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Indaial – 2022 Resíduos sólidos Prof.a Jéssica Antunes Xavier 2a Edição Gestão de Elaboração: Prof.a Jéssica Antunes Xavier Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. XAVIER, Jéssica Antunes. Gestão de Resíduos Sólidos. Jéssica Antunes Xavier. Indaial - SC: Arqué, 2022. 158p. ISBN Digital 978-65-5466-169-0 “Graduação - EaD”. 1. Gestão 2. Resíduos 3. Ambiental CDD 363.7 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Em nosso país, o gerenciamento de resíduos ainda não abrange a pauta das grandes discussões relacionadas às questões político-ambientais. Esse assunto está fundamentado no limite legal, ou seja, as empresas visam atender apenas às exigências legais para se livrarem de punições econômicas, deixando de lado as possibilidades de melhoria ambiental por considerarem o custo. No entanto, temos a pretensão de sensibilizá-lo a ponto de torná-lo agente disseminador em suas atividades diária e organizacional, o que se revela em oportunidade para se destacar em empreendedor ou como profissional capacitado a gerir os resíduos. Na Unidade 1, abordaremos definições do Sistema de Gestão Ambiental bem como uma contextualização sobre o problema da poluição e seu tratamento. Sumaria- mente, também apresentaremos a concepção de resíduos e a metodologia 3 Rs como uma prática diária para minimização dos impactos ambientais. Na situação organizacio- nal, também abordaremos as vantagens dos Rótulos Ambientais e do ISO 14000 para mercados consumidores conscientes. Nesta unidade, será possível também conhecer as principais tipologias e características dos resíduos sólidos, que são oriundos das ativida- des humanas domésticas, organizacionais, hospitalares e também de queda de árvores, entre outros. Os resíduos sólidos, quando não tratados, além da grande expansão espacial que exigem para seu armazenamento, representam nocividade para o meio ambiente. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos o conceito de efluente. As organizações eliminam grandes volumes de águas residuárias das atividades de seus processos, inclusive a decomposição dos resíduos sólidos, os chamados efluentes líquidos. Contudo, boa parte desses efluentes é constituída de matéria orgânica, microrganismos patogênicos, sólidos e produtos químicos. Com isso, será possível conhecê-los e compreender como gerenciar estes resíduos atendendo à legislação existente e, a partir da caracterização, apresentaremos as possibilidades para tratá-lo: o pré-tratamento, o tratamento e destino final em cumprimento da exigência legal. Nesta unidade, abordaremos também os efluentes gasosos, comumente denominados de emissões atmosféricas. A partir da compreensão sobre as fontes de poluição, avaliaremos as possibilidades de gerir e minimizar a emissão de gases, pois estes contribuem com chuva ácida e aquecimento global. Chama-se atenção, ainda, ao fato de que as organizações que não atendem aos padrões de emissões estão suscetíveis a penalidades severas pelos órgãos ambientais. Assim, faz necessário introduzir mecanismos nos processos para tratar estes gases antes de emiti-los. Por fim, na Unidade 3, discutiremos sobre o conceito de lixão e aterros. Veremos que grande parte dos resíduos sólidos é descartada a céu aberto, sem nenhum tratamento. Além disso, o trânsito nestes locais, de pessoas e animais que estão em busca de alimentos, agrava ainda mais a situação, o que expressa não só a degradação ambiental como também a social. Sendo assim, aprenderemos, nesta unidade, que os aterros sanitários e industriais, quando licenciados, obrigatoriamente são planejados com estruturas que têm os gases e o chorume líquido eliminados pela decomposição de resíduos. Esses processos minimizam expressivamente o efeito nocivo ao ambiente e podem se tornar fontes alternativas de energias. APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Dessa forma, buscaremos passar pelos principais conceitos sobre o gerenciamento dos resíduos, oferecendo uma visão abrangente e ao mesmo tempo alinhado com às especificidades de cada situação. Todo este estudo almeja fornecer e clarificar seu conhecimento sobre resíduo. Esperamos assim possibilitar uma transformação antrópica que se repercute no comportamento organizacional e, quem sabe, em oportunidades empreendedoras para tratar resíduos ou mesmo reaproveitá-los como materiais. Para finalizar, gostaríamos de frisar: nosso desejo é que o conhecimento deste conteúdo não se restrinja à aplicação nas questões organizacionais, mas, sobretudo, melhore a qualidade de vida do globo. Sua atitude pode trazer mudanças globais! Bons estudos! Prof.a Jéssica Antunes Xavier Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. QR CODE ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simplese objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .................................................................... 1 TÓPICO 1 - GESTÃO AMBIENTAL E COMPREENSÃO DOS RESÍDUOS .................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 GESTÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS ...............................................................................3 3 ABORDAGEM DA GESTÃO AMBIENTAL PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ................ 7 3.1 CONTROLE DA POLUIÇÃO ...................................................................................................................8 3.2 PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO ............................................................................................................... 9 3.3 A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESA WHIRLPOOL...................................................................... 11 4 SGA, RÓTULOS E ISO 14000 ............................................................................................ 12 5 TIPOLOGIA DOS RESÍDUOS .............................................................................................. 12 5.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................................................................ 13 5.2 EFLUENTES LÍQUIDOS ...................................................................................................................... 14 5.3 EFLUENTES GASOSOS ...................................................................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................18 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 - RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICO, INDUSTRIAL E DA CONSTRUÇÃO CIVIL .........21 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 21 2 DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................ 22 3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS ................................................................................... 23 4 TRATAMENTO E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..................................... 26 4.1 RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS .................................................................................................26 4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS .................................................................................................29 4.3 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................................30 4.3.1 Tratamento e Gerenciamento Interno ..................................................................................32 4.3.2 Tratamento e Gerenciamento Externo ................................................................................32 4.4 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS ................................................................33 4.4.1 Incineração .................................................................................................................................33 4.4.2 Aterro Industrial ........................................................................................................................36 4.4.3 Reciclagem de Resíduos ........................................................................................................ 37 4.4.4 Logística Reversa .....................................................................................................................38 4.4.5 Outros processos comuns de tratamento ..............................................................................39 4.5 TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................... 40 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43 TÓPICO 3 - RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ............................................. 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45 2 DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇÕ DE SAÚDE .................................... 