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Globalização e identidade cultural Apresentação A globalização pode ser definida como um processo econômico e social que estabelece a integração entre países e pessoas no mundo inteiro. Esse fenômeno está relacionado diretamente à evolução tecnológica e ao desenvolvimento das formas de comunicação. Atualmente, é a globalização que facilita as trocas culturais e a expansão de culturas locais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o que é um cenário globalizado e como ele influencia na formação da identidade cultural. Além disso, você poderá compreender como acontece a projeção global de uma cultura local e como o fenômeno da globalização influencia na valorização da identidade cultural relacionada à arquitetura e ao artesanato. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a formação da identidade cultural no cenário globalizado.• Analisar a disseminação das características culturais: do local para o global.• Reconhecer a influência da globalização na formação e na manutenção da identidade cultural relacionada ao artesanato e à arquitetura. • Infográfico Globalização é o processo de aproximação entre as diversas sociedades e nações existentes por todo o mundo. Esse fenômeno é muito abrangente e complexo e, por isso, pode ser dividido em vários tipos. Neste Infográfico, você conhecerá os diferentes tipos de globalização. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/450d64f4-b6bb-4f92-b9e1-98991c954790/daf5c52d-83f1-4b3e-bb35-a2f5597574d4.png Conteúdo do livro Globalização é um termo elaborado na década de 1980 para descrever o processo de intensificação da integração econômica e política internacional. Ela é marcada pelo avanço nos sistemas de transporte e de comunicação. A globalização está diretamente relacionada ao advento e ao avanço de diversas tecnologias, à criação de novas manifestações culturais e, consequentemente, contribui para a formação de identidades. No capítulo Globalização e identidade cultural, da obra Artesanato e cultura brasileira, você poderá entender a relação entre a globalização e a formação da identidade, como esse fenômeno colabora para a internacionalização da cultura e influencia a valorização da arquitetura e do artesanato local. Boa leitura. ARTESANATO E CULTURA BRASILEIRA Vanessa Guerini Scopell Globalização e identidade cultural Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a formação da identidade cultural no cenário globalizado. Analisar a disseminação das características culturais: do local para o global. Reconhecer a influência da globalização na formação e na manuten- ção da identidade cultural relacionada ao artesanato e à arquitetura. Introdução A globalização é um fenômeno que marca o século XXI. Ela é caracteri- zada pela aceleração das relações e pelo desenvolvimento de redes de troca de produtos, serviços e informações. Por meio da globalização, é possível ter acesso facilitado tanto a informações como a culturas das mais diversas partes do mundo sem precisar se deslocar fisicamente. Assim, a globalização influencia muito a formação de identidades culturais. Neste capítulo, você vai estudar o fenômeno da globalização e verificar a sua contribuição para a disseminação das culturas e a consequente formação da identidade cultural. Além disso, você vai ver os pontos positivos e negativos desse cenário e entender como ocorre a projeção de culturas locais no âmbito global. O cenário globalizado e a formação da identidade cultural Atualmente, a globalização, o avanço das tecnologias, as novidades merca- dológicas e o cenário de desenvolvimento levam a uma refl exão: como tudo isso interfere nas formas de adquirir e entender a cultura e as identidades culturais? As identidades culturais, segundo Rodrigues (2019), são um assunto complexo e que está constantemente presente na área das ciências sociais. Veja o que o autor afi rma: De forma geral, entende-se por identidade aquilo que se relaciona com o conjunto de entendimentos que uma pessoa possui sobre si mesma e sobre tudo aquilo que lhe é significativo. Esse entendimento é construído a partir de determinadas fontes de significado que são construídas socialmente, como gênero, nacionalidade ou classe social, e que passam a ser usadas pelos indivíduos como plataforma de construção de sua identidade (RODRIGUES, 2019, documento on-line). Assim, a identidade cultural está relacionada à construção da identidade de cada pessoa diante do contexto cultural que experimenta: “A identidade cultural está relacionada com a forma como vemos o mundo exterior e como nos posicionamos em relação a ele [...]” (RODRIGUES, 2019, documento on- -line). Sousa (2019, documento on-line) ainda acrescenta o seguinte: A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha complexidade, podemos compreender a