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Gestação Avançada de Marketing Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Isabel Maria Miranda Rodrigues Revisão Textual: Profa. Ms. Rosemary Toffoli Desenvolvimento de novos produtos • Conceito • Estratégias para obtenção de novas ideias de produtos • Tipos de novos produtos • Processo de desenvolvimento de novos produtos · O objetivo desta Unidade é demonstrar a relevância do desenvolvimento de novos produtos para as organizações, que possibilitam a sobrevivência e a prosperidade dos negócios. Considerar o aumento da concorrência, o ciclo de vida de produtos, cada vez menores, desafiam e obrigam as empresas a investir na descoberta da criação de valor para o cliente. · Portanto, abordaremos a Conceituação de Produto, principais Estratégias que podem ser adotadas pelas empresas para a obtenção de novas ideias, apresentar as Categorias essenciais de novos produtos e descrição do Processo de desenvolvimento de novos produtos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Nesta Unidade, primeiramente, será apresentado o conceito e a importância das empresas investirem em políticas de Desenvolvimento de Novos Produtos, salientando algumas razões para tal investimento, tais como, vantagem competitiva, lucratividade, avanços tecnológicos, mudanças de comportamento do consumidor e menores Ciclos de Vida do Produto (CVP). Porém, desenvolver um novo produto não é uma tarefa simples, implica também diferentes tipos de investimentos, cooperação entre diferentes áreas da empresa (equipe multidisciplinar) para o planejamento e desenvolvimento de novos produtos. Vamos apresentar algumas sugestões de Estratégias para a obtenção de Novas Ideias de Produtos que, não necessariamente, implicam desenvolver um novo produto para o mercado. A empresa pode optar por outras ações como a aquisição de uma empresa, patente ou até mesmo um licenciamento. É necessário, também, melhorarmos nossa compreensão sobre as principiais categorias de Novos Produtos e, finalmente, como afirma Churchill (2012), não se pode assegurar que um novo produto será bem ou mal sucedido. Porém, é necessário as empresas adotarem um método que pode ajudar no processo de desenvolvimento e, para tanto, será apresentada e discutida cada etapa do Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos. ORIENTAÇÕES Desenvolvimento de novos produtos UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Contextualização Vamos iniciar esta Unidade refletindo sobre a importância das empresas estarem atentas às necessidades de seus clientes atuais e/ou potenciais, considerando-as no projeto de desenvolvimento de seus novos produtos, a partir de uma reflexão proposta no artigo desenvolvido por González, Toledo e Oprime (2012). Para saber mais acesse o link e leia o artigo: Integração de clientes no processo de desenvolvimento de produtos: estudo de casos em empresas de bens de capital http://www.scielo.br/pdf/gp/v19n3/11.pdf Ex pl or 6 7 Conceito “Melhor do que inventar um produto que todo mundo use é fabricar um produto que todos usem, joguem fora e depois voltem para comprar mais.” (King Camp Gillette) O desenvolvimento de novos produtos pode ser oportuno para uma empresa, seja na manutenção ou na geração de novas receitas. Algumas das razões que podem levar uma empresa a desenvolver novos produtos estão relacionadas aos avanços tecnológicos que têm reduzido cada vez mais o Ciclo de Vida dos Produtos, ou seja, muitos produtos ficam obsoletos num relativo curto espaço de tempo. Devemos também considerar que as mudanças de comportamento de consumo, seja por conta de novas necessidades e até mesmo expectativas dos consumidores, além do aumento da concorrência (nacional e estrangeira), têm induzido cada vez mais as empresas a investirem em políticas de desenvolvimento de novos produtos, a fim de garantir a sobrevivência e competitividade da organização. A partir destas informações como podemos definir um novo produto? Alguns autores afirmam que um novo produto é algo percebido pelo consumidor