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GESTÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Marcel Santos Silva Tecnologias de comunicação e de informação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar a evolução da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) nas organizações. Discutir a utilização da Tecnologia da Informação (TI) pelos indivíduos, processos organizacionais e cultura organizacional. Descrever o impacto da TI e as TICs emergentes. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer o histórico da TI nas organizações, desde o surgimento dos primeiros computadores até as tecnologias mais atuais. Em síntese, a TI consiste no conjunto dos recursos tecnológicos e computacionais voltados ao armazenamento de dados, à construção e ao uso da informação e do conhecimento. Ao longo do capítulo, você também vai ler sobre a relação entre a tecnologia, as pessoas e os processos dentro das organizações, bem como sobre os impactos causados por cada um desses elementos e sobre a sua importância na estrutura organizacional. Por fim, você vai estudar a evolução exponencial pela qual a TI tem passado e verificar o quanto isso impacta diretamente a sociedade do conhecimento. 1 A evolução da TI nas organizações Quando a TI surgiu, ela era chamada de “processamento de dados”, pois a maioria dos seus recursos era direcionada ao processamento centralizado de dados em enormes computadores, conhecidos como mainframes. Os sistemas de informática eram utilizados basicamente para a realização de controles operacionais, atendendo aos setores de contabilidade, estoque, faturamento e fi nanças, bem como à folha de pagamento. Após alguns anos, quando passou a ser denominada “TI”, essa área reuniu recursos modernos e emergentes. Na Figura 1, a seguir, você pode ver uma síntese da evolução da comu- nicação. Note que houve um longo intervalo entre o advento da escrita e a criação da prensa de Gutemberg. Por outro lado, pouco tempo se passou entre o surgimento do rádio e o da internet. Figura 1. Evolução da comunicação. Os Sistemas de Informação (SIs) baseados em computador utilizam a informática e as telecomunicações como instrumentos para melhorar sua efe- tividade. As tecnologias desenvolvidas melhoram a capacidade e a velocidade das atividades de coleta, armazenamento, processamento e disponibilização da informação. Com isso, pode-se definir TI como o conjunto de recursos não humanos dedicados às atividades de coleta, armazenamento, transformação e divulgação da informação (BALTZAN; PHILLIPS, 2012). Outro ponto importante é que a TI compreende as técnicas, os métodos e as ferramentas para planejamento, desenvolvimento e suporte dos processos de utilização da informação. Atualmente, se utiliza a sigla TIC, que representa a convergência entre a TI (sistemas, equipamentos, processos) e as telecomunicações. Com toda essa evolução, a TI passou a desempenhar novos papéis ao longo dos anos, tornando-se imprescindível para a geração, o armazenamento e a apresentação das informações utilizadas pelas mais diversas organizações. A qualquer instante, os SIs planejados para apoiar processos e operações de negócios, por consequência, fornecem dados para sistemas dos níveis gerenciais superiores, possibilitando uma melhor tomada de decisão. Tecnologias de comunicação e de informação2 Para O’Brien e Marakas (2012), os SIs evoluíram por eras. A seguir, veja como cada uma dessas eras se caracteriza e que período de tempo abrange. Primeira era — processamento de dados (1950–1960): as atividades principais eram processamento de transações, registros e aplicativos contábeis tradicionais. Segunda era — relatório gerencial (1960–1970): passaram a ser gerados relatórios gerenciais de informação pré-especificada para apoio à tomada de decisão. Terceira era — apoio à decisão (1970–1980): nessa década, já se inicia o apoio ad hoc interativo ao processo de decisão gerencial. Quarta era — suporte estratégico e ao usuário final (1980–1990): essa é uma das fases mais importantes da evolução da TI, pois nela surge o suporte de computação para a produtividade do usuário final e para a colaboração em grupos de trabalho (sistema de informação executiva). Passam a ser geradas informações críticas para a alta gerência e o suporte ao usuário final baseado no conhecimento (sistemas espe- cialistas). Surgem ainda os sistemas de informações estratégicas, que criam produtos e serviços visando à obtenção de vantagem competitiva. Quinta era — comércio e negócios eletrônicos (1990–2000): as em- presas começam a se preparar para a internet, sendo habilitadas pela web, e para operações de negócios eletrônicos globais. Surge assim o e-commerce, as intranets, as extranets, etc. Sexta era — planejamento de recursos empresariais e inteligência de negócios (2000–2010): nessa fase, os recursos de inteligência de negócios possibilitam a exploração e a visualização de dados de apli- cativos de interface comum em toda a organização, contemplando a gestão dos relacionamentos e a gestão da cadeia de suprimentos. Com a evolução da TI, houve uma expansão da capacidade de utilização dos SIs para dirigir os negócios, mas as principais atividades foram mantidas desde o surgimento desses sistemas. Ainda é necessário realizar o processa- mento de transações, fazer a manutenção de registros, fornecer relatórios para a gerência e dar suporte aos sistemas de uso cotidiano (como contabilidade básica) e aos processos da organização. A maior mudança é que atualmente os gestores usufruem de um nível muito mais alto de integração das funções dos sistemas nas aplicações, de maior conectividade entre os componentes dos sistemas e da capacidade de realocar tarefas computacionais críticas, como processamento, armazenamento e apresentação de dados, com obje- 3Tecnologias de comunicação e de informação tivo de conseguir a maior vantagem competitiva a partir das oportunidades estratégicas e de negócios. Por conta do aumento dessas capacidades, a TIC do futuro terá como principal objetivo o aumento da velocidade e do alcance dos sistemas computacionais para o fornecimento de uma interoperabilidade maior, combinada com mais flexibilidade. Para Audy, Andrade e Cidral (2007), devido à automação e à TI, alguns sistemas são classificados como homem–máquina e são referenciados com frequência atualmente, porém os papéis de cada componente são perfeitamente definidos. A máquina desempenha a função de processador, mas é sempre o homem que provê a entrada inicial. As propriedades dos homens e das má- quinas são combinadas, ou seja, a máquina oferece sua capacidade iterativa de derivar soluções de máquina, e o homem, sua capacidade de raciocínio. A área de SIs é multidisciplinar, obrigando à integração de abordagens comportamentais e técnicas. Isso fica claro, por exemplo, quando se pensa que SIs são artefatos derivados do conhecimento utilizados pelas organizações. Os SIs se valem da TI como instrumento para melhorar sua efetividade. As tecnologias empregadas aumentam a capacidade e a velocidade das funções de coleta, armazenamento, processamento e distribuição da informação. Isso contribui para a melhoria da qualidade e da relação custo–benefício da informação disponibilizada. As principais tecnologias empregadas nos SIs são tecnologias de hardware, software e comunicação. O termo “hardware” designa o conjunto formado pelos equipamentos empregados em um SI. Em especial, esse termo designa os dispositivos que compõem um sistema de computador. Um sistema de computador é um conjunto de unidades que realizam a entrada, o processamento, o armazenamento e a saída de dados a partir de um conjunto de instruções previamente programado. A tecnologia básica empregada pelos diversos componentes de um sistema de computador é digital, embora existam computadores analógicos. Além disso, a indústria de computadores continua evoluindo e oferecendo produtos com capacidade dearmazenamento, velocidade de processamento e facilidade de utilização cada vez maiores. Por sua vez, o termo “software” designa o conjunto de programas que um equipamento e, em especial, um sistema de computador é capaz de executar. Um software é uma solução para determinado problema. Essa solução pode ser composta por diversos programas de computador, formando um sistema de software. O software pode ser classificado em básico e aplicativo. O sof- tware básico abrange os software que realizam tarefas fundamentais para o funcionamento do hardware e a utilização dos recursos da máquina pelos Tecnologias de comunicação e de informação4 software aplicativos e usuários. Nessa categoria, estão incluídos os sistemas operacionais, os utilitários e as ferramentas de desenvolvimento de software. Já a categoria de software de aplicativo abrange os produtos de software que permitem aplicar os recursos da TI na solução de problemas específicos nas mais diversas áreas de atividade humana. Os software de aplicativos genéricos compreendem os produtos de software disponibilizados pela indús- tria na forma de pacotes que atendem às necessidades comuns a uma ampla gama de usuários. Os software aplicativos personalizados compreendem os produtos de software desenvolvidos sob demanda para atender às necessidades específicas de um cliente. A TI é o conjunto de métodos, técnicas e ferramentas que possibilitam a criação de sistemas de comunicação. Entre as TIs empregadas pelos SIs, destacam-se aquelas relativas às telecomunicações e às redes de computado- res. A tecnologia de telecomunicações engloba o hardware e o software que propiciam a transmissão