cons- tituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos. Como você pode notar, é possível alterar e desenvolver a identidade cultural, na medida em que o ser humano vive, conhece e adquire novas experiências. Sousa (2019) ainda acrescenta que a identidade cultural é formada na medida em que as pessoas projetam suas particularidades e internalizam o mundo exterior. A identidade cultural está diretamente relacionada ao espaço externo. Por isso, o cenário atual tem um papel fundamental nas identidades culturais. Atualmente, em virtude da globalização, o ritmo do dia a dia e a rotina de trabalho estão cada vez mais acelerados. As pessoas recebem informações e estímulos sensoriais o tempo todo, com alta velocidade e grande volume. Nesse cenário de processos instantâneos, o tempo e o espaço vão adquirindo novos significados: “O volume e a velocidade das informações em circulação afetam decisivamente o universo cultural da humanidade, produzindo mutações no comportamento dos indivíduos e das comunidades. Todos se perguntam como sobreviver num panorama tão caótico e ao mesmo tempo tão excitante [...]” (MELO, 1998, p. 21). Tigueiro (2019) destaca que a atualidade é marcada por mudanças profundas na forma de manifestação e entendimento da cultura, principalmente pelo fato Globalização e identidade cultural2 de que não há mais espaço para teorias lineares. O mundo atual é marcado pela pluralidade nos mais variados aspectos. Isso, segundo o autor, cria novas referências para as pessoas. Além disso, para ele, A globalização é um fenômeno irreversível, a sociedade tem que encontrar o caminho certo da convivência com a nova realidade que se aproxima. Sem dúvida, o século XX ficará marcado na agenda histórica como a época das grandes transformações geopolíticas, socioeconômicas, tecnológicas, da globalização, da comunicação e das culturas [...] (TIGUEIRO, 2019, docu- mento on-line). Furtado (1998, p. 26), economista, afirma o seguinte com relação ao cenário globalizado: Neste fim de século prevalece a tese de que o processo de globalização dos mercados há de se impor no mundo todo independentemente da política que este ou aquele país venha a seguir. Trata-se de um imperativo tecnológico, semelhante ao que comandou o processo de industrialização que moldou a sociedade moderna nos dois últimos séculos. É importante você notar que a identidade cultural, por muito tempo, não foi pensada a fundo. Contudo, conforme a sociedade foi se desenvolvendo e se modernizando, começou a haver uma preocupação a respeito de como esses avanços tecnológicos poderiam influenciar a criação da identidade cultural.Segundo Sousa (2019), nesse contexto, a maioria dos pesquisadores defendia a preservação total das tradições culturais. Segundo esses pesquisadores mais conservadores, a globalização dificulta a formação de identidades culturais sólidas, principalmente pela pluralidade de manifestações que apresenta, fazendo com que ao mesmo tempo nada seja, de fato, cultura. Porém, existe outra corrente, mais atualizada, que acredita que o desen- volvimento tecnológico possibilita a elaboração de novos conceitos sobre a identidade cultural. Para essa corrente, como está “[...] muito em voga com o desenvolvimento da globalização, a identidade cultural não pode ser vista como sendo um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o indivíduo e a coletividade da qual ele faz parte [...]” (SOUSA, 2019, documento on-line). Um dos autores que defende a relação entre globalização e identidade cultural é Canclini (1981). Ele acredita que as identidades não devem ser pensadas como um patrimônio a ser preservado, mas que as modificações na sociedade permitem a formulação de novas identidades. Considere ainda o que afirma Sousa (2019, documento on-line): 3Globalização e identidade cultural Com esses referenciais, antigos problemas que organizavam os estudos cul- turais perdem a sua força para uma visão de natureza mais ampla e flexível. A antiga dicotomia que propunha a cisão entre “cultura popular” e “cultura erudita”, por exemplo, deixa de legitimar a ordenação das identidades por meio de pressupostos que atestavam a presença de esferas culturais intocáveis em uma mesma sociedade. Além disso, outras investigações cumpriram o papel de questionar profundamente o clássico conceito de aculturação. Assim, a globalização afeta tanto positiva quanto negativamente as iden- tidades culturais. No sentido negativo, ela faz com que a cultura se perca, na medida em que as pessoas evitam visitas aos lugares físicos, preferindo os virtuais. Além disso, as pessoas evitam a participação em eventos menos tecnológicos, limitando as suas possibilidades de experimentar culturas eru- ditas. Já os aspectos positivos da globalização envolvem a facilidade de acesso às mais diferentes culturas de forma rápida e democratizada — por meio