46 3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE ..................................................................47 4 MANEJO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE ........................................ 49 5 TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE...................................................................... 54 5.1 INCINERAÇÃO .......................................................................................................................................54 5.2 AUTOCLAVE .........................................................................................................................................55 5.3 TRATAMENTO QUÍMICO .....................................................................................................................55 5.4 MICRO-ONDAS ....................................................................................................................................55 5.5 IONIZAÇÃO ...........................................................................................................................................56 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................57 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 60 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 61 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 63 UNIDADE 2 — EFLUENTES LÍQUIDOS E GASOSOS ............................................................67 TÓPICO 1 — EFLUENTES DOMÉSTICOS, INDUTRIAIS E LIXIVIADO ................................. 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 69 2 EFLUENTES SANITÁRIOS ................................................................................................ 69 2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUIMICAS DOS EFLUENTES SANITÁRIOS ..................................69 2.2 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DOS EFLUENTES SANITÁRIOS ............................................71 2.3 PARÂMETROS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS ..................................................... 72 3 EFLUENTES INDUSTRIAIS ............................................................................................... 77 3.1 CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES INDUSTRIAIS ...................................................................78 3.2 NOÇÕES DE AMOSTRAGEM DE EFLUENTES ............................................................................... 79 3.3 EFLUENTES PROVENIENTES DE ATIVIDADE AGRÍCOLA ......................................................... 80 3.4 EFLUENTES PROVENIENTES DE SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................... 80 4 LIXIVIADO ........................................................................................................................ 82 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 85 TÓPICO 2 - TRATAMENTO DE EFLUENTESLÍQUIDOS .......................................................87 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................87 2 TRATAMENTO PRELIMINAR .............................................................................................87 2.1 GRADEAMENTO .................................................................................................................................. 88 2.2 PENEIRAMENTO ................................................................................................................................. 88 2.3 CAIXAS DE AREIA ...............................................................................................................................89 2.4 CAIXAS DE GORDURA .......................................................................................................................89 2.5 EQUALIZAÇÃO .....................................................................................................................................89 2.6 NEUTRALIZAÇÃO ................................................................................................................................89 3 TRATAMENTO PRIMÁRIO DE EFLUENTES ...................................................................... 89 3.1 SEDIMENTAÇÃO/DECANTAÇÃO ......................................................................................................90 3.2 COAGULAÇÃO-FLOCULAÇÃO-SEDIMENTAÇÃO .........................................................................90 3.3 FLOTAÇÃO ............................................................................................................................................ 91 4 TRATAMENTO SECUNDÁRIO DE EFLUENTES ................................................................. 91 4.1 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ............................................................................................................ 91 4.2 REATORES ANAERÓBIOS ..................................................................................................................92 4.3 LODOS ATIVADOS ...............................................................................................................................93 5 TRATAMENTO TERCEÁRIO DE EFLUENTES ....................................................................95 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................96 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................97 TÓPICO 3 - POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ...............................................................................99 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................99 2 BREVE HISTÓRICO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .........................................................99 3 FONTES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ......................................................................... 101 4 PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS ...................................................................102 5 CARACTERÍSTICAS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS ............................................. 104 5.1 DISPERSÃO DE POLUENTES NA ATMOSFERA ...........................................................................105 5.2 EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS ..............................................................................105 5.3 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR .................................................................................106 6 PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR .........................................................107 6.1 MEDIDAS INDIRETAS ........................................................................................................................ 107 6.2 MEDIDAS DIRETAS ...........................................................................................................................108 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 110 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 113 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 114 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 116 UNIDADE 3 — LIXÕES, ATERROS SANTÁRIOS E INDUSTRIAL ........................................ 121 TÓPICO 1 — LIXÕES, ATERROS CONTROLADOS E ATERROS SANITÁRIOS ....................123 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................123 2 O CONCEITO DE LIXÃO ...................................................................................................123 3 ATERROS CONTROLADOS versus ATERRO SANITÁRIOS ............................................125 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 127 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................128 TÓPICO 2 - ATERROS SANITÁRIOS ................................................................................... 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131 2 ATERROS SANITÁRIOS ................................................................................................... 131 3 PERCOLADOS OU CHORUME .........................................................................................132 4 ATERRO SANITÁRIO E A COMPOSIÇÃO DO BIOGÁS .....................................................134 5 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO NOS ATERROS ......................................136 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................138 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................139 TÓPICO 3 - ATERRO INDUSTRIAL ..................................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 NORMATIZAÇÃO DOS ATERROS INDUSTRIAIS............................................................. 