Buscar

Roteiro_Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional_versão aluno (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA! 
 
 Prezado(a) estudante, 
Bem-vindo(a) à disciplina Políticas Públicas e Desenvolvimento 
Regional! Neste percurso, temos o objetivo geral de compreender o processo 
de desenvolvimento regional, da sua concepção às políticas públicas de 
desenvolvimento. O entendimento desse caminho da gestão pública em busca 
do desenvolvimento, e de como se dá esse processo, é componente 
fundamental à sua formação acadêmica e profissional. 
Assim, vamos estudar os seguintes conteúdos: 
Unidade I: Políticas públicas 
● Conceito e características; 
● Tipos. 
 
Unidade II: A dinâmica das políticas públicas 
● Atores envolvidos; 
● O ciclo e suas fases; 
● Avaliação. 
 
Unidade III: Desenvolvimento econômico 
● Correntes teóricas clássicas; 
● Teorias Latino-americanas; 
● Teorias contemporâneas sobre Desenvolvimento Regional; 
● Apontamentos teóricos sobre o Desenvolvimento Sustentável. 
 
Unidade IV: Desenvolvimento regional contemporâneo 
● Características de políticas públicas de desenvolvimento; 
● Diversidade regional como potencialidade. 
 
Unidade V: Estratégias e ações para o Desenvolvimento Regional 
● Breve percurso histórico; 
● Políticas Públicas de desenvolvimento endógeno no Brasil; 
● Distritos industriais – Arranjos Produtivos Locais – APL. 
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 
Unidade VI: Questões regionais do desenvolvimento 
 Desenvolvimento regional e APLs. 
 APLs em Rondônia. 
 
A disciplina está organizada em seis unidades temáticas, duas 
atividades de percurso, uma avaliação regular e, se necessário, um exame 
final. 
Faça todas as leituras indicadas, estude e realize as atividades no 
período determinado, conforme o calendário acadêmico. 
Desejo a você um ótimo estudo! 
Professor Carlo Filipe E. Raimundo 
 
 
 
UNIDADE I: POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
Prezado(a) estudante, 
Nesta unidade temática, faremos uma introdução ao estudo das políticas 
públicas, seu conceito, seus tipos e sua avaliação; porém, antes de qualquer 
coisa, é fundamental compreender o motivo e o contexto de sua existência. 
O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: 
 
● Conceituar política pública; 
● Explicar o motivo de sua existência e as suas características; 
● Explicar os tipos de políticas públicas. 
Bons estudos! 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
1.1 Conceito e características 
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e, principalmente, 
das formas de difusão de informações com as chamadas mídias sociais, uma 
crescente parcela da sociedade passou a ter um espaço na gestão pública, 
que antes não tinha. Uma possibilidade maior de participação e/ou 
monitoramento na gestão dos recursos públicos, na elaboração e implantação 
das políticas públicas diversas, seja de saúde, de educação, de finanças ou de 
desenvolvimento. 
Tais políticas ganharam grande visibilidade a partir do esgotamento do 
modelo Keynesiano no final do século XX, ou de “bem-estar social” (wellfare 
state), com as políticas restritivas de gastos que passaram a reger as políticas 
econômicas dos países capitalistas, no advento do neoliberalismo. A partir daí, 
o conhecimento sobre o processo decisório, a implementação, o 
monitoramento e a avaliação das políticas públicas ganharam mais importância 
e visibilidade. 
Como as ações do poder público são centralizadas e pouco 
transparentes, é fundamental compreender o funcionamento do planejamento 
do setor público, visto que suas políticas afetam todos os cidadãos do país. 
Para amadurecimento da democracia, a participação da sociedade no 
monitoramento e na avaliação da gestão pública é fundamental. As 
responsabilidades e as funções dos gestores públicos resumem-se em 
promover o bem-estar da sociedade, que está relacionado a ações bem 
planejadas e executadas em todas as áreas, como saúde, educação, meio 
ambiente, habitação, assistência social, lazer, transporte e segurança, 
contemplando a qualidade de vida como um todo. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
https://www.politize.com.br/democracia-o-que-e/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
A política pública como área do conhecimento foi desenvolvida nos 
Estados Unidos da América (EUA) no decorrer do século XX, quando autores 
como Harold D. Lasswell (1956), Herbert Simon (1957), Charles Lindblom 
(1959), David Easton (1984) e Thomas Dye (1984), dentre outros, 
desenvolveram o arcabouço teórico da política pública, junto aos fatores 
internos e externos. 
A definição instituída por Thomas Dye (1984) parece simplista, porém é 
extremamente profunda quando define política pública como “o que o governo 
escolhe fazer ou não fazer” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 15). 
Exatamente porque quando um governo não faz nada em relação a alguma 
questão de sua responsabilidade, algum motivo tem para isso, ou seja, 
certamente foi uma ação (não ação/omissão) planejada. Segundo os mesmos 
autores (2015, p. 16): 
 
A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os 
governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas 
eleitorais em programas e ações para produção de resultados ou 
mudanças no mundo real. 
 
Assim, pode se entender como políticas públicas um conjunto de ações 
tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) que visem aplicar 
ou implementar medidas de responsabilidade pública relacionadas aos atores 
externos, ou seja, as diversas camadas da sociedade protegidas pela 
Constituição federal em seus direitos constitucionais, desde que cumpram com 
seus deveres e suas responsabilidades constitucionais. 
Estas ações do poder público são direcionadas a questões e públicos 
específicos, de acordo com as necessidades de cada nação e de cada região, 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
principalmente em países continentais como o nosso. Dessa forma, no âmbito 
político, as políticas públicas são parte de grande conflito de interesses, pois 
são diversos atores organizados em grupos com interesses opostos, que 
pressionam o Estado para que execute políticas públicas que lhes favoreçam, 
como por exemplo alterações na política fiscal e tributária; beneficiando os 
setores de importação ou exportação, favorecendo o agronegócio em 
detrimento da indústria nacional, que perderia mercado para os produtos 
importados, gerando desemprego e redução no investimento interno. 
Percebam que uma determinada política que favorece uns, prejudica outros, e 
por isso o equilíbrio nas ações é uma das tarefas mais difíceis para o gestor 
público. 
Estas ações podem se dar por meio de projetos e programas realizados 
pelos governos, que podem ser políticas de Estado ou de governo. É 
fundamental compreender essa diferença, em que a política de Estado 
independe do governo ou governante que estiver como gestor, pois é garantida 
pela Constituição; enquanto a política de governo só ocorre durante um 
governo específico, pois cada governante costuma ter seus projetos 
específicos apresentados na campanha e de interesse de um público 
determinado, como a questão das armas, por exemplo. 
As políticas públicas podem ser de cunho social (educação, saúde, 
previdência, assistência etc.), econômico (fiscal, tributária, cambial etc.), de 
infraestrutura (pavimentação de estradas e privatização de portos e aeroportos) 
etc.; porém, é fundamental perceber que tudo está interligado, conectado, pois 
políticas sociais e de infraestrutura têm efeito no desempenhoeconômico de 
qualquer nação ou região, e vice-versa. Assim, “políticas públicas repercutem 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
na economia e na sociedade, daí porque qualquer teoria da política pública 
precisa também explicar as inter-relações entre o Estado, política, economia e 
sociedade” (HOCHMAN, ARRETCHE & MARQUES, 2007, p. 69). Portanto, ao 
pensar nas diferenças entre políticas públicas, sejam políticas econômicas ou 
sociais, tenhamos clareza de que ambas são parte de um campo 
multidisciplinar com objetivos e focos diferentes. 
Ações públicas destinadas a atores permanentemente em conflito que, 
defendendo seus interesses, utilizarão de todos os meios e instrumentos 
necessários para inserir seus interesses na agenda do governo, que passará a 
tratá-lo como um “problema público”. Esse entendimento dos governos surge a 
partir da pressão dos atores externos (grupos organizados de interesse) por 
meio de suas representações nos poderes legislativos com as “bancadas” e o 
“lobismo” (lobby). 
 
