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128_A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA REGIONAL NO LETRAMENTO

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FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS − FACUNICAMPS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 
 
 
ANA PAULA MARTINS DE SOUZA 
HELOÍSA SOARES DA SILVA 
THAIS DOS SANTOS FERREIRA 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA REGIONAL NO 
LETRAMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GO 
2019/2 
 
 
ANA PAULA MARTINS DE SOUZA 
HELOÍSA SOARES DA SILVA 
THAIS DOS SANTOS FERREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA REGIONAL NO 
LETRAMENTO 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como 
requisito para nota da disciplina de TCC, necessária para 
a graduação do curso de Pedagogia da Faculdade Unida 
de Campinas – FacUnicamps. 
 
Orientador: Prof. Dr. Israel Serique dos Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA - GO 
2019/2
 
FACULDADE UNIDA DE CAMPINAS – FacUNICAMPS 
Recredenciada pela Portaria MEC nº 262 de 18/04/2016 
 
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA REGIONAL NO LETRAMENTO 
 
THE IMPORTANCE OF REGIONAL LITERATURE IN LETTERING 
 
 ANA PAULA MARTINS DE SOUZA1 
HELOÍSA SOARES DA SILVAA2 
THAIS DOS SANTOS FERREIRA 3 
ISRAEL SERIQUE DOS SANTOS4 
 
RESUMO 
O presente artigo trata da leitura e da escrita na educação infantil, com o propósito de promover o letramento. 
Destaca-se, nesta proposta, o uso da literatura infantil, com exclusividade a literatura regional, por ser esta 
considerada um conhecimento que envolve aspectos ligados aos costumes, hábitos, às expressões, iguarias, 
festividades e aos valores do grupo de origem do educando. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, 
tendo como base artigos, livros e teses sobre a temática. A partir da pesquisa realizada foi possível compreender a 
origem da literatura infantil, ressaltando a importância da leitura no processo educativo, e, por fim, a importância 
de se trabalhar com a literatura regional para desenvolver o letramento no educando, citando algumas práticas de 
letramento através do livro: Os três porquinhos salientes e o lobo guará. Considerando os resultados obtidos, 
conclui-se que a literatura regional contribui para uma aprendizagem significativa, despertando o educando a 
desenvolver o letramento desde o início da educação infantil. 
 
Palavras-chave: Literatura infantil e regional. Letramento. Função social. 
 
ABSTRACT 
This article is about reading and writing in early childhood education with the purpose of promoting literacy. 
The use of children's literature, exclusively, the regional literature, because it is considered a knowledge that 
involves aspects related to customs, habits, expressions, delicacies, festivities and values of the origin group of 
the student, is highlighted on this purpose. The methodology used was bibliographic research, based on articles, 
books and thesis about the thematic. From the research achieved it was possible to understand the children 
literature origin, emphasizing the importance of reading in the educational process, and, finally, the importance 
of working with the regional literature to develop literacy in the student, citing some literacy practices through 
the book: The three salient pigs and the guara wolf. Considering the results obtained, it is concluded that the 
regional literature contributes to a significant learning, awakening the student to develop literacy since the 
beginning of early childhood education. 
 
Keywords: Children and regional literature. Literacy. Social role.
 
1 Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. E-mail: 
anapaulamartinsdesouza84@gmail.com 
2 Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. E-mail: 
helloisasoaress@gmail.com 
3 Graduanda do curso de pedagogia da Faculdade Unida de Campinas - FacUnicamps. E-mail: 
thaissantosf236@gmail.com 
4 Doutorado em ciências da religão, licenciado em pedagogia e matemática, bacharel em teologia e 
complementação pedagógica em história. E-mail: israelserique@gmail.com. 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O presente artigo tem como tema a importância da literatura regional no processo de 
ensino-aprendizagem, com foco no letramento. Os objetivos propostos para o desenvolvimento 
dessa pesquisa são: abordar o surgimento da literatura infantil e os principais autores 
responsáveis pela consolidação deste gênero literário; a importância da leitura para a 
aprendizagem significativa e a literatura regional no desenvolvimento do letramento. 
 No decorrer deste trabalho, apresentaremos como a literatura regional pode contribuir 
para uma aprendizagem significativa, enfatizando a pertinência da leitura no processo 
educativo. A temática deste trabalho se justifica pela significância da literatura regional no 
processo de ensino-aprendizagem, na formação de leitores letrados e cidadãos conscientes e 
críticos. É pertinente ressaltar que o educador deve estimular o educando ao hábito de leitura 
de forma significativa, para que este desenvolva o letramento, ou seja, que o discente seja capaz 
de ler e interpretar um texto e o mundo. 
Por fim, o tema se justifica devido à relevância da literatura, por se tratar de uma arte e 
linguagem que encantam tanto crianças como adultos, despertando sentimentos variados nos 
seus leitores. Essa temática foi desenvolvida por outros autores, entre eles: Abramovich (1997), 
Coelho (2000), Lajolo e Zilberman (1991) e outros. Abramovich (1997) enfatiza a importância 
de se contar histórias para crianças, com o intuito de desenvolver o gosto pela leitura, e, assim, 
ter a compreensão de mundo para o desenvolvimento crítico. 
 Segundo Coelho (2000), a literatura contribui com a formação do indivíduo, 
despertando a percepção de mundo, senso crítico do leitor. Ela enfatiza o livro como ferramenta 
indispensável na sala de aula para formar leitores reflexivos, críticos e capazes de transformar 
sua realidade social. Lajolo e Zilberman (1991) falam do surgimento da literatura com destaque 
para as primeiras obras destinadas ao público infantil, destacando os principais autores 
responsáveis pela consolidação deste gênero literário. 
Para o desenvolvimento desse trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica, baseada em 
livros de autores que falam sobre este tema. Segundo Severino (2007, p. 122) “a pesquisa 
bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas 
anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.”. A pesquisa bibliográfica 
é baseada na coleta de dados com base em autores que falam sobre o tema. 
Este artigo está organizado em três capítulos. No primeiro é apresentado um breve 
histórico sobre a origem da literatura com algumas características e funções das obras literárias. 
5 
 
Ressaltam-se alguns escritores, suas respectivas obras e alguns documentos norteadores da 
educação que enfatizam o uso da literatura nas práticas educativas. 
O segundo capítulo mostra o conceito de leitura e sua importância para o 
desenvolvimento do leitor letrado e cidadão crítico. É dado ênfase à literatura regional para se 
obter uma aprendizagem significativa, com destaque para a autora Diane Valdez, escritora 
goiana, autora do livro Os três porquinhos salientes e o lobo guará. 
Por fim, no capítulo três, dando continuidade ao capítulo anterior, enfatiza-se a função 
social do letramento e apontam-se algumas práticas de letramento através da literatura regional, 
particularmente do livro citado acima. 
 
