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VISÕES SOBRE O DIREITO DIREITO OBJETIVO Visão do Direito que o concebe como o conjuntos de normas coercitivas e positivadas que possuem poder regulatório sobre as ações dos indivíduos em sociedade. • Sendo as “Normas” estabelecidas como padrão de conduta adequada (obrigatório, permitido ou proibido), “positivadas” por passarem pelo procedimento e pelas autoridades devidos e “coercitivas” pelo uso previsto e legítimo da força e da violência organizada pelo Estado. DIREITO SUBJETIVO Concebido como porção de poder específico respaldado pelo Direito (objetivo) destinado a certos sujeitos, isto é, cada uma das faculdades (possibi l idade de escolha) ou interesses (satisfação de intentos e aspirações pessoais) assinalados a sujeitos e protegidos pelo Direito objetivo, exigíveis judicialmente. • No Brasil, nem todos os direitos são facultativos (passíveis de escolha de exercício), alguns se encontram na categoria direito/dever, vide o exercício do voto. DIREITO COMO CIÊNCIA Direi to como discipl ina científ ica dedicada ao estudo do Direito objetivo para fins de sua compreensão e aplicação à solução de conflitos concretos. DIREITO EM SÍLVIO ALMEIDA DIREITO COMO NORMA Direito definido sob a clássica égide do juspositivismo, em que é visto como o conjunto das normas jurídicas, isto é, como as regras obrigatórias que são postas e garantidas pelo Estado, vide leis, códigos, decretos. Nessa concepção, as normas estatais seriam a expressão do Direito. • Sem enfoque à moralidade da norma; • Desconsidera os interesses por trás das normas; • Considerações exclusivamente formais (sem análise do conteúdo); • Geração de problemas éticos. * O ordenamento nazista, por exemplo, nessa concepção seria entendido como Direito. DIREITO COMO JUSTIÇA Só é considerado Direito o Direito positivo que corresponda ou melhor realize certo ideal moral de justiça (o Direito natural, universal no tempo e no espaço e pode ser compreendido pela razão), sendo um valor além das normas jurídicas, somente o atingindo gera uma obrigação moral de obediência. • Só há obrigação moral (que se difere da obrigação jurídica) de obediência às leis se estas estão em conformidade com os parâmetros de justiça; • Geração de problemas prát icos (pela possibilidade de mudança dos padrões morais que torna morosa a execução da justiça, implicando, por exemplo, decisões retroativas em cadeia). DIREITO COMO PODER Visão segundo a qual o Direito é um fenômeno de dominação de certos grupos sobre outros, isto é, um mecanismo de sujeição. Nesse caso, o Direito é um meio e não um fim, uma tecnologia de controle social utilizada para a consecução de objetivos políticos. • Visão generalista, sem apontamento das mediações estruturais. DIREITO COMO RELAÇÃO SOCIAL Nessa visão, o Direito seria não o conjunto de normas, mas a relação entre sujeitos de direito. Tais relações sociais concretas influenciam e são influenciadas pelas normas, as quais se imbricam nelas e podem diferir-se da previsão legal. TEORIA CONCEITUAÇÃO Define-se teoria com uma representação s impl i f icada da real idade , para f ins de compreensão ou intervenção (a depender do teor tradicional ou crítico da teorização). Como “representação”, entende-se a imitação ou substituição do objeto de estudo. Por isso, em se tratando do estudo da realidade, demas iadamente complexa, faz- se uma simplificação, que nos fornece uma versão dela, qual enfatiza alguns elementos, relações e aspectos em detrimento de outros. • Os elementos selecionados pela Teoria não são os únicos, mas os mais relevantes no estudo intencionado; • Pelo aspecto da seleção de elementos e pela hiperssimplificação de alguns outros, é possível Mapeamento da realidade Reprodução imperfeita, incompleta e seletiva Recorte direcionado da concretude que exista uma multiplicidade de teorias razoáveis sobre o mesmo fenômeno, todas com considerações importantes sobre este; • A multiplicidade teórica configura uma chance de fiscalização recíproca e combinação de resultados (modo mais viável de criticismo sem que se torne antiteórico). SOBRE OS FINS TEÓRICOS Toda teoria é “refém” de certos fins, sendo estes os objetivos do grupo e do tempo histórico que a produziu. Estes fins explícitos dividem-se no ramo teórico, l igados à compreensão da real idade, e no ramo prático , l igados à intervenção sobre a realidade estudada. Para além dos fins explícitos supracitados, também figuram os fins implícitos, por vezes alinhados a preconceitos e interesses de um grupo social e tempo histórico envolvido. Fato é que o que está implícito pode ser muito menos nobre, abrangente ou inclusivo do que as finalidades inicialmente propostas. * A teoria do criminoso nato, primordialmente, apresenta como f im explícito teórico a associação mor fológica à propensão à realização de delitos, de forma a desvelar um padrão científico de periculosidade criminal. Já como fim prático, a facilitação e orientação da atividade policial, judicial e médica. No entanto, estão encobertos os fins implícitos de dar l e g i t i m i d a d e c i e n t í f i c a a d i n â m i c a s discriminatórias já existentes, transformando o estereótipo em diagnóstico. PERIGOS DA TEORIA NATURALIZAÇÃO DA TEORIA • Perda dos critérios de distinção entre realidade e teoria, já que esta é vista como representação integral e perfeita da concretude; • A teoria é vista pelo adepto como a única possível e infalível (critério definidor do que é real ou não); • Os elementos e aspectos excluídos do recorte teórico são tidos como vazios, desimportantes ou simplesmente falsos; • As problemáticas excluídas da teorização são vistas como mal formuladas ou inexistentes. HEGEMONIA PROGRAMADA Por vezes, a teoria mais aceita em certo campo é apenas a mais bem financiada ou mais favorável aos interesses dominantes. Tal fenômeno é observado pela teorização ser uma atividade situada no contexto social de seu tempo, influenciada pelo jogo de interesses existente e dependente de financiamento e incentivo. PERIGOS DA FALTA DE TEORIIA A aparente ausência de teoria produz um sentimento de ilusão de acesso direto à realidade pelo senso comum e pela experiência pessoal. No entanto, é imprescindível que se compreenda que estes nada mais são que teorias menos amplas e elaboradas pelo método científico. Além disso, grupos de interesse podem aproveitar-se para alimentar visões conspiratórias e atitudes negacionistas para promover agendas estratégicas.
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