e a recepção de sinais de comunicação. Uma rede de computadores é um conjunto interligado de computadores autônomos que possibilita o compartilhamento de recursos e a melhoria do processo de comunicação (TANENBAUM, 2003). A convergência entre a informática e as telecomunicações têm viabilizado o desenvolvimento de soluções tecnoló- gicas mais velozes, mais seguras e com maior capacidade de armazenamento, processamento e transmissão. Os SIs têm empregado tais soluções e, com isso, têm proporcionado mais eficácia e eficiência às organizações em termos de controle operacional, suporte ao processo decisório e obtenção de vantagens competitivas. Laudon e Laudon (1999) apontam que a compreensão e a solução dos problemas ligados aos SIs só serão alcançadas a partir da integração das abordagens comportamentais e técnicas, já que raramente os problemas são apenas comportamentais ou apenas técnicos. Dessa forma, pode-se considerar que os SIs se apresentam em três dimensões. Veja a seguir. Dimensão tecnológica: envolve infraestrutura (hardware, software e comunicação), aplicações de gestão orientadas ao ambiente organizacio- nal interno (intranet, ERP, SAD, SIG) e aplicações de gestão orientadas ao ambiente organizacional externo (CRM, call center, extranet). Dimensão organizacional: envolve os processos (modelagem de negó- cio) e abordagens de gestão (mudança, cultura organizacional, liderança). Dimensão humana: envolve as pessoas que utilizam os sistemas, bem como aqueles que os desenvolvem e os processos de aprendizagem a eles relacionados. 5Tecnologias de comunicação e de informação Os sistemas utilizados para gestão da cadeia de suprimentos, também conhecidos como SCM (Supply Chain Management), propiciam a integração entre as diversas organizações que compõem uma cadeia de suprimentos. Tecnologicamente, isso implica o compartilhamento de padrões e recursos, além de uma integração entre o sistema integrado de gestão empresarial (Enterprise Resource Planning — ERP) da organização e os de clientes e fornecedores. 2 A tríade da TI: indivíduos, processos e cultura organizacional Já não há dúvida de que a tecnologia é um facilitador do dia a dia das pes- soas e, por consequência, das organizações. Portanto, pode-se afi rmar que a tecnologia trouxe uma contribuição substancial para as atividades cotidianas organizacionais, facilitando a execução das tarefas e oferecendo maior segu- rança aos processos corporativos. As TIs têm mudado ainda mais o mundo devido à forma como passaram a considerar os dados. Nos negócios tradicionais, os dados eram caros de se obter, difíceis de se armazenar e usados em departamentos organizacionais específicos. O gerenciamento desses dados exigia a compra e a manutenção de enormes sistemas de TI, os famosos ERPs, necessários apenas para rastrear o percurso dos estoques de determinada fábrica para um estabelecimento cliente. Atualmente, os dados são gerados em quantidades sem precedentes não só por empresas e organizações, mas por pessoas comuns, a todo momento e em todos os lugares. Além disso, o armazenamento de dados na nuvem é cada vez mais barato, acessível e amigável (ROGERS, 2017). A tecnologia trouxe uma gama de benefícios às diversas áreas organiza- cionais — o chão da fábrica, o setor administrativo e o relacionamento entre as organizações, por exemplo. A seguir, veja alguns desses benefícios: maior agilidade na execução das atividades; padronização, documentação e controle das tarefas, possibilitando a manutenção com a mesma qualidade; processos de negócios mais bem elaborados; possibilidade de redução de custos de produção e de custos administrativos; Tecnologias de comunicação e de informação6 rastreabilidade dos processos e produtos, possibilitando uma engenharia reversa de todo o processo produtivo; mitigação da manipulação dos dados, garantindo maior segurança em todas as etapas do processo; redução do retrabalho por meio da padronização e da melhoria dos processos organizacionais; contribuição direta na tomada de decisão, fornecendo ao gestor subsídios importantes relativos ao processo produtivo como um todo. As organizações estão cada vez mais dependentes de informações para a tomada de decisões críticas praticamente em tempo real. Como o volume de dados se torna cada vez maior, aumentam também o número de fontes de dados que alimentam esses bancos de dados e as soluções complexas de análise, como inteligência de negócios, mineração de dados e ciência de dados. Nesse cenário, a automação de TI ganha força, pois é necessário automatizar e integrar as mais distintas fontes para melhorar a qualidade das análises e dos relatórios gerenciais. Tais benefícios não são possibilitados somente por SIs, pois a TI abrange diversos outros componentes e áreas. Pode-se dizer que, entre os ganhos, alguns são imprescindíveis, como os sistemas de gestão, a internet das coisas (Internet Of Things — IoT) e o armazenamento em nuvem. A seguir, você vai conhecer melhor esses e outros recursos. Sistemas de gestão Os sistemas de gestão são recursos indispensáveis para aumentar o desempenho de qualquer organização. Eles possibilitam que a coordenação de diversos setores seja feita de forma mais efetiva. Sistemas integrados de gestão atuam na administração de recursos humanos, no controle de estoque, no fl uxo de caixa, na gestão do capital de giro e nas métricas de cobrança, por exemplo. IoT A IoT pode ser utilizada de diversas formas em um negócio. Ela tem seu foco em sistemas embarcados, ou seja, os serviços de computação e comunicação são integrados em um equipamento, como um interruptor de luz, um eletro- doméstico, um ar-condicionado ou um sistema de segurança (COMER, 2016). O departamento de marketing, por exemplo, pode usar sensores para mapear quando, como e onde um produto é consumido, diminuindo custos com pes- quisas de mercado para desenvolver novos itens. Gastos com a manutenção e a 7Tecnologias de comunicação e de informação operação de máquinas também podem sofrer reduções se a IoT for introduzida para monitorar desgastes de componentes, que podem ser trocados antes de falharem completamente. Isso evita, por exemplo, uma paralisação na linha de produção da empresa e, consequentemente, prejuízos para ocaixa. Aplicação de computação em nuvem Utilizar a computação em nuvem é fundamental para a implantação de diversas tecnologias que resultam em grandes benefícios para a empresa. A difusão da computação em nuvem representa uma grande mudança. O modelo em nuvem permite que pessoas e organizações, em vez de armazenar dados e executar aplicações em um computador local, armazenem seus dados e executem suas aplicações em um centro de dados remoto (COMER, 2016). A nuvem possibilita que tanto o dono do negócio como seus colaborado- res estejam conectados com as operações sempre que necessário. Há toda uma gama de aplicativos com diferentes funcionalidades que trabalham por meio da computação em nuvem para facilitar a comunicação das equipes, o armazenamento de dados com segurança, o compartilhamento de arquivos e o gerenciamento da produtividade dos funcionários. A indústria inteligente (smart industry) está baseada no conceito de Industry Internet of Things (IIoT). Ela é o alicerce da indústria 4.0 e da fábrica inteligente, fornecendo conectividade para fábricas, máquinas, infraestruturas industriais e sistemas de geren- ciamento. O objetivo da fábrica inteligente é reduzir as operações comerciais e criar equipamentos auto otimizáveis. Análises preditivas A utilização de análises preditivas possibilita a antecipação de comportamentos futuros e prevê resultados não conhecidos. As principais soluções buscam o uso de plataformas interoperáveis para a coleta de informações, tanto de clientes quanto de funcionários, nos mais diversos canais disponíveis da empresa. Com isso, toda a informação poderá ser usada em um evento futuro. Tecnologias de comunicação e de informação8 Inteligência artificial Com o uso da inteligência artifi cial, as estratégias de negócios passam a ser adotadas com maior rapidez e confi abilidade. Isso possibilita experiências como a linguagem natural, a personalização em tempo real, a operação multicanal e a geração de conteúdo. A automação de processos, tanto internos quanto externos, facilita a comunicação entre a empresa e seu público-alvo. Identificação por dispositivos cruzados Atualmente, as pessoas utilizam dispositivos distintos para se comunicar. Portanto, estar presente na maioria deles é um desafi o para as organizações, tanto em relação a clientes quanto a fornecedores e funcionários. Nesse con- texto, é necessário identifi car quais TIs devem ser utilizadas para garantir a melhor experiência para o usuário. Com a evolução crescente da automatização das atividades e a elimina- ção do fator humano nos processos operacionais, as pessoas se tornam mais importantes para a organização. Cada funcionário carrega em sua trajetória profissional um histórico de experiências, e atualmente as organizações preci- sam de profissionais capazes de identificar nuances e detalhes que podem ser definitivos em situações adversas. Portanto, mesmo que estejam envolvidos em processos bem definidos, todos os funcionários precisam de algumas características para que a tríade composta por indivíduos, processos e cultura organizacional efetivamente funcione em perfeito sincronismo. Os processos podem ser definidos como atividades organizadas de forma ordenada para que cada participante entenda o que precisa ser feito, em que momento e com quais objetivos. Isso é o que permite a identificação de difi- culdades, pontos de gargalo e ajustes a serem realizados para que a eficiência do processo seja cada vez maior. Quando se juntam pessoas e processos, já se tem grande parte do necessário para realizar os objetivos da organização, porém é a tecnologia que possibilita os avanços efetivos. 