2 LITERATURA: HISTÓRIA E MARCOS LEGAIS 
 
 
Neste tópico é apresentado um histórico da literatura: sua importância para as primeiras 
sociedades origem da literatura; consolidação do gênero literário infantil; surgimento no Brasil 
e os principais autores, desde a antiguidade até a atualidade, com apresentação de uma autora 
regional. Em seguida, apresentam-seas características e funções das obras literárias, 
encerrando-se com os marcos legais e os documentos norteadores que enfatizam a relevância 
da literatura para o processo de ensino-aprendizagem. 
 
2.1 Breve Histórico da Literatura 
 
 
 O homem sempre sentiu necessidade de se expressar com seus semelhantes e deixar 
sua marca registrada no mundo. Segundo Lois (2010, p. 30), “Contar histórias é característica 
do homem, desde tempos primórdios”. Antes do surgimento da escrita, a comunicação ocorria 
através das histórias que eram transmitidas por meio da oralidade. 
 
[...] O homem deixa marcas desde os tempos das cavernas. Quando historiadores 
vasculham civilizações perdidas, não encontram livro e papeis, na forma que 
conhecemos atualmente, mas não retornam de suas pesquisas de campo sem que 
tenham visto alguma marca, algum traço, algum registro que conte a história daquele 
povo. Todo desenho e todo texto quer contar sobre algo, seja sobre a saga de um povo, 
a cultura de um lugar, as disputas de poder ou as fantasias e ficções (LOIS, 2010, p. 
11). 
 
6 
 
 Portanto, a comunicação é uma peculiaridade própria do ser humano. Após o surgimento 
da escrita, tornou-se mais fácil a expressão dos pensamentos, das ideias, dos sentimentos, das 
experiências, entre outras. 
 
Desde suas origens pré-históricas, o homem procurou se comunicar ou marcar sua 
presença no mundo através de uma determinada escrita, isto é, de uma forma concreta 
de registrar sua fala e fazê-la perdurar no tempo. Foram vários os suportes físicos 
descobertos pelo homem para inscrever suas mensagens: pedras, tabuinhas de argila, 
peles de animais, o córtex das arvores, junco, chifres... materiais tirados da natureza e 
nos quais, com o auxílio do buril, o “escritor” fazia riscos para transmitir seus 
pensamentos aos outros. A partir dessa escrita rudimentar, em desenhos, os suportes 
físicos foram evoluindo até chegarem à nossa civilização, com a invenção do papel e 
do livro, em cujas páginas a criação literária adquire corpo verbal e se torna acessível 
aos leitores (COELHO, 2000, p. 65). 
 
Conforme a cultura ia se desenvolvendo, o ser humano percebeu outras utilidades para 
o processo da escrita. Entre essas novas possibilidades, constava a elaboração de textos 
literários. Segundo Lajolo e Zilberman (1991, p. 15), durante o classicismo francês, no século 
XVII, foram escritas: As Fábulas, de La Fontaine; As Aventuras de Telêmaco, de Fénelon, e 
Os Contos da Mamãe Gansa, classificadas como literatura apropriada para o público infantil. 
Todavia, somente na primeira metade do século XVIII surgiram no mercado livreiro os 
primeiros livros publicados para o público infantil. 
 Para as autoras, a literatura infantil traz marcas inequívocas desse período: 
 
Embora as primeiras obras tenham surgido na aristocrática sociedade do classicismo 
francês, sua difusão aconteceu na Inglaterra, país que, de potencial comercial e 
marítima, salta para a industrialização, porque tem acesso as matérias-primas 
necessárias (carvão, existente nas ilhas britânicas, e algodão, importado das colônias 
americanas), conta com um mercado consumidor em expansão na Europa e no Novo 
Mundo e dispõe da marinha mais respeitada da época (LAJOLO; ZILBERMAN, 
1991, p. 18). 
 
 Apesar das primeiras obras terem sido escritas na França, os franceses não detiveram a 
exclusividade na evolução da literatura infantil, expandindo-se na Inglaterra, país com 
associação a acontecimentos de fundo social e econômico. Portanto, com a industrialização, a 
sociedade cresceu e se modernizou, aumentando a produção de obras com gêneros literários 
(LAJOLO; ZILBERMAN, 1991, p. 16-18). 
 Ainda na Inglaterra, no século XIX, os irmãos Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm 
Grimm (1786-1859), em 1812, editaram a coleção de contos de fadas. Com o êxito obtido, se 
tornaram sinônimo da literatura para o público infantil, definindo com maior segurança os tipos 
7 
 
de livros que agradavam mais os pequenos leitores e determinando melhor suas linhas de ação. 
A partir desse momento histórico, muitas outras obras foram escritas para o público infantil: 
 
[...] Em primeiro lugar, a predileção por histórias fantásticas, modelo adotado 
sucessivamente por Hans Christian Andersen, nos seus Contos (1833), Lewis Carroll, 
em Alice no país das maravilhas (1863), Collodi, em Pinóquio (1883), e James Barrie, 
em Peter Pan (1911), entre os mais célebres. Ou então por histórias de aventuras, 
transcorridas em espaços exóticos, de preferência, e comandadas por jovens audazes; 
eis fórmula de James Fenimoore Cooper, em O último dos moicanos (1826), Jules 
Verne, nos vários livros publicados a partir de 1863, ano de Cinco semanas num balão, 
Mark Twain, em As aventuras de Tom Sawyer (1876), ou Robert Louis Stevenson, 
em A ilha do tesouro (1882). Por último, a apresentação do cotidiano da criança, 
evitando a recorrência a acontecimentos fantásticos e procurando apresentar a vida 
diária como motivador de ação e interesse, conforme procedem o Conego von 
Schmid, em Os ovos de Páscoa (1816), a Condessa de ségur, em As meninas 
exemplares (1857), Louise M. Allcott, em Mulherzinhas (1869), Johanna Spiry, em 
Heidi (1881), e Edmond De Amicis, em Coração (1886) (LAJOLO; ZILBERMAN, 
1991, p. 20-21). 
 
 Desse modo, os autores citados são responsáveis por consolidar a literatura na Europa, 
na segunda metade do século XIX. Já a literatura infantil brasileira surgiu quase no século XX, 
se tornando sólida com as obras de Monteiro Lobato, entre 1890 e 1920. 
 
