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LC federal deve fixar os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União

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LC federal deve fixar os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde, não podendo norma de Constituição estadual ou lei orgânica prever esses percentuais.
STF. Plenário. ADI 5897/SC, Rel. Min. Luz Fux, julgado em 24/4/2019 (Info 938).
Conforme o posicionamento jurisprudencial do STJ ocorrerá obrigação do Estado quanto ao fornecimento de medicamentos que não fazem parte da Relação Nacional de Medicamentos do SUS, dentre outras razões, caso seja demonstrada a incapacidade financeira da parte quanto a aquisição de medicamentos.
“(...) 4.  TESE  PARA  FINS  DO  ART.  1.036 do CPC/2015  A concessão dos medicamentos  não  incorporados  em  atos  normativos do SUS exige a presença  cumulativa  dos seguintes requisitos: (i) Comprovação, por meio  de  laudo  médico  fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade
do  medicamento,  assim  como  da  ineficácia,  para o tratamento da moléstia,  dos  fármacos  fornecidos  pelo  SUS;  (ii)  incapacidade financeira  de  arcar  com  o  custo do medicamento prescrito; (iii)existência de registro na ANVISA do medicamento. (...)” (Resp 1657156).
Consolidou-se a jurisprudência do STF no sentido de que, embora o art. 196 da Constituição de 1988 traga norma de caráter programático, o Município não pode furtar-se do dever de propiciar os meios necessários ao gozo do direito à saúde por todos os cidadãos. Dessa forma, se uma pessoa necessita, para garantir o seu direito à saúde, de tratamento médico adequado, é dever solidário da União, do estado e do município providenciá-lo. (AI 550.530-AgR, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/8/2012).
Eis uma decisão muito importante exarada pelo STF no Informativo nº 524, segundo a qual, verificando ofensa ao princípio do concurso público, declarou inconstitucional contratação temporária de advogados para o exercício da função de Defensor Público, no âmbito de Estado-membro.
Governador do Estado, ao encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei orçamentária, não pode reduzir a proposta orçamentária elaborada pela Defensoria Pública e que estava de acordo com a LDO. Há, neste caso, violação ao § 2º do art. 134 da CF/88. Assim, é inconstitucional a redução unilateral pelo Poder Executivo dos orçamentos propostos pelos outros Poderes e por órgãos constitucionalmente autônomos, como o Ministério Público e a Defensoria Pública, na fase de consolidação do projeto de lei orçamentária anual, quando tenham sido elaborados em obediência às leis de diretrizes orçamentárias e enviados conforme o art. 99, § 2º, da CF/88. (STF. ADI 5287/PB. Informativo 826)
Inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública a Secretaria de Estado. 2. A norma de autonomia inscrita no art. 134, § 2º, da Constituição Federal pela EC 45/04 é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, dado ser a Defensoria Pública um instrumento de efetivação dos direitos humanos.
o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não detém legitimidade para impetração do mandamus contra acórdão do Tribunal de Contas perante o qual atua, conforme já decidiu o Supremo:
"1. Revela especial relevância, na forma do art. 102, § 3º, da Constituição, a questão da legitimidade do Ministério Público de Contas para impetrar mandado de segurança contra julgado do Tribunal de Contas perante o qual atua 2. Reafirma-se a jurisprudência dominante desta Corte nos termos da seguinte tese de repercussão geral: o Ministério Público de Contas não tem legitimidade para impetrar mandado de segurança em face de acórdão do Tribunal de Contas perante o qual atua". (RE 1.178.617 GO, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 25/4/2019)
É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da ANVISA em apreciar o pedido de registro (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); (ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão necessariamente ser propostas em face da União”. (RE 657.718, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 22-5-2019, P, DJE de 9-11-2020, Tema 500)
Ementa: CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO EXCEPCIONAL DE MEDICAMENTO SEM REGISTRO NA ANVISA, MAS COM IMPORTAÇÃO AUTORIZADA PELA AGÊNCIA. POSSIBILIDADE DESDE QUE HAJA COMPROVAÇÃO DE HIPOSSUFICIENCIA ECONÔMICA. DESPROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. Em regra, o Poder Público não pode ser obrigado, por decisão judicial, a fornecer medicamentos não registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), tendo em vista que o registro representa medida necessária para assegurar que o fármaco é seguro, eficaz e de qualidade. 2.Possibilidade, em caráter de excepcionalidade, de fornecimento gratuito do Medicamento “Hemp Oil Paste RSHO”, à base de canabidiol, sem registro na ANVISA, (...), presentes os requisitos apontados pelo Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, sob a sistemática da repercussão geral: RE 566.471 (Tema 6) e RE 657.718 (Tema 500). 4. Recurso Extraordinário a que se nega provimento, com a fixação da seguinte tese de repercussão geral para o Tema 1161: "Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na ANVISA, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS” (RE 1.165.959 Relator Min. Marco Aurélio, julgamento em 21/6/2021)
Nos projetos de leis submetidos à iniciativa exclusiva do Presidente da República, a apresentação de emendas deve guardar pertinência com o objeto do projeto de lei apresentado, sob pena de usurpação indireta da iniciativa atribuída com exclusividade.
O STM possui seus cargos divididos da seguinte maneira: 10 ocupados por Militares da ativa, entre exército, aeronáutica e marinha; 5 ministros civis. O que a questão afirma é que o cargo de MINISTRO MILITAR, ou seja, dos ministros que integram o oficialato das forças armadas, deverá ser brasileiro. E isto é verdade, uma vez que os cargos de oficiais das forças são privativos de brasileiros natos, nos termos do artigo 12, §3º, VI, da CF.
O Supremo Tribunal Federal no tema de repercussão geral nº 921 no qual se discute, à luz dos arts. 37, inc. XVI, e 40, § 6º, da Constituição da República e do art. 11 da EC n. 20/1998, a possibilidade, ou não, de acumulação tríplice de vencimentos e proventos, de cargos públicos nos quais o ingresso tenha ocorrido antes da EC n. 20/1998, entendeu que:
· É vedada a cumulação tríplice de vencimentos e/ou proventos, ainda que a investidura nos cargos públicos tenha ocorrido anteriormente à EC 20/1998.
· RECURSO EXTRAORDINÁRIO SERVIDOR PÚBLICO ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS COM VENCIMENTOS ART. 11 DA EC Nº 20/98 INAPLICABILIDADE REINGRESSO, NO SERVIÇO PÚBLICO, EM MOMENTO ANTERIOR À DATA DE PUBLICAÇÃO DA REFERIDA EMENDA CONSTITUCIONAL TRÍPLICE ACUMULAÇÃO REMUNERADA IMPOSSIBILIDADE RECURSO DE AGRAVO PROVIDO. (RE-AgR 467.573, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda Turma, DJe 22.3.2013).
O servidor público não possui direito adquirido a regime jurídico, tampouco a regime de vencimentos ou de proventos, sendo possível à Administração promover alterações na composição remuneratória e nos critérios de cálculo, como extinguir, reduzir ou criar vantagens ou gratificações, instituindo o subsídio, desde que não haja diminuição no valor nominal percebido, em respeitoao princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos. STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA - AgRg no RMS 43259 MS 2013/0217156-8”
“O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedentes duas Ações Direta de Inconstitucionalidade (ADIs 3854 e 4014) ajuizadas pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) para declarar que o estabelecimento de um subteto para juízes estaduais diferente do teto remuneratório da magistratura federal viola o caráter nacional da estrutura judiciária brasileira previsto na Constituição Federal. A decisão, por maioria de votos, se deu na sessão virtual finalizada em 4/12 e confirma liminar concedida pelo Plenário na ADI 3854.