1.2 Tipos de Política Pública 
É fundamental compreender que as políticas públicas executadas por 
um determinado governo vão determinar a dinâmica política daquela nação ou 
região. “Isso dependerá do tipo de política pública que está em jogo, com isso 
poderá haver o reequilíbrio das forças ou reorganização dos jogos, conflitos e 
coalizões necessárias” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 19). Por isso, 
segundo os autores, uma das maiores contribuições do teórico Theodore J. 
Lowi (1972) foi chamar a atenção para o reconhecimento do tipo de política 
pública implementado (regulatória, distributiva, redistributiva e constitutiva), 
pois impacta diretamente o processo político de gestão pública. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 Política Regulatória: atua na regulação de serviços de utilidade 
pública, como nossas agências reguladoras (ANA, ANATEL, ANEL, 
ANVISA etc.). 
 Política Distributiva: benefícios destinados a públicos específicos, 
como a previdência social, com custos distribuídos para toda 
sociedade por meio de impostos. 
 Política Redistributiva: realizada por meio de, por exemplo, benefícios 
fiscais que visam impulsionar ou beneficiar setores específicos como 
indústrias, empreiteiras, bancos etc. Quando o governo deixa de 
arrecadar de um lado para beneficiar um setor específico, precisará 
aumentar os impostos em outros setores, se não a conta não fecha. 
Assim, os autores frisam que “o embate e a barganha são 
fundamentais para determinar quem serão os ganhadores e 
perdedores” (AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 21). 
 Políticas Constitutivas: são políticas que definem a linha de trabalho 
de cada governo, seu foco principal, ou objetivo geral. No caso do 
Brasil, tivemos governos focados na economia, no equilíbrio fiscal e 
ajuste monetário; e outros já mais focados nas questões sociais e 
redução da pobreza e da desigualdade; cada um agindo de acordo 
com as circunstâncias e necessidades do momento. 
É importante frisar que sempre haverá conflito de interesses entre os 
diversos atores da sociedade por benefícios, direitos e/ou justiça por parte dos 
agentes públicos, que de acordo com a meta estabelecida deve manter 
políticas estruturantes em prol do benefício de toda a população, como 
políticas educacionais, de saúde e de infraestrutura; e da mesma forma 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
fomentar o desenvolvimento econômico com políticas de incentivo (fiscais e 
monetárias). Concomitantemente, todos os atores vão se fortalecendo e 
pressionando o Estado de maneira mais justa em busca de benefícios que 
atendam todos os cidadãos, independentemente de sua classe social. 
 
 Artigo: 
AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: 
conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, 
julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. 
Para complementar seus conhecimentos sobre o tema, assista o 
vídeo O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? Leonardo Secchi. 
<https://www.youtube.com/watch?v=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize%21>. 
 
Veremos a seguir aspectos da dinâmica das políticas públicas, como 
seus atores, fases e formas de avaliação. 
REFERÊNCIAS 
AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: 
conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, 
julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. 
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, 
propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. 
HOCHMAN, G. ARRETCHE, M. MARQUES, E. Políticas públicas no Brasil. 
Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 398 P. ISBN 978-85-7541-350-0. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
file:///C:/Users/Filipe%20Raimundo/AppData/Local/Temp/Rar$DIa9608.34189/O%20QUE%20SÃO%20POLÍTICAS%20PÚBLICAS%3f%20Leonardo%20Secchi.%20%3chttps:/www.youtube.com/watch%3fv=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize!
file:///C:/Users/Filipe%20Raimundo/AppData/Local/Temp/Rar$DIa9608.34189/O%20QUE%20SÃO%20POLÍTICAS%20PÚBLICAS%3f%20Leonardo%20Secchi.%20%3chttps:/www.youtube.com/watch%3fv=tWnZrMRLtCQ&ab_channel=Politize!
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
UNIDADE II: A DINÂMICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS 
Prezado(a) estudante! 
Nesta unidade, falaremos sobre a dinâmica das políticas públicas, como 
se operacionalizam de fato. Conheceremos os atores envolvidos no processo, 
suas fases e formas de avaliação. 
O objetivo é que, ao final desta unidade, você possa: 
● Descrever os atores do processo e suas funções; 
● Explicar as fases do processo; 
● Descrever as formas de avaliação das políticas públicas. 
 
Bons estudos! 
2.1 Os atores envolvidos nas Políticas Públicas 
Podemos inferir que o Estado seja o protagonista no processo de 
planejamento e execução das políticas públicas, devido ao seu poder e à sua 
autonomia, garantidos pela Constituição. Porém, sabemos que suas decisões 
são tomadas a partir de pressões externas, o que nos leva a crer que atores 
externos participem, junto ao protagonista, de todo o processo de decisão, com 
mais ou menos poder de influência. O grau dessa “autonomia relativa” do 
Estado depende “de muitos fatores e dos diferentes momentos históricos de 
cada país” (HOCHMAN, ARRETCHE & MARQUES, 2007, p. 72). Os autores 
frisam que: 
Apesar do reconhecimento de que outros segmentos que não os 
governos se envolvam na formulação de políticas públicas e no seu 
processo, tais como grupos de interesse e os movimentos sociais, 
cada qual com maior ou menor influência a depender do tipo de 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
política formulada e das coalizões que integram o governo, e apesar 
de argumentarem que o papel dos governos tem sido escolhido por 
fenômenos como a globalização, a diminuição da capacidade dos 
governos de intervir, formular políticas públicas e de governar não 
está empiricamente comprovada. (HOCHMAN, ARRETCHE & 
MARQUES, 2007, p. 72). 
 
Ainda que sofra pressões de lados diversos (e opostos), e que tenha 
limitações impostas pela conjuntura econômica e política de um período 
determinado, a capacidade de formular e executar políticas públicas, por mais 
complexas que sejam, permanece competência do Estado, único ator capaz e 
competente para cumprir esse papel. 
Segundo Reinaldo Dias e Fernanda Matos(2012, p. 44), os atores em 
políticas públicas podem ser divididos nas seguintes categorias: 
 Atores fundamentais: são os políticos e a alta equipe administrativa 
(chefes do executivo, seus ministros, secretários etc.). 
 Partidos Políticos: os de situação, oposição e centro (flutuantes). 
 Equipes de governo: assessores nomeados indicados por políticos. 
 Corpo técnico: funcionários de carreira responsáveis por gerir a 
máquina burocrática. 
 Juízes: representantes do poder judiciário. 
 Mídia: veículos de comunicação de massa (rádio, TV e internet). 
 Empresas: das pequenas às transnacionais, que exercem forte pressão 
em busca de seus interesses. 
 Sindicato e associações profissionais: representação profissional, com 
interesses, comumente, opostos aos das empresas (no que se refere às 
condições de trabalho, à remuneração etc.). 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 Organizações do terceiro setor: não governamentais (ONG’s), 
filantrópicas e fundações em geral. 
 Atores do conhecimento: centros de estudos e pesquisa vinculados aos 
demais atores do processo, que necessitam de argumentos 
(comprovados cientificamente ou não) para defender seus interesses. 
 Grupos de pressão: lobismo e bancadas diversas que pressionam o 
governo na defesa de seus interesses. 
 Movimentos sociais: movimentos organizados com objetivos 
específicos. 
 Associações comunitárias: sociedade civil organizada que representam 
uma localidade e/ou público específico (associações de bairro, região, 
quilombolas, ribeirinhos, agricultores etc.). 
Todos citados acima têm suas funções e seus interesses específicos 
dentro da dinâmica de planejamento e de execução das políticas públicas 
diversas, exercendo sua força de sensibilização, convencimento e pressão. 
 
2.2 O ciclo e as fases das Políticas Públicas 
Esse chamado “ciclo” da política pública é como sua linha temporal, 
como se dá todo o processo, da concepção, da elaboração à execução e da 
avaliação. “É uma forma de visualizar e interpretar a política pública em fases e 
sequências organizadas de maneira interdependente (AGUM, RISCADO & 
MENEZES, 2015, p. 23). Os autores esquematizam esse ciclo em seis fazes, 
sendo elas: 
1. PROBLEMA: o problema público pode ser súbito, como um acidente 
ambiental; ou pode ocorrer ao longo de um determinado período, 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
ganhando importância aos poucos até se tornar grave; ou também pode 
estar presente na sociedade que, dependendo de seu grau de 
acomodação, se acostuma com ele. 
2. AGENDA: é justamente onde o problema público deve entrar, e para que 
isso aconteça os grupos de interesse devem pressionar o legislativo 
para serem contemplados. Os autores frisam que “Estar na agenda 
política não significa resolver o problema. A dificuldade de manter um 
problema reconhecido enquanto público é um exercício contínuo” 
(AGUM, RISCADO & MENEZES, 2015, p. 26). Um contínuo exercício de 
pressão e representação, um exercício político. 
3. ALTERNATIVAS: pode ser entendida como a formulação de alternativas 
para tratamento do problema, onde são elaboradas as estratégias de 
ação por meio de projetos, programas ou ações pontuais com duração 
específica. 
4. TOMADA DE DECISÃO: os autores frisam que nessa fase chega-se a 
um equilíbrio entre os atores de pressão na fase anterior, quando as 
alternativas são analisadas e lapidadas, até se pensar na melhor 
maneira possível, podendo ocorrer adequações entre os problemas e as 
soluções apresentadas. 
5. IMPLEMENTAÇÃO: segundo os autores, essa fase é bastante complexa 
pois pode esbarrar em barreiras/entraves técnicos e/ou administrativos. 
Falhas na formulação e/ou na implementação, por erros no corpo 
técnico, que devem ser assumidos pela administração pública. Porém, 
as questões políticas, diferentes das técnicas, são bem mais complexas 
e desgastantes. Segundo Dias e Matos (2012, p. 79): 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 
O ideal de neutralidade da administração pública, na realidade, é um 
mito, idealizado como um dos elementos de legitimação do exercício 
do poder, pois este sempre é controlado por um grupo que impõe 
sobre os demais seus pontos de vista e procura através do discurso 
legitimá-los como sendo de todos. 
 