como inovador. No entendimento de Churchill (2012, p.269), Produto novo é aquele que, de alguma forma, é novo para a organização de marketing. Novos produtos são uma das chaves para o crescimento e sucesso de uma empresa. Embora as empresas tenham a necessidade de investir no desenvolvimento de novos produtos, não é uma tarefa tão simples quanto parece. Nem todas as empresas, por exemplo, tem um departamento de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), o que requer altos investimentos por parte da organização (embora possa ser terceirizado). É necessário, também, que haja sinergia entre as diversas áreas da organização para o planejamento e desenvolvimento de novos produtos, além de investimentos em pesquisas para aprimorar conhecimentos do mercado e das necessidades do consumidor. Apesar de todos os esforços que a empresa possa empregar no desenvolvimento de novos produtos, não quer dizer que a mesma obterá sucesso. De acordo com Gobe et al (2004, p.138), “no Brasil, em média, oito em cada dez produtos colocados no mercado fracassam depois de dois anos de seu lançamento”. O autor ainda destaca pesquisa realizada em 2000, nos Estados Unidos, (gráfico 1), que demonstra que “52% de todos os produtos de consumo lançados em 21 diferentes categorias de produtos fracassaram naquele país, mesmo com forte apoio de mídia”. (GOBE et al, 2004, p.139). 7 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Gráfico 1: Categorias de Produtos com fracasso superior a 50% nos Estados Unidos em 2000. Fonte: Adaptado de Gobe et al (2004, p.139). Estratégias para obtenção de Novas Ideias de Produtos Com base nestas informações, podemos considerar que desenvolver um novo produto pode ser uma experiência difícil e, ao mesmo tempo, custosa para a empresa. Porém, as empresas podem adotar outras estratégias para a obtenção de novas ideias de produtos, conforme figura 1: Figura 1: Estratégias para se obter novas ideias de produtos. Para melhorarmos nossa compreensão, vamos exemplificar cada sugestão apontada na figura 1. • Aquisição de Empresa: como foi dito anteriormente desenvolver um novo produto, além dos custos envolvidos no processo, não há garantias de sucesso para a empresa. Algumas organizações optam por adquirir empresas já consolidadas no mercado, embora o custo de aquisição possa ser elevado, os riscos podem ser menores. Um bom exemplo é o da Sadia, com o objetivo de ampliar sua participação de mercado, atendendo outras classes de consumidores, especialmente a classe C, adquiriu, em 2009, a marca mineira 8 9 Rezende, cujos produtos eram em torno de 15% mais baratos, disputando o mercado com a Seara. Em 2012, a marca Rezende foi vendida para o grupo Marfrig (dona da Seara Foods). • Aquisição de Patente: outra estratégia que a empresa pode adotar é a aquisição de uma patente. É comum a existência de uma certa confusão entre Marcas e Patentes. Federman (2006, p.6) esclarece que Patente “se refere a qualquer invenção ou aperfeiçoamento que tenha utilização industrial”. Já as Marcas podem ser entendidas como um “nome, termo, design, ou qualquer outra característica” que possa identificar “um bem ou serviço”, de acordo com Churchill (2012, p.250). As patentes, no Brasil, são registradas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Existem muitas empresas especializadas na venda de direitos sobre patentes e obtenção de licenças. Exemplificando, o Google comprou, em 2011, a Motorola Mobility (divisão da Motorola que fabrica celulares, smartphones e tablets). O Google, além de desenvolver softwares, passa a desenvolver hardwares para celulares através da compra de uma patente. Com a compra da Motorola Mobility, o Google passou a incorporar 17 mil patentes ao seu portfólio.1 • Aquisição de Licença: também pode ser mais uma alternativa para a empresa ao invés de desenvolver um novo produto o Licenciamento. Primeiramente, é importante conceituarmos o que é um Licenciamento. O Licenciamentoé uma concessão a outra organização dos direitos de usar uma marca registrada, um produto patenteado ou um processo. Fonte: Churchill (2012, p.79) A Associação Brasileira de Licenciamento (ABRAL)2 é uma organização não governamental responsável pelos negócios relacionados direta ou indiretamente com mercado de licenciamento, seja de marcas, imagem ou propriedade intelectual e artística devidamente registrada. Para o uso do Licenciamento, as empresas pagam uma taxa (royalty) por um período determinado. De modo geral, os valores são cobrados com base em um percentual das vendas. A utilização do Licenciamento pode trazer alguns benefícios para a organização, como: agregar valor ao produto através de diferenciação em relação à concorrência, além de possibilitar à empresa atender de maneira mais eficaz segmentos de mercado e públicos específicos. De acordo com a ABRAL, os segmentos que mais fazem uso do Licenciamento são: confecção, brinquedos, papelaria e personal care. 1 Disponível em: http://goo.gl/yxicsC . Acesso em: 29/07/2015. 2 : Disponível em: http://abral.org.br/a-abral/. Acesso em: 29/07/2015 9 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Vejamos alguns exemplos: A empresa americana Kimberly-Clark, responsável pelo desenvolvimento de produtos no segmento de higiene e limpeza, tem em seu portfólio a linha Kleenex (lenços de papel), Neve (papel higiênico e lenço umedecido), Huggies (produtos para bebês e kids), dentre outras. Destacamos aqui a marca Huggies que tem a Licença da Turma da Mônica que pertence a Maurício de Souza Produções Ltda. A Huggies possui uma linha de produtos para bebês e kids (crianças até 8 anos de idade), tais como fraldas, shampoos, colônias e bloqueador solar que levam o nome e imagens dos personagens da Turma da Mônica. Outra empresa também conhecida que comercializa licença para vários produtos em diversos segmentos é a Disney. Figura 2 Fonte: huggiesturmadamonica.com.br A UFC (Ultimate Fighting Championship) é mais uma das marcas que apresenta números expressivos de licenciamento no Brasil, associada aos torneios de artes marciais (MMA). Os produtos mais utilizados para o uso da licença são acessórios esportivos e vestuário. Figura 3 Fonte: exame.abril.com.br Importante! “Uma forma popular de licenciamento é a franquia, em que o franqueado opera um negócio sob acordo contratual com um franqueador”. (CHURCHILL, 2012, p.79). Existem muitos exemplos de sucesso de franquias, tais como McDonald’s, Cacau Show, Bob’s, China in Box etc. Explore mais acessando o site da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Disponível em: http://www.portaldofranchising.com.br/guia-de-franquias/franquias-de-a-z/c Você Sabia? 10 11 Tipos de Novos Produtos Booz, Allen & Hamilton (empresa de consultoria) apud Kotler (2000, p.350), identificou algumas categorias de novos produtos, descritas a seguir: • Produtos inteiramente novos: produtos novos e inovadores que criam novos mercados. Na atualidade, é difícil identificarmos um produto inteiramente novo, a maioria dos produtos desenvolvidos é, na verdade, aperfeiçoamento de produtos existentes. A criação de uma vacina que pudesse, por exemplo, curar o câncer ou AIDS, com certeza, seria um produto inteiramente novo e as indústrias farmacêuticas criariam novos e lucrativos mercados. Alguns exemplos de novos produtos desenvolvidos no passado, a título de compreensão desta categoria: Figura 4 Figura 5 • A invenção do telefone por Graham Bell • O primeiro veículo motorizado com três rodas foi desenvolvido pelo engenheiro alemão Karl Benz, em 1885, e, em 1886, outro engenheiro alemão, Gottlieb Daimler, inventou o automóvel com quatro rodas com motor de combustão interna. Com relação a produtos inovadores, veja o exemplo a seguir: Figura 6 – Samsung Gear FIT O Samsung Gear FIT3 é um smartwatch, tem como público-alvo praticantes de atividades físicas que possibilita ao usuário verificar e-mails, acessar redes sociais e troca de mensagens. O pequeno aparelho também tem sensor de batimentos cardíacos, controle sobre o consumo de calorias, dentre outras características. • Novas Linhas de Produtos: os produtos são novos para a empresa e não para o mercado. A empresa pode desenvolver este produto ou uma linha de produtos. É possível também esta situação ocorrer quando há a compra de outra empresa ou simplesmente de uma linha de produtos. 