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Constituição Comentada - Lorena Costa e Fernando Castro

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Prévia do material em texto

Material elaborado por Fernando Henrique Castro e Lorena Costa
Última atualização do material : 14/07/2020
Observações quanto à compreensão do material:
1) Cores de marcações utilizadas:
· EM VERDE: aquilo que é permitido, cabível, constitucional 
· EM VERMELHO: aquilo que é vedado, incabível, inconstitucional (tudo referido à NÃO)
· EM ROXO: novidades legislativas e artigos mais cobrados
· EM AZUL: datas e prazos 
· EM AMARELO: conceitos, características e destaques importantes (ex.: critério pessoal)
2) Cores das fontes:
· Fonte ROXA – Comentários jurisprudenciais 
· Fonte AZUL – Comentários doutrinários 
· Fonte VERDE – Comentários críticos, institucionais 
· Fonte VERMELHA – aquilo que é vedado, incabível, inconstitucional
a
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
QUORUM DE 2/3:
1- Suspender imunidade parlamentar em estado de sitio
2- Recusar repercussão geral em RE
3- Recusar juiz mais antigo
4- Modular efeitos ADI/ADC/ADPF
5- Quórum instalação ADI/ADC/
6- Aprovar, cancelar ou revisar SUMULA VINCULANTE
COMENTÁRIO:
1. PERGUNTA DE CONCURSO
1.1 Prefeitura de São Luís do Paraitinga- SP/2018: O Poder Constituinte Originário, genuíno ou de 1ºgrau instaura novo agrupamento social e político, com fulcro de organizar e conceber poderes com fins de reger os anseios de uma sociedade. Sobre Poder Constituinte Originário é CORRETO afirmar:
a) Ele é percebido como uma manifestação soberana da máxima aspiração política de um povo, social e juridicamente aparelhado. A inteligência de um Poder Constituinte é amparo racional de que há um documento legal súpero ao resto do ordenamento jurídico, que em princípio não poder ser alterado pelos poderes estabelecidos, já que ele é fonte de autoridade e soberania destes. É o poder que tem como razão de existência o início de uma nova ordem jurídica.
b) É um poder que regula o procedimento a ser empregado e os limites a serem vigiados, diferindo-se daquele por não ser inicial, nem incondicionado, nem ilimitado, visa modificar a Carta Constitucional, objetivando adapta-la as transformações sucedidas no campo social de um determinado Estado Soberano, amoldando-a as mutáveis exigências sociais, podendo essa reparação compreender uma adição, exclusão ou alteração de frações do conteúdo constitucional.
c) É um poder que comporta uma série de restrições ao Poder Constituinte de Reforma, integralmente prenunciados pelo ordenamento jurídico vigente, que podem ser classificados em uma pluralidade de classificações a depender da via de penetração na estrutura constitucional. Uma primeira esfera de restrições são as internas, também conhecidas como autônomas, que procedem da própria carta magna e que estabelecem divisas intransponíveis ao Poder Constituinte.
d)Nenhuma das alternativas.
1.2 FITO, Advogado (VUNESP)/2020: Em relação à aplicabilidade das normas constitucionais, assinale a alternativa correta.
a) As normas programáticas são de eficácia diferida e explicitam comandos-valores.
b) A avaliação da extensão do programa das normas programáticas incumbe aos Poderes Legislativo e Executivo.
c) As normas constitucionais de eficácia mediata não recebem do constituinte normatividade suficiente.
d) As normas constitucionais de eficácia absoluta são emendáveis.
e) As normas constitucionais de eficácia restringível não possuem aplicabilidade plena, pois sua eficácia pode ser reduzida.
Lú (qconcursos) comenta:
As normas programáticas constituem um dos tipos de normas de eficácia limitada, ou seja, dependem de regulamentação futura para produzirem todos os efeitos. Características: não-autoaplicáveis, de aplicabilidade indireta, mediata (diferida) e reduzida. Mais do que comandos-regras, elas trazem comandos-valores.
1.3 MP-CE (CESPE)/2020: Ao tratar dos princípios fundamentais, a CF estabelece, em seu art. 1.º,
a) a forma republicana de Estado, cláusula pétrea expressa, caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do governante.
A forma republicana de governo não é cláusula pétrea.
b) a forma republicana de governo, caracterizada pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do governante.
c) a forma federativa de Estado, cláusula pétrea implícita, caracterizada pela tripartição dos poderes da União.
O federalismo é uma cláusula pétrea expressa (CF, art. 60, §4º, I).
d) a forma federativa de Estado e o sistema presidencialista de governo.
O art. 1º da CF, ao falar dos princípios fundamentais, não trata acerca do sistema presidencialista de governo.
e) a forma republicana de governo e a forma federativa de Estado, cláusulas pétreas expressas.
A forma republicana de governo não é cláusula pétrea.
1.4 MP-GO/2019: A opção pelo constitucionalismo como modo de regulamentação do pacto de convivência política, fundado na supremacia da Constituição, erigiu-a á condição de topos hermenêutico que conformará a interpretação do restante do sistema jurídico. Com base nas lições de J. J. Gomes Canotilho acerca da interpretação constitucional, assinale a alternativa incorreta:
a) Interpretar uma norma constitucional consiste em atribuir um significado a um ou vários símbolos linguísticos escritos na Constituição, com o fim de obter uma decisão de problemas práticos, normativo constitucionalmente fundada.
LETRA A: Para Canotilho, “interpretar uma norma constitucional consiste em atribuir um significado a um ou vários símbolos linguísticos escritos na constituição com o fim de obter uma decisão de problemas práticos normativo-constitucionalmente fundada”. (CANOTILHO, 2003, p. 1200). Tem-se, dessa forma, que “interpretar as normas constitucionais significa (como toda a interpretação de normas jurídicas) compreender, investigar e mediatizar o conteúdo semântico dos enunciados linguísticos que formam o texto constitucional”. (CANOTILHO, 2003, p. 1206).
b) O processo de interpretação-concretização das normas constitucionais começa com a interpretação semântica das formulações normativas do texto constitucional, por meio da atribuição de um significado aos enunciados linguísticos, a partir de condições sociais historicamente caracterizadas, produtoras de determinados usos linguísticos, decisivamente operantes na atribuição do significado do texto constitucional.
LETRA B: como afirma Canotilho “a interpretação refere-se sempre a normas reveladas por enunciados lingüísticos, e não a qualquer intenção ou vontade da lei (mens/voluntas legis) ou do legislador (mens/voluntas legislatoris); (. _ .) é uma atividade condicionada pelo contexto, pois efectua-se em condições sociais historicamente caracterizadas, produtoras de detenninados usos lingüísticos, decisivamente operantes na atribuição do significado”.
c) A norma constitucional é um modelo de ordenação juridicamente vinculante, positivado na Constituição e que, orientado a uma concretização material, é constituído por uma medida de ordenação, expressa por meio de enunciados linguísticos, e por um campo de dados reais.
LETRA C: Para Canotilho: “[...] a norma jurídico-constitucional é um modelo de ordenação orientado para uma concretização material, constituído por uma medida de ordenação, expressa através de enunciados lingüísticos, e por um ‘campo’ de dados reais (fatos jurídicos, fatos materiais)” (CANOTILHO, 2003, p. 1202).
d) A normatividade constitucional, como norma de decisão, é o efeito global da norma, a partir de um processo estrutural entre o programa normativo e o domínio normativo que, com o processo de interpretação, confere à norma umaqualidade estática e se constitui em standard interpretativo do texto constitucional.
LETRA D:  Destaca Canotilho: "Da compreensão da norma constitucional como estrutura formada por duas componentes – o <<programa da norma>> e o <<domínio da norma>> - deriva o sentido de normatividade constitucional: normatividade não é uma <<qualidade>> estática do texto da norma ou das normas mas o efeito global da norma num processo estrutural e dinâmico entre o programa normativo e o sector normativo. Este processo produz, portanto, um efeito que se chama normativo, ou, para dizermos melhor, a normatividade é o efeito global da norma (com as duas componentes atrás referidas) num determinado processo de concretização. Compreende-se, assim, a necessidade de manter sempre clara a distinção entre norma e formulação (disposições, enunciados) da norma: aquela é objecto da interpretação; esta é o produto ou resultado da interpretação." (CANOTILHO, 2003, p. 1180).
