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A Policitemia ou eritrocitose refere-se ao aumento na concentração de eritrócitos no sangue, evidenciado pelo aumento do volume globular (VG ou hematócrito), pela contagem de hemácias ou pela concentração de hemoglobina. A policitemia pode ser relativa ou absoluta. A policitemia relativa pode ocorrer devido à diminuição do volume plasmático ou à redistribuição de eritrócitos, como em casos de desidratação e desvios de líquidos corporais. A policitemia absoluta pode ocorrer como resultado da contração esplênica observada comumente em animais excitáveis, como gatos e equinos. A policitemia absoluta é causada pelo aumento real da massa de hemácias e pode ser primária ou secundária. A secundária pode é resultante da superprodução de eritrócitos devido ao aumento de produção de eritropoietina, que, por sua vez, é secundário a hipóxia generalizada, hipoxia renal localizada ou superprodução de eritropoietina por neoplasia. A policitemia primária (vera) é considerada um distúrbio mieloproliferativo em que a eritropoiese ocorre independente da concentração de eritropoietina. Embora a policitemia seja rara, ela é mais comum do que a policitemia secundária. A policitemia primária geralmente é diagnostica pela exclusão das policitemias relativas e secundárias. Por desvio de líquidos ou desidratação: Pacientes com policitemia relativa causada por redução do volume plasmático em geral apresentam: ➔ Aumento simultâneo no teor plasmático de proteínas, ➔ Evidencias clínicas por desidratação. OBS: alguns animais desidratados podem apresentar proteínas plasmáticas diminuídas ou normal devido a menor ingestão de proteínas. → Diminuição da produção proteica pelo fígado → Perca proteica pelos rins, trato gastrointestinal → Lesões cutâneas. Podem ocorrer por vômito, diarreia, poliúria. O tratamento baseia-se no diagnóstico da doença subjacente pela reposição de líquidos e eletrólitos. Por aumento transitório na massa de hemácias: A contração esplênica causa apenas aumento moderado no VG, em geral não superior a 60%. A policitemia como resultado de contração esplênica é observada apenas em animais que normalmente tem o VG aumentado, como cães das raças Poodle, Greyhound e Dachshund. A contração esplênica pode ocorrer secundária ao exercício ou em resposta à liberação de adrenalina em animais excitados ou com dor. A concentração de proteínas plasmáticas não está aumentada e a presença de medo, dor ou excitação no momento da coleta de sangue geralmente é aparente. Pode haver leucograma por estresse, evidenciando por uma neutrofilia madura e linfocitose e nota-se uma trombocitose discreta. A policitemia transitória não tem significância clínica e a concentração de eritrócitos retorna ao normal em um curto período de tempo. Hemoconcetração: • Aumento de hematócrito • Aumento de proteína plasmática • Diminuição do volume plasmático Sinais clínicos: → Cianose; Policitemia: Policitemia relativa: Policitemia absoluta: → Congestão das mucosas; → Aumento da resistência vascular pulmonar; → Diminui o débito cardíaco → Trombose e hemorragia → Poliúria e polidipsia: resultado da deficiência de vasopressina. Fluxo sanguíneo reduzido: → Hiper viscosidade → Distúrbios neurológicos centrais- associados à diminuição de O2: convulsão, ataxia, cegueira ou letargia. → Risco de trombose. Secundária por hipóxia generalizada: A policitemia fisiologicamente apropriada é observada quando a oxigenação tecidual inadequada desencadeia aumento na produção de eritropoietina, que, por sua vez, estimula a produção de eritrócitos, propiciando maior concentração de oxigênio nos tecidos. Hipoxia generalizada e hipoxemia (redução da PaO2) podem ser observadas em animais com doenças cardíacas ou pulmonares crônicas grave. Distúrbios cardíacos congênitos que resultam em desvio do sangue dos pulmões estão frequentemente associados à policitemia do que a doenças cardíacas adquiridas. Doença pulmonar grave também pode resultar em hipoxemia, mas deve ser crônica para induzir policitemia. Outras causas de hipoxemia incluem hiperventilação alveolar, associada à hipoxia, sem hipoxemia, ocorre em pessoas com tipos raros de hemoglobinopatias hereditárias, porém essas condições não têm sido relatadas em animais domésticos. Hemoglobinopatias crônicas adquiridas também podem induzir policitemia. A policitemia absoluta secundária causada por hipoxemia é diagnosticada pela detecção da diminuição da PaO2 e a saturação de oxigênio- pelo aumento de altitude. O intervalo de referência para PaO2 varia em função da altitude. Exames de imagem do coração dos pulmões, assim como outros procedimentos de diagnóstico para detectar doença cardiopulmonar, podem ser úteis na definição do diagnóstico. Aumento na produção de Eritropoietina: Ocorre em casos de: → Cistos renais → Tumores Policitemia absoluta primária: A policitemia absoluto primária ou vera é um distúrbio mieloproliferativo que é independente de eritropoietina (por ser um problema na medula), em que os eritrócitos proliferam incontrolavelmente, produzindo elevação dos valores de hematócrito. A proliferação anormal de outras células exceto dos eritrócitos é raramente observado em animais domésticos, mas pode haver aumento de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. A maioria dos casos de policitemia vera em animais domésticos é relatada principalmente em cães, gatos, mas alguns casos têm sido relatados em equinos, bovinos e uma Lhama. Não há sinais clínicos aparentes associados à doença renal. → VG aumentando: considerar se o paciente está excitado ou desidratado; em seguida realizar um novo hemograma. → Proteínas totais aumentadas: se tiver aumentada com o VG aumento- pode considerar Policitemia Relativa por desidratação e a diminuição do volume plasmático. Entretanto, animais com desvios de líquidos, como em casos de doença gastrointestinal, podem não apresentar alteração de proteína total. Além disso, a proteína total pode estar diminuída ou normal em animais desidratados. → Parâmetros normais: relativa ou absoluta primária. →PO2 reduzida: junto com eritropoietina aumentada = Policitemia absoluta secundária por hipoxia. → PO2 normal: junto com eritropoietina normal= Policitemia absoluta secundária independente de eritropoietina. Testes laboratoriais: → Policitemia relativa: terapia da doença subjacente e fluidoterapia. → Policitemia absoluta primária: realização de repetidas flebotomias para manter o VG no limite superior ao de normalidade. Administração de Fe para evitar anemia por Fe; quimioterápico (em casos de tumores renais). Tratamento: