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ROMANISMO ,GERMANISMO E CRISTIANISMO

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HISTÓRIA DA IDADE MÉDIA OCIDENTAL
ROMANISMO, GERMANISMO E 
CRISTIANISMO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Aprender sobre o momento de transição entre o chamado fim da Antiguidade e o início da Idade Média;
2. compreender que existem relações entre a desestruturação do Império Romano e a organização de novas
estruturas de poder;
3. o papel da Igreja na transição entre o Baixo Império e a Primeira Idade Média.
Bem-vindo à aula de romanismo, germanismo e cristianismo!
Está preparado para essa viagem, superinteressante no mundo da história ocidental? 
Avance a tela e confira o que preparamos para você!
Vamos começar lembrando a periodização da Idade Média, pois mesmo que de maneira didática é impossível
analisar o período como um todo.
Esse período de desestruturação e organização dos reinos germânicos é o período tratado como primeira Idade
Média.
O período que entendemos como a solidificação de um novo governo, uma organização europeia mais
centralizada, na ascensão da política de Carlos Magno, é chamado de alta Idade Média.
História da Idade Média
E na Idade Média?
A primeira Idade Média é o período de transição entre a desestruturação do Império Romano e a organização
dos reinos germânicos.
Vamos conhecer um pouco sobre a época da Idade Média!
A Idade Média tardia é o período entre a baixa Idade Média e a modernidade. A Idade Média plena é chamada
Idade Média Central, que seria o auge do período feudal (O nome plena pode confundir os outros status).
A Alta Idade Média é justamente o momento em que se tem a presença, mais marcante, do governo carolíngio, da
organização de uma Europa, de uma economia.
Carolíngio é o governo organizado especialmente em torno da figura de Carlos Magno. É o nome da dinastia da
família, a qual se tem como marco o juramento de fidelidade que é considerado o embrião do período da Idade
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Média Central. O feudalismo não é só uma relação econômica de terra mas, principalmente, um compromisso de
fidelidade e a organização de fidelidade entre iguais para estabelecimento e a organização das terras. Vassalos e
suseranos são iguais.
A Idade Média Central é o período do surgimento das cidades. A Baixa Idade Média é o período das liberdades
das universidades. A organização da economia imperial romana é basicamente mediterrânea.
Na Alta Idade Média, há uma migração das principais relações econômicas do Mediterrâneo para o norte da
Europa. Não é à toa que se tem o crescimento das Ilhas Britânicas, o avanço dos Vinkings, porque o território do
norte da Europa começa a ser valorizado. Rotas comerciais passam pelo norte da Europa e, nesse sentido, há
uma mudança de ciclo econômico.
Vamos fazer uma reflexão!
Como historiador, qual é o seu olhar sobre a IDADE MÉDIA?
Já pensou? Avance a tela e veja algumas informações sobre o historiador!
O historiador deve olhar a Idade Média não como a idade das trevas, não como a idade romântica dos cavalheiros
errantes. O historiador deve, entre tantas coisas, principalmente, reconhecer a capacidade de transformação,
reorganização e de mutação.
Ele deve ter o cuidado de não perder nunca o seu objeto primeiro, que é o homem no tempo. Se é o homem no
tempo, não é o homem em mil anos.
É saber que esse homem vai ter momentos específicos, que o local vai ter momentos específicos, que as relações
tem momentos específicos. Então temos relações de poder diferenciadas, organizacões sociais diferentes. Não se
pode perder essa noção dos objetos de pesquisa.
Nesta aula, falaremos de Jacques Le Goff, certamente um dos historiadores mais importantes do século XX e um
medievalista dos mais reconhecidos.
Le Goff afirma que, para entender a Idade Média, é necessário entender a confluência de três grandes tradições:
Romanismo, Germanismo e Cristianismo. Ainda que entendamos que seja um modelo didático, é um dos mais
interessantes para compreender a formação da Idade Média, dos reinos germânicos.
Neste momento, vamos conhecer as três tradições, relacionando-as ao co que estudamos – a transição entre os
século IV e VI.
Você está preparado?
Fique atento!
Quando levantamos o entendimento da tradição germânica, precisamos lembrar da formação cultural do
Império Romano. Lembrar que Cícero era lido, relido e falado no século I AC. Ele defendia que ser romano era
dominar as leis romanas, era viver como súdito da força, do conjunto e da lei romana.
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Outros autores vão trazer a ideia de que a romanidade deve ser trazida nas transformações. Por exemplo, ir para
uma nova cidade e construir tudo no modelo de Roma, assim sente-se em casa.
Tentamos entender de onde vem o apoio ou a relação do Império com a Igreja.
O cristianismo, entre o século I e o IV, se difundiu no mundo romano dentro de um emaranhado de processos.
Ele se faz presente, dentro de muitas propostas filosóficas de intelectualidades locais, de propostas helenísticas,
de propostas com características gregas. Ele vai se organizar no modelo do Império.