2.2 Histórico da Literatura Infantil no Brasil 
 
 
A literatura infantil no Brasil conta com bons autores que já produziram ótimos livros 
relacionados ao assunto. Há vários já consagrados, como Monteiro Lobato, fundador da Editora 
Nacional, um dos grupos editoriais mais respeitados do país. Conforme Silva (2009): 
 
A nossa literatura infantil não seria o que é se não tivesse existido um homem 
chamado Monteiro Lobato, uma das mais fascinantes personalidades que marcaram a 
primeira metade do século XX em nosso país. Para milhares de brasileiros, a leitura 
de Lobato constituiu uma das mais gratificantes lembranças da infância, leitura que 
não se resumiu a apenas algumas horas de lazer, mas que os capacitou a prosseguir 
vida afora, em seu percurso de leitores e de cidadãos críticos (SILVA, 2009, p. 103). 
 
 José Bento Renato Monteiro Lobato (1882- 1948) é autor de Memórias de Emília 
(1947), criador do Sítio do Pica-Pau Amarelo, traduzido no mundo todo, com seus 17 volumes 
de livros infantis. Lobato transmitia informação, através dos personagens de ficção, para 
disciplinas, como: Geografia, Gramática, História. Ele introduzia um olhar crítico, estimulando 
a liberdade de expressão e a autonomia de pensamentos (SILVA, 2009). 
8 
 
 Além de Monteiro Lobato, podemos citar outros escritores que contribuíram e 
contribuem para a consolidação da literatura infantil brasileira: Ruth Rocha (Marcelo, 
Marmelo, Martelo); Haroldo Maranhão (Dicionário maluco); Mario Prata (O homem que 
soltava pum); Ziraldo (O menino maluquinho); Ana Maria Machado (Bisa Bia Bisa Bel); 
Lygia Bojunga (A bolsa amarela); Chico Buarque (Chapeuzinho Amarelo); Vinícius de 
Moraes (A Arca de Noé); Clarice Lispector (A vida íntima de Laura); Marina Colasanti (Uma 
ideia toda azul); Sylvia Orthof (A Vaca Mimosa e a Mosca); Cecília Meireles (Ou Isto ou 
Aquilo), entre outros (ABRAMOVICH, 1997). 
Alguns escritores da atualidade são: Daniel Mundukuru, escritor indígena, doutor em 
educação e premiado com O Jabuti, pela Academia Brasileira de Letras. Os livros mais 
destacados do autor são: O Segredo da Estrela Vésper e O Segredo da Chuva. A história 
desta segunda obra é sobre um garoto de nome Lua, que se alia a um macaco, a uma capivara e 
a uma onça para descobrir como acabar coma seca que pode destruir sua aldeia. Ele ajuda os 
pequenos a refletirem um pouco mais sobre a diversidade do país sem ser inconveniente ou 
chato. 
Cabe ainda citar Diane Valdez, historiadora que tem produzido inúmeras obras 
retratando a regionalidade goiana. Produziu algumas obras que ganharam destaque, como Os 
três porquinhos salientes e o lobo guará, O que teria na trouxa da Maria? Deu queimada 
no cerrado, dentre outros. 
 
2.3 As Características e Funções das Obras Literárias 
 
 
 As obras literárias transportam um patrimônio que enriquece quem as maneja ou realiza 
a leitura. Conforme Coelho (2000), a literatura tem como função alertar ou transformar a 
consciência crítica do leitor, provocar as reações específicas, como o prazer e a emoção, além 
de aumentar seu conhecimento de mundo. 
 Segundo Coelho (2000, p. 28), “Fenômeno visceralmente humano, a criação literária será 
sempre tão complexa, fascinante, misteriosa e essencial, quanto à própria condição humana 
[...]”. Deste modo, a autora diz que a literatura é uma arte, formada por termos ou palavras que 
retratam tanto as realidades sociais como aguça o mundo da fantasia. 
 A literatura é fundamental no processo de ensino-aprendizagem: 
 
9 
 
É a literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes 
imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e comportamentos através dos quais 
uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas 
utopias. Por isso a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer, 
plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se 
nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro: mas 
porque precisa ler muitos (LAJOLO apud OLIVEIRA; PAIVA, 2010, p. 23). 
 
 A literatura é uma ferramenta incontestável no processo de ensino-aprendizagem pela 
qual o indivíduo se constitui como cidadão reflexivo e crítico, capaz de transformar sua 
realidade social. A leitura dos textos literários é indispensável à formação do ser que precisa 
compreender a realidade e o mundo nos quais está inserido. 
Com relação às suas características, estas estão relacionadas a suas funções, levando-se 
em consideração a finalidade das obras literárias, o entretenimento. Afirma Hunt (2010), ao 
citar o grego Aristóteles, que a literatura apresenta três funções: a cognitiva, a estética e a 
catártica. Há ainda a indicação de alguns estudiosos que complementam este quadro apontando 
uma função a mais, a político-social. 
Estas funções estão expostas a seguir, através do pensamento de Hunt (2010), da 
seguinte maneira: a função cognitiva está relacionada com a aquisição do conhecimento, 
situação em que os escritores estão providos de uma percepção pessoal do meio em que vivem. 
Esta percepção costuma ser denominada de inspiração. 
Já na função estética, a literatura é vista como uma arte e, por esta condição, leva o leitor 
a apreciar o que é belo, sentir prazer pelas coisas agradáveis, que mexe com os sentidos, a 
emoção e com a intelectualidade. 
Aristóteles utilizou a função catártica – que se origina do termo grego catarse e tem 
como significado a purificação ou purgação −, quando afirmou que as tragédias, na condição 
de representações teatrais, purificam os sentimentos. Sendo assim, a sensação de purificação 
emocional e moral desempenha essa função. 
Por fim, na função político-social, percebe-se que a obra literária funciona como uma 
ferramenta direcionada para a conscientização das pessoas, com a possibilidade de mudança da 
sociedade. Significa que o autor de determinada obra literária tem relação com a participação, 
as lutas ou os movimentos sociais em determinada época em que o escritor se encontra inserido, 
também denominada de literatura engajada. 
São exemplos: O Navio Negreiro, de Castro Alves (denúncia da escravidão); o romance 
O Cortiço, de Aluizio Azevedo, onde se relata a miséria material e moral dos habitantes desse 
tipo de moradia; o poema “Morte e Vida Severina”, do escritor João Cabral de Melo Neto, que 
10 
 
expõe a vida sofrida do homem do campo (sertanejo), relacionando-a com a exploração do seu 
trabalho pelos latifundiários na região Nordeste do Brasil (HUNT, 2010). 
 
2.4 A Literatura nos Marcos Legais da Educação 
 
 
 No que concerne à literatura infantil, alguns documentos norteadores da educação 
enfatizam sua relevância no processo de ensino-aprendizagem. Segundo o Referencial 
Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI), 
 
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta a 
imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, 
desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, 
como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e 
convidativo a escuta atenta, mobilizando a expectativas das crianças, permitindo que 
elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida (BRASIL, 1998, p. 143). 
 