Nessa fase, é fundamental destacar fatores como a continuidade da 
pressão pelos grupos de interesse, o mito da “neutralidade” da administração 
pública e a necessidade de ajustes e de adaptações entre as ações e os 
problemas em suas situações reais/concretas. 
Identificam-se dois modelos de implementação, que são o top-down (de 
cima para baixo), em que os tomadores de decisão estão separados dos 
implementadores; e o modelo bottom-up, no qual a implementação ocorre de 
maneira compartilhada entre vários atores envolvidos no processo. 
6. AVALIAÇÃO: segundo Agum, Riscado & Menezes (2015, p. 30) trata-se 
de um dos momentos mais críticos, pois “os atores envolvidos na ação 
são medidos e sua capacidade de resolução de um determinado 
problema pode ser questionada por meio dela”. Assim, para dar mais 
segurança ao processo são criados parâmetros, indicadores de 
desempenho para que os avaliadores tenham base padronizada para 
definir se a política funciona ou não. 
 
2.3 Acompanhamento, monitoramento e avaliação 
Numa nação desenvolvida e organizada, é comum que a sociedade 
acompanhe o trabalho da administração pública, que se mostra transparente e 
eficaz. Em nações subdesenvolvidas, esse monitoramento pode e deve 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
também ocorrer, pois os desvios de interesse da administração pública e a falta 
de transparência exige da população muita atenção e ativismo no 
acompanhamento e na avaliação dessas políticas. 
 
A avaliação realizada a partir de informação embasada em dados 
confiáveis, obtidos através de análise objetiva dos efeitos das ações 
públicas, é importante para as instituições e governos, pois 
fundamentam sua legitimidade não somente na legalidade de suas 
decisões, mas também no que fazem, ou seja, nos resultados. (DIAS 
& MATOS, 2012, p. 84). 
 
Para todos os atores do processo, gestores públicos e beneficiados, o 
monitoramento e a avaliação das políticas são fundamentais a todas as 
categorias do ciclo; pois é justamente nesse momento que o processo termina, 
e pode ser avaliado ponto a ponto: tudo que poderia ser melhorado, ignorado 
ou contemplado, erros comuns ou absurdos, ingenuidades ou falta de 
compreensão, negligência ou falta de sensibilidade ou compaixão, dos 
aspectos objetivos aos subjetivos, dos técnicos aos políticos. Tudo aparece 
aqui, nessa fase de avaliação. 
 
A avaliação deve ser considerada um elemento fundamental para o 
sucesso das políticas públicas, não deve ser realizada somente ao 
final do processo, mas em todos os momentos do ciclo de políticas. 
Constitui uma fonte de aprendizado que permite ao gestor perceber 
quais ações tendem a produzir melhores resultados (DIAS & MATOS, 
2012, p. 84). 
 
Como dito anteriormente, sobre critérios para avaliação, Agum, Riscado 
e Menezes (2015, p. 30) citam os indicadores input, que “têm por objetivo medir 
os esforços despendidos em uma ação; eles podem ser recursos econômicos, 
humanos ou mesmo materiais”. Já os outputs “procuram medir os resultados 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida GovernadorJorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
alcançados, isto é, as realizações referentes às ações imputadas”. São 
fundamentais para saber se os problemas tratados com a determinada política 
pública foram resolvidos ou reduzidos. 
É fundamental, nesta seção, o entendimento de que o monitoramento 
deve ser contínuo para corrigir, ajustar e adequar o processo de 
implementação da política pública à suas metas e/ou aos resultados 
esperados; e de que a avaliação possibilita aos gestores públicos formarem um 
banco de dados com informações úteis a futuros planejamentos, correção e 
prevenção de falhas, prestação de contas, identificação de obstáculos e, ao 
mesmo tempo, potencialidades não aproveitadas anteriormente; dentre outros 
fatores. Segundo Dias & Matos (2012, p. 85): 
 
É possível distinguir pelo menos quatro tipos de uso da avaliação, 
quais sejam:71 (a) instrumental; (b) conceitual; (c) como instrumento 
de persuasão (quando ela é utilizada para mobilizar o apoio para a 
posição que os tomadores de decisão já têm sobre as mudanças 
necessárias na política ou programa); e (d) uso para o 
“esclarecimento”. 
 
Outro entendimento fundamental é que toda política pública exige um 
tempo de maturação de aproximadamente 10 anos, específico para cada caso 
(uns exigem mais tempo, enquanto outros menos). Segundo Agum, Riscado e 
Menezes (2015, p. 31), “é primordial o tempo de ajustes e reajustes dos atores 
envolvidos na ação e o melhor entendimento do corpo social impactado por 
ela”. E para esse acompanhamento também do período de maturação, há todo 
um banco de dados disponível para consulta e atualização permanente. 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Para ilustrar o conteúdo desta unidade, sugiro que você assista 
ao vídeo: CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: Leonardo Sechi. 
https://www.youtube.com/watch?v=N8phb0UN2WY&ab_channel=Politize%21. 
 
Para aprofundar o entendimento sobre o ciclo das políticas 
públicas, leia o capítulo 4 do livro: Políticas Públicas: princípios, propósitos 
e processos; de Reinaldo Dias e Fernanda Matos, disponível na MINHA 
BIBLIOTECA. Referência: DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas 
Públicas: princípios, propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. 
 
Nesta seção, conhecemos as diferentes fases do ciclo das políticas públicas. 
 
 REFERÊNCIAS 
AGUM, Ricardo. RISCADO, Priscila. MENEZES, Monique. Políticas Públicas: 
conceitos e análise em revisão. Revista Agenda Política. Vol. 3, n. 2, p. 12-42, 
julho-dezembro de 2015. ISSN: 2318-8499. 
 
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas Públicas: princípios, 
propósitos e processos. SP: Atlas, 2012. 
 
HOCHMAN, G. ARRETCHE, M. MARQUES, E. Políticas públicas no Brasil. 
Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. 398 P. isbn 978-85-7541-350-0. 
 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
https://youtu.be/MclhVhzw0R4
https://www.youtube.com/watch?v=N8phb0UN2WY&ab_channel=Politize%21
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
UNIDADE III: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 
Prezado(a) estudante! 
Nesta unidade, falaremos sobre desenvolvimento econômico, suas 
correntes teóricas no mundo e na América Latina. 
O objetivo é que, ao final desta unidade, você possa: 
● Descrever o desenvolvimento teórico clássico acerca do tema; 
● Descrever aspectos teóricos latino-americanos de desenvolvimento; 
● Reconhecer as teorias contemporâneas sobre desenvolvimento regional; 
● Reconhecer aspectos teóricos do Desenvolvimento Sustentável. 
 