Autor: Lucas Barreto (qconcursos)
1.5 MP-GO/2019: '' A verdade é que a jurisprudência do STF nesta matéria vem gerando fenômeno similar ao que os juristas norte-americanos ROBERT POST e REVA SIEGEL (Roe Rage: Democratic Constitutionalism and Backlash, disponÌvel no sÌtio papers.ssrn.com/abstract=990968) identificam como blacklash ,expressão que se traduz como um forte sentimento de um grupo de pessoas em reação a eventos sociais ou políticos. É crescente e consideravelmente disseminada a crítica , no seio da sociedade civil , á das inelegibilidades " ( ADI 4.578, ADC 29 E ADC 30. Rel . Min .Luiz FUX , j .16.02.2012, Plenário , DJE e 29.06.2012). ROBERT POST e REVA SIEGEL, no intuito de oferecer um relato mais realista do funcionamento dos tribunais na democracia norte-americana, propõem um modelo denominado de " constitucionalismo democrático " ( Roe Rage : Democratic Constitutionalism and backlash . Harvard Civil Rigths - Civil Liberties Law Review , 2007; Yale Law School , Public Law Working Paper n . 131) . Nesse sentido , assinalar a alternativa cuja proposição corresponde ao chamado constitucionalismo democrático :
a) O constitucionalismo democrático propõe que o backlash, por traduzir uma reação social a mudanças ameaçadoras do status quo, é um fenômeno invariavelmente deletério para a evolução da ordem democrática, uma vez que ele desconsidera o papel sedimentado dos tribunais de preservar o respeito á Constituição.
b) Também denominado de constitucionalismo popular, o constitucionalismo democrático recomenda uma atuação minimalista dos tribunais, os quais devem se afastar de temas polêmicos, ou seja, as matérias que integram círculos de conflito ideológico, caracterizados por entendimentos antagônicos ou diametralmente opostos, devem ser retiradas dos tribunais e levadas para uma arena mais adequada, no caso, o parlamento.
c) O constitucionalismo democrático, na verdade, propugna o uso estratégico do backlash, que passa a ser compreendido como uma poderosa ferramenta de pressão sobre os tribunais, cujo objetivo é inibir, na arena judicial, e principalmente nos casos que envolvem desacordos morais razoáveis, iniciativas progressistas que não se conformam com os valores do corpo social.
d) O engajamento público, segundo o constitucionalismo democrático, desempenha papel relevante na orientação e legitimação dos julgamentos constitucionais, em que as razões técnicas jurídicas adquirem legitimidade democrática se seus motivos estiverem enraizados em valores e ideais populares. Mesmo considerando o papel essencial das Cortes, o constitucionalismo democrático reconhece que a ordem constitucional apresenta um regular intercâmbio entre cidadãos e julgadores sobre questões de significado constitucional.
Lucas Barreto (qconcursos):
GABARITO: LETRA D
De início, é necessário compreender que o Constitucionalismo Popular não se confunde com o Constitucionalismo Democrático.
O Constitucionalismo Popular (de Larry Kramer e Roberto Gargarella) constitui teoria que preconiza que as decisões concernentes às Constituições devem ser tomadas apenas pelo povo, e não mais pelo Poder Judiciário. Sua ideia básica seria, portanto, que o intérprete final do sentido da Constituição deveria ser o povo, capaz de interpretar normas constitucionais com força vinculante para todos, e não um órgão jurisdicional dotado de supremacia.
Por sua vez, o Constitucionalismo Democrático (de Robert Post e Reva Siegel) legitima a atuação do Poder Judiciário por meio da utilização de princípios constitucionais de abertura argumentativa no processo de interpretação constitucional, de modo a potencializar o engajamento político expresso em termos de interações entre as cortes e a sociedade em geral.
Só isso bastaria para saber que, ao tratar os dois como sinônimos, a alternativa B está errada.
Prosseguindo, o erro da C está em dizer que o constitucionalismo democrático propugna o uso estratégico do backlash como uma poderosa ferramenta de pressão sobre os tribunais. Na verdade, quem se manifesta desta forma é o Constitucionalismo Popular, para quem o efeito backlash pode ser entendido como a contraforça que surge, no seio da sociedade, ante decisões do Poder Judiciário que interpretam a Constituição.
A alternativa D está correta porque, dentro do Constitucionalismo Democrático, fortemente marcado pelo pluralismo de posicionamentos políticos e pela possibilidade de debate acerca da interpretação da Constituição (como tem acontecido no Brasil hodiernamente), torna-se inquestionável que as manifestações e/ou reações populares contrárias a certa interpretação constitucional feita pelo Poder Judiciário engrandecem a legitimidade do sistema jurídico. Assim, ao contrário do que afirma o item “a”, “o engajamento popular na discussão de questões constitucionais não apenas é legítimo dentro dessa perspectiva, mas pode contribuir, também, para o próprio fortalecimento do princípio democrático”. (KOZICKI, Katya. Backlash: as “reações contrárias” à decisão do Supremo Tribunal Federal na ADPF n° 153). 
Renan Km (qconcursos):
Pessoal, fiquem atento a este assusto que poderá cair em concurso público e que já foi abordado pelo Ministro Luis Roberto Barroso em dezembro de 2019 na ADPF 622, qual seja, o constitucionalismo abusivo (também chamado de legalismo autocrático e democracia iliberal).
O Constitucionalismo Abusivo é descrito pela literatura especializada como utilização indevida de mecanismos do direito constitucional para atacar e minar as estruturas da democracia constitucional e das bases filosóficas do constitucionalismo. Há duas formas principais de emprego da categoria constitucionalismo abusivo para compreender práticas e realidades constitucionais: a) frequente e reiterado uso de emendas à constituição e criação de novos documentos constitucionais com intuito de manter um grupo social e político no poder com destruição dos elementos centrais da democracia constitucional, designando esse modalidade como constitucionalismo abusivo estrutural, e b) utilização de alguns institutos e técnicas constitucionais em desacordo com as diretrizes da democracia constitucional, consistindo esse fenômeno no constitucionalismo abusivo episódico. Esse artigo entende que, apesar da existência de hiperpresidencialismo no Brasil, os mecanismos de accountability horizontal como do Poder Judiciário sobre o Executivo e o Legislativo, não permitem a classificação como constitucionalismo abusivo estrutural, mas existem fenômenos de constitucionalismo abusivo episódico e preocupantes.
PC-ES/2019: “A interpretação jurídico-científica não pode fazer outra coisa senão estabelecer as possíveis significações de uma norma jurídica. Como conhecimento do seu objeto, ela não pode tomar qualquer decisão entre as possibilidades por si mesma reveladas, mas tem de deixar tal decisão ao órgão que, segundo a ordem jurídica, é competente para aplicar o Direito. Um advogado que, no interesse de seu constituinte, propõe ao tribunal apenas uma das várias interpretações possíveis da norma jurídica a aplicar a certo caso, e um escritorque, num comentário, elege a interpretação determinada, dentre as várias interpretações possíveis, como a única ‘acertada’, não realizam uma função jurídico-científica mas uma função jurídico-política (de política jurídica). Eles procuram exercer influência sobre a criação do Direito.”
Esta concepção de hermenêutica, extremamente influente no século XX, é extraída do(a):
a) Escola da Exegese, de Savigny.
b) Neo-Constitucionalismo, de Ronald Dworkin.
c) Positivismo jurídico, de Hans Kelsen.
d) Teoria dos Sistemas, de Niklas Luhmann.
e) Pós-Positivismo, de Robert Alexy.
