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1 
 
Disciplina: A potência da infância e a criança como protagonista 
Autores: M.e Margarete Terezinha de Andrade Costa 
Revisão de Conteúdos: Andrey Gabriel Ota Eshima 
Designer Instrucional: Andrey Gabriel Ota Eshima 
Revisão Ortográfica: Esp. Lucimara Ota Eshima 
Ano: 2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Margarete Terezinha de Andrade Costa 
 
 
 
 
 
A Potência da Infância e a Criança 
como Protagonista 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
2022 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Andrey Gabriel Ota Eshima 
 
Designer Instrucional 
Andrey Gabriel Ota Eshima 
 
Revisão Ortográfica 
Lucimara Ota Eshima 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
Desenvolvimento da Capa 
Carolyne Eliz de Lima 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
COSTA, Margarete Terezinha de Andrade. 
A potência da infância e a criança como protagonista / Margarete Terezinha de 
Andrade Costa. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2022. 
50 p. 
ISBN: 978-65-5944-219-5 
1. Infância. 2. Criança. 3. Aprendizagem e desenvolvimento. 
Material didático da disciplina de a potência da infância e a criança como 
protagonista – Faculdade UNINA, 2022. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Apresentação da disciplina ....................................................................... 06 
Aula 1 – A potência da infância ................................................................ 07 
Apresentação da aula 1 ............................................................................ 07 
1.1 Conceituação de potência e infância ........................................ 07 
 1.2 Desenvolvimento infantil: fases de Jean Piaget ....................... 13 
Conclusão da aula 1 ................................................................................. 18 
Resumo da aula 1 ..................................................................................... 18 
Aula 2 – Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento e a criança 
como protagonista .................................................................................... 
19 
Apresentação da aula 2 ............................................................................ 19 
 2.1 Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança ....... 19 
 2.2 Alguns percursos históricos do protagonismo infantil .................. 24 
 2.2.1 Summerhill School .............................................................. 25 
 2.2.2 A escola de Reggio Emilia .................................................. 27 
 2.2.3 Escola da Ponte .................................................................. 30 
Conclusão da aula 2 ................................................................................. 31 
Resumo da aula 2 ..................................................................................... 32 
Aula 3 – Família e escola como parceiras ................................................ 33 
Apresentação da Aula 3 ............................................................................ 33 
 3.1 A Família ...................................................................................... 34 
 3.2 Os pais e a vida escolar dos filhos .............................................. 38 
Conclusão da Aula 3 .................................................................................. 40 
Resumo da aula 3 ..................................................................................... 40 
Aula 4 – As relações da parentalidade consciente na formação e 
desenvolvimento das crianças .................................................................. 
41 
Apresentação da Aula 4 ............................................................................ 41 
 4.1 Parentalidade consciente – o que é isso? .................................... 41 
 4.2 Parentalidade consciente – formação e desenvolvimento da 
criança ....................................................................................................... 
44 
Conclusão da aula 4 ................................................................................. 46 
Resumo da aula 4 ..................................................................................... 46 
Resumo da disciplina ................................................................................ 48 
Índice Remissivo ........................................................................................ 49 
Referências ............................................................................................... 50 
 
 
6 
 
Apresentação da disciplina 
 
A disciplina “Potência da Infância e a criança como protagonista” 
apresenta conteúdos relevantes para a formação de professores e suas relações 
com pais e/ou responsáveis dos alunos. Por sua importância, vamos estudar a 
potência da infância, seu conceito e possibilidades que devem ser desenvolvidas 
na educação. 
Do mesmo modo, estudaremos os direitos da aprendizagem e 
desenvolvimento infantil e a criança como protagonista de sua formação, 
explorando todos os potenciais que ela emana. Isso, não seria possível sem ter 
as famílias como parceiras, processo necessário, todavia, que exige muito 
trabalho da comunidade escolar. E por fim, vamos analisar as relações da 
parentalidade consciente na formação e desenvolvimento das crianças 
compreendendo as responsabilidades de quem lida com os jovens. 
A ideia básica deste estudo é buscar uma formação sólida e crítica de 
educadores, a fim de se ter uma educação que reflita o deseja de transformação 
social e o desenvolvimento de pessoas mais felizes. Isso tudo com 
fundamentação teórica e legal densas com o desejo de que este material auxilie 
em sua formação e que seus estudos reforcem seu fazer pedagógico. Bons 
estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
Aula 1 - A potência da infância 
 
Apresentação da aula 1 
 
Todo o estudo expressivo busca desvendar informações, relacionando-as 
e capacitando-as para uso com qualidade.Para isso, é necessário, 
primeiramente, dominar as concepções que as constituem, desta forma, vamos 
iniciar nossas reflexões retomando alguns conceitos básicos relacionados à 
Potencialidade da Infância. 
 
1.1 Conceituação de potência e infância 
 
Inicialmente vamos rever o conceito de potência. 
Vocabula rio 
 
Potência: é a qualidade de quem tem força, vigor, poder e 
importância. 
 
 
Devemos lembrar que o termo potência é amplo, na Física, por exemplo, é 
a capacidade de realizar trabalho, a força com que se equilibra ou se vence uma 
força contrária. Na Matemática é o produto de um número multiplicado por si 
uma ou mais vezes. Na Filosofia, Aristóteles definia potência como aquilo em 
que é possível algum ser se transformar em virtude de um fim próprio, uma 
semente seria a potência da árvore; Nietzsche (2008) via a Vontade de 
Potência como a capacidade que a vontade tem para se efetivar, sendo a 
principal força motriz existente em cada elemento; essa força poderia ser 
empregada a fim de apoderar-se de realizações, ambições e maior esforço para 
as conquistas desejadas e expansão do ser. Diferentemente da visão darwiniana 
de simples adaptação para a sobrevivência; o filósofo acreditava na potência de 
expandir, dominar, criar valores e dar sentido próprio a vida de forma ativa 
criando as condições de potência. 
 
 
8 
 
 
Curiosidade 
Vontade de Potência vem do alemão “Der Wille zur Macht”, 
com a tradução literal de “a vontade de fazer”. 
 
 
 
Podemos deduzir que mesmo com objetos de estudos vistos por diferentes 
ângulos, todos estes conceitos carregam em si o mesmo cerne; a ideia buscada 
neste estudo que vê na potência uma capacidade, seja ela da realização de algo, 
seja para multiplicar-se, seja para transformar-se, seja para efetivar-se. Em 
outras palavras, os conceitos de potência nos fazem voltar o olhar para a 
construção da formação humana. Esta colocação encaixa-se perfeitamente no 
caminho que desejamos traçar na busca do entendimento da potencialidade da 
infância 
Observamos, de tal modo, que ao se ter potência se tem capacidade, 
inteligência, habilidade, aptidão, talento, entre tantos outros adjetivos, que, por 
sua vez, são caraterísticas próprias dos seres humanos. O que nos leva ao 
próximo conceito: a infância. 
Para entender melhor tal apreciação, vamos buscar a legislação que a 
determina, a carta magna internacional firmada pelo Brasil em 1990: a 
Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) concebe a infância como o 
período de vida de todo indivíduo com menos de dezoito anos de idade, vejamos 
como consta na lei: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 DECRETO No 99.710, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1990. 
 
Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança. 
[...] 
 
PARTE I 
Artigo 1 
 
Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser humano 
com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável 
à criança, a maioridade seja alcançada antes [...] (grifo nosso) 
 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm 
 
De antemão, temos, normativamente, que todos com menos de dezoito 
anos pertencem ao grupo “criança”. Todavia, sabemos que existem diferentes 
fases dentro desta categoria, cada qual com suas características, marcos e 
prioridades. Complementarmente, em nossa legislação, temos, de acordo com 
o Estatuto da Criança e do Adolescente, a seguinte referência: 
 
 
 LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. 
 
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
 
Título I 
Das Disposições Preliminares 
 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. 
 Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de 
idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. (grifo nosso) 
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto 
às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. 
 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm 
 
Podemos notar que, no Estatuto da Criança e do Adolescente, a categoria 
criança é contemplada até os 11 anos de idade. 
Em nosso percurso pela legislação brasileira cabe citar a Base Nacional 
Curricular Comum, Brasil (2018). Segundo a BNCC, a Constituição Federal de 
1988 determinou o atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a 
6 anos, como um dever do Estado, e com a LDB de 2006 foi antecipado o acesso 
de crianças de 6 anos ao Ensino Fundamental. Desta forma, a Educação Infantil 
 
 
10 
 
atende crianças de zero a 5 anos, todavia, na Emenda Constitucional nº 
59/200926 foi determinada a obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 
anos. 
Ficando assim uma grande interrogação sobre o real investimento do 
Estado na formação de nossas crianças, visto que temos primeiramente uma 
determinação dada pela nossa lei maior, no qual a criança é categorizada de 
zero até seis anos, mas atendida obrigatoriamente pelo Estado somente com 
quatro anos. 
Para corroborar com tal reflexão tomemos a atual Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 29, no qual afirma que a 
Educação Infantil atende crianças até cinco anos, isto é dos zero aos cinco, veja 
a lei: 
 
 
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 
 
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
[...] 
 
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o 
desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) [...] (grifo nosso) 
 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 
 
 
Para completar nossos estudos vamos percorrer o documento que 
regulamenta quais são as aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas 
escolas brasileiras, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2018. 
 
RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, 
DE 22 DE DEZEMBRO DE 2017 
 
 
 
 
Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em creche e pré-escola às crianças de 
zero a 6 anos de idade torna-se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da 
LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante da Educação Básica, situando-
se no mesmo patamar que o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da modificação 
 
 
11 
 
introduzida na LD B em2006, que antecipou o acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos 
de idade, a Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 anos. 
(p. 35 - grifo nosso) 
 
 
Disponível em: 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf 
 
Desta forma, temos atualmente no país a primeira etapa da Educação 
Básica: a Educação Infantil, que atende crianças da faixa etária de zero a 5 anos 
e 11 meses, obrigatória somente para crianças de quatro e cinco anos, sendo 
facultativo o ingresso nos anos anteriores, sendo esse o nosso universo de 
estudos. 
 Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 
(Resolução CNE/CEB 05/2009), a criança é um 
[...] sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e 
práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e 
coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, 
experimenta, narra, questiona e 
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura 
(BRASIL, 2009, p. 01). 
 
Há subdivisões importantíssimas que representam etapas da vida de 
todos os seres humanos. De acordo com o Ministério da Saúde, o ser humano 
desenvolve-se, basicamente, nas seguintes fases para as crianças: 
• Fase 1 – da concepçãoaté o nascimento; 
• Fase 2 – Primeira Infância: do nascimento até os 6 anos; 
• Fase 3 – Segunda Infância ou intermediária: dos 7 aos 11 anos. 
Estudaremos mais detalhadamente a Fase 2 - Primeira Infância, que pode 
ser subdividida em duas partes: a primeiríssima infância, que vai da gestação 
aos três anos de idade, e o período que se estende entre os 4 e 6 anos. 
Antes disso é necessário ter clareza que tal classificação se dá pela 
observação do crescimento e desenvolvimento humanos. Ambos acontecem de 
forma paralela, mas com especificidades próprias. O desenvolvimento está 
relacionado com a aquisição de capacidades e o crescimento, com o aumento 
de massa. 
O crescimento é caracterizado pelas fases da evolução intrauterina; após 
o nascimento, no qual até os dois anos há um crescimento incremental, seguido 
de um período de equilíbrio e uniformidade, com acréscimo de peso anual até 
aproximadamente os seis anos; depois disso, na sua fase final, o crescimento 
 
 
12 
 
se estende até os vinte anos de idade. Devemos considerar, assim, que o 
crescimento é resultado de uma somatória de fenômenos celulares, bioquímicos, 
biofísicos e morfogênicos, determinados, desta forma, pela herança genética e 
as modificações ambientais. 
O desenvolvimento também é acelerado na primeira infância. Da 
concepção até os três anos de idade, o desenvolvimento emocional e cognitivo 
é determinante na formação do ser humano. Neste período, de acordo com a 
neurociência, o cérebro das crianças passa por intensas fases de 
amadurecimento; sendo importante considerar que as sinapses são 
desenvolvidas de acordo com as interações do meio que estimulam os sentidos, 
possibilitando ao indivíduo perceber a si mesmo, o outro e o mundo ao seu redor, 
esse é mais um item que trabalharemos nesta disciplina de forma mais ampla. 
 
Vocabula rio 
 
Sinapse: a relação funcional de contacto entre as 
terminações/extremidades das células nervosas; ela realiza 
a comunicação dos neurônios entre si, ou com outros órgãos, 
como um músculo ou glândula. 
 
 
A partir dos 4 anos, a criança desenvolve mais autonomia, isso se dá por 
meio da comunicação e da realização de atividades sem auxílio; amparando, de 
tal modo, um desenvolvimento cognitivo mais complexo. 
Consequentemente, na fase entre a concepção e os seis anos de idade 
de uma criança, o cérebro gera as conexões necessárias para as competências 
motoras, cognitivas e socioemocionais. Temos aqui mais um elemento 
importante em nossos estudos. 
A relação entre o crescimento e desenvolvimento, da geração de uma 
criança até os seus seis anos de idade, é extremamente importante para o resto 
de sua vida. São os alicerces determinantes na formação humana, que 
consequentemente serão refletivos no desempenho escolar, nas realizações 
pessoais e principalmente na realização dos potenciais da pessoa. 
 
 
 
13 
 
Isso porque a potencialização da infância nos remete à construção de um 
sujeito transformador, participativo e atuante na sociedade em que vive. Assim 
sendo, deve-se investir em vínculos afetivos estáveis, ambientes seguros e 
protegidos e uma nutrição adequada. Sendo assim, necessário problematizar os 
vínculos da criança com a família, educadores e com o ambiente em que transita. 
 
1.2 Desenvolvimento Infantil: Fases de Jean Piaget 
 
Não poderíamos abordar as etapas de desenvolvimento infantil sem 
retomar as fases piagetianas. Jean Piaget (1896-1980), psicólogo suíço que 
revolucionou os conceitos de inteligência infantil, teve seus estudos refletidos 
nos conceitos de ensino e aprendizagem. 
Com suas pesquisas voltadas aos padrões de aprendizagem e 
desenvolvimento cognitivo, elaborou os estágios de desenvolvimento infantil. 
Eles determinaram etapas de acordo com o intelecto e capacidade de perceber 
relacionamentos. 
 
 
Estágios de desenvolvimento da teoria de Piaget 
Fonte: Piaget, 1970 
 
Os estágios que contemplam nossos estudos são o Período Sensorimotor 
e o Pré-operatório. 
E
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tá
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e
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P
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g
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1- Período Sensorimotor 0 a 2 anos
2- Período Pré-Operacional 2 a 7 anos
3- Período Operacional de 
Concreto
7 a 11 anos
4- Período Operacional 
Formal
11 e mais, até cerca de 19 
anos
 
 
14 
 
Para Piaget, no Estágio Sensorimotor, as crianças relacionam-se com o 
contexto em que vivem por experiências sensoriais e por meio de atividade 
físicas. Elas melhoram seus reflexos inatos e desta forma, elaboram esquemas 
por meio da repetição de uma ação com seu próprio corpo, seus atos são 
aleatórios e experimentais. Nesta fase, há o contato com a língua materna e a 
comunicação, que, a princípio, é pré-linguística já que utiliza sorrisos e choros 
involuntariamente, balbucios e sons consoantes. 
Veja a seguir a subdivisão do estágio sensorimotor: 
 
 
 
• Até a sexta semana, há três reflexos primários, sugar, seguir 
objetos que se movem e fechamento da mão quando em contato 
com algo. Tais reflexos podem ser estimulados carinhosamente. 
• Da sexta semana até os quatro meses, as reações circulares 
primárias acontecem por meio de imitação e reprodução de 
algumas reações. Nesta fase, a criança já pode estar na escola e 
exercícios referentes ao estímulo são necessários. 
E
s
tá
g
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 S
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s
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m
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r
nascimento a 6 semanas reflexos primários 
6 semanas a 4 meses
Primeiros hábitos e 
reações circulares 
primárias
4 a 8 meses 
Reações circulares 
secundárias
de 8 a 12 meses
Coordenação de reações 
circulares secundárias
12 a 18 meses
Reações circulares 
terciárias
18 a 24 meses 
Internalização de 
esquemas
 
 
15 
 
• Dos quatro meses aos oito, por meio das reações circulares 
secundárias, o bebê inicia o desenvolvimento de hábitos e 
reproduz ações com um propósito. A criança deve ficar em um 
ambiente livre e protegido, como um tapete de borracha limpo, 
tendo outras crianças para interagir e com brinquedos apropriados. 
• De oito a doze meses, há a coordenação de reações circulares 
secundárias, na qual a criança solidifica a coordenação mão com 
olho e suas ações são orientadas para objetivos. Novamente, 
deixar a criança em um espaço livre é importante, sempre com 
monitoramento. 
• Dos doze meses aos dezoito, as reações circulares terciárias 
somadas à novidade e curiosidade que a fazem ser um 
investigador de objetos que desconhece. Nesta fase, é importante 
o contato com brinquedos diversos, espaços diferenciados e em 
contato com outras crianças. 
• Dos dezoito aos vinte e quatro meses há a internalização de 
esquemas, na qual a criança utiliza símbolos primitivos para 
representações mentais e a criança passa para o estágio pré-
operatório. Nesta fase o brincar é importante, principalmente pela 
socialização. 
 
O Estágio Pré-operatório está relacionado com a socialização, o que 
acontece, na maioria das vezes, com a educação formal. Ao relacionar-se com 
outras pessoas diferentes do seu convívio familiar, há uma ampliação do 
vocabulário, no entanto, a criança pensará de acordo com suas experiências 
individuais; desta forma, terá um pensamento egocêntrico, intuitivo e carente de 
lógica. Desta forma as crianças até os 6 anos não entendem muito bem os 
eventos e apresentam dificuldades para expressá-los. Não há o entendimento 
do “eu” podendo haver uma fala na terceira pessoa, no entanto, as crianças são 
muito curiosas e querem aprender tudo, daí a fase dos porquês. 
 
 
 
 
16 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia a obra O Nascimento da Inteligência 
na Criança, de autoria de Jean Piaget. O 
autor apresenta sua teoria do 
conhecimento consciente como produto 
de uma estrutura cognitiva, e conceitua a 
vida como criação contínua de formas 
cada vez mais complexas, e de sua 
progressiva adaptação ao meio exterior. 
 