Será o próprio Império Romano o espelho para se entender a organização da Igreja. Falamos de Império como
instituição política, nunca como unidade. De unidade só se tem o discurso, como ideia se tem unidade, como
instituição se tem o modelo.
Como modelo, a Igreja vai, cada vez mais, funcionar nos moldes do Império. Ela vai crescer, nos séculos IV e V,
em especial, em núcleos que, muitas vezes, estavam fora da estrutura central do Império, em núcleos
intelectualizados.
Ela vai se mostrar organizada, a ponto de que quando Constantino busca uma nova forma de colo, uma nova
coalizão, essa busca é a Igreja. Já existiam elementos anteriores que buscavam e pensavam isso. Outras religiões,
que pela visão cristã são chamadas de pragas, foram buscadas pelos romanos.
É na busca pelo cristianismo, justamente, o momento do cristianismo assumir, de maneira clara, essa
romanidade. O cristianismo se torna romano e, nesse sentido, ele consegue ser base do próprio Império. Se o
Império vive, sob a força e a organização de suas leis, o espelho vai ser a mesma ordem.
O imperador romano convoca um concílio, uma reunião geral de Bispos, para organizar a Igreja e dar forma para
se entender determinadas características que se manifestam em torno daqueles 1000 anos. Podemos considerar,
inclusive, marcos diferentes para o seu entendimento didático, de início e fim.
O marco político trabalhado de início e fim é a queda do Império Romano do Oriente. Há uma noção religiosa, a
Idade Média começa na ascensão do cristianismo e termina com a reforma protestante.
Há uma noção muitas vezes trabalhada com a estrutura militar, quando o exército romano sucumbe aos
bárbaros e quando o Mediterrâneo é tomado pelos turcos. Um marco parecido com o político, mas com um
argumento diferente.
Sobre a Igreja um lembrete vital tem que ser dado: Ninguém nasce da Igreja, o bispo era um nobre dentro
daquela sociedade, é um dos maiores naquela sociedade. Então, se a Igreja domina, se tem força, precisa pensar
que ela sozinha não existe. Antes de tudo, a Igreja tem um conjunto em torno dela, ela é um corpo imerso dentro
da sociedade e vai reproduzir as relações de poder imersas nessa sociedade.
O bispo, muitas vezes, vai ser um cavaleiro, um prefeito de uma cidade, vai andar de armadura, porque ele
nasceu nobre. Por exemplo, São Francisco de Assis, no século XIII, para se tornar santo despiu-se de todas as
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roupas da casa do pai. Isto é uma forma de negar a própria herança que lhe permitia uma ascensão de poder
social.
Precisamos entender que o medieval tem características próprias e que temos que mergulhar nesses espaços
específicos.
O Ocidente que vamos estudar é aquele inscrito historicamente, que é sede á antiga divisão do Império Romano,
onde os territórios a oeste do Império são tratados como Ocidente e a leste como Oriente. É nessa influência da
ideia de um mundo romano inegavelmente forte que está a própria noção que ainda, hoje utilizamos para olhar o
período deOriente e Ocidente.
A região da Bretanha é caracterizada como sendo mais rural, com um olhar mais voltado para a produção. Esse
olhar é o que é referido quando se fala em transição do período Antigo para o Medieval. Se destaca o processo de
ruralizarão das produções e da organização social, não é uma ruralizarão física. As sociedades antigas, até a
revolução industrial, são sociedades principalmente rurais, a maior parte da está espalhada no campo, não está
concentrada em núcleos urbanos.
A diferença que, normalmente, é conservada do período antigo para o medieval é a perda da importância das
cidades. A redução do contingente de cada cidade, sem dúvida nenhuma, é bem maior do que o contingente, do
que a quantidade de pessoas, em uma mesma área do mesmo tamanho no campo. Temos a cidade antiga, em
especial, o período romano tardio, século III ao V, sendo, claramente, uma sociedade em que notamos que as
relações de poder, o comércio, as decisões e a política são decididas nas cidades. Quando começa-se a pensar a
organização, começa-se a ter decisões mais dispersas.
Você sabe como era o comércio em Roma?
O comércio romano girava em torno do Mediterrâneo, falamos em produções de latifúndios para abastecer
grandes centros, falamos em grandes trocas comerciais em detrimento ao que começamos observando no
período medieval, em que se tem cidades menores e a produção sendo especialmente voltada para aquele núcleo
menor. Utilizando caminhos por terra, temos claramente o que os autores marxistas chamam de uma mudança
de um modo de produção escravista voltado para a grande propriedade.
Fique ligado
O período medieval, entre outras características, vai ser marcado dentro dessa leitura de uma
redução das cidades.