3 O impacto das tecnologias emergentes na sociedade organizacional De acordo com alguns pesquisadores, o impacto das tecnologias emergentes surge em meio a um novo conceito de economia, a “economia criativa”. Ela é caracterizada por negócios estruturados a partir do capital intelectual e 9Tecnologias de comunicação e de informação cultural e da criatividade, objetivando a geração de valor econômico. Essa nova economia abrange as fases de criação, transformação e distribuição de produtos e serviços que se apoiam no uso de criatividade, capital intelectual e cultura como insumos primários. O impacto dessa econômica já é sentido, originando o conceito de “disrupção criativa”. Nesse contexto, a evolução da inteligência artificial tem proporcionado enormes benefícios, com progressos da computação cognitiva para a re- alização de análises de grandes bancos de dados, possibilitando ainda a compreensão de comportamentos específicos. Com isso, os computadores são capazes de reconhecer padrões e “aprender” novas ações sem a neces- sidade de programação. Para Rogers (2017), as tecnologias digitais estão transformando a forma como as empresas inovam. Tradicionalmente, as inovações eram arrisca- das e dispendiosas. Afinal, testar novas ideias era difícil e custoso, e as organizações dependiam das sugestões de seus gestores para definir as características dos produtos a serem lançados no mercado. Hoje, com as tecnologias emergentes, é possível verificar e experimentar continuamente, algo inimaginável no passado. Atualmente, é perceptível a rapidez com que as organizações, nos mais diversos setores e regiões, se adaptam às mudanças de cenário e aos avanços tecnológicos. Elas têm investido em infraestrutura em nuvem, IoT e segurança da informação cibernética, por exemplo. Além disso, têm compreendido o iminente impacto dos dispositivos móveis nas suas rotinas e processos. Porém, mesmo tendo evoluído nos últimos anos, o potencial de tec- nologias como cloud computing e analytics permanece em grande parte inexplorado. Enquanto isso, surgem outras tendências, como a realidade digital, as tecnologias cognitivas, a realidade aumentada e a blockchain, que estão crescendo exponencialmente em importância. A realidade virtual e a realidade aumentada estão redefinindo as formas fundamentais pelas quais os humanos interagem com o ambiente, com os dados e entre si. A blockchain tem passado rapidamente de validador de bitcoin a provedor de confiança. Já as tecnologias cognitivas, como aprendizado de máquina, processamento de linguagem natural, reconhecimento de padrão e redes neurais artificiais, deixaram de ser possibilidades embrionárias para se tornarem princípios de estratégia, permitindo a exploração do seu imenso potencial nos negócios e na sociedade. Tecnologias de comunicação e de informação10 O bitcoin foi a primeira moeda digital (criptomoeda) par a par (Peer-to-Peer — P2P) do mundo, com código aberto e sem dependência de uma autoridade central. Entre outras características, o que torna o bitcoin único é o fato de ele ser um sistema de pagamento global totalmente descentralizado. Desde sua criação, em 2008, por Satoshi Nakamoto, o bitcoin funciona sem qualquer interrupção. Todas as transações na economia bitcoin são registradas em uma espécie de livro-razão público, conhecido como blockchain. Agora observe a Figura 2, a seguir. A economia colaborativa só é possível devido à evolução da tecnologia, que possibilita a gestão dos negócios de forma mais rápida e segura. Figura 2. Economia colaborativa. Fonte: Adaptada de Owyang (2020). Um exemplo de economia colaborativa é o bikesharing, que consiste no uso compartilhado de bicicletas, geralmente mantidas em espaços específicos das cidades. Pelo menos três gerações de sistemas de compartilhamento de bicicletas evoluíram nas últimas décadas. Além disso, vários modelos de negócios diferentes foram empregados para facilitar o compartilhamento de bicicletas em cidades em todo o mundo. Devido ao seu apoio ao trânsito 11Tecnologias de comunicação e de informação multimodal mais sustentável e ao fato de driblar os desafios do transporte público, principalmente nos grandes centros, o bikesharing tem feito sucesso nas cidades em que é implementado. Algumas cidades, como Barcelona, restringemo acesso ao serviço de compartilhamento de bicicletas aos residentes, enquanto outras, como Viena, também oferecem serviços de aluguel aos visitantes. O compartilhamento de bicicletas geralmente é uma iniciativa impulsionada pelo interesse público e apoia o consumo sustentável, diminuindo o uso de veículos motorizados. Embora muitos sistemas de compartilhamento de bicicletas sejam desenvol- vidos e operados localmente, alguns, como os desenvolvidos pelo BCycle, da Trek Bikes, passaram para um modelo de franquia, sendo oferecidos em maior escala. Os espaços de coworking, outro exemplo de economia colaborativa, sur- giram nas grandes cidades ao redor do mundo. Eles frequentemente oferecem acesso a impressoras, internet, correio, espaços para reuniões e outras ins- talações que normalmente se espera encontrar em ambientes de escritório. Além disso, oferecem a oportunidade de interação com outras pessoas em um ambiente mais informal. Embora a maioria dos espaços de trabalho colaborativo que emerge nas cidades em todo o mundo seja local e independente, também existem alguns modelos de franquia. A Estação Urbana, por exemplo, surgiu como uma cadeia de espaços de trabalho conjunto, primeiro na Argentina e, posteriormente, no Chile, no México, na Colômbia e na Turquia. Os membros podem pagar uma taxa mensal, diária ou por hora para usar as instalações. Outros exemplos são WeWork, CWK Coworking e 4Work. Por sua vez, o crowdshipping facilita o uso compartilhado do excesso de capacidade nos veículos para entregar mercadorias localmente. A Mee-Meep, uma start-up de crowdshipping sediada em Melbourne, conecta pessoas que precisam transportar objetos com outras pessoas em trânsito. Semelhante ao Uber, o Mee-Meep possui um processo para verificar os aspirantes a moto- ristas, a fim de atenuar as preocupações com a segurança do usuário. Embora muitas das entregas ocorram na mesma cidade, o serviço está disponível em toda a Austrália. Tecnologia blockchain A tecnologia blockchain tem o potencial de melhorar a maneira como todos os setores gerenciam suas informações e dados, e não apenas seus serviços fi nanceiros. Imagine poder rastrear remessas por meio da sua cadeia de supri- Tecnologias de comunicação e de informação12 mentos com facilidade, até o pacote individual ou até o nível do componente, ou executar um contrato com um fornecedor sem a necessidade de um auditor intermediário. A blockchain pode até ajudar a verifi car materiais e fontes de alimentos para garantir a manutenção de padrões éticos e de saúde. Embora a tecnologia blockchain seja frequentemente equiparada ao bitcoin, essa tecnologia oferece mais possibilidades de armazenamento de dados de transações, clientes e fornecedores em um livro on-line transparente e imutável. Qualquer relacionamento que dependa de manutenção de terceiros ou que exija várias fontes de dados para atender às expectativas do cliente por experiências coesas pode ser aprimorado pelos aplicativos de blockchain. Todos os setores podem usufruir dessa tecnologia, e não só a área finan- ceira. A seguir, veja algumas opções de aplicação da blockchain (OWYANG; SZYMANSKI, 2017). Jurídica: “contratos inteligentes” armazenados nas blockchains ras- treiam partes contratuais, termos, transferência de propriedade e entrega de bens ou serviços sem a necessidade de intervenção legal. Cadeia de suprimentos: ao utilizar uma linha distribuída, as empresas de cadeia de suprimentos obtêm transparência no rastreamento de remessas, entregas e progressos, por exemplo. Governo: essa tecnologia pode ser utilizada para armazenar informações de identidade pessoal, antecedentes criminais e “cidadania eletrônica”, autorizada por biometria. Energia: transferência e distribuição de energia descentralizada são possíveis por meio de microtransações de dados enviados para blo- ckchain, validados e redispersos para a rede, garantindo o pagamento ao remetente. Alimentos: o uso da blockchain para armazenar dados da cadeia de suprimentos de alimentos oferece rastreabilidade aprimorada da origem do produto, do seu lote, do seu processamento, da sua expiração, da sua temperatura de armazenamento e do seu transporte. Varejo: os mercados P2P seguros podem rastrear transações de varejo P2P, com informações sobre produtos, remessas e embarques na blo- ckchain, bem como sobre pagamentos feitos via bitcoin. Saúde: os registros médicos eletrônicos armazenados em uma blo- ckchain, acessados e atualizados via biometria, permitem a democra- tização dos dados dos pacientes e aliviam a carga de transferência de registros entre os fornecedores. 