3 Fonte: Disponível em: http://goo.gl/e5W0Ib. Acesso em: 29/07/2015. 11 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos A Coca-Cola, em 2005, comprou a empresa Mais Figura 7 Indústria de Alimentos, dona da marca Suco Mais, passando a entrar no segmento adulto de sucos prontos, vale lembrar que a Coca já atuava no segmento de sucos infantis com a marca Kapo. Em 2006, a Coca, juntamente com a Femsa (engarrafadora da Coca Cola e dona da cervejaria Kaiser), compram a empresa mexicana Sucos del Valle, líder de mercado no Brasil. • Acréscimos de Linhas de Produtos existentes: a empresa nesta categoria passa a desenvolver novos produtos que complementam uma linha, ou seja, aumento ou diminuição de uma embalagem, criação de novos sabores etc. Figura 8 A água Bonafont (Danone) é comercializada em galões de 20 e 10 litros também e têm disponíveis garrafas de 330, 500 e 1500 ml e de 6,25 litros. • Aperfeiçoamento e Revisões de produtos existentes (melhorias): a proposta nesta categoria é de desenvolver produtos que ofereçam melhor desempenho ou valor percebido, os quais substituem os produtos atuais. Um bom exemplo desta categoria é o “fusca” que foi produzido no Brasil até o ano de 1996. Em 2012, a Volkswagen criou uma nova versão. Figura 9 • Reposicionamento: pode ser adequado para o direcionamento de um produto para novos segmentos de mercado ou ainda o produto pode ter outras aplicações (uso) para o consumidor. O Baby Shampoo da Johnson & Johson foi reposicionado para adultos e continua sendo ofertado para crianças. 12 13 Figura 10 As sandálias Havaianas (Alpargatas) é um caso clássico de reposicionamento. Segundo o site da adNews4, “a classe baixa tinha vergonha de usar as sandálias porque, à época, elas carregavam a fama de ser um calçado para pessoas muito humildes. Entretanto, parte da classe média alta utilizava as sandálias sem se preocupar muito com a reputação da marca”. As sandálias Havaianas que dispunha de um único modelo com quatro opções de cores, a partir de 1994, reposiciona-se no mercado, com a criação de, aproximadamente, 40 modelos, designs e preços diferenciados e exporta para mais de 60 países. • Redução de Custo: a proposta desta categoria é de ofertar ao mercado produto similar com um custo menor. Figura 11 Um exemplo interessante é o da Fralda Mágica, produzida pela Kimberly-Clark5. Apresenta como diferencial a substituição da fita adesiva que em termos de inovação propiciou a diminuição de 26% de matéria-prima, reduziu o impacto ambiental e o preço do produto final. O desenvolvimento de novos produtos para a empresa pode ser vantajoso e, ao mesmo tempo, arriscado, conforme demostrado anteriormente no gráfico 1. Kotler (2000) aponta algumas situações em que os novos produtos podem fracassar: • A ideia é boa, porém apresenta problemas no projeto • Mal posicionamento do produto no mercado • Os custos de desenvolvimento podem ser maiores do que os projetados inicialmente • Forte reação da concorrência • Mercados cada vez mais fragmentados • Questões relacionadas ao ambiente externo, como, por exemplo, restrições sociais e governamentais • Redução do Ciclo de Vida dos Produtos (CVP) 4 Fonte: Disponível em: http://goo.gl/O1vclh. Acesso em: 30/07/2015. 5 Fonte: Disponível em: http://goo.gl/eOQ0a8. Acesso em: 30/07/2015 13 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos Geração de Ideias Seleção de Ideias Desenvolvimento e teste do conceito Comercialização Teste de mercado Desenvolvimento do produto Estratégiade Marketing Análise do negócio Figura 12: Processo de Desenvolvimento de Novos Produtos Fonte: Adaptado de Kotler (2000) De acordo com Churchill (2012), não se pode assegurar que um novo produto será bem ou mal sucedido. Porém, é necessário as empresas adotarem um método que pode ajudar no processo de desenvolvimento, conforme figura 2, descritas a seguir: • Geração de Ideias: podem ser provenientes de fontes internas, tais como: executivos da própria empresa, equipe de vendas (comercial), equipe de produção, caixas de sugestão que podem ser disponibilizadas para os funcionários etc. Outro possibilidade são as fontes externas, a empresa pode obter informações através dos clientes, concorrentes, fornecedores, distribuidores, feiras e eventos, dentre outros. Figura 13 Um bom exemplo de geração de ideias é o da 3M ao lançar uma esponja que limpa superfícies sem riscar. Essa ideia surge a partir da insatisfação de clientes com produtos na época disponíveis no mercado. 