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apostila historia da enfermagem

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2023/1 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Mércia Karla Pina 
2 
 
 
 
SUMÁRIO 
1.0 História da Enfermagem ................................................................................................. 04 
1.1 A Enfermagem no Brasil e no Mundo ............................................................................ 04 
1.2 Desenvolvimento das práticas de saúde durante os períodos históricos. ....................... 05 
1.3 Enfermagem Moderna ......................................................................................................... 07 
2.0 Período Florence Nightingale ......................................................................................... 08 
2.1 Primeiras Escolas de Enfermagem .................................................................................. 11 
2.2 Sistema Nightingale de Ensino ........................................................................................ 11 
3.0 História da Enfermagem no Brasil .................................................................................. 11 
3.1 Ana Néri. ....................................................................................................................... 12 
4.0 Antecedentes externos do ensino da Enfermagem moderna no Brasil. ........................... 13 
4.1.1 Ensino da Enfermagem na Inglaterra ............................................................... 13 
4.1.2 Ensino da Enfermagem nos EUA ....................................................................... 13 
4.1.3 Ensino da Enfermagem Moderna no Brasil ...................................................... 14 
5.0 surgimento e expansão do ensino da enfermagem moderna no brasil no contexto das 
políticas educacionais e de .................................................................................................... 18 
 ............................................................................................................................................... 22 
Referência Bibliográficas 
Anexos 
3 
 
 
 
 
Perfil do Profissional de Enfermagem segundo 
Florence 
 
"A enfermeira não deve ser maldizente; não 
deve falar em vão; jamais deve responder as 
perguntas sobre seus pacientes, a não ser 
aqueles que têm o direito de fazê-las; deve (nem 
seria preciso dizê-lo) ser sóbria e honrada; mas 
que isso, deve ter elevado senso de 
religiosidade e devotamento; deve respeitar a 
própria vocação, porque a vida, dom precioso 
que recebemos de Deus muitas vezes estará 
em suas mãos. A 
enfermeira deve ser uma observadora segura, atenta e rápida, possuidora de sentimentos 
elevados e dedicados." 
 
A Enfermagem é a arte de cuidar incondicionalmente, de alguém que você nunca viu na 
vida, mesmo assim, ajudar e fazer o melhor por ela. Não se pode fazer isso só por 
dinheiro... Isso se deve fazer por e com amor! Deus nos ensinou a amar o próximo, é 
exatamente isso que esquecemos muitas vezes de fazer; olhar o próximo e perceber que 
sua vida, neste momento é mais difícil que a nossa, que sua situação é muito mais precária. 
 
 
1.0 História da Enfermagem 
O estudo da história é importante para descobrirmos e entendermos os caminhos 
trilhados por nossos pais e antepassados, responsáveis pela atual realidade. Da mesma 
forma, o futuro será uma consequência ou reflexo da situação presente. Para 
compreendermos melhor os caminhos que, na sociedade brasileira levam à construção da 
categoria profissional “técnico de enfermagem”, precisaremos conhecer um pouco sobre o 
curso dos acontecimentos históricos. 
4 
 
 
 
De onde vem o nome Enfermeiro? A 
palavra Enfermeira/o se compõe de duas palavras do latim: “nutrix”, que significa Mãe, e 
do verbo “nutrire”, que tem como significados criar e nutrir. Essas duas palavras, 
adaptadas ao inglês do século XIX, acabaram se transformando na palavra NURSE que, 
traduzida para o português, significa Enfermeira. 
1.1 A Enfermagem no Brasil e no Mundo 
Os achados históricos que contém informações sobre tratamento de doenças datam do 
período antes de Cristo, conhecido como período Pré-Cristão. Nesse período as doenças 
eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam do poder do demônio. 
Em razão dessas crenças os sacerdotes ou feiticeiras acumulavam funções de médicos e 
enfermeiros, pois eram responsáveis pelo tratamento dos doentes. O tratamento consistia 
em aplacar as divindades, afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios. 
As medidas terapêuticas adotadas eram: massagens, banho de água fria ou quente, 
purgativos, substâncias provocadoras de náuseas. Mais tarde os sacerdotes adquiriram 
conhecimentos sobre plantas medicinais e passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes 
funções de enfermeiros e farmacêuticos. 
Registros egípcios mostram como a medicina ocorria naquela época, o tratamento 
prescrito pelos médicos deveriam ser acompanhadas por atos religiosos, as práticas mais 
comuns era o hipnotismo, a interpretação de sonhos, a influência de algumas pessoas sobre a 
saúde de outras. 
Documento do século VI A.C. relatam conhecimento dos hindus sobre anatomia e 
farmacologia: ligamentos, músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns 
tipos de envenenamento e o processo digestivo. Há descrição de alguns tipos de 
procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e correção de fraturas. 
Os hindus tornaram-se conhecidos pela construção de hospitais. Foram os únicos, na 
época, que citaram enfermeiros e exigiam deles qualidades morais e conhecimentos 
científicos, há relatos que nos hospitais ocorriam à prática da utilização de músicos e 
narradores de histórias para distrair os pacientes, o bramanismo fez decair a medicina e a 
enfermagem, pelo exagerado respeito ao corpo humano - proibia a dissecação de cadáveres 
e o derramamento de sangue. 
5 
 
 
 