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Para o grande comércio, para o modo de produção que vai ser chamado depois de feudal apesar de não ser mais
possível utilizar feudal nesse momento , o que é claramente, um modo de produção de policulturas com uma
circulação comercial, muito mais terrestre de pequeno arco (de pequena distância) do que uma produção de
modelo que se tinha, de grandes rotas, de grandes caminhos, de grandes celeiros.
O bárbaro, dentro da leitura romana, não queria dizer destruidor, até porque a estrutura das guerras que
também estavam presentes no mundo romano faz referência a um conjunto cultural, onde se está fora das
relações socioculturais presentes no mundo romano. Quando se está fora dessas relações, não se reconhece o
padrão chamado pelos romanos de Civitas, que depois dá origem à nossa ideia de civilização, se é um bárbaro.
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Desta forma, entendemos que a leitura pejorativa já estava presente entre os romanos e a adoção do termo
bárbaro, que deve ser vista com cuidado, para não ser confundido com selvagens. Não há um isolamento, esses
grupos chamados de bárbaros orbitam e fazem parte da estrutura do mundo romano. Desde o século 1 já há
referência a essas trocas nas fronteiras romanas.
Ao longo do período tardio, temos a presença desses grupos dentro do Império, eram aliados e muitas vezes
guerreiros de Roma. Eles tinham a função de militares romanos. Chama atenção o pai de Rômulo Augusto,
Oreste, ele era um comandante romano, era um Magisters e, ao mesmo tempo, era também de origem Franca.
Teoricamente, dentro dessa leitura, é considerado bárbaro.
O que se chama de bárbaro ou não vai depender muito do momento e dos interesses que estão sendo discutidos.
É necessário entender que o quadro de transformação, de transição do mundo romano, já vem em crise muito
antes dessa ruptura pontual.
A organização social já vem demonstrando elementos de transição saindo do que vai ser entendido como
Antiguidade e apresentando características que serão lidas como medievais, ao longo de um período.
O modo de produção romano era escravista, baseado em um grande comércio. A organização desse grande
comércio já vem em claro
declínio, desde o movimento em que se estabelece a figura da paz romana, vindo a reduzir o número de batalhas
e o número de escravos.
Temos em vez dessa organização que está presente, desde o século II, as fronteiras romanas, apesaar da ideia de
fortificação, mais perenes quando Roma precisa organizar grandes batalhas. Não vai um grande e organizado
exército romano, mas, sim, um grupo com quem Roma fez um acordo, pagando ou concedendo permissões.
Dessa forma, há o estabelecimento, por exemplo, dos visigodos e dos ostrogodos.
Esses dois povos que vêm das regiões mais ocidentais e vão ocupar posições da Nécia, atual região da Sérvia e
regiões ao norte do Mar Negro. Essas duas ocupações são importantes dentro do mundo romano e não são
ocupações de características militares, são grupos rurais e que não entram no grande comércio e nem na grande
produção escravista, vão tender a ter produção de caráter menor.
O Império Romano, uma vez cessada a sua expansão, uma vez tendo áreas fora do seu controle e, mais do que
isso, uma vez que os governos romanos dependiam diretamente do recurso dessas vitórias, que tinham uma
"máquina estatal cara", com uma organização multifacetada , não podiam fazer com pouco dinheiro uma política
de "Panis Cercensis". Começa-se a ter mais fome e aquela cidade, que já tinha demonstrando crises, se torna um
local de extrema pobreza em muitos espaços, com isso, o comércio fica mais frágil, sem incentivo.
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Alguns produtores ainda conseguem se manter, mas outros não têm capacidade de se organizar para manter o
seu latifúndio. Começa-se a ter a ideia de uma cessão de terras, isso não acontece do dia para a noite.
O sistema da cessão de terras é o sistema do colonato. O colonato está claramente presente, na organização
social romana, desde o século III ( alguns defendem o século II). Ele seria a cessão de parte das terras em troca
do trabalho, nas suas próprias terras, em determinados momentos específicos. A vantagem disso em relação ao
sistema escravista é que não há a necessidade de se manter o colono.
Se há um sistema produzindo bem, o escravismo é um ótimo negócio, com muito lucro. Quando ocorre uma
redução na produção, o romano diminui o número de escravos, não por bondade, o que ocorre é uma política de
descentralização, de ruralização, para que se possa ter, muitas vezes, uma reacomodação do sistema, que se
mostrava enfraquecido por conta da sua própria estrutura.
Sobre a relação do Império com os romanos temos que observar que a relação entre os dois é bastante longa. As
terras Góticas.
Figura 1 - Um mapa curioso!
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O que vem na próxima aula
• Os vários reinos germânicos dos suevos, visigodos e ostrogodos;
• a relação entre a Igreja e os reinos.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu as transformações políticas do Império Romano do Ocidente para os reinos germânicos;
• analisou que a Igreja não é a sucessora do Império Romano, que ela tem que se reestruturar na Idade 
Média.
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	Olá!
	
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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