13Tecnologias de comunicação e de informação Seguro: quando veículos autônomos e outros dispositivos inteligentes comunicam atualizações de estado a provedores de seguros via blo- ckchain, os custos diminuem conforme a necessidade de auditoria, e a autenticação de dados desaparece. Turismo: os passageiros armazenam seu “ID único de viagem” auten- ticado na blockchain, substituindo documentos de viagem, cartões de identificação, cartões de programas de fidelidade e dados de pagamento. Educação: as instituições educacionais podem utilizar a blockchain para armazenar dados de credenciamento relativos a avaliações, diplomas e transferências. Para a transformação digital por meio da TI, são necessárias três forças: a modernização dos sistemas gerenciais centrais, para que se tornem a base para a inovação e o crescimento; a elevação da segurança cibernética e o domínio de risco mais abran- gente, para uma função estratégica incorporada; a reengenharia da função tecnológica das organizações, para o cumpri- mento da promessa de tecnologias emergentes e disponíveis. Pode-se afirmar que todos esses recursos (ou macroforças) — infraestrutura em nuvem, analytics, computação cognitiva, realidade virtual aumentada, criptomoedas, blockchain, segurança da informação, inteligência artificial e agentes inteligentes — continuam a desenhar o futuro digital da sociedade. Um dos maiores desafios enfrentados pelos gestores de TI e negócios é adquirir e aproveitar o valor que todas essas macroforças podem oferecer coletivamente. Nesse contexto, você deve ter em mente que tais forças são um conjunto de ingredientes de uma receita muito mais complexa de TI empresarial. Portanto, a união delas em uma linha de manufatura ou em qualquer outro processo administrativo organizacional culmina em maiores ganhos e agregação de valor para qualquer negócio. As macroforças são as tendências tecnológicas duradouras que seguirão definindo estratégias e determinando prioridades de investimento. Mas atente ao seguinte: elas não são entidades independentes e isoladas. As macroforças atuam de forma conjunta, e a TI é a integradora das soluções e formas de processamento, armazenamento e apresentação do conhecimento construído, seja ele um bem ou serviço. Tecnologias de comunicação e de informação14 Um exemplo prático da conjunção bem-sucedida de tecnologia, pessoas e processos é a start-up CargoX. Ela é a primeira transportadora baseada em tecnologia e big data do Brasil. Por meio de um aplicativo próprio, a empresa opera em tempo real na área de transportes. Veja como Federico Vega, CEO e fundador da CargoX, explica o funcionamento da empresa: “O mercado de transporte de cargas é rodeado pela falta de informações, então nosso setor de big data tem sua atuação baseada atualmente na colheita desses dados, referentes a rotas, perfis, localizações e todas as possíveis variáveis dentro de um frete” (VEGA, 2017 apud PINELLI, 2017, documento on-line). Com clientes como Leroy Merlin e Whirpool, a companhia realiza uma média de 3 mil embarques por mês. Entre os diferenciais oferecidos por ela, está o acesso a um painel administrativo no qual os usuários podem fazer cotações on-line e obter informações sobre o transporte e o caminhoneiro, além de realizar observações sobre a viagem. AUDY, J.L. N.; ANDRADE, G. K.; CIDRAL, A. Fundamentos de sistemas de informação. Porto Alegre: Bookman, 2007. E-book. BALTZAN, P.; PHILLIPS, A. Sistemas de informação. Porto Alegre: AMGH, 2012. (Série A). COMER, D. E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC,1999. O'BRIEN, J. A.; MARAKAS, G. M. Administração de sistemas de informação. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. OWYANG, J. [Site]. [2020]. Disponível em: http://www.catalystcompanies.co/blog/. Acesso em: 12 maio 2020. OWYANG, J.; SZYMANSKI, J. Infographic: blockchain opportunities for every industry. [2017]. Disponível em: http://www.catalystcompanies.co/infographic-blockchain- -opportunities-for-every-industry/. Acesso em: 12 maio 2020. PINELLI, N. Economia compartilhada. Época Negócios, São Paulo, 16 jan. 2017. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Desenvolvimento/ noticia/2017/01/economia-compartilhada.html. Acesso em: 12 maio 2020. ROGERS, D. L. Transformação digital: repensando o seu negócio para a era digital. São Paulo: Autêntica Business, 2017. TANENBAUM, A. S. Redes de computadores. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. 15Tecnologias de comunicação e de informação Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Leitura recomendada PEREIRA JÚNIOR, A.; SARDINHA, A. S.; JESUS, E. S. Evolução e aplicação da tecnologia da informação e comunicação, os impactos ambientais e a sustentabilidade. Brazilian Journal of Development, São José dos Pinhais, v. 6, n. 1, p. 3628–3666, 2020. Tecnologias de comunicação e de informação16 PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM Conteúdo: José Valter Januário Pablo Rojas Coordenador J33p Januário, José Valter. Perícia, avaliação e arbitragem [recurso eletrônico] / José Valter Januário; coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre: SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-19-7 1. Contabilidade. 2. Perícia – Avaliação. I. Título. CDU 657.92 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Pablo Rojas Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Renata Goulart Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL 140 INTRODUÇÃO Mediação significa a resolução de conflitos, onde não existe a condição de adversários, onde profissional neutro e devidamente capacitado, auxilia as partes a encontrarem seus verdadeiros interesses e preservá-los, Na mediação não existe imposição de sentenças ou laudo e esse acordo, feito de uma maneira criativa, as duas partes ganham. OBJETIVOS DA UNIDADE Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Entender o conceito de Mediação, sua aplicação e finalidade; • Identificar casos onde a Mediação é a ferramenta indicada para encontrar o acordo entre as partes; • Realizar a mediação de conflitos para obter resultados que satisfaçam as partes envolvidas. PRECEITOS DA MEDIAÇÃO Os preceitos da Mediação envolvem conhecimentos e ensinamentos multidisciplinares de áreas como: • Direito; • Psicologia; • Comunicação; • Sociologia; • Administração de Empresas; • Diversas outras. Além desses conhecimentos o mediador deve demonstrar: • Compreensão; • Capacidade de induzir a necessidade e vontade de mudança dos mediados; • Interesse na qualidade da relação entre eles; • Ser portador de ética para ter credibilidade na condução da mediação. 141 O mediador deve ter ciência que a necessidade da mediação é fruto da incapacidade de duas partes resolverem seus conflitos sem a ajuda de um terceiro. Em geral isso ocorre pela inflexibilidade de pontos de vistas diferentes do problema. Isso dificulta a solução e o mediador precisa trabalhar no sentido de proporcionar a visão objetiva da situação. Uma visão que permita as partes enxergarem todos os aspectos envolvidos com a situação conflitante. Para obter sucesso na mediação, o mediador deve: • Ter habilidade de inspirar sentimentos de segurança, credibilidade e confiança das partes mediadas; • Ter capacidade de transmitir interesse e respeito aos mediados (ele não deve usar os mediados para satisfazer suas próprias necessidades ou interesses); • Ter conhecimento específico da área que envolve a mediação; • Compreender o comportamento dos mediados, sem impor julgamento de valor, bem como, identificar padrões de comportamento contraproducentes nos mediados. Perfil do cliente de Mediação O cliente da mediação é um indivíduo capaz de decidir e que deseja preservar seu relacionamento com a outra parte. O que prevalece é o desejo de tomar decisões que contemplem e satisfaçam os interessados. Eles desejam que a Mediação transcorra em um clima cordial, sem discussões e em menor tempo possível. Vantagens da mediação A mediação oferece inúmeras vantagens, dentre elas: • A solução rápida dos casos; • Menores despesas com o litígio; • Tudo é confidencial; • Evita que o caso se agrave; • Evita reivindicações ou expectativas despropositadas: • Possibilita a continuidade das relações interpessoais; • Aumenta a possibilidade de cumprimento do acordo; 142 • Atende as necessidades das partes; • Outras diversas vantagens. Etapas da mediação A base da mediação está depositada basicamente em seis etapas: 1. Abertura: Esta fase tem como objetivo, “explicar o processo, avaliar as possibilidades e estabelecer regras e funções”. Nessa fase, o mediador deve colocar as partes a vontade, e ganhar a confiança necessária para a realização da mediação. Para que a mediação possa ter êxito, o mediador deve “demonstrar comunicação eficaz através de suas ações”, esclarecendo o processo e entrosando as partes, estabelecendo regras, mostrando o papel das partes e do mediador, bem como tratando dos seus honorários. 2. Fala das Partes: Nesta fase, o mediador deve trabalhar no sentido de desenvolver uma boa relação entre as partes e para que elas exponham o problema a ser solucionado. Para isso é preciso fazer com que as partes explicitem suas percepções, para permitir a avaliação do ambiente emocional. As técnicas mais usadas nesta etapa são: • A escuta ativa: O mediador estimula os mediandos a se ouvirem e expressarem suas emoções; • O parafraseamento: Reformulação de frases com o objetivo de sintetizar as falas e conteúdo; • A formulação de perguntas: Perguntas exploratórias sobre o conflito para encontrar sugestões e ideias para solução do conflito; • Resumo seguido de confirmações: Proporciona aos mediados a ideia de como esta transcorrendo a mediação; • O cáucus copos em latim: Encontro amistoso (figurativamente) entre p mediador e cada um dos mediando em separado para diálogo confidencial; • O brainstorming (em inglês, tempestade de ideias): Busca capturar as ideias dos mediando sobre como resolver a disputa; • O teste de realidade: Proporciona aos mediandos a oportunidade de refletirem sobre as propostas realizadas entre as partes. 