Desta forma, ao se pensar a potencialidade da infância, devemos 
consideraros seguintes pontos: 
Todas as pessoas, e principalmente as crianças, têm potencialidades, 
ninguém quer ser nada ou fazer nada. Todos nós somos “sementes” que buscam 
tornar-se algo, não somos simples adaptações do meio para sobrevivermos. 
Possuímos potência para expandir, dominar, criar valor e dar sentido próprio à 
vida, mesmo na mais tenra idade. Isso porque, por termos potência, temos a 
capacidade, inteligência, habilidade, aptidão e talento para desenvolvermos 
nossas capacidades. 
Analise a imagem a seguir, todos nós temos potencial na nossa essência: 
 
 
Todos somos sementes 
 Fonte: https://image.shutterstock.com/image-photo/growing-concept-hand-watering-
young-260nw-1911083272.jpg 
 
 
 
17 
 
As crianças, da sua concepção até os seis anos são maleáveis para 
adaptar-se ao meio e necessitam de toda a atenção para sua formação tanto em 
relação ao seu crescimento, precisando de alimentação saudável, exercícios, e 
de um ambiente saudável, quanto ao seu desenvolvimento com estímulo 
cognitivo, afetivo e social, com o contato com outras crianças e com adultos 
voltados para seu amadurecimento, em um ambiente seguro e protegido, 
inclusive por toda legislação; principalmente com vínculos que despertem suas 
possibilidade de vir a ser. 
Desta forma, o cuidado consciente, desde os primeiros momentos da 
concepção de um ser humano, vai refletir o seu ser para o resto de sua vida. 
 
 
Cuidado com o ser humano 
Fonte: 
https://t3.ftcdn.net/jpg/02/72/54/40/360_F_272544097_r7kRdQZqDHDF4vLKuQKpzRe
Qzi78Ihkz.jpg 
 
 
18 
 
Conclusão da aula 1 
 
 Podemos concluir que a criança é um ser completo, que possui 
potencialidades e essas precisam ser consideradas no processo pedagógico, 
desta forma, e com todo amparo legal, faz-se necessário conhecer as fases de 
desenvolvimento dos seres humanos para saber trabalhar melhor uma educação 
plena. 
 
Ví deo 
Para saber mais sobre a primeira infância apresentada, assista 
ao vídeo Primeira Infância. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=XLYV6VmSNsI 
 
 
Resumo da aula 1 
 
Nesta aula abordaram-se os conceitos de potência e infância e a 
legislação que contempla tais categorias. Vimos a relação entre crescimento e 
desenvolvimento e questionamos a lacuna entre o que é apregoado legalmente 
e sua efetivação na prática. 
Para completar o assunto, percorremos brevemente as fases de 
desenvolvimento piagetiano e os estágios que contemplam nosso objeto de 
estudo, a criança. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Pesquise, na legislação vigente, as leis que fazem alusão à 
potencialidade infantil, em seguida faça um esquema citando 
a lei e os conteúdos contemplados por ela; esse material 
subsidiará suas atividades pedagógicas nas suas vidas 
escolares. 
 
 
 
 
 
19 
 
Aula 2 - Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento e a criança como 
protagonista 
 
Apresentação da aula 2 
 
Ao se pensar nos diretos de aprendizagem e desenvolvimento da criança, 
temos que fundamentar os estudos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
de 2018, legislação que rege a educação no país. Em relação ao protagonismo 
dos alunos, vamos conhecer exemplos que já realizados obtiveram sucesso. 
 
2.1 Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança 
 
 
Base Nacional Comum Curricular 
Fonte: https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/-5ac4d59dcf451.jpg 
 
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que determina 
os objetivos de aprendizagem dos componentes curriculares que visam à 
aprendizagem e ao desenvolvimento global dos alunos 
Desta forma, é nela que vamos buscar fundamento para nossas reflexões. 
A primeira delas é que a BNCC prevê uma relação entre os componentes 
curriculares; tal ligação volta-se para a construção do conhecimento e das 
habilidades e principalmente para a formação de atitudes e valores. O segundo 
 
 
20 
 
ponto relevante da BNCC são os eixos estruturantes da educação infantil: 
interações e brincadeiras. 
As interações e brincadeiras proporcionam para a criança seu próprio 
desenvolvimento, atribuindo o protagonismo de suas ações e a ampliação de 
seu universo social. Kramer (2009) afirma que a interação com o meio 
proporciona à criança o contato com histórias, ideologias, culturas e seus 
significados, o que lhe proporciona a atribuição de sentidos e a internalização de 
conceitos e preconceitos que irão constituir sua consciência. Desta forma, as 
interações são vivências das práticas sociais, nas quais a criança internaliza 
signos sociais com regras, normas, valores, formas e condições de ser e estar 
no mundo. 
Por meio das interações, as crianças aprendem as formas de ser e estar 
nos diferentes grupos, tanto familiares quanto escolares, fundamentando o seu 
processo de desenvolvimento. 
Da mesma forma, o brincar representa um exercício criativo, lúdico e 
flexível que proporciona à criança experiências diversas consigo mesmo e com 
os outros. De acordo com Kishimoto (2003) na brincadeira a realidade interna 
predomina sobre a externa, com a possibilidade de explorar e ensaiar ideias que 
não seriam possíveis em outras situações. Nestes momentos é possível 
perceber a visão de mundo de uma criança, seus desejos, valores e explorar 
seus potenciais e limites; visto que ao brincar ela explicita suas relações 
emocionais, a integração da personalidade e o inconsciente reprimido. 
Ainda de acordo com a BNCC, são seis os direitos de aprendizagem e 
desenvolvimento da criança: 
 
 
 
21 
 
 
Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento 
Fonte: BNCC, 2018 
 
Cada campo de experiência está relacionado com os objetivos de 
aprendizagem e desenvolvimento a serem conquistados no término de cada 
ciclo: 
• creche, para bebês de 0 a 1 ano e 6 meses; 
• creche, para crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; 
• pré-escola, destinada a crianças de 4 a 5 anos e 11 meses. 
 
Em todas os ciclos deve existir o compromisso de se colocar a criança no 
centro da aprendizagem, reconhecendo as experiências e valores humanos, isto 
é, reforçando seu caráter. 
Vejamos cada um dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento 
atribuídos pela BNCC: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e 
Conhecer. 
 
Direitos de Aprendizagem e 
Desenvolvimento: 
Conviver 
Brincar 
Participar
Explorar 
Expressar 
Conhecer-se
Campos 
de 
Experiências 
O Eu, o outros e o nós;
Corpo, gestos e 
movimentos; 
Traços, sons, cores e formas; 
Oralidade e escrita;
Espaços, tempos, 
quantidades, relações e 
transformações.
 
 
22 
 
 
 
 Este direito relaciona-se com a interação com o outro, isso deve acontecer 
por meio brincadeiras e jogos, nos quais regras precisam ser respeitadas; da 
mesma forma trabalha-se com a organização da convivência em grupo no qual 
as crianças possam participar da organização dos espaços de estudos, 
alimentação, organização dos brinquedos. 
 
 
 
O brincar permite a observação do educador em relação ao processo de 
desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, para isso, deve-se disponibilizar 
materiais que possibilitem novas experiências, incentivando a criatividade; 
também, diversificar as experiências sensoriais, provocar conversas sobre as 
atividades realizadas entre outros estímulos possíveis. 
• "Conviver com outras crianças e adultos, em 
pequenos e grandes grupos, utilizando 
diferentes linguagens, ampliando o 
conhecimento de si e do outro, o respeito em 
relação à cultura e às diferenças entre as 
pessoas". (BNCC, p. 38)
Conviver
•"Brincar cotidianamente de diversas formas, em 
diferentes espaços e tempos, com diferentes 
parceiros (crianças e adultos), ampliando e 
diversificando seu acesso a produções culturais, 
seus conhecimentos, sua imaginação, sua 
criatividade, suas experiências emocionais, 
corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, 
sociais e relacionais". (BNCC, p. 38)
Brincar
 
 
23 
 
 
 
 
A participaçãodas crianças deve ser considerada principalmente sobre as 
decisões das atividades a serem realizadas, reunir as crianças e conversar com 
elas sobre as brincadeiras, quais preferem, como desenvolvê-las, pedir opiniões 
sobre a gestão da escola, entre tantos outros fazeres é fundamental na formação 
de verdadeiros cidadãos. 
 
 
 
 A exploração é a busca do conhecimento, desta forma, é importante 
proporcionar às crianças oportunidades de ter contato com diferentes materiais 
concretos e simbólica, buscando, assim, suas diferenças, compará-los, tirar 
conclusões, fazer diferentes usos deles de forma a elaborar saberes próprios. 
• "Participar ativamente, com adultos e 
outras crianças, tanto do planejamento da 
gestão da escola e das atividades 
propostas pelo educador quanto da 
realização das atividades da vida 
cotidiana, tais como a escolha das 
brincadeiras, dos materiais e dos 
ambientes, desenvolvendo diferentes 
linguagens e elaborando conhecimentos, 
decidindo e se posicionando". (BNCC, p. 
38) 
Participar 
• “Explorar movimentos, gestos, sons, 
formas, texturas, cores, palavras, 
emoções, transformações, 
relacionamentos, histórias, objetos, 
elementos da natureza, na escola e fora 
dela, ampliando seus saberes sobre a 
cultura, em suas diversas modalidades: as 
artes, a escrita, a ciência e a tecnologia”. 
(BNCC, p. 38)
Explorar 
 
 
24 
 
 
A comunicação é a base das relações sociais, desta forma, incentivar a 
expressão do aluno é uma forma de garantir este direito. Por meio de rodas de 
conversas, minipalestras, relatos de atividades, enfim, momentos de audição e 
escuta que são fundamentais para o desenvolvimento das diferentes linguagens. 
 