141 3 CONSTRUÇÃO DO ATERRO INDUSTRIAL – NBR 8418 E NBR 10157 ............................142 4 ASPECTOS POLÍTICOS REFERENTES À RESPONSABILIDADE DO TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ..............................................................146 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................149 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................153 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................154 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................156 1 UNIDADE 1 - GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o significado de poluição e resíduos; • entender os 3 Rs – reduzir, reusar, reciclar; • identificar as principais características dos resíduos sólidos e da saúde; • aprender as alternativas disponíveis de tratamento; • conhecer sobre a periculosidade dos resíduos da saúde; A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – GESTÃO AMBIENTAL E COMPREENSÃO DOS RESÍDUOSTÓPICO 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICO, INDUSTRIAL E DA CONSTRUÇÃO CIVIL TÓPICO 3 – RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 GESTÃO AMBIENTAL E COMPREENSÃO DOS RESÍDUOS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o conceito de Gestão Ambiental e de Resíduos bem como as possíveis consequências negativas oriundas do processo industrial para o meio ambiental. Nos últimos séculos, as inovações tecnológicas e o amparo ao processo produtivo avançaram velozmente. Esse avanço, contudo, ainda que produzisse diferenciais importantes para o progresso econômico, analogamente não garantiu o progresso social. Avançou também a desigualdade social e o perigo para a dimensão ambiental no que diz respeito à exploração de recursos e poluição. A discussão sobre a poluição ambiental requer amparo nas ciências e no compromisso de toda nação com o progresso sustentável. Neste sentido, nos fixaremos nos comportamentos organizacionais que ora aderem às políticas públicas (leis), ora avançam em selos e, muitas vezes, nem a um nem a outro. Assim, apresentaremos as possíveis alternativas para as organizações que estrategicamente desejam adotar o tratamento da poluição em termos de políticas internas. Para o tratamento da poluição, apresentamos um modelo de prevenção e outro de controle. No primeiro caso, as mudanças exigem alterações de layout, inovações e assimilação do conceito de 3Rs. No segundo modelo, as organizações implementam alternativas de controle, ou seja, no fim no processo e com pouca alteração em seu layout, uma vez que visam apenas atender às exigências legais. 2 GESTÃO AMBIENTAL E OS RESÍDUOS No modelo atual de desenvolvimento econômico, há um crescente aumento da exploração de recursos naturais visando tão somente à maximização de lucros. Soma- se a isso o desenfreado desejo de produzir infinitamente, o que gera descarte de sobras ao ambiente natural (meio ambiente). Este material descartado ao meio ambiente causa danos ao ar, água, solo e à saúde dos animais em geral. Como afirma Faria (2002, p. 53), “Os industriais modernos são como homens que acabaram de chegar a uma terra virgem e fértil, podendo viver por um bom tempo sem o mínimo trabalho”. O nosso planeta é indivisível, não há barreiras que possam proteger regiões de serem atingidas pela poluição. E, por isso, as emissões, os efluentes descartados em lagos e rios, e problemas por descarte de resíduos periculosos à saúde atravessam 4 países. Assim, a queima de carvão na China afeta os EUA, a chuva ácida dos países poluentes destrói várias florestas, a contaminação em rios sufoca a vida de muitas espécies que dependem desta água e contribuem com seu desaparecimento, um acidente radioativo pode provocar câncer em várias regiões (FARIA, 2002) Para Barbieri (2011, p.15), “a poluição é dos aspectos mais visíveis dos nossos problemas ambientais [...]”. A poluição não respeita fronteiras entre um país e outro. As consequências estão visivelmente ao nosso redor, no nosso dia a dia, no trabalho, em qualquer atividade humana. Neste entendimento, vamos acatar ao conceito de Barbieri (2011) sobre poluir e contaminar para refletirmos sobre a poluição. Poluir é sujar, degradar, contaminar, manchar e mesmo alterar as condições naturais do ambiente. Poluente é o que polui, uma vez que produz algum tipo de situação indesejada ao meio e à vida humana. A poluição pode ser vista em vários aspectos como apresenta a figura a seguir: Figura 1 – Poluição: alguns critérios de classificação Fonte: Barbieri (2006, p. 16) Origem: • Natural • Antropogênica Fonte: • Móvel • Fixa ou estacionária Emissão: • Pontual • Difusa Poluente: • Fisico-químico, biológico, sonoro, radioativo etc. Poluente: • Agricultura • Geração de energia • Mineração • Transporte • Construção Civil • indústria de transformação • Serviços de saúde • Serviços educacionais • Etc. Fonte de poluição Meio Receptor Intermediato: • Ar • Agua • Solo Final: • Organismos • Materiais • Ecossistemas Impacto sobre o meio ambiente Alcance • Local • Regional • Global Danos: • Aos seres humanos: - Toxicidade aguda e crônica - Alterações genéticas - Redução da capacidade física - invalidez, morte • A flora, à fauna e aos solos • Solo materiais, construções, equipamentos, instalações, monumentos, sitios históricos e arqueológicos etc. Tipos de impactos: • Eutrofização • Acidificação • Destruição da camada de ozônio • Perda da biodiversidade • Aquecimento global • Redução da fertilidade do solo • Esgotamento de recursos • Etc. 5 Como se observa na Figura 1, os poluentes podem ser emitidos de diversas fontes: indústrias, hospitais, veículos; naturalmente, como atividades vulcânicas, decomposição de material orgânico, alcançando ar, água, solo e organismos vivos. No quadro 1 são apresentados os principais poluentes ligados aos setores produtivos. Quadro 1 - Exemplos de alguns poluentes em cada setor produtivo SETOR POLUENTES Agropecuária Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos orgânicos voláteis (COV), metais pesados, embalagens de agronegócios, fertilizantes não aproveitados, materiais particulados. Mineração CO2, monóxido de carbono CO, óxido de nitrogênio (NO), óxido de enxofre (SO), materiais pesados, águas residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração. Siderurgia Materiais particulados, SO2, NO2, CO, COV, DBO, escórias e lodos de tratamento de efluentes, ruídos. Metais não metálicos SO2, CO, materiais particulados, DBO, lodos de tratamento de efluentes, ruídos. Usinas Termoelétricas CO, CO2, CH2, NO2, materiais particulados e lodo. Têxtil Materiais particulados, lodo, ruídos, SO2, NO2, CO, COV, DBO e HC. Refinarias de petróleo SO2, NO2, SO2, materiais particulados, lodo, ruídos, derramamento de óleo e combustíveis. Transportes CO, CO2, NO2, SO2, materiais particulados, ruídos, derramamento de óleo e combustíveis. Fonte: adaptado de Barbieri (2006, p. 17) Cabe à empresa inserir em sua estratégia organizacional a Gestão Ambiental e de Resíduos, observando as vantagens tanto econômicas quanto socioambientais. Nessa concepção, adotamos o conceito de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de Barbieri (2006, p. 19): como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como: planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos sobre o ambiente, que reduzindo o eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles sujam. A gestão ambiental tem o objetivo de proteger o meio ambiente dos danos pro- vocados pelos efeitos nocivos dos materiais indesejados pelas empresas, os quais às vezes são descartados incorretamente no ambiente natural. Tal comportamento po- luidor/degradador expõe a empresa a situações perigosas. Os resíduos indesejados e descartados sem tratamento no ambiente podem levar a empresa a punições severas no âmbito legal e inferir conotação negativa ao mercado alvo que deseja atrair. Além disso, a empresa deixa de aproveitar “potencial” ganho com o reuso, reciclagem e rea- proveitamento econômico de certos materiais ainda com vida útil em seu ciclo de vida. 6 Com a Revolução Industrial (séc. XVIII), a discussão sobre o tratamento da poluição (resíduos) começou a se fortalecer, uma vez que o lixo urbano infestava as cidades e causavam danos à saúde dos habitantes. E, a partir do século XIX, a preocupação com a poluição deixa de ser assunto somente de cientistas e ambientalistas, passando a ser mais uma responsabilidade para setores produtivos e políticas públicas. Sendo que os maiores exemplos para as organizações repensarem seus processos foram as catástrofes ambientais de grande proporção como Seveso, Minamata, ThreeMiles Island, Bophal, Exxon Valez, Cubatão, Chernobil, Baia de Guanabara e muitas outras provocadas por derrames de óleos, poluição atmosférica e outras que agrediram consideravelmente o ambiente e causavam problemas a saúde humana (BARBIERI, 2006). De modo geral, pode-se dizer que o objetivo principal da SGA é melhorar o desempenho econômico e ambiental da organização, reduzindo a demanda por recursos e aumentando a produtividade. Sua vocação é holística, pois suas metas dialogam com outros sistemas, como