 A leitura de histórias é uma fonte de aprendizado que estimula a leitura e a escrita das 
crianças, ao incorporá-las em uma cultura letrada que permite acesso a diversas práticas sociais 
de leitura e escrita. Os contos, as parlendas, trava-línguas e fábulas podem aumentar o repertório 
vocabular das crianças, desenvolver o gosto pela leitura e, consequentemente, estimular a 
produção escrita através das hipóteses formuladas por elas. 
Além do mais, elas podem também recontar a história ou inventar sua própria história, 
usando imaginação. É importante ressaltar o papel do professor ao contar a história de maneira 
lúdica e significativa, posteriormente provendo um diálogo entre o leitor e o texto, para melhor 
compreensão destes. Conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC): 
 
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e 
acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto 
familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, 
reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. 
Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças 
conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a 
literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, 
contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e 
da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, 
contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com 
diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a 
aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. 
Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a 
escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão 
conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da 
compreensão da escrita como sistema de representação da língua (BRASIL, 2018, p. 
42). 
11 
 
 
 Além de amplificar o gosto pela leitura, imaginação, criatividade e criticidade, este 
documento aponta ainda o papel transformador da literatura, ao trabalhar os sentimentos e as 
emoções, e provê a valorização da cultura regional. A literatura é um recurso importante porque 
promove o gosto pela leitura, desperta a imaginação, criatividade e percepção de mundo. 
 O uso dos textos literários auxilia a construção dos saberes, permitindo ao educando 
pensar, diferenciar imagens de textos e formular hipóteses com relação à escrita, estabelecendo 
ligação entre a oralidade e a escrita. Além disso, proporciona a valorização da cultura regional, 
possibilitandoao educador trabalhar textos que contemplem a realidade cultural da criança. 
 
3 AS OBRAS LITERÁRIAS, A LEITURA E O LETRAMENTO EM SALA DE AULA 
 
 
No presente tópico, dá-se ênfase à importância das obras literárias para a leitura e o 
processo de letramento em sala de aula. Nos tópicos seguintes é apresentado um estudo sobre 
a leitura, desde a geral à praticada no Brasil. Finaliza com a literatura regional e a sua relação 
com o letramento, voltada para promover uma aprendizagem significativa nos alunos do ensino 
fundamental ou dos primeiros anos de estudo (séries iniciais). 
 
3.1 A Prática de Leitura em Sala de Aula 
 
 
Ler é um exercício que promove o desenvolvimento do conhecimento, mas, para isso, é 
preciso empregar um ritmo de leitura, o que é viável, pois, quanto mais se lê, mais se aumenta 
o repertório vocabular e léxico. Assim, ampliam-se os saberes, o que concorre sobremaneira 
para realizar as inferências em textos futuros, além de dotar o indivíduo de conhecimentos 
prévios. E, para realizar a prática de leitura, o mais recomendado por professores são as obras 
literárias, podendo ser utilizadas no âmbito escolar para promover o letramento dos alunos. 
 
3.1.1 Conceito de leitura 
 
 
Para Cagliari (2005), a leitura é definida como uma atividade principal, disponibilizada 
pela escola, para o desenvolvimento cognitivo e moral do aluno e prepará-lo para realizar a 
12 
 
prática da leitura. Ao se tornar sujeito leitor, torna-se, também, cidadão. O melhor que a escola 
pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a construção de um sujeito leitor. Esta adverte 
que, quando os alunos saem mal nas provas, é porque eles não souberam interpretar o que lhes 
era questionado para responder. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 2001) conceituam a leitura como um 
processo no qual o leitor desempenha um trabalho ativo de constituição do sentido do texto, 
(baseado em seus objetivos) e do seu domínio em relação à temática, considerando-se: o autor, 
seu conhecimento sobre a língua, o gênero literário e outros fatores. 
Segundo Kleiman (2009), a leitura é um ato social que acontece entre dois indivíduos, 
que é o leitor e autor, os quais se interagem entre si, satisfazendo as necessidades socialmente 
determinadas. Assim sendo, a leitura deve ser compreendida como a consequência de sentido. 
O texto decorre de um trabalho prévio de quem o produziu e chega até o leitor, convidando e 
provocando o seu valor da leitura. Ler é construir uma sequência de significados a partir dos 
índices que o sentido do autor desejou apresentar a seu documento. 
Para Infante (2000), leitura é o meio de que dispomos para obter conhecimentos e 
desenvolver reflexões críticas sobre a realidade. O aprendizado da leitura é uma ocupação 
contínua e constante que se enriquece com novas aptidões, à medida que se vão dominando 
adequadamente documentos escritos cada vez mais difíceis. 
Dessa maneira, a partir das conceituações acima, pode-se concluir que leitura é uma 
atividade indispensável ao ser humano, que permite construir conhecimentos, ampliar os 
saberes, entender a realidade à sua volta, compreender o mundo, interpretar textos, sinais, 
gestos, sons etc. Ela faz parte de nossas vidas, pois, mesmo sem perceber, a todo momento, 
estamos realizando uma forma de leitura. Daí sua importância em ser praticada cada vez mais. 
 
3.1.2 Tipos de leitura 
 
 
Martins (2007) afirma que a leitura é diversa e está relacionada, entre outros episódios, 
com o tipo de texto com o qual o leitor se depara. A leitura se divide em silenciosa ou em voz 
alta. Pode ser realizada com rapidez, na busca de uma informação ou na apreensão e concepção 
daquilo que se lê, diversificando-se os tipos, dependendo do foco para o qual se destina e até 
mesmo do tema que é tratado. 
Silva (2009) cita três tipos de leitura: a leitura mecânica, que se resume apenas a ler o 
texto escrito, todavia, sem entender o seu sentido; a leitura de mundo, que nos leva a interpretar 
13 
 
sinais, gestos e atitudes, ou seja, compreender a realidade que nos cerca; e a leitura crítica, que 
é a junção das duas leituras anteriores, de forma amplificada, que permite ler, interpretar, 
indagar e opinar. Isso requer práticas de leituras diversificadas, a fim de alcançar a formação 
de um leitor crítico. 
 
3.1.3 Funções da leitura 
 
 
Dentre as várias funções da leitura, Lois (2010) enfatiza que esta promove autonomia 
do sujeito, capaz de pensar por si mesmo, além de promover sua consciência como cidadão 
consciente e crítico diante da realidade que o cerca. A autora ainda acrescenta que a leitura pode 
ampliar os saberes em todas as áreas do conhecimento − pois, mesmo que o indivíduo não tenha 
conhecimento de determinado assunto, após a leitura realizada referente a esta área, ele obterá 
algum êxito − e aprofundar seus conhecimentos. 
Todavia, ela ressalta que, até bem pouco tempo atrás, a leitura se referia apenas à 
decodificação dos signos linguísticos, como mera reprodução e memorização. Desta forma, 
cabe ao educador, como mediador do processo de ensino-aprendizagem, estabelecer um diálogo 
entre o objeto lido e o leitor, para que este entenda a verdadeira função da leitura. Ainda segundo 
Lois (2010): 
 
[...] Se a prática da leitura não está incorporada, o desenvolvimento da cidadania 
também fica comprometido. Se não se lê, não se pode aumentar o repertório crítico. 
Sem a crítica, o poder de julgamento fica limitado e a capacidade de intervenção e 
inserção cultural, também [...] (LOIS, 2010, p. 19). 
 