 
 
O conhecimento e reflexão sobre si é fundamental na formação humana, 
assim como ter noção do outro para a construção de uma identidade. Toda forma 
de expressão deve ser respeitada, visto que desta forma a aceitação das 
diferenças faz com que a criança tenha uma percepção positiva de si e dos 
outros. 
Todos estes direitos devem ser trabalhos de forma sistematizada, com 
objetivos claros e bem definidos. Desta forma, o professor estará caminhando 
rumo à construção de pessoas que se respeitem, busquem conhecimentos e 
tenham mais oportunidades na sua elaboração como pessoa. 
 
2.2 Alguns percursos históricos do protagonismo infantil 
 
A ideia de a criança ser protagonista de sua aprendizagem não é nova. O 
termo protagonismo remete à ideia de ser o figurante principal de um processo, 
• "Expressar, como sujeito dialógico, criativo e 
sensível, suas necessidades, emoções, 
sentimentos, dúvidas, hipóteses, 
descobertas, opiniões, questionamentos, por 
meio de diferentes linguagens". (BNCC, p. 
38)
Expressar
• "Conhecer-se e construir sua identidade 
pessoal, social e cultural, constituindo uma 
imagem positiva de si e de seus grupos de 
pertencimento, nas diversas experiências 
de cuidados, interações, brincadeiras e 
linguagens vivenciadas na instituição 
escolar e em seu contexto familiar e 
comunitário". (BNCC, p. 38) 
Conhecer-se 
 
 
25 
 
deriva do grego protagonistes, no qual protos constitui principal ou primeiro e 
agonistes, lutador ou competidor. 
O protagonismo infantil vê na criança um ser dotado de direitos e 
capacidade, podendo, desta forma, fazer parte do seu processo de 
desenvolvimento tanto pessoal quanto social. Um bom exemplo disso em nossa 
legislação é que no Estatuto da Criança e do Adolescente a criança é ouvida em 
casos judiciais, respeitando, obviamente, o seu grau de maturidade. 
Para compreender mais o protagonismo infantil, vamos conhecer algumas 
escolas que tiveram como norte a ideia da real participação dos alunos no 
processo educacional, como a Escola da Ponte, Summerhill School, a escola de 
Reggio Emilia. Observe que nas descrições das escolas aparecem apontados 
os direitos citados na BNCC. 
 
2.2.1 Summerhill School 
 
Alexander Sutherland Neill (1883 – 1973), educador e escritor escocês, 
fundou sua escola denominada de Summerhill School, em 1921, em Dresden, 
na Alemanha, mas desde 1927, está localizada em Suffolk, na Inglaterra. Em 
Summerhill, alunos, professores e comunidade escolar convivem 
igualitariamente, com liberdade e responsabilidade (BNCC – Conciver). 
Neill fundou esta sua escola acreditando que "Nossa cultura não tem tido 
grande sucesso. Nossa educação, nossa política, nossa economia levam à 
guerra. Nossa medicina não põe fim às moléstias. Nossa religião não aboliu a 
usura, o roubo... Os progressos da época são progressos da mecânica em rádio 
e televisão, em eletrônica, em aviões a jato. Ameaçam-nos novas guerras 
mundiais, pois a consciência social do mundo ainda é primitiva." (NEILL, 1977, 
p. 76) 
Ela pode ser considerada a primeira escola democrática, na qual o sistema 
educativo tem como base a liberdade da criança para escolher e decidir o que 
quer aprender, em seu próprio ritmo; sempre considerando a sensibilidade e o 
afeto, guias da felicidade do sujeito enquanto aprendiz. Para seu fundador, a 
educação deve voltar-se para a dimensão emocional do aluno, desta forma, a 
sensibilidade ultrapassa a racionalidade (BNCC – Conhecer-se). Vejamos seu 
 
 
26 
 
pensamento: “Gostaria antes de ver a escola produzir um varredor de ruas feliz 
do que um erudito neurótico”. (Neill,1977, p. 52) 
Em Summerhill as aulas são opcionais, as disciplinas seguem o currículo inglês 
tradicional, com aulas de Ciências, Matemática, Inglês, Línguas Estrangeiras, 
História, Geografia e Arte, além de cursos de teatro, música, carpintaria e 
informática; contudo com adaptações às necessidades, ritmos e tempo de cada 
aluno. Seu fundador acreditava que cada aluno iria responder ao estímulo da 
aprendizagem no momento que desejasse e contava com a curiosidade do aluno 
para isso (BNCC – Explorar). 
Seu fundador acreditava que as crianças são naturalmente curiosas e se 
receberem recursos e orientação que pedirem, serão estudantes entusiasmados 
e terão prazer em aprender. Não há prova e consequentemente, reprovações. 
Se algum aluno decidir estudar convencionalmente, ele pode, se for de 
interesse dele (BNCC – Conhecer-se). Nas avaliações nacionais os alunos da 
Summerhill têm obtido notas superiores à média. 
Na escola funciona a Gestão Democrática. Duas vezes por semana todos 
os integrantes da escola reúnem-se e expõem suas opiniões, reclamações, 
sugestões e as decisões são tomadas por meio de votação (BNCC - Expressar). 
O que resulta em um convívio de respeito mútuo sem hierarquia ou controle 
(BNCC - Participar). 
Cria-se assim, um ambiente de confiança, o que auxilia em muito na 
aprendizagem. Desta forma, a participação dos alunos nas decisões da escola 
acontece em quase todos os processos, menos na área financeira. Os alunos 
têm liberdade de fazer o que desejarem, contando que não atrapalhem aos 
outros e sigam o que foi determinado na assembleia. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia a obra Liberdade sem medo, de A. 
S. Neill. 
O autor narra a história de Summerhill, a 
escola que se transformou na maior 
experimentação do mundo na busca de 
liberdade, lúcido amor e aprovação à 
criança. 
 
Vejamos o que o autor pensa sobre a educação: “Para resumir, meu ponto 
de vista é que a educação sem liberdade resulta numa vida que não pode ser 
integralmente vivida. Tal educação ignora quase inteiramente as emoções da 
vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta de oportunidade de 
expressão deve resultar, e resulta, em insignificância e hostilidade. Apenas a 
cabeça é instruída. Se as emoções tivessem livre expansão, o intelecto saberia 
cuidar de si próprio. " (NEILL, 1977, p. 93). 
 
2.2.2 A escola de Reggio Emilia 
 
Loris Malaguzzi foi pedagogo nascido em Correggio em 1920. Começou 
a ensinar na escola primária em 1940 em Sologno, perto da cidade de Reggio 
Emilia, ao norte da Itália. Próximodali, na Villa Cella, cidade devastada durante 
a Segunda Guerra Mundial, mães decidiram construir uma escola para seus 
filhos. 
 
Saiba Mais 
 
Emilia Romana, cuja capital é Bolonha, é uma região do 
Norte da Itália com 4 milhões de habitantes, composta por 
109 províncias; uma delas é Reggio Emilia, que está dividida 
em 45 comunas, as quais equivalem aos nossos municípios, 
sendo sua capital a cidade de Reggio Emilia. 
 
A primeira escola foi entregue em 1961, era um prédio de madeira e foi-
lhe dado o nome de Robinson, com atendimento para 60 crianças. A escola foi 
 
 
28 
 
erguida com a venda de um tanque de guerra, seis cavalos e três caminhões, 
deixados pelos alemães 
 Tal projeto chamou a atenção de Loris Malaguzzi, seguiu para Villa Cella 
e se encantou com tal experiência. Novas escolas foram construídas, todas 
operadas por pais e com o auxílio do Comitê Nacional para Libertação; que 
empreendeu todos os seus esforços ampliando seus anseios pedagógicos com 
a realidade posta e oferecer uma educação de qualidade, que respeite os direitos 
e que dê subsídios necessários para que desenvolvam suas cem, ou mais, 
linguagens. 
 
Para Refletir 
 
De acordo com Malaguzzi: “Esta ideia pareceu-me incrível! 
Corri até lá em minha bicicleta e descobri que tudo aquilo era 
verdade. Encontrei mulheres empenhadas em recolher e 
lavar pedaços de tijolos. As pessoas haviam-se reunido e 
decidido que o dinheiro para começar a construção viria da 
venda de um tanque abandonado de guerra, uns poucos 
caminhões e alguns cavalos deixados para trás pelos 
alemães em retirada.” (1999, p. 59) 
 
Esta concepção despertou no pedagogo a ideia de que a criança deveria 
ser a protagonista (BNCC – Participar) na construção do seu conhecimento; 
não se ensina somente transmitindo conhecimentos, mas os construindo 
coletivamente, como aquelas mulheres comuns, porém ambiciosas que 
decidiram construir e operar a escola de seus filhos. A escola de Reggio Emilia 
é inovadora, pois os pais dos alunos fazem parte dela; porque os eventos são 
organizados pelas famílias, professores e alunos, buscando a integração e a 
coletividade; (BNCC – Participar) já que constitui uma continuidade do lar; e por 
causa da crescente intensificação do seu papel sociocultural social. 
Segundo Malaguzzi (1999, p. 62), é necessário reconhecer o direito da 
criança de ser protagonista e a necessidade de manter a curiosidade espontânea 
de cada uma delas em um nível máximo. Deve haver a necessidade de preservar 
a decisão de aprender com as crianças (BNCC – Expressar), com os eventos e 
com as famílias, até o máximo dos limites profissionais, e manter uma prontidão 
para mudar pontos de vistas, de modo a jamais se ter certezas demasiadas. 
 