As doenças eram consideradas castigo. Moisés, o grande legislador do povo hebreu, 
deixa relatos de noções de higiene e exame do doente: diagnóstico, desinfecção, 
afastamento de objetos contaminados e leis sobre o sepultamento de cadáveres para que não 
contaminassem a terra. 
Nos povos assírios e babilônios existiam penalidades para médicos incompetentes, tais 
como: amputação das mãos, indenização, etc. A medicina era baseada na magia - 
acreditava-se que sete demônios eram os causadores das doenças. 
Os sacerdotes-médicos vendiam talismãs com orações usadas contra os ataques dos 
demônios. 
Nos documentos assírios e babilônicos não há menção de hospitais, nem de 
enfermeiros. Na China as doenças eram classificadas como benignas, médias e graves, os 
sacerdotes eram divididos em três categorias que correspondiam ao grau da doença da qual 
se ocupava. 
Os templos eram rodeados de plantas medicinais. Os chineses conheciam algumas 
doenças: varíola e sífilis. Realizavam alguns procedimentos, como, operações de lábio, 
tratamentos também eram indicados: para anemia indicavam ferro e fígado; verminoses 
tratavam com determinadas raízes; sífilis prescreviam mercúrio; doenças da pele 
aplicavam o arsênico e anestesias utilizavam ópio. 
Construíram alguns hospitais de isolamento e casas de repouso. A cirurgia não 
evoluiu devido à proibição da dessecação de cadáveres, a cultura japonesa aprovava e 
estimulava a eutanásia. 
A medicina era fetichista e a única terapêutica era o uso de águas termais. Na Grécia o 
tratamento das doenças estava relacionado à mitologia. Apolo, o deus sol, era o deus da 
saúde e da medicina. Há relatos de uso de fármacos (sedativos, fortificantes e hemostáticos), 
da utilização de ataduras e da retirada de corpos estranhos e também casas para tratamento 
dos doentes. 
A medicina era exercida pelos sacerdotes-médicos, que interpretavam os sonhos das 
pessoas. Tratamentos relatados: banhos, massagens, sangrias, dietas, sol, ar puro, águapura mineral, dava-se valor à beleza física, cultural e a hospitalidade, contribuindo para o 
progresso o nascimento e a morte eram considerados impuros, causando desprezo pela 
obstetrícia e abandono de doentes graves,graças a Hipócrates a medicina passou a ser 
considerada ciência, 
6 
 
 
 
deixando de lado a crença de que as doenças eram causadas por maus espíritos. Hipócrates 
é considerado o Pai da Medicina. 
Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e a terapêutica. Reconheceu 
doenças, tais como: tuberculose, malária, histeria, neurose, luxações e fraturas. Seu 
princípio fundamental na terapêutica consistia em “não contrariar a natureza, porém 
auxilia-la a reagir.” Utilizava como tratamento: massagens, banhos, ginásticas, dietas, 
sangrias, ventosas, vomitórios, purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos 
minerais. 
A medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era exercida por escravos 
ou estrangeiros. O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a tornar-
se bom guerreiro, audaz e vigoroso. 
Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e abundante 
e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade. 
 
1.2 Desenvolvimentos das práticas de saúde durante os períodos históricos 
 
As práticas de saúde instintivas caracteriza a prática do cuidar nos grupos nômades 
primitivos, neste período as práticas de saúde propriamente ditas, num primeiro estágio da 
civilização consistiam em ações que garantiam ao homem a manutenção da sua 
sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino. 
Com o evoluir dos tempos, constatando que o conhecimento dos meios de cura 
resultava em poder, o homem, aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal 
poder e apoderou-se. 
Observa-se que a Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao 
cuidar das sociedades primitivas. As práticas de saúde mágico- sacerdotais aborda a 
relação mística entre as práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas 
pelos sacerdotes nos templos. 
Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da 
especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essa prática permanece por 
muitos séculos desenvolvidos nos templos que, a princípio, foram simultaneamente 
santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados. 
7 
 
 
 
Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar 
no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e 
cidades da costa, naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do 
funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas que, por 
muito tempo, marcaram a fase empírica da evolução dos conhecimentos em saúde. 
O ensino era vinculado à orientação da filosofia e das artes e os estudantes viviam 
em estreita ligação com seus mestres, formando as famílias, as quais serviam de referência 
para mais tarde se organizarem em castas, quanto à Enfermagem, as únicas referências 
concernentes à época em questão estão relacionadas com a prática domiciliar de partos e a 
atuação pouco clara de mulheres de classe social elevada que dividiam as atividades dos 
templos com os sacerdotes. 
As práticas de saúde no alvorecer da ciência, relaciona a evolução das práticas de 
saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas então se baseavam 
nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C. estendendo-se até os primeiros 
séculos da Era Cristã. 
A prática de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta 
nova fase. Baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no 
raciocínio lógico que desencadeia uma relação de causa e efeito para as doenças e na 
especulação filosófica, baseada na investigação livre e na observação dos fenômenos, 
limitada, entretanto, pela ausência quase total de conhecimentos anatomo-fisiológicos. 
Essa prática individualista volta-se para o homem e suas relações com a natureza e 
suas leis imutáveis. Este período é considerado pela Medicina grega como período 
hipocrático, destacando a figura de Hipócrates que propôs uma nova concepção em saúde, 
dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do 
método indutivo, da inspeção e da observação. 
Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época. As práticas de 
saúde monástico-medievais focalizam a influência dos fatores socioeconômicos e políticos 
do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com o 
cristianismo. 
8 
 
 
 
Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, 
desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido entre os séculos 
V e XIII. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar 
dos tempos, foram aos poucos legitimados e aceitos pela sociedade como característica 
inerente à enfermagem. 
A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à 
Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio. As práticas de 
saúde pós-monásticas - evidencia a evolução das práticas de saúde e, em especial, da prática 
de Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante. 
Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI A 
retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das 
universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem. 
Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante 
muito tempo, piorando sua situação a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das 
conturbações da Santa Inquisição. 
O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde 
homens, mulheres e crianças coabitam as mesmas dependências, amontoados em leitos 
coletivos. Esta fase tempestuosa, que significou uma grave crise para a Enfermagem, 
permanece por muito tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns 
movimentos reformadores, que partiram principalmente de iniciativas religiosas e 
sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais. 
As práticas de saúde no mundo moderno - analisa as práticas de saúde e, em 
especial, a de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da sociedade 
capitalista. Ressalta o surgimento da Enfermagem como prática profissional 
institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução Industrial no século XVI e 
culmina com o surgimento da enfermagem moderna na Inglaterra, no século XIX. 
9 
 