Bons estudos! 
3.1 Principais Correntes Teóricas Clássicas 
Os estudos sobre desenvolvimento partem de uma época em que a 
concepção sobre o tema estava em construção. Inicia com os FISIOCRATAS 
no século XVIII, primeira escola de economia científica, e suas análises tinham 
como base a vinculação com a natureza. Nessa linha de pensamento, 
consideravam a agricultura a base de todo sistema econômico, em contraponto 
aos mercantilistas, que priorizavam a circulação das mercadorias. O principal 
pensador fisiocrata foi François Quesnay (1694 – 1774). 
Para melhor entendimento desse processo, devemos considerar que, na 
época, a atividade industrial era ainda artesanal e, por isso, não era 
considerada nas análises dos teóricos, que gladiavam entre a produção e a 
distribuição. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Posteriormente aos fisiocratas, ainda no século XVIII, teóricos como 
Adam Smith, Thomas Malthus, David Ricardo e Jonh Stuart Mill, dentre outros, 
passaram a se destacar chamando atenção para fatores nunca antes 
contemplados nas análises econômicas, como a qualidade de vida da 
população. Esta se daria através do acúmulo de riquezas, que para Smith seria 
determinada pela produtividade do trabalho em um sistema de liberalismo 
econômico, em que o mercado, de maneira orgânica, sem intervenção do 
Estado, garantiria as condições de crescimento econômico e bem-estar social. 
David Ricardo criticava os grandes investimentos na agricultura, que 
para ele era a fonte dos problemas econômicos por ser incapaz de produzir 
alimentos baratos para consumo dos trabalhadores, pois permanecia com as 
mesmas técnicas arcaicas de produção, que não acompanhavam a crescente 
demanda da população em crescimento exponencial. Assim, levava ao 
aumento dos custos, dos bens de consumo e dos meios de produção, 
causando perda do poder de compra e ineficiência no crescimento econômico. 
No mesmo sentido, Jonh Stuart Mill ressalta a preocupação com a 
estagnação da economia, pois sem produtividade para atender à demanda, 
sem vagas que absorvessem a mão de obra para geração e distribuição de 
renda, o sistema ficaria estagnado. Por isso, defendia o progresso técnico para 
beneficiamento dos produtos e ganhos de produtividade, de forma que o ritmo 
desse progresso fosse superior ao crescimento demográfico. 
Com a mesma preocupação, o teórico Thomas Malthus já naquela 
época alertava para a necessidade de controle populacional, pois, no ritmo que 
estava, a população aumentaria mais que a capacidade da economia de 
produzir alimentos. Malthus destacou que a grande questão do 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
desenvolvimento é conciliar crescimento com a distribuição, de forma que 
todos sejam remunerados de maneira proporcional à sua contribuição dentro 
do sistema. 
Karl Marx confronta as ideias liberais provando que o mercado sem 
regulação não garantiria crescimento econômico, e muito menos bem-estar 
social; pois se trata de um sistema concentrador de renda e explorador da força 
de trabalho e, por isso, defendia que o conflito distributivo ocorria na relação 
entre o capital e o trabalho. 
Já no século XX, Alfred Marshal dedicou seus estudos à organização 
industrial, à divisão do trabalho, às economias de escala, aos investimentos em 
infraestrutura e à organização dos distritos industriais como propulsores do 
desenvolvimento. 
Joseph Alois Schumpeter acompanhou seus pensamentos com 
destaque para a inovação, pois justificava o desenvolvimento econômico a 
partir do papel inovador dos empresários. Porém, não qualquer empresário, e 
sim o empreendedor, pois sua teoria era centrada no empresário inovador 
como indutor do desenvolvimento, sempre arriscando e cobrando por 
inovações permanentes nos produtos ou processos. 
Com a primeira e segunda revoluções industriais pautadas nestes 
princípios abordados anteriormente,de progresso tecnológico, inovação, 
ganhos de escala, exploração descabida do trabalho e do meio ambiente, e no 
Estado mínimo, características do liberalismo econômico, na década de 30, o 
sistema ruiu com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York (Crise de 1929) e 
a grande depressão na maior potência capitalista do globo. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Justamente no período de afirmação dos EUA como potência econômica 
mundial, a doutrina liberal ruiu, se mostrou insustentável e não confiável ao ser 
incapaz de resistir à crise de 1929. A quebra da Bolsa de Valores de Nova 
Iorque, em outubro do mesmo ano, acabou com as certezas e seguranças do 
laissez-faire, e levou à reconfiguração da política de Estado frente ao sistema 
capitalista em expansão nos motores do fordismo. 
No ano de 1914, pautado nos estudos científicos de Frederick Taylor, 
Henry Ford estrategicamente elaborou uma dinâmica de trabalho que 
respondesse às demandas dos trabalhadores, relacionadas à jornada de 
trabalho, e ao mesmo tempo às necessidades de expansão do sistema 
capitalista, a reprodução do capital. Tal dinâmica foi implantada em suas 
fábricas respeitando a carga horária de 8 horas diárias de trabalho, porém, em 
uma linha de montagem mecânica, na qual quem ditava a velocidade do 
trabalho, o ritmo do trabalho, era a máquina, e não o homem; dinâmica essa 
muito bem exemplificada por Charles Chaplin no filme “Tempos Modernos”, 
exaustivamente referenciado para melhor entendimento e compreensão do 
modelo de produção que viria a ser mundialmente adotado, chamado fordismo. 
A partir da crise de 1929, os Estados Unidos reduziram a compra de 
produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, 
ocasionando uma crise mundial sem precedentes que levou à quebra de 
indústrias e de empresas diversas, altas taxas de desemprego, redução 
drástica da oferta de crédito e da demanda de produtos, afetando todas as 
economias capitalistas, principalmente as mais industrializadas. Eleito em 
1932, auge da “grande depressão”, o presidente americano Franklin Delano 
Roosevelt propôs o chamado New Deal (novo acordo) para redução das 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
mazelas sociais e, posteriormente, recuperação da maior economia capitalista 
do mundo. Foram então implementados uma série de programas entre 1933 e 
1937, que conciliavam políticas econômicas e sociais, criando assim as bases 
do que viria a ser chamado welfare state (estado de bem-estar social). 
Tais medidas, também tomadas por Hjalmar Schacht, na Alemanha, são 
influenciadas pelos estudos de um economista inglês, dedicado à busca pelo 
pleno emprego por meio da indispensável regulação do mercado pelo Estado, 
única forma de se garantir crescimento econômico com equidade social ou, 
pelo menos, justiça social. A partir da sistematização das experiências 
americana e alemã, Jonh Maynard Keynes publicou, em 1936, sua principal 
obra intitulada “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. Claus Offe 
(1984) destaca que a junção do Welfare State keynesiano com o fortalecimento 
dos processos democráticos induzidos por Roosevelt não foi apenas um 
modelo de política adotado como medida de caridade pública. 
 
A intenção estratégica da política econômica Keynesiana é promover 
o crescimento e o pleno emprego, e a intenção estratégica do 
“Welfare State” é proteger aqueles que são afetados pelos riscos e 
contingências da sociedade industrial e criar uma medida de 
igualdade social. Essa última estratégia se torna viável apenas na 
medida em que a primeira é bem-sucedida, fornecendo os recursos 
necessários para as políticas de “Bem-estar” social e limitando a 
extensão das reivindicações relativas a esses recursos (OFFE, 1984, 
p. 378). 
 
O período de Welfare State propiciou alterações na concepção de 
capitalismo, principalmente em sua interação com a sociedade, proporcionando 
a desconexão de seu caráter auto regulador, autossuficiente, assim como a 
noção de autoridade sobre o sistema, que passou a ser exercida pelo Estado. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Ao mesmo tempo, foi a mais bem-sucedida experiência de combinação entre 
capitalismo e democracia, com o permanente, fortalecido e inclusivo sistema 
partidário competitivo, assistência aos cidadãos assegurando direitos que não 
tinham sob comando do mercado. Assim, o capitalismo assume uma postura 
diferente da anterior, através de uma profunda politização da economia (OFFE, 
1984). 
Como principal teórico do período, Keynes pregava, em sua abordagem 
macroeconômica, a possibilidade do pleno emprego como fator fundamental 
desenvolvimento com impactos diretos na geração de distribuição de renda, e 
no investimento público como indutor do desenvolvimento e garantidor do bem-
estar social, a partir da intervenção e regulação do Estado na economia. 
A partir daí a questão social passou a ser fator fundamental aos 
indicadores de desenvolvimento, e o debate sobre o nível de intervenção do 
Estado na economia continua até os dias atuais. Stiglitz (2002), teórico 
neokeynesiano, com base em críticas neoliberais, afirma que a discussão não 
deve ser sobre o envolvimento ou não do Estado na economia, mas COMO ele 
se envolve, pois, países desenvolvidos têm Estados enérgicos e ativos em 
todos os segmentos da economia. 
A crise mundial de 2007, assim como a de 1929, trouxe grande alerta 
sobre o papel do Estado na regulação econômica, pois todos os neoliberais 
pregam o ESTADO MÍNIMO, porém, 
 
(...) a superação da crise, como se viu, dependeu de grandes 
investimentos do Estado de países como, por exemplo, os Estados 
Unidos, na recuperação financeira de instituições bancárias e 
empresas comerciais e industriais. (DALLABRIDA, 2010, p. 43). 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Atuação comum do Estado em todas as economias capitalistas, sempre 
dependentes do Estado, do financiamento às suas atividades, de crédito, de 
renegociação de dívidas, de apoios em momentos de crise, de isenção fiscal 
etc. 
No final do século XX, a partir das décadas de 60 e 70, os movimentos 
ambientalistas começaram a chamar atenção no âmbito global para as 
catástrofes ambientais decorrentes das atividades econômicas, que ocorriam 
desde a queima do carvão mineral, e aumentaram com a exploração de 
petróleo e o desmatamento para assentar a agricultura de larga escala, produto 
da “revolução verde” (década de 60). Assim, chegamos ao final do século XX e 
início do XXI desenvolvendo conceitos como ecodesenvolvimento, 
desenvolvimento sustentável, e outras formas de pensamento que 
propusessem desenvolvimento com conservação, uma forma de exploração 
econômica que não comprometesse as gerações futuras. 
Nesse contexto, o termo “desenvolvimento” se firmou como o 
crescimento econômico atrelado à justiça social e ao equilíbrio ambiental. 
Quando temos somente o econômico, trata-se apenas de crescimento, não 
desenvolvimento. 
 
3.2 Teorias Latino-Americanas 
Na América Latina, a Organização das Nações Unidas - ONU criou, em 
1948, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL. Tinha 
como objetivo a realização de estudos em prol do desenvolvimento da região, e 
assim gerou a teoria do ESTRUTURALISMO LATINO-AMERICANO, que 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
contribuiu para o entendimento das principais causas do subdesenvolvimento, 
e o que poderia ser feito para superá-lo. 
Uma das causas principais foi estudada na “Teoria das Trocas 
Desiguais”, em que se afirmava que o principal entrave ao desenvolvimento no 
3º mundo era a transferência de valor no comércio internacional, visto que 
nossos produtos eram (e ainda são) de baixíssimo valor agregado (bens 
primários). 
As Teorias do Centro-Periferia e da Dependência defendem a existência 
de uma ordem mundial, com países centrais que, aliados às elites dos 
periféricos, enriquecem progressivamente às custas do 3º mundo, com a 
exploração de mercados e de recursos naturais em troca de tecnologia 
defasada e em relações comerciais desiguais. Estruturalmente, essa é a 
formação econômica e política de todos os países subdesenvolvidos, antigas 
colônias. Como maiores expoentes da CEPAL e das teorias latino-americanas, 
temos o brasileiro Celso Furtado e o argentino Raúl Prebisch. 
 
