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Indaial – 2019
Fundamentos de 
Fisioterapia e Ética 
proFissional
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L864f
 Lopes, Karina
 Fundamentos de fisioterapia e ética profissional. / Karina 
Lopes; Laura de Oliveira Carmona. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 242 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0412-3
1. Fisioterapia. - Brasil. I. Carmona, Laura de Oliveira. II. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 610
III
apresentação
Caro acadêmico!
Quando pensamos na Fisioterapia, pensamos como profissão e como 
Ciência. Neste sentido, a Fisioterapia que é o estudo do movimento humano 
utiliza a Ciência como forma de otimizar a busca a sua recuperação. Assim, este 
livro objetiva oferecer diversas formas de conhecer a Fisioterapia e suas áreas de 
atuação, a qual pode atuar em todas as fases de atenção em saúde.
Esse livro será um divisor de águas para que você, acadêmico, enten-
da o que a Fisioterapia , como Ciência, possui como ferramentas para promo-
ver a saúde, prevenir agravos e reabilitar o paciente, seja na área Ortopédica, 
Traumatológica, Esportiva, Gerontológica, Dermatofuncional, Neurofuncio-
nal, Respiratória, Cardiovascular, entre outras.
Mas será que foi sempre assim? Será que a Fisioterapia foi desde o 
início considerada uma Ciência e Profissão regulamentada?
Não. O caminho percorrido foi longo, tortuoso, de idas e vindas, de ten-
tativas, acertos, retrocessos, avanços, até que finalmente em 1969, através do De-
creto Lei 938, a Fisioterapia foi reconhecida e regulamentada como profissão.
Antes disso, na Antiguidade e mesmo nas épocas seguintes já se pratica-
va a Fisioterapia sem mesmo se ter noção disso. As chamadas desordens físicas, 
atualmente conhecidas como disfunções e patologias, eram tratadas através do 
uso de agentes físicos como o calor, a massagem, os exercícios respiratórios, a 
ginástica, as descargas elétricas vindas do peixe elétrico, entre outras fontes te-
rapêuticas. 
Conforme a civilização foi evoluindo, a visão acerca do corpo e da 
saúde também foi se modificando. Houve modificações sobre a percepção 
da importância do corpo físico, da saúde, a relação da fé e do corpo físico, a 
organização da sociedade em camadas. 
Esse livro está dividido em três unidades de forma a permitir que você 
acadêmico, consiga entender a linha histórica da prática da Fisioterapia, desde 
os primórdios até a atualidade, possibilitando compreender as trasnformações 
sofridas ao longo dos anos e como atualmente econtra-se o mercado de trabalho, 
necessitando que legamente o profissional esteja apto a realizar sua atividade 
profissional, dentro de suas atribuições. 
Na primeira unidade você compreenderá os fundamentos históricos 
da Fisioterapia. Na segunda unidade será dada ênfase na apresentação das 
especialidades da Fisioterapia e suas atribuições profissionais; na terceira e 
IV
última unidade, dividida em cinco tópicos, será apresentado a você, os as-
pectos bioéticos e seus princípios, a deondotologia e sua importância no dia 
a dia profissional, além da abordagem do que é ética e moral. 
Agora convidamos você para iniciarmos juntos esse estudo por toda 
a trajetória da profissão de Fisioterapeuta que há 50 anos vem contribuindo 
para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em diversas áreas. 
Bons estudos!
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
VI
VII
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VIII
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA ..........................................1
TÓPICO 1 – AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE 
 TRABALHO E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS 
 DE SUA CONSTITUIÇÃO ...............................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 A ANTIGUIDADE E O TRATAMENTO DE DESORDENS FÍSICAS ATRAVÉS DA 
UTILIZAÇÃO DE AGENTES FÍSICOS ................................................................................................5
2.1 DEFINIÇÃO DE DESORDENS FÍSICAS........................................................................................8
2.2 QUAIS ERAM OS TIPOS DE DESORDENS FÍSICAS ..................................................................9
2.3 QUAIS OS TIPOS DE AGENTES FÍSICOS UTILIZADOS NOS TRATAMENTOS DAS 
DESORDENS FÍSICAS ......................................................................................................................9
3 A IDADE MÉDIA E O OLHAR PARA AS DESORDENS FÍSICAS ...........................................11
3.1 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS ...........................................................11
3.2 A FÉ X O CORPO FÍSICO ...............................................................................................................12
4 O RENASCIMENTO E A PREOCUPAÇÃO COM O CORPO ...................................................12
4.1 A RETOMADA DO OLHAR AO CORPO FÍSICO .....................................................................13
4.2 FATOS MARCANTES DO MOVIMENTO LITERÁRIO E ARTÍSTICO ..................................14
4.3 A RELAÇÃO DAS DESORDENS FÍSICAS COM O CORPO SÃO E A PRÁTICA DE 
EXERCÍCIOS .....................................................................................................................................14
5 A INDUSTRIALIZAÇÃO, O SURGIMENTO DE DOENÇAS E DAS ESPECIALIDADES 
MÉDICAS ..................................................................................................................................................15
5.1 DEFINIÇÃODO NOVO PROCESSO FABRIL ............................................................................15
5.2 O SURGIMENTO DE PROBLEMAS DE SAÚDE RELACIONADOS À 
INDUSTRIALIZAÇÃO ...................................................................................................................15
5.3 A DESCOBERTA DE NOVOS MÉTODOS DE TRATAMENTO DAS DOENÇAS E 
 DE SUAS SEQUELAS ...................................................................................................................... 18
5.4 INICIAÇÃO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS ......................................................................19
6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL E NO MUNDO NA TRANSIÇÃO ENTRE 
 OS SÉCULOS XIX, XX e XXI ...........................................................................................................21
6.1 A TRANSIÇÃO DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI EM RELAÇÃO 
 AOS OBJETOS DE TRABALHO E DE ESTUDO .........................................................................24
6.2 O CUIDADO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS E A PREOCUPAÇÃO COM 
 A DOENÇA INSTALADA ..............................................................................................................25
6.3 A FISIOTERAPIA FAZENDO PARTE DA EQUIPE DE SAÚDE ..............................................25
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................28
TÓPICO 2 – A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA ...................................................29
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................29
2 O SURGIMENTO DA FISIOTERAPIA COMO CIÊNCIA E PROFISSÃO ..............................29
2.1 A FUNDAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE MÉDICA DA FACULDADE 
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FMUSP) .........................................30
sumário
IX
2.2 A INSTALAÇÃO DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA NO HOSPITAL CENTRAL DA SANTA 
CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO .............................................................................32
2.3 O SURGIMENTO DO PRIMEIRO CURSO DE FISIOTERAPIA A NÍVEL TÉCNICO 
 NO BRASIL NO INSTITUTO CENTRAL DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE 
 SÃO PAULO .....................................................................................................................................34
2.4 A EVOLUÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA ........................................................................34
 2.4.1 A fundação da ABBR e a iniciação do curso técnico em reabilitação ..............................35
 2.4.2 O curso de Fisioterapia da FMUSP .......................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................39
TÓPICO 3 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA
PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA COM BASE NA
CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES) .......................................................................... 41
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO 
 E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO 
 SUPERIOR (CES) ..................................................................................................................................41
2.1 O PROJETO DE LEI DE FEVEREIRO DE 1963 E A TENTATIVA DE 
 REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO .....................................................................................41
2.2 O DECRETO LEI 938/69: CONTRIBUIÇÕES PARA A EXPANSÃO DO ENSINO DE 
FISIOTERAPIA NO BRASIL ..........................................................................................................44
2.3 A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE FISIOTERAPIA E DA ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA: MARCOS IMPORTANTES À PROFISSÃO E AO ENSINO 
DA FISIOTERAPIA ..........................................................................................................................45
2.4 ASPECTOS LEGAIS DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA NO BRASIL ..............45
 2.4.1 A expansão do ensino em fisioterapia: houve planejamento adequado? .......................46
 2.4.2 Distribuição de cursos por região em 2003..........................................................................46
 2.4.3 Relação da distribuição de cursos por região comparado à distribuição populacional em 
2003 .....................................................................................................................................................46
 2.4.4 A influência do parecer 388/63 aprovado pelo mec em 10/12/1963, sobre a 
 expansão do ensino ................................................................................................................47
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................50
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................51
TÓPICO 4 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS A 
 ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69 ...................................................................53
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................53
2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL APÓS A ASSINATURA DO DECRETO LEI .............................53
2.1 O QUE REPRESENTA A LEI 6.316/1975 NA PROFISSÃO DE FISIOTERAPEUTA ..............54
2.2 O COFFITO COMO ÓRGÃO REGULAMENTADOR DA PROFISSÃO .................................55
2.3 A HIERARQUIA COFFITO – CREFITOS .....................................................................................55
2.4 OS CREFITOs ..................................................................................................................................56
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................59
TÓPICO 5 – O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO 
 CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE 
 OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM 
 AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS) ....................................61
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................61
2 O PARECER CNE/CES 1210/2001 .......................................................................................................61
X
2.1 DEFINIÇÃO DE CNE, SUA IMPORTÂNCIA E RELAÇÃO COM CES, 
 MEC E DCNs ........................................................................................................................................61
2.2 O PAPEL DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, DA CÂMARA 
DE ENSINO SUPERIOR E DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
NO ENSINO SUPERIOR ................................................................................................................62
2.3 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS EM FISIOTERAPIA ........................................64
 2.3.1 Princípios das diretrizes curriculares nacionais em Fisioterapia .....................................64
 2.3.2 Objetivos das diretrizes curriculares nacionais em Fisioterapia ......................................652.3.3 A formação profissional segundo as DCNS e o perfil do 
formando-egresso-profissional ...................................................................................................65
 2.3.3.1 Competências e habilidades do egresso em Fisioterapia – competências e 
habilidades gerais ....................................................................................................................65
 2.3.3.2 Competências e habilidades específicas...................................................................65
2.4 CONTEÚDOS CURRICULARES ..................................................................................................66
3 ESTÁGIOS E ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE FISIOTERAPIA .........66
3.1 ORGANIZAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA ....................................................................67
3.2 FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A REFORMULAÇÃO DAS DCNs .......................67
4 A INFLUÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NAS DCNS ................................................69
4.1 COMO A LEI ORGÂNICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Nº 8.080 DE 19/09/1990 
INFLUENCIOU NA REFORMULAÇÃO DAS DCNs ................................................................69
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................72
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................76
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................77