 É papel da escola estimular as práticas de leitura de forma contextualizada, para que o 
estudante possa alcançar um objetivo maior, não somente decifrar os signos linguísticos, mas 
interpretar e, consequentemente, ser capaz de construir sua própria visão de mundo. 
 Nessa perspectiva, considerando o papel do docente ao instigar a formação do leitor 
crítico, Abramovich (1997) elucida que: 
 
Ao ler uma história a criança também desenvolve todo um potencial crítico. A partir 
daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquietada, 
cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de 
opinião... E isso não sendo feito uma vez ao ano. Mas fazendo parte da rotina escolar, 
sendo sistematizado, sempre presente – o que não significa trabalhar em cima dum 
esquema rígido e apenas repetitivo (ABRAMOVICH, 1997, p. 143). 
 
14 
 
 A leitura de histórias na escola, desde que seja realizada de forma lúdica, desperta o 
encantamento e a curiosidade, utilizando-se de estratégias, como usar fantasias dos 
personagens, em forma de teatro, entre outros, podendo atrair as crianças para o mundo 
fascinante da leitura. A partir das histórias, elas podem sentir estimuladas a pensar, opinar e 
questionar sobre o assunto. 
 
3.2 A Literatura Regional e a Aprendizagem Significativa 
 
 
 Para o processo de ensino-aprendizagem ser eficaz, torna-se necessária a aplicação de 
uma aprendizagem significativa, visto que esta permite ao educando relacionar os saberes 
adquiridos na escola com sua própria realidade dentro e fora da escola. Segundo Lois (2010, p. 
23), para os alunos participarem ativamente das atividades escolares propostas e terem um 
aprendizado maior é fundamental levar em consideração “a matéria de que são feitos, o lugar 
de onde vieram e a história que carregam”. 
 Ainda segundo Lois (2010, p. 22), “Reconhecer a interferência da cultura na 
aprendizagem da leitura é admitir o sujeito letrado. É afirmar a existência do leitor antes do 
texto. É não banalizar sua história e a história cultural da qual faz parte”. O professor não pode 
negligenciar os conhecimentos trazidos pelas crianças, nem tampouco negar sua realidade 
cultural. Segundo o RCNEI, 
 
O processo que permite a construção das aprendizagens significativas pelas criançasrequer uma intensa atividade por parte delas. Nessa atividade, as crianças podem 
estabelecer relações entre novos conteúdos e os conhecimentos prévios 
(conhecimentos que já possuem), usando para isso os recursos de que dispõem. Esse 
processo possibilitara a elas modificarem seus conhecimentos prévios, matizá-los ou 
diferenciá-los em função de novas informações, capacitando-as a realizar novas 
aprendizagens, tornando-as significativas (BRASIL, 1998, p. 33). 
 
A aprendizagem é constante e contínua e, para ser significativa, deve permitir ao 
discente fazer inferências e aplicá-las na sua vida cotidiana. Neste contexto, a criança não é 
considerada um ser passivo, que apenas recebe conhecimento, mas um ser ativo, capaz de 
relacionar as experiências do seu meio social com os conteúdos escolares, construindo e 
reconstruindo seus conhecimentos, a partir de situações anteriores e novas. 
Portanto, o professor, ao aplicar sua prática educativa, deve partir dos aspectos 
socioculturais da criança, considerando seus conhecimentos prévios, para que a aprendizagem 
15 
 
se torne interessante e significativa, permitindo ao indivíduo transformar ou ampliar seus 
saberes e a adquirir novos conhecimentos. 
De acordo com Coelho (2000), os textos literários geram reflexões de natureza cognitiva 
e afetiva, possibilitando ao leitor o ingresso em um mundo ainda por descobrir, contudo, 
excitante, que desenvolve o fantasioso e aguça a curiosidade, considerando-se a leitura como 
uma estratégia de se apreender o mundo e a realidade em sua volta. 
A literatura permite “a constituição de cidadãos hábeis de perceber a realidade social”, 
operar sobre ela e transformá-la, desde que se aplique uma aprendizagem significativa. 
 
Na verdade, desde as origens, a literatura aparece ligada a essa função essencial: atuar 
sobre as mentes, nas quais se decidem as vontades ou as ações; e sobre os espíritos, 
nos quais se expandem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem ... 
No encontro com a literatura (ou com a arte em geral) os homens têm a oportunidade 
de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de 
intensidade não igualada por nenhuma outra atividade (COELHO, 2000, p. 29). 
 
A literatura consente ao leitor ampliar o seu vocabulário, compreender o mundo e 
desenvolver o senso crítico. Possibilita, ainda, que o indivíduo passe da condição de sujeito 
passivo para sujeito ativo da história, ou seja, atuando com autonomia diante da realidade social, 
em condições de ser agente de transformação da realidade, caso seja necessário. 
Para Coelho (2000), os leitores constroem significação sobre o que ouvem ou leem, a 
partir da utilização dos conhecimentos prévios. Eles fazem inferências ou contextualizam a 
realização, com base em imagens que se encontram relacionadas às suas próprias experiências 
e intercâmbios humanos. Deste modo, formam significados, a partir do momento em que 
interagem com outras crianças e adultos e trabalham com os contos, ou seja, as histórias infantis, 
após comentá-las. Porém, alerta a autora que o texto literário, para ser trabalhado na escola, 
requer modificações no que se refere à seleção do material, de maneira que possa contemplar o 
sujeito em sua formação, ao priorizar a perspectiva social e cultural, e a adequação dos textos 
aos diferentes períodos do desenvolvimento da criança. 
Abramovich (1997) declara que, quando uma boa obra é indicada, há garantia da 
qualidade da leitura e riqueza no seu aprendizado. Essa leitura pode acontecer quando o leitor 
achar ideal ou adequado. O resultado final é que o prazer ocorrerá, mas dependerá do 
envolvimento do leitor com o texto. Para haver prazer, deve-se compreender o que está sendo 
lido, viajar na história, fazer parte dos acontecimentos que estão sendo narrados, fazer 
associações do que se lê com as vivências ou reformular conceitos sobre um determinado 
assunto. 
16 
 