O subteto salarial para a magistratura estadual, correspondente a 90,25% dos vencimentos dos ministros do STF, foi estabelecido pelas Emendas Constitucionais (EC) 41/2003 e 47/2005 e regulamentado em resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em 2007, o Plenário impediu a aplicação do dispositivo e das resoluções, ao determinar que o teto a ser aplicado em nível estadual corresponde ao valor do subsídio dos membros do STF. Agora, ao julgar o mérito das ADIs, a Corte confirmou esse entendimento. A decisão seguiu o voto do ministro Gilmar Mendes (relator), para dar essa interpretação ao artigo 37, inciso XI e parágrafo 12, da Constituição Federal e declarar a inconstitucionalidade do artigo 2º da Resolução 13/2006 e do artigo 1º, parágrafo único, da Resolução 14/2003 do CNJ.” (Disponível em: http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDet... Acesso: 09/12/2020)
No âmbito da administração pública, é possível a existência de servidores com efetividade e sem estabilidade, bem como de servidores com estabilidade e sem efetividade. ADCT - “Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.
§ 1.º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.”
O STJ tem posicionamento pacífico acerca do tema, afirmando que não é possível a redução dos valores dos quintos incorporados por servidor público quando do exercício de função comissionada em Poder da União diverso do de origem sob o fundamento de ser necessário efetuar a correlação entre as funções dos respectivos Poderes (2012).
Tradicionalmente a doutrina afirma que uma única conduta do servidor público pode desencadear três processos distintos e independentes:
a) civil: relacionado à reparação de dano patrimonial;
b) penal: para apuração de eventual crime;
c) administrativo: voltado à aplicação de punições funcionais.
[...]
É interessante notar que a responsabilidade decorrente de improbidade administrativa pode ser considerada a quarta esfera de responsabilização do agente público (art. 1º da Lei n. 8.429/92). Além disso, modernamente, há mais duas esferas de responsabilização dos agentes públicos, totalizando uma responsabilidade sêxtupla:
a) processo de responsabilidade política por crimes de responsabilidade (Lei n. 1.079/50);
b) processo de controle perante órgãos internos (controladorias, corregedorias etc.) e externos (tribunais de contas).
Fonte: Mazza, Alexandre Manual de direito administrativo. – 8ª. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. pág. 792-793
O instituto da “verdade sabida” não foi, de fato, recepcionado pela atual CF/1988, afinal, todas as penalidades devem ser precedidas de contraditório e de ampla defesa. Pela “verdade sabida”, o superior hierárquico tinha a prerrogativa de aplicar penalidades a seus subordinados, independentemente da abertura de processo administrativo.
Consoante a jurisprudência do STJ, configura abuso de direito a denúncia imotivada pelo cliente de contrato de prestação de serviços advocatícios firmado com cláusula de êxito antes do resultado final do processo, salvo quando houver estipulação contratual que a autorize ou quando ocorrer fato superveniente que a justifique.
Em 14 de maio de 2018, o STJ editou a Súmula 611 admitindo a instauração do PAD com base em denúncia anônima: “desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Administração”
Daniel Amorim Assumpção Neves (2016, item 56.9) ensina que a distinção (distinguishing):
Tendo o Novo Código de Processo Civil adotado a teoria dos precedentes judiciais obrigatórios, era esperado que também consagrasse os fenômenos da distinção (distinguishing) e da superação (overruling). O art. 927, em seus §§ 2º a 4º, do Novo CPC, entretanto, só trata da superação do precedente, não havendo qualquer previsão legal a respeito da distinção.
Trata-se de hipótese de não aplicação do precedente no caso concreto sem, entretanto, sua revogação. Dessa forma, é excluída a aplicação do precedente judicial apenas para o caso concreto em razão de determinadas particularidades fáticas e/ou jurídicas, mantendo-se o precedente válido e com eficácia vinculante para outros processos.
À vista disso, a distinção (distinguishing) será usada para respaldar a decisão de empregar ou não o precedente para o solucionar o caso em questão.
Como por exemplo, imagine uma situação envolvendo defeitos de uma televisão da Sony no qual decidiu que esta deverá responder pelos danos causados pelos defeitos do produto. Surge uma situação envolvendo danos causados por uma televisão da Samsung, o precedente da Sony seria utilizado neste caso.
Já a superação (overruling) é caracterizada por Daniel Amorim Assumpção Neves (2016, item 56.10) da seguinte maneira: 
Não resta dúvida de que a superação do precedente é medida muito mais drástica que a aplicação da distinção no caso concreto, porque por meio da superação do precedente ele deixa de existir como fonte vinculante. Não é naturalmente anulado, revogado ou reformado, porque o precedente na realidade é uma decisão judicial já transitada em julgado, mas com a superação o entendimento nele consagrado deixa de ter eficácia vinculante e até mesmo persuasiva, sendo substituído por outro.
Essa superação, portanto, chamada de overruling no direito norte-americano, deve ser realizada com extremo cuidado, ponderação e o mais importante, raramente. Se o art. 926 do Novo CPC exige uma jurisprudência íntegra, coerente e estável, é natural se compreender que a superação do precedente deva ocorrer com parcimônia, em situações excepcionais. Se o sistema de precedentes e súmulas com eficácia vinculante não deve engessar o direito, por outro lado não existe sistema de precedentes e súmulas com eficácia vinculante sem segurança jurídica e estabilidade.
Neste caso,  há um exemplo interessante de superação (overruling) ocorrido na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da ausência de consistência sistêmica promovida por aquela.  Existia o entendimento de admitir o habeas corpus em substituição ao recurso ordinário constitucional (ROC), tal artifício era amplamente utilizado por advogados, em razão da tramitação prioritária do habeas corpus. Entretanto, esse precedente da Corte ocasionou um acúmulo de habeas corpus substitutivos de ROC no tribunal, o que gerou um prejuízo no sistema de tramitação de habeas corpus “verdadeiros”. Por causa disso, no julgamento do HC 109956, o Min. Marco Aurélio argumentou que aquele precedente deveria ser superado, pois não resistia ao teste da dupla coerência, ao deparar-se no requisito de consistência sistêmica.
Ressalve-se que para o STJ, remessa necessária existe para garantir a maior segurança possível à Fazenda Pública, livrando-a de condenação indevida. Portanto, o reexame obrigatóriotem por finalidade proteger a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público contra eventual desacerto da sentença avessa a seus interesses. Logo, não é possível, no reexame necessário, piorar a situação da Fazenda Pública (STJ. 1ª Turma. REsp 1.379.494-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 13/8/2013).
No REEXAME NECESSÁRIO é PROIBIDO ao Tribunal, agravar a condenação à Fazenda Pública. - Súmula 45 STJ.
Segundo o princípio da taxatividade, somente é cabível a interposição de recurso que goze de previsão expressa de lei. Desse modo, segundo o referido princípio, não cabe as partes firmarem negócio jurídico com o intuito de criarem nova espécie recursal. 
O enunciado está em completa harmonia com o conceito do princípio da Singularidade. Em razão da maestria do professor Márcio André Lopes Cavalcante, segue explicação do mesmo, sobre o princípio em análise e comentário da jurisprudência correlata:
O princípio da singularidade, também denominado da unicidade do recurso ou unirrecorribilidade, consagra a premissa de que, para cada decisão a ser atacada, há um único recurso próprio e adequado previsto no ordenamento jurídico.
Ocorre que o princípio da unirrecorribilidade não veda a interposição de um único recurso para impugnar mais de uma decisão. E não há, na legislação processual, qualquer impedimento a essa prática, não obstante seja incomum.
STJ. 3ª Turma. REsp 1628773/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/05/2019.
Viola o princípio do devido processo legal o juiz que, ao prolatar sentença em ação de alimentos, deixa de atender pedido de produção de provas e depoimento pessoal das partes sem fundamentar o não atendimento porque em tal ação a produção de provas e o depoimento pessoal das partes em regra são obrigatórios, se não houver acordo entre as partes. Entende-se o "deixa de atender" como uma omissão do juiz; ou seja, que faltou fundamentação específica na sentença sobre os pedidos de prova/depoimento.