Fernando Dias (qconcursos): 
Hans Kelsen é o principal teórico do positivismo jurídico. Em sua obra Teoria Pura do Direito, defende a autonomia da ciência jurídica ao conferir-lhe método e objetivo próprio, capaz de assegurar o conhecimento científico do direito. Para isso estabelece um princípio metodológico, o princípio da pureza, com o qual pretende reduzir a complexidade do objeto do direito ao afastar da ciência jurídica as ingerências intrusas e perturbadoras, de ordem epistemológica (sociologia, antropologia etc.) e axiológica (moral, ética). Para Kelsen o objeto da ciência jurídica consiste em normas jurídicas, e a tarefa do jurista consiste em descrever esse objeto mediante proposições.
Para Kelsen, o conhecimento jurídico deve ser neutro, não cabe ao jurista fazer julgamentos ou avaliações sobre as normas. No exercício da sua atividade o jurista deve afastar tanto as dimensões axiológicas, que implicam proferir juízos de valor a respeito das normas, como as dimensões epistemológicas, que implicam motivações específicas de outras ciências. Essas dimensões comprometeriam a verdade das proposições que o jurista enuncia sobre as normas. Vale dizer, o raciocínio jurídico não deve versar sobre o que é virtuoso ou vicioso, justo ou injusto, conveniente ou inconveniente, mas sim, sobre o lícito e o ilícito, o válido e o inválido, o eficaz e o ineficaz. Desse modo é possível que uma norma, visivelmente injusta, quando submetida ao modelo positivista possa ser considerada válida e eficaz.
https://allysonluan.jusbrasil.com.br/artigos/417396384/positivismo-juridico-hans-kelsen
TÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
COMENTÁRIO:
STF/2017, ADI 907-RJ: São inconstitucionais, por ofensa ao princípio da livre iniciativa, leis que obrigam supermercados ou similares a prestarem o serviço de acondicionamento ou embalagem das compras.
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Comentário:
A Confederação diverge da Federação por motivos (além de outros) de dissolubilidade, limitação temporal e manutenção da independência das nações. As Confederações são pactos de tratados internacionais, criadores de uma pessoa jurídica internacional, com capacidade internacional limitada.
#INFORMAÇÃO RELEVANTE (CADERNO SISTEMATIZADO DE CONSTITUCIONAL 2018.1)
A União tem natureza peculiar na Federação, uma vez que, ora atua como pessoa jurídica de direito constitucional, ora como pessoa jurídica de direito internacional. Na primeira hipótese, ela atua por si mesma, age em nome próprio, como entidade integrante da Federação. Na segunda hipótese, atua em nome da Federação (editando normas nacionais, formas de intervenção, relação com estados estrangeiros).
1. JURISPRUDÊNCIA
1.1Os Municípios, ao editarem as leis locais regulamentando o transporte de passageiros mediante aplicativo, deverão observar as regras impostas pela Lei federal nº 13.640/2018 São inconstitucionais leis municipais que proíbam o serviço de transporte de passageiros mediante aplicativo.
No exercício de sua competência para regulamentação e fiscalização do transporte privado individual de passageiros, os municípios e o Distrito Federal não podem contrariar os parâmetros fixados pelo legislador federal. Isso porque compete à União legislar sobre “trânsito e transporte”, nos termos do art. 22, XI, da CF/88. 
STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 1054110/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 8 e 9/5/2019 (repercussão geral) (Info 939). 
São inconstitucionais leis municipais que proíbam o serviço de transporte de passageiros mediante aplicativo A proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência. 
STF. Plenário. ADPF 449/DF, Rel. Min. Luiz Fux; RE 1054110/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 8 e 9/5/2019 (repercussão geral) (Info 939).
2. INFORMAÇÃO RELEVANTE
2.1 Conceito de povo.
A substituição da titularidade do poder constituinte dos monarcas para a nação teve no abade Emmanuel Sieyés um importante precursor (na obra: “O que é o terceiro estado?”). O autor queria conferir participação política à burguesia e às demais camadas do terceiro setor que eram o vetor de produção e da economia na França pré-revolução francesa os quais, apesar da sua relevância, não tinham qualquer participação na condução dos rumos do país e, pior, ainda suportavam pesada tributação.
Modernamente, o conceito de nação foi substituído pelo conceito de povo, expressão que compreende um maior número de pessoas. Justamente por isso, Nathália Masson afirma com precisão que não se pode reduzir o conceito de povo ao corpo eleitoral, isto é, os dotados de capacidade eleitoral (ativa e passiva), senão que se deve englobar, conforme o pensamento de Peter Haberle, o povo enquanto grandeza pluralística (as forças culturais, sociais e políticas, como partidos políticos, associações, igrejas, entidades e organizações sociais, algumas personalidades influenciadoras e etc)[footnoteRef:1]. [1: MASSON, Nathália. Manual de Direito Constitucional. 7ªed. Salvador: Juspodvm, 2019. Pag. 117
] 
3. PERGUNTA DE CONCURSO
3.1 MP-MG (FUNDEP)/2019: De acordo com a Constituição de 1988, a República tem como fundamento, exceto:
a) a soberania
b) o pluralismo político
c) a livre iniciativa
d) a cidadania
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
 
Helder Lima Teixeira (qconcursos): 
Importante não confundir: A livre iniciativa não é fundamento da República. Fundamento da República são os valores sociais da livre iniciativa.
Livre iniciativa não se confunde com os valores da livre iniciativa.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidadelatino-americana de nações.
COMENTÁRIO:
1. TEMAS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
1.1 PERGUNTA DE CONCURSO
1.1.1 PGM BH (CESPE)/2019: A concepção de Constituição aberta está relacionada à participação da sociedade quando da proposição de alterações politicamente relevantes no texto da Constituição do país (errado!).
Fundamento: 
''CONSTITUIÇÃO ABERTA'' é uma constituição mais enxuta. Típica do Estado Mínino. Só trata do essencial e deixa ''em aberto'' os demais temas ao legislador ordinário. Se opõe a constituição dirigente, que regula todos os aspéctos da vida púlica ou até privada. A Constituição Aberta, por exemplo, não trata de direitos economicos, trabalhistas... Então a mentalização é
                                                         CONSTITUIÇÃO ABERTA vs CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE.
Não confudir com ''sociedade aberta dos interpretes da constituição''  de Peter Häberle, esse foi o erro que a banca tentou induzir.
 
Constituição aberta: objetiva-se mantê-la dentro de seu tempo de modo a evitar o risco de desmoronamento de sua “força normativa”. Para Canotilho, é possível a relativização do sentido material, possibilitando a desconstitucionalização de elementos substantivos. Mariana Dantas 
A concepção de Constituição aberta está ligada à possibilidade de sua permanência dentro de seu tempo, evitando-se o risco de perda ou desmoronamento de sua força normativa, dando ideia de flexibilidade da ordem constitucional. Essa flexibilidade busca evitar que a constituição perca sua força normativa com o tempo, frente a mudanças sociais, em decorrência da rigidez de sua aplicação ou interpretação. Tássio Paulino.
1.2 PC-PI/2018: 
Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que se configura como característica do asilo político:
a) fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social;
b) provocado pela perseguição por crimes políticos de caráter individual;
c) fundados temores de perseguição por motivos de opiniões políticas;
d) devido a grave e generalizada violação de direitos humanos;
e) ato solene de cooperação penal entre países, que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
Verena (qconcursos): 
GABARITO: B
 
Asilo Político: Tem previsão expressa em nossa Constituição, artigo 4º, inciso X. Tem natureza política, concede-se o asilo de forma individual, em decorrência de perseguição de natureza política, ou seja, crimes políticos ou questão ideológica. O Brasil pode conceder o asilo político de forma discricionária, ou seja, o Brasil não é obrigado a fornecer o asilo. O asilo político é territorial e o Estado poderá outorgá-lo ao estrangeiro que tenha cruzado a fronteira, colocando-se no âmbito espacial de sua soberania, e neste plano solicitou tal benefício.
A concessão de asilo territorial é de competência do Presidente da República, uma vez concedido, o Ministério da Justiça lavrará termo no qual serão fixados o prazo de estada do asilado no Brasil e os deveres que lhe imponham o direito internacional e a legislação interna vigente.
