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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA! Prezado(a) estudante, Bem-vindo(a) à disciplina Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional! Neste percurso, temos o objetivo geral de compreender o processo de desenvolvimento regional, da sua concepção às políticas públicas de desenvolvimento. O entendimento desse caminho da gestão pública em busca do desenvolvimento, e de como se dá esse processo, é componente fundamental à sua formação acadêmica e profissional. Assim, vamos estudar os seguintes conteúdos: Unidade I: Políticas públicas ● Conceito e características; ● Tipos. Unidade II: A dinâmica das políticas públicas ● Atores envolvidos; ● O ciclo e suas fases; ● Avaliação. Unidade III: Desenvolvimento econômico ● Correntes teóricas clássicas; ● Teorias Latino-americanas; ● Teorias contemporâneas sobre Desenvolvimento Regional; ● Apontamentos teóricos sobre o Desenvolvimento Sustentável. Unidade IV: Desenvolvimento regional contemporâneo ● Características de políticas públicas de desenvolvimento; ● Diversidade regional como potencialidade. Unidade V: Estratégias e ações para o Desenvolvimento Regional ● Breve percurso histórico; ● Políticas Públicas de desenvolvimento endógeno no Brasil; ● Distritos industriais – Arranjos Produtivos Locais – APL. Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Unidade VI: Questões regionais do desenvolvimento Desenvolvimento regional e APLs. APLs em Rondônia. A disciplina está organizada em seis unidades temáticas, duas atividades de percurso, uma avaliação regular e, se necessário, um exame final. Faça todas as leituras indicadas, estude e realize as atividades no período determinado, conforme o calendário acadêmico. Desejo a você um ótimo estudo! Professor Carlo Filipe E. Raimundo UNIDADE I: POLÍTICAS PÚBLICAS Prezado(a) estudante, Nesta unidade temática, faremos uma introdução ao estudo das políticas públicas, seu conceito, seus tipos e sua avaliação; porém, antes de qualquer coisa, é fundamental compreender o motivo e o contexto de sua existência. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: ● Conceituar política pública; ● Explicar o motivo de sua existência e as suas características; ● Explicar os tipos de políticas públicas. Bons estudos! https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 1.1 Conceito e características Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e, principalmente, das formas de difusão de informações com as chamadas mídias sociais, uma crescente parcela da sociedade passou a ter um espaço na gestão pública, que antes não tinha. Uma possibilidade maior de participação e/ou monitoramento na gestão dos recursos públicos, na elaboração e implantação das políticas públicas diversas, seja de saúde, de educação, de finanças ou de desenvolvimento. Tais políticas ganharam grande visibilidade a partir do esgotamento do modelo Keynesiano no final do século XX, ou de “bem-estar social” (wellfare state), com as políticas restritivas de gastos que passaram a reger as políticas econômicas dos países capitalistas, no advento do neoliberalismo. A partir daí, o conhecimento sobre o processo decisório, a implementação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas ganharam mais importância e visibilidade. Como as ações do poder público são centralizadas e pouco transparentes, é fundamental compreender o funcionamento do planejamento do setor público, visto que suas políticas afetam todos os cidadãos do país. Para amadurecimento da democracia, a participação da sociedade no monitoramento e na avaliação da gestão pública é fundamental. As responsabilidades e as funções dos gestores públicos resumem-se em promover o bem-estar da sociedade, que está relacionado a ações bem planejadas e executadas em todas as áreas, como saúde, educação, meio ambiente, habitação, assistência social, lazer, transporte e segurança, contemplando a qualidade de vida como um todo. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ https://www.politize.com.br/democracia-o-que-e/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ A política pública como área do conhecimento foi desenvolvida nos Estados Unidos da América (EUA) no decorrer do século XX, quando autores como Harold D. Lasswell (1956), Herbert Simon (1957), Charles Lindblom (1959), David Easton (1984) e Thomas Dye (1984), dentre outros, desenvolveram o arcabouço teórico da política pública, junto aos fatores internos e externos. A definição instituída por Thomas Dye (1984) parece simplista, porém é extremamente profunda quando define política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 15). Exatamente porque quando um governo não faz nada em relação a alguma questão de sua responsabilidade, algum motivo tem para isso, ou seja, certamente foi uma ação (não ação/omissão) planejada. Segundo os mesmos autores (2015, p. 16): A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações para produção de resultados ou mudanças no mundo real. Assim, pode se entender como políticas públicas um conjunto de ações tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) que visem aplicar ou implementar medidas de responsabilidade pública relacionadas aos atores externos, ou seja, as diversas camadas da sociedade protegidas pela Constituição federal em seus direitos constitucionais, desde que cumpram com seus deveres e suas responsabilidades constitucionais. Estas ações do poder público são direcionadas a questões e públicos específicos, de acordo com as necessidades de cada nação e de cada região, https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ principalmente em países continentais como o nosso. Dessa forma, no âmbito político, as políticas públicas são parte de grande conflito de interesses, pois são diversos atores organizados em grupos com interesses opostos, que pressionam o Estado para que execute políticas públicas que lhes favoreçam, como por exemplo alterações na política fiscal e tributária; beneficiando os setores de importação ou exportação, favorecendo o agronegócio em detrimento da indústria nacional, que perderia mercado para os produtos importados, gerando desemprego e redução no investimento interno. Percebam que uma determinada política que favorece uns, prejudica outros, e por isso o equilíbrio nas ações é uma das tarefas mais difíceis para o gestor público. Estas ações podem se dar por meio de projetos e programas realizados pelos governos, que podem ser políticas de Estado ou de governo. É fundamental compreender essa diferença, em que a política de Estado independe do governo ou governante que estiver como gestor, pois é garantida pela Constituição; enquanto a política de governo só ocorre durante um governo específico, pois cada governante costuma ter seus projetos específicos apresentados na campanha e de interesse de um público determinado, como a questão das armas, por exemplo. As políticas públicas podem ser de cunho social (educação, saúde, previdência, assistência etc.), econômico (fiscal, tributária, cambial etc.), de infraestrutura (pavimentação de estradas e privatização de portos e aeroportos) etc.; porém, é fundamental perceber que tudo está interligado, conectado, pois políticas sociais e de infraestrutura têm efeito no desempenhoeconômico de qualquer nação ou região, e vice-versa. Assim, “políticas públicas repercutem https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ na economia e na sociedade, daí porque qualquer teoria da política pública precisa também explicar as inter-relações entre o Estado, política, economia e sociedade” (HOCHMAN, ARRETCHE & MARQUES, 2007, p. 69). Portanto, ao pensar nas diferenças entre políticas públicas, sejam políticas econômicas ou sociais, tenhamos clareza de que ambas são parte de um campo multidisciplinar com objetivos e focos diferentes. Ações públicas destinadas a atores permanentemente em conflito que, defendendo seus interesses, utilizarão de todos os meios e instrumentos necessários para inserir seus interesses na agenda do governo, que passará a tratá-lo como um “problema público”. Esse entendimento dos governos surge a partir da pressão dos atores externos (grupos organizados de interesse) por meio de suas representações nos poderes legislativos com as “bancadas” e o “lobismo” (lobby). 1.2 Tipos de Política Pública É fundamental compreender que as políticas públicas executadas por um determinado governo vão determinar a dinâmica política daquela nação ou região. “Isso dependerá do tipo de política pública que está em jogo, com isso poderá haver o reequilíbrio das forças ou reorganização dos jogos, conflitos e coalizões necessárias” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 19). Por isso, segundo os autores, uma das maiores contribuições do teórico Theodore J. Lowi (1972) foi chamar a atenção para o reconhecimento do tipo de política pública implementado (regulatória, distributiva, redistributiva e constitutiva), pois impacta diretamente o processo político de gestão pública. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Política Regulatória: atua na regulação de serviços de utilidade pública, como nossas agências reguladoras (ANA, ANATEL, ANEL, ANVISA etc.). Política Distributiva: benefícios destinados a públicos específicos, como a previdência social, com custos distribuídos para toda sociedade por meio de impostos. Política Redistributiva: realizada por meio de, por exemplo, benefícios fiscais que visam impulsionar ou beneficiar setores específicos como indústrias, empreiteiras, bancos etc. Quando o governo deixa de arrecadar de um lado para beneficiar um setor específico, precisará aumentar os impostos em outros setores, se não a conta não fecha. Assim, os autores frisam que “o embate e a barganha são fundamentais para determinar quem serão os ganhadores e perdedores” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 21). Políticas Constitutivas: são políticas que definem a linha de trabalho de cada governo, seu foco principal, ou objetivo geral. No caso do Brasil, tivemos governos focados na economia, no equilíbrio fiscal e ajuste monetário; e outros já mais focados nas questões sociais e redução da pobreza e da desigualdade; cada um agindo de acordo com as circunstâncias e necessidades do momento. É importante frisar que sempre haverá conflito de interesses entre os diversos atores da sociedade por benefícios, direitos e/ou justiça por parte dos agentes públicos, que de acordo com a meta estabelecida deve manter políticas estruturantes em prol do benefício de toda a população, como políticas educacionais, de saúde e de infraestrutura; e da mesma forma https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ fomentar o desenvolvimento econômico com políticas de incentivo (fiscais e monetárias). Concomitantemente, todos os atores vão se fortalecendo e pressionando o Estado de maneira mais justa em busca de benefícios que atendam todos os cidadãos, independentemente de sua classe social. Artigo: AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. Para complementar seus conhecimentos sobre o tema, assista o vídeo O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? Leonardo Secchi. <https://www.youtube.com/watch?v=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize%21>. Veremos a seguir aspectos da dinâmica das políticas públicas, como seus atores, fases e formas de avaliação. REFERÊNCIAS AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. HOCHMAN, G. ARRETCHE, M. MARQUES, E. Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 398 P. ISBN 978-85-7541-350-0. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ file:///C:/Users/Filipe%20Raimundo/AppData/Local/Temp/Rar$DIa9608.34189/O%20QUE%20SÃO%20POLÍTICAS%20PÚBLICAS%3f%20Leonardo%20Secchi.%20%3chttps:/www.youtube.com/watch%3fv=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize! file:///C:/Users/Filipe%20Raimundo/AppData/Local/Temp/Rar$DIa9608.34189/O%20QUE%20SÃO%20POLÍTICAS%20PÚBLICAS%3f%20Leonardo%20Secchi.%20%3chttps:/www.youtube.com/watch%3fv=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize! Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ UNIDADE II: A DINÂMICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS Prezado(a) estudante! Nesta unidade, falaremos sobre a dinâmica das políticas públicas, como se operacionalizam de fato. Conheceremos os atores envolvidos no processo, suas fases e formas de avaliação. O objetivo é que, ao final desta unidade, você possa: ● Descrever os atores do processo e suas funções; ● Explicar as fases do processo; ● Descrever as formas de avaliação das políticas públicas. Bons estudos! 2.1 Os atores envolvidos nas Políticas Públicas Podemos inferir que o Estado seja o protagonista no processo de planejamento e execução das políticas públicas, devido ao seu poder e à sua autonomia, garantidos pela Constituição. Porém, sabemos que suas decisões são tomadas a partir de pressões externas, o que nos leva a crer que atores externos participem, junto ao protagonista, de todo o processo de decisão, com mais ou menos poder de influência. O grau dessa “autonomia relativa” do Estado depende “de muitos fatores e dos diferentes momentos históricos de cada país” (HOCHMAN, ARRETCHE & MARQUES, 2007, p. 72). Os autores frisam que: Apesar do reconhecimento de que outros segmentos que não os governos se envolvam na formulação de políticas públicas e no seu processo, tais como grupos de interesse e os movimentos sociais, cada qual com maior ou menor influência a depender do tipo de https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ política formulada e das coalizões que integram o governo, e apesar de argumentarem que o papel dos governos tem sido escolhido por fenômenos como a globalização, a diminuição da capacidade dos governos de intervir, formular políticas públicas e de governar não está empiricamente comprovada. (HOCHMAN, ARRETCHE & MARQUES, 2007, p. 72). Ainda que sofra pressões de lados diversos (e opostos), e que tenha limitações impostas pela conjuntura econômica e política de um período determinado, a capacidade de formular e executar políticas públicas, por mais complexas que sejam, permanece competência do Estado, único ator capaz e competente para cumprir esse papel. Segundo Reinaldo Dias e Fernanda Matos(2012, p. 44), os atores em políticas públicas podem ser divididos nas seguintes categorias: Atores fundamentais: são os políticos e a alta equipe administrativa (chefes do executivo, seus ministros, secretários etc.). Partidos Políticos: os de situação, oposição e centro (flutuantes). Equipes de governo: assessores nomeados indicados por políticos. Corpo técnico: funcionários de carreira responsáveis por gerir a máquina burocrática. Juízes: representantes do poder judiciário. Mídia: veículos de comunicação de massa (rádio, TV e internet). Empresas: das pequenas às transnacionais, que exercem forte pressão em busca de seus interesses. Sindicato e associações profissionais: representação profissional, com interesses, comumente, opostos aos das empresas (no que se refere às condições de trabalho, à remuneração etc.). https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Organizações do terceiro setor: não governamentais (ONG’s), filantrópicas e fundações em geral. Atores do conhecimento: centros de estudos e pesquisa vinculados aos demais atores do processo, que necessitam de argumentos (comprovados cientificamente ou não) para defender seus interesses. Grupos de pressão: lobismo e bancadas diversas que pressionam o governo na defesa de seus interesses. Movimentos sociais: movimentos organizados com objetivos específicos. Associações comunitárias: sociedade civil organizada que representam uma localidade e/ou público específico (associações de bairro, região, quilombolas, ribeirinhos, agricultores etc.). Todos citados acima têm suas funções e seus interesses específicos dentro da dinâmica de planejamento e de execução das políticas públicas diversas, exercendo sua força de sensibilização, convencimento e pressão. 2.2 O ciclo e as fases das Políticas Públicas Esse chamado “ciclo” da política pública é como sua linha temporal, como se dá todo o processo, da concepção, da elaboração à execução e da avaliação. “É uma forma de visualizar e interpretar a política pública em fases e sequências organizadas de maneira interdependente (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 23). Os autores esquematizam esse ciclo em seis fazes, sendo elas: 1. PROBLEMA: o problema público pode ser súbito, como um acidente ambiental; ou pode ocorrer ao longo de um determinado período, https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ ganhando importância aos poucos até se tornar grave; ou também pode estar presente na sociedade que, dependendo de seu grau de acomodação, se acostuma com ele. 2. AGENDA: é justamente onde o problema público deve entrar, e para que isso aconteça os grupos de interesse devem pressionar o legislativo para serem contemplados. Os autores frisam que “Estar na agenda política não significa resolver o problema. A dificuldade de manter um problema reconhecido enquanto público é um exercício contínuo” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 26). Um contínuo exercício de pressão e representação, um exercício político. 3. ALTERNATIVAS: pode ser entendida como a formulação de alternativas para tratamento do problema, onde são elaboradas as estratégias de ação por meio de projetos, programas ou ações pontuais com duração específica. 4. TOMADA DE DECISÃO: os autores frisam que nessa fase chega-se a um equilíbrio entre os atores de pressão na fase anterior, quando as alternativas são analisadas e lapidadas, até se pensar na melhor maneira possível, podendo ocorrer adequações entre os problemas e as soluções apresentadas. 