14 15 Importante! A 3M incentiva a todos, e não apenas a seus engenheiros, a se tornarem ‘defensores de produtos’. A regra 15 por cento da empresa permite que todos os funcionários gastem 15 por cento de seu tempo trabalhando em projetos de interesse pessoal. Produtos como o post-it, fi ta adesiva colorida e a tecnologia de microrreplicação surgiram de atividades desenvolvidas dentro da regra dos 15 por cento. A 3M espera alguns fracassos e aprende com eles. Seu slogan é ‘É preciso beijar muitos sapos para encontrar um príncipe’. A 3M distribui todos os anos seus prêmios Golden Step a equipes cujos produtos obtiveram mais de dois milhões de dólares em vendas nos Estados Unidos ou quatro milhões de dólares em vendas mundiais até três anos após seu lançamento Trocando ideias... • Seleção de Ideias: após a geração de ideias, é necessário uma avaliação e seleção. Esta é uma fase muito importante e delicada para a empresa. É muito importante a participação de uma equipe multidisciplinar neste processo avaliativo, pois pode acontecer de uma boa ideia ser descartada e uma ruim ser aprovada e passar por todo o processo de desenvolvimento e comercialização, trazendo prejuízos que podem comprometer toda a organização. Kotler (2000, p.359), sugere alguns questionamentos que podem ser feitos neste processo: • O produto atende a uma necessidade? • O produto oferece um valor superior? • O produto pode ser anunciado de maneira diferenciada? • A empresa tem Know-how e o capital necessário para o desenvolvimento deste produto? • Uma vez desenvolvido o produto, fornecerá a empresa volume e crescimento de vendas a fim de se obter o lucro desejado? Veja alguns exemplos de ideias que foram desconsideradas e que deram certo, mencionadas por Kotler (2000, p.358): • Xerox percebeu que a copiadora da Chester Carlson era uma inovação promissora, mas a IBM e a Kodak, não. • A IBM achou que o mercado para computadores pessoais era minúsculo. • Desenvolvimento e Teste do Conceito: tão importante quanto a seleção de uma ideia é o desenvolvimento de um conceito para o produto, pois os consumidores compram ideias ou conceito? Conceito! Vejamos de que forma é possível criar um conceito de produto. Nesta fase o produto começa a ser delineado. É importante definir o público- alvo, ou seja, a quem se destina o produto? O produto também deve apresentar benefícios, portanto, qual o principal benefício deste novo produto? Outra pergunta 15 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos que deve ser formulada é quanto a motivação da compra. As pessoas compram por alguma razão e para um determinado fim, então, por que e para que o público-alvo deveria usar o produto? Para melhor compreensão, vamos usar um exemplo citado por Kotler & Armstrong (2003). De forma simples, os autores apresentam um fabricante de automóveis que quer desenvolver um projeto para a construção de um carro elétrico e são apresentados dois conceitos: Conceito 1: modelo subcompacto e de baixo custo, cujo projeto é para ser o segundo carro de uma família e para uso na cidade. Ideal para transporte das crianças e fazer compras. Conceito 2: modelo compacto, com linhas esportivas de preço médio, destinado para o público jovem. Uma vez escolhido o conceito, que mais se adequa ao seu perfil de público é necessário testá-los junto aos potenciais consumidores. Kotler e Armstrong (2003) afirmam que este teste pode ser realizado de forma simbólica, através de palavras, fotos etc., ou