UNIDADE 2 – APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA E 
 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS ............................................................................79
TÓPICO 1 – APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA ........................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA ............................................84
2.1 FISIOTERAPIA EM ACUPUNTURA ...........................................................................................86
2.2 FISIOTERAPIA AQUÁTICA ..........................................................................................................86
2.3 FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR ..........................................................................................86
2.4 FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL .................................................................................87
2.5 FISIOTERAPIA ESPORTIVA..........................................................................................................87
2.6 GERONTOLOGIA ...........................................................................................................................87
2.7 TRABALHO ......................................................................................................................................88
2.8 FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL .......................................................................................88
2.9 FISIOTERAPIA ONCO FUNCIONAL .........................................................................................88
2.10 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA.................................................................................................89
2.11 FISIOTERAPIA TRAUMATO ORTOPÉDICA FUNCIONAL .................................................89
2.12 FISIOTERAPIA EM OSTEOPATIA .............................................................................................89
2.13 FISIOTERAPIA EM QUIROPRAXIA ..........................................................................................90
2.14 FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER ..............................................................................90
2.15 FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA ..............................................................................90
3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS .....................................................................................................90
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................92
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................93
TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE 
 FISIOTERAPÊUTICA ......................................................................................................95
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................95
XI
2 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS POR ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA ...............95
2.1 FISIOTERAPIA EM TRAUMATO ORTOPEDIA E EM REUMATOLOGIA ...........................95
 2.1.1 Avaliação em Traumato Ortopedia e Reumatologia ..........................................................98
2.2 RECURSOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM TRAUMATO ORTOPEDIA 
E REUMATOLOGIA .....................................................................................................................102
2.3 FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA ..........................................................................................105
 2.3.1 Escalas de Avaliação Neurofuncional ................................................................................108
 2.3.2 Abordagens terapêuticas em Fisioterapia Neurofuncional ............................................113
2.4 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA.................................................................................................117
2.5 FISIOTERAPIA EM UROGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA..................................................122
 2.5.1 Atuação fisioterapêutica em Urologia e Ginecologia .......................................................122
 2.5.2 O programa terapêutico .......................................................................................................123
2.6 FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL ................................................................................127
 2.6.1 Avaliação em Fisioterapia Dermatofuncional ...................................................................128
 2.6.2 Recursos terapêuticos em Fisioterapia Dermatofuncional..............................................130
 2.7 FISIOTERAPIA EM ERGONOMIA ............................................................................................132
 2.7.1 Ergonomia como ciência ......................................................................................................133
 2.7.2 A prática de Ginástica Laboral dentro da Saúde do Trabalhor ......................................134
2.8 FISIOTERAPIA EM SAÚDE DO IDOSO ...................................................................................135
2.9 FISIOTERAPIA AQUÁTICA ........................................................................................................139
2.10 FISIOTERAPIA ESPORTIVA......................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
TÓPICO 3 – O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A 
 PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA .................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA ........................................................................149
2.1 COMO PROCEDER COM O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA .......................1492.1.1 Resolução 207/2000 e 208/2000 ............................................................................................150
 2.1.2 Resoluções 377 e 378 .............................................................................................................151
2.2 SITUAÇÕES QUE DISPENSAM O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA 
PROFISSIONAL E O EXAME NACIONAL PARA A CONCESSÃO DE TÍTULOS DE 
ESPECIALISTA PROFISSIONAL ................................................................................................151
3 A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA: REFERENCIAL NACIONAL DE
PROCEDIMENTOS E JORNADA DE TRABALHO ...................................................................151
3.1 DEFINIÇÃO DE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS 
FISIOTERAPÊUTICOS (RNPF) ....................................................................................................152
3.2 VALOR ATUALIZADO DO REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS 
FISIOTERAPÊUTICOS ..................................................................................................................153
3.3 RELAÇÃO ENTRE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS 
FISIOTERAPÊUTICOS E COEFICIENTE DE HONORÁRIOS 
 FISIOTERAPÊUTICOS (CHF) ......................................................................................................156
3.4 A JORNADA DE TRABALHO DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA ...........................157
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................160
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
UNIDADE 3 – REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA ........165
TÓPICO 1 – REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA ............167
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167
XII
2 ÓRGÃOS QUE REGULAMENTAM A PROFISSÃO ..................................................................167
2.1 CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
(COFFITO) ............................................................................................................................................167
2.2 CONSELHOS REGIONAIS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
(CREFITOS) ...........................................................................................................................................168
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................170
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171
TÓPICO 2 – CÓDIGO DE ÉTICA ..................................................................................................173
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173
2 ASPECTOS PRINCIPAIS DOS CAPÍTULOS DO CÓDIGO DE ÉTICA .....................173
2.1 RESPONSABILIDADES FUNDAMENTAIS ...........................................................................174
2.2 RELACIONAMENTO COM CLIENTE/PACIENTE/USUÁRIO ....................................178
2.3 RELACIONAMENTO COM A EQUIPE ....................................................................................180
2.4 RESPONSABILIDADES NO EXERCÍCIO DA FISIOTERAPIA ....................................183
2.5 SIGILO PROFISSIONAL ..................................................................................................................185
2.6 FISIOTERAPEUTA PERANTE AS ENTIDADES DE CLASSE .......................................187
2.7 HONORÁRIOS .......................................................................................................................................188
2.8 DOCÊNCIA, PRECEPTORIA, PESQUISA E PUBLICAÇÃO ..........................................189
2.9 DIVULGAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................................................191
2.10 DISPOSIÇÕES GERAIS ....................................................................................................................194
2.11 IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO DE ÉTICA NA VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO ..........195
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................197
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................198
TÓPICO 3 – DEONTOLOGIA PROFISSIONAL ...................................................................199
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................199
2 DEONTOLOGIA NA PRÁTICA DIÁRIA PROFISSIONAL 
 DA FISIOTERAPIA ......................................................................................................................199
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................................201
AUTOATIVIDADE ..........................................................................................................................202
TÓPICO 4 – ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL .................................................................203
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................203
2 MORAL VERSUS ÉTICA ............................................................................................................203
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................205
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................206
TÓPICO 5 – BIOÉTICA .....................................................................................................................207
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................207
2 IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DA BIOÉTICA ...................................................................207
3 MODELOS DE DISCURSOS BIOÉTICOS ...................................................................................208
4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................................209
4.1 BIOÉTICA NO BRASIL .................................................................................................................210
5 BIOÉTICA PRINCIPIALISTA ..........................................................................................................210
6 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA............................................................................................................211
7 DIRETRIZES INTERNACIONAIS PARA PESQUISA EM SERES HUMANOS ..................214
7.1 PRINCIPAIS DIRETRIZES INTERNACIONAIS EM PESQUISA (CIOMS, 1993) ................217
7.2 LIMITES DA PESQUISA EM SERES HUMANOS NO BRASIL .............................................221
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................225
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................232
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................233
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................2341
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
DA FISIOTERAPIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender quais foram as modificações que ocorreram acerca do objeto 
de trabalho (Fisioterapia) em vários períodos da história, desde a Antigui-
dade até o final do século XX, tendo marcos importantes na prática da Fi-
sioterapia, mesmo não sendo ainda uma ciência nem profissão;
• conhecer que, em cada uma dessas fases, houve visões diferentes sobre o 
corpo, sobre a saúde e o autocuidado;
• perceber que depois do surgimento de doenças que até então não existiam 
houve um impacto da mecanização sobre a saúde e, por fim, o surgimento 
de estudos e pesquisas sobre a prática da Fisioterapia;
• verificar que em tempos remotos agentes físicos eram utilizados como tra-
tamento de algumas desordens e qual a sua analogia com a atualidade;
• saber como e quando a Fisioterapia surgiu como objeto de estudo e de tra-
balho junto à classe médica, o impacto da atuação na prática clínica fazendo 
com que a mesma passasse mais tarde a ser ofertada como curso superior;
• conhecer a organização didática e pedagógica da oferta de cursos de Fisio-
terapia no ensino superior, a organização das disciplinas e dos conteúdos 
curriculares, permitindo formar profissionais com perfil voltado às habili-
dades e competências em saúde;
• informar-se sobre a regulamentação da profissão baseada na Constituição 
Federal e nos princípios do SUS;
• entender as atribuições profissionais do Fisioterapeuta.