A citação é ato relativamente simples, mas exige a colaboração do demandado, principalmente quando realizada pelo correio porque é necessária a assinatura no aviso de recebimento, o que provoca um sério problema para sua efetivação. Em razão disso, o STJ tem utilizado a teoria da aparência para abrandar este rigorismo (Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de Direito Processual Civil, 7ª Ed., Método, 2015, p. 390). Há vários julgados neste sentido, entre os quais destacamos o mais recente, o AgRg. no AREsp. 587.162/MS:
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de ser válida a citação realizada na pessoa de quem se apresenta como representante legal da pessoa jurídica, sem fazer qualquer ressalva quanto à inexistência de poderes para tal. Aplicação da teoria da aparência. Precedentes.
Teoria da aparência é a circunstância de uma pessoa ser considerada por todos como titular de um direito, embora não o seja leva a efeito um ato jurídico com terceiro de boa-fé (Arnaldo Rizzardo. Teoria da aparencia. Ajuris: Revista da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1982, v. 24, p. 223).
Os embargos de declaração não podem modificar a decisão se ela não for portadora dos vícios da contradição, omissão ou obscuridade. Excepcionalmente, admite-se o efeito modificativo dos embargos declaratórios quando a decisão contiver erro material ou de fato verificável de plano (ex.: o tribunal deixou de conhecer recurso de apelação, por intempestividade, sem observar que havia um feriado forense, na cidade em que foi apresentado). Diante de tal possibilidade na qual há modificação da convicção do julgador ou reexame de prova ocorre o que se denomina caráter infringente ou infringencial dos embargos declaratórios (Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Direito Processual Civil Esquematizado, 5ª ed., Saraiva, 2015, p. 595).
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
Nas ações civis por ato de improbidade administrativa, interrompe-se a prescrição da pretensão condenatória com o mero ajuizamento da ação dentro do prazo de cinco anos contado a partir do término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança, ainda que a citação do réu seja efetivada após esse prazo. Se a ação de improbidade foi ajuizada dentro do prazo prescricional, eventual demora na citação do réu não prejudica a pretensão condenatória da parte autora. Assim, à luz do princípio da especialidade e em observância ao que dispõe o art. 23, I, da Lei 8.429/1992, o tempo transcorrido até a citação do réu, nas ações de improbidade, que já é amplo em razão do próprio procedimento estabelecido para o trâmite da ação, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição, uma vez que o ajuizamento da ação de improbidade, à luz do princípio da actio nata, já tem o condão de interrompê-la. REsp 1.391.212-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014.
O pedido de reconsideração não se enquadra como espécie recursal. Estas estão, conforme o princípio da taxatividade, definidas em rol exaustivo, e não exemplificativo, no Art. 994, doNCPC.
O princípio da fungibilidade recursal somente é aplicado entre espécies recursais, não podendo ser utilizado para transformar uma mera petição nos autos em instrumento de reforma ou anulação de decisão judicial.
O princípio da identidade física do juiz é de natureza infraconstitucional, era previsto no art. 132 do CPC revogado. Estabelece tal princípio que o magistrado que colheu a prova oral deve julgar o feito. O novo CPC não o prevê expressamente porque, nos novos moldes do processo virtual, a colheita da prova oral pode ser feita por intermédio de videoconferência, sendo, portanto, incabível a estrita vinculação do juiz que acompanhou a instrução (Elpídio Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil, 20ª Ed., Atlas, 2017, p. 101).
A alternativa trata do fenômeno da recepção material das normas constitucionais, em que as normas constitucionais anteriores permanecem em vigor ao lado das novas normas constitucionais. Vejamos o art. 34 do ADCT:
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
§ 1º - Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156, III, e 159, I, "c", revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.
Perceba que algumas normas da Constituição de 1967 foram mantidas pela Constituição de 1988.
"Ao Supremo cumpre interferir nas escolhas orçamentárias e nos ciclos de formulação, implementação e avaliação de políticas públicas, mas sem detalhá-las. Deve formular ordens flexíveis, com margem de criação legislativa e de execução a serem esquematizadas e avançadas pelos outros Poderes, cabendo-lhe reter jurisdição para monitorar a observância da decisão e o sucesso dos meios escolhidos. Ao atuar assim, reservará aos Poderes Executivo e Legislativo o campo democrático e técnico de escolhas sobre a forma mais adequada para a superação do estado de inconstitucionalidades, vindo apenas a colocar a máquina estatal em movimento e cuidar da harmonia dessas ações. Como destaca a doutrina colombiana, o Tribunal não chega a ser um “elaborador” de políticas públicas, e sim um “coordenador institucional”, produzindo um “efeito desbloqueador”."Ante os pressupostos formulados pela Corte Constitucional da Colômbia para apontar a configuração do “estado de coisas inconstitucional”, não seria possível indicar, com segurança, entre os muitos problemas de direitos enfrentados no Brasil, como saneamento básico, saúde pública, violência urbana, todos que se encaixariam nesse conceito. Todavia, as dificuldades em se definir o alcance maior do termo não impedem, tendo em conta o quadro relatado,seja consignada uma zona de certeza positiva: o sistema carcerário brasileiro enquadra-se na denominação de “estado de coisas inconstitucional” (ADPF-MC 347/DF, rel. Min. Marco Aurélio Mello, julg. em 9/9/2015).
A hermenêutica consequencialista ou consequencialismo judicial pode ser conceituada como os argumentos de interpretação que fornecem razões para uma tomada de decisão judicial a partir de uma avaliação dos possíveis efeitos ou consequências dessa decisão, conforme doutrina de Diego Werneck Arguelhes (Argumentação Consequencialista e Estado de Direito: Subsídios para uma compatibilização. Anais do XIV Encontro Nacional do CONPEDI. Florianópolis, Fundação Boiteaux, 2005). 
Esse argumento é amiúde utilizado pelo Supremo Tribunal Federal, em virtude da "repercussão do caso", das "gravíssimas consequências que derivam da decisão", ou dos "efeitos danosos aos pequenos contribuintes", o que significa levar em consideração, a par das balizas constitucionais em que os casos se impõem, as possíveis consequências econômicas, sociais ou mesmo jurídicas de tal ou qual decisão.
O que o professor Mauro Cappelletti defende, em sua obra "Juízes Legisladores", é que a diferença possível entre jurisdição e legislação não é de natureza mas de frequência ou quantidade, ou seja, de grau, consistindo na maior quantidade e no caráter usualmente mais detalhado e específico das leis e dos precedentes judiciários ordinários, em relação às normas constitucionais – usualmente contidas em textos sucintos e formuladas em termos mais vagos – assim como com relação às decisões da justiça constitucional.
Daí decorre que o legislador se depara com limites substanciais usualmente menos frequentes e menos precisos que aqueles com os quais, em regra, se depara o juiz: do ponto de vista material ou objetivo, a criatividade do legislador pode ser, em suma, quantitativamente diversa da do juiz. Do ponto de vista substancial, portanto, não é diversa a “natureza” dos dois processos, o legislativo e o jurisdicional.
Para a chamada Metódica Estruturante ou Teoria Estruturante do Direito, a aplicação das normas constitucionais constitui-se numa atividade de concretização, na qual não há identificação entre norma e texto de norma. A norma jurídica é estruturada pelos elementos do “programa normativo”, o qual se refere ao seu teor literal, e pelo “âmbito normativo”, que é o recorte da realidade social selecionado pelo primeiro, é a realidade regulada pela norma e não uma simples coleção de fatos. E é por meio do programa normativo e do âmbito normativo que se obtém a norma jurídica, a qual, para o caso concreto, equivale à norma de decisão.
Para Hesse, a interpretação constitucional, que parte do primado do texto, é o texto limite insuperável de sua atividade. A amplitude das possibilidades de compreensão do texto delimita o campo de suas possibilidades tópicas. Entretanto, nem todo fato novo pertencente ao setor da realidade regulada pela norma, o âmbito objetivo, é capaz de provocar tal modificação. A instância que decide se a alteração fática pode ser relevante para a norma, é dizer, se o fato modificado pertence ao âmbito normativo, é o programa normativo que se contém substancialmente no texto da norma. apenas quando a modificação for verificada dentro desse domínio, é que poderia ocorrer uma mutação constitucional. Nem sempre, portanto, o intérprete irá lançar mão da vertente relacionada diretamente ao problema concreto a resolver.