Smith (2009) diz ainda que, para as crianças aprenderem a ler, estas não utilizarão 
nenhuma atividade que ainda não tenham exercitado para entender a linguagem falada ou 
visual, praticada em casa pelas pessoas que as cercam. Pode-se perceber ainda que as crianças 
aprendem a ler fazendo comparações com situações que já vivenciaram em outros momentos. 
Destarte, associam ideias que serão introjetadas de acordo com suas necessidades de apreensão: 
“Finalmente, todo esse processo continua automaticamente, instintivamente, abaixo do nível de 
consciência. Nós nunca temos consciência das hipóteses que testamos” (SMITH, 2009, p. 85). 
Pelas perspectivas acima mencionadas, será desenvolvido nas crianças o gosto pela 
leitura − fazendo com que elas leiam mais textos de vários gêneros − e o repertório vocabulário, 
opinativo e crítico das várias situações que vivem cotidianamente: “Pois é preciso saber se 
gostou ou não do que foi contado, se concordou ou não com o que foi contado [...]” 
(ABRAMOVICH, 1997, p. 143). 
Após algumas análises, percebeu-se que vários fatores contribuem para crianças ou 
adultos iniciarem a ler. Vimos, neste estudo até aqui desenvolvido, que a leitura é iniciada ainda 
muito cedo, quando bebê, com materiais resistentes que possibilitem seu manuseio. No período 
da alfabetização ou mesmo depois, chega o momento de ouvir. É quando se deve ler para 
incentivar esta prática, colocando a criança em contato com o mundo da imaginação, 
percebendo o quanto é maravilhoso. Ao desenvolver essas práticas, os professores estarão 
contribuindo e incentivando a pessoa a se tornar leitora e, consequentemente, promover uma 
aprendizagem significativa. 
Uma das competências da BNCC é a valorização da cultura regional, através de algumas 
obras literárias regionais, como: Os três porquinhos salientes e o lobo guará, da escritora 
goiana Diana Valdez, que discorre sobre o cerrado, sua fauna e flora, e o período de chuva e 
seca, que resultava nas queimadas. Ao trabalhar assuntos do cotidiano das crianças, traz a 
realidade destas para a sala de aula e as conscientiza, levando-as a se tornarem leitoras críticas 
e a obter a aprendizagem significativa. A obra da escritora goiana nos possibilita a trabalhar os 
temas transversais, conforme o PCN, abordando assuntos, como: ética, meio ambiente, 
pluralidade cultural, temas locais. 
 A aprendizagem significativa é uma situação em que o aprendiz, diante dos 
conhecimentos acumulados, realiza inferências com outras situações, a ponto de construir e 
reconstruir novos conhecimentos. Sua referência são os aspectos culturais que se encontram 
associados a uma determinada região. 
A literatura regional, por exemplo, oferece condições propícias para que os aspectos 
ligados à localidade sejam absorvidos ao nível da variedade linguística, da alimentação, dos 
17 
 
fatores culturais, enfim, de tudo que é característico de determinada região. No Brasil, 
considerando-se a sua extensão continental, a maneira de falar, aprender e lidar com a riqueza 
cultural que caracteriza uma dada região é bem diversificada. 
 
3.3 O Letramento e a Importância da Literatura Regional 
 
 
Para Soares (2006), a palavra letramento passou a existir na década de 1980, através de 
Mary Kato, em sua obra denominada No mundo da escrita. O significado atual de letramento 
é fruto da palavra de versão inglesa literacy, procedente do latim littera (letra), com o acréscimo 
do sufixo cy, que significa qualidade, fato de ser, condição e estado. Significa o estado em que 
o sujeito se envolve com as práticas sociais relacionadas à leitura e à escrita. 
Segundo Tfouni (2010), o letramento apresenta como definição o instante de 
confrontação com a alfabetização. Ou seja, diferente da alfabetização, que se ocupa da aquisição 
da escrita por um indivíduo, o letramento enfoca os aspectos sócio históricos da aquisição de 
um sistema escrito por uma determinada sociedade. 
Já Soares (2006)define letramento como o ato de ensinar ou aprender a ler e a escrever. 
Desta maneira, letramento são resultados sociais e históricos da entrada da escrita em uma 
sociedade em decorrência da ação voltada para aprender a ler e a escrever. 
Freire (2011) aponta que a leitura da palavra subentende a continuidade da leitura de 
mundo que mantém a relação entre a linguagem e a realidade. O autor ressalta que, para 
aprender a ler, é preciso praticar bastante para se ler melhor e com mais fluência. De posse da 
leitura e da escrita, as pessoas têm condições de discutir assuntos variados que permeiam a 
sociedade na qual estão inseridas. “[...] Se é praticando que se aprende a trabalhar. É praticando 
também que se aprende a ler e a escrever. Vamos praticar para aprender e, aprender para praticar 
melhor” (FREIRE, 2011, p. 60). 
Smith (2009) aborda, em Leitura significativa, que, para a aquisição da leitura, não 
existe um processo específico pronto e acabado. Na maioria das vezes, as formas com que as 
crianças adquirem o hábito da leitura surgem através de adaptações que ocorrem na própria sala 
de aula entre professor e aluno, ou mesmo em casa, entre mãe e filho. “É dessas dezenas de 
milhares de estudos podemos tirar somente uma conclusão básica e incontestável, todos os 
métodos de leitura parecem ter algum sucesso, com algumas crianças algumas vezes” (SMITH, 
2009, p. 11). 
18 
 
A colocação acima diz respeito à importância dos estudos sobre os métodos de leitura, 
os quais o autor admite ter, cada um, a mesma função, que é promover a aprendizagem, o que 
pode ser compreendido como sucesso. 
 
Uma vez que o aluno já tenha introjetado várias informações do assunto que está sendo 
abordado, não precisará de muita informação visual. O que será necessário é esse 
aluno estar sempre reformulando seus conhecimentos com a obtenção de novas 
informações sobre vários assuntos. A informação visual desaparece quando as luzes 
se apagam, a informação não visual já está em sua mente atrás dos olhos (SMITH, 
2009, p. 20). 
 