3.3 Abordagens teóricas recentes sobre Desenvolvimento Regional 
De maneira breve abordaremos as principais correntes teóricas mais 
recentes, a partir da década de 1980, com base na obra de Valdir Roque 
Dallabrida (2010). O autor, pautado em teóricos do tema, frisa que elementos 
comuns de desenvolvimento estão presentes em todos os estudos 
desenvolvidos: “(1) refere-se a um processo de mudança estrutural localizado; 
(2) remete a uma responsabilidade fundamental à sociedade regional; e (3) 
inclui a dinamização socioeconômica associada à melhoria da qualidade de 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
vida de sua população” (DALLABRIDA, 2010. P. 111); identificados como 
parâmetro para o desenvolvimento regional. 
A abordagem de Dallabrida inicia com o período de transição de 
paradigma socioprodutivo no advento do modelo de acumulação flexível, uma 
nova forma de se produzir, de se conceber os processos de produção, as 
relações de trabalho, comerciais, até a mercadoria, o produto final. 
Este modelo, conhecido como TOYOTISMO, surgiu no final do século 
XX com o enfraquecimento do FORDISMO a partir das crises do petróleo nos 
anos de 1970; mais uma crise capitalista que reconfigurava a estrutura das 
relações econômicas no globo, mantendo as grandes corporações industriais e 
financeiras no topo, sempre associadas aos Estados provedores. 
 
Assim, a produção flexível anunciava, finalmente, um novo horizonte 
de possibilidades produtivas, inovações tecnológicas e organizações 
empresariais que deveriam ter grandes consequências na 
configuração espacial das economias, interferindo positivamente no 
desenvolvimento regional (DALLABRIDA, 2010, p. 113). 
 
A partir daí, desenvolveram-se por todo mundo estudos sobre estruturas 
produtivas como distritos industriais, clusters, sistemas produtivos locais, 
regionais e territoriais, etc. Uma rearticulação do sistema flexibilizando a 
produção (a menos tecnológica) e as relações de trabalho (TERCEIRIZAÇÃO 
dos serviços e da produção), mantendo o controle sobre a tecnologia de ponta. 
Enquanto autores italianos se debruçavam na teoria de Marshall, sobre 
os DISTRITOS INDUSTRIAIS, o desenvolvimento dos estudos sobre a obra de 
Schumpeter se deu a partir de autores chamados NEOSCHUMPETERIANOS, 
defensores da Economia EVOLUCIONÁRIA, em que estudaram a influência da 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
INOVAÇÃO no desenvolvimento – MEIOS INOVADORES – SISTEMAS 
NACIONAIS OU REGIONAIS DE INOVAÇÃO, uma região caracterizada por: 
1) Possuir capital de conhecimento técnico e tecnológico associado à 
produção local; 
2) Possuir uma rede de troca/fluxo de conhecimento; 
3) Possuir objetivos estratégicos de atuação convergentes; 
4) Possuir recursos materiais e humanos (instituições financeiras, de 
prestação de serviços, de pesquisa, administração pública etc.); 
5) Integração às redes internacionais de mercado e às informações 
tecnológicas; 
6) Alto grau de interação com o sistema político-institucional do seu país. 
 
Sobre os CLUSTERS ou SISTEMAS PRODUTIVOS LOCAIS ou 
REGIONAIS, são “formas de organização da produção, baseadas na divisão 
do trabalho entre as empresas e a criação de um sistema de intercâmbios 
locais que resultam no aumento da produtividade e no crescimento da 
economia” (DALLABRIDA, 2010, 133). Espaços de compartilhamento onde as 
empresas se especializam em subprodutos e/ou sub serviços necessários às 
atividades produtivas das outras; logo, se dedicando apenas ao que são 
especializadas, tornam-se mais produtivas. 
Alguns autores divergem da comparação entre Cluster e Sistema 
Produtivos Locais (SPL), justificando que não basta ser apenas uma 
“aglomeração de empresas”, elas precisam se comunicar, interagir e 
comercializar produtos e serviços; o que ocorre em maior ou menor grau tanto 
nos SPL quanto nos Clusters. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
O termo ARRANJO PRODUTIVO LOCAL é tido como “a aglomeração 
de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade 
produtiva principal, bem como empresas correlatas e complementares, em um 
mesmo espaço geográfico” (DALLABRIDA, 2010, 135) que também se 
articulam, interagem, cooperam e aprendem entre si, além de acessar toda 
estrutura produtiva citada anteriormente (escolas técnicas, bancos, assistência 
técnica, instituições de pesquisa e demais serviços). 
 
A relação que se pode fazer entre clusters, arranjos e sistemas 
produtivos locais, é que regiões com a presença destes tipos de 
aglomerações produtivas, principalmente estes últimos, têm maiores 
condições de estímulo ao seu desenvolvimento (DALLABRIDA, 2010, 
136). 
 
O teórico Paul Krugman dedicou seus estudos ao que cunhou de Nova 
Geografia Econômica, o ramo da economia que se preocupa onde se 
estabelecem, se aglomeram e se concentram as atividades econômicas, e que 
fatores determinam essa localização. Krugman afirma que a decisão dos 
empresários de definir uma localidade para seus investimentos se pauta na 
combinação entre: (a) rendimentos crescentes; (b) baixos custos de transporte 
– facilidade de escoamento e (c) proximidade dos fornecedores e 
consumidores. 
 Sobre a mundialização das relações comerciais e o “encurtamento” do 
planeta, o teórico Manuel Castells publicou a obra Sociedade em rede (1999), 
uma “obra-prima” da literatura mundial, que “busca esclarecer a dinâmica 
econômica e social da nova era mundial: a era da informação” (DALLABRIDA, 
2010, 138); também chamada de era do CAPITAL INFORMACIONAL, em que 
o fluxo e troca de informação, capital e cultura é quase instantâneo. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Essa flexibilização e rapidez no fluxo de informações trouxe uma nova 
configuração na divisão espacial do trabalho, onde a migração de firmas, 
unidades de produção, prestadores de serviço, fornecedores de matéria-prima 
e trabalhadores fizeram surgir novos negócios e produtos, com novas formas 
de trabalho (inclusive o remoto), abrindo oportunidades e, ao mesmo tempo, 
alargando abismos sociais. 
Percebam que toda discussão em torno do chamado desenvolvimento 
se prende a questões econômicas, de cunho economicista; porém, um autor 
transcendeu esse enfoque teórico mostrando que o maior e mais cruel entrave 
ao verdadeiro desenvolvimento é a falta das “liberdadesindividuais”. Amartya 
Sen, em sua obra Desenvolvimento como liberdade (2000), defende que a 
pobreza e a privação ocorrem tanto em países desenvolvidos como nos 
subdesenvolvidos, porém em escalas diferentes. Para o autor, o real 
desenvolvimento “é um processo de expansão das liberdades individuais”, 
eliminando: 
 
a pobreza, a tirania, a carência de oportunidades econômicas, a 
privação social, a presença de Nações repressivas, em suma, a 
FALTA DE LIBERDADES SUBSTANTIVAS. Isso inclui boa 
alimentação, saúde e educação, meio ambiente saudável, 
oportunidades de lazer, liberdade de expressão, enfim, construção de 
um ambiente com democracia, igualdade e equidade (DALLABRIDA, 
2010, 154). 
 
O economista brasileiro Celso Furtado, em sua obra Introdução ao 
desenvolvimento (2000), relaciona o conceito de desenvolvimento ao grau de 
satisfação das necessidades humanas, em consonância com a concepção de 
Amartya Sen. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Promovendo e oportunizando a liberdade de escolha a uma sociedade 
que, nessas condições, alcançaria a maturidade necessária para a tomada de 
boas decisões a partir de um modelo de desenvolvimento ENDÓGENO. 
 
3.4 Apontamentos teóricos sobre o Desenvolvimento Sustentável 
A teoria econômica clássica desconsiderava fatores basilares da ciência, 
como a escassez; pois negligenciava, em seus modelos macroeconômicos, a 
natureza, especificamente sua limitação no fornecimento de recursos naturais. 
Haja visto que, no sistema econômico linear, em vigor nos dias atuais, a 
natureza é considerada apenas fonte inesgotável de recursos e espaço 
inesgotável para o despejo. Haddad (2015, p. 48) explica que: 
 
Na visão tradicional, a macroeconomia é vista como um sistema 
isolado, sem trocas de matéria e energia com o meio ambiente. 
Nessa visão, não se vislumbram insumos ecológicos ou produtos 
ecológicos enquanto se produz (por exemplo, a captação de água ou 
emissão de dejetos industriais em uma bacia hidrográfica), enquanto 
se consome (por exemplo, a emissão de monóxido de carbono de 
veículos automotivos) ou enquanto se acumula capital (investimentos) 
na sociedade. 
 