 
 
1.3 Enfermagem Moderna 
 
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na 
reorganização da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal 
responsável por esta reordenação, que vamos encontrar os reflexos na Enfermagem, ao 
ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então. 
A evolução crescente dos hospitais não melhorou, entretanto, suas condições de 
salubridade. Diz-se mesmo que foi a época em que estiveram sob piores condições, devido 
principalmente à predominância de doenças infectocontagiosas e à falta de pessoas 
preparadas para cuidar dos doentes. 
Os ricos continuavam a ser tratados em suas próprias casas, enquanto os pobres, 
além de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de instrução e experiências que 
resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em benefício da classe abastada. 
É neste cenário que a Enfermagem passa a atuar, com o convite feito a Florence 
Nightingale pelo Ministro da Guerra da Inglaterra, para trabalhar junto aos soldados feridos 
em combate na Guerra da Criméia. 
 
2.0 PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE (ADama da Lâmpada) 
 
Esta é a história de uma mulher corajosa, 
impetuosa, de uma mente brilhante e que possuía 
tenacidade de propósitos como característica particular. 
Mulher que marcou sua época não só por rebelar-se 
contra o papel convencional para as mulheres de seu 
status, mas por abdicar do “reino” de luxo e 
pomposidade para atender o 
chamado de Deus e atender o povo. 
Mulher que apesar de sua determinação e garra, usou toda sua generosidade e doçura 
para cuidar de pessoas por quem ela renunciou todos os sonhos que toda moça e sua época 
possuía. 
Mulher que transmitia a imagem (e realmente era) de um anjo auxiliador que 
consolava os moribundos. Mulher que rompeu barreiras e mudou conceitos, indo a guerra 
para cuidar de soldados feridos, reforma hospitais treinar enfermeiras, 
10 
 
 
 
numa época que estas eram vistas como mulheres marginalizadas, ou seja, fora dos 
padrões da época, até mesmo como prostitutas. 
Correndo o risco de ser confundida como tal. Se prepare para conhecer a 
fascinante história desta mulher que foi uma candidata perfeita a heroína e que ate hoje é 
lembrada como tal. O nome dela? Florence Nightingale. 
Quase dois séculos depois, no dia 12 de maio de 1820, durante uma viagem que 
Edward e Francis Nightingale realizavam pela Europa, nasce uma de suas filhas que 
recebeu o nome de Florence em virtude de o nascimento ter acontecido na cidade de 
Florença
.
 
Por ter nascido em uma família rica e educada, viveu a adolescência participando de 
uma sociedade aristocrática, tendo tido a oportunidade de estudar diversos idiomas, 
matemática, religião e filosofia. 
Extremamente religiosa, desejava mesmo era fazer "trabalho de Deus" - ajudar os 
pobres, os doentes e os menos dotados, amenizando lhes o sofrimento e a degradação. 
Florence Nightingale é considerada a fundadora da Enfermagem moderna em todo o 
mundo, obtendo projeção maior a partir de sua participação como voluntária na Guerra da 
Criméia, em 1854, quando com 38 mulheres (irmãs anglicanas e católicas) organizou um 
hospital de 4000 soldados internos, baixando a mortalidade local de 40% para 2%. 
Com o prêmio recebido do governo inglês por este trabalho, fundou a primeira 
escola de enfermagem no Hospital St. Thomas - Londres, em 24/06/1860. Os fundamentos 
que nortearam a criação da escola de enfermagem foram originados também, de suas 
experiências anteriores à guerra, ou seja, sua educação aristocrática que lhe permitiu ter 
acesso a vários idiomas, a matemática, religião e filosofia e seu estágio de três meses no 
Instituto de Diaconisas de Kaiserswerth/Alemanha, onde aprendeu os primeiros passos da 
disciplina na enfermagem (regras e horários rígidos, religiosidade, divisão do ensino por 
classes sociais). 
A organização do Instituto de Diaconisas instituída pelo pastor luterano Theodor 
Fliedner e sua esposa Frederika muito se assemelhava àquela preconizada pelas Irmãs de 
Caridade de São Vicente de Paulo, estando mais preocupados em formar o caráter de suas 
alunas do que em ministrar-lhes conhecimentos específicos de enfermagem. 
11 
 
 
 
Um fato que é pouco reforçado pelos historiadores é o de que Florence Nightingale 
conheceu e apreendeu o trabalho desenvolvido pelas Irmãs de Caridade de São Vicente de 
Paulo em Paris, no Hôtel-dieu, onde acompanhou o tipo de trabalho assistencial e 
administrativo que realizavam, suas regras, sua forma de cuidar dos doentes, fazendo 
anotações, gráficos e listas das atividades desenvolvidas, e aplicou o mesmo questionário, 
que já havia distribuído nos hospitais da Alemanha e Inglaterra, tendo aprofundado seus 
estudos; a sua organização
.
 