2
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE 
TRABALHO EM FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA 
CONSTITUIÇÃO
TÓPICO 2 – A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA 
TÓPICO 3 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMEN-
TAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA 
COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)
TÓPICO 4 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS 
A ASSINATURA DO DECRETO-LEI Nº 938/69
 
TÓPICO 5 – O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE 
NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE 
OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS 
DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS)
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO 
DE TRABALHO E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES 
MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste primeiro tópico, a abordagem será sobre as modificações que ocor-
reram em relação ao objeto de trabalho e em relação à Fisioterapia. O conheci-
mento dessas modificações vividas em diferentes períodos da História permitirá 
que você tenha condições de entender como foi o período, as descobertas, as difi-
culdades, os avanços, enfim, a evolução de toda a trajetória até a atualidade. 
Situações relatadas na História farão você, acadêmico, compreender que 
todas as fases foram de extrema importância a nível social, cultural, humano, 
político e econômico. Houve progressos em diversas áreas e claro que junto com 
todo o progresso também se têm efeitos “colaterais”. 
A trajetória histórica a seguir conduzirá você a uma aproximação desses 
aspectos, principalmente levará a perceber como a Fisioterapia foi pouco a pouco 
sendo vista como Ciência, como profissão regulamentada, tendo o respeito e a 
valorização que se busca manter até o atual momento. 
A linha cronológica representada pelas Figuras 1 e 2, a seguir, foram dis-
ponibilizadas ao acadêmico para melhor visualização dos períodos da História, 
facilitando o entendimento acerca do surgimento das civilizações, do modo como 
viviam, do que se alimentavam, como era o uso dos recursos naturais, as desco-
bertas, os avanços, o surgimento das moléstias, a influência da arte e da cultura 
sobre a vida, dentre tantas outras percepções. Vamos começar? Bons estudos!
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 1 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA HUMANIDADE
FONTE: <https://images.app.goo.gl/SST2T51ycjxogXBu8>. Acesso em: 5 jul. 2019.
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 2 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA HUMANIDADE
FONTE: <https://images.app.goo.gl/FQ5CYQqyerdtdi6A9>. Acesso em: 5 jul. de 2019.
2 A ANTIGUIDADE E O TRATAMENTO DE DESORDENS FÍSICAS 
ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE AGENTES FÍSICOS
Os primeiros registros que temos acesso acerca da utilização de que sem tem 
acesso, sobre a utilização de agentes físicos com finalidades terapêuticas vêm da Chi-
na e são datados no ano de 2.698 a.C., especialmente por meio da prática de exer-
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 3 – REGISTROS DE ANTIGAS CIVILIZAÇÕES QUE JÁ UTILIZAVAM A MASSAGEM COMO 
FORMA DE BEM-ESTAR
FONTE: <http://bit.ly/37WCSut>. Acesso em: 5 jul. 2019.
Há indícios de que a Fisioterapia surgiu quando o homem pré-histórico, para 
aliviar a dor por traumatismos, esfregava a mão no local atingido de forma instintiva 
e, assim, estava realizando, mesmo que nos primórdios, a técnica hoje conhecida como 
Massoterapia. Na época, era utilizado o movimento de deslizamento (esfregar). Anos 
mais tarde somou-se ao deslizamento outros movimentos clássicos como vibração, 
percussão, amassamento, rolamento, pinçamento, entre outros (KURBAN, 2005).
Inicialmente o uso da ginástica era exclusividade dos sacerdotes que a utiliza-
vam com finalidades terapêuticas. Mais adiante, na Idade Média, o clero (representado 
pelos sacerdotes) como detentor do poder entendeu que os fenômenos naturais seriam 
causados por interferência divina e se fossem eventos negativos, como as desordens 
físicas, seria por atuação demoníaca. Assim, caberia ao clero o uso do exercício para 
exorcizar os “demônios” em alguns membros da sociedade (GALVAN, 1998).
Na mesma época, na Índia, utilizavam-se exercícios respiratórios para evitar a 
constipação intestinal. Na era cristã, por intermédio de sacerdotes, os movimentos do 
corpo eram racionalizados e planejados como ginástica para o tratamento de disfun-
ções orgânicas já estabelecidas (CARVALHO et al., 2014).
A preocupação com as diferenças incômodas promoveu a utilização de recur-
sos, técnicas e procedimentos que as eliminassem. Há registros de exercícios e do uso 
do peixe elétrico como agentes físicos para eliminar as morbidades que assolavam a 
humanidade naquela época (REBELATTO; BOTOME, 1999).
Os fundamentos da Eletroterapia estão amparados numa longa trajetó-
ria do emprego da corrente elétrica com fins terapêuticos, mesmo nos 
remotos tempos em que os reais efeitos dessa energia eram desconhe-
cidos dos seus adeptos. Podemos começar a ilustrar o uso da corrente 
elétrica de forma muito natural, onde o agente gerador nada mais era 
que um peixe capaz de produzir uma desacarga efetiva relatada como 
analgésica. Esse fato faz referência a Galeno (+/- 130 a.C) e ao médico 
Scribonius Largus (+/- 50 d.C) os quais indicavam aos seus pacientes por-
cícios. Em todo o período que compreendeu a Antiguidade, porém, há descrições 
acerca dos banhos de sol, do uso das águas termais e das massagens como formas 
medicinais de tratamento (GAVA, 2004).
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 4 – PEIXE ELÉTRICO
FONTE: <http://bit.ly/2LgddmS>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
No século X a.C., o médico romano Scribonuius Largo utilizava as enguias 
para tratar os pacientes com doenças da mente enquanto que Antero, um nobre 
romano, ao caminnar pela praia de forma acidental pisou em um peixe elétrico, 
vindo, assim, a descobrir a corrente elétrica como meio de aliviar a dor. Mais tarde, 
a Eletroterapiafoi sendo estudada e conhecidas as suas particularidades e os seus 
benefícios (KURBAN, 2005).
A palavra Fisioterapia tem sua origem no grego (physis: natureza; therapeia: 
tratamento) e suas raízes estão na Antiguidade no período compreendido entre 
4.000 a.C. a 395 d.C., época em que os médicos já tinham o conhecimento sobre os 
agentes físicos, entre eles o sol, a luz, o calor, a água e a eletricidade. Esses recursos 
serviam para eliminar as morbidades que assolavam a humanidade naquela época 
(CARVALHO et al., 2014).