Para Dworkin, não existe, a rigor, criação do Direito pelos magistrados, mas construção do Direito pelas partes envolvidas mediante os princípios, motivo pelo qual o autor se afasta do marco teórico, a perspectiva unilateral das regras, conforme defendia o positivismo de Hans Kelsen. Para o autor, um juiz tem o dever legal de analisar de modo mais abrangente as fontes de lei, os princípios e a história jurídica da comunidade, seus valores e moralidade, de maneira que torne a atividade judiciária capaz de alcançar os casos mais difíceis e ofereça a melhor resposta possível aos conflitos.
Segundo Dworkin, o direito constitucional não poderá fazer um verdadeiro progresso enquanto não isolar o problema dos direitos contra o Estado e tornar esse problema parte de sua própria agenda. Isso conta como um argumento em favor de uma fusão do direito constitucional e da teoria moral, uma relação que, inacreditavelmente, ainda está por ser estabelecida. 
Para entender Dworkin é preciso folhear suas principais obras: Levando os Direitos a Sério, o Império do Direito e a Virtude Soberana. Para Dworkin, o Estado é servidor dos indivíduos (cultural, social e politicamente considerados) devendo buscar sempre a formação de uma comunidade formada por homens livres e iguais, que se respeitam mutuamente e que zelem pela dignidade humana, no escopo fundamental de formar a sociedade fraterna, livre, justa e solidária.
Segundo o autor, nossas intuições sobre a justiça pressupõem não apenas que as pessoas têm direitos, mas que um desses direitos é fundamental e até mesmo axiomático. Esse direito, que é o mais fundamental de todos, é uma concepção nítida do direito à igualdade, que chamo de direito à igual consideração e respeito, vertente essa que deve se espraiar principalmente para a proteção de minorias, como homossexuais, etnias segregadas, mulheres, negros e outros grupos.
Para Dworin, os direitos fundamentais são produtos das lutas sociais, da tradição e das vivências da comunidade de intérpretes, e aqui ele se aproxima de Peter Härbele e sua Comunidade Aberta dos Intérpretes da Constituição. Acredita que os direitos fundamentais são trunfos, coringas, que podem funcionar até mesmo contra políticas públicas.
O tema é contemporâneo e palpitante, notadamente quando o nosso Supremo Tribunal Federal vem atuando cada vez mais não como aplicador do direito mas construtor do direito, por intermédio de uma leitura principiológica da Constituição, adotando posturas muitas vezes hauridas da common law. O pragmatismo é um movimento catalizado pelo juiz da Suprema Corte Americana Benjamin Nathan Cardozo, no sentido de diluir a complexidade e a imprecisão dos textos e decisões jurídicas.
Nesse sentido, um juiz pragmático sofrerá influências de ideologias, conceitos morais e pontos de vista do próprio magistrado, além dos impactos da decisão judicial na sociedade, ou seja, o elemento político-social interfere necessariamente na interpretação da lei, com vistas à satisfação do interesse público e dos superiores interesses da coletividade.
A banca optou pela vertente que considera o pragmatismo antiformalista e que conduz à insegurança jurídica, conquanto a tese não seja unanimidade no meio acadêmico. Cardozo oferece ao magistrados ferramentas de exegese como costumes, precedentes, fatos sociais, delimitados a partir das leis. Portanto, o poder criado é limitado pela norma jurídica, mas somente para os casos em que a lei ou os precedentes, vinculantes ou não, existirem de forma expressa àquela conduta. Ocorre que em alguns casos, o poder legislativo ainda não colocou de forma positivada determinado fato social, o que exige uma resposta ao fato social. Portanto, deve-se perguntar: segurança jurídica, para quem?
É a chamada Constituição viva. Não obstante ser a mesma há mais de 200 anos, a Constituição Americana permanece em contínua evolução. Apesar de respeitarem fortemente os precedentes (não há precedentes "vinculantes" no direito norte-americano), os juízes são capazes e habilitados a legislar, dentro dos limites da lei, dos costumes e dos padrões aceitos por cada época.
A Corte Constitucional deve “entender a si mesma como protetora de um processo legislativo democrático, isto é, como protetora de um processo de criação democrática do direito, e não como guardiã de uma suposta ordem supra-positiva de valores substanciais. A função da Corte é velar para que se respeitem os procedimentos democráticos para uma formação da opinião e da vontade políticas de tipo inclusivo, ou seja, em que todos possam intervir, sem assumira mesma o papel de legislador político”. Essa é a tese exposta por Jürgen Habermas, na obra "Más Allá del Estado Nacional", como uma crítica ao sentido deontológico de validade das normas e princípios constitucionais subjacente à vinculação das decisões judiciais com base na correção ou não de determinada conduta neste ou naquele conflito, ao invés de buscar o equilíbrio de interesses ou relacionar valores, abstraindo-se de considerar o pluralismo das democracias contemporâneas e a lógica do poder econômico e do poder do Estado.
Para John Hart Ely, a Suprema Corte só pode conservar seu papel e sua imparcialidade se resistir à tentação de preencher seu espaço de interpretação com juízos de valores morais ou valores fundamentais da sociedade. Ele é contrário a uma teoria de interpretação dirigida por princípios, no sentido da interpretação construtiva de Dworkin. É chamado de contraditório por seus críticos, pois ao mesmo tempo defende princípios procedimentais para defender os direitos políticos básicos de voto e eleições e de igualdade de gênero, raça ou orientação sexual. Por isso a teoria é considerada mista, procedimental e substancial.
Defende um distanciamento da Corte da política pela racionalidade supostamente superior dos discursos jurídicos profissionais. Questões públicas devem ser decididas pelo voto majoritário, salvo quando houver risco de constrangimentos colaterais de minorias. -Teoria Mista de Democracia
O pensamento jurídico de Rawls concentra-se nas obras Uma Teoria da Justiça, O Direito das Gentes, Liberalismo Político. Para Rawls, somente os valores políticos devem resolver as questões fundamentais, como, por exemplo, estabelecer quem tem direito ao voto, ou que religiões devem ser toleradas, ou, ainda, quem deve garantir a igualdade equitativa de oportunidades. Essas questões fundamentais especificam claramente o objeto próprio da razão pública. Outra característica da razão pública é que seus limites não se aplicam às deliberações e reflexões individuais sobre essas questões políticas, aplicando-se especificamente aos cidadãos, quando atuam em uma argumentação política em um fórum público.
Para Alexy, dentre os vários critérios propostos para distinguir entre regras e princípios, a generalidade é a mais utilizada: os princípios são normas em um grau de generalidade alto, enquanto que as regras possuem grau de generalidade mais baixo. Porém, o ponto decisivo da distinção é qualitativo, pois os princípios ordenam que seja entregue determinado bem da vida dentro das possibilidade jurídicas e fáticas existentes, e cujo cumprimento se dá em diferentes graus, enquanto que as regras são simplesmente cumpridas ou não.
No chamado teste da proporcionalidade em sentido estrito, faz-se o sopesamento entre a intensidade da restrição ao direito fundamental atingido e a importância da realização do outro direito fundamental que com ele aparentemente colide e que fundamenta a adoção da medida restritiva. A teoria dos princípios de Alexy leva a sério a constituição sem exigir o impossível. Ela declara as normas que não se deixam cumprir de todo como princípios que, contra outros princípios, devem ser ponderados e, assim, são dependentes de uma "reserva do possível no sentido daquilo que o particular pode exigir razoavelmente da sociedade". O STF tem adotado a teoria da reserva do financeiramente possível para temperar ou amenizar a exigência de direitos de caráter social derivados de comandos programáticos da CF e não atendidos pelo Poder Público. Ainda aqui, segundo o Supremo, a reserva do possível pode ser restringida, para que se assegure o mínimo existencial ao indivíduo, na chamada Teoria do Limite dos Limites.