 
29 
 
No final da década de 60, a administração da escola pelas mães e pais 
foi substituída pela da municipalidade ao mesmo tempo em que fundos públicos 
voltavam-se para a educação infantil 
Em 1991, a Igreja Católica iniciou uma campanha pública difamando a 
escola, acusando-a de corromper as crianças. De acordo com o próprio 
Malaguzzi: “o ataque sobre nossas escolas, foi o rápido crescimento da 
influência cultural de nossa experiência”. Entretanto, em 1991 a escola listava 
entre as dez melhores escolas do mundo. 
Após permanecer por sete anos em Villa Cella, Malaguzzi deixou a cidade 
e uma crítica a uma escola operada pelo Estado, a qual adere a uma “[...] 
estúpida e intolerável indiferença para com as crianças, à sua atenção 
oportunista e obsequiosa para com a autoridade e à sua esperteza auto 
aproveitadora, empurrando um conhecimento pré-embalado”. (MALAGUZZI, 
1999, p. 60) 
Mais tarde Loris Malaguzzi foi secretário de educação do município de 
Reggio Emilia. Loris Malaguzzi morreu em 1994. 
Atualmente a Reggio Emilia é uma escola em contínua mudança, que se 
propõe a repensar-se e reconstruir-se constantemente; que considera 
fundamental a interação entre sistema de escolarização e o mundo da família, 
de modo integrado e participativo; (BNCC – Participar) que ressalta a 
centralidade da criança no processo educativo, mas também a integração com 
os professores e as famílias. Por natureza, é uma escola inovadora, na qual 
criança, professor e família se relacionam de modo integrado e coletivo. 
A escola funciona da seguinte forma: as escolas denominadas Asilo Nido 
atendem crianças de três meses até três anos, distribuídas em grupos etários, 
os Lactantes, Pequenos, médios e Grandes. Há um adulto para cada sete 
crianças na primeira fase e um adulto para cada treze alunos na segunda. O 
tempo de atendimento às crianças é de trinta horas semanais mais seis horas 
de trabalhos em equipe dos profissionais que atendem os alunos, são realizados 
elaboração dos projetos e didática, preparação de encontros com os pais para 
socialização dos projetos e do desenvolvimento do trabalho e para elaboração 
da documentação pedagógica. 
 
 
 
 
30 
 
2.2.3 Escola da Ponte 
 A Escola da Ponte é uma instituição pública situada em Portugal, no 
município de Santo Tirso, próximo à cidade do Porto. Desde 1976 ela trabalha 
com o protagonismo dos alunos considerando seus interesses. 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia a obra A escola com que sempre 
sonhei sem imaginar que pudesse existir, 
de Rubens Alves. 
O livro apresenta a Escola da Ponte, na 
qual são os alunos que estabelecem os 
mecanismos da gestão escolar e a vida 
social depende de que cada um abra mão 
da sua vontade, naquilo em que ela se 
choca com a vontade coletiva. E assim 
vão as crianças aprendendo as regras da 
convivência democrática, sem que elas 
constem de um programa. 
 
 A escola é organizada em núcleos de iniciação, consolidação e 
aprofundamento. Na fase de iniciação, os alunos têm um tutor que demonstra as 
regras de convivência coletiva e os compromissos a serem assumidos nos 
processos de aprendizagem; (BNCC – Participar) na consolidação a tutoria 
diminui, e o aluno começa a gerir como estudar o primeiro ciclo do currículo 
nacional de forma autônoma; no aprofundamento, os alunos passam a gerenciar 
as atividades do segundo ciclo do currículo nacional. 
 Os conteúdos a serem estudados são organizados em seis grupos: 
• linguística (Língua Portuguesa, Inglesa, Francesa e Alemã); 
• lógico-matemática (Matemática); 
• naturalista (Estudo do Meio, Ciências da Natureza, Ciências Naturais, 
Físico-Química e Geografia); 
• identitária (Estudo do Meio, História e Geografia de Portugal e História); 
• artística (Expressão Musical, Dramática, Plástica e Motora, Educação 
Física, Educação Visual e Tecnológica – E.V.T., Educação Musical, 
Educação Visual, Educação Tecnológica e T.I.C.); 
• pessoal e social (Formação Pessoal, Ensino Especial e Psicologia). 
 
 
31 
 
Os professores são tidos como orientadores educativos e acompanham 
as questões relacionadas aos conteúdos curriculares e comportamentais. Os 
alunos escolhem um tutor para ser seu orientador (BNCC – Participar e 
conviver) e juntos analisam os conteúdos apreendidos, buscam informações, 
saneiam dúvidas e decidem se o aluno conseguiu atingir os objetivos propostos, 
desta forma, não há avaliação formal. Todavia há o comprometimento tanto do 
aluno quanto do tutor na construção do conhecimento. 
Este processo busca a formação de pessoas autônomas, responsáveis, 
solidárias, cultas e comprometidas democraticamente com a construção de seu 
destino e da comunidade em que vive 
Periodicamente são realizadas assembleias com a participação de pais, 
professores, alunos, funcionários para discutir as normas e regras da escola; há 
o uso de uma caixa de segredos no qual podem ser postados reclamações, 
sugestões, necessidade e outras questões de forma anônima (BNCC – 
Participar). 
 
Ví deo 
 
Para entender melhor, não deixe de assistir ao vídeo Rubem 
Alves Fala sobre a Escola da Ponte. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=MtGyHzIafLcObserve que no vídeo e nas escolas citadas os direitos apregoados pela 
BNCC aparecem várias vezes e poderiam ser apontados muitos mais, tal 
exemplificação teve como objetivo perceber a importância da formação da 
criança para uma vida futura e principalmente que a possibilidade de sua 
efetivação é possível. 
 
Conclusão da aula 2 
 
Fica claro que todo ser humano tem potencialidades na sua infância e essa 
precisa ser exercida, isso se dá com a criança como protagonista de sua história. 
 
 
32 
 
Comprovação disso são as legislações de nosso país, como a BNCC, que prevê 
habilidades inatas nas crianças e com isso determina seus direitos. 
A título de conclusão vamos conhecer brevemente a educação infantil no 
Japão, denominada de Yochien. Lá ela não é obrigatória, mas os japoneses 
acreditam que quanto mais cedo começar a educação melhor será o 
desempenho dos alunos, lembrando que existe valorização e competição entre 
os estudantes; desta forma, a rotina e a disciplina são rigorosas. Não há 
avaliações para esta fase de ensino, que se volta para a formação de caráter e 
a responsabilidade por si mesmo. 
O interessante para nossos estudos é que os alunos, desde muito cedo, 
são responsáveis pelo cuidado com seus materiais e a limpeza do ambiente 
escolar, eles se revezam para o trabalho de cuidado com a limpeza, isso para 
desenvolver o espírito de equipe, empatia e autonomia; não existindo zeladores. 
Assim como nos momentos de refeições, que ocorrem dentro das salas de aula, 
os alunos se servem e são responsáveis pela limpeza do ambiente. 
Outro fator importante é que os alunos pequenos vão para a escola a pé e 
sozinhos, claro que devemos considerar os fatores de segurança diferentes em 
nosso país. 
 
Resumo da aula 2 
 
Nesta aula, estudamos os direitos de aprendizagem e desenvolvimento 
das crianças com base no que é posto na BNCC. Analisamos cada um dos 
direitos apregoados por esta determinação legal. Em seguida foram 
apresentadas algumas escolas que fazem uso do protagonismo infantil para 
fundamentar bases de sua realização. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Pesquise atividades desenvolvidas na Educação Infantil, 
selecione um dos direitos da aprendizagem e do 
desenvolvimento da criança apregoados pela BNCC. Em 
seguida, marque o direito mais significativo da atividade 
pesquisada. Faça um arquivo das mesmas para seu uso em 
seus estudos e prática pedagógica. 
 
 
33 
 
Aula 3 - Família e Escola como parceiras 
 
Apresentação da aula 3 
 
 Como vimos no capítulo anterior, uma das grandes preocupações da 
educação no Japão é a formação do caráter, que começa nos primeiros anos de 
vida do ser humano. Desta forma, é responsabilidade da família ensinar a ordem, 
o respeito às regras de conduta e atribuir limites nas crianças desde muito cedo. 
A nossa Lei de Diretrizes e Base da Educação é bem clara quanto a 
família ser responsável pela educação dos seus filhos, vejamos o que ela traz: 
 
 
 
 LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 
 
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte Lei: 
 
TÍTULO I 
 
Da Educação 
 
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida 
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos 
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (grifo 
nosso) 
 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 
 
 Todavia, temos vários problemas educacionais relacionados com a falta 
de percepção do encargo dos pais ou responsáveis pelos processos formativos 
das crianças. Responsabilidade que é repassada equivocadamente à escola. 
Acredita-se que a solução do problema relacionado à falta de caráter nas 
crianças seja de autoridade só da escola. Desta forma, vamos discutir uma real 
necessidade da relação entre a escola e a família na busca de soluções 
possíveis para a melhoria da educação de nossos jovens. 
 