da internet, por exemplo. É importante você ter em mente que o mundo globalizado é a realidade atual. Portanto, é preciso considerar esse contexto e aliá-lo à formação das identidades. A ideia é evitar os aspectos negativos na medida em que a valori- zação dos patrimônios seja mantida e divulgada. Nesse contexto, os elementos tecnológicos podem servir para que as culturas não se percam. Além disso, as culturas podem ser menos rígidas, possibilitando novos tipos de manifestações. Quando se fala em cultura e identidade cultural, é importante compreender que a cultura não se perde e que a identidade cultural pode ser desenvolvida ao longo do tempo, a partir do envolvimento e das experiências de cada pessoa. Assim, a cultura não é algo fixo ou imutável, mas se molda de acordo com as experiências que as pessoas têm em sociedade. Autores como o polonês Zygmunt Bauman acreditam que a cultura é tão flexível que pode ser comparada à água, que está sempre mudando de forma. Para Bauman, a “liquidez social” ocorre por meio de vários processos, como o de aculturação. A aculturação acontece quando duas ou várias sociedades de culturas diferentes travam contato e convivem com suas diferenças. Fonte: Rodrigues (c2019). Globalização e identidade cultural4 Disseminação da cultura: do local para o global A globalização está cada vez mais enraizada na sociedade e continua promovendo intensas mudanças sociais. No campo da cultura, isso também está ocorrendo de diferentes maneiras. Gioielli (2004) afi rma que, de um lado, existe a disse- minação da cultura por meio da mundialização e, do lado oposto, a valorização da cultura local por meio do resgate das tradições e das particularidades de cada manifestação cultural. Segundo o autor, diante desse cenário, é necessário refl etir sobre os diversos processos relacionados à formação da identidade cultural no mundo contemporâneo: “Se durante toda a modernidade as identidades estive- ram protegidas no interior das diversas culturas locais, com a consolidação do mundo global estão sendo questionadas e movimentadas em busca de novas confi gurações [...]” (GIOIELLI, 2004, documento on-line). Assim, a disseminação da cultura atual se encontra em um fl uxo global, pois a globalização acabou ampliando as trocas e as redes de construção de signifi cado. Veja: Com isso, aquela que era a configuração hegemônica da identidade cultural durante toda a modernidade, a local, entrou em uma forte crise de significação, o que tem transformado decisivamente as percepções dessa questão. Dizer que um sujeito é brasileiro, inglês ou japonês já não diz muito no mundo global. Sabe-se que no interior de cada nação, ou perpassando por várias delas, há outras redes de significado sustentando outras posições de sujeito que se apresentam mais relevantes (GIOIELLI, 2004, documento on-line). Como você pode notar, o que antes era uma cultura local, particular e enraizada, com o advento da globalização acaba transpassando limites e se projetando globalmente. Seja pela propaganda, pelos meios virtuais ou devido à rapidez de divulgação de informações, os costumes de um povo, uma edificação ou até mesmo os eventos culturais são projetados mundialmente com grande facilidade. Assim, “O que se observa é que a identidade, ao romper com sua faceta nacional, vive um momento rico de experimentações, hibridizações e fragmentações, o qual vem pluralizando as suas configurações [...]” (GIOIELLI, 2004, documento on-line). Segundo Gioielli (2004), há atualmente um processo de reconstrução de identidades que ocorre por meio da disseminação de novas culturas. Nesse contexto, os modelos tradicionais precisam ser revistos, pois já não são su- ficientes para abrigar as variedades de gostos, estilos e manifestações da 5Globalização e identidade cultural atualidade. Gioielli (2004) ainda destaca que o cenário globalizado permite novas interações e a criação de contextos em que as pessoas podem se assumir e se afirmar diante da sociedade, independentemente de estarem em acordo ou não com uma cultura enraizada. Canclini (1981) acredita que a projeção das culturas locais para um campo global colabora para se redescobrirem particularidades e diferenças de cada local. Como afirma Souza (2019, documento on-line), O processo de globalização estabelece uma nova relação entre as culturas locais e a cultura global. A disseminação da cultura mundializada influencia os padrões de comportamento, provocando uma valorização da tradição e um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural [...]. Para Hall (2003, p. 50), “[...] uma cultura local é um discurso — um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos [...]”