O uso da água com finalidades terapêuticas também começou na Antigui-
dade, com Hipócrates, um dos pioneiros na sua utilização, e com os romanos e suas 
famosas casas de banho. Mas, somente no final do século passado e começo des-
te, o efetivo emprego da água em seus diferentes estados e temperaturas passou a 
ser utilizado com finalidade dietética, profilática e terapêutica. Nomes como Floyer, 
Hahn, Einternitz, Kneipp são responsáveis pelo início das duchas, saunas, piscinas 
terapêuticas, walking tank, turbilhões e equipamentos hoje indispensáveis nas clíni-
cas de reabilitação. Os povos primitivos também conheciam os efeitos curativos da 
Helioterapia, pois adoravam expor-se ao Sol. Os romanos foram os primeiros a cons-
truir um sollarium para a prática curativa através da radiação natural. Mas somente 
em meados do século passado, a investigação e o fomento da Helioterapia permiti-
ram que, em Zurich (Alemanha), fosse construído o primeiro Intituto da Luz, para 
o tratamento da tuberculose cutânea. Hoje a Fisioterapia utiliza a fototerapia para o 
tratamento de inúmeras patologias, através de dispositivos como o infravermelho, o 
ultravioleta e o raio laser (KURBAN, 2005). 
tadores de gota. Entre as espécies mais citadas temos a arraia elétrica 
da família Torpedinidae por isso conhecido como peixe torpedo, o peixe 
“gato” da família Malapteruridae, o bagre elétrico do Congo e Nilo clas-
sificado como Malapterus electricus (AGNE, 2013, p. 11).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 5 – TERMAS ROMANAS
FONTE: <http://bit.ly/37XxIOT>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
Desde o seu surgimento, não existiu na Fisioterapia um objeto de estudo ou 
de intervenção claramente definido. O que confusamente foi considerado objeto de 
trabalho da Fisioterapia desenvolveu-se por caminhos diversos que dariam sentido 
e autonomia à Fisioterapia como área de conhecimento, de estudo ou como profis-
são (REBELATTO; BOTOME, 1999). 
2.1 DEFINIÇÃO DE DESORDENS FÍSICAS
Na Antiguidade, o olhar era voltado às pessoas que possuíam as chama-
das diferenças incômodas. Esse termo, de forma equivalente, poderia ser utiliza-
do para definir as desordens físicas ou doenças em nossa atualidade (REBELAT-
TO; BOTOME, 1999).
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E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 6 – A SÍNDROME DE DOWN APARECE DOCUMENTADA NA HISTÓRIA, PELO PINTOR 
RENASCENTISTA ANDREA MANTEGNA (1431 – 1506)
FONTE: <http://bit.ly/2P5BblP>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
A preocupação estava em como eliminar essas alterações, e os médicos 
desse período conheciam e já utilizavam os recursos físicos, como a eletroterapia 
sob a forma de descargas elétricas, por meio do peixe elétrico, para tratar doenças 
com fins analgésicos e os exercícios sob a forma de ginástica.
2.2 QUAIS ERAM OS TIPOS DE DESORDENS FÍSICAS
Não há registros claros de quais eram especificamente essas desordens físi-
cas, ou as ditas “diferenças incômodas”. Se pensarmos no significado de “diferen-
te”, é possível entendermos como aquilo que “foge dos padrões e da normalidade”, 
ou seja, as desordens físicas poderiam, comparativamente, ser definidas atualmente 
como todas as alterações físicas: os desvios posturais (escoliose, hipercifose torácica 
e hiperlordose lombar), as alterações de pé (pé cavo ou pé plano) e de pisada (supi-
nada ou pronada), as deformidades e alterações ósseas (dedo em martelo, dedo em 
pescoço de cisne, joelhos varos ou valgos), as deformidades de caixa torácica decor-
rente de doenças respiratórias, como as DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crôni-
ca), entre outras alterações que causassem dor ou desconforto, levando o indivíduo a 
não ser visto como uma pessoa “normal” pela sociedade.
2.3 QUAIS OS TIPOS DE AGENTES FÍSICOS UTILIZADOS 
NOS TRATAMENTOS DAS DESORDENS FÍSICAS
No ano de 2.698 a.C., o imperador chinês Hoong-Ti criou um tipo de 
ginástica curativa que continha exercícios respiratórios e exercícios para evitar 
a obstrução de órgãos (REBELATTO; BOTOME, 1999). Lindemann (1970 apud 
REBELATTO; BOTOME, 1999), afirma que Galeno (130 a 199 d.C.) informou 
que conseguiu, por meio de uma ginástica planificada de tronco e dos pulmões, 
corrigir o tórax deformado de um rapaz até lograr condições normais. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 7 – CLÁUDIO GALENO (130 – 200 D.C.)
FONTE: <http://bit.ly/2DrtZv7>. Acesso em 5 jul. 2019.
FIGURA 8 – O BADUANJIN, UMA DAS FORMAS DO CHI KUNG EM UM MANUAL DA DINASTIA 
QING
FONTE: <http://bit.ly/2Oiq3CO>. Acesso em 5 de jul. 2019.
Percebe-se, através de registros da época, que os médicos conheciam os 
agentes físicos e os utilizavam como forma de tratamento de morbidades. A ênfa-
se estava na ação de tratar, e eram prescritos os banhos de sol e as saunas, o que 
hoje seria a Termoterapia; as descargas elétricas do peixe elétrico, a Eletroterapia 
de hoje; além da utilização de movimentos corporais racionalizados e planejados, 
que hoje, dentro da Fisioterapia, podem ser entendidos como a Cinesioterapia, a 
Reeducação Postural Global (RPG) e o Pilates. 
Todas as informações trazidas anteriormente nos remetem para uma prá-
tica com poucas ou nenhuma evidência científica, ou seja, o emprego de métodos 
e técnicas sem atribuição à Ciência, mas que eram utilizados com finalidades de 
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 9 - SOCIEDADE ESTRATIFICADA E DIFERENÇAS SOCIAIS NA IDADE MÉDIA
FONTE: <https://images.app.goo.gl/RuChDtLmmAbqZABu8>. Acesso em: 5 jul. 2019.
tratamento na doença instalada, perceptível e incômoda. O olhar era apenas cura-
tivo e não havia o enfoque preventivo.
3 A IDADE MÉDIA E O OLHAR PARA AS DESORDENS FÍSICAS
Na Idade Média surge a concepção de uma ordem social estabelecida no plano 
divino em que os homens se organizavam hierarquicamente: clero (detentor do poder), 
nobreza (guerreiros) e camadas populares (força braçal) (CARVALHO et al., 2014).
Nesse período da História, compreendido entre os séculos IV a XV, a vi-
são sobre as diferenças incômodas estava se modificando e os estudos iniciados 
na Antiguidade a respeito do emprego dos agentes físicos nas desordens físicas 
estavam sendo interrompidos. Isso se deu por dois motivos: a mudança na con-
cepção do que era desordem física e a visão do corpo humano, bem como pela 
organização da sociedade. Aqui as desordens físicas ou as diferenças incômodas 
precisavam ser “exorcizadas” (REBELATTO; BOTOME, 1999).
3.1 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS 
Na Idade Média a organização da sociedade acontecia de forma hierár-
quica representada pelo clero, o qual detinha o poder, pela nobreza que guerrea-
va e, por fim, pelas camadas populares que realizavam o serviço através da força 
física (braçal). Além disso, havia uma organização providencial e uma ordem so-
cial estabelecida pelo plano divino (GALVAN, 1998).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 10 – PRÁTICA DE ESGRIMA AJUDA NA SOBREVIVÊNCIA E MELHORA O DESEMPENHO 
NAS GUERRAS
FONTE: <https://images.app.goo.gl/8gHY8So2oVEDDUpS9>. Acesso em 5 de jul. 2019.