a gestão da qualidade e segurança no trabalho (ACADEMIA PEARSON, 2011, p. 121). A sociedade cada vez mais atenta aos prejuízos sofridos com descartes de resíduos e poluição generalizada compreende agora que a solução para o problema dos resíduos exige o envolvimento do governo com legislação rigorosa, do mercado com a escolha consciente do consumidor por marcas ambientalmente corretas, e da sociedade com Organizações não governamentais (ONGs), cientistas e pessoas que exprimem seu poder de denunciar a poluição aos órgãos punidores e mídia. Os gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas aborda- gens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar e destinar cor- retamente os resíduos. Assim, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e contribuam positivamente nas questões relacionadas aos resíduos. Destacamos na sequência alguns movimentos relevantes que pressionaram decisões políticas a encarar e exigir compulsoriamente o destino dos resíduos (BARBIERI, 2006): 1- A intensificação dos processos de abertura comercial expondo produtores com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competição mais acirrada e de âmbito mundial reforçaram a necessidade de regulamentações em por todos os participantes do mercado internacional, uma vez que os países com legislações menos rigorosas estavam praticando dumping ambiental. 2- A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), que passou a pontuar criticamente as diferenças nos custos de produção por países sem práticas corretas em termos ambientais, em outras palavras, sem tratamento de seus resíduos. 3- A preocupação dos investidores que procuraram minimizar os riscos de seus investimentos. As empresas que não adotassem em suas estratégias técnicas de despoluição e tratamento estavam acumulando passivos ambientais (impactos ambientais por poluição), o que vem prejudicar os altos lucros desejados por estes 7 investidores. Neste interesse, passaram destinar seus recursos em empresas mais saudáveis ambientalmente. Na atualidade, existem critérios próprios por parte das instituições financeiras que devem ser cumpridas pelos tomadores de créditos. Em 2002, o PNUMA – Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente –, promoveu a discussão no setor e conseguiu a adesão de 35 bancos em diversos países cuja atuação visava respeitar a legislação ambiental por parte dos tomadores. 4- O setor de seguro também tem tido forte presença no controle à poluição de seus segurados, uma vez que passaram a exigir das empresas que assinaram os contratos modelos preventivos e normatizados segundo as regras ambientais para evitar os altos custos dos seguros. As organizações se comprometeram a rever o plano organizacional para evitar riscos ambientais em atividades básicas como, por exemplo, a introdução de chaminés com filtros, lagoas de tratamento de efluentes em dimensões adequadas, localização da indústria distante de áreas sociais. 5- O aumento da consciência ambiental da população, que, despertada pelos danos causados pela poluição, considera em suas escolhas as empresas com práticas ambientais saudáveis, o que veio a contribuir com adesão dos rótulos verdes pelas empresas para apresentar boas práticas operacionais. No caso brasileiro, destacamos o Procel, que estima o gasto energético dos aparelhos eletrônicos. 3 ABORDAGEM DA GESTÃO AMBIENTAL PARA TRATAMENTO DOS RESÍDUOS O tratamento dos resíduos pelas iniciativas estratégicas empresariais depende de como ele interpreta sua relação com o meio ambiente e sua reputação ambiental. Neste fim, vamos considerar duas abordagens distintas: controle da poluição e prevenção da poluição. Veja a segur o quadro resumo: 8 Quadro 2 - Gestão ambiental na empresa – abordagens Fonte: Barbieri (2011, p. 107) Características Abordagens Controle da poluição Prevenção da poluição Abordagem estratégica Preocupação Básica Cumprimento da legislação e resposta à pressões da comunidade. Uso eficiente dos insumos. Competitividade. Postura típica Reativa. Reativa e proativa. Reativa e proativa. Ações típicas - Corretivas. - Uso de tecnologias de remediação e de controle no final do processo. - Aplicação de normas de segurança. - Corretivas e preventivas. - Conservação e prevenção de insumos. - Uso de tecnologias. - Corretivas, preventivas e antecipatórias. - Antecipação de problemas e captura de oportunidades utilizando soluções de médio e longo prazo. Percepção de empresários e administradores Custo adicional. Redução do custo e aumento da produtividade. Vantagens competitivas. Envolvimento da alta administração Esporádico Periódico Permanente e sistemático Áreas envolvidas Ações ambientais confinadas nas áreas geradoras de poluição Crescente envolvimento de outras áreas como produção, compras, desenvolvimento de produto e marketing Atividades ambientais Disseminadas pela organização Ampliação das ações ambientais para a cadeia de suprimento 3.1 CONTROLE DA POLUIÇÃO O controle da poluição se caracteriza como práticas operacionais para impedir o acúmulo de passivo ambiental e por exigências da legislação o cumprimento de regras para tratar e destinar corretamente dos resíduos.Para o controle da poluição são necessárias aquisições de equipamentos como filtros, construção de tanques de tratamento de efluentes ou containers para reservar resíduos para destinar materiais à reciclagem e/ou, nos casos em que a empresa desejar, destinar a terceiros o tratamento final dos resíduos. 9 Nesse contexto operacional, a empresa adota uma postura reativa, em outro entendimento, significa tratar os resíduos para manter-se em conformidade legal. Segundo Barbieri (2006), as soluções tecnológicas típicas dessa abordagem visam controlar a poluição sem que sejam alterados os processos e produtos que as conduziram, podendo ser de dois tipos: tecnologia de remediação e tecnologia de controle no final do processo como será descrito em sequência. As tecnologias de remediação visam reparar problemas e impactos ambientais que já danificaram o meio ambiente. As reparações mais comuns são: descontaminar o solo por produtos químicos prejudiciais, conter o derramamento de óleo no mar, conter o descarte de efluentes em rios, limpar praias e outros impactos decorrentes das atividades operacionais. Já as tecnologias de controle no final do processo, ou end-of-pipe control, pretendem reter e tratar os resíduos (poluição) antes que cheguem ao ambiente ou causem impactos significativos. Essas atividades exigem, por exemplo, novos equipamentos como filtros detentores, ciclones, estações de tratamento de efluentes, incineradores e outros equipamentos peculiares a cada tipo de processo produtivo. Para Barbieri (2011), são soluções que nem sempre eliminam os problemas de modo definitivo, ocorrendo muitas vezes a permanência dos poluentes em novas formas, tais como a cinza e lodo resultantes de transformação de gases e líquidos poluentes; esses resíduos sólidos deverão ser tratados e destinados segundo a legislação pertinente de cada setor. Para o setor empresarial, essa abordagem acaba contribuindo com aumento dos custos empresariais e não agregam valor ao produto. No entanto, nos países que contam com legislação rigorosa, as multas por denúncias ou por auditorias do órgão fiscalizador podem aumentar ainda mais os custos ambientais. Considera-se ainda,nesse sentido, a imagem organizacional danificada por evidências de poluição no ambiente. Do ponto de vista socioambiental, compreender que o custo operacional do tratamento ambiental pode ser estrategicamente muito positivo para a empresa é um padrão de comportamento solidificado por muitos empresários e que dificulta a aquisição de novas tecnologias limpas. 3.2 PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO Nessa abordagem, com o próprio nome designa, a empresa propõe atitudes estratégicas de prevenção à poluição. Nessa estratégia, os gestores assumem uma postura proativa, indo muito além do tratamento da poluição, eles reinventam seus processos para mitigar a produção de resíduos. “Inspirados pelos padrões de ecoeficiência, eles modificam radicalmente os seus processos, evitando a poluição antes que ela seja gerada” (ACADEMIA PERSON, 2011, p. 118). 