. Diante disso, cada cultura local e nacional apresenta elementos simbólicos que são projetados globalmente e impressos em uma sociedade moderna. Segundo Ortiz (2003), a disseminação da cultura não se dá de forma homogênea nem única. Ela ocorre por meio de uma reconstrução em que os sentidos se misturam, formando novas relações. Assim, a disseminação da cultura do local para o global apresenta dois aspectos. De um lado, a fácil propagação da cultura possibilita estudar e conhecer os mais variados hábitos culturais de diversas partes do mundo, como a culinária, a língua, a arte, a música e as vestimentas. O que ocorre não é somente o acesso a essas informações, mas também o compartilhamento delas de forma rápida e fácil. O outro lado, porém, demonstra que é importante atentar para que esses novos padrões não excluam as manifestações locais a ponto de elas se perderem na história. Considere ainda que A mídia, dentro dessa perspectiva, aparece como aparatofacilitador e assu- me o papel de disseminar os objetivos desse novo paradigma de sociedade. São os meios através dos quais as informações em todas as suas dimensões são transmitidas e perigosamente controladas por um grupo a partir de seus interesses [...] (LIMA; NASCIMENTO: FARIAS, 2016, documento on-line). Para Hall (2003), o que acontece nesse momento de reconstrução da cultura é um processo denominado “tradução”. O autor acredita que hoje há um cenário em que cada pessoa ou grupo pode ressignificar ou se apropriar de novas culturas, mantendo como base as manifestações tradicionais. Assim, parece Globalização e identidade cultural6 interessante a ideia de que é na partilha desses universos culturais plurais, vistos aqui como espaços de representação, que estão surgindo novas comunidades e sendo sedimentadas as identidades contemporâneas. Na mídia, nas redes de computadores, na publicidade e na moda circulam e são formados ambientes culturais que sustentam práticas de vida, comportamentos, pensamentos e gostos. É por meio do acesso aos bens materiais e simbólicos e do seu consumo por públicos específicos que essas práticas parecem ganhar forma como as novas comunidades do mundo global (GIOIELLI, 2004). No processo de globalização, os mercados de diferentes países e regiões interagem entre si, aproximando mercadorias, informações e pessoas. Costumes, tradições, comidas e produtos típicos de determinada localidade passam a estar presentes em outros lugares totalmente diferentes. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista. Assim, foi possível realizar transações financeiras e expandir negócios. Os principais fatores que caracterizam a formação da globalização são: a economia, a cultura e a informação. A seguir, você pode conhecer melhor os principais tipos de globalização (TIGUEIRO, 2019). Globalização econômica: o surgimento dos blocos econômicos — países que se juntam para fomentar relações comerciais, como é o caso do Mercosul e da União Europeia — foi resultado desse processo. Globalização cultural: a aproximação entre as diferentes nações do mundo tam- bém proporcionou a troca de costumes, culturas e tradições típicas. Estas, por sua vez, passam pelo processo de aculturação, que ocorre quando vários elementos culturais são misturados, criando uma espécie de mutação das culturas. Globalização da informação: o desenvolvimento das tecnologias de informação, com destaque para o advento da internet, foi o principal responsável pelo surgi- mento desse tipo de globalização. A influência da globalização na arquitetura e no artesanato A globalização e as suas tecnologias permitem o acesso à cultura das mais diversas maneiras. No contexto global, não há limites para a formação de novas identidades culturais, visto que existem diversos meios que facilitam a retomada da cultura tradicional de forma mais dinâmica e democrática. Para Santos (2010, p. 172), 7Globalização e identidade cultural [...] graças ao progresso fulminante da informação, o mundo fica mais perto de cada um, não importa onde esteja. O outro, isto é, o resto da humanidade, parece estar próximo. Cria-se para todos a certeza e, logo depois, a consciência de ser o mundo e de estar no mundo, mesmo se ainda não o alcançarmos em plenitude material ou cultural. Assim como influencia diversas áreas, a globalização também impacta as áreas da arquitetura e do artesanato. Um dos exemplos, em ambas as áreas, são os projetos realizados por estrangeiros. As contribuições artísticas de diferentes procedências trazem novidades aos espaços em que se inserem, misturando a cultura local com a global. O Museu do Amanhã (Figura 1) é um exemplo desse tipo de projeto. Construído na praça Mauá, na cidade do Rio de Janeiro, ele foi desenvolvido por Santiago Calatrava, arquiteto e engenheiro espanhol que já criou obras em diversas partes do mundo. Apesar de o museu ter sido inspirado na cultura carioca, explorando a relação entre a cidade e o ambiente externo, seus materiais e tecnologias demonstram fortemente a contribuição da