4 O RENASCIMENTO E A PREOCUPAÇÃO COM O CORPO 
O período do Renascimento, inicialmente ocorrido na Itália e mais tarde 
difundido por toda a Europa, foi marcado por um crescente nas áreas da arqui-
3.2 A FÉ X O CORPO FÍSICO
As camadas hierárquicas tinhamdentro desse aspecto organizacional direi-
tos e deveres estabelecidos por uma ordem: a divina. Enquanto os camponeses traba-
lhavam, a nobreza participava de guerras e o clero executava o serviço divino. A fé, 
nessa época, era vista como algo imprescindível ao homem, fazendo o clero ter um 
poder decisivo nas escolhas da sociedade.
Na época chamada de Idade Média o corpo era apenas um recipiente. O 
valor estava voltado para os conceitos religiosos do período que cultuava a alma 
e o espírito (GALVAN, 1998).
Com toda essa organização social em camadas (cada qual com suas fun-
ções específicas e o forte papel do clero e da fé do homem) percebe-se que as 
diferenças incômodas ou as desordens físicas têm correlação com o jeito de viver 
dessa hierarquia. O exterior refletia o interior, ou seja, se o homem de determi-
nada classe dentro de suas atribuições “fugisse” dos padrões organizacionais, ou 
mesmo se o seu lado religioso estivesse comprometido por falta de fé, sua desor-
dem física ocorria por influência demoníaca, ou seja, o que acontecia por fora era 
ocasionado por aquilo que trazia por dentro. 
Diferente do que ocorria na Antiguidade, como forma de tratamento atra-
vés da atividade física, o exercício físico na Idade Média era feito com propósitos 
diferentes: os nobres o faziam para melhor se defender nas lutas e proteger os bens, 
já a camada popular fazia exercício como uma forma barata de lazer. Nessa época, 
os hospitais localizavam-se dentro de mosteiros e as enfermarias ficavam ao lado de 
capelas. 
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 11 - RENASCIMENTO, MOVIMENTO INTELECTUAL CUJO AUGE OCORREU NA ITÁLIA 
NOS SÉCULOS XV E XVI
FONTE: <https://images.app.goo.gl/QPbzmfibmc28rfpw7>. Acesso em 5 de jul. 2019.
4.1 A RETOMADA DO OLHAR AO CORPO FÍSICO
Foi no período do Renascimento que começou a retomada dos estudos 
sobre o corpo humano e o culto ao exterior (físico) (GALVAN, 1998).
O Renascimento é um período compreendido entre os séculos XV e XVI 
e é descrito como um momento de crescimento científico e literário por meio do 
Humanismo e das Artes. Há a retomada dos estudos na área da saúde como uma 
concepção curativa e de manutenção do estado normal existente em indivíduos 
sãos. A atividade física passa a servir então para a manutenção da saúde, trata-
mento de enfermidades, reeducação de convalescentes e correção de deformida-
des (CARVALHO et al., 2014).
tetura, escultura, pintura, decoração, literatura, música e política (REBELATTO; 
BOTOME, 1999).
FIGURA 12 – RENASCIMENTO
FONTE: <http://bit.ly/2P3Gt1f>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
14
4.2 FATOS MARCANTES DO MOVIMENTO LITERÁRIO E 
ARTÍSTICO
O homem dessa época teve seu interesse voltado ao mundo que o cercava 
e passou a ter mais liberdade de expressão.
A beleza física do homem, de modo geral, passou a ser mais valorizada 
e os valores morais da Idade Média, que eram cobrados pelo clero, começaram 
a decair. A independência ganhou visibilidade, surgiram as universidades e as 
pessoas que as buscavam ansiavam pela compreensão do mundo e pela busca de 
conhecimento. 
O movimento literário e a arte foram expressos através do naturalismo e 
isso ocorreu justamente pela queda das restrições estabelecidas na Idade Média. 
O humanismo e as artes passaram a se desenvolver fazendo com que os 
estudos sobre o corpo, iniciados na Antiguidade e abandonados na Idade Média, 
fossem retomados. Tal atitude se deu pela necessidade de cuidado com o corpo, 
marcado pelo culto ao físico. 
Pode-se observar que a mentalidade de cuidado com o corpo não era diri-
gida apenas ao tratamento ou cuidados com as situações já instaladas, mas havia 
a preocupação com a manutenção das condições existentes em organismos sãos. 
Fica claro aqui a mudança de visão do conceito de saúde: enfoque curativo x en-
foque preventivo.
4.3 A RELAÇÃO DAS DESORDENS FÍSICAS COM O CORPO 
SÃO E A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS
Foi no final do período do Renascimento que o interesse pela saúde corporal 
começou a se tornar mais específico. Ao fim de 1550, o movimento renascentista na 
Itália começa a declinar, entretanto, em países como Alemanha, França e Inglaterra, 
isso não ocorreu. Nesses três países, os estudos e trabalhos foram se solidificando. 
Um estudo publicado pela Sociedade Médica de Berlim, em 1864, relata 
que a prática de exercícios físicos para pessoas enfermas deveria ser distinta dos 
executados em pessoas sãs. O texto traz alguns trechos como: “os enfermos e 
aqueles cuja coluna vertebral sofre deformidades ou alterações posturais de om-
bros e cadeiras, correspondem às salas de cura e não às lições de ginástica para 
sãos”. Essa publicação mostra a mudança na forma de praticar a atenção com a 
saúde das pessoas, contribuição importantíssima para identificar o objeto de tra-
balho da Fisioterapia, que dava passos lentos para mais tarde tornar-se profissão. 
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
15
5 A INDUSTRIALIZAÇÃO E O SURGIMENTO DE DOENÇAS E 
DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS
Na Revolução Industrial ocorreu uma transformação social determinada 
pela produção em larga escala. O desenvolvimento das cidades produziu condi-
ções sanitárias precárias, jornadas de trabalho estafantes e condições alimentares 
insatisfatórias, que, consequentemente, provocaram proliferação de novas doenças 
(CARVALHO et al., 2014).
FIGURA 13 – MULHERES TRABALHANDO EM MÁQUINAS TÊXTEIS, INSPECIONANDO FIOS, NA 
AMERICAN WOOLEN COMPANY, BOSTON (1910)
FONTE: <http://bit.ly/2QBfH2x>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
5.1 DEFINIÇÃO DO NOVO PROCESSO FABRIL
O período entre os séculos XVIII e XIX foi historicamente caracterizado por 
uma transformação social na Inglaterra. Foi uma época determinada pela produção 
em larga escala, através do processo de mecanização e do trabalho operário, o cha-
mado modelo fabril (REBELATTO; BOTOME, 1999).
O processo de Industrialização foi uma época de transformação social em 
que as diferenças incômodas voltam a despertar o interesse dos estudiosos, assim 
como o encaminhamento para o surgimento das especialidades e seus tratamentos 
(GALVAN, 1998).
5.2 O SURGIMENTO DE PROBLEMAS DE SAÚDE 
RELACIONADOS À INDUSTRIALIZAÇÃO
Embora a industrialização fosse uma forma de otimizar a produção de 
bens e de serviços, tornando-os mais acessíveis a todos, sua formação contribuiu 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
16
para um período histórico e social em que predominou a divisão da sociedade em 
classes sociais bem definidas.
As pessoas com maior poder aquisitivo eram donas das terras e o povo era 
dono de sua força de trabalho. A obtenção de lucros tornou-se uma obsessão para os 
que controlavam a sociedade e a população de baixa renda pagava o preço para esse 
crescimento.
Nos ambientes de trabalho dentro da indústria era comum a violência exer-
cida pelos chefes e mestres contra os trabalhadores. As vítimas dessa violência eram 
mulheres e crianças que sofriam desde multas, castigos corporais, até brutalidade 
explícita (KURBAN, 2005).
Ao passo que a industrialização ia se instalando, o ritmo de trabalho aumen-
tava e muitos trabalhadores perdiam os seus empregos. Os camponeses migravam 
das áreas rurais e se fixavam ao redor das cidades. 
As pesquisas eram voltadas para o aperfeiçoamento de máquinas para 
melhorar a performance do sistema de produção e mais tarde, trazer soluções 
para os diversos problemas oriundos do próprio processo de industrialização, 
como os acidentes de trabalho.
O processo de industrialização, além dos acidentes de trabalho, trouxe pro-
blemas relacionados às condições sanitárias da época, bem como as extensas e can-
sativas jornadas de trabalho, as quais não eram diferenciadas por sexo nem idade 
(jornadas chegavam a 16 horas diárias). Houve epidemias de cólera ede tuberculose, 
além do forte hábito do uso de álcool.