Não havia qualquer sensibilidade ou interesse nas questões ambientais, 
pois, para os teóricos clássicos, toda e qualquer LIMITAÇÃO da natureza no 
fornecimento de matéria-prima seria compensado pelo desenvolvimento 
tecnológico. Inclusive, como eram liberais, acreditavam que este mesmo 
desenvolvimento tecnológico traria equilíbrio às relações econômicas e sociais, 
sem necessidade de intervenção do governo, que tiraria a liberdade do sistema 
econômico – liberdade de exploração ilimitada de recursos naturais e de 
pessoas. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
As preocupações com os problemas ambientais foram surgindo como 
reações aos desastres naturais e sociais ocorridos durante o século XX, 
acompanhando das garantias dos direitos sociais fundamentais conquistados 
pelos movimentos populares (trabalhistas e ambientais) à custa de muita luta e 
morte. 
Percebemos facilmente, nos dias atuais, principalmente nos interiores, a 
quantidade de trabalhadores rurais que adoecem pelo uso de agrotóxicos e 
morrem lutando na justiça por direitos trabalhistas, que os patrões se negam a 
reconhecer, pois trabalhadores rurais são descartáveis. 
É importante compreender que as revoluções industriais, fundamentais à 
evolução das nações e das sociedades, utilizaram como matriz energética 
combustíveis fósseis (lenha, carvão vegetal, mineral e petróleo), cuja queima é 
prejudicial à saúde humana e ambiental. Porém, nada disso era pensado 
devido aos benefícios trazidos pelo desenvolvimento tecnológico (aumento da 
produtividade, velocidade dos transportes, da comunicação etc.). 
Após duas Guerras Mundiais, que exigiram quantidade abrupta de 
recursos, e da mesma forma a reconstrução da Europa, financiada pelo Plano 
Marshall, houve a REVOLUÇÃO VERDE, conhecida conversão das práticas 
agrícolas, até então de pequeno porte e com poucos recursos químicos e 
tecnológicos, chamada de agricultura convencional. 
Para reforçar sua compreensão sobre a revolução verde, sugiro 
que você assista ao vídeo: REVOLUÇÃO VERDE – Descomplica. 
https://www.youtube.com/watch?v=e4ABcrUWy3E&ab_channel=Descomplica. 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
https://www.youtube.com/watch?v=e4ABcrUWy3E&ab_channel=Descomplica
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
Essa conversão tecnológica da agricultura trouxe, como impactos 
negativos, danos ao solo, à água e à saúde humana; e, da mesma forma, as 
catástrofes ambientais causadas pela extração e queima dos combustíveis 
fósseis, com gravíssima poluição do ar e dos oceanos. 
Tais impactos geraram, no final do século XX, seríssimos movimentos, 
baseados em estudos científicos, de clamor, para que assuntos relativos ao 
meio ambiente fossem inseridos nas discussões mundiais puramente 
economicistas (só tratavam de crescimento econômico a partir do PIB). 
Em 1987, a presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, Gro Harlem Brundtland (1ª Ministra Norueguesa), 
apresentou, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU, 
o conceito de DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL como um conceito 
político e amplo para o progresso econômico e social (VEIGA, 2008). O 
relatório apresentado chamava-se Nosso futuro comum, e “foi intencionalmente 
um documento político, que procurava alianças com vistas à viabilização da 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a 
Rio-92” (VEIGA, 2008, p. 113). 
No Relatório Brindtland Nosso Futuro Comum, o DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL é conceituado como “o desenvolvimento que encontra as 
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de 
atender suas próprias necessidades.” 
Para aprofundar o entendimento sobre o 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, acesse o site a ONU-Brasil: 
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente . 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
https://brasil.un.org/pt-br/91223-onu-e-o-meio-ambiente
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 
Percebam que a ciência em torno da possibilidade de um 
desenvolvimento sustentável ganha força com um ato político, baseado em 
ciência, que buscou colocar a agenda ambiental em discussão numa 
sociedade que a negligenciava. Ao chamar atenção para o tema, este passa a 
ser discutido internamente em todas as nações que, cada uma do seu jeito, 
buscam maneiras de lidar com o assunto. 
Camargo (2002, p. 43) cita outra definição para o termo também 
apresentado na Comissão de Brundtland: 
 
Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de 
transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos 
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a 
mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente 
e futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas. 
 
Uma proposta que tem se desenvolvido com a adoção de práticas 
sustentáveis em diversos setores, tanto da administração pública como 
empresas privadas, com a adoção de novas práticas nos processos produtivos, 
novos produtos a partir de índices de sustentabilidade desenvolvidos e 
melhorados permanentemente, atrelados aos três pilares ou dimensões do 
desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. 
a) Dimensão econômica: a empresa deve buscar sua 
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA, não apenas contabilizando suasreceitas e despesas (apenas capital econômico), como no pensamento 
convencional; além disso, devem considerar o capital humano/intelectual 
junto ao capital social e ao natural. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
b) Dimensão social: segundo John Elkington (2001), capital social trata da 
saúde da sociedade e da sua capacidade de gerar riquezas. Quando 
tratamos nas unidades anteriores sobre os atores fundamentais às 
políticas públicas de desenvolvimento, falamos na importância da 
sociedade civil organizada; esse é o entendimento de CAPITAL 
SOCIAL, pois uma sociedade ativa, educada e comprometida torna-se 
pilar fundamental para que os objetivos do desenvolvimento sustentável 
sejam alcançados. Uma forma de deixar isso bem claro, reflitam sobre a 
importância da sociedade na elaboração de PP, seu monitoramento e, 
por outro lado, como CONSUMIDORES. Pensem na força de uma 
sociedade organizada como consumidores, exigindo produtos “limpos”, 
que não degradam o meio ambiente e nem sejam produzidos a partir de 
exploração do trabalho infantil, ou análogo à escravidão; que não sejam 
contaminados com venenos tóxicos, e nem sejam produzidos em áreas 
griladas de reservas ambientais, etc. São vários os “frontes de batalha” 
nos quais a sociedade organizada pode lutar por melhores condições de 
vida a partir de um desenvolvimento sustentável, atrelado à justiça social 
e à conservação ambiental. 
c) Dimensão ambiental: quando se trata da questão ambiental, devemos 
abraçar a ciência, que incansavelmente produz conhecimento sobre o 
tema e os divulga para conhecimento e indignação de toda a sociedade. 
A primeira obra de grande relevância mundial foi da cientista americana 
Rachel Carson, com a obra Primavera silenciosa (1962), uma crítica aos 
impactos nefastos da revolução verde (citada anteriormente), que iniciou 
o processo de conscientização ambiental a nível mundial. Ao pensarmos 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
em dimensão econômica ou capital natural, devemos “contabilizar” os 
“serviços” prestados pela natureza. Segundo Elkington (2001, p. 83), o 
capital natural deve ser interpretado como “a riqueza natural que 
sustenta o ecossistema da floresta”, os benefícios gerados por ela, e os 
recursos que podem ser comercializados. Países subdesenvolvidos, 
comumente, perdem quantidades incomensuráveis de dinheiro por não 
explorarem “adequadamente” a floresta, com investimentos em 
biotecnologia para extrair recursos monetários com a comercialização de 
recursos naturais sem precisar derrubar a floresta; ao contrário, 
investem em derrubadas e queimadas para produção em larga escala 
de produtos primários, sem ou com pouquíssimo valor agregado, 
concentrador de renda e devastador do meio ambiente. 
 
É fundamental refletir que o aspecto ambiental não está separado do 
social, muito pelo contrário, estão profundamente conectados, pois danos 
ambientais causam impactos negativos diretos na sociedade em diversas 
dimensões, como danos à saúde, comprometimento dos recursos hídricos, 
grilagem de terra e assassinatos no campo, êxodo rural e inchaço populacional 
nas zonas urbanas e, por fim, alargamento do abismo social e econômico. Por 
isso, a concepção e a adoção das práticas sustentáveis nas ações de 
desenvolvimento são fundamentais à vida humana. 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 Para reforçar sua compreensão sobre DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL, assista ao vídeo: COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DO 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. ONU Brasil. 
< https://www.youtube.com/watch?v=pZ2RsinirlA&ab_channel=ONUBrasil>. 
 REFERÊNCIAS 
CAMARGO, Aspásia. João P. R. Capobianco, José A. Puppim de Oliveira 
(orgs) Meio ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós-Rio-92. São Paulo, 
Estação Liberdade: Instituto Socioambiental; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio 
Vargas, 2002. 
 
DALLABRIDA, Valdir Roque. Desenvolvimento regional: por que algumas 
regiões se desenvolvem e outras não? 1. Ed. – Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 
2010. 
 
ELKINGTON, J. Canibais com Garfo e Faca. São Paulo: Makron Books, 2001. 
 
HADDAD, Paulo R. Meio ambiente, planejamento e desenvolvimento 
sustentável. São Paulo: Saraiva, 2015. 
 