5. IMPLEMENTAÇÃO: segundo os autores, essa fase é bastante complexa pois pode esbarrar em barreiras/entraves técnicos e/ou administrativos. Falhas na formulação e/ou na implementação, por erros no corpo técnico, que devem ser assumidos pela administração pública. Porém, as questões políticas, diferentes das técnicas, são bem mais complexas e desgastantes. Segundo Dias e Matos (2012, p. 79): https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ O ideal de neutralidade da administração pública, na realidade, é um mito, idealizado como um dos elementos de legitimação do exercício do poder, pois este sempre é controlado por um grupo que impõe sobre os demais seus pontos de vista e procura através do discurso legitimá-los como sendo de todos. Nessa fase, é fundamental destacar fatores como a continuidade da pressão pelos grupos de interesse, o mito da “neutralidade” da administração pública e a necessidade de ajustes e de adaptações entre as ações e os problemas em suas situações reais/concretas. Identificam-se dois modelos de implementação, que são o top-down (de cima para baixo), em que os tomadores de decisão estão separados dos implementadores; e o modelo bottom-up, no qual a implementação ocorre de maneira compartilhada entre vários atores envolvidos no processo. 6. AVALIAÇÃO: segundo Agum, Riscado & Menezes (2015, p. 30) trata-se de um dos momentos mais críticos, pois “os atores envolvidos na ação são medidos e sua capacidade de resolução de um determinado problema pode ser questionada por meio dela”. Assim, para dar mais segurança ao processo são criados parâmetros, indicadores de desempenho para que os avaliadores tenham base padronizada para definir se a política funciona ou não. 2.3 Acompanhamento, monitoramento e avaliação Numa nação desenvolvida e organizada, é comum que a sociedade acompanhe o trabalho da administração pública, que se mostra transparente e eficaz. Em nações subdesenvolvidas, esse monitoramento pode e deve https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ também ocorrer, pois os desvios de interesse da administração pública e a falta de transparência exige da população muita atenção e ativismo no acompanhamento e na avaliação dessas políticas. A avaliação realizada a partir de informação embasada em dados confiáveis, obtidos através de análise objetiva dos efeitos das ações públicas, é importante para as instituições e governos, pois fundamentam sua legitimidade não somente na legalidade de suas decisões, mas também no que fazem, ou seja, nos resultados. (DIAS & MATOS, 2012, p. 84). Para todos os atores do processo, gestores públicos e beneficiados, o monitoramento e a avaliação das políticas são fundamentais a todas as categorias do ciclo; pois é justamente nesse momento que o processo termina, e pode ser avaliado ponto a ponto: tudo que poderia ser melhorado, ignorado ou contemplado, erros comuns ou absurdos, ingenuidades ou falta de compreensão, negligência ou falta de sensibilidade ou compaixão, dos aspectos objetivos aos subjetivos, dos técnicos aos políticos. Tudo aparece aqui, nessa fase de avaliação. A avaliação deve ser considerada um elemento fundamental para o sucesso das políticas públicas, não deve ser realizada somente ao final do processo, mas em todos os momentos do ciclo de políticas. Constitui uma fonte de aprendizado que permite ao gestor perceber quais ações tendem a produzir melhores resultados (DIAS & MATOS, 2012, p. 84). Como dito anteriormente, sobre critérios para avaliação, Agum, Riscado e Menezes (2015, p. 30) citam os indicadores input, que “têm por objetivo medir os esforços despendidos em uma ação; eles podem ser recursos econômicos, humanos ou mesmo materiais”. Já os outputs “procuram medir os resultados https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida GovernadorJorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ alcançados, isto é, as realizações referentes às ações imputadas”. São fundamentais para saber se os problemas tratados com a determinada política pública foram resolvidos ou reduzidos. É fundamental, nesta seção, o entendimento de que o monitoramento deve ser contínuo para corrigir, ajustar e adequar o processo de implementação da política pública à suas metas e/ou aos resultados esperados; e de que a avaliação possibilita aos gestores públicos formarem um banco de dados com informações úteis a futuros planejamentos, correção e prevenção de falhas, prestação de contas, identificação de obstáculos e, ao mesmo tempo, potencialidades não aproveitadas anteriormente; dentre outros fatores. Segundo Dias & Matos (2012, p. 85): É possível distinguir pelo menos quatro tipos de uso da avaliação, quais sejam:71 (a) instrumental; (b) conceitual; (c) como instrumento de persuasão (quando ela é utilizada para mobilizar o apoio para a posição que os tomadores de decisão já têm sobre as mudanças necessárias na política ou programa); e (d) uso para o “esclarecimento”. Outro entendimento fundamental é que toda política pública exige um tempo de maturação de aproximadamente 10 anos, específico para cada caso (uns exigem mais tempo, enquanto outros menos). Segundo Agum, Riscado e Menezes (2015, p. 31), “é primordial o tempo de ajustes e reajustes dos atores envolvidos na ação e o melhor entendimento do corpo social impactado por ela”. E para esse acompanhamento também do período de maturação, há todo um banco de dados disponível para consulta e atualização permanente. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Para ilustrar o conteúdo desta unidade, sugiro que você assista ao vídeo: CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: Leonardo Sechi. https://www.youtube.com/watch?v=N8phb0UN2WY&ab_channel=Politize%21. Para aprofundar o entendimento sobre o ciclo das políticas públicas, leia o capítulo 4 do livro: Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos; de Reinaldo Dias e Fernanda Matos, disponível na MINHA BIBLIOTECA. Referência: DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. Nesta seção, conhecemos as diferentes fases do ciclo das políticas públicas. REFERÊNCIAS AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. HOCHMAN, G. ARRETCHE, M. MARQUES, E. Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 398 P. isbn 978-85-7541-350-0. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ https://youtu.be/MclhVhzw0R4 https://www.youtube.com/watch?v=N8phb0UN2WY&ab_channel=Politize%21 Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ UNIDADE III: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Prezado(a) estudante! Nesta unidade, falaremos sobre desenvolvimento econômico, suas correntes teóricas no mundo e na América Latina. O objetivo é que, ao final desta unidade, você possa: ● Descrever o desenvolvimento teórico clássico acerca do tema; ● Descrever aspectos teóricos latino-americanos de desenvolvimento; ● Reconhecer as teorias contemporâneas sobre desenvolvimento regional; ● Reconhecer aspectos teóricos do Desenvolvimento Sustentável. Bons estudos! 3.1 Principais Correntes Teóricas Clássicas Os estudos sobre desenvolvimento partem de uma época em que a concepção sobre o tema estava em construção. Inicia com os FISIOCRATAS no século XVIII, primeira escola de economia científica, e suas análises tinham como base a vinculação com a natureza. Nessa linha de pensamento, consideravam a agricultura a base de todo sistema econômico, em contraponto aos mercantilistas, que priorizavam a circulação das mercadorias. O principal pensador fisiocrata foi François Quesnay (1694 – 1774). Para melhor entendimento desse processo, devemos considerar que, na época, a atividade industrial era ainda artesanal e, por isso, não era considerada nas análises dos teóricos, que gladiavam entre a produção e a distribuição. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Posteriormente aos fisiocratas, ainda no século XVIII, teóricos como Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo e Jonh Stuart Mill, dentre outros, passaram a se destacar chamando atenção para fatores nunca antes contemplados nas análises econômicas, como a qualidade de vida da população. Esta se daria através do acúmulo de riquezas, que para Smith seria determinada pela produtividade do trabalho em um sistema de liberalismo econômico, em que o mercado, de maneira orgânica, sem intervenção do Estado, garantiria as condições de crescimento econômico e bem-estar social. David Ricardo criticava os grandes investimentos na agricultura, que para ele era a fonte dos problemas econômicos por ser incapaz de produzir alimentos baratos para consumo dos trabalhadores, pois permanecia com as mesmas técnicas arcaicas de produção, que não acompanhavam a crescente demanda da população em crescimento exponencial. Assim, levava ao aumento dos custos, dos bens de consumo e dos meios de produção, causando perda do poder de compra e ineficiência no crescimento econômico. No mesmo sentido, Jonh Stuart Mill ressalta a preocupação com a estagnação da economia, pois sem produtividade para atender à demanda, sem vagas que absorvessem a mão de obra para geração e distribuição de renda, o sistema ficaria estagnado. Por isso, defendia o progresso técnico para beneficiamento dos produtos e ganhos de produtividade, de forma que o ritmo desse progresso fosse superior ao crescimento demográfico. Com a mesma preocupação, o teórico Thomas Malthus já naquela época alertava para a necessidade de controle populacional, pois, no ritmo que estava, a população aumentaria mais que a capacidade da economia de produzir alimentos. Malthus destacou que a grande questão do https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ desenvolvimento é conciliar crescimento com a distribuição, de forma que todos sejam remunerados de maneira proporcional à sua contribuição dentro do sistema. Karl Marx confronta as ideias liberais provando que o mercado sem regulação não garantiria crescimento econômico, e muito menos bem-estar social; pois se trata de um sistema concentrador de renda e explorador da força de trabalho e, por isso, defendia que o conflito distributivo ocorria na relação entre o capital e o trabalho. Já no século XX, Alfred Marshal dedicou seus estudos à organização industrial, à divisão do trabalho, às economias de escala, aos investimentos em infraestrutura e à organização dos distritos industriais como propulsores do desenvolvimento. Joseph Alois Schumpeter acompanhou seus pensamentos com destaque para a inovação, pois justificava o desenvolvimento econômico a partir do papel inovador dos empresários. Porém, não qualquer empresário, e sim o empreendedor, pois sua teoria era centrada no empresário inovador como indutor do desenvolvimento, sempre arriscando e cobrando por inovações permanentes nos produtos ou processos. Com a primeira e segunda revoluções industriais pautadas nestes princípios abordados anteriormente,de progresso tecnológico, inovação, ganhos de escala, exploração descabida do trabalho e do meio ambiente, e no Estado mínimo, características do liberalismo econômico, na década de 30, o sistema ruiu com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York (Crise de 1929) e a grande depressão na maior potência capitalista do globo. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Justamente no período de afirmação dos EUA como potência econômica mundial, a doutrina liberal ruiu, se mostrou insustentável e não confiável ao ser incapaz de resistir à crise de 1929. A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em outubro do mesmo ano, acabou com as certezas e seguranças do laissez-faire, e levou à reconfiguração da política de Estado frente ao sistema capitalista em expansão nos motores do fordismo. No ano de 1914, pautado nos estudos científicos de Frederick Taylor, Henry Ford estrategicamente elaborou uma dinâmica de trabalho que respondesse às demandas dos trabalhadores, relacionadas à jornada de trabalho, e ao mesmo tempo às necessidades de expansão do sistema capitalista, a reprodução do capital. Tal dinâmica foi implantada em suas fábricas respeitando a carga horária de 8 horas diárias de trabalho, porém, em uma linha de montagem mecânica, na qual quem ditava a velocidade do trabalho, o ritmo do trabalho, era a máquina, e não o homem; dinâmica essa muito bem exemplificada por Charles Chaplin no filme “Tempos Modernos”, exaustivamente referenciado para melhor entendimento e compreensão do modelo de produção que viria a ser mundialmente adotado, chamado fordismo. A partir da crise de 1929, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial sem precedentes que levou à quebra de indústrias e de empresas diversas, altas taxas de desemprego, redução drástica da oferta de crédito e da demanda de produtos, afetando todas as economias capitalistas, principalmente as mais industrializadas. Eleito em 1932, auge da “grande depressão”, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt propôs o chamado New Deal (novo acordo) para redução das https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ mazelas sociais e, posteriormente, recuperação da maior economia capitalista do mundo. Foram então implementados uma série de programas entre 1933 e 1937, que conciliavam políticas econômicas e sociais, criando assim as bases do que viria a ser chamado welfare state (estado de bem-estar social). Tais medidas, também tomadas por Hjalmar Schacht, na Alemanha, são influenciadas pelos estudos de um economista inglês, dedicado à busca pelo pleno emprego por meio da indispensável regulação do mercado pelo Estado, única forma de se garantir crescimento econômico com equidade social ou, pelo menos, justiça social. A partir da sistematização das experiências americana e alemã, Jonh Maynard Keynes publicou, em 1936, sua principal obra intitulada “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. Claus Offe (1984) destaca que a junção do Welfare State keynesiano com o fortalecimento dos processos democráticos induzidos por Roosevelt não foi apenas um modelo de política adotado como medida de caridade pública. A intenção estratégica da política econômica Keynesiana é promover o crescimento e o pleno emprego, e a intenção estratégica do “Welfare State” é proteger aqueles que são afetados pelos riscos e contingências da sociedade industrial e criar uma medida de igualdade social. Essa última estratégia se torna viável apenas na medida em que a primeira é bem-sucedida, fornecendo os recursos necessários para as políticas de “Bem-estar” social e limitando a extensão das reivindicações relativas a esses recursos (OFFE, 1984, p. 378). O período de Welfare State propiciou alterações na concepção de capitalismo, principalmente em sua interação com a sociedade, proporcionando a desconexão de seu caráter auto regulador, autossuficiente, assim como a noção de autoridade sobre o sistema, que passou a ser exercida pelo Estado. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Ao mesmo tempo, foi a mais bem-sucedida experiência de combinação entre capitalismo e democracia, com o permanente, fortalecido e inclusivo sistema partidário competitivo, assistência aos cidadãos assegurando direitos que não tinham sob comando do mercado. Assim, o capitalismo assume uma postura diferente da anterior, através de uma profunda politização da economia (OFFE, 1984). Como principal teórico do período, Keynes pregava, em sua abordagem macroeconômica, a possibilidade do pleno emprego como fator fundamental desenvolvimento com impactos diretos na geração de distribuição de renda, e no investimento público como indutor do desenvolvimento e garantidor do bem- estar social, a partir da intervenção e regulação do Estado na economia. A partir daí a questão social passou a ser fator fundamental aos indicadores de desenvolvimento, e o debate sobre o nível de intervenção do Estado na economia continua até os dias atuais. Stiglitz (2002), teórico neokeynesiano, com base em críticas neoliberais, afirma que a discussão não deve ser sobre o envolvimento ou não do Estado na economia, mas COMO ele se envolve, pois, países desenvolvidos têm Estados enérgicos e ativos em todos os segmentos da economia. A crise mundial de 2007, assim como a de 1929, trouxe grande alerta sobre o papel do Estado na regulação econômica, pois todos os neoliberais pregam o ESTADO MÍNIMO, porém, (...) a superação da crise, como se viu, dependeu de grandes investimentos do Estado de países como, por exemplo, os Estados Unidos, na recuperação financeira de instituições bancárias e empresas comerciais e industriais. (DALLABRIDA, 2010, p. 43). https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Atuação comum do Estado em todas as economias capitalistas, sempre dependentes do Estado, do financiamento às suas atividades, de crédito, de renegociação de dívidas, de apoios em momentos de crise, de isenção fiscal etc. No final do século XX, a partir das décadas de 60 e 70, os movimentos ambientalistas começaram a chamar atenção no âmbito global para as catástrofes ambientais decorrentes das atividades econômicas, que ocorriam desde a queima do carvão mineral, e aumentaram com a exploração de petróleo e o desmatamento para assentar a agricultura de larga escala, produto da “revolução verde” (década de 60). Assim, chegamos ao final do século XX e início do XXI desenvolvendo conceitos como ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável, e outras formas de pensamento que propusessem desenvolvimento com conservação, uma forma de exploração econômica que não comprometesse as gerações futuras. Nesse contexto, o termo “desenvolvimento” se firmou como o crescimento econômico atrelado à justiça social e ao equilíbrio ambiental. Quando temos somente o econômico, trata-se apenas de crescimento, não desenvolvimento. 