Num segundo momento, Florence Nightingale retornou a este hospital por mais um 
mês, vestindo com o hábito das irmãs, para sentir mais próximo o seu carisma, apenas 
residindo em casa separada. Possivelmente, o convívio com as regras de conduta das Irmãs 
de Caridade e as Senhoras da Confraria a influenciaram intimamente na construção do seu 
modelo de enfermagem. 
Em 1854, com a Guerra na Criméia, a Grã-Bretanha lutava junto com a França ao 
lado dos aliados turcos em sua guerra contra a Rússia. Mais uma vez, as contingências 
aproximam Florence Nightingale das irmãs de caridade, só que agora de forma indireta. As 
irmãs já estavam em Constantinopla desde 1839, desenvolvendo seu trabalho nos 
hospitais, e por ocasião da Guerra foram enviadas por solicitação do governo francês para 
os hospitais militares e da marinha para prestar cuidados aos enfermos “nem os rigores do 
inverno, nem a cólera e o tifo, nada as assusta, nada as repele”. 
Ao serviço das ambulâncias e dos hospitais, elas juntaram ainda a visita frequente 
aos prisioneiros de todas as nações, e esperavam o desembarque dos navios carregados de 
doentes e de feridos chegados da Criméia. 
Enquanto isso, os hospitais militares ingleses estavam vivendo o caos, o exército 
britânico estava prestes a ser derrotado em virtude da doença, da desorganização, do frio e 
da fome, a cólera reduziu o exército à inutilidade e as primeiras batalhas da Criméia foram 
feitas por homens exauridos pela doença e sedentos. 
Os jornais ingleses criticavam a administração dos hospitais militares e alguém que 
conhecia o excelente trabalho das irmãs de caridade nos hospitais militares franceses 
escreveu no “Time": "PORQUE NÃO TEMOS IRMÃS DE CARIDADE?" O ótimo 
tratamento que dispensavam aos soldados franceses constituía, sem dúvida, uma novidade 
para os ingleses, porquanto, algum tempo 
12 
 
 
 
depois o Ilustred London News estampou uma ilustração, onde se viam as irmãs 
trabalhando na enfermaria de seu hospital, a consequência disto foi que, o Ministro da 
Guerra necessitava tomar medidas urgentes para reverter a situação, e assim escreve “Na 
Inglaterra, só conheço uma criatura capaz de organizar e dirigir um plano assim...mas não 
devo ocultar que, segundo penso, o sucesso final ou o fracasso do projeto depende de sua 
decisão, esta pessoa era Florence Nightingale. 
A partir destas informações, entendo que, ao pensar numa escola de 
enfermagem, Florence Nightingale deva ter utilizado muito do que havia aprendido com as 
irmãs de caridade, desde as vastas exigências de caráter moral e espírito religioso feitas às 
candidatas, a distribuição e controle do tempo destinado ao trabalho hospitalar, curso e 
folgas, bem como, a admissão de alunas de classes sociais diferenciadas. 
As de classe elevada (lady nurses) podem ser comparadas às Senhoras da Confraria, 
que eram preparadas para as atividades de supervisão, direção e organização do trabalho 
em geral, e as de nível socioeconômico inferior (nurses) que podem ser comparadas as 
irmãs de caridade provenientes das aldeias, que eram mais preparadas para o trabalho 
manual, o cuidado direto, a obediência e a submissão. 
As ideias de Florence Nightingale acerca da enfermagem como profissão 
chocavam-se com a ideologia da era vitoriana, correspondente à prática da 
enfermagem, ou seja, uma forma de ocupação manual desempenhada por empregadas 
domésticas. 
Não obstante, a escola iniciou seu funcionamento tendo por base:a) preparo de 
enfermeiras para o serviço hospitalar e para visitas domiciliárias a doentes pobres; b) 
preparo de profissionais para o ensino de enfermagem na seleção das candidatas, as 
qualidades morais tinham prioridade durante o curso e a disciplina era rigorosa. 
O rigor da escola justificava-se, considerando o que era corrente na época, isto é, 
quem cuidava dos doentes na Inglaterra eram pessoas imorais e, portanto, o modelo 
preconizado deveria ser o oposto, o mais próximo possível do que realizavam as 
associações religiosas, porém laicas. 
Florence morre a 13 de agosto de 1910, deixando caminho aberto para o ensino de 
Enfermagem. Assim a Enfermagem surge não mais como uma atividade 
13 
 
 
 
empírica, desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariadaque 
vem atender a necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma 
prática social institucionalizada e específica. 
 
2.1 Primeiras Escolas de Enfermagem 
 
Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, 
devido à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se 
espalharam pelo mundo, a partir da Inglaterra. 
Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as primeiras 
enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em New York. As escolas 
deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola de Florence Nightingale, baseada 
em quatro idéias-chave: 
O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto 
qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público. As escolas de 
treinamento deveriam uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua 
independência financeira e administrativa. 
As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à 
disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital. 
 
2.2 Sistema Nightingale de Ensino 
 
As escolas conseguiram sobreviver graças aos pontos essenciais estabelecidos: 
 Direção da escola por uma enfermeira. 
 Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional. 
 Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão 
profissional. 
 
3.0 História da Enfermagem no Brasil 
 
A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período colonial 
e vai até o final do século XIX. A profissão surge como uma simples prestação de 
cuidados aos doentes, realizada por um grupo formado, na sua maioria, por escravos, que 
nesta época trabalhavam nos domicílios. 
14 
 
 
 
Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de Misericórdia, 
que tiveram origem em Portugal. 
A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em 
seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. 
Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880, com a presença de D. Pedro 
II e Dona Tereza Cristina. No que diz respeito à saúde do povo brasileiro, merece destaque 
o trabalho do Padre José de Anchieta. Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses. 
Foi além. Atendia aos necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro. 
Em seus escritos encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, 
clima e as doenças mais comuns. 
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais minunciosamente descritas. 
Supõe-se que os Jesuítas faziam a supervisão do serviço que era prestado por pessoas 
treinadas por eles. Não há registro a respeito. 
Outra figura de destaque é Frei Fabiano Cristo, que durante 40 anos exerceu 
atividades de enfermeiro no Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro (Séc. XVIII). 
Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos 
doentes. Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa dos 
Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de proteção à 
maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação de José Bonifácio 
Andrada e Silva. 
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 
organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A 
escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a célebre Madame 
Durocher, a primeira parteira formada no Brasil. 
No começo do século XX, grande número de teses médicas foi apresentado sobre 
Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo horizontes e 
novas realizações. 
Esse progresso da medicina, entretanto, não teve influência imediata sobre a 
Enfermagem. Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes 
de destacaram e, entre eles, merece especial menção o de Anna Nery. 
15 
 
