMAR MENDES)
O subordinado somente será responsabilizado se tem condições de perceber que a ordem constitui um ato ilícito, diante das circunstâncias por ele conhecidas. 
Quando o subordinado não se dá conta da ilegalidade da ordem, mas está em condições de fazê-lo, não será abarcado por essa inculpabilidade, desde que presentes indícios suficientes que lhe permitam suspeitar da ilicitude do mandato.
Havendo fundada dúvida quanto à legalidade da ordem ( não era manifestamente ilegal, mas era possível ao subalterno perceber algo de errado no comando recebido), o juiz tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
O executor da ordem deve ater-se estritamente aos limites dessa. Se o agente extrapola esses limites, não pode ser beneficiado com a causa de exclusão da culpabilidade, respondendo pelo excesso tanto nos atos quanto na forma de execução. 
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime: 
(...) 
b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de serviços. 
(...) 
2° Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior.
CULPABILIDADE E IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR
A teoria do crime do CPM está estruturada sob a influência da Teoria Neoclássica, a conduta deixou de ter uma concepção puramente naturalística e passou a admitir um sentido normativo – permite ter crimes omissivos, culposos e da tentativa. 
A teoria psicológico-normativa ou complexa foi a adotada pelo CPM para culpabilidade, assim ela passa a ser vista como um juízo de desaprovação jurídica que recai sobre o autor do fato típico e antijurídico.
Noção - é a possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade por algum fato. 
A Imputabilidade penal desdobra-se nos aspectos cognoscitivo (intelectivo) e volitivo (determinação da vontade).
Hipóteses de Inimputabilidade previstas no CPM: 
- Distúrbios mentais; 
- Embriaguez; e 
- Menoridade. 
O CPM NÃO ADOTA O CRITÉRIO PURAMENTE PSICOLÓGICO. Portanto, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal, salvo quando patológicos ( art. 48 CPM)
Classificação do agente em face da Imputabilidade penal militar: 
- Imputável – alguém que pode ser imputada uma pena; 
- Inimputável – alguém que não pode ser imputada uma pena; pode ser submetido a medida de segurança; 
Semi-imputável – alguém poderá ser imputada uma pena reduzida.
Inimputáveis 
Art. 48 CPM. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
Quantum da agravação ou atenuação 
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada ao crime.
1- Distúrbios Mentais
 Neste ponto a imputabilidade se caracteriza pela combinação de dois elementos: presença de anomalias mentais e completa incapacidade de entendimento e determinação. 
“O CPM, da mesma forma que o CP, adotou o critério biopsicológico para análise da inimputabilidade do acusado.”(HC 101.930, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, julgamento em 27-04-2010, Primeira Turma, DjE de 14- 05-2010)
O CPM adotou o critério – Biopsicológico – afere-se a condição biológica e psicológica – para imputabilidade penal militar. 
No art. 48 previsão de isenção de pena, necessidade de 02 requisitos: 
1°) Doença mental, desenvolvimento mental retardado ou incompleto; e 
2°) Que ao tempo da ação ou omissão tenha retirado do individuo toda capacidade de entendimento e autodeterminação. 
O CPM adota o sistema vicariante em caso de inimputabilidade penal pelos distúrbios mentias, devendo o juiz aplicar medidas de segurança em lugar de pena, sendo-lhe vedada a imposição simultânea ou concorrente das duas respostas penais.
Redução facultativa da pena 
Paragrafo único art. 48 CPM. Se a doença ou a eficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113. 
Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do art. 48 e necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro.
Art. 26 Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
No paragrafo único do art. 48, está previsto a figura do semi-imputável: 
- No DP – paragrafo único do art. 26 CPB – pena poderá ser reduzida 1 a 2 terços; 
- No DPM – paragrafo único do art. 48 CPM – pena poderá ser reduzida – de um terço a um quinto, conforme o art. 73 do CPM. 
O Código Penal confere tratamento mais benéfico ao semi-imputável, ao permitir pena entre um a dois terços. 
DP ≠ DPM
2- EMBRIAGUEZ 
Art. 49 CPM – Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou forca maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Paragrafo único art. 49 CPM - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez proveniente de caso fortuito ou forca maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinarse de acordo com esse entendimento.
Conceito: embriaguez e uma intoxicação aguda e passageira provocada pelo álcool ou por substancia de efeitos análogos. 
- Completa – não tem discernimento; 
- Incompleta – discernimento parcial; 
O CPM igualmente ao CPB adota a teoria da actio libera in causa, segundo a qual é imputável o agente que, embriagado, é causador, por ação ou omissão, de um resultado punível, desde que se tenha colocado naquele estado de embriaguez de forma voluntária ou culposa.
A aferição da imputabilidade é transferida para o momento anterior ao do estado de embriaguez e não no momento da prática delitiva. 
Pedagogicamente,

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