OFFE, C. “A Democracia Partidária Competitiva e o “Welfare State” 
Keynesiano: Fatores de Estabilidade e Desorganização””, In: Problemas 
Estruturais do Estado Capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984. 
 
STIGLITZ, J. E. A globalização e seus malefícios: a promessa não cumprida 
de benefícios globais. São Paulo: Ed. Futura, 2002. 
 
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. 
Rio de Janeiro: Garamond, 2008. 3ª ed 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 
UNIDADE IV: DESENVOLVIMENTO REGIONAL 
CONTEMPORÂNEO 
Prezado(a) estudante! 
Nesta unidade, estudaremos sobre políticas públicas de 
desenvolvimento e sua dinâmica na contemporaneidade. 
O objetivo, ao final desta unidade, é que você saiba: 
● Reconhecer características das políticas públicas de desenvolvimento 
regional; 
● Identificar diversidades regionais como potencialidade. 
 
Bons estudos! 
 
4.1 Características de Políticas Públicas de Desenvolvimento Regional 
Para que se reconheça ou identifique uma Política Pública (PP) de 
desenvolvimento regional, é necessário que conheçamos características de 
regiões desenvolvidas. Não há mais ou menos importantes, pois todas se 
complementam, como por exemplo: 
 Integração dos interesses locais (sociais e ambientais) com a dinâmica 
global de desenvolvimento: com o desenvolvimento dos meios de 
comunicação, e a compreensã0o de que o planeta é um corpo vivo, e 
um corpo só; sabe-se que ações de devastação em qualquer parte do 
planeta afeta a todos, com o desequilíbrio climático, escassez de chuvas 
e aquecimento global. Assim, interesses comerciais globais aprenderam 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
a se integrar aos locais, respeitando a sociedade e o ambiente local e, 
por vezes, até investindo em negócios sustentáveis para promover a 
justiça social e o equilíbrio ambiental. Pode se identificar uma PP desse 
tipo quando há incentivos para negócios sustentáveis, sejam fiscais ou 
com investimentos e/ou créditos mais acessíveis. 
 Construção de um modelo próprio de desenvolvimento regional: quando 
um modelo de desenvolvimento é EXÓGENO, quer dizer que vem de 
fora para dentro, um “pacote” formulado lá em São Paulo para 
implementação em uma comunidade da Amazônia, no Estado de 
Rondônia. Pode dar certo? Sim, pode, porém é necessário que a maior 
parte desse “pacote” seja formulado, pensado, planejado aqui, com os 
conhecedores da realidade local, pois dificilmente alguém de SP vai 
conhecer as reais necessidades de uma comunidade no interior de 
Rondônia. Agora, quando um modelo é ENDÓGENO, quer dizer que é 
de dentro, que é próprio, elaborado pela sociedade local conhecedora 
de suas necessidades reais. Pode ser que, por questões técnicas, 
necessitem de apoio externo? Sim, pode, porém que o planejamento 
seja formulado pelos próprios atores, que sejam protagonistas de sua 
história, e não expulsos do processo de desenvolvimento, como ocorre 
em tantas regiões por todo o país. Temos um belo exemplo do 
PROJETO RECA, em Nova Califórnia/RO, onde assentadosrurais ainda 
nos anos 80 construíram seu próprio modelo de desenvolvimento e hoje 
colhem seus frutos (https://www.projetoreca.com.br). 
 Ação cooperativa INTRA e INTER regional como principal elemento 
integrador: uma ação cooperativa não precisa ser, necessariamente, 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
https://www.projetoreca.com.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
entre empresas cooperativas; podem ser entre empresas comuns 
também, junto às administrações públicas, aos bancos etc. O 
fundamental é a compreensão de que ninguém cresce sozinho, ou se 
crescer, enfrentará dificuldades enormes. A proposta de cooperação 
entre os atores responsáveis pelo desenvolvimento é saudável em 
diversos aspectos (redução de custos, compartilhamento de insumos 
etc.), e, quando acontece de forma intrarregional (dentro do mesmo 
Estado) e inter-regional (entre outros Estados), só traz benefícios à 
região. 
 Termos que passaram a fazer parte dos discursos desenvolvimentistas: 
COOPERAÇÃO – PARTICIPAÇÃO – CONSÓRCIO – INTEGRAÇÃO – 
CADEIAS PRODUTIVAS – ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS – 
DISTRITOS INDUSTRIAIS – SISTEMAS REGIONAIS DE PRODUÇÃO 
– ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO – DVERSIFICAÇÃO – etc. 
 Organização social das comunidades locais: fundamental ao processo 
de desenvolvimento local, pois como vimos nas fases das PP, a 
sociedade civil organizada é componente fundamental à identificação do 
problema, às propostas de alternativas, ao acompanhamento, ao 
monitoramento e à avaliação; pois só assim alcançará resultados, com 
proatividade, organização e envolvimento político nas decisões sobre os 
rumos das PP de desenvolvimento regional. 
 UMA SOCIEDADE MAIS ORGANIZADA SOCIALMENTE É MAIS 
PARTICIPATIVA POLITICAMENTE. 
 UMA SOCIEDADE MAIS PARTICIPATIVA POLITICAMENTE É MUITO 
MAIS DESENVOLVIDA ECONOMICAMENTE. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 Propõe-se entender o desenvolvimento regional como processo de 
transformações econômicas, sociais e políticas com dinâmica endógena 
e iniciativa própria dos sujeitos (inovadores tecnológicos e ideológicos) 
coletivos regionais nas mudanças estruturais e qualitativas. 
 
4.2 Diversidade regional como potencialidade 
Há dois enfoques principais quando nos propusemos a encontrar no 
meio das desigualdades regionais oportunidades de desenvolvimento: 
1. Desenvolvimento regional a partir da redução das desigualdades locais: 
não há possibilidade de considerarmos o desenvolvimento com a 
manutenção das desigualdades econômicas e, por isso, sociais; pois será 
sempre obstáculo ao desenvolvimento. 
2. Compreensão da diversidade regional como potencialidade para o 
desenvolvimento das regiões: pensamento que ganha evidência a partir da 
década de 1990, quando os estudos sobre as regiões são retomados e 
particularidades regionais passam a ser aproveitadas e potencializadas. 
 
 Quando falamos de REGIÃO, lembramos de espaço geográfico, um 
espaço construído pela sociedade com finalidades sociais e econômicas 
(ocupação para moradia e produção). Normalmente, esse “espaço geográfico” 
é determinado por características comuns ou especiais (clima, topografia, 
disponibilidade de sol e água, qualidade do solo etc.). 
A divisão ou organização desse espaço é definida por fatores 
geográficos, históricos e sociais, que podem ser subdivididos em distritos, 
cidades e estados. Uma REGIÃO ADMINISTRATIVA é uma divisão regional 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
organizada pelo Estado Nacional para facilitar (organizar) a administração de 
um país. Isso traz à região uma ORIGEM ARTIFICIAL, criada pelo homem a 
partir de atividades econômicas, independentemente dos aspectos históricos e 
culturais (quando a região já era ocupada por comunidades tradicionais, 
indígenas, já com seus territórios historicamente e/ou geograficamente 
delimitados). 
É fundamental ter a clareza de que, como somos uma sociedade de 
classes, e por isso, desigual, o espaço geográfico por essa sociedade é, 
também, desigual: 
 Desigualdade social; 
 Acesso desigual aos recursos básicos da vida (água, terra, crédito, 
tecnologia etc.); 
 Diferenças locacionais de atividades econômicas (presentes em 
algumas regiões, e em outras não); 
 Distribuição geográfica desigual do trabalho e da renda, condicionando 
as condições de vida a também serem desiguais. 
 
Importante refletir que, em muitas regiões do país, as condições 
geográficas e climáticas são excelentes para determinadas atividades 
econômicas, como agricultura, pecuária e extrativismo, vegetal e mineral. Tais 
atividades têm, comumente, características similares como: 
 São concentradoras de renda: geram muita renda para poucas pessoas, 
e pouca renda para a maioria da sociedade local, que não tem ou tem 
poucas opções de trabalho. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 Comercializam produtos primários: produtos com pouco ou nenhum tipo 
de beneficiamento não tem agregação de valor. 
 Devastam o meio ambiente, pois precisam de cada vez mais áreas para 
manter ou aumentar seu lucro. 
 Contaminam o solo e a água, como tóxicos para produção agropecuária 
e/ou extração de metais. 
 
Tais características nos levam às seguintes reflexões: 
 A agregação de valor ao produto além de gerar mais renda, distribui, 
pois gera emprego nas unidades de produção, de beneficiamento; traz 
capacitação profissional, tecnologia, ganhos de valor. 
 Quando se valoriza um produto, ou se aperfeiçoa o modo de produção, 
com tecnologia, se utiliza menos recursos naturais, menos áreas são 
desmatadas, menos água é desperdiçada, todos ganham. 
 Quantas localidades e regiões dos interiores têm se modernizado, 
aplicado a tecnologia no campo, e assim têm favorecido a região 
aumentando a quantidade de mão de obra qualificada, aumentando as 
opções de serviços diversos para atender às demandas oriundas dessa 
“nova” renda, gerada pela maior distribuição do que antes era 
concentrado nas mãos de poucos. 
 Uma pequena indústria de beneficiamento de grãos ou frutas em uma 
cidade gera de 50 a 100 empregos diretos, e até mil indiretos. 
 Com aumento da geração e distribuição de renda na localidade, o 
dinheiro passa a circular internamente, favorecendo a abertura de novos 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
negócios, de novas vagas, e gerando aumento da renda local. A partir 
daí, sim, temos a raiz para um sustentado desenvolvimento regional. 
 
