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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA Física Experimental IV - 5278/05 CIRCUITO RC EM SÉRIE EM CORRENTE ALTERNADA Acadêmicos: RA: Luis Paulo Batistão 124528 Maria Fernanda Rodrigues 125149 Maria Vitória Naranti Alves 124038 Pedro Antonio Galacci Reinert 125101 PROFESSOR: LEANDRO DE SANTANA COSTA MARINGÁ JANEIRO / 2023 1. RESUMO Esse relatório tem como objetivo explicar como é o funcionamento e os componentes necessários para um circuito RC e, com isso, construir gráficos com os dados experimentais com o intuito de compará-los. Além disso, foi analisado a relação existente entre os dados obtidos através do experimento a fim de calcular o desvio percentual entre os valores teóricos e experimentais, da frequência de corte e da capacitância. Por fim, foi calculado a defasagem entre a tensão e a corrente e também a potência dissipada. 2. INTRODUÇÃO TEÓRICA Um circuito RC é aquele composto por uma fonte eletromotriz, um resistor (utilizado para limitar a passagem de corrente e por meio do efeito Joule transforma a energia elétrica em energia térmica) e um capacitor, que é utilizado para armazenar carga e depois liberá-la em um processo de descarga. O circuito RC mais simples tem os componentes mencionados e estão em série. Neste circuito a corrente utilizada é a corrente alternada, sendo assim a força eletromotriz é da forma senoidal e é dada por: (1)ε = ε 𝑚 𝑠𝑒𝑛(ω 𝑑 𝑡) sendo a amplitude máxima e a frequência angular.ε 𝑚 ω 𝑑 Um exemplo de aplicação é a câmera fotográfica, em que o capacitor armazena a carga (flash) e quando o botão para capturar a foto é acionado, o capacitor é descarregado e o clarão é liberado. Esquematicamente, podemos representá-lo da seguinte forma: Figura 1 - Representação do Circuito RC Fonte: Instituto de Física UFRGS Em que C é o capacitor, R o resistor, S a chave seletora que no momento em que é fechada começa haver passagem de corrente elétrica, que neste caso é alternada, pelo circuito, e é a tensão inicial.𝑉 ° A seguir é apresentada a equação da lei de Kirchhoff para a carga do capacitor: (2)𝑅𝑖 + 𝑉 = ε e na forma diferencial: (3)𝑅 𝑑𝑞𝑑𝑡 + 1 𝐶 𝑞 = 𝐸(𝑡) E para a força eletromotriz senoidal, tem-se: ) (4)𝑅 𝑑𝑞𝑑𝑡 + 𝑞 𝐶 = 𝑉𝑚𝑠𝑒𝑛(ω𝑑𝑡 Quando um capacitor é submetido a uma corrente alternada, este oferece uma oposição que é imposta pelo campo elétrico. Essa oposição é denominada reatância capacitiva ( Xc ), a qual é inversamente proporcional à frequência da fonte e ao valor da capacitância. É dada pela equação: (5)𝑋 𝐶 = 12π𝑓𝐶 O valor experimental da reatância capacitiva é dado pela expressão: (6)𝑋 𝐶 = 𝑉𝐶 (𝑒𝑓)𝑖 (𝑒𝑓) Sendo i(ef) a corrente eficaz, a qual é obtida pela razão entre a voltagem eficaz no resistor e a resistência do circuito: (7)𝑖(𝑒𝑓) = 𝑉𝑅 (𝑒𝑓)𝑅 Valores eficazes são obtidos por meio da divisão por , logo, tem-se que:2 (8)𝑉(𝑒𝑓) = 𝑉 2 (9)𝑉𝑅 (𝑒𝑓) = 𝑉𝑅 2 (10)𝑉𝐶(𝑒𝑓) = 𝑉𝐶 2 Sendo V, VR e VC as tensões pico a pico aplicadas na fonte, resistor e capacitor, respectivamente. A frequência de corte recebe este nome quando a frequência da fonte é tal que e a reatância do capacitor Xc é igual a resistência R:ω 𝑐 = 1𝑅𝐶 (11)𝑓𝑐 = 12π𝑅𝐶 A Impedância do circuito é dada por: (12)𝑍 = 𝑅2 + 1 ω2𝐶2 = 𝑅2 + 𝑋 𝐶 2 Quando o circuito estiver ligado e houver um adiantamento da corrente em relação a tensão, isso é chamado de defasagem, e é dada por: (13)φ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 1ω𝐶𝑅 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( 𝑋 𝑐 𝑅 ) e a potência: (14)𝑃 = 𝑉 𝑒𝑓 · 𝑖 𝑒𝑓 3. OBJETIVOS O experimento tem como objetivo determinar a capacitância de um capacitor além de analisar o comportamento de um circuito RC em série. 