 
 
3.1 Ana Néri 
 
 
 
Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Ana Justina 
Ferreira, na Cidade de Cachoeira, na Província da 
Bahia. Casou-se com Isidoro Antonio Néri, enviuvando 
aos 30 anos. Seus dois filhos, um médico militar e um 
oficial do exército, são convocados a servir a Pátria 
durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a 
presidência de Solano Lopes. 
O filho mais jovem estava cursando o 6º ano de Medicina e oferece seus serviços 
médicos em prol dos brasileiros. Ana Néri não resiste à separação da família e escreve ao 
Presidente da Província, colocando-se à disposição de sua Pátria. 
Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos também 
lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos feridos. Após cinco 
anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor, recebe uma coroa de louros e 
Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no Edifício do Paço Municipal. 
O governo Imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e de 
campanha. Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880. A primeira Escola de 
Enfermagem fundada no Brasil recebeu o seu nome. 
Ana Néri como Florence Nightingale, rompeu com os preconceitos da época que 
faziam da mulher prisioneira do lar. 
 
4.0 ANTECEDENTES EXTERNOS DO ENSINO DA ENFERMAGEM MODERNA NO 
BRASIL 
4.1.1 ENSINO DE ENFERMAGEM NA INGLATERRA (1860) 
 
Apesar da existência secular da Enfermagem, a história da Enfermagem Moderna 
tem início a partir da segunda metade do século XIX com Florence Nightingale, na 
Inglaterra (SILVA, 1986; PIRES, 1989), o qual baseava-se em criteriosa seleção das 
candidatas ao curso, na sistematização do ensino teórico e da prática correspondente e na 
total autonomia da escola em assuntos financeiros e pedagógicos. 
16 
 
 
 
No entanto mantinha o caráter religioso e caritativo, servindo ao próximo como 
meio de aperfeiçoamento espiritual, principalmente aos pobres e necessitados 
(FERNANDES, 1983; GERMANO, 1993). Para o curso, a aluna deveria ser sóbria, honesta, 
leal, digna de confiança, pontual, calma e ordeira, correta e elegante. Tomava também 
conhecimento do currículo no qual, segundo CARVALHO (1972), esperando-se que 
desenvolvesse várias habilidades, entre elas - em curativos de pústulas, queimaduras, 
escaras, ferimentos, na aplicação de fricções terapêuticas, cataplasmas e curativos 
menores;- na aplicação de sanguessugas, externa e internamente (sic). 
O Sistema Nightingale expandiu-se rapidamente a princípio na própria Inglaterra e 
países escandinavos e, posteriormente nos Estados Unidos e Canadá. Assim, o que se 
encontrava na Inglaterra neste momento interfere no ensino nos Estados Unidos que por 
sua vez, vem influenciar o ensino na Enfermagem brasileira. 
4.1.2 O ENSINO DE ENFERMAGEM NOS EUA (1870) 
 
Nos Estados Unidos, segundo CARVALHO (1972), no período de 1873 a 1890 foram 
criadas trinta e cinco escolas; em 1900 o número subiu a 432; em 1909 já existiam 1096 
escolas em funcionamento. O primeiro curso universitário para a formação de enfermeiras 
foi criado na Universidade de Minnessota, em 1909. Seis anos após, em 1916, existiam 
quinze desses cursos em funcionamento nos Estados Unidos. 
As escolas norte americanas tinham como finalidade prover assistência aos paciente 
indigentes por meio do trabalho das estudantes e preparar enfermeiras para a comunidade. 
No entanto, houve um predomínio do treinamento em serviço sem a preocupação com o 
crescimento intelectual das estudantes, apenas interesse em torná-las rápidas e eficientes 
no atendimento aos doentes. (CARVALHO, 1972; FERNANDES, 1975). 
Em 1917, a National League of Nursing Education publicou uma obra trazendo uma 
tentativa concreta de padronização do currículo das escolas, sugerindo para tanto o curso 
de três anos (com o programa teórico totalizando cerca de 590 horas), exigência do 
secundário completo para admissão,prática obrigatória nos diversos serviços hospitalares 
e práticas eletivas. Falhas graves nas condições de vida e de estudos das alunas de 
Enfermagem foram apontadas 
17 
 
 
 
no relatório "Goldmark Raport", publicado em 1923, que enuncia uma série de 
recomendações, entre elas a necessidade do curso secundário para admissão na escola; 
colocação de algumas escolas nas universidades; programas com objetivos educacionais; 
trabalho das estudantes a um máximo de 48 horas por semana; curso com duração mínima de 
28 meses (CARVALHO, 1972). 
Até os anos 50 o currículo de Enfermagem passou por várias revisões, análises das 
falhas do sistema educacional e modificações baseadas nas funções e no papel que as 
enfermeiras deviam desempenhar na equipe de saúde e na competência e eficiência técnica 
delas exigidas, visando melhorar o programa das escolas. 
4.1.3 O ENSINO DA ENFERMAGEM MODERNA NO BRASIL 
 