3.2 Teorias Latino-Americanas Na América Latina, a Organização das Nações Unidas - ONU criou, em 1948, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL. Tinha como objetivo a realização de estudos em prol do desenvolvimento da região, e assim gerou a teoria do ESTRUTURALISMO LATINO-AMERICANO, que https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ contribuiu para o entendimento das principais causas do subdesenvolvimento, e o que poderia ser feito para superá-lo. Uma das causas principais foi estudada na “Teoria das Trocas Desiguais”, em que se afirmava que o principal entrave ao desenvolvimento no 3º mundo era a transferência de valor no comércio internacional, visto que nossos produtos eram (e ainda são) de baixíssimo valor agregado (bens primários). As Teorias do Centro-Periferia e da Dependência defendem a existência de uma ordem mundial, com países centrais que, aliados às elites dos periféricos, enriquecem progressivamente às custas do 3º mundo, com a exploração de mercados e de recursos naturais em troca de tecnologia defasada e em relações comerciais desiguais. Estruturalmente, essa é a formação econômica e política de todos os países subdesenvolvidos, antigas colônias. Como maiores expoentes da CEPAL e das teorias latino-americanas, temos o brasileiro Celso Furtado e o argentino Raúl Prebisch. 3.3 Abordagens teóricas recentes sobre Desenvolvimento Regional De maneira breve abordaremos as principais correntes teóricas mais recentes, a partir da década de 1980, com base na obra de Valdir Roque Dallabrida (2010). O autor, pautado em teóricos do tema, frisa que elementos comuns de desenvolvimento estão presentes em todos os estudos desenvolvidos: “(1) refere-se a um processo de mudança estrutural localizado; (2) remete a uma responsabilidade fundamental à sociedade regional; e (3) inclui a dinamização socioeconômica associada à melhoria da qualidade de https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ vida de sua população” (DALLABRIDA, 2010. P. 111); identificados como parâmetro para o desenvolvimento regional. A abordagem de Dallabrida inicia com o período de transição de paradigma socioprodutivo no advento do modelo de acumulação flexível, uma nova forma de se produzir, de se conceber os processos de produção, as relações de trabalho, comerciais, até a mercadoria, o produto final. Este modelo, conhecido como TOYOTISMO, surgiu no final do século XX com o enfraquecimento do FORDISMO a partir das crises do petróleo nos anos de 1970; mais uma crise capitalista que reconfigurava a estrutura das relações econômicas no globo, mantendo as grandes corporações industriais e financeiras no topo, sempre associadas aos Estados provedores. Assim, a produção flexível anunciava, finalmente, um novo horizonte de possibilidades produtivas, inovações tecnológicas e organizações empresariais que deveriam ter grandes consequências na configuração espacial das economias, interferindo positivamente no desenvolvimento regional (DALLABRIDA, 2010, p. 113). A partir daí, desenvolveram-se por todo mundo estudos sobre estruturas produtivas como distritos industriais, clusters, sistemas produtivos locais, regionais e territoriais, etc. Uma rearticulação do sistema flexibilizando a produção (a menos tecnológica) e as relações de trabalho (TERCEIRIZAÇÃO dos serviços e da produção), mantendo o controle sobre a tecnologia de ponta. Enquanto autores italianos se debruçavam na teoria de Marshall, sobre os DISTRITOS INDUSTRIAIS, o desenvolvimento dos estudos sobre a obra de Schumpeter se deu a partir de autores chamados NEOSCHUMPETERIANOS, defensores da Economia EVOLUCIONÁRIA, em que estudaram a influência da https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ INOVAÇÃO no desenvolvimento – MEIOS INOVADORES – SISTEMAS NACIONAIS OU REGIONAIS DE INOVAÇÃO, uma região caracterizada por: 1) Possuir capital de conhecimento técnico e tecnológico associado à produção local; 2) Possuir uma rede de troca/fluxo de conhecimento; 3) Possuir objetivos estratégicos de atuação convergentes; 4) Possuir recursos materiais e humanos (instituições financeiras, de prestação de serviços, de pesquisa, administração pública etc.); 5) Integração às redes internacionais de mercado e às informações tecnológicas; 6) Alto grau de interação com o sistema político-institucional do seu país. Sobre os CLUSTERS ou SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS ou REGIONAIS, são “formas de organização da produção, baseadas na divisão do trabalho entre as empresas e a criação de um sistema de intercâmbios locais que resultam no aumento da produtividade e no crescimento da economia” (DALLABRIDA, 2010, 133). Espaços de compartilhamento onde as empresas se especializam em subprodutos e/ou sub serviços necessários às atividades produtivas das outras; logo, se dedicando apenas ao que são especializadas, tornam-se mais produtivas. Alguns autores divergem da comparação entre Cluster e Sistema Produtivos Locais (SPL), justificando que não basta ser apenas uma “aglomeração de empresas”, elas precisam se comunicar, interagir e comercializar produtos e serviços; o que ocorre em maior ou menor grau tanto nos SPL quanto nos Clusters. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ O termo ARRANJO PRODUTIVO LOCAL é tido como “a aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva principal, bem como empresas correlatas e complementares, em um mesmo espaço geográfico” (DALLABRIDA, 2010, 135) que também se articulam, interagem, cooperam e aprendem entre si, além de acessar toda estrutura produtiva citada anteriormente (escolas técnicas, bancos, assistência técnica, instituições de pesquisa e demais serviços). A relação que se pode fazer entre clusters, arranjos e sistemas produtivos locais, é que regiões com a presença destes tipos de aglomerações produtivas, principalmente estes últimos, têm maiores condições de estímulo ao seu desenvolvimento (DALLABRIDA, 2010, 136). O teórico Paul Krugman dedicou seus estudos ao que cunhou de Nova Geografia Econômica, o ramo da economia que se preocupa onde se estabelecem, se aglomeram e se concentram as atividades econômicas, e que fatores determinam essa localização. Krugman afirma que a decisão dos empresários de definir uma localidade para seus investimentos se pauta na combinação entre: (a) rendimentos crescentes; (b) baixos custos de transporte – facilidade de escoamento e (c) proximidade dos fornecedores e consumidores. Sobre a mundialização das relações comerciais e o “encurtamento” do planeta, o teórico Manuel Castells publicou a obra Sociedade em rede (1999), uma “obra-prima” da literatura mundial, que “busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era mundial: a era da informação” (DALLABRIDA, 2010, 138); também chamada de era do CAPITAL INFORMACIONAL, em que o fluxo e troca de informação, capital e cultura é quase instantâneo. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Essa flexibilização e rapidez no fluxo de informações trouxe uma nova configuração na divisão espacial do trabalho, onde a migração de firmas, unidades de produção, prestadores de serviço, fornecedores de matéria-prima e trabalhadores fizeram surgir novos negócios e produtos, com novas formas de trabalho (inclusive o remoto), abrindo oportunidades e, ao mesmo tempo, alargando abismos sociais. Percebam que toda discussão em torno do chamado desenvolvimento se prende a questões econômicas, de cunho economicista; porém, um autor transcendeu esse enfoque teórico mostrando que o maior e mais cruel entrave ao verdadeiro desenvolvimento é a falta das “liberdadesindividuais”. Amartya Sen, em sua obra Desenvolvimento como liberdade (2000), defende que a pobreza e a privação ocorrem tanto em países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos, porém em escalas diferentes. Para o autor, o real desenvolvimento “é um processo de expansão das liberdades individuais”, eliminando: a pobreza, a tirania, a carência de oportunidades econômicas, a privação social, a presença de Nações repressivas, em suma, a FALTA DE LIBERDADES SUBSTANTIVAS. Isso inclui boa alimentação, saúde e educação, meio ambiente saudável, oportunidades de lazer, liberdade de expressão, enfim, construção de um ambiente com democracia, igualdade e equidade (DALLABRIDA, 2010, 154). O economista brasileiro Celso Furtado, em sua obra Introdução ao desenvolvimento (2000), relaciona o conceito de desenvolvimento ao grau de satisfação das necessidades humanas, em consonância com a concepção de Amartya Sen. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Promovendo e oportunizando a liberdade de escolha a uma sociedade que, nessas condições, alcançaria a maturidade necessária para a tomada de boas decisões a partir de um modelo de desenvolvimento ENDÓGENO. 