física que propicia mais confiabilidade ao teste, um bom exemplo é a realidade virtual. É possível através das novas tecnologias a reprodução com simuladores, no caso do automóvel, uma experiência (virtual) de dirigir o veículo ou protótipos que podem ser construídos, tornando a experiência ainda mais real. • Estratégia de Marketing: Uma vez definido e aprovado o teste do conceito, o próximo passo é o desenvolvimento da estratégia de marketing. O Planejamento Estratégico para esta etapa é dividido em três partes, de acordo com Kotler & Armstrong (2003): 1. Descrever detalhadamente o mercado-alvo, posicionamento do produto, metas de vendas e, posteriormente, determinar a participação que se espera de mercado e lucro. Esta estimativa dever ser para os primeiros anos após o lançamento do produto. 2. Descrever de forma minuciosa os custos previstos para o desenvolvimento e lançamento do produto no mercado, considerando a distribuição e os investimentos necessários para as ações mercadológicas para o primeiro ano. 3. Desenvolver um planejamento para longo prazo do mix de marketing, descrevendo o comportamento (evolução) das vendas, metas e lucros. • Análise do Negócio (ou Análise Comercial): esta é uma fase importante, pois é o momento que as pessoas envolvidas no projeto, deverão fazer uma revisão e avaliação de todas as projeções de vendas, custos e lucros. O objetivo é determinar a viabilidade do projeto do desenvolvimento do novo produto e validar se o mesmo trará lucros para a empresa. É importante, também, que 16 17 a empresa esteja atenta no sentido de que este produto não tenha nenhuma restrição ética ou possa infringir (violar) alguma lei, caso contrário, a ideia do novo produto deve ser descartada ou readequada. • Desenvolvimento do Produto: até aqui a existência do produto ainda não é real. Sua forma pode estar em uma descrição verbal, esboço de um desenho ou na forma de um protótipo. Esta é uma fase de grandes investimentos, pois o produto efetivamente passa para a produção. Em muitos casos, são criadas algumas versões do conceito do produto, a fim de determinar (avaliar) a viabilidade do produto. Este processo pode levar algum tempo, dias, meses ou anos. • Teste de Mercado (Teste de Marketing): nesta fase, supõe-se que os testes e avaliações preliminares foram aprovados, considerando, inclusive, a avaliação do consumidor. O Teste de Mercado é fundamental para testar o mix de marketing (4 P’s) em diferentes cenários de mercado (real). Esta ação, embora tenha um custo considerável para a empresa, possibilita a obtenção de informações sobre o produto, permitindo ajustes, se necessário, antes do seu lançamento. Existem alguns testes que podem ser utilizados pela empresa, de acordo com o entendimento de Kolter & Armstrong (2003): • Mercados-teste padrão (Teste de Marketing Padrão): tem como principal característica a seleção de algumas cidades que a empresa entende como representativas para o lançamento do produto, a fim de obter informações sobre o resultado de vendas, distribuidores e consumidores, para adequações ao produto (se necessário). No Brasil, as cidades de Campinas e Curitiba são consideradas como representativas. • Mercados-teste controlados (Teste de Marketing Controlado): o custo de mercados-teste controlados é menor do que o padrão. A empresa seleciona um grupo de varejistas, mediante o pagamento de uma taxa para a exposição de seus produtos nas gôndolas (prateleiras), permitindo, também,avaliações sobre o mix de marketing. • Mercados-teste simulados (Teste de Marketing Simulado): a empresa ou um instituto de pesquisa selecionam uma amostra de consumidores para apresentação de “anúncios e promoções para vários produtos, dentre os quais o novo produto que está sendo testado”. Este teste pode ser feito em uma loja física ou mesmo em laboratório. Alguns questionamentos podem ser feitos aos consumidores, tais como, familiaridade ou conhecimento da marca e preferências de categorias de produtos. A empresa pode oferecer aos selecionados (amostra de consumidores) uma quantia em dinheiro para irem a uma loja, onde o produto está sendo “testado”, e avaliam se estes consumidores compraram o produto que está sendo testado ou da concorrência, posteriormente, estes consumidores são questionados sobre suas escolhas, dando uma ideia da performance do produto. O mesmo pode acontecer para as campanhas publicitárias. 