10 A gestão da poluição por meio da prevenção traz muitos benefícios econômicos para a empresa uma vez que reduz gastos com materiais, energia e descarte de sobras. Essas reduções implicam em redução de custos para o tratamento de descartes e despejos. Segundo Academia Person (2011), para poupar os despejos, torna-se necessário utilizar a abordagem dos 3 Rs, reduzir na fonte, reusar materiais, reciclagem de materiais. Reduzir significa otimizar recursos, insumos e resíduos. Para alcançar a meta, exigem-se da empresa investimentos em equipamentos, em materiais menos poluentes e uso de fontes energéticas limpas. Reusar nasce da ideia de poupar e reaproveitar recursos de formas diferentes. Exemplificando: o motor termodinâmico utilizado em carros híbridos ecoeficientes captura o calor liberado pela combustão e o utiliza em seguida para mover o carro, promovendo uma economia expressiva de combustível. Outro exemplo vem da fabricação do Ecolápis da Faber Castell, que separa a serragem e a madeira restante da produção, os quais são vendidos para outras fábricas que as reaproveitam em outras mercadorias (ACADEMIA PEARSON, 2011). Reusar é uma estratégia relevante para otimizar o uso de recursos da produção. Para evitar a extração de novos materiais originais, algumas empresas reutilizam novamente nos processos. Por exemplo: nas recicladoras de PETs, as novas tecnologias reaproveitam a água utilizada para a limpeza das garrafas. Inclui-se ao processo um tanque de tratamento dos efluentes que uma vez tratado retorna ao processo de lavagem das garrafas. Nessa estratégia, ainda, devemos considerar que a reciclagem de garrafas torna-se também fonte de materiais (não originais) que serão reusados em novos processos (Fábrica de reciclagem de PETs em Astorga/PR). É relevante, também, nessa combinação estratégica a contribuição com o uso limitado de água para o processo. A estratégia dos 3 Rs e processos com tecnologias limpas ou produção mais limpa são de extrema relevância para a evolução das causas ambientais. As organizações podem adotar estratégias radicais com mudanças técnicas em todo processo operacional, ou mudanças incrementais adicionando mudanças graduais nos modelos de produção. Figura 2 - Diferenças nos comportamentos organizacionais proativo e reativo Fonte: adaptado de Barbieri (2011, p. 111) 11 Há, nesta convicção, uma combinação importante em termos econômicos para a empresa e para o ambiente e, por fim, constrói-se imagem positiva em termos de marketing e publicidade verde usadas por várias empresas como Petrobrás, Ambev e Honda (ACADEMIA PEARSON, 2011). Vejamos na sequência um exemplo de ações ambientais implantadas para reduzir recursos e beneficiar também os consumidores com minimização de recursos e reaproveitamento energético. 3.3 A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESA WHIRLPOOL A Whirlpool é líder do setor de eletrodomésticos no Brasil com suas marcas Brastemp, Consul e Kitchem Aid e decidiu encarar o desafio de implantar projetos ambientais avançados, indo além do exigido pela lei quando há seis anos elegeu a sustentabilidade como um de seus pilares estratégicos no planejamento da empresa. “Diminuir o desperdício em nossa operação é apenas uma parte das nossas preocupações”. Segundo Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodomésticos, “o sucesso de nossas ações só é complexo se levarmos sustentabilidade também à casa do consumidor, com produtos que gastem menos água e energia”. A preocupação faz sentido, pois os aparelhos como refrigeradores, freezers e ares-condicionados representam cerca de 70% das despesas mensais de uma família com gastos energéticos. Para reduzir essa conta, um dos objetivos é desenvolver produtos mais eficientes. No caso dos refrigeradores, 83% dos modelos da Whirlpool são classificados na categoria A (menor consumo energético). O modelo lançado em 2011, O Inverse Viva, pode ter 80% dos seus componentes reutilizados na fabricação de outros produtos. “Poucos eletrodomésticos têm essas características”, afirma o presidente (REVISTA GUIA EXAME). Outra iniciativa importante é a substituição dos gases HFC e HCFC, de efeito estufa, por hidrocarbonetos (HC), menos nocivos à camada de ozônio. O HFC não poderá mais ser utilizado, segundo a legislação nacional, a partir de 2040. Contudo, a empresa se reorganizou para alcançar metas sustentáveis em sua gestão ambiental, assim, a Whirlpool vem construindo números expressivos que traduzem benefícios no campo ambiental, econômico e social. Vejam: 12 Quadro 3 - Percentuais de ganhos dos executivos da whirlpool nas ações implantadas a favor da sustentabilidade 15% dos bônus 17% de redução 96% dos resíduos 136 toneladas dos executivos dependem de planos ligados a questão socioambiental no uso da água, com medidas como a captação de chuva para testes das lavadoras gerados em 2011 foram aproveitados para a geração de energia elétrica Isopor, papelão e plástico das embalagens foram coletados para reciclagem Fonte: Grissoto (2012, p. 158) 4 SGA, RÓTULOS E ISO 14000 As ações do sistema de gestão ambiental podem avançar muito além das necessidades acanhadas para cumprimento legal e se estender a ambições maiores como os rótulos ambientais. A norma ISO 14000 certifica ambientalmente uma organização. Ela auxilia a organização a certificar seus processos com tratamento de resíduos. Esses procedimentos podem seguir uma orientação descrita na norma e contribui para construir ideias favoráveis para a SGA da organização como os programas, os treinamentos, os interessados e as auditorias internas. Além disso, a ISO 14000 apresenta as diretrizes para as organizações que desejam certificar-se por um rótulo verde. Os rótulos devem ressaltar as características ambientais dos produtos e serviços por meio de símbolos, declarações ou gráficos em suas embalagens que identificam um procedimento ambientalmente correto (NASCIMENTO et al., 2008). Conforme Nascimento et al. (2008, p. 207), os “selos verdes”, designados Tipo I, conferem diferenciação em relação aos concorrentes; os Tipos II indicam a condição de reciclável do produto; e o Tipo III utiliza-se de dados quantificáveis dos produtos como a economia apresentada, fonte do recurso e outros. Contudo, vale destacar a necessidade de a empresa apresentar-se a um órgão competente para certificar a empresa. 5 TIPOLOGIA DOS RESÍDUOS Na sequência, serão descritos os tipos de resíduos. Neste estudo, nos reportare- mos apenas aos resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas (efluentes gasoso) que devem obedecer a tratamento legal, o que, como já descrito anteriormente, podem refletir favoravelmente à imagem, ganhos e percepção social da empresa. 13 5.1 RESÍDUOS SÓLIDOS A produção de resíduos sólidos faz parte das atividades diárias das pessoas, seja em nossas residências, nas indústrias, nos serviços, enfim, em todas as atividades humanas nos deparamos com sobras de materiais. O aumento populacional em ritmo acelerado e o modo de consumo das pessoas têm contribuído com aumento dos resíduos e consequentemente com aumento dos problemasambientais. Conforme esclarece Philippi Jr. (2005), a questão dos resíduos sólidos é uma questão pública que envolve a sociedade e envolve interesses econômicos, aspectos culturais e políticos. Uma discussão pertinente é a geração inadequada de lixo (resíduos). Assim, concordamos com a seguinte definição: “o conceito atualmente para resíduos sólidos está vinculado à referência a tudo aquilo que resulta das atividades do ser humano na sociedade e que, aparentemente, não possui mais ou deixou de ter utilidade” (ZILBERMAN, 1997, p.48). Outra definição acatada mundialmente é a que consta na Agenda 21: os resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão de resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos (CNUMAD, 1997 apud PHILIPPI JR., 2005, p. 271). A classificação dos resíduos sólidos depende, inicialmente, da compreensão da origem do resíduo. São classificados em doméstico, industrial, comercial, institucional, varrição, demolição ou construção. Quanto à natureza em base orgânica, inorgânica, combustíveis, não combustíveis, putrescíveis, não putrescíveis, cinzas, radioativos, sobras industriais. Cabe ainda referência aos resíduos tóxicos como fungicidas, produtos químicos e materiais perigosos. Philippi Jr. (2005, p. 275) ainda destaca que reconhecer as características dos resíduos sólidos facilitam seu manuseio e operação: 1- Densidade aparente, medida em unidade de massa por unidade de volume. 2- Umidade, em porcentagem de massa. 3- Composição qualitativa, que corresponde à lista dos materiais e substâncias de interesse presentes nos resíduos. 4- Composição quantitativa, que corresponde à quantidade percentual dos materiais ou à quantidade massa/massa de substâncias de interesse. 5- Caracterização química, que corresponde à quantificação dos elementos químicos presentes ou ao comportamento do resíduo submetido a testes químicos específicos, como lixiviação, solubilização e combustão. 14 A compreensão sobre os resíduos sólidos vem a facilitar a compreensão sobre os problemas por eles causados e as possibilidades de soluções, as quais serão apresentadas no Tópico 2 desta Unidade. 