Antes do advento da "Enfermagem Moderna" no país, a Enfermagem brasileira 
estava nas mãos de irmãs de caridade e de leigos (recrutados sobretudo entre ex-pacientes 
e serventes dos hospitais), quase que exclusivamente à mercê do empirismo de ambos, 
forjado no embate das exigências concretas das rotinas das Santas Casas de Misericórdia 
espalhadas pelo Brasil (SILVA, 1986; ALMEIDA & ROCHA, 1986). 
Portanto a Enfermagem exercida desde a fundação das primeiras Santas Casas 
tinham um cunho essencialmente prático; daí por que eram excessivamente simplificados os 
requisitos para o exercício das funções de enfermeiro, não havendo exigência de qualquer 
nível de escolarização para aqueles que as exerciam. Essa situação perdurou desde a 
colonização até o início do século XX, ou seja, uma Enfermagem exercida em bases 
puramente empíricas (GERMANO, 1993; FERNANDES, 1975). 
GERMANO (1993) aponta que na época do descobrimento do Brasil os índios, nas 
pessoas dos pajés, foram os primeiros a se ocuparem dos cuidados daqueles que adoeciam 
em suas tribos. Com a colonização outros elementos assumiram também essas 
responsabilidades, dentre eles os jesuítas e posteriormente por religiosos, voluntários 
leigos e escravos selecionados para tal tarefa. 
Dessa forma, gradativamente surge a Enfermagem, com fins mais curativos que 
preventivos e exercida no início, ao contrário de hoje, praticamente por pessoas do sexo 
masculino. 
18 
 
 
 
A criação de escolas de Enfermagem no Brasil ocorreu na virada deste 
século, mas teve impulso após o ano de 1923 como veremos posteriormente. A primeira 
iniciativa oficial com relação ao estabelecimento da Enfermagem profissional no Brasil foi 
a criação da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras do Hospital Nacional de 
Alienados, no Rio de janeiro, pelo Decreto nº 791/1890, a qual seguia mais o sistema 
francês que o Sistema Nightingale, já então espalhado por todo o mundo de língua inglesa 
(CARVALHO, 1972; GUSSI, 1987). 
Com a proclamação da República, as relações entre a Igreja e o Estado ficam 
estremecidas, chegando ao rompimento. Houve a desanexação do Hospício Nacional de 
Alienados da Santa Casa de Misericórdia que repercutiu na estatização da assistência aos 
doentes mentais e, os médicos assumem o poder. As relações com as irmãs de caridade, 
responsáveis pela administração interna do Hospital, se tornam insustentáveis neste novo 
sistema a ponto destas abandonarem repentinamente o serviço (FERNANDES, 1975; GUSSI, 
1987). 
Conforme aponta GUSSI (1987), em meio ao discurso de melhoria da assistência 
psiquiátrica e a situação em que ficou o serviço do Hospício com a saída das religiosas e 
conseqüente falta de mão de obra para assumir os trabalhos, praticamente ao mesmo tempo 
em que foram convidadas enfermeiras francesas para suprir a deficiência de recursos 
humanos para a assistência, foi também vislumbrada a possibilidade de se solucionar o 
problema criando-se uma escola para enfermeiros e enfermeiras. 
Em seguida à saída das religiosas foi assinado pelo Governo Provisório da 
República o Decreto 791/90 (BRASIL, 1974), que dispõe sobre a criação da Escola 
Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras anexa ao Hospital de Alienados. 
Este Decreto fixava os objetivos da Escola, currículo, duração do curso, 
condições de inscrição e matrícula, título conferido, garantia de preferência de emprego 
e aposentadoria aos 25 anos dos candidatos exigia-se no mínimo saber ler e escrever, 
conhecer aritmética e apresentar atestado de bons costumes. No entanto, não contempla 
recursos para a viabilização do curso assim como as normas para sua concretização 
(BRASIL, 1974; GUSSI, 1987). 
Segundo GUSSI (1987), um incêndio destruiu os arquivos da Divisão Nacional de 
Saúde Mental, na década de 60, o que impossibilita detalhes oficiais quanto ao 
funcionamento da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras até 
19 
 
 
 
1905 e também com relação à vinda das enfermeiras francesas ao Brasil para assumir o 
Hospício Nacional com a saída das religiosas. 
Essa escola, posteriormente denominada Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, hoje 
uma unidade da UNIRIO, inspirou-se na Escola de Salpetière, na França, embora a direção 
por uma Enfermeira somente tenha ocorrido com mais de 50 anos de sua existência, 
precisamente em 1943 (FERNANDES, 1983; GERMANO, 1993; MOURA, EGRY & 
MOURA 1995). O Sistema Nightingale espalhou-se rapidamente pelo mundo inteiro, 
levado principalmente pelas pioneiras inglesas e norte-americanas. Em 1892 foi instalado 
em São Paulo o "Hospital Evangélico", para estrangeiros, hoje Hospital Samaritano, com 
um corpo de enfermeiras inglesas oriundas de escolas orientadas por Florence Nightingale. 
O curso de Enfermagem iniciado neste Hospital por volta de 1901-02 trazia todas as 
características do sistema inglês sendo, inclusive, ministrado nesse idioma, para 
estudantes recrutadas nas famílias estrangeiras do sul do país, tendo como objetivo precípuo 
preparar pessoal para a Instituição. 
Essa Escola nunca chegou a ser reconhecida por tratar-se de iniciativa privada que 
visava unicamente preparar pessoal para o próprio hospital (CARVALHO, 1972). Em 
1916, como repercussão do movimento mundial de melhoria nas condições de assistência 
aos feridos da Primeira Grande Guerra, a Cruz Vermelha Brasileira criou uma Escola no 
Rio de Janeiro, subordinada ao Ministério da Guerra preparando enfermeiras em curso de 
dois anos de duração(CARVALHO, 1972). 
Um detalhe curioso quanto a esta Escola é que o Decreto 21141/32, que aprovava o 
regulamento para a organização do quadro de Enfermeiras do Exército, determinava a 
fiscalização da Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha Brasileira pela Diretoria de 
Saúde da Guerra, desvinculando o exercício profissional dos enfermeiros por ela 
formados, das determinações do Dec. 20109/31, que regulava o exercício de Enfermagem 
no Brasil e fixava as condições para a equiparação das escolas de Enfermagem. 
Posteriormente o programa foi ampliado para três anos e a escola foi subordinada ao 
Ministério da Educação e Cultura, como as demais. Foi equiparada à Escola de Enfermeiras 
"Ana Neri", conforme Dec. 20209/31, pelo Dec. 24768/48 (CARVALHO, 1972). A criação 
da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (Dec. 15799 de 
10/12/22) constituiu de fato o início de 
20 
 