143 3. Resumo: Esta etapa consiste na “identificação dos problemas e interesses”, tendo como tarefa, esclarecer e confirmar os interesses de cada parte, ajudar as partesa começar a ver o ponto de vista uma da outra e motivar as partes para a solução de problemas. 4. Construções de Alternativas: Essa etapa é a de aprofundar a mediação nos problemas e nas diferenças entre as partes, desenvolver novas consciências e perspectivas nas partes. Para cumprir essa etapa, o mediador deve, executar as tarefas de recompor o relacionamento interpessoal, desenvolver nova consciência e perspectivas e descobrir interesses ainda ocultos. 5. Escolhas das Alternativas: Nesta etapa, o mediador deve criar e avaliar opções que atendam aos interesses das partes e as tarefas consistem em ajudar as partes a desenvolver opções que atendam seus interesses e avaliar, selecionar e organizar propostas. 6. Fechar o Acordo: Nesta fase, deve-se fazer com que as partes formalizem o acordo, tendo o mediador, as tarefas de desenvolver os termos finais de um acordo, colocar os termos por escrito, obter a aprovação legal, redigir em conjunto com as partes o acordo final. REFERÊNCIAS CAVAGNOLI, I. Curso de mediação e arbitragem do sindicato dos economistas do Estado de São Paulo. Disponível em: <www.ambito-jurídico.com.br> acesso em 19/01/2016. WOLFSDDORF, Pablo J. Curso de técnicas de negociação extrajudicial na área cível, comercial, trabalhista e familiar. Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo. Disponível em: < http://www.sindecon-esp.org.br/> acesso em: 19/01/2016. http://www.ambito-jur�dico.com.br/ http://www.sindecon-esp.org.br/ Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM Conteúdo: José Valter Januário Pablo Rojas Coordenador PERÍCIA CONTÁBIL I Aline Alves Danielle Ferreira Fabiana Tramontin Tatiane Antonovz Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 P441 Perícia contábil I / Aline Alves ... [et al.] ; [revisão técnica: Lilian Martins]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 330 p. il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-150-1 1. Contabilidade - Perícia. I. Alves, Aline. CDU 657 Revisão técnica: Lilian Martins Especialista em Controladoria e Planejamento Tributário Professora do Curso de Ciências Contábeis Coordenadora do Núcleo de Assessoramento Fiscal (NAF) das Faculdades São Judas Tadeu Mediação, conciliação e arbitragem: conceitos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: De� nir os conceitos de mediação e conciliação. Descrever o conceito de arbitragem. Identi� car as vantagens do uso da mediação e da arbitragem. Introdução A mediação e a conciliação são dois diferentes instrumentos que as partes podem utilizar. A mediação é um processo formal. Ela depende do auxílio de um terceiro para ocorrer. Sua atuação deverá contar com absoluta independência. Já a conciliação é um processo um pouco diferente, mais leve e que pode ser conhecido como mediador. Esse processo, composto de seis diferentes etapas, visa a agilizar a solução para a lide, trazendo mais rapidez e objetividade para questões legais. A arbitragem, outra forma de solução de problemas legais, inclui também órgãos da administração direta e indireta. O perito contábil tem aqui novamente um papel decisivo. Cabe a ele calcular os valores envolvidos nos processos, as despesas relativas a eles ou os valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso tanto na mediação quanto na conciliação ou na arbitragem. Neste texto, você irá entender as diferentes características tanto da mediação quanto da conciliação, suas fases e os envolvidos. Também vai compreender a arbitragem e todas as suas nuances. Além disso, verá como o perito desempenha suas funções, auxiliando no cálculo dos valores apurados. U N I D A D E 4 joliveira Text Box joliveira Rectangle Mediação e conciliação A mediação é um processo formal. Nele, partes confl itantes recebem auxílio de um terceiro, que deverá obrigatoriamente ser imparcial em relação a elas. Esse terceiro pode ser substituído por um painel de pessoas também sem interesses diretos na causa da lide. A lide é o conflito de interesses manifestado em juízo. O termo lide frequentemente é utilizado como sinônimo da palavra ação. Ele também pode estar relacionado à demanda, ao litígio ou ainda ao pleito judicial (DIREITONET, 2005). A pessoa ou o painel de pessoas, também denominado como mediador, não sugere nem impõe uma solução. Também não interfere nos termos de um eventual acordo entre as partes. Todo o trabalho de mediação é regido pelas Leis nº 13.105 e nº 13.140, ambas de 2015. O papel do mediador é fazer com que as partes divergentes possam chegar a um acordo julgado como bom para ambas. A conciliação, por sua vez, é um processo mais breve. É oriundo de ajustes de interesses entre as partes discordantes. Além disso, sempre tem o objetivo de dirimir os conflitos a partir da interposição de um acordo. Em tal acordo, as partes divergentes recebem auxílio de um terceiro. Este também é impar- cial. Se necessário, um painel de pessoas sem qualquer interesse na causa pode substituí-lo. O terceiro é denominado conciliador. Ele utiliza técnicas específicas para auxiliar todas as partes a chegarem a uma solução para o caso, denominada acordo. Diferente do mediador, o conciliador apenas sugere uma solução para a lide. Ele não impõe qualquer possibilidade às partes, ficando tal prerrogativa ao árbitro ou a um juiz. Todo o processo de conciliação é normatizado pelo Manual de Mediação do CNJ (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2015). O processo de mediação é composto de seis etapas distintas. São elas: 1. Início e ambientação. 2. Reunião de informações. 3. Identificação de questões, interesses e sentimentos. 4. Esclarecimento das controvérsias e dos interesse. Mediação e arbitragem: conceitos246 5. Resolução das questões do conflito. 6. Encerramento, que é o registro das resoluções encontradas. Um mediador, no entanto, pode pular ou abreviar as etapas da maneira que julgar mais conveniente, sempre de forma que beneficie ambas as partes. Além disso, deve manter a total transparência do processo. Tanto a mediação quanto a conciliação são regidas por alguns princípios básicos. São a independência, a imparcialidade, a autonomia da vontade, a confidencialidade, a oralidade, a informalidade e a decisão confirmada, todos definidos pela Lei nº 13.140 (BRASIL, 2015b). De acordo com a legislação específica que versa sobre o tema, tanto a mediação quanto a conciliação têm a utilização aventada quando a divergência tiver a possibilidade de ser resolvida com o uso de diálogo. Isso vale para pessoas físicas e jurídicas, sejam elas públicas ou privadas. A mediação é largamente utilizada. Ela possui maior eficácia quando já existe um vínculo entre as partes. A conciliação, por sua vez, é mais indicada em casos específicos, com uma controvérsia bem direcionada e delimitada. Nessas situações, não há a necessidade de se manter o relacionamento eventual entre as partes após os trâmites terem terminado. É possível usar tanto a mediação quanto a conciliação de duas maneiras distintas: na esfera judicial e na esfera extrajudicial. A diferença entre as duas é que a primeira está ligada aos trâmites legais formais, e a segunda, não. Esta se caracteriza pelo maior nível de informalidade e, consequentemente, rapidez para as partes envolvidas na controvérsia. Os juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público devem estimular essas formas de resolução de problemas. Afinal, elas são consensuais e mais ágeis. Cabe ao autor da ação indicar de maneira explícita na petição inicial se deseja ou não a audiência de conciliação ou de mediação. A lei também estabelece que não cabe às partes a aceitação ou não dos mediadores. A única situação em que isso pode ocorrer é nos casos compro- vados de impedimento ou suspeiçãopor parte dos mediadores. Para ações que não ultrapassam o montante de 40 salários mínimos e com menor potencial ofensivo, a conciliação passou a ser uma regra nas infrações penais, de acordo com o que estabelece a Lei nº 9.099 (BRASIL, 1995). Já no ano de 2016, uma resolução foi aprovada, a 174 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Ela traz regulamentação para a mediação, mas no âmbito da Justiça do Trabalho. O objetivo é deixar esse ramo mais ágil, garantindo não somente os interesses dos funcionários, mas também os direitos dos empregadores. 