17 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Não há nenhuma garantia de que a realização de mercados-teste para o novo produto obterá êxito. Muitas empresas lançam seus produtos sem a realização destes mercados-teste. Porém, é relevante destacar alguns aspectos avaliados por estes mercados-teste, considerados relevantes para o processo de desenvolvimento do novo produto: • Se há potencial de compra • Posicionamento • Valor para o cliente • Estratégias de comunicação • Comercialização: esta é a última etapa para o lançamento do produto no mercado e com certeza terá custos ainda mais altos. Depende dos resultados e das etapas anteriores do processo de desenvolvimento do novo produto, a empresa poderá ter a necessidade de ampliar suas instalações, contratação de mão-de-obra, serviços especializados e todos os custos de marketing necessários ao lançamento e comercialização do novo produto. Complementando, Gobe et al (2004), sugere que se faça alguns questionamentos para a decisão do lançamento do produto no mercado, como a definição do momento para o lançamento do produto, qual ou quais regiões o produto será lançado, para quais segmentos o produto será disposto e sobre os procedimentos necessários para o lançamento. O processo de desenvolvimento de um novo produto, não termina com a fase de comercialização é imprescindível o monitoramento de toda a ação (processo), o que possibilita melhores resultados para empresa, caso haja a necessidade de adequações ao seu mix de marketing. Ressalta-se, ainda, a necessidade de incluir neste processo o “descarte” (logística reversa) do produto. Sabemos da importância das empresas estarem comprometidas com questões de responsabilidade socioambiental que, por sua vez, também agrega valor ao produto e a marca. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)6 estabelece, através da Lei n° 12.3015/2010 e de seu regulamento, Decreto n°7.404/2010, “a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos e a logística reversa”. Complementando, A PNRS define a logística reversa como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. 6 Fonte: Disponível em: http://goo.gl/1V8Kzk. Acesso em: 17/08/2015. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Título do vídeo Assista ao vídeo desenvolvido pelo SEBRAE, que apresenta algumas de forma simples, algumas “dicas” para o Desenvolvimento de Novos Produtos. Disponível em: http://tv.sebrae.com.br/media/ZBuWg/ Assista ao vídeo do Prof. Eduardo Zancul da Faculdade de Engenharia de Produção da POLI – USP, sobre Gestão do Processo do Desenvolvimento de Produtos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x_SZvHVLCOU Leitura Leia o Artigo desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que aborda a “Estratégia de produção e desenvolvimento de produto em uma empresa do setor de cosméticos”. Disponível em: www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/download/SG-V1N1A4/9 Complementando, não deixe de ler o Artigo sobre “Gestão da Inovação no Desenvolvimento de Novos Produtos”, apresentado no IV SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia (2007). Disponível em: http://goo.gl/ogQded 19 UNIDADE Desenvolvimento de novos produtos Referências CHURCHILL, G. A.; PETER, J. PAUL. Marketing: criando valor para os clientes. 3.ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. FEDERMAN, Sonia Regina. Patentes: desvendando seus mistérios. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. GOBE, et al. Gerência de Produtos. São Paulo: Saraiva, 2004. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. KOTLER, Philip; ARMSRONG, Gary. Princípios de Marketing. 9.ed. – São Paulo: Prentice Hall, 2003. 20
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