Adverte Abramovich (1997) que a criança realiza a leitura, a todo o momento, no meio 
social em que está inserida. Exercita-se o hábito da leitura escrita ou não quando se vê uma 
propaganda, o rótulo de um refrigerante ou qualquer outro produto, ou mesmo ao assistir 
televisão. Enfim, existe uma infinidade de meios pelos quais se pode ampliar a habilidade de 
leitura das crianças. 
Nessa perspectiva, a partir da aplicação da literatura regional é possível estimular o 
letramento, ou seja, aprender a ler e a escrever e, como consequência, desenvolver uma visão 
crítica social da realidade. A leitura promove a libertação para que o indivíduo passe a conhecer 
outros mundos, ou seja, a lê-los. 
A literatura possibilita o contato do leitor com o mundo que se encontra à sua volta, 
estendendo mais informações sobre este. Ela permite que o leitor realize a formação intelectual 
e emocional ao ter acesso aos bens culturais e a promover a habilidade de vivenciar 
experimentos de outras sociedades. Sendo assim, os termos literatura e cultura estão 
relacionados. 
Segundo Magalhães (2017, p. 71), “[...] a leitura de textos literários contribui na 
formação do leitor criativo e autônomo, visto que, os horizontes propostos pela literatura são 
ilimitados e suas interpretações, dada a natureza polissêmica da palavra literária, são infinitas”. 
A leitura regional oferece ao leitor a possibilidade de aprender os costumes, a tradição, 
as iguarias e os termos característicos da região. No desenvolvimento do letramento, todos os 
aspectos são incluídos e, assim, compõem a regionalidade, caminhando junto. 
 
4 LETRAMENTO: QUANDO A LEITURA ENCONTRA SIGNIFICADO SOCIAL 
 
 
19 
 
 Este capítulo discorrerá sobre a função social do letramento, enfatizando práticas de 
letramento por meio de uma literatura regional, do livro: Os três porquinhos salientes e o lobo 
guará, que trata de realidades sociais de uma forma lúdica. 
 
4.1 A Função Social Letramento 
 
 
 O letramento tem uma função social, visto que permite ao sujeito ler e interpretar textos, 
sons, imagens, entre outros, além de possibilitar ao cidadão se posicionar criticamente diante 
de problemas sociais que permeiam sua realidade social. Lois (2010) salienta que existem 
estudantes que sabem ler e escrever, todavia, não conseguem compreender o sentido de um 
texto, por exemplo. Em conformidade com essa afirmação, Soares citado por Lois (2010, p. 18) 
afirma que: 
 
[...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; 
alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o 
indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, 
mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, prática a leitura e a escrita, 
responde adequadamente às demandas sociais de leitura e escrita [...] (SOARES apud 
LOIS, 2010, p. 18). 
 
 Nesse ínterim, cabe ao docente incorporar o letramento desde o início do processo 
educativo, a fim de que os educandos adquiram as habilidades e desenvolvam suas 
potencialidades. Não basta somente aprender a ler e a escrever, mas é imprescindível fazer uso 
destas práticas sociais em diversos contextos. 
 Cumpre ressaltar que algumas crianças têm acesso a práticas de letramento antes mesmo 
de entrar na escola, pois são incentivadas pelos pais ao mundo da leitura e instigadas a 
compreendê-la, além de já começar a fazer suposições entre a oralidade e a escrita. Entretanto, 
algumas crianças só têm e terão acesso ao livro na escola (KLEIMAN, 1995). 
 Em relação ao livro, Coelho (2000, p. 15) afirma que: “É ao livro, à palavra escrita, que 
atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo das crianças e dos 
jovens”. Embora vivemos num mundo globalizado, com recursos tecnológicos, a autora 
enfatiza que a literatura é ainda o modo mais eficaz de se promover a leitura do mundo. 
 Diante do exposto, fica evidente que a literatura pode ser uma ferramenta de acesso ao 
letramento, produzindo uma aprendizagem significativa sem excluir as crianças desse processo, 
pois, desde que sejam estimuladas, todas tendem a desenvolver suas potencialidades. Sendo 
20 
 
assim, a escola deve promover a construção do ser em formação, oferecendo-lhe oportunidades 
e subsídios para seu desenvolvimento integral. 
 
4.2 Práticas de Letramento por Meio da Literatura Regional 
 
 
 Como afirmado acima, o letramento é muito mais do que aquisição ou interpretação dos 
símbolos das linguagens. Trata-se da compreensão desses símbolos, com o objetivo de ler a 
realidade e, aqui, se fala sobre a função social do letramento, visto que, por meio dele, o aluno 
consegue compreender a realidade social na qual ele se encontra. A partir dessa ideia básica, 
optamos por fazer uma análise do livro Os três porquinhos salientes e o lobo guará, de Diane 
Valdez, autora goiana que, na construção do seu livro, recontou a história original a partir de 
elementos próprios do cerrado, a ponto de se considerar esta obra uma literatura infantil com 
perspectiva regional. 
Levando-se em conta a importância da literatura regional para o letramento, escolhemos 
a obra citada acima, em que a autora reconta a história original Os três porquinhos, do escritor 
Joseph Jacobs, utilizando-se elementos próprios da cultura goiana e trazendo para seus leitores 
o exemplo do que seria o uso de uma literatura infantil regional significativa para o 
desenvolvimento do letramento. A obra nos permite trabalhar também temas transversais, 
como: meio ambiente, ética, realidade cultural. Deste modo, cumprem-se os objetivos da BNCC 
e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). 
Uma das atividades pedagógicas que pode contribuir para o desenvolvimento do 
letramento é o uso de uma literatura regional. Estareforça a cultura e os valores e revela os 
problemas sociais e econômicos da região, que fazem parte do dia a dia da criança. O professor 
pode revê-los em sala de aula, a partir do livro escolhido. Abaixo apresentamos sucintamente a 
história Os três porquinhos salientes e o lobo guará. 
 O livro retrata a história de três porquinhos do mato que atendiam pelos nomes: Atrevido, 
Exibido e Petulante. Havia, ainda, o lobo guará. Todos viviam no cerrado, e os porquinhos 
adoravam atazanar o lobo. Chegando a época das chuvas, a família dos porquinhos se reunia 
para discutir sobre urgentes construções de locais mais seguros para eles se abrigarem e 
decidiram então que cada um faria sua casa, a seu gosto. Reunidos em mutirões para 
construírem suas casas, os porquinhos, ocupados, se esqueceram do lobo. 
 Atrevido fez sua casa com palha de buriti; o Exibido resolveu fazer sua casa de gravetos, 
e o Petulante resolveu fazer uma fortaleza feita de pedras. Com as casas prontas, os porquinhos 
21 
 