As decisões manipuladoras, também chamadas de normativas, correspondem às sentenças em que o Judiciário, além de declarar a inconstitucionalidade da norma, atua como legislador positivo, “manipulando” o ordenamento, e, por conseguinte, adicionando disposições normativas. São divididas em: sentenças aditivas ou substitutivas.
Na sentença aditiva, a Corte Constitucional declara a inconstitucionalidade pela omissão do legislador, e, em razão do vácuo legislativo, a Corte alarga o texto da lei. Exemplo de sentença aditiva, foi adotada, pelo STF, no julgamento do direito de greve. Nesse caso, o STF declarou a inconstitucionalidade do legislador, e determinou a aplicação da Lei dos Trabalhadores em geral aos servidores estatutários.
Nas sentenças substitutivas, por sua vez, o Judiciário anula a norma impugnada, e, ainda, substitui por outra, criada, no caso, pelo Tribunal. Está-se diante de uma produção heterônoma de atos legislativos ou de um direito judicial
Por fim, esclareça-se que a ‘perspectiva diacrônica’ é, justamente, o contraponto às denominadas pela doutrina ‘decisões manipuladoras’.
Diacrônico significa compreender o fato na evolução do tempo, ou seja, é o conceito tradicional de interpretação, a interpretação límpida, sem efeito manipulativo.
Nesse contexto, reporta-se ao conceito doutrinário.
Quanto às chamadas decisões manipuladoras, ou normativas, assim se consideram as sentenças de aceitação em que a Corte Constitucional não se limita a declarar a inconstitucionalidade das normas que lhe são submetidas, mas, agindo como legislador positivo, modifica (= manipula) diretamente o ordenamento jurídico, adicionando-lhe ou substituindo-lhe normas, a pretexto ou com o propósito de adequá-lo à Constituição
Os verbos auxiliares são usados em locuções verbais, tempos compostos e voz passiva, juntamente com as formas nominais dos verbos (infinitivo, particípio e gerúndio), que atuam como verbo principal.
Principais verbos auxiliares
ser;
estar;
ter;
haver.
O verbo auxiliar não tem um sentido pleno. Apresenta as desinências verbais, sendo flexionado, indicando o tempo, o modo, o número, a pessoa e o aspecto da ação verbal. O significado da ação verbal é transmitido pelo verbo principal.
 Na forma composta do gerúndio, o verbo auxiliar deve ficar no gerúndio.
Na VOZ PASSIVA, temos verbo auxiliar SER ou ESTAR.
No GERÚNDIO COMPOSTO, temos verbo auxiliar TER ou HAVER.
 A locução "estão indo" indica uma ação contínua não concluída, e não uma ação concluída antes da expressa pelo verbo da oração principal.
O gerúndio apresenta duas formas: uma simples [...], outra composta [...].
A forma composta é de caráter perfeito e indica uma ação concluída anteriormente à que exprime o verbo da oração principal [...].
Superior Tribunal de Justiça no REsp. 1.732.807/RJ (Informativo 631):
4- O fato de a ré ter sido revel em ação de divórcio em que se pretende, também, a exclusão do patronímico adotado por ocasião do casamento não significa concordância tácita com a modificação de seu nome civil, quer seja porque o retorno ao nome de solteira após a dissolução do vínculo conjugal exige manifestação expressa nesse sentido, quer seja o efeito da presunção de veracidade decorrente da revelia apenas atinge às questões de fato, quer seja ainda porque os direitos indisponíveis não se submetem ao efeito da presunção da veracidade dos fatos.
5- A pretensão de alteração do nome civil para exclusão do patronímico adotado por cônjuge por ocasião do casamento, por envolver modificação substancial em um direito da personalidade, é inadmissível quando ausentes quaisquer circunstâncias que justifiquem a alteração, especialmente quando o sobrenome se encontra incorporado e consolidado em virtude do uso contínuo do patronímico pela ex-cônjuge por quase 35 anos.
A negativa de registro de nome vexatório pelo Cartório de Registro Civil não será necessariamente encaminhada à apreciação judicial, mas apenas quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, conforme estabelece o art. 55, par. único, da Lei 6.01519/73
A inclusão de nome étnico de indígena pode ser postulada diretamente no Cartório de Registro Civil, podendo excluir os nomes e prenomes originais porque são dados facultativos, nos termos do art. 2º, § 1º, da Resolução Conjunta CNMP/CNJ nº 3 de 19/04/2012, que dispõe sobreo assento de nascimento de indígena no Registro Civil das Pessoas Naturais.
Os agentes públicos deverão respeitar a identidade de gênero e tratar a pessoa pelo nome social por ela indicado nas audiências, nos pregões,nos demais atos processuais e nos atos escritos (art. 2º, § 4º, Resolução nº 270/2018 do CNJ).
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa.
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF RE 670.422/RS (Informativo 911). A desnecessidade de se submeter a cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes para a alteração de prenome da pessoa transgênero, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 4.275/DF (Informativo 892).
Art. 9º, “caput”, da Lei nº 9.434/1997: “É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4º deste artigo, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula óssea.”
O processo civil é ramo do direito público, suas normas são preponderantemente cogentes, sendo menos comuns as dispositivas, muito embora o atual CPC tenha ampliado esta última espécie, permitindo de forma aberta, os negócios processuais no art. 190 (Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Direito Processual Civil Esquematizado, 8ª ed., Saraiva, EBOOK, 2017, p. 129).
Na doutrina de Cândido Rangel Dinamarco. Ensina o referido autor (Instituições de Direito Processual Civil , vol. I, 6. ed., Malheiros Editores, 2009, p. 81 e 82):
Fontes formais do direito são os canais pelos quais as normas vêm ao mundo jurídico, oriundas da vontade do ente capaz de ditá-las e impô-las ou exigir sua observância.
...
As fontes formais da norma processual civil são a própria Constituição Federal e os demais atos que, na condição de tête de chapitre, ela prevê ou consente, a saber: a lei, os tratados internacionais, os princípios gerais do direito e os usos e costumes forenses.
Segundo Vinicius Gomes de Vasconcellos (a questão pede o entendimento do referido autor - A partir de tais lições), pode-se afirmar que o fundamento do processo penal, sua razão de existir, é o reconhecimento de que, em um Estado democrático de direito, uma sanção penal (especialmente, prisão) somente pode ser imposta após a obtenção de uma condenação definitiva com total respeito às regras do devido processo penal.
E, assim, ele adquire o sentido de ser um instrumento de limitação do poder punitivo ao condicionar a aplicação de uma sanção penal ao seu transcorrer e encerramento, em respeito às regras do devido processo.
Além disso, a função do processo penal, em uma realidade condizente com a complexidade do fenômeno delitivo e com as limitações da atividade jurisdicional, é verificar a acusação penal em uma reconstrução histórica dos fatos passados imputados como um crime tipificado legalmente, a partir do lastro probatório produzido por iniciativa das partes. Desse modo, na visão de Paolo Ferrua, a função do processo penal não pode ser outra que aquela de averiguar se é verdadeiro ou falso o enunciado formulado pela acusação.
Levando-se em consideração o pensamento do prof. Zaffaroni, podemos concluir que desde o ano de 1980, especialmente nos EUA, o sistema penal vem sendo utilizado para encher os presídios.
Isso se coaduna com a política econômica neoliberal. Cabe considerar que desde essa época vem se difundindo o fenômeno da privatização dos presídios. Isso significa que quem constrói ou administra presídios precisa de presos (para assegurar remuneração aos investimentos feitos).
Considerando-se as dificuldades de se encarcerar gente das classes mais bem posicionadas, incrementou-se a incidência do sistema penal sobre os excluídos. O Direito Penal da era da globalização caracteriza-se (sobretudo) pela prisionização em massa dos marginalizados.