 
 
 
 
34 
 
3.1 A Família 
 
 O primeiro passo para a compreensão entre a possível parceria entre a 
escola e os responsáveis pelas crianças é conhecer os tipos de famílias que 
existem na atualidade. Diferentemente do Japão, que preza por uma tradição e 
possui características próprias; temos em nosso país uma dinâmica familiar 
própria. 
 O padrão tradicional de organização familiar, com pais, filhos e outros 
parentes vivendo num mesmo ambiente, sofreu mudanças relacionadas ao 
processo de globalização da economia capitalista. Há uma queda de 
fecundidade e um declínio significativo no número de casamentos formais, 
famílias estruturadas com pais que não convivem, mulheres e homens que 
constituem famílias sendo o único responsável pelas crianças, casais 
homoafetivos, entre outras formas diversificadas de convívio. 
 A família é considerada, atualmente, como um grupo aparentado que se 
responsabiliza pela socialização de uma ou mais crianças na busca da satisfação 
de suas necessidades básicas. Isso pode se dar em um grupo que convive por 
um período indefinido de tempo, devido à relação de sangue, casamento, aliança 
ou adoção. Veja a seguir, na imagem, os vários tipos de família: 
 
 
35 
 
 
 
Tipos de Família 
Fonte: 
https://i.pinimg.com/originals/bd/34/0c/bd340c7ec451fcf85574aa9719e46093.jpg 
 
 A construção diferenciada de uma família tradicional pode parecer, a 
princípio, uma forma de desestruturação para a criança. No entanto, ela não 
pode ser encarada negativamente, isso quando a relação entre as pessoas se 
dá de forma equilibrada do tipo matrimonial. Sabemos que muitas vezes uma 
criança que vive com os pais pode sofrer vários tipos de abusos. E claro, que se 
houver uma relação saudável entre o adulto responsável pela criança e a 
mesma, todos os diferentes tipos de relação são positivos. 
 Cabe aqui ressaltar que quando a criança convive com as diferenças de 
forma equilibrada, tende a entender os diferentes papéis sociais atribuídos aos 
 
 
36 
 
homens e mulheres, o que reflete em uma formação saudável em outras esferas 
da atividade humana; entendendo, assim, a diversidade de relações sociais. 
Desta forma, ser filho de uma família dita “desestruturada” não justifica 
dificuldades escolares das crianças. O importante é saber se a criança é 
protegida e cuidada independentemente da forma de arranjo familiar em que 
convive. 
E assim, adentramos em outro ponto importante, abstraindo-se o tipo de 
família, devemos questionar como esta família lida com a criança. Na busca de 
ser bons pais, muitos não se atêm às reais necessidades na formação de seus 
filhos, o que resulta em crianças indisciplinadas, imperiosas, apreensivas e/ou 
alienadas. O que é muito comum acontecer. 
Todavia, devemos considerar que estes pais são resultantes de uma 
sociedade fundamentalmente capitalista, marcada pelo consumismo, 
competição, violência, sexualização infantil, entre tantos outros aspectos que 
marcam a vida de todos nós. Em uma sociedade capitalista, temos a sensação 
de que a felicidade se dá pelo ter e não pelo ser. Isso faz com que busquemos 
a felicidade em possuir coisas e não as ter nos traz uma falsa percepção de 
infelicidade; o que gera uma necessidade de competição, inveja, incertezas, 
superficialidade e baixa autoestima. 
Os filhos são reflexos das relações que vivem em família, de acordo com 
Aparecida e Rebelo (2003, p. 69), são três as características dos pais: 
“autoritários, permissivos e democráticos”: 
• Pais autoritários – são rigorosos, pouco comunicativos, não 
demonstram afeto, são controladores, são restritivos, têm rigorosos 
padrões preestabelecidos e valorizam a obediências às normas; 
• Pais permissivos – são afetuosos, comunicam-se com os filhos, 
contudo, não têm controle de limites, são muito tolerantes e 
indulgentesaos desejos e atitudes; 
• Pais democráticos – são equilibrados em relação aos controles das 
ações; são afetivos e estimulam a criticidade; buscam o 
amadurecimento da criança, sua independência e uso de respeito; 
são flexíveis, mas possuem regras e limites claros e objetivos. 
 
 
 
37 
 
Não há dúvidas que os pais democráticos são os ideais, contudo não é 
muito fácil conseguir e manter estes predicados. Obviamente, existem outros 
parâmetros nas características dos pais e estas mesclam-se. Devemos sempre 
lembrar que ao se trabalhar com seres humanos, é necessário considerar nossa 
mutabilidade, estados emocionais e contextos que se modificam 
constantemente. 
Mas é perceptível os reflexos no comportamento das crianças da postura 
dos pais. Desta forma, a família tem um papel decisivo na educação formal e 
informal dos filhos. E cabe aqui retomarmos a máxima que a educação de uma 
criança começa em seus avós; pensar em como os pais de nossos alunos foram 
educados, dos quais os valores solidários, afetivos, éticos e humanitários são 
constituídos. 
Isso não significa que tais valores não possam ser construídos pelas 
crianças em qualquer tempo, contudo isso exige maior exercício educacional; o 
que só é possível com o trabalho colaborativo entre a escola e a família; que no 
caso também precisa apreendê-los. E aqui cabe um adendo, muitas vezes, as 
crianças ensinam seus pais a terem uma atitude de justiça e honestidade, isso 
pode ser visto, por exemplo, nas regras de trânsito; comumente vemos crianças 
chamando a atenção dos pais em relação à transgressão de alguma regra. 
A busca de valores morais e sociais, justiça, honestidade, cuidado com o 
próximo, equilíbrio, assertividade entre outros adjetivos é o desejo de todos nós, 
contudo sabemos que existem lacunas, visto que somos seres humanos e temos 
falhas, desvios e defeitos; cabendo a todos nós repassarmos tais valores aos 
nossos jovens. Isso frente a uma visão democrática, na qual as crianças tenham 
uma boa base, autonomia e criticidade para fazer suas escolhas. 
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) os 
princípios necessários no processo educacional da criança são os princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, que tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. (LDB, 1998, art. 2º., p.13) 
O que precisa ser considerado é que as crianças são como esponjas, que 
absorvem nossas atitudes muito mais do que nosso discurso. Desta forma, os 
exemplos são mais valiosos que nossas lições. 
 
 
 
38 
 
3.2 Os pais e a vida escolar dos filhos 
 
Como já dito, a participação dos pais na vida dos filhos é inerente à função 
de educar, isso deve acontecer em casa e junto à escola. Quando os pais 
acompanham o desempenho escolar dos filhos, esses tendem a melhorar cada 
vez mais. Mais uma vez não podemos ter um olhar ingênuo em relação à 
participação presencial e efetiva dos pais nas escolas, eles são pessoas que 
precisam trabalhar e têm compromissos que não consideram tal integração. O 
ideal é que houvesse uma legislação que desse oportunidade de espaços 
periódicos para visitas dos pais às escolas. 
Temos um poderoso atributo legal, a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (Lei 9394/96), que no artigo 12 esclarece os deveres da família como 
responsáveis pelo desenvolvimento educacional da criança, bem como a escola 
em articular processos de interação com as famílias, essas devem manter-se 
informadas sobre a proposta pedagógica da escola, a frequência e o rendimento 
dos alunos. 
Desta forma, os professores precisam tomar cuidado quando houver a 
presença dos pais, isso porque normalmente acontece na entrega de boletins de 
notas ou convocações. Os pais não podem ver na escola um espaço somente 
de reclamações ou queixas em relações aos seus filhos, da mesma forma que 
os professores não podem pedir aos pais que ensinem conteúdos específicos de 
suas disciplinas, este é papel da escola. A escola tem a especificidade de ensinar 
e isso se dá para com os pais também, desta forma, a escola deve ensinar aos 
responsáveis dos alunos como acompanhar as atividades de casa, como 
organizar uma agenda de estudos, como ajudar os filhos a cumprir horários, 
enfim, fazer com os pais ajudem os professores no processo ensino-
aprendizagem, devendo haver uma parceria na busca da formação dos nossos 
alunos. 
Ví deo 
 
Ouça o pensamento do filósofo Mário Sérgio Cortella sobre 
família e escola. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=dfkb6H8qUsg 
 
 
 
39 
 
 
O ideal é que a escola proporcione contatos periódicos com os pais, 
repassando os processos educativos, que os professores esclareçam os tipos 
de colaboração que os pais possam realizar em relação às atitudes e hábitos de 
comportamento e outras formas de acompanhamento da aprendizagem e tipo 
de educação exercida no ambiente escolar. 
Desta forma, os pais podem amparar os processos educativos em casa, 
com acompanhamento das atividades escolares. Isso não significa que os pais 
têm a responsabilidade de ensinar ou realizar a tarefa pelo filho, pelo contrário, 
eles precisam proporcionar tempo e lugares adequados de estudos em casa, 
ajudar a organizar cronograma de estudos, verificar a realização das tarefas e 
sobretudo separar um tempo para ouvir prazerosamente sobre o que foi 
realizado na escola; este tipo de reforço estimula a criança a pensar, refletir e 
buscar mais sobre os conteúdos estudados. O uso de agenda escolar é 
altamente recomendada para troca de comunicação entre escola e família. 
Ter um tempo específico para estudar em casa é um compromisso 
familiar, todos devem colaborar com silêncio, interesse, participação. Se um dia 
não houver atividades enviadas pela escola, que este tempo seja utilizado para 
leitura de um livro, revista em quadrinhos, de forma que o compromisso de 
estudo constante se realize. Desta forma, este momento será benéfico para 
todos da família. A organização de uma minibiblioteca em casa é uma tarefa 
recomendada, enquanto um realiza as atividades, os outros podem estar lendo, 
desenhando, pintando. Desta forma cria-se uma fruição frente ao processo 
educativo. As tarefas e os estudos não podem ter caráter punitivo, e sim um 
caráter formativo, tornando o aprender prazeroso. 
A leitura é um hábito extremamente saudável em todas as idades e deve 
ser uma prática diária. Soares (2000) explica que ao se ler para uma criança se 
está desenvolvendo uma fonte de prazer e ao mesmo tempo, oferecendo tempo 
de presença com os filhos. Assim, além da “viagem” pelos diversos universos 
proporcionados pelos livros, há uma associação entre a leitura e momentos 
coletivos prazerosos, que funcionará durante os primeiros anos de vida como 
uma “propaganda para a mente”. 
 