Tanto nas indústrias têxteis como nas chapelarias as condições de trabalho 
eram insatisfatórias e não havia água potável, iluminação e ventilação adequadas. 
As máquinas não tinham proteção e suas engrenagens e correias ficavam muito pró-
ximas aos trabalhadores, além da disposição das mesmas não ser apropriada, pois 
ficavam em corredores apertados, dificultando a locomoção das pessoas que ainda 
inalavam poeira e muitos resíduos (KURBAN, 2005).
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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FIGURA 14 – O JOVEM RAOUL JULIEN TRABALHANDO EM CHACE COTTON MILL, 
BURLINGTON, VERMONT, EM 1909
FONTE: <http://bit.ly/3490Cco>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
FIGURA 15 – CRIANÇAS TRABALHANDO NAS FÁBRICAS DURANTE A INDUSTRIALIZAÇÃO
FONTE: <http://bit.ly/2O5ItH6> Acesso em: 5 de jul. 2019.
As classes sociais dominantes tinham suas atenções voltadas ao sistema pro-
dutivo e às atividades que geravam lucros por meio do uso do trabalho da população 
operária. A preocupação dessas classes dominantes era não perder ou diminuir a fonte 
de ganhos gerados pela classe econômica mais baixa e socialmente dominada. Para a 
classe dominante não interessava como a classe dominada vivia e sim, apenas tratar as 
doenças quando as condições de saúde prejudicassem a produção e os ganhos.
Fora da indústria, as condições de vida não eram muito diferentes, pois 
essa mão de obra não especializada era basicamente formada por escravos livres 
e imigrantes italianos. Alguns, com mais sorte pelo bom comportamento e alta 
produtividade, conseguiam morar em vilas operárias junto às fábricas, com uma 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
18
FIGURA 16 – PATRÃO E CLASSE OPERÁRIA
FONTE: <http://bit.ly/2Orz3oa>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
5.3 A DESCOBERTA DE NOVOS MÉTODOS DE TRATAMENTO 
DAS DOENÇAS E DE SUAS SEQUELAS
O abuso da exploração até os limites das possibilidades de vida dos ope-
rários e camponeses fazia explodir as “patologias”, que, desconhecidas naquelas di-
mensões, impressionavam.. 
As explicações e “teorias” que predominavam — e convinham às classes 
dominantes — não indicavam os determinantes das “patologias” (ou “diferenças 
incômodas”) no ambiente físico ou social (no sistema econômico e social do regime 
político, por exemplo) e sim no próprio “indivíduo doente”. Esse tipo de expli-
cação era conveniente às classes dominantes, assim como convinha “tratar” essas 
patologias para não perder ou diminuir a fonte de riqueza e de bem-estar, gerados 
pela força de trabalho das classes de poder econômico mais baixo (e socialmente 
dominadas) (REBELATTO; BOTOME, 1999).
A medicina teve muitos desafios na tentativa de intervir nas patologias que 
surgiam em função do advento da mecanização e industrialização. Inovações me-
todológicas começaram a ser implantadas nas faculdades de Medicina, assim como 
o surgimento de novos equipamentos e novas formas de observar e de identificar 
as doenças.
Essa época foi muito marcada pela assistência curativa e reabilitadora, não 
havia preocupação com a prevenção ou mesmo com a manutenção da saúde, até 
porque, nessa época cabia essa responsabilidade ao empregador e não ao Estado e 
o empregador tinha apenas visão de lucro.
infraestrutura mais adequada de subsistência. Outros, entretanto, acabavam mo-
rando em cortiços ou favelas, onde as condições de higiene e salubridade eram 
péssimas. Sem poder reverter esse quadro, devido aos baixíssimos salários e uma 
grande concorrência, essa população padecia miseravelmente (KURBAN, 2005).
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
19
5.4 INICIAÇÃO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS
Foi assim que a clínica, a cirurgia, a farmacologia, a aplicação de recursos 
elétricos, térmicos e hídricos, além da prática de exercícios físicos evoluiram e a ideia 
do atendimento hospitalar surgiu. Nessa fase, a medicina se subdividiu e iniciaram 
as especialidades. Surgiram a Dermatologia, a Pediatria, a Obstetrícia, seguidas da 
Psiquiatria, da Oftalmologia e da Otorrinolaringologia.
FIGURA 17 - CESÁREA (OBSTETRÍCIA)
FONTE: <http://bit.ly/2OtjDQs>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
FIGURA 18 - LOUCURA: DIRETO AO PROBLEMA (PSIQUIATRIA)
FONTE: <http://bit.ly/2KFXr4n>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 19 – CATARATA (OFTALMOLOGIA)
FONTE: <http://bit.ly/2O5ZCjH>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
Os doentes da época eram tratados por profissionais treinados e em locais 
propícios para o desenvolvimento de pesquisas e estudos anátomo clínicos da época. 
Durante a guerra, escolas de cinesioterapia surgiram a partir de clínicas uni-
versitárias ortopédicas. Além disso, as lesões, a mutilações, as alterações físicas de 
várias naturezas e gravidades fizeram com que tratamentos fossem necessários para 
recuperar os combatentes ou mesmo reabilitá-los para que tivessem condições de 
vida social e produtiva.
Como consequência das guerras eram necessárias as mínimas condições 
de retorno às atividades sociais de forma integradora e com produtividade, de-
vido à presença de mutilações e de alterações físicas de vários tipos e graus 
(GALVAN, 1998).
É possível perceber pelos relatos da época que a preocupação maior não 
era em ter a percepção geral dos problemas nem de suas determinantes, mas 
como “consertá-los”, a fim de que o indivíduo pudesse voltar para a sua função. 
Na Revolução Industrial houve o predomínio de uma assistência curativa, 
recuperativa e reabilitadora. A Fisioterapia passou, mesmo sem ter sido ciência e 
muito menos vista como profissão, por quatro importantes acontecimentos históri-
cos (CARVALHO et al, 2014).
A partir desse contexto houve um interesse mundial pelo termo reabilita-
ção. O que contribuiu para esse interesse foram alguns aspectos históricos como: o 
processo acelerado de industrialização e de urbanização, trazendo os acidentes de 
trabalho e o processo tecnológico e social, além das duas grandes guerras mundiais. 
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
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6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL E NO MUNDO NA TRANSIÇÃO 
ENTRE OS SÉCULOS XIX, XX e XXI
Diversos materiais internacionais fazem uma analogia entre as duas grandes 
guerras mundiais e a poliomielite, afirmando que a polio seria equivalente ou superior 
às guerras e contribuiram para que, através de suas técnicas e métodos, a fisioterapia se 
desenvolvesse a nível mundial (BARROS, 2008).
A Fisioterapia teve seu nascimento na metade do século XIX, na Europa. As 
primeiras escolas apareceram na Alemanha, nas cidades de Kiel, em 1902, e Dresdem, 
em 1918. Depois disso, a Fisioterapia, na Inglaterra, apareceu em destaque no cená-
rio mundial, com os trabalhos de massoterapia realizados pelos doutores Mendell e 
J. Cyriax, os trabalhos de cinesioterapia respiratória feitos por Winifred Linton, no 
Brompton Hospital, em Londres, e, sobretudo, os trabalhos de Fisioterapia neurológi-
ca realizados em conjunto com a fisioterapeuta Berta Bobath e o neurofisiologista Karel 
Bobath que criaram o Método Bobath, para tratamento de pacientes com paralisia cere-
bral (SANCHES, 1984 apud GAVA, 2004). 
FIGURA 20 – JAMES CYRIAX, ORTOPEDISTA BRITÂNICO QUE DESENVOLVEU A TÉCNICA DE 
MASSAGEM CYRIAX
FONTE: <https://iphysio.files.wordpress.com/2010/04/dr_cyriax_j.gif>. Acesso em: 6 jul. 2019.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
22
O surgimento da Fisioterapia em nosso país deu-se pela necessidade de 
se reabilitar os portadores de sequelas decorrentes da poliomielite, do crescente 
aumento do número de casos de acidentes de trabalho e das mutilações em muitos 
combatentes da Segunda Guerra Mundial (CARVALHO et al, 2014).