A presença massiva de pobres e marginalizados nas cadeias gera a construção de mais e mais presídios privados, mais renda para seus exploradores, movimenta a economia, dá empregos, estabiliza a índice de desempregado etc. Os pobres e marginalizados finalmente passaram a cumprir uma função econômica: a presença deles na cadeia gera dinheiro, gera emprego, gera até votos e etc..
Como o sistema penal funciona seletivamente (teoria do labelling approach), consegue-se facilmente alimentar os cárceres com esse exército de excluídos. Em lugar de ficarem jogados pelas calçadas e ruas, economicamente, tornou-se útil o encarceramento deles.
Com isso também se alcança o efeito colateral de se suavizar a feiura das cidades latinoamericanas, cujo ambiente arquitônico-urbanístico está repleto de esfarrapados e maltrapilhos. 
Atenua-se o mal estar que eles "causam" e transmite-se a sensação de "limpeza" e de "segurança". O movimento "tolerância zero" (que significa tolerância zero contra os marginalizados, pobres etc...) é manifestação fidedigna desse sistema penal seletivo. Optou claramente pelos pobres, eliminando-lhes a liberdade de locomoção.
Quem antes não tinha (mesmo) lugar para ir, agora já sabe o seu destino: o cárcere. Pelo menos agora os pobres cumprem uma função sócio-econômica na Sociedade Moderna! Finalmente (a elite político-econômica), os detentores do Poder, descobriu uma função para eles.
Mas, não apenas a pobreza transformou-se num eficiente processo seletivo de condutas criminosas para a sociedade, também temos o processo de vitimização, isso porque, resumidamente, o abandono por ela sofrido é um fato incontestável que abrange todos os ramos do Direito Penal e a atuação da justiça cria e reforça as desigualdades sociais, desencadeando um processo semelhante entre vítima e delinquente, passando aquela a ter a mesma privação de identidade deste.
O princípio da territorialidade é também chamado de princípio da aderência ou aderência ao território.
No critério formulado por Agnelo Amorim Filho (Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para identificar as ações imprescritíveis, Revista dos Tribunais, RT, 1997, n. 744, p. 725-750) que se valeu do enfoque processual da classificação tradicional das ações e a justificou da seguinte maneira:
1) estão sujeitas a prescrição, em virtude da prescrição da pretensão a que correspondem, todas as ações condenatórias;
2) estão sujeitas a decadência, em virtude da decadência do direito potestativo a que correspondem, as ações constitutivas que têm prazo especial de exercício fixado em lei;
3) são perpétuas (imprescritíveis): a) as ações constitutivas que não têm prazo especial de exercício fixado em lei; e b) todas as ações declaratórias.
Ações de natureza dúplice ou ambivalente são aquelas em que autor e réu ocupam, simultaneamente, ambos os polos da relação jurídico-processual, é possível ao réu implementar verdadeiro contra-ataque em face do autor na contestação, sem necessidade de utilizar-se da via reconvencional, por razões de economia processual (Elpídio Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil, 20ª Ed., Atlas, 2017, p. 968).
No orçamento tradicional devem ser consideradas as necessidades financeiras das unidades orçamentárias.Marcela adquiriu seu automóvel mediante financiamento bancário. Obrigou-se a pagar, ao Banco Z, 60 (sessenta) parcelas de R$ 300,00 (trezentos reais), cuja obrigação foi garantida pela alienação fiduciária do automóvel. Em razão de uma crise financeira pessoal, Marcela vendeu o carro a Carmen, quando ainda faltavam 30 (trinta) parcelas, que seriam assumidas por Carmen. Embora as partes não tenham estipulado a alteração do devedor junto ao Banco Z, Carmen, por precaução, solicitou à instituição financeira a transferência do débito para si. O pleito, contudo, foi negado, em razão de restrições creditícias que pendiam sobre Carmen. Portanto, para liberar Marcela (devedora), a dívida assumida por Carmen (terceira) deveria haver consentimento do credor (Banco Z). Não tendo havido consentimento da instituição financeira, devido a restrições creditícias sobre Carmen, a venda se mantém sem a anuência do banco, sendo promessa de liberação da dívida entre Carmen e Marcela, ou seja, na relação entre Carmen e Marcela há obrigação de pagamento da dívida, mas esta se mantém no nome de Marcela junto à instituição financeira, não sendo a negociação entre as partes oponível ao banco. 
art.299 cc.
Princípio da boa-fé objetiva, em um de seus desdobramentos, a supressio, implica na supressão de um direito da parte, por renúncia tácita em razão de seu não exercício por certo lapso de tempo. Em contrapartida, faz nascer na outra parte um direito até então inexistente (surrectio).
Conforme leciona Valério de Oliveira Mazzuoli, o princípio da autodeterminação dos povos decorreu, primeiramente,
"da desagregação, primeiramente dos impérios marítimos europeus, depois do império continental soviético e, mais recentemente, de alguns movimentos de independência, como foi o caso de Timor Leste. Mais especificamente, pode-se afirmar que a universalização do Direito Internacional deu-se a partir do rompimento dos paradigmas civilizatórios europeu e americano, momento a partir do qual reconheceu-se que têm soberania (e que, portanto, devem ser tratados como iguais) outros povos não europeus e não americanos situados em distintas regiões do planeta" (MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público. 9ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 74).
Súmula 1 do Superior Tribunal de Justiça: “O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos”.
REsp 1.448.026-PE:
IMÓVEIS VINCULADOS AO SFH NÃO SÃO SUSCETÍVEIS DE USUCAPIÃO.
O imóvel da Caixa Econômica Federal vinculado ao Sistema Financeiro de Habitação, como está afetado à prestação de um serviço público, deve ser tratado como bem público, sendo, pois, imprescritível (insuscetível de usucapião).
REsp 1.305.183-SP:
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. APARELHOS DE ADAPTAÇÃO PARA CONDUÇÃO VEICULAR POR DEFICIENTE FÍSICO. PERTENÇAS QUE NÃO SEGUEM O DESTINO DO PRINCIPAL (CARRO). DIREITO DE RETIRADA DAS ADAPTAÇÕES.
Havendo adaptação de veículo, em momento posterior à celebração do pacto fiduciário, com aparelhos para direção por deficiente físico, o devedor fiduciante tem direito a retirá-los quando houver o descumprimento do pacto e a consequente busca e apreensão do bem. (REsp 1.305.183-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade, julgado em 18/10/2016, DJe 21/11/2016).
HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. CRIMES DE AUTORIA COLETIVA. DESCRIÇÃO DE ELEMENTOS SUFICIENTES AO EXERCÍCIO DA DEFESA. PRISÃO PREVENTIVA. ALEGADA FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. NOVO TÍTULO A IMPOR A SEGREGAÇÃO. PEDIDO PREJUDICADO EM PARTE E DENEGADO.
1. Não é inepta a denúncia que, em conformidade com o artigo 41 do Código de Processo Penal, descreve os elementos indispensáveis quanto à prática, em tese, dos delitos de tráficos de drogas e associação para o tráfico, bem como a existência de indícios suficientes de autoria em relação ao paciente, além de apontar subsídios aptos a configurar a materialidade dos aludidos crimes, notadamente pela apreensão de elevada quantidade de entorpecente - cerca de 500 kg de cocaína - além dos equipamentos e insumos utilizados na produção e distribuição da droga, viabilizando o pleno exercício do direito de defesa (LETRAS C e E).
2. Em se tratando de crime de autoria coletiva, é desnecessária a descrição pormenorizada da conduta de cada um dos envolvidos , bastando o vínculo entre os réus e o crime a eles imputados, sendo certo que caberá à instrução processual o detalhamento acerca da participação de cada um dos agentes na empreitada delituosa (LETRAS B e D). Precedentes desta Corte e do STF.
3. Proferida sentença condenatória, a alegação de inépcia perder força, principalmente se considerado que para a desconstituição do que ficou estabelecido em primeiro grau, mostra-se necessário o reexame aprofundado do conjunto fático-probatório, procedimento incompatível com a estreita via do habeas corpus.
