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Minha luta diária é para ser reconhecida como sujeito, impondo minha existência numa sociedade que insiste em negá-la”. A declaração feita pela filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira Djamila Ribeiro, ao ser analisada sobre a conjuntura da mulher negra na sociedade não desse país, mas também em âmbito internacional, ilustra quase que perfeitamente a situação de invisibilidade e desumanização da mulher preta socialmente. Tal insensibilidade que o corpo social em geral tende a ter quanto aos corpos femininos negros, traz uma enorme fragilidade tanto no campo psicológico quanto no físico, segundo dados divulgados pelo site da câmara dos deputados do Brasil, mulheres negras são a maioria de vítimas de feminicídio e são as que as que mais sofrem com a desigualdade, de acordo com dados do mesmo site, na pandemia a cada oito mulheres que sofriam violência doméstica, mais da metade eram negras. Por conta desses e vários outros motivos, a fragilidade da mulher preta nunca pode ser demonstrada (o que seria algo comum, já que a mulher apesar de tudo é visto como um ser frágil que precisa de cuidados), pois além de ter que lutar contra o racismo e machismo estruturais enraizados nas comunidades mundo a fora. Esse ponto de vista fica explícito no livro “O mito da fragilidade nunca vestiu o corpo feminino negro” que dá a voz a olhar singular de três mulheres pretas que ousaram quebrar o silêncio, que eram e são impostos a elas. Carolina Maria de Jesus, Maria da Conceição Evaristo de Brito e Margarida Maria de Souza são mulheres formidáveis e fortes que ousaram dar voz as suas lutas e seus pontos de vista, usando as palavras como arma. O conto “Como eu consegui matar um dos mais importantes advogados do estado? Foi fácil.” traz a história de uma jovem negra nascida nos Estados Unidos da América por volta dos anos de 1960, época em que houve um “boom” em relação as lutas pela igualdade racial no país, que até então imperava um regime segregacionista extremamente severo, onde pessoas de raças destintas (principalmente brancas e negras) não podiam se casar legalmente, ou até utilizar o mesmo banheiro, na verdade, poderiam até ser presas se fosse pegas frequentando as casas uma das outras, como já acontecera no caso dos estados do sul da nação, que foram os últimos a abolir a escravatura. Por volta dessa mesma época, Martin Luther King fazia seu famoso discurso “I have a dream”, enorme marco na luta pelos direitos do povo preto, em uma parte deste discurso ele disse “Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos sendo julgados pela sua personalidade, não pela cor de sua pele”. Por volta desse mesmo período, foi fundado O Partido dos Panteras Negras, originalmente denominado como Partido Pantera Negra para Autodefesa, foi um movimento/organização fundada por Bobby Seale e Huey Newton, com intuito de defender a comunidade afro-americana. Tinha como objetivo, no início combater a violência policial contra os negros durante a década de 1960, mas com o passar dos anos, se tornou muito mais do que isso, o partido possuía o projeto de auto-gestão social, que basicamente trazia a ideia de que afro- americana deveria se autogovernar e também realizavam projetos sociais para atender os mais pobres. Na narrativa deste período em que o ambiente apresentado já não era favorável para pessoas negras em geral, a mulher negra que infelizmente sempre esteve vinte passos atrás não tinha vez. A adolescente conta sua história, como ela vivia em uma vizinhança pobre, como sua mãe “trabalhava em casas particulares” para sustentar ambas e mesmo assim até o básico faltava, como nunca conheceu seu pai e como já havia sido abusada sexualmente. Essa menina, como várias outras na época, não possuía voz, justamente pelo contexto social em que estava inserida, mais uma vez, uma jovem menina negra (já que a primeira vez que o denominado “Bubba” abusou da mesma, ela tinha apenas 14 anos) e pobre é vítima da sociedade e ambiente que vivia. Justamente por ser quem era e está onde estava, ela sabia que não poderia denunciar um homem branco, rico e influente, também por estar fragilizada psicologicamente e fisicamente, a menina não teve escolha a não ser somente aceitar o corrido e continuar com o que já estava acontecendo. O deslumbre de uma criança com um mundo de novas oportunidades e condições com as quais ela nunca havia tido acesso anteriormente fez com que a mesma até mesmo colocado sua mãe em um hospital psiquiatrico alagando que a mesma estava louca.ttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttt tttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttttt
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