“A história da profissão de fisioterapeuta a nível nacional tem sido objeto 
de estudode professores e pesquisadores, principalmente fisioterapeutas vincu-
lados a programas de pós-graduação e áreas como saúde coletiva, educação e na 
própria fisioterapia” (BARROS, 2008, p. 942). O autor ainda continua sua linha de 
pensamento afirmando que o marco histórico da profissão, de caráter institucio-
nal, é o Decreto-Lei nº 938, porém, no período que o antecedeu, pouco se tem de 
material e relatos de como o processo foi viabilizado. Seu foco principal é utilizar 
outro momento da História, partindo da criação e do reconhecimento da Escola 
de Reabilitação do Rio de Janeiro (ERRJ). 
O profissional fisioterapeuta surgiu em decorrência das grandes guer-
ras fundamentalmente para tratar de pessoas fisicamente lesadas. As 
perdas totais ou parciais dos membros, atrofias e paralisias são exem-
plos do objeto de trabalho da fisioterapia em sua gênese. Naquelas 
circunstâncias, porém, a preocupação fundamental, ou mesmo única, 
com doenças ou lesões e suas consequências, parecia adequada. A de-
corrência natural das condições existentes na época fez toda a atuação 
profissional ficar voltada para atenuar ou diminuir o sofrimento, reabi-
litar organismos lesados ou, quando possível, recuperar as condições 
de saúde preexistentes dos organismos cujas condições haviam sido 
alteradas. Então ocorrem os princípios militares do condicionamento e 
o esforço físico e a incrementação das técnicas com recursos de tecnolo-
gia como a Mecanoterapia (máquinas e equipamentos para exercícios) 
e a eletroterapia (corrente elétrica para fins terapêuticos), substituindo 
gradativamente a Cinesioterapia (terapia por exercícios físicos) da har-
monia dos movimentos. Neste enfoque a profissão segue o caminho da 
especialização fragmentada, afastando-se da visão do homem como um 
todo, visível no Ocidente, e bem forte nos Estados Unidos da América 
(GALVAN, 1998, p. 54-55).
FIGURA 21 - KAREL E BERTA BOBATH, CRIADORES DO MÉTODO BOBATH
FONTE: <http://bit.ly/37od7mq>. Acesso em: 6 jul. 2019.
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
23
FIGURA 22 – CENTRO DE TRATAMENTO PARA ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS 
ATINGIDAS PELA POLIOMIELITE NA DÉCADA DE 50
FONTE: <http://f.i.uol.com.br/livraria/capas/images/12110329.jpeg>. Acesso em: 6 jul. 2019.
FONTE: <http://bit.ly/2D0iI4m>. Acesso em: 6 de jul. 2019.
No final do século XIX, no Brasil, a Fisioterapia inicia suas atividades por 
meio da criação do Serviço de Eletricidade Médica e Hidroterapia na cidade do Rio 
de Janeiro. E em 1884, no Hospital de Misericórdia, na mesma cidade, é criado o 
primeiro Serviço de Fisioterapia da América do Sul, através do médico Arthur Silva 
(GAVA, 2004).
FIGURA 23 – CRIANÇAS COM SEQUELAS MOTORAS DEVIDO À POLIOMIELITE
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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FIGURA 24 – O MÉDICO ARTHUR SILVA PARTICIPA DA CRIAÇÃO DO PRIMEIRO SERVIÇO DE 
FISIOTERAPIA DA AMÉRICA DO SUL NO HOSPITAL DE MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO
FONTE: <http://bit.ly/2OuFrLh>. Acesso em: 5 de jul. 2019.
6.1 A TRANSIÇÃO DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI 
EM RELAÇÃO AOS OBJETOS DE TRABALHO E DE ESTUDO
Os tipos de preocupação e olhar em cada época da História passaram por 
oscilações de grande impacto. Todas essas preocupações contribuíram para que 
houvessem estudos e reflexões, decorrentes das próprias situações em cada perío-
do, resultando no modo de enxergar a doença e o modo de tratá-la (REBELATTO; 
BOTOME, 1999).
Na Antiguidade surgiram os primeiros estudos para entender os distúrbios 
que acometiam o homem, bem como a tentativa de explicar o surgimento e as pro-
postas de solucionar esses problemas.
A Idade Média foi marcada pela interrupção de pesquisas relativas à saúde 
e o interesse por ações práticas, substituídas por concepções religiosas. 
O Renascimento permitiu que esses estudos fossem retomados, além da 
descoberta de novas formas de olhar a saúde, cuja preocupação era preservar as 
condições de saúde que o indivíduo apresentasse. 
A Industrialização foi caracterizada por precárias condições de vida e a 
proliferação de doenças fazendo com que surgissem as especialidades médicas, 
mantendo a preocupação com a doença instalada.
Os diferentes momentos da História determinaram a influência das re-
lações de produção dentro da organização da sociedade e o direcionamento das 
ações em saúde em cada momento. Ao passo que essas relações de produção per-
mitiram maior acesso da população à melhor condição de vida, o modo de assis-
tência disponível se alterou. Os problemas de saúde que a população apresentava 
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO 
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO
25
eram considerados o resultado de uma somatória de problemas individuais de 
cada membro dessa população e não mais visto como unicausalidade. 
6.2 O CUIDADO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS E A 
PREOCUPAÇÃO COM A DOENÇA INSTALADA
Aos gabinetes de curiosidades do século XVII, tantas vezes entulhados de 
quinquilharias, sucederão, após um intervalo de investigações puramente clínicas, 
os laboratórios onde o saber médico encontrará um verdadeiro fundamento cientí-
fico (STAROBINSKI, 1967 apud REBELLATO; BOTOME, 1999). A citação acerca dos 
laboratórios como caminho para o verdadeiro fundamento científico é o ponto de 
partida para a prática da pesquisa, da descoberta de novas tecnologias e formas de 
se tratar, do entendimento de novas doenças que foram surgindo com o avanço da 
industrialização e com as áreas da Medicina que estão conectadas. 
Anos mais tarde no século XX, precisamente em 1957, viria a descoberta da 
vacina Sabin, pelo microbiologista Albert Bruce Sabin. De acordo com pesquisas de 
dados no Acervo do jornal O Globo (2018), a primeira tentativa de erradicar a pa-
ralisia infantil (veremos mais a frente) aconteceu em 1952 quando o americano de 
origem polonesa Jonas Edward Salk, que cultivara o vírus da poliomielite, produ-
ziu uma vacina injetável à base de vírus mortos. Na prática percebeu-se que os efei-
tos eram de curta duração. Na continuação das pesquisas cinco anos depois, outro 
microbiologista: Albert Bruce Sabin desenvolveu uma nova vacina com benefícios 
que a de Salk não apresentou como: era uma vacina oral, com tempo prolongado 
de imunização e com custo reduzido. 
FIGURA 25 – ALBERT SABIN E JONAS SALK (ÓCULOS), OS PESQUISADORES DA VACINA ANTI PÓLIO
FONTE: <http://bit.ly/2KGptg1>. Acesso em: 6 de jul. 2019.
6.3 A FISIOTERAPIA FAZENDO PARTE DA EQUIPE DE SAÚDE
A Fisioterapia integrada com a área da saúde sofreu os mesmos tipos de 
alterações no decorrer da história. Basicamente todos os recursos e ações eram 
voltados quase que de forma exclusiva ao indivíduo com a doença manifesta. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA
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Acesse os links a seguir e leia algumas informações adicionais a respeito 
da prática da Fisioterapia, mesmo sem ainda ser uma Ciência nem mesmo profissão 
regulamentada:
• https://blog.inspirar.com.br/fisioterapia-na-idade-media/
• http://www.bodyworks.med.br/historia-da-fisioterapia/
• http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/CarolinaCristinadoNascimento.pdf/
DICAS
Mesmo com o conhecimento da tecnologia a atenção estava voltada, quando 
a saúde se encontrava em seus piores estágios, para reabilitar ou recuperar as 
condições perdidas pelo indivíduo (REBELATTO; BOTOME, 1999).
Então surge o questionamento sobre como a Fisioterapia foi se desenvol-
vendo e se modificando ao longo dos tempos, até vir a ser uma profissão e os 
rumos que ela tomou para ser considerada o que hoje realmente é a Fisioterapia.