5.2 EFLUENTES LÍQUIDOS Assim como o crescimento populacional exigiu nova postura nas dimensões sociopolíticas e econômicas, também o mesmo ocorre com o uso da água. Na situação brasileira, as políticas públicas favoreceram a concentração de indústrias e mão de obra em grandes centros urbanos, o que exigiu investimentos em infraestrutura, sobretudo no saneamento das cidades, contudo, não houve investimentos suficientes para atender a essa demanda (mão de obra), faltando saneamento básico e galerias pluviais (PHILIPPI JR., 2005). Outro ponto a destacar diz respeito aos avanços tecnológicos que produziram alterações físico-químicas nesses resíduos, aumentando a concentração de poluição e contaminação de recursos hídricos. Boa parte dos municípios brasileiros não possuem os ligamentos e tratamento sanitários. A falta de tratamento dos resíduos líquidos agrava a saúde pública. O mesmo autor afirma existir uma relação direta entre serviços de saneamento e qualidade de vida e saúde, pois as doenças veiculadas a esses resíduos diminuem com avanço das políticas de cobertura de saneamento básico. Quanto às características, vamos iniciar pela contaminação da água. Dessa maneira, a poluição das águas pode ser definida como a adição de substâncias, direta ou indiretamente, que alteram a natureza do corpo da água de tal maneira que prejudique o uso dela (PHILIPPI JR., 2005). Assim, conforme Philippi Jr. (2005), nas áreas urbanas, as principais fontes de águas residuárias compreendem: 1- Esgotos domésticos, provenientes de residências, comércio e instituições públicas. 2- Esgotos industriais, oriundos das indústrias. 3- Esgotos especiais, provenientes de serviços hospitalares, shopping centers, aeroportos em que as especificidades demandam gerenciamento diferenciado. No caso dos efluentes domésticos, sua vazão é calculada pelo conceito de retorno, que situa entre 80% da quantidade de água distribuída no abastecimento, assim em cada 100 litros consumidos, descartaremos em média 80 litros nos esgotos. No caso das indústrias, a vazão depende das tecnologias adotadas pelo processo industrial. Com os avanços tecnológicos, diversas vem implantando soluções que evitem o uso ou que possam reaproveitar a água residuária, como é o caso de algumas lavanderias industriais. Veja alguns exemplos de indústrias e seu consumo: 15 Quadro 4 - Tipos de indústrias e seus poluentes Fonte: adaptado de Philippi Jr. (2005, p. 194) Tipo de indústria Unidade Quantidade de despejo Poluentes principais MATADOURO Bovino Suíno Aves Litros/cabeça 2.500 1.2000 25-50 Carga orgânica CERVEJARIA Litros/litros cerveja 08 – 40 Carga orgânica CURTUME Litros/quilos de pele 30 – 100 Cromo GALVANOPLASTIA Litros/hora 250 – 2000 Cromo, cobre, zinco, cadmo, ciantos, etc. FECULARIA Litros/toneladas de matéria-prima manipulada 2000 – 4000 Ácido cianítrico Eis alguns dos problemas ambientais característicos dos efluentes (PHILIPPI JR., 2005, p. 195): 1- Impacto visual pode apresentar toxicidade, dificulta a penetração da luz e impacta na fauna e flora aquática. 2- No caso em que os sólidos ficam em suspensão e gases dissolvidos, dificultam o tratamento sanitário. 3- Quando a diminuição do oxigênio e efeitos tóxicos se manifestam, há degradação estética e problemas de bioacumulação. 4- O excesso de efluentes causa problemas de incrustação nas tubulações de caldeiras e aquecedores. A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), e a Lei 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Hídricos (PNRH), regulamen- tam as ações necessárias para o gerenciamento dos recursos ambientais hídricos. Nessa época, a discussão se ampliou na sociedade, instituíram-se comitês espalhados pelo país para discutir a questão da poluição da água, compartilharam-se os fundamentos do Princípio Poluidor Usuário, tendo também participado desse debate ONGS (27%), Órgãos Públicos (17,8%), Universidades (12,4%), Órgãos de abastecimento (10%), Prefeituras (6,2%), Associações profissionais (4,5%), Câmaras Municipais (4,5%), Órgãos gestores/saneamento (4,2%), Indústrias (4,32%), Agricultura (2,3%), outros não identificados (2,4%). As discussões dos comitês amparadas pela regulação legal sobre o uso correto da água contribuíram para o avanço no controle do uso da água e pela busca de soluções cada vez mais eficazes para o tratamento da poluição. Ainda que o controle da água exija melhor monitoramento dos órgãos competentes, os instrumentos legais de controle devem visar estrategicamente ao cuidado com a exploração desse recurso como de extrema necessidade para a sobrevivência social (PHILIPPI JR., 2005). 16 5.3 EFLUENTES GASOSOS As atividades antrópicas provenientes de atividades humanas, ao longo de décadas, têm apresentado variados impactos para o meio ambiente e para a saúde pública. As emissões dos processos produtivos, como o uso de queima de madeira, carvão e outros combustíveis fósseis para atender às demandas de consumo do mercado, cresceram ao longo do tempo em função de fatores culturais e tecnológicos (PHILIPPI JR., 2005). O depósito efetivo do descarte atmosférico também recebeu concentrações de substâncias induzidos pela própria natureza, como erupções vulcânicas, evapo- ração, ventos, decomposição de vegetais e animais e de incêndios florestais, entre outras atividades naturais. No entanto, ressaltemos que a concentração da população em área urbana eo forte consumo elevaram expressivamente os níveis de poluição do ar nas cidades. O que podemos perceber (considerando centros industriais) é a exaustão da capacidade natural do nosso ecossistema em autodepurar essa poluição (PHILIPPI JR., 2005). É fato histórico geral que, quando um país subdesenvolvido inicia seu desenvolvimento industrial, sua qualidade do ar piora significativamente. Essa situação continua a deteriorar-se até que um nível importante de riqueza seja alcançado, ponto no qual o controle das emissões passa a ser regulamentado por lei e torna- se obrigatório, e então, o ar começa a purificar-se. Assim, embora a qualidade do ar esteja melhorando por um tempo na maioria dos países desenvolvidos, ele está piorando nas grandes cidades dos países em desenvolvimento (BAIRD, 2002, p. 107). A camada de gases que envolve o planeta Terra é composta por uma mistura de gases, nitrogênio e oxigênio, que representam 99% de sua composição, sendo denominada atmosfera. “A poluição do ar pode ser definida como presença de matéria ou energia na atmosfera, de forma a torná-la imprópria, causar prejuízos aos usos antrópicos, à saúde pública e ao ecossistema natural” (PHILIPPI JR., 2005, p. 443). A poluição atmosférica é tão grave à saúde humana que, em países em desenvolvimento, aproximadamente meio milhão de pessoas morrem anualmente por consequência da poluição atmosférica. Por exemplo: em Londres e no México, pessoas morreram durante o inverno por conta de uma exposição a smog (composta de fuligem e enxofre expelidos na atmosfera) (BAIRD, 2002). Esses exemplos exigem da sociedade ações articuladas de modo a reverter esse quadro, e o enfrentamento dessa questão deve incluir: (PHILIPPI JR., 2005, p.441) 1- O estabelecimento de políticas que priorizem ações integradas na reversão dessa problemática; 2- O desenvolvimento de programas de educação ambiental formal e não formal; 3- A minimização da produção de resíduos, por meio da mudança nos padrões de consumo e de produção; 17 4- A definição e aplicação de procedimentos adequados, do ponto de vista da proteção ambiental e responsabilidade social, de tratar resíduos gerados; e 5- Repensar a forma de ocupação do uso do solo, respeitando os limites e capacidade de suporte e do tempo de autodepuração dos espaços. Masisa – Façam o que eu faço Desde outubro, o marceneiro que compra um painel de madeira no Brasil pode verificar se o produto emite formaldeído, substância tóxica que pode causar câncer, em nível seguro ou não. A informação vem no Rótulo Ecológico, Certificação Brasileira de Normas Técnicas. A chilena Masisa, que detém 12% do mercado de painéis de madeira no Brasil, é a primeira e, por enquanto, a única empresa a receber esse selo. Em sua produção, o componente básico da resina usado na fabricação de painéis, o formaldeído é emitido continuamente, como gás, enquanto a chapa não é totalmente revestida. Ele pode intoxicar os empregados do fabricante, o marceneiro que trabalha com o material e até o consumidor final dos móveis. No Brasil, a concentração de substâncias não pode ultrapassar 30 miligramas por 100 gramas do produto final. Para receber o selo verde da ABNT, a Masisa foi além: limitou o nível de formaldeído a 8 miligramas por 100 gramas do produto final, dentro do padrão mais rigoroso da norma europeia. “Adequar-se à norma europeia significa menos lucro, uma vez que precisamos usar mais resina cara e adotar os cuidados para proteger os funcionários”, diz Marise Barroso, presidente. Traduzindo em números, isso representa 8% menos de Ebitida, indicador que mede a geração de caixa da empresa. Apesar disso, é uma medida necessária. “Demos o primeiro passo, agora a sociedade pode exigir que outras empresas adotem o mesmo padrão”, disse a presidente. Fonte: YANO, C. Façamos o que eu faço. Guia de Sustentabilidade 2012, p. 148. INTERESSANTE 18 Neste tópico, você aprendeu: • O Sistema de Gestão Ambiental - SGA - é uma estrutura organizacional que auxilia a empresa avaliar e controlar os