 
 
uma nova era para a Enfermagem brasileira; o mérito do acontecimento deve-se, 
principalmente, a seu Diretor, Carlos Chagas e ao grupo de enfermeiras norte- americanas, 
trazidos pela Fundação Rockefeller, a pedido daquele, para prestarem serviço no 
Departamento. 
Lideradas por Ethel Parsons e Clara Louise Kienninver, algumas dessas enfermeiras 
assumiram a responsabilidade pela direção e pelo ensino da escola, tendo influenciado 
grandemente no conteúdo da legislação que determinava o currículo a ser adotado e no 
Decreto 20109/31 que instituiu a Escola Ana Neri como "escola padrão" para efeito de 
equiparação(CARVALHO, 1972; FERNANDES, 1983; ALMEIDA & ROCHA, 1986). 
 
SILVA (1986), aponta que este fato, no que se refere à Enfermagem brasileira, 
representa um marco de extrema importância, isto é, o advento da Enfermagem Moderna 
no país, 63 anos depois de seu surgimento na Inglaterra. 
Surge num momento em que o Estado brasileiro emergente institui políticas de saúde 
voltadas ao controle das grandes endemias e epidemias que colocavam o Brasil numa 
posição ameaçadora ao desenvolvimento do comércio internacional, porém contava com 
escassos equipamentos de saúde e mão de obra qualificada para a viabilização das ações 
coletivas propostas. 
Nesse sentido, Carlos Chagas ao tomar contato com o trabalho no padrão 
nightingaleano das enfermeiras norte americanas, acreditou ser este o profissional 
necessário para a estratégia sanitarista do governo brasileiro e solicitou auxílio à 
International Health Board para criar serviço semelhante no Brasil. 
Assim foi criada a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde 
Pública nos moldes das escolas americanas que utilizavam o "Sistema Nightingale", 
mesmo mantendo a contradição de preparar as enfermeiras dentro das enfermarias do 
Asilo São Francisco de Assis, adaptado para ser o hospital- ensino da Enfermagem, para o 
trabalho em saúde pública (FERNANDES, 1975; GUSSI, 1987). 
No entanto vale apontar que a partir de 1930, com a ampliação do sistema 
previdenciário, a produção de serviços privados foram privilegiados e favoreceram a 
assistência hospitalar curativa em detrimento da Saúde Pública, ampliando dessa forma a 
oferta de trabalho às enfermeiras no âmbito do hospital. 
21 
 
 
 
O funcionamento da Escola foi regulamentado pelo Decreto nº 16300/23 que 
aprovava o regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública, e que determinava o 
currículo da Escola (BRASIL, 1974). 
 
De acordo com CARVALHO (1972), curso possuía as seguintes características: 
 Duração de dois anos e quatro meses, divididos em cinco fases, a última das quais reservada 
para a especialização Enfermagem clínica, Enfermagem de saúde pública; 
 Exigência de diploma de Escola Normal como requisito de entrada facilitando, porém, a 
admissão dos candidatos que, na falta desse diploma, provassem capacitação para o curso; 
 Os quatro primeiros meses correspondiam ao período probatório das escolas norte-
americanas, sendo essencialmente teórico; 
 A prestação de oito horas diárias de serviços ao hospital era obrigatória, com direito a 
residência, pequena remuneração mensal e duas meias folgas por semana. 
O confronto do conteúdo do currículo dessa primeira escola brasileira com as 
determinações contidas no "Standard Curriculum" norte americano de 1917 mostra a 
grande semelhança entre os dois, tanto na parte teórica quanto nos serviços nos quais as 
alunas deveriam estagiar e a fragmentação do currículo em disciplinas de pequena carga 
horária e de curta duração constituía uma das principais características dos dois currículos. 
O Art. 429 do Dec. nº 16300/23 não continha o número de horas destinadas à parte 
teórica e ao estudo; entretanto, o Art. 418 do mesmo Decreto estabelecia claramente a 
obrigatoriedade do "serviço diário de oito horas no Hospital Geral de Assistência", o que 
leva à conclusão de que as horas destinadas ao ensino teórico e ao estudo fossem em 
acréscimo às quarenta e oito horas semanais de prática hospitalar (BRASIL, 1974). 
A publicação dos livros "Essentials of a Good School of Nursing" e Nursing for the 
Future" e tradução de ambos para o português pelo então Serviço Especial de Saúde 
Pública, tiveram grande repercussão no desenvolvimento da Enfermagem brasileira. 
Junto a isso houve influência também das escolas universitárias norte- 
americanas, às quais eram encaminhadas as docentes de algumas das escolas do país para 
cursos de aperfeiçoamento e de pós-graduação (CARVALHO, 1972). 
22 
 
 
 
Portanto os anos 20 e 30 marcaram a implantação da Enfermagem Moderna no Brasil e a 
partir de então, o ensino na área se expandiu em atenção ao aumento da demanda desses 
profissionais impulsionado basicamente pela crescente urbanização e pelo processo 
emergente de modernização dos hospitais e com isso começa a transferência da 
Enfermagem das congregações religiosas às mãos laicas (VERDERESE, 1979). 
É importante apontar ainda que a partir de então, a Enfermagem procura consolidar-
se buscando garantir seu espaço profissional com a fundação em 1926 da Associação 
Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras, com a regulamentação do exercício da 
Enfermagem pelo Decreto 20109/31 e também com a publicação da revista "Anais de 
Enfermagem" em 1932 (CARVALHO, 1972; SILVA, 1986; GERMANO, 1993). 
 