voltaram a infernizar o lobo. Um dia cutucaram o lobo com vara curta. Este, chateado, resolveu 
conversar com os porquinhos. Foi na casa do primeiro, bateu na porta, mas o Atrevido não 
abriu. O lobo insistiu. O lobo resolveu acabar com a casa do porco com escavadeira, e este 
correu para a casa do irmão. 
 O guará partiu para a casa feita de gravetos e a derrubou. Partiu para a terceira casa, 
tentou e tentou derrubar, mas não conseguiu. O guará resolveu subir pelo telhado, retirou 
algumas telhas, desceu na residência, mas os porquinhos jogaram água quente no lobo. Era para 
ser só um susto, mas o lobo teve queimaduras e ameaçou, então, chamar as entidades protetoras, 
e os porquinhos colocaram o rabinho entre as pernas. 
Através desta obra é possível desenvolver nas crianças o gosto pela leitura e o senso 
crítico do leitor, pois retrata questões sociais próprias da região Centro-Oeste, num tom 
humorístico. Logo, podem ser trabalhados o português, a Geografia, a História etc., de uma 
forma integrada e contextualizada. 
 Um tema a ser discutido é a moradia, uma realidade social que aflige muitas pessoas 
que não têm casa própria ou, ainda, outras que tiveram suas casas destruídas pelas enchentes, 
pois as construíram em locais inapropriados, devido às condições financeiras, e acabaram tendo 
prejuízos maiores. Cabe ressaltar que há também os moradores de rua. No livro, os porquinhos 
estavam preocupados com a época da chuva, que estava chegando, e eles precisavam de locais 
mais seguros para se abrigarem. Entretanto, somente o Petulante teve a consciência de fazer 
uma casa com material resistente. 
 Outra sugestão a ser abordada é a questão da flora do cerrado, com árvores pequenas, 
grandes e retorcidas. Podem ser encontradas, também, árvores como murici, ipê, pequi, 
mangabeira, entre outras. Quanto à fauna, podem ser citados animais que vivem na região do 
cerrado ou até mesmo perguntar às crianças sobre estes animais. Neste momento se pode dar 
ênfase à época da seca, quando ocorrem muitos incêndios, e os animais têm que fugir ou acabam 
sendo mortos. Isso vem ocasionando a extinção de alguns deles, como é apontado no livro. O 
lobo guará está em extinção e tem entidades protetoras que punem quem fizer algo contra ele. 
No livro, os porquinhos pelaram o lobo com água quente, e este os ameaçou a denunciá-los 
para as entidades protetoras. 
 No âmbito dessa questão, valem destacar as queimadas que atualmente estão ocorrendo 
no estado de Goiás, mostrando consequências graves, como poluição no ar que respiramos e a 
morte dos animais. Uma situação extremamente preocupante que deve ser discutida na sala de 
aula possibilita também ao educando falar e contar suas histórias, pois ele também faz parte 
dessa história. Pode-se perguntar às crianças o que elas acharam e o que deve ser feito. 
22 
 
 O educador deve deixar o educando manusear o livro, ver as ilustrações e instigá-lo a dar 
outro final para a história. Afinal, ele pode decidir se os porquinhos devem ou não ser entregues 
para as entidades protetoras do lobo, recontar a história através do desenho ou produzir sua 
própria história. Vale ressaltar que os porquinhos tratados na história são os porcos do mato – 
os caititus, e o lobo não é o famoso lobo mau, mas o lobo guará, próprio da região do cerrado. 
 Sendo assim, as crianças vão construindo seus conhecimentos, tornando possível 
estabelecer relações entre o aprendizado da escola com suas realidades sociais e a aprendizagem 
significativa. Podem também ser trabalhados o nome da autora do livro, o porquê do nome dos 
porquinhos, as palavras desconhecidas e as características dos personagens, como também 
relatar que se trata de uma fábula na qual os animais falam e têm sentimentos. 
 Cumpre salientar que o uso da literatura regional é uma das ferramentas de acesso ao 
letramento, pela qual o indivíduo passa a conhecer e a ler o mundo, se tornando, assim, um 
cidadão consciente e crítico diante da sociedade que ele vive. Além disso, é capaz de fazer uso 
das práticas sociais da leitura e da escrita. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
De acordo com o estudo teórico realizado, percebeu-se que a literatura regional propicia 
uma aprendizagem mais significativa por trazer a realidade cultural da criança de forma lúdica 
e prazerosa. O livro escolhido para o desenvolvimento do letramento possibilita ao educando 
relacionar a história com o mundo à sua volta, tornando-o um leitor crítico e consciente. 
Buscando compreender a importância da leitura no ensino fundamental, percebe-se seu 
valor significativo, pois, através da leitura, o aluno desenvolve seu potencial intelectual e 
crítico, contribuindo também para a expansão da imaginação, da escrita e da reflexão crítica. 
Enfim, ampliam-se as condições essenciais dos educandos na apreensão dos conteúdos no 
processo de ensino/aprendizagem. 
Sendo assim, a abordagem do letramento nas séries iniciais (educação infantil) é de 
extrema importância, pois a criança precisa desenvolver a leitura e a escrita desde cedo, para 
não só desenvolver a linguagem, mas também o raciocínio lógico, o senso crítico, o exercício 
da leitura e a interpretação de mundo à sua volta. 
Desse modo, letrar é mais do que alfabetizar. A criança que vive em um ambiente letrado 
torna-se capaz de ler e escrever em contextos diversos. Para o letramento ocorrer, deve-se levar 
em consideração o contexto em que a criança está inserida. A escola é o espaço apadrinhado 
23 
 
para o desenvolvimento do letramento infantil. Com isso, ela deve oferecer às crianças um 
ambiente rico em ludicidade, com recursos didáticos variados e bem selecionados para instigá-
las e deixá-las aptas à prática da leitura e da escrita. 
A literatura contribui para a formação do sujeito, pois ela o coloca em contato com a 
arte, o ajuda a desenvolver o senso crítico e instiga a imaginação do leitor, colocando-o em 
contato com novos sentimentos, novas emoções, novos conceitos etc. Por isso, ela se torna um 
instrumento importante na formação das crianças porque, além de estimular a imaginação, faz 
com que elas experimentem um mundo novo que as leva a uma reflexão sobre o que leem, veem 
e vivem, fazendo uma leitura do mundo à sua volta etc. 
A finalidade maior da alfabetização é poder promover o letramento dos alunos que estão 
iniciando os estudos, de maneira que eles já iniciem esse processo desenvolvendo a visão 
crítica. Simultaneamente, que desenvolvam, também, a prática da escrita e, progressivamente, 
o domínio desta modalidade. 
Para o aluno fazer uso da leitura e da escrita em variados contextos sociais, ele precisa 
adquirir esse hábito. Além do incentivo da família, a escola também é um local importante de 
estimulação, por ser considerada agência de letramento. Por isso, ela tem a função não só de 
ensinar as habilidadesnecessárias de leitura e escrita, mas também de fazer com que esse aluno 
se torne um indivíduo letrado, usando competentemente a leitura e a escrita em contextos 
diferenciados. Assim, cumprir-se-ão os objetivos dos documentos norteadores. 
Nesse contexto, a literatura regional traz de forma lúdica e bem-humorada assuntos da 
realidade local, propiciando reflexões e contribuindo para a construção do capital cultural. Os 
aspectos regionais aproximam o leitor do mundo à sua volta, viabilizando assuntos a serem 
abordados e trabalhados em sala de aula, além de contribuírem para o desenvolvimento do leitor 
crítico e consciente. 
 
24 
 
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