impactos ambientais de suas atividades. • A gestão ambiental tem o objetivo de proteger o meio ambiente dos danos provocados pelos efeitos nocivos dos materiais indesejados pelas empresas, os quais às vezes são descartados incorretamente no ambiente natural • No modelo estratégico de prevenção, as modificações exigidas nos processos produtivos são mais abrangentes e incluem mudanças e adoção dos 3 Rs. • O modelo estratégico de controle atende às questões legais e têm por objetivo tratar a poluição no final do processo. • Os selos repercutem favoravelmente na imagem organizacional, e algumas situações passam a ser uma exigência dos mercados. • As inovações e o consumo exagerado podem interferir no acúmulo de resíduos descartados ao meio ambiente. • Quanto à origem, os resíduos sólidos são classificados em doméstico, industrial, comercial, institucional, varrição, demolição ou construção civil. • As principais fontes de águas residuárias compreendem esgotos domésticos, provenientes de residências, comércio e instituições públicas; esgotos industriais, oriundos das indústrias e os esgotos especiais, provenientes de serviços hospitalares, shopping centers, aeroportos. • A concentração populacional em área urbana e o modelo de consumo elevaram expressivamente os níveis de poluição do ar nas cidades, exaurindo a capacidade natural do nosso ecossistema em autodepurar essa poluição. RESUMO DO TÓPICO 1 19 AUTOATIVIDADE 1 Poluir é sujar, degradar, contaminar, manchar e mesmo alterar as condições naturais do ambiente, sendo que poluente é o que polui, uma vez que produz algum tipo de situação indesejada ao meio e à vida humana. Com base nos aspectos da poluição, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As fontes de poluição são classificadas como móvel ou estacionária, sendo que a emissão pode ser pontual ou difusa. b) ( ) A acidificação bem como a chuva ácida são consequências de poluição local. c) ( ) Entre as fontes de poluição pode-se incluir os organismos e os ecossistemas. d) ( ) A origem da poluição é sempre antropogênica, ou seja, relacionada as ativida- des humanas. 2 A partir do século XIX, a preocupação com a poluição deixou de ser assunto somente de cientistas e ambientalistas, passando a ser mais uma responsabilidade para setores produtivos e políticas públicas. Com base nos movimentos relevantes que começaram a exigir práticas ambientais corretas quanto ao destino dos resíduos, analise as sentenças a seguir: I- A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) passou a pontuar criticamente as diferenças nos custos de produção por países sem práticas corretas em termos ambientais. II- A preocupação dos investidores que procuraram minimizar os riscos de seus investimentos, sendo que as empresas que não adotassem em suas estratégias técnicas de despoluição e tratamento estavam acumulando passivos ambientais, interferindo nos lucros dos investidores. III- A adesão dos rótulos verdes pelas empresas, impulsionada pelo aumento da consciência ambiental da população, despertada pelos danos causados pela poluição. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença I está correta. 20 3 O Sistema de Gestão Ambiental é um conjunto de normas, estratégias e procedimentos para gerir uma empresa visando minimizar os impactos de suas atividades no meio ambiente. De acordo com as duas abordagens estratégicas distintas de controle e prevenção da poluição, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Para o controle da poluição são necessárias aquisições de equipamentos como filtros, construção de tanques de tratamento de efluentes, ou ainda destinar a terceiros o tratamento final dos resíduos. ( ) As tecnologias de remediação e de controle de fim do processos são estratégiasde prevenção de poluição. ( ) Entre as estratégias de controle de poluição utiliza-se abordagem dos 3 Rs: reduzir na fonte, reusar insumos e a reciclagem de materiais. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Alguns mercados exigem que seus participantes assumam o compromisso com a questão da poluição. Neste contexto, disserte sobre o modo que as organizações podem melhorar sua imagem a partir dos selos ambientais. 5 Os resíduos podem ser classificados como resíduos sólidos, líquidos (efluentes) e gasosos (emissões atmosféricas). Neste contexto, disserte de forma sucinta sobre as principais características dos três tipos de resíduos. 21 RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICO, INDUSTRIAL E DA CONSTRUÇÃO CIVIL 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é dar o destino correto a milhões de toneladas de resíduos gerados a cada ano. Nesse desafio, a que se considerar o crescimento do consumo das classes c e d que vão ampliar ainda mais o descarte de resíduos. Para se ter uma ideia, conforme recente estudo do Instituto Ethos, o brasileiro é responsável por 352 quilos anuais. (ETHOS, 2012). Outro aspecto relevante são as conclusões de pesquisas sobre o destino incorreto dos materiais indesejados por pessoas (resíduo doméstico) e industriais (processo de fabricação). As conclusões nos revelam que boa parte desses materiais são descartados a céu aberto sem tratamento, por exemplo, sobras de plásticos descartados no solo ou rios podem ser focos de doenças, pois poluem nosso ar, nosso solo, nossos rios e mares. Um ambiente danificado pela poluição (impactado por resíduos) terá dificuldade também em manter as condições saudáveis para reposição de recursos necessários para o processo industrial. Temos que considerar que o meio ambiente é a fonte de recursos necessários à sobrevivência humana, portanto, é nosso dever mantê-lo sadio. O que fazer com o crescente descarte de resíduo no meio ambiente? Há muito o que fazer. Podemos segregar os resíduos, acondicioná-los e destiná-los corretamente de tal forma que não exaura nosso meio ambiente. Para tanto, devemos apoiar as iniciativas das ONGs para proteção ao meio ambiente (assim como faz Greenpeace, WWF e outras), políticas públicas e legislação para condicionar o comportamento das pessoas a favor do meio ambiente, empresas produtoras e uma sociedade disposta e informada a rever suas formas de consumo e tratamento das sobras. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos o conceito de resíduo sólido, classificação quanto à periculosidade e as possibilidades de tratamento, com enfoque nos resíduos sólidos domésticos, industrial e da construção civil. O desafio desse tratamento pode se tornar fonte rentável para novos negócios na cadeia produtiva e contribuir com sustentabilidade do planeta. 22 2 DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A definição e classificação dos resíduos sólidos estão inscritos no CONAMA 313/02 e na ABNT NBR 10004 (2004), envolvendo a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a comparação desses constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ABNT NBR 10004, 2004). A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e o processo que deram origem a esses resíduos. Os resíduos são classificados em dois grupos – perigosos e não perigosos –, sendo ainda este último grupo subdividido em não inerte e inerte. Essa norma estabelece os critérios de classificação e os códigos para a identificação dos resíduos de acordo com suas características. Assim todos os resíduos ou substâncias listadas (A, B, D, E, F e H), segundo a norma, têm uma letra para codificação, seguida de três dígitos. Os resíduos perigosos constantes no anexo A são codificados pela letra F e são originados de fontes não específicas. Os resíduos perigosos constantes no anexo B são codificados pela letra K e são originados de fontes específicas (ABNT NBR 10004, 2004). Os resíduos perigosos classificados pelas suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade são codificados conforme indicado a seguir: D001: qualifica o resíduo como inflamável. D002: qualifica o resíduo como corrosivo. D003: qualifica o resíduo como reativo. D004: qualifica o resíduo como patogênico. Os códigos D005 a D052 constantes no anexo F identificam resíduos perigosos devido à sua toxicidade, conforme ensaio de lixiviação realizado de acordo com norma ABNT NBR 10005. Os códigos identificados pelas letras P e U, constantes nos anexos D e E, respectivamente, são de substâncias que, dada a sua presença, conferem periculosidade aos resíduos e serão adotados para codificar os resíduos classificados como perigosos pela sua característica de toxicidade (ABNT NBR 10004, 2004). 23 3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS Os resíduos nos estados sólido e semissólido resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT NBR 10.005, NBR 10.006, NBR 10.007, NBR 12.808). Os resíduos sólidos são classificados em Perigosos e Não Perigosos. 