globalização. Além disso, esse espaço, que representa a mistura de culturas, pode ser acessado por grande parte da população e facilita o acesso de todos. Figura 1. Museu do Amanhã. Fonte: Xavier (2019, documento on-line). Globalização e identidade cultural8 Outro exemplo do efeito da globalização na arquitetura são as visitas vir- tuais, como a disponibilizada pelo site do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O Museu Nacional foi um dos mais importantes do Brasil, pois contou com um acervo de mais de 258 mil itens. Apesar do incêndio no local, que acon- teceu em 2018 e consumiu alguns dos itens, o tour virtual possibilita reviver a memória do espaço e conhecer um pouco mais da cultura do País sem sair de casa. Essa é uma maneira de valorizar esse tipo de manifestação cultural e colaborar para a formação de identidades. A globalização possibilita também a criação de diferentes materiais e a reciclagem. É o que ocorre com o plástico, por exemplo, que é reciclado e está sendo usado na criação de objetos de decoração e como matéria-prima para o desenvolvimento de maquetes por meio de impressoras 3D. O vidro é outro material que simboliza a globalização cultural e aparece com frequência nas obras da contemporaneidade. Ao longo dos últimos anos, esse material marcou uma tendência na arquitetura e passou a ser usado nas mais diferentes regiões do Brasil e do mundo (Figura 2). Porém, o vidro precisa estar adequado ao clima do local e à orientação solar, a fim de evitar que o conforto térmico das edificações seja prejudicado por uma tendência global. Atualmente, já é possível obter vidros inteligentes, termicamente confortáveis e que conseguem se adaptar a diferentes regiões. Figura 2. Uso do vidro nas edificações. Fonte: Schulz (2019, documento on-line). 9Globalização e identidade cultural Além disso, com a globalização e a velocidade de obtenção e dissemina- ção de informações, é possível divulgar os mais variados produtos, tanto de arquitetura como de artesanato. As plataformas de divulgação incluem as redes sociais, que a cada dia incorporam mais funções. Por meio da internet, são criados eventos e divulgadas fotos de produções artísticas, por exemplo. Assim, a internet possibilita não só a divulgação de culturas, mas também a venda de produtos e a disseminação de informações sobre a história deles. Outra facilidade que a globalização trouxe para a área do artesanato são os programas computacionais, que simplificam o controle do artesão com relação a produtos, preços, pagamentos, etc. Um exemplo é o Calcularte, um sistema on-line de gestão de negócios criativos. Essa ferramenta permite ao artesão controlar o seu pequeno negócio, facilitando o seu dia a dia. Em um cenário globalizado, não há como não sentir as mudanças ou fugir delas. O importante é entender que a globalização pode colaborar para difundir culturas, para criar novas e para valorizar as existentes. Se bem utilizada, a globalização pode causar impactos positivos e contribuir para a preservação e a manifestação de culturas. CANCLINI, N. G. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1981. FURTADO, C. O capitalismo global. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. GIOIELLI, R. P. Pistas para entender a identidade cultural no contexto da globalização. Novos Olhares, São Paulo, ano 7, n. 14, p. 12-22. 2. sem. 2004. Disponível em: http:// www.revistas.usp.br/novosolhares/article/view/51401/55468. Acesso em: 06 maio 2019. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. LIMA, L. P.; NASCIMENTO, R. G.; FARIAS, W. S. Influência da globalização nos hábitos culturais: aprendizadem significativa a partir da relação teoria-prática. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, 8., 2016, Lima. Anais [...]. Lima: [s. n.], 2016. Disponivel em https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/article/ viewFile/2106/800. Acessoem: 08 maio 2019. MELO, J. M. Teoria da comunicação: paradigmas latino-americanos. Petrópolis: Vozes, 1998. MUSEU NACIONAL. Revisite o Museu Nacional antes do incêndio com este passeio virtual produzido pela Google. [2019]. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/907698/ revisite-o-museu-nacional-antes-do-incendio-com-este-passeio-virtual-produzido- Globalização e identidade cultural10 -pela-google/5c129cf308a5e58aba000453-revisite-o-museu-nacional-antes-do- -incendio-com-este-passeio-virtual-produzido-pela-google-imagem. Acesso em: 06 maio 2019. ORTIZ, R. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 2003. RODRIGUES, L. O. Identidade cultural. [2019]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com. br/sociologia/identidade-cultural.htm. Acesso em: 06 maio 2019. SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2010. SCHULZ, M. 16 materiais que todo arquiteto precisa conhecer. [2019]. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/802303/16-materiais-que-todo-arquiteto- -precisa-conhecer/5851deace58ece5511000082-16-materials-every-architect-nee- ds-to-know-and-where-to-learn-about-them-photo. Acesso em: 06 maio 2019. SOUSA, R. G. 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Acesso em: 06 maio 2019. 11Globalização e identidade cultural Dica do professor A globalização apresenta pontos positivos e também aspectos negativos que precisam ser cuidadosamente analisados para que não prejudiquem nem apaguem as manifestações tradicionais de cultura local. Nesta Dica do Professor, você verá algumas características sobre a globalização e como usá-la a favor na formação de identidades culturais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/986b887711ee3ee39c58da778021e3ba Exercícios 1) Identidade cultural é um sentimento de identidade de um grupo, cultura ou indivíduo. Sobre esse tema, é correto afirmar que: A) É um tema muito simplificado e com pouca expressividade. B) É um assunto que está relacionado a questões insignificativas. C) É um tema ligado aos contextos culturais experimentados pelas pessoas. D) É um assunto relacionado à visão do mundo interior. E) É um tema que faz parte das ciências políticas e econômicas. 2) Ao longo da última década, diversas mudanças aconteceram na sociedade e acabaram influenciando as identidades culturais. Sobre a relação entre globalização e formação de identidade, é correto afirmar que: A) Os pesquisadores tradicionais acreditam que a globalização facilita a formação de identidades. B) Os pensadores conservadores defendem que todas as manifestações são tipos de cultura. C) A globalização limita as manifestações e, consequentemente, a formação de identidade. D) Novos conceitos de identidade cultural surgem a partir do desenvolvimento tecnológico. E) A globalização, por ser dinâmica, prejudica a valorização de culturas locais. 3) A globalização cultural é um fenômeno que afeta diretamente as mais diversas áreas da sociedade e promove a chamada “aculturação”. Sobre a aculturação, é correto afirmar que: A) É um fenômeno que se refere às trocas entre bens de consumo. B) É baseada nas relações comerciais das diferentes nações e seus costumes. C) Refere-se ao choque cultural entre diferentes culturas. D) Refere-se à falta de cultura e identidade de uma nação ou comunidade. E) É baseada na desagregação de diferentes culturas. 4) A globalização é um processo que colabora para a divulgação das culturas, promovendo-as de um âmbito local para um espaço global. Sobre a disseminação das culturas, é correto afirmar que: A) Está ligada aos chamados processos de mundialização. B) Busca a redução das trocas e redes entre os países. C) Ela se restringe a culturas tradicionais e enraizadas. D) Acontece exclusivamente por meio de transmissão de geração. E) É um processo complicado e ainda muito limitado. 5) A globalização e o desenvolvimento da sociedade trouxeram mudanças também na área da arquitetura. É correto afirmar que um exemplo dessa transformação é: A) A projetação de edificações por arquitetos e profissionais locais. B) O uso de materiais tradicionais e naturais nas novas edificações. C) O uso de técnicas construtivas manuais e de baixo impacto. D) Implementação de tecnologias, como, por exemplo, a impressão 3D. E) Limitação do uso de materiais somente para regiões determinadas. Na prática A globalização é um processo que facilita a divulgação das culturas e, com isso, possibilita que costumes de determinadas regiões do mundo passem a ser incorporados em outros locais. Na Prática, veja um exemplo de elemento arquitetônico que pode ser incorporado em edificações de outras regiões. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/32eeb5ca-9825-4c12-bc9f-4641771557a2/9112468c-67c0-400a-ae48-91dd33c88d1c.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Segregação urbana em 6 fotografias: desigualdade vista de cima O fenômeno da globalização também causa mudanças na essência das cidades e traz alguns pontos negativos para o contexto urbano. Nesta reportagem, leia mais sobre o assunto. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A globalização da arquitetura A arquitetura é uma área que cada vez mais sofre influência da globalização e, a partir disso, vem mudando suas visões e conceitos de trabalho. Saiba mais nesta matéria. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. O que é globalização? A globalização apresenta diferentes características e influencia a formação de identidades na atualidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.archdaily.com.br/br/611146/segregacao-urbana-em-6-fotografias-desigualdade-vista-de-cima https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/a-globalizacao-da-arquitectura/ https://www.youtube.com/embed/h5WjNMGztvE
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