Parece que, conforme for entendido o que seja o objeto de trabalho da Fi-
sioterapia, serão desenvolvidos atenção, atividades, esforços e estudos 
na direção das patologias (“diferenças” ou alterações incômodas nos 
organismos) ou de atividades, estudos e esforços na direção de mais do 
que apenas as patologias. O objeto de trabalho da Fisioterapiano Brasil, 
de certa forma, não se apresenta de maneira diferente do que já pode ser 
percebido até agora na história do desenvolvimento da concepção de 
trabalho com a “saúde” das pessoas. Vale eliminar melhor o que pode 
ser caracterizado como objeto de trabalho de estudo dessa área ou dessa 
profissão no País (REBELATTO; BOTOME, 1999, p. 20). 
Provavelmente esse questionamento, feito pelo autor e por muitos outros 
autores, pesquisadores e ou profissionais que já o fizeram, ocorra devido ao fato de 
que no surgimento da atuação do fisioterapeuta, sua profissão era codependente 
de outras, como a do médico, por exemplo. Os médicos da época eram conhecidos 
como reabilitadores e os fisioterapeutas ainda sem profissão regulamentada eram 
denominados como auxiliares de médicos. 
Nos anos 30, tanto na cidade do Rio de Janeiro como em São Paulo, os 
primeiros serviços ligados à fisioterapia foram idealizados por médicos. Esses 
estabelecimentos não visavam apenas a estabilidade clínica do paciente, como 
em hospitais por exemplo, mas sim a recuperação física permitindo o retorno à 
sociedade, com funções idênticas anteriores à lesão ou mesmo semelhantes. Essa 
visão dos médicos fez com que eles fossem chamados de médicos de reabilitação e 
os profissionais de fisioterapia de auxiliares de médico (CARVALHO et al., 2014).
27
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Antiguidade foi marcada por diferenças incômodas e a visão era muito curativa, 
não tendo enfoque preventivo.
• A Idade Média foi caracterizada pela organização da sociedade em hierarquias e o 
clero era uma classe que tinha um poder determinante nas decisões dos caminhos 
escolhidos pela sociedade. 
• O Renascimento foi marcado pela preocupação com o corpo saudável, em função 
dos movimentos artísticos e literários, fazendo menção do culto ao corpo físico.
• A Industrialização foi o período no qual a mecanização e as extensas jornadas de 
trabalho somada às condições precárias da população, propiciaram o surgimento 
de acidentes de trabalho, epidemias e o surgimento das especialidades médicas.
• Cada fase da História teve uma visão e uma atuação característica sobre o conceito 
de doença e de ação em saúde.
• Por fim, a Fisioterapia, no final do século XX, por ser área da saúde, sofreu as mes-
mas oscilações no decorrer da História. Desde o seu surgimento não existiu um ob-
jeto de estudo ou de intervenção pré-definido levando a profissão a caracterizar-se 
ao longo de sua existência.
RESUMO DO TÓPICO 1
28
1 Quando se falou em Antiguidade, viu-se que o termo “diferenças incômodas” 
foi mencionado. O que esse termo significava na época e como era feita a inter-
venção para ajudar o indivíduo que apresentasse essas alterações?
2 Comentou-se sobre a prática de ginástica curativa nas pessoas no período da 
Antiguidade. Como era realizada e qual o seu objetivo?
3 Citou-se recursos físicos, como o uso da luz, do sol, dos banhos e do peixe elétri-
co, como agentes terapêuticos. Analogamente, hoje são utilizadas essas formas 
de tratamento, mas com denominações e classificações diferentes. Como são 
chamados, atualmente, esses agentes terapêuticos?
4 Quando a Industrialização foi citada como um período histórico, viu-se que 
acidentes de trabalho fizeram parte do processo de mecanização e que muitas 
vezes eram resultados de extensas jornadas de trabalho. Como isso poderia ser 
freado? E atualmente, o que se faz em relação à repetição das funções durante as 
jornadas de trabalho?
5 Em vários momentos da história viu-se que a visão da época era apenas cura-
tiva, sem haver o enfoque preventivo. O que você, como estudante da área da 
saúde, entende sobre a importância da prevenção nos aspectos sociais e econô-
micos?
AUTOATIVIDADE
29
TÓPICO 2
A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste segundo tópico, dar-se-á ênfase na trajetória da Fisioterapia em nos-
so país como Ciência e profissão iniciada em 1919 na cidade de São Paulo, com a 
fundação do Departamento de Eletricidade Médica e, mais tarde, em 1929, com a 
instalação do Serviço de Fisioterapia junto ao Hospital Central da Santa Casa de 
Misericórdia. Paralelamente a esses marcos, o aparecimento de epidemias, entre 
elas a Poliomielite, que assolou o mundo, os acidentes de trabalho e as mutilações 
dos combatentes de guerra, fizeram com que anos mais tarde começasse a ser ofer-
tado o primeiro Curso de Fisioterapia do Brasil, em 1951, no Instituto Central do 
Hospital das Clínicas. 
Toda essa trajetória fez com que a profissão de fisioterapeuta, até então não 
regulamentada, começasse a ser vista como indispensável à sociedade, claro que 
em um primeiro momento sem autonomia profissional e com pouca estrutura, mas 
aos poucos o entendimento de que era necessário lutar pelo reconhecimento e va-
lorização da classe. 
Aconteceram várias tentativas de reformular a oferta de cursos (disciplinas/
carga horária/ nível de ensino), afinal a demanda estava aumentando. Surgiram 
associações e projetos de reconhecimento junto ao Congresso Nacional. Conhecen-
do essa retrospectiva histórica, você perceberá que através da apresentação e dis-
cussão de informações e documentos legais, houve a regulamentação do ensino e 
exercício profissional, bem como a representatividade de órgãos de classe e norteio 
aos profissionais da área. Vamos entender como tudo isso ocorreu?
2 O SURGIMENTO DA FISIOTERAPIA COMO CIÊNCIA E 
PROFISSÃO
Baseado nos aspectos históricos vistos no Tópico 1, entende-se que o pro-
cesso sofrido ao longo do tempo culminou para o surgimento da Fisioterapia atra-
vés da necessidade primária de reabilitar.
A época colonial foi um momento decisivo para que a Fisioterapia tivesse 
início. A saúde dos trabalhadores e dos escravos nos campos e lavouras, as con-
dições de vida precária, as frequentes mazelas da sociedade como a pneumonia, 
a diarréia e a tuberculose não eram preocupação, exceto para aqueles escravos 
que tinham perfil de rentabilidade e de maior produtividade (KURBAN, 2005).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
30
No decorrer da História, várias passagens deixam claro que a prática se 
dava através de recursos físicos, utilizados puramente como agentes curativos e 
isso ocorreu desde a Antiguidade até o século XX, através dos marcos da Industria-
lização, da Poliomielite e da Segunda Guerra Mundial. 
Veremos, na sequência, as modificações que a Fisioterapia sofreu de acordo 
com a realidade e a necessidade da época, iniciando com a atuação do fisioterapeuta 
junto à classe médica (então chamado de auxiliar de médico); a oferta de cursos; a 
epidemia que atingiu a população infantil em nível mundial; os acidentes de traba-
lho; as mutilações por bombas; as associações de classe; as indas e vindas com pedi-
dos de reconhecimento de classe profissional, até finalmente, em 1969, a Fisioterapia 
ser regulamentada como profissão em que o fisioterapeuta atua de forma autônoma 
e independente, através de métodos e técnicas privativos. Mais tarde, ao longo das 
próximas seções, veremos de que modo a criação e a regulamentação de leis foram 
importantes às atribuições profissionais e à fiscalização do exercício profissinal.
2.1 A FUNDAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE 
MÉDICA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE 
DE SÃO PAULO (FMUSP)
A Fisioterapia começou a se desenvolver com maior atenção e cuidado no 
Rio de Janeiro com a implantação dos serviços de Hidroterapia, na época chama-
da de Casa das Duchas e de Eletricidade Médica. Período por volta de 1879 que 
coincidia com o processo de industrialização e com o surgimento dos acidentes 
de trabalho (SANCHES, 1984 apud KURBAN, 2005). 
A Casa das Duchas que existe até hoje foi tombada como patrimônio his-
tórico. Localiza-se em Petropólis, no estado do Rio de Janeiro e na época de fun-
cionamento atendia cerca de cinquenta pessoas por hora, com o intituito de tratar 
enfermidades pelo uso da água. Era um dos pontos mais bem frequentados da 
cidade. Integrantes do Império, homens

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