4. Diante da prolação de sentença, que constitui novo título judicial a respaldar a segregação do paciente, esvaziou-se o objeto do pedido aqui formulado, onde se atacava os fundamentos do decreto de prisão preventiva.
5. Habeas corpus prejudicado em parte e, no restante, denegado.
(STJ - HC: 95450 SP 2007/0282206-1, Relator: Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), Data de Julgamento: 17/02/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/03/2011).
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO À SAÚDE (ART. 196, CF). FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. SOLIDARIEDADE PASSIVA ENTRE OS ENTES FEDERATIVOS. CHAMAMENTO AO PROCESSO. DESLOCAMENTO DO FEITO PARA JUSTIÇA FEDERAL. MEDIDA PROTELATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O artigo 196 da CF impõe o dever estatal de implementação das políticas públicas, no sentido de conferir efetividade ao acesso da população à redução dos riscos de doenças e às medidas necessárias para proteção e recuperação dos cidadãos. 2. O Estado deve criar meios para prover serviços médico-hospitalares e fornecimento de medicamentos, além da implementação de políticas públicas preventivas, mercê de os entes federativos garantirem recursos em seus orçamentos para implementação das mesmas. (arts. 23, II, e 198, § 1º, da CF). 3. O recebimento de medicamentos pelo Estado é direito fundamental, podendo o requerente pleiteá-los de qualquer um dos entes federativos, desde que demonstrada sua necessidade e a impossibilidade de custeá-los com recursos próprios. Isto por que, uma vez satisfeitos tais requisitos, o ente federativo deve se pautar no espírito de solidariedade para conferir efetividade ao direito garantido pela Constituição, e não criar entraves jurídicos para postergar a devida prestação jurisdicional. 4. In casu, o chamamento ao processo da União pelo Estado de Santa Catarina revela-se medida meramente protelatória que não traz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar a resolução do feito, revelando-se meio inconstitucional para evitar o acesso aos remédios necessários para o restabelecimento da saúde da recorrida. 5. Agravo regimental no recurso extraordinário desprovido.
A jurisprudência do STJ caminhou no mesmo sentido ao julgar o REsp. 1.203.244/SC  (Informativo 539).
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CHAMAMENTO AO PROCESSO EM AÇÃO DE FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO MOVIDA CONTRA ENTE FEDERATIVO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
Não é adequado o chamamento ao processo (art. 77, III, do CPC) da União em demanda que verse sobre fornecimento de medicamento proposta contra outro ente federativo. Com efeito, o instituto do chamamento ao processo é típico das obrigações solidárias de pagar quantia. Entretanto, a situação aqui controvertida representa obrigação solidária entre os Municípios, os Estados, o Distrito Federal e a União, concernente à prestação específica de fornecimento de medicamento. Neste contexto, por se tratar de hipóteseexcepcional de formação de litisconsórcio passivo facultativo, não se admite interpretação extensiva do referido instituto jurídico para alcançar prestação de entrega de coisa certa. Além do mais, a jurisprudência do STJ e do STF assentou o entendimento de que o chamamento ao processo (art. 77, III, do CPC) não é adequado às ações que tratam de fornecimento de medicamentos, por ser obstáculo inútil ao cidadão que busca garantir seu direito fundamental à saúde. Precedentes citados do STJ: AgRg no AREsp 13.266-SC, Segunda Turma, DJe 4/11/2011; e AgRg no Ag 1.310.184-SC, Primeira Turma, DJe 9/4/2012. Precedente do STF: RE 607.381 AgR-SC, Primeira Turma, DJe 17/6/2011. REsp 1.203.244-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 9/4/2014.
REsp. 1.496.030/MT (Informativo 572) de cujo longo julgado extraímos o seguinte trecho.
A extinção de medida protetiva de urgência diante da homologação de acordo entre as partes não afasta a competência da Vara Especializada de Violência Doméstica ou Familiar contra a Mulher para julgar ação de divórcio fundada na mesma situação de agressividade vivenciada pela vítima e que fora distribuída por dependência à medida extinta.
Renúncia é uma forma de desfazimento do ato, porém, decorre da vontade do administrado. É instituto afeto, portanto, aos atos ampliativos de direito.
As deliberações são atos normativos, ao passo que despachos são atos ordinatórios.
Na jurisprudência do STF, encontramos a Súmula Vinculante 21 que impede qualquer tipo de depósito prévio como condição para a interposição do recurso. Portanto, ainda que se trate do recurso hierárquico impróprio (onde não há hierarquia entre as estruturas), não caberá cogitar-se de depósito.
Na Súmula Vinculante 3, temos exceção para o ato inicial de registro. Neste caso, a regra é não se conferir atenção aos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Deve-se diferenciar o usurpador de função e o funcionário de fato. Ambos são vícios de competência, mas têm consequências jurídicas diferentes. O usurpador é alguém que não foi por nenhuma forma investido em cargo, emprego ou função públicos; não tem nenhuma espécie de relação jurídica funcional com a administração, além de cometer crime. Diferentemente, o funcionário de fato é aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade, como por exemplo, a inexistência de formação universitária para a função que exige. Assim,
Segundo a doutrina, quando ocorre a função de fato, em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos administrados, da segurança jurídica e do princípio de legalidade dos atos administrativos reputam-se válidos os atos por eles praticados (funcionário ou agente de fato), neste caso, poderia ocorrer a convalidação dos atos administrativos, por ser vício sanável, desde que não acarretem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros. De passagem, anote-se que o defeito invalidante da investidura de um agente não acarreta, por si só, a invalidade dos atos que este praticou.
Por outro lado, na usurpação de função, por contrariar flagrantemente a Constituição Federal, JAMAIS seus atos poderão ser estabilizados ou convalidados. Trata-se de vício insanável.
FONTE: Marcelo Alexandrino.
A ação de repetição de indébito, em que se busca a repetição de valores cobrados indevidamente em uma relação contratual, sujeita-se ao prazo prescricional decenal do art. 205 do CC, conforme entendimento do STJ: 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA.
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO CARACTERIZADA. PRAZO PRESCRICIONAL DECENAL. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. As disposições do NCPC, no que se refere aos requisitos de admissibilidade dos recursos, são aplicáveis ao caso concreto ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016.
2. Na linha dos precedentes mais recentes desta Corte, a pretensão de repetição de valores cobrados indevidamente em virtude de uma relação contratual, prescreve no prazo de 10 anos (REsp 1.756.283/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Segunda Seção, DJe 3/6/2020; EREsp 1.280.825/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Segunda Seção, julgado em 27/6/2018, DJe 2/8/2018; e EREsp 1.281.594/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, Rel. p/ Acórdão Ministro FELIX FISCHER, Corte Especial, DJe 23/5/2019).
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1546123/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 31/08/2020, DJe 03/09/2020).
Nas obrigações civis, temos, claramente, dois elementos (teoria da dualidade do vínculo obrigacional), a saber, o débito ou a obrigação (Schuld) e a responsabilidade ou o dever (Haftung).
No entanto, como esclarecem Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (Curso de direito civil: obrigações. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 335), há situações em que a obrigação carece de exigibilidade, embora o objeto seja delimitado entre as partes e haja uma relação válida de crédito e débito. Exemplo disso são as obrigações naturais, nas quais temos o débito, mas não a responsabilidade (Schuld sem Haftung).
Pois bem. O enunciado nos apresenta quatro hipóteses, quais sejam: (i) dívida prescrita; (ii) penhor oferecido por terceiro; (iii) dívida de jogo; e (iv) fiança.
Vamos a cada um deles…
(i) dívida prescrita (art. 882, CC) – exemplo de obrigação natural sempre citado pela doutrina, cuida-se de débito (Schuld) sem responsabilidade/exigibilidade (Haftung);
(ii) penhor oferecido por terceiro – o penhor constitui direito real de garantia consistente na tradição de uma coisa móvel, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, em garantia do débito.