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1. Materiais utilizados - Gerador de ondas eletromagnéticas com frequencímetro; - Resistência superior a 2000 Ω; - Capacitor da ordem de aproximadamente 100 nF; - Voltímetro ou osciloscópio; - Placa de bornes; - Fios. 4.2. Métodos 1. O circuito foi montado conforme representado na figura (2), ajustou-se o gerador de ondas senoidais em 3 Volts (V) e manteve-a constante a cada medida. Figura 2 - Circuito RC em série sob tensão alternada Fonte: Material de apoio 2. Foi variada a frequência da fonte de 100 Hz a 10 kHz, inicialmente a intervalos de aproximadamente 100 Hz, e depois a intervalos de 1,0 kHz. Os dados de frequência, V, VR e VC obtidos foram anotados no Quadro (1). Além disso, foi observada a frequência de corte. 3. Após efetuados os cálculos da reatância capacitiva (XC), completou-se o Quadro (1). 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES O circuito utilizado possuía um resistor de 100 Ω em série com um capacitor de 10 nF. Variando a frequência no osciloscópio, foram coletados os dados das tensões pico a pico referentes a fonte (V), capacitor (VC) e resistor (VR), e, para cada valor de frequência, calculou-se a respectiva reatância capacitiva (XC) experimental, utilizando a eq. (6), (7) e (10). Dessa forma, foi construída a seguinte tabela: Quadro (1) - Tabela de medidas experimentais coletadas a partir de dados do osciloscópio f (Hz) V (v) VR (v) VC (v) 1/f (s) XC (Ω) 10.377 4,88 0,4 4,96 9,64.10-5 1240 20.365 4,88 0,8 4,88 4,91.10-5 610 40.000 4,72 1,36 4,56 2,5.10-5 335,29 60.487 4,52 1,84 4,32 1,65.10-5 234,78 80.000 4,32 2,16 3,92 1,25.10-5 181,48 120.600 4,04 2,64 3,28 8,29.10-6 124,24 140.800 3,92 2,8 3,04 7,1.10-6 108,57 150.150 3,84 2,88 2,96 6,66.10-6 102,78 160.000 3,84 2,88 2,8 6,25.10-6 97,22 170.090 3,76 2,88 2,72 5,88.10-6 94,44 180.000 3,76 2,96 2,64 5,56.10-6 89,19 200.000 3,68 3,04 2,4 5.10-6 78,95 300.170 3,72 3,36 1,84 3,33.10-6 54,76 400.000 3,64 3,44 1,44 2,5.10-6 41,86 500.000 3,6 3,44 1,2 2.10-6 34,88 600.000 3,56 3,44 1,04 1,67.10-6 30,23 700.110 3,48 3,36 0,88 1,43.10-6 26,19 Com os dados acima, foram plotados os gráficos da tensão pico a pico total (V), do resistor (VR) e do capacitor (VC) em função da frequência (f), estando estes dispostos a seguir: Figura (3) - Gráfico da tensão total (V) versus frequência (f) Figura (4) - Gráfico da tensão no resistor (VR) versus frequência (f) Figura (5) - Gráfico da tensão no capacitor (VC) versus frequência (f) Para a reatância capacitiva (XC), foram construídos dois gráficos: um em função da frequência (f) e outro em função do inverso da frequência (1/f), ou seja, do período (T), os quais estão dispostos abaixo: Figura (6) - Gráfico da reatância capacitiva (XC) versus frequência (f) Figura (7) - Gráfico da reatância capacitiva (XC) versus o inverso da frequência (1/f) O comportamento observado nos dois gráficos acima está conforme o esperado, pois segundo a eq. (5), XC é inversamente proporcional a frequência f e, como consequência, ele é diretamente proporcional ao inverso da frequência, ou seja, ao período T. A partir das figuras (3) e (4), é possível obter o valor experimental da frequência de corte (fCexp), o qual corresponde ao ponto em que a tensão pico a pico aplicada no resistor (VR) se iguala a tensão pico a pico aplicada no capacitor (VC). Logo, fCexp = 160.000 Hz = 160 kHz, sendo esta a melhor aproximação se baseando nos dados coletados. Neste valor de frequência, tem-se que: VR = 2,88 volts VR = 2,8 volts XC = 97,22 Ω Pode-se afirmar que, neste valor em específico, além das tensões aplicados no resistor e no capacitor tenderem a se igualar, a reatância capacitiva se aproxima do valor da resistência utilizada (100 Ω). Por meio da eq. (11), obtém-se o valor teórico da frequência de corte: 𝑓 𝐶 = 12π𝑅𝐶 = 1 2π.100.10.10−9 = 159. 154, 94 𝐻𝑧 = 159, 15494 𝑘𝐻𝑧 Calculando o desvio percentual, tem-se que: (15)𝐷𝑥 = 𝑥 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 −𝑥 𝑐𝑎𝑙𝑐 𝑥 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 ||| |||. 100% 𝐷 𝑓 𝑐 = 𝑓 𝐶 −𝑓 𝐶𝑒𝑥𝑝 𝑓 𝑐 ||| |||. 100% = 159,15494−160 159,15494 || ||. 