247Mediação e arbitragem: conceitos Já na esfera extrajudicial, a mediação trata de conflitos em que as partes procuram um profissional em mediação ou em conciliação. Alternativamente, uma entidade especializada neste tipo de serviço pode ser procurada pelas partes. O convite para que a mediação extrajudicial ocorra deve ser feito com o uso de qualquer meio de comunicação. Ele deve deixar claro tanto a matéria que será objeto da negociação como a data e o local em que se pretende que ocorra a mediação. Caso esse pedido não seja respondido no prazo de 30 dias contados do seu recebimento, o mesmo será considerado rejeitado. É possível realizar uma audiência de conciliação ou de mediação por meio eletrônico, não havendo necessidade de que tal meio seja homologado pela Justiça. O uso da internet está completamente liberado para a difusão de informação de áudio e vídeo das partes. Isso, como você deve imaginar, desde que não haja qualquer objeção de nenhuma parte envolvida. Um perito contábil sempre será o responsável por calcular os valores envolvidos em um processo. Ele definirá quanto cada parte será responsável por cobrir. Nesse sentido, se consideram tanto despesas relativas ao processo quanto valores julgados como pagáveis ao final de todas as análises. Isso vale para a mediação e para a conciliação. Existem duas maneiras distintas pelas quais as pessoas podem escolher a mediação. Elas são a cláusula compromissória e o compromisso de mediação. A primeira delas, a cláusula compromissória, já vem explícita nos contratos. Ela estabelece que a mediação poderá ser o meio utilizado para dirimir os eventuais conflitos que ocorram. O compromisso de mediação se refere ao compromisso dos envolvidos em uma lide qualquer de utilização do processo de mediação. É possível verificar que a cláusula compromissória normalmente vem antes do compromisso de mediação, momento em que já há alguma rusga existente. Também é importante você saber que, mesmo se tratando de situação extra- judicial, em nenhum momento qualquer das partes está impedida de ingressar no Poder Judiciário com processo judicial. Se houver qualquer suspeita de que os procedimentos podem prejudicar uma parte, esta tem completa liberdade para exercer esses direitos. Um perito contábil é o melhor profissional para direcionar as partes e definir se um acordo está, de fato, trazendo justiça a um processo, seja ele judicial ou extrajudicial. Mediação e arbitragem: conceitos248 O conceito de arbitragem A Lei nº 9.307 (BRASIL, 1996), alterada pela Lei nº 13.129/15, estabelece todas as normas relativas à arbitragem. Ela especifi ca que as pessoas podem se utilizar dessa ferramenta para acabar com problemas de ordem legal ligados a direitos patrimoniais disponíveis. Isso inclui órgãos tanto da administração direta quanto da administração indireta das três esferas governamentais. O processo de arbitragem também possui alguns princípios norteadores explícitos. São a boa-fé das partes, a igualdade das partes, o contraditório e a ampla participação das partes no processo, a celeridade e a imparcialidade do árbitro, além de seu livre convencimento. Nos casos em que a arbitragem tiver como parte a administração pública, seja ela direta ou indireta, se deve utilizar complementarmente o princípio da publicidade. Além dele, se fazem necessários os princípios gerais de direito e as regras internacionais de comércio, em sua integralidade. Considere as situações em que se fazem necessários o cálculo e o levanta-mento de valores monetários para a identificação de direitos e a compensação financeira de qualquer parte. Nelas, o trabalho do perito contábil ganha im-portância. Afinal, ele é o único profissional capaz de realizar o levantamento preciso dos direitos e do que necessita ser compensado a cada parte envolvida na situação de arbitragem. Para ser um árbitro, é necessário seguir o que estabelece a Lei nº 9.307 (BRASIL, 1996), que é a Lei da Arbitragem, alterada pela Lei 13.129/15. De acordo com ela, se deve ter a confiança das partes envolvidas no processo, e a pessoa deve ser legalmente capaz. As partes podem efetuar a nomeação de um ou mais árbitros, mas sempre totalizando um número ímpar. Isso também vale para o número dos suplentes. A utilização de um número ímpar de árbitros evita a situação de empate nos julgamentos. As partes também podem convencionar que utilizarão um órgão arbitral institucional ou uma empresa que preste serviços de seleção de árbitros. Enquanto estiver no pleno desempenho da função, o árbitro sempre deve agir com imparcialidade, com independência, com competência, com dili- gência e com discrição. Assim como no caso dos juízes, os árbitros também 249Mediação e arbitragem: conceitos estão sujeitos a impedimento por suspeição. Nesse sentido, se aplicam a eles as mesmas obrigações e responsabilidades previstas no Código de Processo Civil (BRASIL, 2015a). Outro fato merece destaque. O árbitro, de maneira distinta de um perito contábil, é considerado um funcionário público para efeitos penais enquanto estiver no pleno desempenho de suas funções. Além disso, você deve considerar que a sentença do árbitro não é sujeita a recurso nem necessita de homologação do Poder Judiciário. Isso faz com que ele seja um juiz não somente de fato, mas também de direito. Uma das obrigações de um árbitro é, sempre que for instaurado o devido processo arbitral, a condução e a decisão da controvérsia. As partes e seus representantes legais, os advogados, são obrigados a colaborar, cooperar e fornecer ao árbitro todos os elementos necessários para que o julgamento da lide ocorra da melhor maneira. Um processo arbitral é finalizado com a emissão da sentença. Esta é fir- mada pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros, se houver. Para que ele seja finalizado, também é necessário que o relatório contenha os nomes de todas as partes e um breve resumo da causa geradora da lide. Nele devem constar ainda os fundamentos para a decisão tomada, em que se tomam como base todas as provas e ocorridos de fato e de direito. Nesse sentido, é necessário deixar claro que os árbitros julgaram o processo utilizando a equidade. Também se deve incluir no relatório o dispositivo utilizado para que os árbitros resolvessem as questões e definissem o prazo para que a decisão seja cumprida. Por último, devem constar o local e a data em que a sentença foi definida. Caso não haja um prazo definido pelas partes, a sentença será proferida no prazo de até seis meses. Esse prazo é contado a partir do início do processo de arbitragem ou da eventual substituição do árbitro ou dos árbitros existentes. Cabe lembrar que a sentença arbitral possui as mesmas prerrogativas legais de uma sentença proferida por um juiz. Ela é caracterizada como um título executivo de condenação. Dado seu escopo, é salutar que um perito contábil calcule e defina os valores devidos pelas parte. Isso para efeito de compensação por prejuízos ou outras Mediação e arbitragem: conceitos250 perdas julgadas como procedentes pelo árbitro ou pelo conjunto de árbitros após proferida a sentença arbitral. Comparativamente com a Justiça estatal, a arbitragem apresenta uma série de distinções. Estas trazem mais facilidade para o trabalho de todos. Considere uma perícia contábil, por exemplo, que é muito requisitada nos casos que envolvem bens tangíveis e intangíveis. Ela setorna muito mais direcionada e facilitada quando o processo é movido com o uso da arbitragem em vez do uso da Justiça comum. O tempo médio de um processo tramitando no regime de arbitragem é de alguns poucos meses, não chegando a completar um ano, em média. Já um processo de mesma monta e importância, se ajuizado na Justiça comum e seguindo todos os trâmites, normalmente demora anos para ser considerado transitado em julgado. Com relação aos custos incorridos por todas as partes, no caso da Justiça comum há as custas processuais ordinárias, além dos honorários advocatícios e dos ônus de sucumbência. Isso sem contar todos os protocolos e pagamentos necessários para recorrer a instâncias superiores nos casos de recursos a serem impetrados pelas partes. Já no caso da arbitragem, os custos do procedimento são bem inferiores aos ordinários. Isso faz com que todas as partes possam honrar com tais pagamentos sem prejudicar o seu equilíbrio financeiro de maneira indevida. Quanto à representatividade realizada por terceiros, nos casos da Justiça comum, a constituição de um advogado e o pagamento de custas são obrigató- rios. Assim, deixa de existir tal obrigatoriedade nos casos de arbitragem, pois a própria pessoa pode se representar e se defender sozinha. O mesmo ocorre com as possibilidades de negociação. Eles são muito amplas nos processos de arbitragem e mais restritas em se tratando de Justiça comum. 251Mediação e arbitragem: conceitos Um processo que se encaminhe em uma câmara de arbitragem possui sigilo que pode ser pleiteado pelas partes sem qualquer restrição. Já na Justiça comum todos os pro- cessos são de acesso público, a não ser que tramitem em regime de confidencialidade. Isso, contudo, se apresenta como exceção à regra de publicidade do direito brasileiro. Outro fator que diferencia muito a arbitragem da Justiça comum é a efi- cácia da sentença e os possíveis recursos que as partes podem impetrar. Na arbitragem, não há possibilidade de recurso. Já na Justiça comum existe uma ampla possibilidade de recursos, se podendo chegar até a Suprema Corte brasileira em casos extremos. Na esfera arbitral, a sentença é anunciada em instância única. Assim, é automaticamente constituída em título executivo judicial. É nesse momento que o trabalho do perito contábil se faz importante. Afinal, uma vez proferido o resultado final pelo árbitro, o perito contábil já pode iniciar os trabalhos de coleta de informações e de cálculos periciais para auxiliá-lo nos trabalhos finais. Em se tratando da Justiça comum, a sentença judicial apenas é considerada como um título executivo após o julgamento do último recurso ajuizado pela parte interessada. Conforme você viu anteriormente, há várias possibilida- des de recursos por parte dos interessados que se julgarem injustiçados ou prejudicados. Contudo, todos os recursos representam custas adicionais para os pleiteantes. Vantagens do uso da mediação e da arbitragem Não é novidade buscar novas soluções para fazer com que o Poder Judiciário fi que menos sobrecarregado. Como você sabe, hoje há imensa quantidade de processos em fi la para serem analisados e julgados. Assim, qualquer cidadão pode utilizar uma maneira alternativa, porém legal, de ter sua controvérsia analisada e seu