5.0 SURGIMENTO E EXPANSÃO DO ENSINO DA ENFERMAGEM MODERNA NO 
BRASIL NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E DE SAÚDE 
 
No início do século XX, a situação das cidades portuárias das cidades brasileiras 
era precária colocando em risco o comércio de exportação e a política de imigração. 
Destacava-se o Rio de Janeiro, importante via de acesso no país na época. Assim, sobre 
pressão dos mercados internacionais são adotadas medidas visando o controle das endemias 
através do saneamento dos portos. 
Tendo como pano de fundo a necessidade de controlar a febre amarela, o Estado 
implementa um mercado de trabalho de saúde pública ao promover a reforma Carlos 
Chagas, ao criar o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) e as Caixas de 
Aposentadorias e Pensões (CAPs), instituídos pela Lei Eloy Chaves (CORDEIRO, 1991). 
É criada a Escola de Enfermagem Ana Néri em 1923, a então Escola de 
Enfermeiras do DNSP, para atender a necessidade de pessoal no campo da saúde pública, 
com objetivo de dar continuidade às atividades de educação sanitária que haviam sido 
iniciadas por médicos sanitaristas (ALCANTARA, 1966). 
Constituindo assim uma iniciativa necessária para qualificar profissionais que 
cooperassem no saneamento dos portos. Apesar das tentativas anteriormente descritas de 
sistematização do preparo do pessoal de enfermagem, foi a partir de uma iniciativa do 
Estado que a Enfermagem Moderna chega ao Brasil. 
23 
 
 
 
FERNANDES (1983), considera que esta institucionalização se deu, não somente 
pelo fato do Estado reconhecer a necessidade da Enfermagem na melhoria das condições 
sanitárias da população, ao lado do atendimento dos interesses econômicos do país mas, 
também, como resultado de algumas pressões para se implementar esta sistematização. 
Tiveram papel proeminente na fundação desta primeira Escola, assumindo as atividades 
atinentes à sua direção e ensino, um grupo de enfermeiras norte americanas lideradas por 
Ethel Parsons e Clara Louise Kienninger que vieram para o Brasil através do Serviço 
Internacional de Saúde Pública da Fundação Rockfeller (CARVALHO, 1972). Para 
GERMANO (1993), havia interesse desta fundação em criar condições sanitárias 
adequadas ao desenvolvimento capitalista. 
Assim, através do decreto 17268/1926, é institucionalizado o ensino de enfermagem 
no Brasil e, em 1931, pelo decreto 20109 da Presidência da República, a Escola Ana Neri 
foi considerada oficial, um padrão para todo o país. Em 1937, é considerada instituição 
complementar da Universidade do Brasil e em 1946, é definitivamente incorporada a esta 
Universidade (BRASIL, 1974). 
A política educacional estatal até 1930, era praticamente inexistente. A 
monocultura latifundiária exigia um mínimo de qualificação da força de trabalho a qual se 
compunha quase exclusivamente de escravos trazidos da África, não havia nenhuma 
função de reprodução da força de trabalho a ser preenchida pela Escola (FREITAG, 
1986).A década de 20 encerra-se com apenas uma escola de enfermagem oficial no país. 
A crise mundial de 1929 encaminha as mudanças estruturais que vão caracterizar o 
modelo de substituição das importações, é o marco para o processo de industrialização.Segundo FREITAG (1986), a classe até então hegemônica dos latifundiários cafeicultores, 
é forçada a dividir o poder com a classe burguesa emergente. No âmbito da educação 
inicia-se o movimento de expansão e democratização da escola. São transformados os 
objetivos da escola que passa a privilegiar a formação de quadros de trabalhadores 
especializados em todos os campos exigidos pela sociedade moderna. - 
Em 1930, é criado o Ministério da Educação e Saúde, a Constituição 
de 1934 estabeleceu a necessidade de elaboração de um Plano Nacional de Educação que 
coordenasse e supervisionasse as atividades de ensino 
24 
 
 
 
em todos os níveis do país e, na Constituição de 1937, é introduzido o ensino 
profissionalizante (CUNHA, 1977). 
Acontece assim, neste período, uma tomada de consciência por parte da sociedade 
política da importância estratégica do sistema educacional para assegurar e consolidar as 
mudanças estruturais ocorridas (FREITAG, 1986). 
A educação passa a ser um meio de preparo dos cidadãos para as diversas 
ocupações, que naquele momento são exigidos pelos processos de urbanização e de 
industrialização. Socialmente, a industrialização representa a consolidação de dois 
componentes, a burguesia industrial e o operariado, pois, é a partir daí, que o povo começa 
a existir enquanto expressão política. 
As manifestações urbanas organizadas, retratavam de forma mais objetiva a 
insatisfação dos setores de classe dominada (RIBEIRO, 1987). Por outro lado, as 
mudanças que se observam no quadro social e urbano, em decorrência do processo de 
industrialização, da organização das classes empresariais e dos assalariados urbanos, 
impulsionam o movimento da previdência social e a expansão dos programas de 
assistência à saúde, ampliando-se assim, a demanda desses serviços de atenção ao doente 
(FREITAS, 1990). 
25 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
 
ALMEIDA,M.C.P. O saber de enfermagem e sua dimensão prática . São 
Paulo:Cortez,1986 
BRASIL, Leis, etc. Lei 5.905, de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação dos 
Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da 
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CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Documentos Básicos de Enfermagem. CONSELHO 
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GEOVANINI, T . et al. História da enfermagem: versões e interpretações. Rio de 
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LOUZEIRO,J.A.N.A brasileira que venceu a guerra.Rio de Janeiro:Mondrian,2002 
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TURKIEWICZ, Maria. História da Enfermagem. Paraná, ETECLA, 1995. 
26 
 
 
 
 
 
Anexos 
 
 
Florence Nightingale 
27 
 
 
 
 
 
 
 
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Ana Neri

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