 
40 
 
Desta forma, cada instância social cumpre seu papel, os pais de 
acompanharem seus filhos, a escola de sua especificidade e juntos voltam-se 
para a formação das crianças. 
 
Conclusão da aula 3 
 
As crianças são reflexo do modo como seus pais os veem e tratam. E 
independentemente de como a família se constitui, os pais ou responsáveis são 
de extrema importância para o desenvolvimento de seus filhos, uma vez que as 
crianças os copiam e levam suas experiências para a vida. A escola consegue 
fazer uma grande formação na criança também, mas o mais adequado é o 
contato mútuo entre estes dois núcleos para melhorar o desenvolvimento dela, 
com os pais também se entrepondo em suas tarefas, tanto dentro de casa como 
as da escola. 
 
Resumo da aula 3 
 
Nesta aula foi discutido a relação entre a escola e a família. Para isso, em 
um primeiro momento, retomou-se os tipos de família e sua influência na criança, 
em seguida, a relação dos pais com a vida escolar dos filhos. Ficou claro, desta 
forma, que tanto a família quantoa escola constituem relevantes alicerces para 
orientá-los no desenvolvimento cognitivo e social. Desta forma, entende-se que 
com apoio e incentivo vindos das principais bases que sustentam a construção 
do indivíduo, esse terá no futuro uma formação responsável e consciente de seu 
papel no mundo. 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Pesquise formas de realizar a parceria entre a escola e as 
famílias, elabore em seguida estratégias positivas que 
possam ser utilizadas em uma situação real. 
 
 
 
 
 
41 
 
Aula 4 - As relações da parentalidade consciente na formação e 
desenvolvimento das crianças 
 
Apresentação da aula 4 
 
 O termo parentalidade é definido como a qualidade do que é parental, 
sendo um estado ou condição de quem é pai ou mãe, entretanto, a parentalidade 
vai além das relações biológicas. Ela é o conjunto de atividades exercidas pelos 
adultos que convivem com uma criança, sendo referência em relação aos 
vínculos afetivos, socais, morais e éticos, principalmente nos primeiros anos de 
vida. A importância disso se dá, visto que os cuidados, a estimulação, a 
determinação de limites e o desenvolvimento da autonomia são vínculos que irão 
formar a base da vida do futuro adulto. 
 
4.1 Parentalidade consciente – o que é isso? 
 
O termo parentalidade é originário do inglês parenting, foi utilizado, em 
1959, pela psicanalista húngara Therese Benedek (1892 –1977) ao se referir às 
mudanças no desenvolvimento libidinal ligadas a tornar-se pai e mãe. O 
psicanalista francês Paul-Claude Racamier (1924-1996) usou o termo na década 
de 60 para enfatizar o caráter processual implicado no exercício das funções dos 
pais em relação aos filhos. Na década de 80, René Clement (1913 – 1996) e 
Serge Lebovici (1915 – 2000), apresentam uma visão transgeracional sobre o 
que se herda da família, o que se passa como legado e, também, incorpora uma 
visão social, de como se incorpora essa herança. Eles reconheceram que se 
tornar pai ou mãe é um processo que envolve construções e aprendizagem, 
inclusive com a participação do filho, independentemente de sua idade. 
Atualmente o termo parentalidade expande-se para toda uma geração 
daqueles que convivem e cuidam das crianças, isto contempla os pais, avós e 
responsáveis pelos cuidados dela. Desta forma, todo o discurso, crenças e 
valores de uma geração são considerados na formação de um ser, 
considerando-se, desta forma, o contexto de convivência de todos que cercam 
o jovem. Portanto, a parentalidade está diretamente relacionada à formação do 
indivíduo independentemente das relações dadas pelo nascimento; 
 
 
42 
 
contemplando assim, os pais adotivos, os avós, os cuidadores, professores entre 
tantos outros. 
Desta forma, a busca de uma parentalidade consciente requer maior 
atenção para algumas qualidades, entre elas podemos citar: 
• A escuta com afabilidade plena; 
• Concordância sem juízo da criança; 
• Compreensão emocional de si da criança; 
• Autocontrole na relação parental; 
• Complacência por si e pela criança. 
 
A escuta com afabilidade plena volta-se para a total atenção nas 
interações, fazendo com que a criança se sinta partícipe do processo 
comunicativo e com isso, há a promoção de sua autoestima, que dá por meio da 
linguagem verbal e não verbal, desta forma as expressões faciais e a linguagem 
corporal são importantes no processo de formação. 
A concordância sem juízo da criança está relacionada com a 
parentalidade consciente pela aceitação das características e comportamentos 
do ser em formação. Desta forma, o prestar atenção e aceitar suas limitações 
tornam o jovem um ser mais confiante e determinado. Todavia, deve haver o 
cuidado em relação aos limites, assunto a que retomaremos ao longo do texto. 
A compreensão emocional de si da criança é um fator determinante 
nas relações em geral e principalmente com as crianças. Ter compreensão das 
próprias emoções e das dos filhos constitui a base no processo de escuta e de 
aceitação. Em situações em que não há equilíbrio emocional, os processos 
devem ser vistos de forma diferenciada, exigindo um procedimento de volta à 
calma para retomada dos processos citados. Devemos lembrar que a emoção 
está diretamente relacionada aos processos cognitivos. O que nos leva à 
próxima característica. 
O autocontrole na relação parental busca o controle de reações aos 
comportamentos das crianças, que estão vinculados aos objetivos e valores 
estabelecidos na família. A construção de relações afetivas de diálogo, atenção 
e respeito exigem um controle emocional e contribuem para o desenvolvimento 
das mesmas na criança. Para se chegar a esta fase é necessário desenvolver e 
 
 
43 
 
ter clareza dos objetivos parentais, da monitoria das ações realizadas e 
principalmente da elaboração de regras de convívio. 
A complacência por si e pela criança está voltada para a empatia no 
cuidado. A criança tem necessidade de se sentir acolhida e cuidada, isso se dá 
quando o cuidador tem prazer no que faz e transmite este sentimento para ela. 
Isso auxilia no sentimento de culpa pelo tempo despendido no cuidado, 
tornando-o positivo e satisfatório para o cuidador e a criança. 
 
Ví deo 
 
Para saber mais, assista ao vídeo Análise Direta - 
"Parentalidade Consciente" - Iara Mastine 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=d7ehn4dOax8 
 
 
A relação parental consciente auxilia na melhor adaptabilidade na prática. 
E com isso, há maior enquadramento na compreensão das variáveis que 
influenciam todo um processo. Isso está relacionado com as características 
individuais e os contextos nos quais os envolvidos estão inseridos. Todavia há 
de se considerar que para o bem-estar psicológico dos envolvidos deve-se 
ponderar sobre as características de cada criança e de seus cuidadores, a 
relação existente entre os membros da família, as redes e contextos sociais e o 
desenvolvimento da criança. 
 
Amplie Seus Estudos 
 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia a obra Parentalidade Consciente de 
Daniel Siegel e Mary Hartzell 
Os autores escrevem como tratar com as 
crianças de maneira saudável e 
compassiva de forma responsável, 
consciente e plena. 
 
 
 
 
44 
 
4.2 Parentalidade consciente – formação e desenvolvimento da criança 
 
Como diz um velho ditado, não há manual de como ser pais. Mas há como 
se aprender a ser um. Neste sentido existe a concepção de parentalidade 
consciente. O que faz com que a relação familiar se torne mais segura e busque 
uma boa formação e desenvolvimento das crianças. 
Os pais ou responsáveis pela criação de uma criança podem entender e 
buscar a melhor forma de cuidar dos seus entes. Entre todo o carinho, atenção 
e cuidado é necessário saber que existem limites e dificuldades nas relações 
afetivas, sendo assim, devemos considerar que todo ser humano, 
independentemente de sua idade, consegue entender e ter consciência da 
importância das regras e dos combinados. Contudo existem emocionalmente 
algumas dificuldades para exercê-los, devido aos limites humanos. Desta 
maneira, ter clareza e exercer as regras, por todos, no convívio social é 
fundamental. Seguir as determinações do grupo traz segurança e estabilidade, 
isso quando decidido e exercido por todos. 
A relação entre liberdade e responsabilidade deve ser exercida desde os 
primeiros anos de vida e compartilhada por todos na família com igual peso. 
Quando uma norma é decidida coletivamente em família e compreendida por 
todos, seu cumprimento torna-se natural e de forma internalizada. Desta forma, 
cria-se um ambiente de respeito e reciprocidade e quando houver necessidade 
de algum tipo de repreensão não haverá o peso da culpa, evitando também 
algum tipo de manipulação em relação à transcrição de uma regra. 
Importante 
 
A parentalidade consciente e a disciplina positiva utilizam de 
conceitos reais de respeito, responsabilidade e resiliência. 
 