3.4 Apontamentos teóricos sobre o Desenvolvimento Sustentável A teoria econômica clássica desconsiderava fatores basilares da ciência, como a escassez; pois negligenciava, em seus modelos macroeconômicos, a natureza, especificamente sua limitação no fornecimento de recursos naturais. Haja visto que, no sistema econômico linear, em vigor nos dias atuais, a natureza é considerada apenas fonte inesgotável de recursos e espaço inesgotável para o despejo. Haddad (2015, p. 48) explica que: Na visão tradicional, a macroeconomia é vista como um sistema isolado, sem trocas de matéria e energia com o meio ambiente. Nessa visão, não se vislumbram insumos ecológicos ou produtos ecológicos enquanto se produz (por exemplo, a captação de água ou emissão de dejetos industriais em uma bacia hidrográfica), enquanto se consome (por exemplo, a emissão de monóxido de carbono de veículos automotivos) ou enquanto se acumula capital (investimentos) na sociedade. Não havia qualquer sensibilidade ou interesse nas questões ambientais, pois, para os teóricos clássicos, toda e qualquer LIMITAÇÃO da natureza no fornecimento de matéria-prima seria compensado pelo desenvolvimento tecnológico. Inclusive, como eram liberais, acreditavam que este mesmo desenvolvimento tecnológico traria equilíbrio às relações econômicas e sociais, sem necessidade de intervenção do governo, que tiraria a liberdade do sistema econômico – liberdade de exploração ilimitada de recursos naturais e de pessoas. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ As preocupações com os problemas ambientais foram surgindo como reações aos desastres naturais e sociais ocorridos durante o século XX, acompanhando das garantias dos direitos sociais fundamentais conquistados pelos movimentos populares (trabalhistas e ambientais) à custa de muita luta e morte. Percebemos facilmente, nos dias atuais, principalmente nos interiores, a quantidade de trabalhadores rurais que adoecem pelo uso de agrotóxicos e morrem lutando na justiça por direitos trabalhistas, que os patrões se negam a reconhecer, pois trabalhadores rurais são descartáveis. É importante compreender que as revoluções industriais, fundamentais à evolução das nações e das sociedades, utilizaram como matriz energética combustíveis fósseis (lenha, carvão vegetal, mineral e petróleo), cuja queima é prejudicial à saúde humana e ambiental. Porém, nada disso era pensado devido aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento tecnológico (aumento da produtividade, velocidade dos transportes, da comunicação etc.). Após duas Guerras Mundiais, que exigiram quantidade abrupta de recursos, e da mesma forma a reconstrução da Europa, financiada pelo Plano Marshall, houve a REVOLUÇÃO VERDE, conhecida conversão das práticas agrícolas, até então de pequeno porte e com poucos recursos químicos e tecnológicos, chamada de agricultura convencional. Para reforçar sua compreensão sobre a revolução verde, sugiro que você assista ao vídeo: REVOLUÇÃO VERDE – Descomplica. https://www.youtube.com/watch?v=e4ABcrUWy3E&ab_channel=Descomplica. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ https://www.youtube.com/watch?v=e4ABcrUWy3E&ab_channel=Descomplica Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Essa conversão tecnológica da agricultura trouxe, como impactos negativos, danos ao solo, à água e à saúde humana; e, da mesma forma, as catástrofes ambientais causadas pela extração e queima dos combustíveis fósseis, com gravíssima poluição do ar e dos oceanos. Tais impactos geraram, no final do século XX, seríssimos movimentos, baseados em estudos científicos, de clamor, para que assuntos relativos ao meio ambiente fossem inseridos nas discussões mundiais puramente economicistas (só tratavam de crescimento econômico a partir do PIB). Em 1987, a presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Gro Harlem Brundtland (1ª Ministra Norueguesa), apresentou, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU, o conceito de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL como um conceito político e amplo para o progresso econômico e social (VEIGA, 2008). O relatório apresentado chamava-se Nosso futuro comum, e “foi intencionalmente um documento político, que procurava alianças com vistas à viabilização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92” (VEIGA, 2008, p. 113). No Relatório Brindtland Nosso Futuro Comum, o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL é conceituado como “o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.” Para aprofundar o entendimento sobre o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, acesse o site a ONU-Brasil: https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente . https://cursos.ead.ifro.edu.br/ https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Percebam que a ciência em torno da possibilidade de um desenvolvimento sustentável ganha força com um ato político, baseado em ciência, que buscou colocar a agenda ambiental em discussão numa sociedade que a negligenciava. Ao chamar atenção para o tema, este passa a ser discutido internamente em todas as nações que, cada uma do seu jeito, buscam maneiras de lidar com o assunto. Camargo (2002, p. 43) cita outra definição para o termo também apresentado na Comissão de Brundtland: Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas. Uma proposta que tem se desenvolvido com a adoção de práticas sustentáveis em diversos setores, tanto da administração pública como empresas privadas, com a adoção de novas práticas nos processos produtivos, novos produtos a partir de índices de sustentabilidade desenvolvidos e melhorados permanentemente, atrelados aos três pilares ou dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. a) Dimensão econômica: a empresa deve buscar sua SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA, não apenas contabilizando suasreceitas e despesas (apenas capital econômico), como no pensamento convencional; além disso, devem considerar o capital humano/intelectual junto ao capital social e ao natural. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ b) Dimensão social: segundo John Elkington (2001), capital social trata da saúde da sociedade e da sua capacidade de gerar riquezas. Quando tratamos nas unidades anteriores sobre os atores fundamentais às políticas públicas de desenvolvimento, falamos na importância da sociedade civil organizada; esse é o entendimento de CAPITAL SOCIAL, pois uma sociedade ativa, educada e comprometida torna-se pilar fundamental para que os objetivos do desenvolvimento sustentável sejam alcançados. Uma forma de deixar isso bem claro, reflitam sobre a importância da sociedade na elaboração de PP, seu monitoramento e, por outro lado, como CONSUMIDORES. Pensem na força de uma sociedade organizada como consumidores, exigindo produtos “limpos”, que não degradam o meio ambiente e nem sejam produzidos a partir de exploração do trabalho infantil, ou análogo à escravidão; que não sejam contaminados com venenos tóxicos, e nem sejam produzidos em áreas griladas de reservas ambientais, etc. São vários os “frontes de batalha” nos quais a sociedade organizada pode lutar por melhores condições de vida a partir de um desenvolvimento sustentável, atrelado à justiça social e à conservação ambiental. c) Dimensão ambiental: quando se trata da questão ambiental, devemos abraçar a ciência, que incansavelmente produz conhecimento sobre o tema e os divulga para conhecimento e indignação de toda a sociedade. A primeira obra de grande relevância mundial foi da cientista americana Rachel Carson, com a obra Primavera silenciosa (1962), uma crítica aos impactos nefastos da revolução verde (citada anteriormente), que iniciou o processo de conscientização ambiental a nível mundial. Ao pensarmos https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ em dimensão econômica ou capital natural, devemos “contabilizar” os “serviços” prestados pela natureza. Segundo Elkington (2001, p. 83), o capital natural deve ser interpretado como “a riqueza natural que sustenta o ecossistema da floresta”, os benefícios gerados por ela, e os recursos que podem ser comercializados. Países subdesenvolvidos, comumente, perdem quantidades incomensuráveis de dinheiro por não explorarem “adequadamente” a floresta, com investimentos em biotecnologia para extrair recursos monetários com a comercialização de recursos naturais sem precisar derrubar a floresta; ao contrário, investem em derrubadas e queimadas para produção em larga escala de produtos primários, sem ou com pouquíssimo valor agregado, concentrador de renda e devastador do meio ambiente. É fundamental refletir que o aspecto ambiental não está separado do social, muito pelo contrário, estão profundamente conectados, pois danos ambientais causam impactos negativos diretos na sociedade em diversas dimensões, como danos à saúde, comprometimento dos recursos hídricos, grilagem de terra e assassinatos no campo, êxodo rural e inchaço populacional nas zonas urbanas e, por fim, alargamento do abismo social e econômico. Por isso, a concepção e a adoção das práticas sustentáveis nas ações de desenvolvimento são fundamentais à vida humana. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Para reforçar sua compreensão sobre DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, assista ao vídeo: COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. ONU Brasil. < https://www.youtube.com/watch?v=pZ2RsinirlA&ab_channel=ONUBrasil>. REFERÊNCIAS CAMARGO, Aspásia. João P. R. Capobianco, José A. Puppim de Oliveira (orgs) Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-92. São Paulo, Estação Liberdade: Instituto Socioambiental; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2002. DALLABRIDA, Valdir Roque. Desenvolvimento regional: por que algumas regiões se desenvolvem e outras não? 1. Ed. – Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2010. ELKINGTON, J. Canibais com Garfo e Faca. São Paulo: Makron Books, 2001. HADDAD, Paulo R. Meio ambiente, planejamento e desenvolvimento sustentável. São Paulo: Saraiva, 2015. OFFE, C. “A Democracia Partidária Competitiva e o “Welfare State” Keynesiano: Fatores de Estabilidade e Desorganização””, In: Problemas Estruturais do Estado Capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984. STIGLITZ, J. E. A globalização e seus malefícios: a promessa não cumprida de benefícios globais. São Paulo: Ed. Futura, 2002. VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2008. 3ª ed https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ UNIDADE IV: DESENVOLVIMENTO REGIONAL CONTEMPORÂNEO Prezado(a) estudante! Nesta unidade, estudaremos sobre políticas públicas de desenvolvimento e sua dinâmica na contemporaneidade. O objetivo, ao final desta unidade, é que você saiba: ● Reconhecer características das políticas públicas de desenvolvimento regional; ● Identificar diversidades regionais como potencialidade. Bons estudos! 4.1 Características de Políticas Públicas de Desenvolvimento Regional Para que se reconheça ou identifique uma Política Pública (PP) de desenvolvimento regional, é necessário que conheçamos características de regiões desenvolvidas. Não há mais ou menos importantes, pois todas se complementam, como por exemplo: Integração dos interesses locais (sociais e ambientais) com a dinâmica global de desenvolvimento: com o desenvolvimento dos meios de comunicação, e a compreensã0o de que o planeta é um corpo vivo, e um corpo só; sabe-se que ações de devastação em qualquer parte do planeta afeta a todos, com o desequilíbrio climático, escassez de chuvas e aquecimento global. Assim, interesses comerciais globais aprenderam https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ a se integrar aos locais, respeitando a sociedade e o ambiente local e, por vezes, até investindo em negócios sustentáveis para promover a justiça social e o equilíbrio ambiental. Pode se identificar uma PP desse tipo quando há incentivos para negócios sustentáveis, sejam fiscais ou com investimentos e/ou créditos mais acessíveis. Construção de um modelo próprio de desenvolvimento regional: quando um modelo de desenvolvimento é EXÓGENO, quer dizer que vem de fora para dentro, um “pacote” formulado lá em São Paulo para implementação em uma comunidade da Amazônia, no Estado de Rondônia. Pode dar certo? Sim, pode, porém é necessário que a maior parte desse “pacote” seja formulado, pensado, planejado aqui, com os conhecedores da realidade local, pois dificilmente alguém de SP vai conhecer as reais necessidades de uma comunidade no interior de Rondônia. Agora, quando um modelo é ENDÓGENO, quer dizer que é de dentro, que é próprio, elaborado pela sociedade local conhecedora de suas necessidades reais. Pode ser que, por questões técnicas, necessitem de apoio externo? Sim, pode, porém que o planejamento seja formulado pelos próprios atores, que sejam protagonistas de sua história, e não expulsos do processo de desenvolvimento, como ocorre em tantas regiões por todo o país. Temos um belo exemplo do PROJETO RECA, em Nova Califórnia/RO, onde assentadosrurais ainda nos anos 80 construíram seu próprio modelo de desenvolvimento e hoje colhem seus frutos (https://www.projetoreca.com.br). Ação cooperativa INTRA e INTER regional como principal elemento integrador: uma ação cooperativa não precisa ser, necessariamente, https://cursos.ead.ifro.edu.br/ https://www.projetoreca.com.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ entre empresas cooperativas; podem ser entre empresas comuns também, junto às administrações públicas, aos bancos etc. O fundamental é a compreensão de que ninguém cresce sozinho, ou se crescer, enfrentará dificuldades enormes. A proposta de cooperação entre os atores responsáveis pelo desenvolvimento é saudável em diversos aspectos (redução de custos, compartilhamento de insumos etc.), e, quando acontece de forma intrarregional (dentro do mesmo Estado) e inter-regional (entre outros Estados), só traz benefícios à região. Termos que passaram a fazer parte dos discursos desenvolvimentistas: COOPERAÇÃO – PARTICIPAÇÃO – CONSÓRCIO – INTEGRAÇÃO – CADEIAS PRODUTIVAS – ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – DISTRITOS INDUSTRIAIS – SISTEMAS REGIONAIS DE PRODUÇÃO – ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO – DVERSIFICAÇÃO – etc. Organização social das comunidades locais: fundamental ao processo de desenvolvimento local, pois como vimos nas fases das PP, a sociedade civil organizada é componente fundamental à identificação do problema, às propostas de alternativas, ao acompanhamento, ao monitoramento e à avaliação; pois só assim alcançará resultados, com proatividade, organização e envolvimento político nas decisões sobre os rumos das PP de desenvolvimento regional. UMA SOCIEDADE MAIS ORGANIZADA SOCIALMENTE É MAIS PARTICIPATIVA POLITICAMENTE. UMA SOCIEDADE MAIS PARTICIPATIVA POLITICAMENTE É MUITO MAIS DESENVOLVIDA ECONOMICAMENTE. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Propõe-se entender o desenvolvimento regional como processo de transformações econômicas, sociais e políticas com dinâmica endógena e iniciativa própria dos sujeitos (inovadores tecnológicos e ideológicos) coletivos regionais nas mudanças estruturais e qualitativas. 4.2 Diversidade regional como potencialidade Há dois enfoques principais quando nos propusemos a encontrar no meio das desigualdades regionais oportunidades de desenvolvimento: 1. Desenvolvimento regional a partir da redução das desigualdades locais: não há possibilidade de considerarmos o desenvolvimento com a manutenção das desigualdades econômicas e, por isso, sociais; pois será sempre obstáculo ao desenvolvimento. 2. Compreensão da diversidade regional como potencialidade para o desenvolvimento das regiões: pensamento que ganha evidência a partir da década de 1990, quando os estudos sobre as regiões são retomados e particularidades regionais passam a ser aproveitadas e potencializadas. Quando falamos de REGIÃO, lembramos de espaço geográfico, um espaço construído pela sociedade com finalidades sociais e econômicas (ocupação para moradia e produção). Normalmente, esse “espaço geográfico” é determinado por características comuns ou especiais (clima, topografia, disponibilidade de sol e água, qualidade do solo etc.). A divisão ou organização desse espaço é definida por fatores geográficos, históricos e sociais, que podem ser subdivididos em distritos, cidades e estados. Uma REGIÃO ADMINISTRATIVA é uma divisão regional https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ organizada pelo Estado Nacional para facilitar (organizar) a administração de um país. Isso traz à região uma ORIGEM ARTIFICIAL, criada pelo homem a partir de atividades econômicas, independentemente dos aspectos históricos e culturais (quando a região já era ocupada por comunidades tradicionais, indígenas, já com seus territórios historicamente e/ou geograficamente delimitados). É fundamental ter a clareza de que, como somos uma sociedade de classes, e por isso, desigual, o espaço geográfico por essa sociedade é, também, desigual: Desigualdade social; Acesso desigual aos recursos básicos da vida (água, terra, crédito, tecnologia etc.); Diferenças locacionais de atividades econômicas (presentes em algumas regiões, e em outras não); Distribuição geográfica desigual do trabalho e da renda, condicionando as condições de vida a também serem desiguais. Importante refletir que, em muitas regiões do país, as condições geográficas e climáticas são excelentes para determinadas atividades econômicas, como agricultura, pecuária e extrativismo, vegetal e mineral. Tais atividades têm, comumente, características similares como: São concentradoras de renda: geram muita renda para poucas pessoas, e pouca renda para a maioria da sociedade local, que não tem ou tem poucas opções de trabalho. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Comercializam produtos primários: produtos com pouco ou nenhum tipo de beneficiamento não tem agregação de valor. Devastam o meio ambiente, pois precisam de cada vez mais áreas para manter ou aumentar seu lucro. Contaminam o solo e a água, como tóxicos para produção agropecuária e/ou extração de metais. Tais características nos levam às seguintes reflexões: A agregação de valor ao produto além de gerar mais renda, distribui, pois gera emprego nas unidades de produção, de beneficiamento; traz capacitação profissional, tecnologia, ganhos de valor. Quando se valoriza um produto, ou se aperfeiçoa o modo de produção, com tecnologia, se utiliza menos recursos naturais, menos áreas são desmatadas, menos água é desperdiçada, todos ganham. Quantas localidades e regiões dos interiores têm se modernizado, aplicado a tecnologia no campo, e assim têm favorecido a região aumentando a quantidade de mão de obra qualificada, aumentando as opções de serviços diversos para atender às demandas oriundas dessa “nova” renda, gerada pela maior distribuição do que antes era concentrado nas mãos de poucos. Uma pequena indústria de beneficiamento de grãos ou frutas em uma cidade gera de 50 a 100 empregos diretos, e até mil indiretos. Com aumento da geração e distribuição de renda na localidade, o dinheiro passa a circular internamente, favorecendo a abertura de novos https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ negócios, de novas vagas, e gerando aumento da renda local. A partir daí, sim, temos a raiz para um sustentado desenvolvimento regional. A globalização configura e reconfigura os territórios mundo afora de maneira permanente, buscando sempre reproduzir seu lucro. Nesse processo HEXÓGENO de ocupação e exploração econômica, há pelo menos duas faces: 1. A da perversidade do processo em si, expressa na territorialização dos interesses dos segmentos hegemônicos; 2. E a da oportunidade, que se apresenta aos atores locais e regionais, quando se apropriam de conhecimentos que lhes permitem reagir, superar a passividade. Milton Santos (1996) é categórico a esse respeito quando afirma que a única forma de frear o caráter perverso da globalização é fortalecer as regiões. E isso só se faz de DENTRO para FORA – modelo ENDÓGENO de desenvolvimento. Outro fator fundamental é estar atento à dimensão horizontal do processo, conhecer em profundidade a região em questão, identificarsuas potencialidades e construir instrumentos de coesão social em torno de propósitos comuns à população envolvida. O desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e, principalmente, humana e social. Desenvolvimento nada mais é que o crescimento – incrementos positivos no produto e na renda – transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, dentre outras (OLIVEIRA, 2002, p.40). https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ É preciso criar formas de representação da vontade da maioria, identificada a partir da participação de todos, para permitir que uma nova forma de gestão do território possa acontecer. Políticas públicas centradas nos elementos locais para promover o desenvolvimento, visando o aproveitamento pleno dos recursos humanos, ambientais e institucionais da região. Para concluirmos essa unidade com clareza do que foi estudado, refletiremos sobre alguns apontamentos sobre desenvolvimento e região: Para entender o desenvolvimento regional, devemos perceber a sua necessidade de elementos de organização econômica que venham a moldar o estilo de desenvolvimento proposto. O fenômeno de CRESCIMENTO econômico, apenas, pode ser creditado a forças e mecanismos EXÓGENOS à região, como investimentos externos (nacionais ou internacionais) que chegam ali apenas para exploração de recursos, utilizando seus lucros em regiões distantes. Ao contrário disso, “o processo de desenvolvimento regional deve ser considerado, principalmente, como a internalização do crescimento e, em consequência, como da natureza essencialmente endógena” (BOISIER, 1989, p. 616). O desenvolvimento de uma região pode ser analisado por três fatores: (a) alocação de recursos; (b) política econômica e (c) ativação social. Forças essas que, segundo o autor, mantêm relações de retroalimentação – interdependência recíproca (BOISIER, 1989). (a) Aqui, o desenvolvimento estará associado à DISPONIBILIDADE DE RECURSOS. Tais recursos podem ser naturais como água, minerais, https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ solo fértil, madeira etc.; ou trabalhadores qualificados, condições de escoamento e outros fatores a serem analisados no planejamento do investimento. (b) Efeitos das políticas macroeconômicas e setoriais, que dependem da ação do governo federal. Estas podem ser benéficas ou maléficas à região, e isso depende da gestão no determinado momento, visto que estamos sempre vulneráveis à vontade ou à má vontade política. Esta pode fomentar e induzir o desenvolvimento, ou não. (c) A atuação da população local, sua capacidade de organização e motivação para planejar e direcionar ações de desenvolvimento a partir de um modelo ENDÓGENO, associado à AUTONOMIA de decisão da localidade ou região; capacidade de reter e reinvestir o excedente/lucro desse crescimento na própria região (na mesma atividade econômica ou disponibilizando crédito para outras); melhoria na qualidade de vida e conservação do meio ambiente (bem-estar social). Quando falamos em bem-estar social, em melhora da qualidade de vida, esta deve ser generalizada, pois nenhuma região se desenvolve plenamente com pobreza, miséria, bairros e localidades sem infraestrutura (luz, esgoto encanado e tratado, água encanada, pavimentação, internet, educação, saúde entretenimento etc.). Mazelas sociais, descasos políticos que levam a situações de violência ou outros males sociais que impactarão diretamente nos níveis de qualidade de vida e, dessa forma, na condição de desenvolvimento local e regional. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Podemos concluir que políticas públicas conciliadas aos objetivos locais, a partir da organização da sociedade local, podem transformar propostas de crescimento EXÓGENAS em benefícios e sustentado desenvolvimento local. A solução dos problemas regionais e, por conseguinte, a melhoria da qualidade de vida demandam o fortalecimento da sociedade e das instituições locais, pois são estas que transformarão o impulso externo de crescimento em desenvolvimento (OLIVEIRA, LIMA, 2003, p. 36). Assim, destaca-se a necessidade de mobilização e organização da sociedade local para trabalhar já no planejamento das políticas públicas de desenvolvimento, criando políticas sociais de desenvolvimento em que atuem ativamente, pois o efetivo e sustentado desenvolvimento de uma região depende de quem vive nela, os principais interessados. Para inteirar-se mais sobre as características das políticas públicas de desenvolvimento regional, recomendamos a leitura do capítulo VI do livro Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional. COSTA, Eduardo J. M. da. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional. Brasília: Mais Gráfica Editora, 2010. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ BOISIER, S. Política econômica, organização social e desenvolvimento regional. In: HADDAD, P. R. (Org.). Economia regional: teorias e métodos de análise. Fortaleza: BNB/ETENE, 1989. COSTA, Eduardo J. M. da. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional. Brasília: Mais Gráfica Editora, 2010. OLIVEIRA, Gilson Batista de. Uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento. Revista da FAE, Curitiba, v.5, n.2, p.41-48, maio/ago. 2002. OLIVEIRA, Gilson B. de. LIMA, José E. de S. Elementos endógenos do desenvolvimento regional: considerações sobre o papel da sociedade local no processo de desenvolvimento sustentável. Revista da FAE, Curitiba, v.6, n.1, p.35-37, maio/dez. 2003. SANTOS, M. A natureza do espaço – Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. SAQUET, Marcos A. SILVA, Sueli S. da. MILTON SANTOS: concepções de geografia, espaço e território. Geo UERJ – Ano 10, v. 2, n. 18, 2º semestre de 2008. P. 24-42. ISSN 1981-9021. https://cursos.ead.ifro.edu.br/ Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ UNIDADE V: ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL Prezado (a) estudante! Nesta unidade, estudaremos sobre as estratégias e ações para o desenvolvimento regional. O objetivo, ao final desta unidade, é que você saiba: ● Reconhecer as estratégias de desenvolvimento regional no Brasil. Bons estudos! 5.1 Breve percurso histórico Com base na obra intitulada DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO BRASIL: políticas, estratégias e perspectivas (2017), produzida pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (IPEA), além de outras fontes, faremos um breve resgate histórico das políticas e estratégias de desenvolvimento ocorridas no Brasil, com início em 1950, com ações públicas de desenvolvimento nas regiões mais carentes do país. A região Nordeste foi, desde 1909, o grande motivo de preocupação nacional, quando criaram a Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCS). Posteriormente só na década de 1950, no governo de Getúlio Vargas, houve planejamento e atitude institucional com a criação do Banco do Nordeste (BNB), em 1952; e em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek e o ministro Celso Furtado, economista, criaram
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