 
Asilo Diplomático: Tem as mesmas características e natureza do asilo político, porém possui algumas particularidades. Pode ser concedido fora do Brasil, tem caráter provisório e pode ser concedido na embaixada Brasileira. Exemplo: Um político do Uruguai foge para a embaixada Brasileira e lá solicita o asilo diplomático, nessa situação o asilo pode ser ou não concedido. Caso o asilo diplomático seja concedido para esse político, ele recebe um salvo conduto para sair do país e vir para o Brasil onde receberá o asilo político.
 
FONTE: Comentários da Q408810
 
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
COMENTÁRIO:
1. TEMAS IMPORTANTES SOBRE DIREITOS FUNDAMENTAIS
1.1 Procedimentalismo x Substancialismo[footnoteRef:2] [2: https://www.emagis.com.br/area-gratuita/artigos/procedimentalismo-e-substancialismo-embates-constitucionais-inconclusivos/] 
Um dos temas mais pulsantes no cenário do Direito Constitucional e da Ciência Política diz respeito ao embate entre substancialismo e procedimentalismo.
As teorias dizem respeito ao grau de dirigismo que uma Constituição deve adotar em relação à implementação da pauta de direitos previstos no Texto Constitucional, notadamente os direitos sociais, econômicos e culturais.
Para os procedimentalistas, a Constituição é uma moldura de direitos que deve regular apenas o processo deliberativo da sociedade, ou seja, deve preservar os canais democráticos de formação da vontade, de modo que a própria sociedade deve escolher sobre a implementação dos direitos previstos na Constituição. Tal implementação não deve ser uma obra primordial do Poder Judiciário (portanto, rejeita o ativismo), mas, sim, mediante deliberações da sociedade via Legislativo.
Na visão do procedimentalismo, os resultados na concretização de direitos estão sempre abertos durante o processo deliberativo, de modo que não há fossilização dos direitos já conquistados. O processo de afirmação dos direitos é puramente democrático, de modo que cabe ao Poder Judiciário apenas garantir as “regras do jogo democrático”.
Portanto, o procedimentalismo pressupõe um espaço público independente, com igualdade entre os atores sociais. Pressupõe, também, uma Corte Constitucional capaz de assegurar os direitos democráticos à participação na deliberação, exercendo um papel contra majoritário.
O procedimentalismo tem relação com a vertente doutrinária brasileira chamada de Democracia Deliberativa, tema de obra do jurista Cláudio Pereira de Souza Neto.
Em suma, para o procedimentalismo, a fundamentalidade material dos Direitos Fundamentais é orientada apenas para assegurar as condições da cooperação deliberativa.
De outro turno, o substancialismo acredita no modelo de Constituição Dirigente, muito desenvolvida pelo constitucionalista português José Joaquim Gomes Canotilho. Acredita em um modelo constitucional onde o Poder Judiciário exerce amplo papel de consolidação dos direitos fundamentais, implementando os direitos sociais sem freios.
Essa teoria da Constituição Dirigente entende que cabe ao Poder Judiciário uma ampla judicialização, inclusive da Política, de modo a concretizar, para o futuro, os projetos constitucionais.
A obra “Juízes Legisladores?” de Mauro Cappelletti traz boas noções sobre a missão do Poder Judiciário no afã de concretizar projetos sociais previstos na Constituição.
Na vertente substancialista, é legítimo que os Juízes determinem a realização de políticas públicas, previstas como princípio na Constituição, ainda que sem a interposição do Poder Legislativo. Nesses casos, é suficiente a inércia do Poder Executivo em executar aquela promessa constitucional.
Nesse contexto, a visão substancialista respeita a possibilidade de o Juiz, à guisa de exemplo, determinar a construção de uma escola em um município, bem como determine a realização de concurso público para Professor, ainda que não exista planejamento pelo Executivo.
O mesmo embate entre procedimentalismo e substancialismo ocorre no âmbito da chamada “judicialização da saúde”. Nesse aspecto, uma decisão procedimentalista não determina o fornecimento de um medicamento sem registro na Anvisa, ou mesmo um tratamento médico experimental no exterior. O procedimentalismo acredita que os canais de discussão do tema devem trabalhar para encontrar uma solução para a aprovação do medicamento/tratamento.
Por sua vez, uma decisão substancialista não hesitaria em fornecer um medicamento de alto custo não regulado pela Anvisa, em nome da realização máxima do direito fundamental à Saúde.
Em síntese, tais são as diferenças entre as duas correntes. Cuida-se de tema que pode ser cobrado em provas, seja na matéria constitucional, seja na área de humanística.
Nosso propósito é focar o tema sob o ponto de vista das provas dissertativas/orais dos concursos. Não é nosso propósito esgotar o tema sob o ponto de vista acadêmico.
1.2 Interpretativismo x nãointerpretativismo[footnoteRef:3] [3: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/quem-tem-medo-de-hermeneutica-constitucional-analise-de-questoes-da-pge-ma16-mpf15-trf15-pge-pr15/] 
O examinador, muito comumente, inverte os conceitos que elenca e essa questão é um reflexo típico desse fenômeno. O erro reside no fato de que o texto reflete a visão dos interpretativistas e não do movimento oposto. Com efeito, no contexto norte-americano, o debate a respeito da hermenêutica constitucional envolve, também, aspectos políticos. Na corrente conservadora temos os interpretativistas ou interpretacionistas, que defendem a moderação da atividade judicial no processo de interpretação da constituição, baseada na premissa de que para o magistrado, a regra é a autocontenção judicial. Nas palavras do professor Canotilho, “as correntes interpretativistas consideram que os juízes, ao interpretar a constituição, devem limitar-se a captar o sentido dos preceitos expressos na constituição, ou, pelo menos, nela claramente implícitos”. Para os interpretativistas, essa moderação pode ser alcançada a partir de uma postura originalista de interpretação (seguindo o entendimento original dos criadores do texto constitucional) ou textualista (buscando seu significado, sem remissões à vontade do legislador). No que tange aos não interpretativistas ou não interpretacionistas, a premissa de atuação do Poder Judiciário é fundada numa maior discricionariedade interpretativa, com o objetivo de adequação do texto constitucional às demandas próprias de sociedades contemporâneas (plurais). Em suma, para os não interpretativistas é facultado ao Poder Judiciário analisar os valores (busca axiológica) subjacentes ao texto, razão pela qual é simpática a essa corrente de pensamento a ideia de um maior ativismo judicial.
1.3 Síndrome da erosão da consciência constitucional[footnoteRef:4]. [4: Disponível em: https://jurisrael.jusbrasil.com.br/artigos/396889732/voce-sabe-o-que-e-o-fenomeno-da-erosao-da-consciencia-constitucional] 
Quando falamos do tema, estamos nos referindo à Teoria Geral do Controle de Constitucionalidade.
Indo direto ao ponto, "a erosão da consciência constitucional ocorre quando há uma desvalorização funcional da constituição escrita, ou seja, a omissão dos poderes públicos desvaloriza a função da Constituição", conforme ensina o jurista KARL LOEWNSTEIN, criador da terminologia.
Explicando...
Existem condutas estatais que desrespeitam a Constituição, como por exemplo quando o Poder Público faz algo que a Constituição não lhe permite. Esta atuação - que é um facere - gera a inconstitucionalidade por ação, certo?
No entanto, o desrespeito à Constituição pode ocorrer também mediante a OMISSÃO do Estado, que ocorre quando o Poder Público deixa de adotar as medidas preceituadas pela Constituição - non facere. Assim, ocorre a inconstitucionalidade por omissão.
Observe-se que nesta última hipótese o Poder Público se abstém de cumprir seu dever Constitucional de legislar, e, desta forma, acaba estimulando o fenômeno da erosão da consciência constitucional.
O termo foi utilizado pelo Ministro do STF Celso de Mello no julgamento da ADI 1.484/DF, assim como no RTJ 162/877-879, pelo mesmo Ministro, e na STA (Suspensão de Tutela Antecipada) nº 175.