 
 
Tradicionalmente, asfamílias acreditam que os pais devem ser 
respeitados ao mesmo tempo que não ouvem seus filhos em relação às regras 
pretendidas; sem respeitá-los. O que ocasiona uma postura imperativa que 
muitas vezes é quebrada. Outras famílias, ao não estabelecerem norma, são 
 
 
45 
 
permissivas e não dão limites aos filhos, o que se torna outro grande problema. 
Devemos considerar que, quando recebe limites demasiadamente rígidos, a 
criança fica oprimida e vulnerável na relação com o outro. 
Assim sendo, há necessidade de haver equilíbrio entre as liberdades e os 
limites estipulados pelo grupo. Reunir todos da família, isso inclui a avó, tio, 
madrinha e outros que precisam conhecer e respeitar o que foi decidido, não 
utilizando de sua quebra como uma chantagem emocional, é de fundamental 
importância para a formação de um caráter pleno. 
A busca na solução harmônica para um conflito deve se dar de forma 
afetuosa. Ao se determinar limites não se está esperando submissão de ninguém 
a uma regra, por este motivo, o ideal é que as normas sejam elaboradas 
coletivamente e com o consenso de todos. Quando esperamos que uma criança 
tenha autonomia, independência e seja protagonista consciente e crítica de sua 
vida, temos que proporcionar possibilidade desta construção gradativamente, 
portanto, ela deve participar das decisões, seus argumentos devem ser 
considerados e quando negados, precisam ser esclarecidos pontualmente a fim 
de que a mesma entenda o porquê de tal decisão. 
Para se ter responsabilidade, não é necessário esperar que se atinja a 
maior idade ou que se saia de casa ou mesmo que a pessoa fique sozinha. A 
responsabilidade é uma característica elaborada desde a primeira infância, por 
isso, a família precisa estabelecer de forma amorosa as prioridades para um 
convívio tranquilo, equilibrado e sensato. 
Ví deo 
 
Para ampliar seus conhecimentos assista ao vídeo A 
convivência da criança na sociedade - 7 Experiências 
Fundamentais. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=oXoQn6MAYKA 
 
 
Cabe aqui ressaltar que na relação entre pais ou professores e as crianças 
nós somos os adultos. Com isso, deve-se entender que já vivemos relações 
similares, que conhecemos jogos agressivos e perversos que são possíveis 
 
 
46 
 
quando não há o estabelecimento de normas de conduta entre as pessoas. Isso 
nos dá autoridade, não autoritarismo, que são conceitos diferentes. 
A autoridade reflete uma postura de diálogo, combinados entre as partes, 
para isso é necessário haver conversas amplas, sinceras e tranquilas, com a 
participação efetiva da criança. Já o autoritarismo remente à onipotência, na qual 
somente os responsáveis teriam razão sem ouvir o outro. 
É óbvio que o autoritarismo é totalmente prejudicial à formação de um 
jovem que se deseja que seja responsável, autônomo e tenha protagonismo 
responsável e crítica de sua formação. Pelo contrário, o autoritarismo ensina o 
jovem a ser radical em suas decisões, revoltado e muitas vezes violento. 
Todo o processo de construção de uma pessoa exige muita 
responsabilidade. O cuidado com o outro faz parte de uma reflexão de quem 
somos, o que exige muito estudo, dedicação e atenção na forma, principalmente 
de como agimos. 
 
Conclusão da aula 4 
 
Nesta aula vimos que a parentalidade consciente é repleta de desafios. O 
papel na educação das crianças, que um dia serão adultas, é intricado, irregular, 
inconstante, descontínuo, desgastante, repleto de frustrações, desafiador, mas 
também gratificante, maravilhoso e instigante. Desta forma, cabe a nós, 
educadores, conhecer cada vez mais este assunto e buscar a construir pessoas 
que se conheçam cada vez mais. 
 
Resumo da aula 4 
 
Vimos em nossa última aula os conceitos voltados para a parentalidade 
consciente, seus conceitos, as qualidades a serem desenvolvidas, sua relação 
com a formação e desenvolvimento da criança. Obviamente não tivemos a 
pretensão de esgotar o assunto, visto que o mesmo é muito mais amplo. Desta 
maneira, tivemos a intensão de apontar um caminho de estudo e pesquisa para 
professores que possam auxiliar os pais de seus alunos a terem uma postura 
mais assertiva na busca da formação de uma criança que seja protagonista de 
sua vida e, assim, maximizar na parceria entre a escola e a família. 
 
 
47 
 
Atividade de Aprendizagem 
 
Pesquise reportagens relacionadas a problemas em relação 
parentalidade consciente. Em seguida, busque possíveis 
soluções relacionadas com tais conflitos, faça um resumo de 
cada incidente pesquisado e sua respectiva solução. 
Este estudo, relacionado com a realidade, ajudará em seu 
aprofundamento sobre o assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Resumo da disciplina 
 
A disciplina “A Potência da Infância e a criança como protagonista” 
abordou a potência da infância, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento 
da criança como protagonista, a família e escola com parceiras e as relações da 
parentalidade consciente na formação e desenvolvimento das crianças, 
categorias que estão interconectadas e são interdependentes, visto que para se 
chegar à potência da infância, faz-se necessário considerá-la a criança como 
protagonista de sua construção história, desde os primeiros minutos de sua 
formação. Desta forma, a família faz parte intrinsicamente do processo e para tal 
tem que ter a mínima noção da parentalidade consciente. 
 
 
 
 
49 
 
Índice Remissivo 
A escola de Reggio Emilia ........................................................................ 
(Escola; Reggio Emilia; criança protagonista) 
27 
A Família ................................................................................................... 
(Família; família tradicional; pais) 
34 
A potência da infância ............................................................................... 
(Potência; infância; lei) 
07 
Alguns percursos históricos do protagonismo infantil ............................... 
(protagonismo infantil; escolas; legislação) 
24 
As relações da parentalidade consciente na formação e desenvolvimento 
das crianças ............................................................................................... 
(Crianças; pais; formação e desenvolvimento) 
41 
Conceituação de potência e infância 07 
Desenvolvimento infantil: fases de Jean Piaget ........................................ 
(Desenvolvimento infantil; Jean Piaget; fases) 
13 
Escola da Ponte ......................................................................................... 
(Escola; Escola da Ponte; autonomia) 
30 
Família e escola como parceiras ............................................................... 
(Família; escola; ensino) 
33 
Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança .................... 
(Direitos; BNCC; aprendizagem e desenvolvimento) 
19 
Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento e a criança como 
protagonista ............................................................................................... 
(Direitos; aprendizagem e desenvolvimento; BNCC) 
19 
Os pais e a vida escolar dos filhos ............................................................ 
(Família; escola; pais) 
38 
Parentalidade consciente – formação e desenvolvimento da criança ....... 
(Parentalidade; formação e desenvolvimento; família) 
44 
Parentalidade consciente – o que é isso? ................................................. 
(Parentalidade; relação parental; comportamento) 
41 
Summerhill School ..................................................................................... 
(Escola; Summerhill School; escola democrática) 
25 
 
 
 
 
 
50 
 
REFERÊNCIAS 
ALVES, Rubem. A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que 
Pudesse Existir. Ed. Papirus, 2001. 
APARECIDA, Rosana; REBELO, Argento. Indisciplina escolar: causas e 
sujeitos. 2. ed. Petrópolis:Vozes, 2003. 
BRASIL, Convenção sobre os Direitos da Criança. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm 
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm 
BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 
2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil 
BRASIL, Biblioteca Virtual em Saúde MINISTÉRIO DA SAÚDE Disponível em: 
https://bvsms.saude.gov.br/24-8-dia-da-infancia-2/ 
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – LDB. Lei Darcy Ribeiro nº 9.394/96. Brasília-1998. 
KRAMER, Sonia. (Org). Retratos de um desafio: crianças e adultos na 
educação infantil. São Paulo: Ática, 2009. 
KISHIMOTO, T. M.. O Jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira 
Thomson Learning, 2003. 
MALAGUZZI, Loris. História, ideias e filosofias básicas. In: EDWARDS, 
Carolyn; GANDINI, Lella; FORMAN, George. As Cem Linguagens da Criança; a. 
Abordagem de Reggio Emília na educação da primeira infância. Porto Alegre; 
Artmed, 1999. 
NIETZSCHE, F. A Vontade de Poder. Trad. Marcos Sinésio Pereira Fernandes 
e Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008 
NEILL, A. S.. Liberdade sem medo. São Paulo: IBRASA,1977 
PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Trad. Alvaro Cabral. Rio 
de Janeiro: Zahar, 1970. 
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2000. 
 
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