100% = 0, 53% Como o desvio percentual obtido foi baixo, então, significa que a aproximação feita a partir dos dadoscoletados foi boa e precisa. Utilizando a eq. (12), é possível calcular a impedância na frequência de corte experimental: 𝑍 = 𝑅2 + 1 ω2.𝐶2 = 𝑅2 + 𝑋 𝐶 2 𝑍 = (100)2 + (97, 22)2 = 19451, 7284 𝑍 = 139, 4694533 Ω Via análise gráfica, para valores de frequência muito menores que a frequência de corte, a tensão está quase toda aplicada no capacitor, igualando-se a tensão total. Enquanto para valores maiores, a tensão é praticamente toda concentrada no resistor e, igual a tensão da fonte. A baixas frequências, como praticamente toda a tensão é destinada ao capacitor, a corrente que percorrerá o circuito será menor. Devido a isso, o circuito resistivo capacitivo recebe o nome de filtro passa-alta, pois os capacitores tendem a permitir a passagem de correntes com elevadas frequências e a bloquear as com baixas frequências. Realizando a linearização do gráfico presente na figura (6), é obtida a seguinte equação de reta: (16)𝑦 = 2. 107𝑥 − 0, 0007 A qual representa a eq. (5), o valor do coeficiente linear é baixo, tendendo a zero, e a partir do coeficiente angular ( ) é possível obter o valorα = 2. 107 experimental da capacitância ( ):𝐶 𝑒𝑥𝑝 𝑋 𝐶 = 12π𝐶 𝑒𝑥𝑝 . 1𝑓 ⇔ α = 1 2π𝐶 𝑒𝑥𝑝 Isolando na expressão acima e substituindo os valores, tem-se que:𝐶 𝑒𝑥𝑝 𝐶 𝑒𝑥𝑝 = 12πα = 1 2π.2.107 = 7, 95775. 10−9𝐹 = 7, 95775 𝑛𝐹 Calculando o desvio percentual entre e C, obtém-se:𝐶 𝑒𝑥𝑝 (15)𝐷𝑥 = 𝑥 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 −𝑥 𝑐𝑎𝑙𝑐 𝑥 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 ||| |||. 100% 𝐷 𝐶 = 𝐶−𝐶 𝑒𝑥𝑝 𝐶 ||| |||. 100% = 10−7,95775 10 || ||. 100% = 20, 42% Um desvio percentual de cerca de 20% dadas as condições experimentais, como o tempo de uso dos equipamentos utilizados e do capacitor, bem como possíveis erros na hora das coletas, é aceitável. A partir da eq. (13), é possível calcular a defasagem ( ) entre tensão eφ corrente no ponto correspondente a frequência de corte: φ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 1ω𝐶𝑅 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( 𝑋 𝑐 𝑅 ) φ = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔( 99,47100 ) = 44, 85° Em um capacitor ideal, os picos de voltagem ocorrem em ¼ de ciclo após os picos de corrente, isto é, a voltagem se atrasa em relação a corrente 90°. Logo, a fase da tensão aplicada no capacitor no ponto da frequência de corte em relação a corrente é de -44,85°. Com a eq. (14), pode-se calcular a potência dissipada no ponto correspondente a frequência de corte, sendo Vef o valor eficaz da tensão total, um valor eficaz é obtido realizando a divisão por , e ief é obtido pela eq. (7):2 𝑃 = 𝑉 𝑒𝑓 . 𝑖 𝑒𝑓 = 𝑉 2 . 𝑉 𝑅𝑒𝑓 𝑅 = 𝑉 2 . 𝑉 𝑅 𝑅 2 𝑃 = 3,84.2,88100.2 = 0, 055296 𝑊 Logo, a potência dissipada na frequência de corte foi de 0,055296 W. 6. CONCLUSÃO Portanto, após o experimento pode-se analisar e calcular o desvio percentual existente entre o valor teórico, encontrado através das fórmulas, com os valores experimentais. Com isso, foi possível encontrar a impedância do circuito, a frequência de corte, a defasagem entre a tensão e a corrente e, por fim, calcular a potência dissipada. Sendo assim, é possível concluir que o experimento foi um sucesso, pelo fato dos desvios para a frequência de corte e capacitância foram baixos e o comportamento encontrado nos gráficos foram conforme o esperado. REFERÊNCIAS DA SILVA RODRIGUES, Eriverton; SAMPAIO, Thiago Alves de Sá Muniz; DE MORAIS SOUZA, Cicero Jailton. Ensino de Física: experimentação com analogia entre a eletrização do canudo e o circuito RC. Revista Semiárido De Visu, v. 3, n. 2, p. 92-97, 2015. INSTITUTO DE FISICA. Circuito RC - série. Disponível em: https/ww.ifufrgs.br/fis182/labs/lab6.pdf. Acesso em: 16 jan. 2023. Material de apoio. CIRCUITOS SÉRIE SOB TENSÃO ALTERNADA E ÓTICA – 5278, Curso: Engenharia Química.