Espero ter contribuído para seu conhecimento. Listo abaixo as bibliografias utilizadas. Bons estudos.
LOEWENSTEIN, Karl. Teoria de la Constitución. p. 222, 1983, Ariel, Barcelona;
NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional 11. Ed. Ed. JusPodvm, 2016. P. 161.
2. PERGUNTA DE CONCURSO
2.1 DP-AP (FCC)/2018: Em voto proferido quando da concessão de medida cautelar em sede de arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Ministro Relator, apoiando-se em técnica empregada por Corte Constitucional estrangeira, entendeu que estava comprovada, no caso, situação de violação generalizada de direitos fundamentais e incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em modificar a situação, sendo que a superação das transgressões exigia a atuação não apenas de um órgão, e sim de uma pluralidade de autoridades. Mais adiante, afirmou o Relator que, em situações tais, ao Tribunal cabe retirar as autoridades públicas do estado de letargia, provocar a formulação de novas políticas públicas, aumentar a deliberação política e social sobre a matéria e monitorar o sucesso da implementação das providências escolhidas, assegurando, assim, a efetividade prática das soluções propostas.
Cuida-se, no caso, de técnica de
a) interpretação conforme a Constituição.
A interpretação conforme a constituição (verfassungskonforme Auslegung) é uma criação jurisprudencial de origem alemã, destinada a compatibilizar uma determinada norma com o sistema constitucional, sem que seja declarada a sua nulidade. 
Ex.:  O recente entendimento do STF que conferiu a necessidade de interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, do Código Florestal, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica. 
b) declaração de estado de coisas inconstitucional.
O “estado de coisas inconstitucional”, expressão originada da Corte Constitucional da Colômbia, significa o quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de natureza normativa, administrativa e orçamentária. Cabe ao STFl, adotando o Ativismo Judicia, determinar as providências necessárias para que sejam sanadas as lesões a preceitos fundamentais da Constituição e isso poderá ser realizado por meio de uma sentença estrutural em sede de (ADPF), cuja ação é subsidiária, de forma que esta ação apenas será cabível, se não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade.
Ex.: na ADPF nº 347, no dia 09/09/2015, reconheceu o estado de coisas inconstitucional do sistema carcerário brasileiro.
c) decisão manipulativa de efeitos aditivos.
Decisão manipulativa de efeitos aditivos - Verifica-se quando o Tribunal declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o texto da lei ou seu âmbito de incidência.
Ex1: ADPF 54, Rel. Min. Marco Aurélio, julgada em 12/4/2012, na qual o STF julgou inconstitucional a criminalização dos abortos de fetos anencéfalos atuando de forma criativa ao acrescentar mais uma excludente de punibilidade – no caso de o feto padecer de anencefalia – ao crime de aborto.
d) decisão manipulativa de efeitos substitutivos.
Decisão manipulativa de efeitos substitutivos - a Corte Constitucional declara a inconstitucionalidade de parte de uma lei (ou outro ato normativo) e, além disso, substitui a regra inválida por outra, criada pelo próprio Tribunal, a fim de que se torne consentânea com a Constituição. Há, neste caso, uma forma de direito judicial, considerando que se trata de um direito criado pelo Tribunal.
Ex: a MP 2183-56 alterou o Decreto-lei nº 3.365/41 e estabeleceu que, no caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, deverá incidir juros compensatórios de até 6% ao ano. Ao julgar ADI contra esta MP, o STF afirmou que esse percentual de 6% era inconstitucional e determinou que este percentual deveria ser de 12% ao ano (ADI 2332, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 05/09/2001).
e) declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade.
Declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade: a Corte Suprema reconhece que a norma é inconstitucional, mas a mantém no ordenamento jurídico até que nova lei seja editada em sua substituição. Isto é, a eficácia da lei fica suspensa até que o legislador se manifeste sobre a situação inconstitucional.
Foi justamente essa última técnica de interpretação que o STF empregou no julgamento conjunto das ADIs 4947, 4963, 4965, 5020, 5028 e 5130. Como visto, a maioria dos ministros acompanhou o voto da Min. Rosa Weber, aqual defendeu que fosse declarada a inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade do parágrafo único do art. 1º da LC 78/93.
Esse pensamento veio a predominar na Corte, em face de o Plenário ter entendido que o afastamento ex tunc do dispositivo impugnado nas ações diretas criaria um vácuo normativo altamente prejudicial à Constituição. Por sinal, este é o cerne da adoção da técnica da declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: evitar que a supressão pura e simples do ato normativo do Poder Público possa gerar um vácuo jurídico (ausência de regra apta a regular a situação normatizada) que se mostra, no caso concreto, bem mais danoso ao texto constitucional que a própria manutenção da norma invalidada. Logo, mediante a declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade, o STF acaba optando pelo raciocínio “dos males, o menor”. A bem dizer, faz menos mal à Constituição a mantença do ato inconstitucional que a sua total exclusão do sistema normativo, dado o risco causado pelo vácuo normativo para a regulação da vida em sociedade.[footnoteRef:5] [5: Disponível em: https://daniellixavierfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/139237073/apontamentos-sobre-a-tecnica-da-declaracao-de-inconstitucionalidade-sem-pronuncia-de-nulidade-no-julgamento-das-normas-sobre-numeros-de-deputados-no-stf; data de acesso: 03/03/2020.] 
Fonte: comentário de SimBoraMeuPovoo (qconcursos) e artigo da internet, no comentário da letra “e”.
2.2 DP-AM (FCC)/2018: Sobre o controle de políticas públicas pelo Poder Judiciário, é correto afirmar que a base teórica que privilegia os princípios, tornando o juiz um agente das transformações sociais, atuando não só na verificação da constitucionalidade da lei formal, mas também na observação das questões materiais relativas às próprias políticas, é conhecida como
a) participação popular.
b) procedimentalismo.
c) separação dos Poderes.
d) judicialismo.
e) substancialismo.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
 II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
 IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
Comentário:
1. INFORMAÇÃO IMPORTANTE
1.1 Especial de natal do Porta dos Fundos de 2019 não pode ter a sua veiculação proibida.
STF/2020, Rcl. 38782, Decisão Monocrática do Ministro Presidente Dias Toffoli, em 09/01/2020: Ao julgar a ADPF 130, o STF deixou claro que a liberdade de expressão é um valor muito caro à democracia e, em razão desse julgamentoo, não pode ser restringida em razão do descontentamento das congregações religiosas com o conteúdo veiculado pelas empresas Porta dos Fundos e Netflix.
2. PERGUNTA DE CONCURSO
2.1 PF/2018 (CESPE): De acordo com o STF, é inconstitucional proibir que emissoras de rádio e TV difundam áudios ou vídeos que ridicularizem candidato ou partido político durante o período eleitoral.
Comentário do Qconcursos sobre a pergunta:
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) declararam inconstitucionais dispositivos da Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) que impediam emissoras de rádio e televisão de veicular programas de humor envolvendo candidatos, partidos e coligações nos três meses anteriores ao pleito, como forma de evitar que sejam ridicularizados ou satirizados
Todos os ministros acompanharam o atual relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, que em seu voto destacou que os dispositivos violam as liberdades de expressão e de imprensa e o direito à informação, sob o pretexto de garantir a lisura e a igualdade nos pleitos eleitorais. 
Não confundir a liberdade de expressão durante o pleito eleitoral com Fake News. Essas podem ser combatidas já que comprometem a lisura do pleito. 
FONTE: STF ( (ADI 4451) -  http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=382174
3. JURISPRUDÊNCIA
3.1 Decisão judicial que proibiu a entrevista com Adélio Bispo não representou restrição à liberdade de manifestação do pensamento, tampouco censura.