No caso de penhor oferecido por terceiro, tem-se a responsabilidade/dever (Haftung) sem débito (Schuld) próprio, uma vez que a pessoa que deve é aquela que fora beneficiada pela garantia real prestada (penhor) e não aquela que prestou (se obrigou) a garantia pignoratícia;
(iii) dívida de jogo [não legalizado] (art. 815, CC) – também é hipótese de obrigação natural, sendo um débito sem a correspondente responsabilidade (Schuld sem Haftung); e
(iv) fiança – cuida-se de responsabilidade sem débito (Haftung sem Schuld), já que aquele que se obriga por meio do contrato de fiança (fiador) não é o devedor (afiançado). Nesse caso, a obrigação/dívida somente irá surgir se o afiançado não honrar com a dívida existente, ou seja, não há Schuld atual.
Logo, temos: Schuld sem Haftung (dívida prescrita); Haftung sem Schuld próprio (penhor oferecido por terceiro); Schuld sem Haftung (dívida de jogo); e Haftung sem Schuld atual (fiança), sendo a assertiva D o nosso gabarito!
Inicialmente, observemos dois elementos básicos da obrigação: o shculd (débito), que é o dever legal de cumprir com a obrigação; e, se a obrigação não é cumprida, surgirá a responsabilidade, o haftung (responsabilidade). Todavia, como bem lembra Flávio Tartuce, "é possível identificar uma situação em que há Schuld sem Haftung (debitum sem obligatio), qual seja, na obrigação natural, que mesmo existente não pode ser exigida, pois é uma obrigação incompleta. Cite-se, a titulo de exemplo, a divida prescrita, que pode ser paga por existir -, mas não pode ser exigida. Tanto isso é verdade que, paga uma dívida prescrita, não caberá ação de repetição de indébito (art. 882, CC)" (TARTUCE, Flávio, Manual de Direito Civil, Método. p. 271).
Custos vulnerabilis significa “guardião dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”), representa uma forma interventiva da Defensoria Pública em nome próprio e em prol de seu interesse institucional (constitucional e legal), atuação subjetivamente vinculada aos interesses dos vulneráveis e objetivamente aos direitos humanos, representando a busca democrática do progresso jurídico-social das categorias mais vulneráveis no curso processual e no cenário jurídico-político” (Maurílio Casas Maia, Legitimidades institucionais no Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) no Direito do Consumidor: Ministério Público e Defensoria Pública:similitudes & distinções, ordem & progresso. RT, vol. 986, ano 106. p. 27-61. São Paulo: Ed. RT, dezembro 2017, p. 45).
Na PET no Habeas Corpus 568.693/ES a Defensoria Pública explicitou a diferença entre a atuação como custus vulnerabilis e amicus curiae:
Aduz que diferencia-se o atuar como custos vulnerabilis daquele efetivado como amicus curiae, porque neste a Defensoria Pública atua como amigo da corte, possui restrição recursal aos embargos de declaração e necessita comprovar a repercussão social da controvérsia, além de, em tese, posicionar-se equidistante da problemática, enquanto que, naquela, trata-se de atuação em prol do vulnerável, na qual o órgão assume sua posição de parcialidade em favor da pessoa ou grupo necessitado, sendo também cabível interpor todo e qualquer recurso, até porque, muitas vezes, a própria instituição poderia ter ajuizado a demanda em nome próprio, como nos casos de ações civis públicas, de habeas corpus ou ainda através de milhares de ações individuais que podem ser evitadas através da atuação interventiva do órgão (fl  218).
EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. EMENDATIO LIBELLI. LAVAGEM DE ATIVOS. DESCLASSIFICAÇÃO NO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, PARA ESTELIONATO. ART. 383 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. MOMENTO PROCESSUAL ADEQUADO. RELATIVIZAÇÃO. ESPECIALIZAÇÃO DO JUÍZO. 1. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é a sentença o momento processual oportuno para a emendatio libelli, a teor do art. 383 do Código de Processo Penal. 2. Tal posicionamento comporta relativização – hipótese em que admissível juízo desclassificatório prévio –, em caso de erro de direito, quando a qualificação jurídica do crime imputado repercute na definição da competência. Precedente. 3. Na espécie, a existência de peculiaridade – ação penal relacionada a suposto esquema criminoso objeto da ação em trâmite na vara especializada em lavagem de ativos –, recomenda a manutenção do acórdão recorrido que chancelou a remessa do feito, comandada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região para a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Maranhão, que detém tal especialização. 4. Ordem denegada.
(SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - HC: 115831 MA , Relator: Min. ROSA WEBER, Data de Julgamento: 22/10/2013, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-227 DIVULG 18-11-2013 PUBLIC 19-11-2013).
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. NATUREZA DA AÇÃO PENAL. NORMA PROCESSUAL PENAL MATERIAL.
A norma que altera a natureza da ação penal não retroage, salvo para beneficiar o réu. A norma que dispõe sobre a classificação da ação penal influencia decisivamente o jus puniendi, pois interfere nas causas de extinção da punibilidade, como a decadência e a renúncia ao direito de queixa, portanto tem efeito material. Assim, a lei que possui normas de natureza híbrida (penal e processual) não tem pronta aplicabilidade nos moldes do art. 2º do CPP, vigorando a irretroatividade da lei, salvo para beneficiar o réu, conforme dispõem os arts. 5º, XL, da CF e 2º, parágrafo único, do CP. Precedente citado: HC 37.544-RJ, DJ 5/11/2007. HC 182.714-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2012.
Súmula 546 do STJ:
A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Verbo intransitivo também é aquele que não tem completo na frase em análise. "João mora em Nilopolis", em nilopolis é o lugar onde ele mora então é adjunto adverbial de lugar, como na frase não tem outro elemento que possa ser objeto, o verbo mora é intransitivo. Então intransitivo é o verbo que não requer complemento, mas como não requer a frase não traz também esse complemento. Advérbio que em sintaxe é adjunto adverbial nunca será objeto, nem direto e nem indireto.
RESPONSABILIDADE CIVIL
É descabido imputar ao banco responsabilidade por reparar danos morais suportados por clientes que tiveram seus nomes citados em reportagem feita por jornal que relatava supostas fraudes na concessão de empréstimos
Caso adaptado: João, agricultor, obteve um financiamento agrícola com o Banco do Brasil em um programa de crédito chamado de PROAGRO. Passado algum tempo, o Jornal Diário da Serra publicou reportagem narrando que estariam ocorrendo fraudes no PROAGRO e que João seria uma das pessoas envolvidas porque beneficiada com um empréstimo neste programa.
João ajuizou ação de indenização contra o Banco do Brasil afirmando que a instituição seria a responsável pelos danos morais a si causados.
O STJ afirmou inexistir responsabilidade do banco nesse caso. 
É descabido reputar à instituição financeira, que foi mencionada em matéria jornalística retratando fatos que lhe eram desabonadores, responsabilidade por reparar danos morais suportados por clientes que tiveram seus nomes citados nessa mesma reportagem.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.761.078-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o HC 83.515/RS, em 16.9.2004, por maioria, vencido o Ministro Marco Aurélio, entendeu que esse dispositivo permitiu renovações sucessivas de prazo quinzenal para a interceptação, mas deve ficar demonstrada a indispensabilidade. 3. O consentimento da vítima em seguir viagem não exclui a culpabilidade do traficante ou explorador, pois o que o requisito central do tráfico é a presença do engano, da coerção, da dívida e do propósito de exploração. É comum que as mulheres, quando do deslocamento, saibam que irão exercer a prostituição, mas não tem elas consciência das condições em que, normalmente, se veem coagidas a atuar ao chegar no local do destino. Nisso está a fraude. 4. O crime de tráfico de pessoas Lei 11.106, de 28.3.2005, que alterou a redação do art. 231 do Código Penal, de tráfico de mulheres para tráfico internacional de pessoas consuma-se com a entrada ou a saída da pessoa, homem ou mulher, seja ou não prostituída, do território nacional, independentemente do efetivo exercício da prostituição basta ir ou vir a exercer a prostituição -, e ainda que conte com o consentimento da vítima.

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