1- Perigosos ou periculosidade de um resíduo: Característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e patogenicidade. Eles podem provocar ou conter: a- Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices. b- Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. c- Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua interação com o organismo. Agente tóxico: qualquer substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso (tóxico, carcinogênico, mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico); d- Aguda: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar um efeito adverso grave, ou mesmo morte, em consequência de sua interação com o organismo, após exposição a uma dose elevada ou a repetidas doses em curto espaço de tempo. e- Agente teratogênico: qualquer substância, mistura, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo dela resultante. f- Agente mutagênico: qualquer substância, mistura, agente físico ou biológico cuja ina- lação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas espontâneas de danos ao material genético e ainda provocar ou aumentar a frequência de defeitos genéticos. h- Agente carcinogênico: substâncias, misturas, agentes físicos ou biológicos cuja inalação ingestão e absorção cutânea possibilita desenvolver câncer ou aumentar sua incidência. O câncer é o resultado de processo anormal, não controlado da diferenciação e proliferação celular, podendo ser iniciado por alteração mutacional. Exemplo: excesso de chumbo. i- Agente ecotóxico: substâncias ou misturas que apresentem ou possam apresentar riscos para um ou vários compartimentos ambientais. 24 2- Não Perigosos: são resíduos resultantes de atividades produtivas como sobras de materiais plásticos, papel, tijolos,alumínio e que, sem alterações físico-químicas, não trazem danos à saúde humana e ao meio ambiente. No entanto, deverão ser tratados em função do seu acúmulo promover impactos ambientais. Exemplos: sobras de materiais de construção descartados em várzeas e bordas de rios destroem a paisagem e interferem na saúde da fauna local. Outro exemplo é descarte de sacolas plásticas em espaços abandonados, o que aparentemente não é nocivo, porém atrapalha o escoamento de águas pluviais, podendo concentrar microrganismos nocivos à saúde humana como a dengue. • Classe I – Resíduos perigosos Normalmente com características inflamáveis tóxicas, de reatividade, de corrosão e patogênicas, podendo causar problemas à saúde humana, provocam impactos ao ambiente (ABNT NBR 10004, 2004). Os resíduos de serviços de saúde deverão ser classificados conforme ABNT NBR 12808. Os resíduos gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos e os resíduos sólidos domiciliares, excetuando-se os originados na assistência à saúde da pessoa ou animal, não serão classificados segundo os critérios de patogenicidade. • Classe II - Resíduos não perigosos São subclassificados em duas categorias: classe II A e classe II B. • Classe II A - Resíduos não perigosos Nesta classe, estão os resíduos que podem ser biodegradáveis, solúveis em água ou em combustíveis. São exemplos: sucatas metálicas, papéis, materiais orgânicos. Segundo a ABNT NBR 10004 (2004), são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. • Classe II B – Resíduos inertes São os resíduos considerados não combustíveis e inertes. Por exemplo: vidro, tijolo e outros. Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representa- tiva, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, ou seja, não alterarem. A Figura 3 descreve o processo para classificar os resíduos sólidos. 25 Figura 3 – Caracterização e classificação dos resíduos sólidos Fonte: ABNT NBR 10004 (2004) 26 4 TRATAMENTO E GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS A partir de 1990, o planejamento do tratamento dos resíduos sólidos passa a ser de responsabilidade do governo municipal (prefeituras). Nesse plano, desenvolvem- se ações partilhadas em entre governo, ONGs, cooperativas, associações e geradores. As cooperativas e associações formadas por catadores de ruas, agora, em vários municípios, estão organizadas formalmente e com domicílio para exercer o tratamento dos resíduos sólidos não perigosos de fim doméstico, e passam a fazer parte da coleta seletiva dos municípios. Já os resíduos sólidos de origem empresarial, formados pelas sobras processos produtivos, terão este e outros destinos, como veremos na sequência. 4.1 RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS No que tange aos resíduos domésticos, a coleta e o tratamento ficam por responsabilidade das cooperativas e coleta municipal. Figura 4 – Resíduos sólidos sendo descarregados em lixão Fonte: https://elements.envato.com/pt-br/truck-unloading-garbage-on-an-open-air-dump-waste-- W4FWN3C. Acesso em: 29 ago. 2022. Os catadores contratados pelas prefeituras saem pelas ruas diariamente coletando os materiais não utilizados pelas residências e alguns comércios, despejando o que recolheram nos aterros. https://elements.envato.com/pt-br/truck-unloading-garbage-on-an-open-air-dump-waste--W4FWN3C https://elements.envato.com/pt-br/truck-unloading-garbage-on-an-open-air-dump-waste--W4FWN3C 27 Os catadores das cooperativas circulam pelas cidades e coletam os resíduos (não incluir os orgânicos) e levam até as cooperativas onde serão segregados: plásticos, papelão, alumínio e vidros. São acondicionados de modo que diminuam seu volume e então vendidos, por meio de intermediários ou diretamente, às empresas de reciclagem. Essa atividade refletiu em inclusão social, renda para os membros das cooperativas e respeito ao meio ambiente, uma vez que os resíduos domésticos serão tratados com técnicas ambientalmente corretas reduzindo o impacto ambiental e diminuindo o destino de áreas geográficas importantes para a instalação de aterros. Nesse interesse, vale destacar a necessidade da Educação Ambiental da sociedade que deverá, em suas residências, separar o resíduo sólido dos orgânicos. Esse modelo é chamado de Economia Solidária e inspirou a criação de um programa chamado de “Programa Nacional Lixo & Cidadania” e conta com o apoio da Unicef para retirar as crianças dos lixões, as quais catavam sobras para a suas subsistências, sendo ainda incluídas nas escolas. O movimento avançou e em 2000 foi criado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis; a atividade foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e incorporada ao Código Brasileiro de Ocupações (JACOB, 2006). Ainda cabe ao município a responsabilidade de coletar os resíduos orgânicos, assim como aqueles que não foram segregados nas residências, e os encaminhar até o aterro municipal. Nesse aterro, deverão ser separados os resíduos sólidos dos orgânicos. Os sólidos deverão ser encaminhados à reciclagem e os orgânicos serão destinados aos aterros. Estimativas revelam que as prefeituras realizam a coleta seletiva dos resíduos sólidos em 52% das cidades pesquisadas; empresas particulares executam a coleta em 26%. Mais da metade (62%) apoia ou mantém cooperativas de catadores como agentes executores da coleta seletiva municipal (PORTAL BRASIL, 2011). De acordo com o mesmo estudo, em 27,7% das cidades, o lixo vai para os aterros sanitários e em 22,5% delas (somente), para os aterros controlados, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE, 2010). Infelizmente, tal prática ambientalmente correta nem sempre é vista em todos os municípios brasileiros. Considerando a falta de consciência e respeito ao meio ambiente, muitos municípios coletam tudo e enterram. Os "lixões" continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população. A situação exige soluções para a destinação final do lixo no sentido de reduzir o seu volume, ou seja: no destino final, é preciso ter menos lixo (VAZ; CABRAL, 2006, p.1). Para reforçar, o custo da coleta seletiva também é alto quando ao comparado ao da coleta convencional. O preço médio da coleta seletiva nas grandes cidades calculado pela pesquisa do CEMPRE foi de R$ 376,20. Já a coleta regular de lixo custa, em média, R$ 85,00, quatro vezes menos (CEMPRE, 2012). http://cempre.org.br/ciclosoft_2010.php 28 De onde vem e pra onde vai nosso lixo? Caro acadêmico, no link abaixo, você vai conhecer um pouco da nossa realidade sobre o descarte dos materiais que já tiveram uso no nosso dia a dia, mas agora se tornaram um incômodo. Fonte: http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/de-onde- vem-e-pra-onde-vai-o-lixo-nosso-de-cada-dia. Acesso em: 29 ago 2022. DICA As políticas públicas devem avançar e priorizar as demandas por tratamento dos resíduos sólidos em parcerias. Essas parcerias podem ser feitas entre governos, ONGs, cooperativas e a população, visando discutir a problemática do lixo e a partilha do conhecimento entre governos, Organizações não governamentais (ONGs), sociedade e cooperativas tem elucidado a possibilidade da inclusão socioeconômica e ambiental. Segundo a pesquisa do IBGE, cerca de 22 milhões de brasileiros têm acesso a programas municipais de coleta seletiva. No entanto, apesar do número
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