A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significa restrição indevida à liberdade de imprensa nem representa censura prévia. Logo, essa decisão não configura ofensa ao entendimento firmado pelo STF na ADPF 130, que julgou não recepcionada a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67). A decisão judicial impediu a entrevista com o objetivo de proteger as investigações e evitar possíveis prejuízos processuais, inclusive quanto ao direito ao silêncio do investigado. Além disso, a decisão teve como finalidade proteger o próprio custodiado, que autorizou a entrevista, mas cuja sanidade mental era discutível na época, tendo sido, posteriormente, declarado inimputável em razão de “transtorno delirante persistente”. 
STF. 1ª Turma. Rcl 32052 AgR/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).
 V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
COMENTÁRIO:
É possível que o magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença condenatória nos mesmos veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa à honra.
O direito à retratação e ao esclarecimento da verdade possui previsão na Constituição da República e na Lei Civil, não tendo sido afastado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF 130/DF. O princípio da reparação integral (arts. 927 e 944 do CC) possibilita o pagamento da indenização em pecúnia e in natura, a fim de se dar efetividade ao instituto da responsabilidade civil. Dessa forma, é possível que o magistrado condene o autor da ofensa a divulgar a sentença condenatória nos mesmos veículos de comunicação em que foi cometida a ofensa à honra, desde que fundamentada em dispositivos legais diversos da Lei de Imprensa. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.866-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/02/2019 (Info 642).
 VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
É constitucional lei estadual que permite o sacrifício de animais em cultos de religiões de matriz africana.
Lei estadual de proteção animal que, com o propósito de resguardar o direito a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana.
STF, Plenário. RE 494601/RS, rel. ori. Min. Marco Aurélio. Red p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 28/03/2019 (Info 935)
 VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
 VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
COMENTÁRIO:
A Lei nº 13.796/2019 acrescentou o art. 9º-A à LDB e regulamentou o inciso em comento para permitir que alunos de instituições de ensino possam ausentar-se de aula ou prova marcada para dia em que, por motivos religiosos, o discente não pode estar presente. 
Sobre o tema, há julgado antigo do STF (2009) no qual a Suprema Corte, em apreciação de pedido de suspensão de tutela antecipada, rejeitou o pedido de alunos judeus para que a prova de sábado do ENEM fosse remarcada para as pessoas com esta confissão religiosa. Argumentou-se, na ocasião, que marcar uma data especial para alunos de uma religião em específico ofende o princípio da isonomia (STF/2009, STA 389 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes).
Em São Paulo, existe a Lei estadual nº 12.142/2005 aqual impede a realização de concursos públicos ou seleções para vestibulares em universidades públicas e privadas no horário das 08h às 18h do sábado quando algum candidato alegue impossibilidade de comparecimento por convicção religiosa.
Tramita no STF a ADI 3714 que tem o propósito de discutir a constitucionalidade dessa norma estadual. Aguardemos o resultado
 IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
COMENTÁRIO:
1. INFORMAÇÃO IMPORTANTE
1.1 Existe diferença entre intimidade e vida privada?
- Nathalia Masson afirma que o constituinte fez, de forma intencional, menção à intimidade e à vida privada como expressões distintas, mas reconhece que, em doutrina, há quem entenda serem palavras sinônimas (Uadi Bulos, por exemplo). Segundo a estudiosa, intimidade e vida privada seriam espécies do gênero privacidade e a última seria mais abrangente que a primeira[footnoteRef:6]. [6: MASSON, Nathália. Manual de Direito Constitucional. 7ªed. Salvador: Juspodvm, 2019. Pags. 261-262
] 
Como exemplo de intimidade, sustenta a autora que a leitura do diário de uma pessoa revela violação à sua intimidade na medida em que esta consiste no direito que todo sujeito tem de manter ocultos de outras pessoas determinados fatos de sua vida, ainda que se tratem de pessoas próximas ou familiares. Por sua vez, a faceta da privacidade que não pretende proteger confidências de uma pessoa, mas que está relacionada aos seus hábitos de vida e dados pessoais (como os sigilo bancário e fiscal) está relacionada à vida privada.
1.2 Direito ao esquecimento.
- A menção ao direito ao esquecimento é um desdobramento da análise jurídica desse inciso constitucional. Tal discussão se refere ao direito de impedir que um fato, ainda que verídico, seja relembrado e massivamente exposto ao público tempos depois de ocorrido, causando ao sujeito dor, sofrimento, prejuízo moral e, em se tratando de fatos criminosos, impossibilidade ou dificuldade de ressocialização.
- No famoso caso Lebach, o Tribunal Constitucional Alemão aplicou o direito ao esquecimento como um desdobramento da dignidade da pessoa humana. O assassinato de soldados de Lebach é um episódio de homicídio bastante repercutido e evento histórico da Alemanha. 
Ocorre que, muitos anos após o acontecimento, foi produzido um filme no qual um dos assassinos era retratado e tinha seu nome exibido na película. Este sujeito ingressou com ação judicial para ver retirada a menção ao seu nome porque entendeu que a exposição do seu crime, muitos anos depois do ocorrido, comprometia severamente a sua ressocialização.
Ao julgar o caso, o Tribunal Constitucional Alemão reconheceu existir conflito entre a liberdade de expressão na exposição de fato histórico e o direito do retratado em não ser eternamente exposto publicamente em razão do evento. A decisão foi no sentido de que a divulgação, tempos depois, de notícia sobre o fato, ainda que verdadeiro, é ilegítima, pois se mostrou apta a provocar danos graves e adicionais ao autor, sobretudo por dificultar a sua ressocialização após o crime.
- Por outro lado, é importante salientar que o direito ao esquecimento, decorrência implícita do direito à privacidade (CF, art. 5º, X, e CC, art. 21) e da dignidade humana (CF, art. 1º, III), vai além da exposição de fatos relacionados a infrações penais. Outros acontecimentos públicos, que repercutiram na sociedade anos atrás, podem ser objeto de referido direito, de forma que a pessoa envolvida tem a prerrogativa de pleitear que seu nome e a sua imagem não sejam eternamente vinculados e expostos massivamente em razão dos fatos.
- O direito ao esquecimento já foi enfrentado algumas vezes na jurisprudência do STJ e do STF. O STJ tem julgados que prestigiam o direito ao esquecimento em detrimento do direito à informação em alguns precedentes, mas, em outros tantos, realiza uma ponderação/conciliação entre os direitos colidentes[footnoteRef:7]. [7: REsp. 1.335.153-RJ e REsp. 1.335.153, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 28/05/2013)] 
- A discussão, em matéria penal, sobre os maus antecedentes também tem a ver com o direito ao esquecimento. Existe divergência doutrinária e jurisprudencial acerca do da controvérsia de os crimes cometidos para além dos últimos 5 (cinco) anos poderem ser considerados maus antecedentes ou se é direito do condenado ver “esquecida” a prática dessas infrações penais.
Há repercussão geral reconhecida na matéria e o STF, em breve, irá decidir definitivamente a controvérsia. Aguardemos
2. JURISPRUDÊNCIA
2.1 Excepcionalmente, é possível que o Judiciário determine o rompimento do vínculo estabelecido por sites de busca entre o nome da pessoa, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia desabonadora apontada nos resultados.
Determinada pessoa se envolveu em uma suspeita de fraude há mais muitos anos, tendo sido inocentada das acusações.
Ocorre que todas as vezes que digita seu nome completo no Google e demais provedores de busca, os primeiros resultados que aparecem até hoje são de páginas na internet que trazem reportagens sobre seu suposto envolvimento com a fraude.
Diante disso, ela ingressou com ação de obrigação de fazer contra o Google pedindo a desindexação, nos resultados das aplicações de busca mantida pela empresa, de notícias relacionadas às suspeitas de fraude no referido concurso. Invocou, como fundamento, o direito ao esquecimento.
O STJ afirmou o seguinte: em regra, os provedores de busca da internet (ex: Google) não têm responsabilidade pelos resultados de busca apresentados. Em outras palavras, não se pode atribuir a eles a função de censor, obrigando que eles filtrem os resultados das buscas, considerado que eles apenas espelham o conteúdo que existe na internet. A pessoa prejudicada deverá direcionar sua pretensão contra os provedores de conteúdo (ex: sites de notícia), responsáveis pela disponibilização do conteúdo indevido na internet.
Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a intervenção pontual do Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos provedores de busca, entre dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para interesse público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do tempo.
Nessas situações excepcionais, o direito à intimidade e ao esquecimento, bem como a proteção aos dados pessoais deverá preponderar, a fim de permitir que as pessoas envolvidas sigam suas vidas com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador corriqueiramente rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca.
No caso concreto, o STJ determinou que deveria haver a desvinculação da pesquisa com base no nome completo da autora com resultados que levassem às notícias sobre a fraude. Em outras palavras, o STJ afirmou o seguinte: o Google não precisa retirar de seus resultados as notícias da autora relacionadas com a suposta fraude no concurso. Mas para que esses resultados apareçam será necessário que o usuário faça uma pesquisa específica com palavras-chaves que remetam à fraude. Por outro lado, se a pessoa digitar unicamente o nome completo da autora, sem qualquer outro termo de pesquisa que remete à suspeita de fraude, não se deve mais aparecer os resultados relacionados com este fato desabonador.
Assim, podemos dizer que é possível determinar o rompimento do vínculo estabelecido por provedores de aplicação de busca na internet entre o nome de prejudicado, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia apontada nos resultados.
O rompimento do referido vínculo sem a exclusão da notícia compatibiliza também os interesses individual do titular dos dados pessoais e coletivo de acesso à informação, na medida em que viabiliza a localização das notícias àqueles que direcionemsua pesquisa fornecendo argumentos de pesquisa relacionados ao fato noticiado, mas não àqueles que buscam exclusivamente pelos dados pessoais do indivíduo protegido.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 628).
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015)   (Vigência)
COMENTÁRIO:
1. JURISPRUDÊNCIA
1.1STF/2008, Inq. 2424/RJ: Escritório de advocacia que, durante o dia, estava constantemente vazio não tem a proteção constitucional da inviolabilidade domiciliar. Portanto, é possível que seja determinada diligência judicial no período noturno em suas dependências.
1.2 É necessário apresentar justificativa idônea posteriormente quando se realiza entrada forçada em domicílio, no período noturno, sob a alegação de que, na localidade, ocorre situação de flagrância delitiva.
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. 
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806).
1.3 Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia.
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial. 
STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666). 
STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623).
2. INFORMAÇÃO IMPORTANTE
2.1 Invasão de domicílio na nova lei de abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019, art. 22)
Art. 22.  Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º  Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º  Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)
COMENTÁRIO:
1. JURISPRUDÊNCIA
1.1 Autorizada a busca e apreensão de computador, é permitido o acesso dos e-mails que se encontram baixados no aparelho.
STF/2016, 1ª Turma, RHC 132062/RS, Info 849: Não há violação do sigilo de correspondência eletrônica se o magistrado autoriza a apreensão e perícia de computador e nele estão armazenados os e-mails do investigado que, então, são lidos e examinados. A proteção a que se refere o art. 5º, XII, da CF/88 é da ‘comunicação de dados’ e não dos ‘dados em si mesmos’, ainda quando armazenados em computador. 
1.2 É possível o compartilhamento, sem autorização judicial, dos relatórios de inteligência financeira da UIF e do procedimento fiscalizatório da Receita Federal com a Polícia e o Ministério Público.
1. É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional.
 2. O compartilhamento pela UIF e pela RFB, referente ao item anterior, deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de eventuais desvios. 
STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990) (Info 962).
2. INFORMAÇÃO IMPORTANTE
2.1 Mutação constitucional para englobar as comunicações telemáticas.
 Há doutrina sustentando que o presente dispositivo constitucional sofreu mutação para abranger na norma o sigilo das comunicações telemáticas.
2.2 O sigilo das comunicações telegráficas e telefônicas não é absoluto.
Durante a vigência do estado de defesa ou do estado de sítio tais garantias fundamentais podem ser restringidas (CF, arts. 136, §1º, I, c e 139, III).
2.3 Todas as interceptações telefônicas decretadas antes da vigência da Lei nº 9.296/1996 são inválidas.
STF: O art. 5º, XII, é norma constitucional de eficácia limitada, isto é, somente a partir da vigência da Lei nº 9.296/1996 se afigurou juridicamente possível a decretação da interceptação telefônica. Portanto, todas as interceptações telefônicas realizadas em período anterior são nulas, ainda que tenham sido deferidas por ordem judicial.
2.4 Prova oral DP (CESPE)/2018:
Considere a seguinte situação hipotética: Um policial, ao proceder à prisão em flagrante do autor de crime de estelionato, apreendeu aparelho celular que estava em posse do acusado e analisou os últimos registros telefônicos da agenda telefônica, para compará-los com os constantes na agenda telefônica do aparelho celular de outra pessoa que havia sido presa na mesma operação. Nessa situação, o policial agiu de acordo com a legislação pertinente? Justifique sua resposta, considerando o posicionamento do STF.
Resposta esperada:
(1) Não há ilegalidade na atuação do policial, posto que não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. De fato, não se pode interpretar a cláusula de inviolabilidade das comunicações telefônicas (art. 5º, XII, da CF) no sentido de proteção aos dados registrados no aparelho, na condição de depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados.
(2) É dever da autoridade policial proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal. Assim, ao realizar a pesquisa na agenda telefônica dos aparelhos devidamente apreendidos, considerado como meio material indireto de prova, a autoridade policial cumpriu o seu mister, na medida em que colheu os elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito. Nesse sentido, eis uma decisão do STF para corroborar o entendimento:
HABEAS CORPUS. NULIDADES: (1) INÉPCIA DA DENÚNCIA; (2) ILICITUDE DA PROVA PRODUZIDA DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL; VIOLAÇÃO DE REGISTROS TELEFÔNICOS DO CORRÉU, EXECUTOR DO CRIME, SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL; (3) ILICITUDE DA PROVA DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS DE CONVERSAS DOS ACUSADOS COM ADVOGADOS, PORQUANTO ESSAS GRAVAÇÕES OFENDERIAM O DISPOSTO NO ART. 7º, II, DA LEI 8.906/96, QUE GARANTE O SIGILO DESSAS CONVERSAS. VÍCIOS NÃO CARACTERIZADOS. ORDEM DENEGADA. 
(...)
 2. Ilicitude da prova produzida durante o inquérito policial - violação de registros telefônicos de corréu, executor do crime, sem autorização judicial. 2.1 Suposta ilegalidade decorrente do fato de os policiais,após a prisão em flagrante do corréu, terem realizado a análise dos últimos registros telefônicos dos dois aparelhos celulares apreendidos. Não ocorrência. 2.2 Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive, proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral. A proteção constitucional é da comunicação de dados e não dos dados. 2.3 Art. 6º do CPP: dever da autoridade policial de proceder à coleta do material comprobatório da prática da infração penal. Ao proceder à pesquisa na agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito (dessa análise logrou encontrar ligações entre o executor do homicídio e o ora paciente). Verificação que permitiu a orientação inicial da linha investigatória a ser adotada, bem como possibilitou concluir que os aparelhos seriam relevantes para a investigação. (...)
(STF - HC: 91867 PA, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 24/04/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-185 DIVULG 19-09-2012 PUBLIC 20-09-2012)
2.5 Em regra, a gravação clandestina é lícita e pode ser utilizada, inclusive, em prejuízo do acusado no processo penal.
PROVA. Criminal. Conversa telefônica. Gravação clandestina, feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro. Juntada da transcrição em inquérito policial, onde o interlocutor requerente era investigado ou tido por suspeito. Admissibilidade. Fonte lícita de prova. Inexistência de interceptação, objeto de vedação constitucional. Ausência de causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. Meio, ademais, de prova da alegada inocência de quem a gravou. Improvimento ao recurso. Inexistência de ofensa ao art. 5º, incs. X, XII e LVI, da CF. Precedentes. Como gravação meramente clandestina, que se não confunde com interceptação, objeto de vedação constitucional, é lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo quando se predestine a fazer prova, em juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou.