A globalização configura e reconfigura os territórios mundo afora de 
maneira permanente, buscando sempre reproduzir seu lucro. Nesse processo 
HEXÓGENO de ocupação e exploração econômica, há pelo menos duas 
faces: 
1. A da perversidade do processo em si, expressa na territorialização dos 
interesses dos segmentos hegemônicos; 
2. E a da oportunidade, que se apresenta aos atores locais e regionais, 
quando se apropriam de conhecimentos que lhes permitem reagir, superar 
a passividade. 
 
Milton Santos (1996) é categórico a esse respeito quando afirma que a 
única forma de frear o caráter perverso da globalização é fortalecer as 
regiões. E isso só se faz de DENTRO para FORA – modelo ENDÓGENO de 
desenvolvimento. Outro fator fundamental é estar atento à dimensão 
horizontal do processo, conhecer em profundidade a região em questão, 
identificarsuas potencialidades e construir instrumentos de coesão social em 
torno de propósitos comuns à população envolvida. 
 
O desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo 
de mudanças e transformações de ordem econômica, política e, 
principalmente, humana e social. Desenvolvimento nada mais é que o 
crescimento – incrementos positivos no produto e na renda – 
transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do 
ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, 
alimentação, lazer, dentre outras (OLIVEIRA, 2002, p.40). 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
É preciso criar formas de representação da vontade da maioria, 
identificada a partir da participação de todos, para permitir que uma nova forma 
de gestão do território possa acontecer. Políticas públicas centradas nos 
elementos locais para promover o desenvolvimento, visando o aproveitamento 
pleno dos recursos humanos, ambientais e institucionais da região. 
Para concluirmos essa unidade com clareza do que foi estudado, 
refletiremos sobre alguns apontamentos sobre desenvolvimento e região: 
 Para entender o desenvolvimento regional, devemos perceber a sua 
necessidade de elementos de organização econômica que venham a 
moldar o estilo de desenvolvimento proposto. 
 O fenômeno de CRESCIMENTO econômico, apenas, pode ser 
creditado a forças e mecanismos EXÓGENOS à região, como 
investimentos externos (nacionais ou internacionais) que chegam ali 
apenas para exploração de recursos, utilizando seus lucros em regiões 
distantes. 
 Ao contrário disso, “o processo de desenvolvimento regional deve ser 
considerado, principalmente, como a internalização do crescimento e, 
em consequência, como da natureza essencialmente endógena” 
(BOISIER, 1989, p. 616). 
 O desenvolvimento de uma região pode ser analisado por três fatores: 
(a) alocação de recursos; (b) política econômica e (c) ativação social. 
Forças essas que, segundo o autor, mantêm relações de 
retroalimentação – interdependência recíproca (BOISIER, 1989). 
(a) Aqui, o desenvolvimento estará associado à DISPONIBILIDADE DE 
RECURSOS. Tais recursos podem ser naturais como água, minerais, 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
solo fértil, madeira etc.; ou trabalhadores qualificados, condições de 
escoamento e outros fatores a serem analisados no planejamento do 
investimento. 
(b) Efeitos das políticas macroeconômicas e setoriais, que dependem da 
ação do governo federal. Estas podem ser benéficas ou maléficas à 
região, e isso depende da gestão no determinado momento, visto que 
estamos sempre vulneráveis à vontade ou à má vontade política. Esta 
pode fomentar e induzir o desenvolvimento, ou não. 
(c) A atuação da população local, sua capacidade de organização e 
motivação para planejar e direcionar ações de desenvolvimento a partir 
de um modelo ENDÓGENO, associado à AUTONOMIA de decisão da 
localidade ou região; capacidade de reter e reinvestir o excedente/lucro 
desse crescimento na própria região (na mesma atividade econômica ou 
disponibilizando crédito para outras); melhoria na qualidade de vida e 
conservação do meio ambiente (bem-estar social). 
 
 Quando falamos em bem-estar social, em melhora da qualidade de 
vida, esta deve ser generalizada, pois nenhuma região se desenvolve 
plenamente com pobreza, miséria, bairros e localidades sem 
infraestrutura (luz, esgoto encanado e tratado, água encanada, 
pavimentação, internet, educação, saúde entretenimento etc.). Mazelas 
sociais, descasos políticos que levam a situações de violência ou 
outros males sociais que impactarão diretamente nos níveis de 
qualidade de vida e, dessa forma, na condição de desenvolvimento 
local e regional. 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
 
Podemos concluir que políticas públicas conciliadas aos objetivos locais, 
a partir da organização da sociedade local, podem transformar propostas de 
crescimento EXÓGENAS em benefícios e sustentado desenvolvimento local. 
 
A solução dos problemas regionais e, por conseguinte, a melhoria da 
qualidade de vida demandam o fortalecimento da sociedade e das 
instituições locais, pois são estas que transformarão o impulso 
externo de crescimento em desenvolvimento (OLIVEIRA, LIMA, 2003, 
p. 36). 
 
Assim, destaca-se a necessidade de mobilização e organização da 
sociedade local para trabalhar já no planejamento das políticas públicas de 
desenvolvimento, criando políticas sociais de desenvolvimento em que atuem 
ativamente, pois o efetivo e sustentado desenvolvimento de uma região 
depende de quem vive nela, os principais interessados. 
 
Para inteirar-se mais sobre as características das políticas 
públicas de desenvolvimento regional, recomendamos a leitura do capítulo VI 
do livro Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e Desenvolvimento 
Regional. 
COSTA, Eduardo J. M. da. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e 
Desenvolvimento Regional. Brasília: Mais Gráfica Editora, 2010. 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
BOISIER, S. Política econômica, organização social e desenvolvimento 
regional. In: HADDAD, P. R. (Org.). Economia regional: teorias e métodos de 
análise. Fortaleza: BNB/ETENE, 1989. 
 
COSTA, Eduardo J. M. da. Arranjos Produtivos Locais, Políticas Públicas e 
Desenvolvimento Regional. Brasília: Mais Gráfica Editora, 2010. 
 
OLIVEIRA, Gilson Batista de. Uma discussão sobre o conceito de 
desenvolvimento. Revista da FAE, Curitiba, v.5, n.2, p.41-48, maio/ago. 2002. 
 
OLIVEIRA, Gilson B. de. LIMA, José E. de S. Elementos endógenos do 
desenvolvimento regional: considerações sobre o papel da sociedade local no 
processo de desenvolvimento sustentável. Revista da FAE, Curitiba, v.6, n.1, 
p.35-37, maio/dez. 2003. 
 
SANTOS, M. A natureza do espaço – Técnica e tempo. Razão e emoção. São 
Paulo: Hucitec, 1996. 
 
SAQUET, Marcos A. SILVA, Sueli S. da. MILTON SANTOS: concepções de 
geografia, espaço e território. Geo UERJ – Ano 10, v. 2, n. 18, 2º semestre de 
2008. P. 24-42. ISSN 1981-9021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://cursos.ead.ifro.edu.br/
 
 
 
 
 
Avenida Governador Jorge Teixeira, 3146, Setor Industrial. CEP 76821-002 – Porto 
Velho – RO. | https://cursos.ead.ifro.edu.br/ 
 
UNIDADE V: ESTRATÉGIAS E AÇÕES PARA O 
DESENVOLVIMENTO REGIONAL 
 Prezado (a) estudante! 
Nesta unidade, estudaremos sobre as estratégias e ações para o 
desenvolvimento regional. 
O objetivo, ao final desta unidade, é que você saiba: 
● Reconhecer as estratégias de desenvolvimento regional no Brasil. 
 
Bons estudos! 
 
5.1 Breve percurso histórico 
Com base na obra intitulada DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO 
BRASIL: políticas, estratégias e perspectivas (2017), produzida pelo Instituto 
de Política Econômica Aplicada (IPEA), além de outras fontes, faremos um 
breve resgate histórico das políticas e estratégias de desenvolvimento 
ocorridas no Brasil, com início em 1950, com ações públicas de 
desenvolvimento nas regiões mais carentes do país. 
A região Nordeste foi, desde 1909, o grande motivo de preocupação 
nacional, quando criaram a Inspetoria Federal de Obras contra as Secas 
(IFOCS). Posteriormente só na década de 1950, no governo de Getúlio Vargas, 
houve planejamento e atitude institucional com a criação do Banco do Nordeste 
(BNB), em 1952; e em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek e o ministro 
Celso Furtado, economista, criaram

Continue navegando