problema resolvido. Isso sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário de maneira direta, o que acarretaria mais um peso para o já tão sobrecarregado sistema brasileiro. O profissionalismo da mediação e da arbitragem é equivalente ao de um juiz. Isso traz tranquilidade para todas as partes de um processo, assim como para seus representantes legais devidamente constituídos. Mediação e arbitragem: conceitos252 Quando se retira do Estado a responsabilidade exclusiva pelo julgamento de lides entre diversas partes, não se retira de forma alguma o seu poder ou a sua soberania. O que se faz é exatamente o contrário. Afinal, o Estado continua tão poderoso que resolve delegar tal tarefa a outros partícipes. Estes são considerados tão competentes quanto ele para o desempenho de tarefas de julgamento e definição de sentenças. No Brasil, existe tanto a Lei de Arbitragem quanto a Lei de Mediação. Elas resultam de uma evolução da cultura jurídica brasileira. Assim, dão à população a escolha de buscar a Justiça estatal ou a Justiça privada, sem qualquer prejuízo. Essas leis buscam tornar o direito processual brasileiro mais social. Elas identificam os ajustes necessários decorrentes da nova realidade tecnológica. Além disso, rompem com o mito de que apenas o aparelhamento estatal tem o poder de resolver conflitos jurídicos. Atualmente, a arbitragem passou a ser um instrumento muito usual nos negócios. Ela ganhou princípios e tem uma importância tão grande, que já passou a ser parte integrante de especificidades contratuais País afora. Essas influências podem ser tanto positivas quanto negativas, caracterizando a eficácia do uso da arbitragem como solucionadora de problemas entre partes. A arbitragem possui um caráter bem amplo. Isso ocorre pois trata de relações entre particulares, sendo largamente utilizada no âmbito comercial. Causas mais ou menos complexas muitas vezes sequer necessitam do trabalho mais técnico de um perito contábil. Afinal, já estão claras as especificidades contratuais e os meandros de cada rusga contratual que eventualmente ocorra. No entanto, você sabe que não é possível prever todas as ocorrências, nem mapear todos os problemas de uma relação contratual. Dessa forma, o uso dos serviços de um perito contábil se faz presente e importante em muitos processos de arbitragem no País. Como benefícios diretos da mediação e da conciliação, você pode consi- derar a celeridade, a autonomia da vontade das partes, a informalidade dos processos, a efetividade, a confidencialidade, a exequibilidade e a prevenção de conflitos. Além disso, o processo é mais brando do que um processo normal. 253Mediação e arbitragem: conceitos Isso acontece porque as partes concordaram previamente em buscar uma solução alternativa para dirimir seus conflitos. Toda a etapa procedimental também é mais simplificada, e as partes podem compreendê-la mais facilmente. Isso permite que elas mesmas criem artifícios e possam pensar em alternativas que auxiliem o mediador ou o conciliador durante as tarefas rotineiras. Com a aproximação mais latente entre as partes e os titulares pela mediação, eles identificam melhor as necessidades. Isso, é claro, sem deixar de respeitar as individualidades e os diretos de nenhuma das partes. Para que a mediação seja realmente simples, é necessária uma análise mais minuciosa. Normalmente, um perito contábil realiza essa análise. Esse trabalho de perícia é muito mais ágil que uma perícia judicial. Isso ocorre pois ele normalmente possui um aval prévio da parte afetada, deixando o processo todo mais rápido. Outro fator benéfico para todas as partes é que elas mesmas são responsáveis por apresentar possíveis soluções para os conflitos em questão. Isso gera uma possibilidade quase nula de insatisfação com os resultados finais alcançados. Você pode perceber isso especialmente se comparar essa situação com uma decisão imposta por um terceiro. A mediação diminui o desgaste emocional, economizando tempo, recursos financeiros, controlando os riscos e mantendo a relação afetiva, negocial ou social que previamente existia entre as partes. Assim, representa uma ótima relação custo-benefício. Se for interesse de ambas as partes que todo o processo seja levado sob sigilo, há o princípio da confidencialidade. Dessa forma, fica completamente resguardado o completo sigilo das informações e das deliberações realizadas pelo mediador ou pelo conciliador. Esse recurso é bastante atraente em determinadas situações. Já para a arbitragem, as vantagens diretas estão ligadas à celeridade e à economia, assim como na mediação e na conciliação. Há ainda vantagens relacionadas à especialidade, à confidencialidade,à autonomia da vontade, à segurança jurídica processual e à irrecorribilidade, ou seja, à incapacidade das partes de recorrerem de uma decisão tomada por um árbitro. Isso deixa o processo mais rápido, diminuindo para zero as possibilidades de recursos ou postergações processuais tão comuns no Poder Judiciário. Mediação e arbitragem: conceitos254 1. A mediação é um processo formal em que as partes conflitantes recebem o auxílio de um terceiro. Existe a possibilidade de substituir este terceiro por uma outra figura legal. Qual seria essa figura? a) Um comitê de pessoas. b) Um painel de pessoas. c) Uma junta de pessoas. d) Um conselho. e) Um parente de um dos envolvidos. 2. A mediação é regida por alguns princípios básicos, estabelecidos pela Lei nº 13.140/2015 (BRASIL, 2015b). Assinale a alternativa que apresenta tais princípios: a) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. b) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, eficiência, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. c) Imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, formalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. d) Parcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. e) Parcialidade do mediador, desigualdade entre as partes, oralidade, informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso, confidencialidade e boa-fé. 3. Em alguns casos, a arbitragem pode ter como parte a administração pública, seja ela direta ou ainda indireta. Nesses casos, de forma adicional, qual outro princípio deverá ser respeitado? a) Princípio da competência. b) Princípio da publicidade. c) Princípio da eficiência. d) Princípio da eficácia. e) Princípio da entidade. 4. O processo arbitral, quando instaurado, é composto de diferentes etapas. Para que ele seja finalizado, é preciso que o relatório contenha o nome de todas as partes, o resumo da lide e os fundamentos para a decisão tomada. Além disso, como pode ser caracterizada a finalização do processo arbitral? a) Como a emissão da sentença. b) Como a emissão do laudo. c) Como a emissão do relatório. d) Como a emissão da nota técnica. e) Como a emissão do recurso. 5. No Brasil, existe tanto a normatização relativa à arbitragem quanto a relativa à mediação. Ambas são consideradas como uma revolução na cultura brasileira, permitindo maior acesso à Justiça pela população em geral. Considerando que a arbitragem possui um caráter bem mais amplo, 255Mediação e arbitragem: conceitos BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Brasília, DF, 1995. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm>. Acesso em: 25 set. 2016. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Brasília, DF, 2015a. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Brasília, DF, 2015b. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Comitê Gestor Nacional da Conciliação. Manual de mediação judicial 2015. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/ files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/c276d2f56a76b701ca94df1ae0693f5b. pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Resolução CSJT nº 174, de 30 de setem- bro de 2016. Brasília, DF, 2016. Disponível em: <http://www.csjt.jus.br/c/document_li- brary/get_file?uuid=235e3400-9476-47a0-8bbb-bccacf94fab4&groupId=955023>. Acesso em: 19 set. 2017. DIREITONET. Lide. Sorocaba, 2015. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/ dicionario/exibir/873/Lide>. Acesso em: 19 set. 2017. já que trata de relações entre particulares, qual é a sua forma mais comum de utilização? a) Âmbito público. b) Âmbito litigioso. c) Âmbito legal. d) Âmbito administrativo. e) Âmbito comercial. Mediação e arbitragem: conceitos256 Conteúdo: PERÍCIA CONTÁBIL I Aline Alves Mediação e arbitragem: procedimentos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o processo de mediação. Reconhecer o processo de arbitragem. Demonstrar o método de convenção de arbitragem e seus re� exos. Introdução Você sabe como ocorre o procedimento arbitral? Na arbitragem, as partes envolvidas possuem a liberdade de escolher os árbitros que atuarão no processo. O princípio de independência da vontade das partes afirma que elas poderão realizar todo o procedimento arbitral do modo como preferirem. Podem inclusive confiar a regulação ao órgão institucional ou ao árbitro. Vale destacar que as partes envolvidas deverão possuir total confiança no árbitro. Afinal, ele orientará o procedimento que regulará a arbitragem. Neste texto, você vai estudar os procedimentos de mediação e ar- bitragem. Também aprenderá sobre a convenção de arbitragem e seus reflexos. Procedimentos de mediação A mediação está evidenciada na legislação mediante a Lei nº 13.140/15. Essa lei demonstra os princípios que regem o processo, conforme especifi ca o artigo 2º (BRASIL, 2015b): Art. 2o A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I – imparcialidade do mediador; II – isonomia entre as partes; III – oralidade; IV – informalidade; V – autonomia da vontade das partes; VI – busca do consenso; VII – confidencialidade; VIII – boa-fé. § 1o Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as partes deverão comparecer à primeira reunião de mediação. § 2o Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação. O procedimento de mediação está definido no artigo 14 da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b). Esse artigo declara que, na primeira reunião e sempre que for preciso julgar, o mediador deverá lembrar às partes envolvidas a respeito das normas de confidencialidade executáveis ao procedimento. O procedimento de mediação estabelece critérios que contemplam fases. Isso ocorre a fim de se atingir um resultado aceitável para as partes envolvidas. Uma das fases é a introdução. Ela se destaca pela comunicação inicial entre o mediador e as partes interessadas. Nessa etapa, são definidas algumas regras. Posterior à fase introdutória do procedimento de mediação, há as fases de ingresso do mediador no litígio e de definição de normas. Nesta, se inserem os princípios que direcionam a mediação. Assim, se demonstram a função do mediador e a responsabilidade que ele possui no processo. As fases do processo ainda englobam a evolução e o entendimento com relação às partes envolvidas. Estas fazem seus relatos e depois há o encerra- mento, com um acordo que satisfaça a todos os envolvidos no litígio. Pode-se considerar instituída a mediação a partir da data em que ocorrer a primeira reunião. Depois do início da mediação, as demais reuniões com a presença das partes envolvidas apenas poderão ser agendadas com a sua aprovação. O procedimento de mediação será considerado finalizado a partir da lavra- tura do termo que encerra o processo. Isso também pode ocorrer no momento em que for confirmado o acordo, ou ainda quando não se expliquem novos Mediação e arbitragem: procedimentos268 procedimentos a fim de adquirir o consenso. Nesse sentido, é válida tanto a declaração do mediador nesse caminho quanto a demonstração de qualquer das partes envolvidas. Quanto à mediação extrajudicial, o convite para instituir o processo ocor- rerá por meio de qualquer método de comunicação.É necessário estimar a finalidade proposta para a negociação, a data e o lugar onde será efetuada a primeira reunião. O convite para o processo de mediação será considerado recusado ou rejeitado se não for respondido dentro do prazo de até 30 dias a partir da data do seu recebimento. De acordo com o artigo 22 da Lei nº 13.140/15, a estimativa contratual de mediação precisará obter no mínimo (BRASIL, 2015b): I – prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de mediação, contado a partir da data de recebimento do convite; II – local da primeira reunião de mediação; III – critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação; IV – penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação. A estimativa contratual poderá substituir os itens especificados no artigo 22 da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b), conforme indicação de regulamento. Nesse caso, é necessária a atuação de uma instituição idônea que preste serviço de mediação. Esta deve contemplar métodos transparentes para adoção do mediador e efetuação da primeira reunião da mediação. Contudo, não existindo a estimativa contratual completa, é necessário analisar alguns métodos para que ocorra a primeira reunião do processo de mediação: Considerar o prazo mínimo de 10 dias úteis e máximo de três meses, que devem ser contados a partir do recebimento do convite; Definir um lugar apropriado para a reunião, onde seja possível discutir informações confidenciais; Elaborar uma lista que contenha cinco nomes, informações relativas a contato e referências profissionais de mediadores qualificados. A parte convidada poderá decidir sobre qualquer um dos cinco apresentados. Porém, na ocorrência de a parte convidada não se manifestar, será considerado o primeiro nome da lista indicada. Considerando a mediação judicial, se sabe que os tribunais criarão pontos centrais judiciários com o intuito de solucionar litígios. Esse pontos serão 269Mediação e arbitragem: procedimentos responsáveis pela realização de sessões e audiências relativas à conciliação e à mediação, pré-processuais e processuais. Também atuam na elaboração de sistemas designados a assessorar, direcionar e estimar a autocomposição. No processo de mediação judicial, os mediadores não são submetidos à prévia confirmação das partes, conforme o que expõe o artigo 5º da Lei nº 13.140/15 (BRASIL, 2015b): Art. 5o Aplicam-se ao mediador as mesmas hipóteses legais de impedi- mento e suspeição do juiz. Parágrafo único. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser recusada por qualquer delas. Os procedimentos de mediação judicial precisarão ser finalizados no prazo de até 60 dias, contados a partir da primeira reunião. Isso não ocorre quando as partes envolvidas homologarem, em concordância, o acordo por sentença e o termo conclusivo da mediação, definindo o arquivamento do processo. Quando o problema for resolvido por meio da mediação antes da citação do réu, não serão cabíveis custas judiciais finais. Procedimentos de arbitragem Na arbitragem, as partes envolvidas têm livre arbítrio para escolher quem as representará juridicamente. Assim, não têm a obrigatoriedade de serem representadas por advogados no processo de arbitragem. A arbitragem pode ocorrer mediante formas diferentes. A seguir, você pode conhecer melhor essas formas. Arbitragem de direito ou equidade: atribui às partes envolvidas a capa- cidade de escolher normas que serão executadas pelo árbitro. Ela se concretiza fundamentada nos princípios do direito, na utilização e nos hábitos do contrato e nas normas internacionais de comércio ou empresariais. Mediação e arbitragem: procedimentos270 Arbitragem institucional: acontece quando as partes envolvidas esco- lhem um organismo institucional que apresenta as normas que apoiarão o julgamento do litígio. Arbitragem avulsa: ocorre sem a participação de uma entidade caracte- rizada, ou seja, especializada. Assim, as partes envolvidas poderão realizar a contratação de um árbitro e, dessa forma, minimizar os custos da arbitragem. Arbitragem única e colegiada: destaca-se por possuir somente um árbitro indicado pelas partes envolvidas. Se escolherem mais de um árbitro, a quan- tidade deverá ser em número impar. Uma das características do processo de arbitragem única e colegiada é que ocorre mediante notificação por escrito. No mesmo documento contratual ou em um anexo deverão constar a quali- ficação das partes envolvidas e dos árbitros, a indicação do objeto e o lugar para protelação da sentença. As etapas da arbitragem envolvem: Nomeação do árbitro; Procedimento arbitral; Sentença arbitral. O procedimento arbitral está definido na legislação. Você pode conferi- -lo na Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modificada pela Lei nº 13.129/15 (BRASIL, 2015a): Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especializada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular o procedimento. § 1º Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo. § 2º Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento. § 3º As partes poderão postular por intermédio de advogado, res- peitada, sempre, a faculdade de designar quem as represente ou assista no procedimento arbitral. § 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do proce- dimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei. 271Mediação e arbitragem: procedimentos Art. 22. Poderá o árbitro ou o tribunal arbitral tomar o depoimento das partes, ouvir testemunhas e determinar a realização de perícias ou outras provas que julgar necessárias, mediante requerimento das partes ou de ofício. § 1º O depoimento das partes e das testemunhas será tomado em local, dia e hora previamente comunicados, por escrito, e reduzido a termo, assinado pelo depoente, ou a seu rogo, e pelos árbitros. § 2º Em caso de desatendimento, sem justa causa, da convocação para prestar depoimento pessoal, o árbitro ou o tribunal arbitral levará em consideração o comportamento da parte faltosa, ao proferir sua sentença; se a ausência for de testemunha, nas mesmas circunstâncias, poderá o árbitro ou o presidente do tribunal arbitral requerer à autoridade judiciária que conduza a testemunha renitente, comprovando a existência da convenção de arbitragem. § 3º A revelia da parte não impedirá que seja proferida a sentença arbitral. Na ocorrência da substituição do árbitro durante a sentença arbitral, ficará a critério do novo árbitro repetir as provas que já foram fornecidas. O procedimento de arbitragem acontece de uma forma menos formal, ou seja, é mais flexível. Ele permite maior celeridade na execução do processo e, por isso, possui um custo menor se comparado ao processo judicial. A maior diferença existente entre o Judiciário e a arbitragem está exatamente no método como é realizado o procedimento. A vantagem da arbitragem está na rapidez com que o processo ocorre, já que é mais econômico, mais rápido e menos formal que os procedimentos judiciais em vigor. A convenção de arbitragem e seus reflexos O artigo 3º da Lei nº 9.307/96 (BRASIL, 1996), modifi cada pela Lei nº 13.129/15 (BRASIL, 2015a), apresenta a convenção de arbitragem e seus efeitos. Esse artigo determina que: Mediação e arbitragem: procedimentos272 As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção
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