(STF - RE: 402717 PR, Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 02/12/2008, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-030 DIVULG 12-02-2009 PUBLIC 13-02-2009 EMENT VOL-02348-04 PP-00650)
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
COMENTÁRIO:
1. JURISPRUDÊNCIA 
1.1 Inconstitucionalidade de lei estadual que exige cadastro em empresa privada e pagamento de taxa para que o pescador possa exercer a sua profissão.
É inconstitucional lei estadual que exija que o pescador, para exercer sua atividade, cadastre-se em entidade privada (Federação de Pescadores) que cobra taxa por essa fiscalização. 
STF. Plenário. ADI 3829/RS, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/4/2019 (Inf 937). 
1.2 É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
O crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, tipificado no art. 302 do CTB, prevê, como uma das penas aplicadas, a “suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.” Se o réu que praticou este crime é motorista profissional, ele pode, mesmo assim, receber essa sanção ou isso violaria o direito constitucional ao trabalho? Não viola. O condenado pode sim receber essa sanção, ainda que se trate de motorista profissional. É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito. O direito ao exercício de atividades profissionais (art. 5º, XIII) não é absoluto e a restrição imposta pelo legislador se mostra razoável. 
STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020 (repercussão geral – Tema 486) (Info 966).
2. PERGUNTA DE CONCURSO
2.1CRN- SP e MS-, Advogado/2019: O art. 5° da Constituição Federal apresenta um rol de direitos e deveres individuais e coletivos; em especial, o inciso XIII dispõe que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Por sua vez, a profissão de nutricionista é regulamentada pela Lei n°8.234/1991, que apresenta, no respectivo bojo legal, uma série de competências privativas. A respeito do referido assunto e do atual entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), é correto afirmar que o inciso XIII é norma constitucional de eficácia:
a) contida, e o rol de atividades privativas foi declarado inconstitucional pelo STF, dado que nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionados ao cumprimento de condições legais para o respectivo exercício. A regra é a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade é que pode ser restringido (errado!).
b) contida, e o rol de atividades privativas foi declarado pelo STF como constitucional, respeitado o âmbito de atuação profissional das demais profissões regulamentadas.
Fundamento: 
Comentário do qconcursos (colega Lucas Barreto):
 A questão foi discutida na ADI 803, na qual a Procuradoria-Geral da República sustentou que a expressão “privativas” (contida no caput do artigo 3º da Lei 8.234/1991, que regulamenta a profissão de nutricionista) seria incompatível com o art. 5º, inciso XIII, da Constituição Federal, que assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações estabelecidas em lei relacionadas com a habilitação técnica pertinente. Além disso, a PGR salientou que o dispositivo exclui outras categorias profissionais – como técnicos de nutrição e médicos bioquímicos – do exercício de atribuições compatíveis com sua formação curricular, restringido com isso sua liberdade de trabalho.
Apesar disso, a maioria dos Ministros entendeu que a profissão de nutricionista requer conhecimentos técnicos e científicos para o desempenho de suas funções, o que levava à possibilidade de se reservar atividades de forma privativa para essa categoria profissional. Por isso, considerou que o termo “privativo” constante da norma não é inconstitucional, desde que respeitado o âmbito de atuação profissional regulamentada por legislações específicas de outras profissões.
Nesse sentido:
Ação direta de inconstitucionalidade. Lei 8.234, de 17 de setembro de 1991. Expressão "privativas" contida no caput do art. 3º. Profissão de nutricionista. Constitucionalidade. Atividades eminentemente técnicas que não se confundem com as desempenhadas por profissionais de nível médio. Ressalva quanto a outras categorias, tais como nutrólogos, bioquímicos e gastroenterologistas. Inexistência de restrição ao exercício de trabalho, ofício ou profissão em desconformidade com a Constituição. 
[ADI 803, rel. min. Gilmar Mendes, j. 28-9-2017, P, DJE de 23-11-2017.]
 XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
 XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
 XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
 XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedadaa interferência estatal em seu funcionamento;
 XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
 XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
 XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
COMENTÁRIO:
1. JURISPRUDÊNCIA
1.1 Jurisprudências importantíssimas sobre a legitimidade das associações nas ações coletivas.
1.1.1 As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados.
STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2019.
1.1.2 As associações de classe atuam como representantes processuais, sendo obrigatória a autorização individual ou assemblear dos associados - STF, RE 573.232. 
Esse entendimento, todavia, não se aplica na hipótese de a associação buscar em juízo a tutela de interesses ou direitos difusos - art. 82, IV, do CDC.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1335681/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/02/2019.
1.1.3 Por se tratar do regime de substituição processual, a autorização para a defesa do interesse coletivo em sentido amplo é estabelecida na definição dos objetivos institucionais, no próprio ato de criação da associação, sendo desnecessária nova autorização ou deliberação assemblear.
As teses de repercussão geral resultadas do julgamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC tem seu alcance expressamente restringido às ações coletivas de rito ordinário, as quais tratam de interesses meramente individuais, sem índole coletiva, pois, nessas situações, o autor se limita a representar os titulares do direito controvertido, atuando na defesa de interesses alheios e em nome alheio.
STJ. 3ª Turma. REsp 1649087/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/10/2018.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1719820/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/04/2019.
2. INFORMAÇÃO IMPORTANTE
2.1 As associações precisam de autorização específica dos associados para ajuizar ação coletiva[footnoteRef:8]? [8: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/219c507b38ddfc07899fc1f01ff40c44>. Acesso em: 31/03/2020
] 
1) Ação coletiva de rito ordinário proposta pela associação na defesa dos interesses de seus associados: SIM
O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses dos associados.
As balizas subjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial.
STF. Plenário. RE 573232/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 14/5/2014 (repercussão geral) (Info 746).
 
2) Ação civil pública (ação coletiva proposta na defesa de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos): NÃO
As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados.
STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2019.
 XXII - é garantido o direito de propriedade;
COMENTÁRIO: 
É inconstitucional lei estadual que crie hipóteses de isenção de pagamento de direitos autorais fora do rol trazido pela Lei federal nº 9.610/98.
É inconstitucional lei estadual que isenta entidades filantrópicas de recolher as taxas de retribuição autoral arrecadadas pelo ECAD. A lei estadual que cria novas hipóteses de não recolhimento de direitos autorais não previstas na Lei federal usurpa a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, direito de propriedade e para estabelecer regras de intervenção no domínio econômico (art. 22, I, da CF/88). Além disso, essa lei estadual retira dos autores das obras musicais o seu direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução das obras ou do reconhecimento por sua criação, afrontando o art. 5º, XXII e XXVII, da CF/88. 
STF. Plenário. ADI 5800/AM, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/5/2019 (Info 939).
 XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
TABELA[footnoteRef:9] [9: Tabela extraída do material do Dizer o Direito e Legislação Destacada] 
89
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; - REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA
 XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Comentário:
Deve-se tomar cuidado com o dispositivo. Apenas a pequena propriedade rural é impenhorável, segundo a Constituição Federal, MESMO QUE O IMÓVEL NÃO SIRVA DE MORADIA PARA A FAMÍLIA. Por outro lado, nos termos da própria CF, art. 185, I, a pequena e a MÉDIA propriedades rurais não podem ser desapropriadas para fins de reforma agrária.
 XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
 XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
 a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
 b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
 XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
 XXX - é garantido o direito de herança;
 XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; - DEFESA DO CONSUMIDOR É PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔMICA 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;            (Regulamento)            (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
 XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
COMENTÁRIO:
DP-RS (FCC)/2014: Quando negada por uma repartição pública uma certidão que se faz necessária para a defesa de direitos pessoais é cabível a impetração de mandado de segurança (correta)!.
Vanessa IPD (qconcursos) explica:
Segundo Alexandre de Moraes em Direito Constitucional (2014: pág. 160):

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