Buscar

ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 176 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ACESSE AQUI O SEU 
LIVRO NA VERSÃO 
DIGITAL!
PROFESSOR
Dr. Renan Pavini
Estética e 
Filosofia da Arte
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/10642
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine 
Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de 
Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C. 
Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de 
Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de 
Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. PAVINI, Renan.
Estética e Filosofia da Arte. 
Renan Pavini.
 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 
176 p.
“Graduação - EaD”. 
1. Estética 2. Filosofia 3. Arte. 
CDD - 22 ed. 701 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-615-6
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Coordenador(a) de Conteúdo 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Projeto Gráfico e Capa
André Morais, Arthur Cantareli e 
Matheus Silva
Editoração
Dario Mercado
Design Educacional
Giovana Vieira Cardoso
Revisão Textual
Cindy Mayumi Okamoto Luca
Ilustração
Geison Odlevati Ferreira
Fotos
Shutterstock
FICHA CATALOGRÁFICA
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história 
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, 
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue 
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre 
quatro pilares que consolidam a visão abrangente 
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o 
profissional, o emocional e o espiritual.
A nossa missão é a de “Promover a educação de 
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for-
mando profissionais cidadãos que contribuam para o 
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. 
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o 
coletivo. São os nossos professores e equipe que 
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que 
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.
São mais de 800 títulos de livros didáticos como este 
produzidos anualmente, com a distribuição de mais 
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, 
Ponta Grossa e Corumbá), o que nos posiciona entre 
os 10 maiores grupos educacionais do país.
Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima 
história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem 
muda o mundo são as pessoas. Os livros só 
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a 
nossa missão, que é promover 
a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, 
formando profissionais 
cidadãos que contribuam para 
o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária.
DR. RENAN PAVINI
Olá! Meu nome é Renan Pavini. Nesta breve apresenta-
ção, contarei um pouco a minha trajetória e explicarei os 
motivos que me levaram a ser professor de filosofia e a 
pesquisar a filosofia estética. Sempre gostei de desenhos. 
Recordo-me desse fato desde quando minha memória 
consegue retroceder no curso dos eventos. Meu pai, co-
lecionador de histórias em quadrinhos, fez-me ter contato 
desde a mais tenra idade com essas histórias fantásticas. 
Logo que via um lápis, dispunha-me a desenhar. 
O tempo foi passando e, quando cheguei à adolescência, 
ingressei em um grupo de teatro. Assim, encontrei outra 
arte que amava e me dava grande potencial plástico e 
crítico. Ao mesmo tempo, minha irmã cursava Ciências 
Sociais e, dentre as disciplinas que ela menos gostava 
(acredite ou não) era Filosofia. Quando ela chegava da 
universidade, deixava os textos de filosofia espalhados, 
sem lhes dar o devido valor. Nessa época, tinha 14 ou 15 
anos e adorava ler esses livros esquecidos e desprezados. 
Um dia, sobre a cama, estava um livro que acabou deci-
dindo o curso dos eventos. Era um livro de 600 páginas 
chamado a “História da loucura”, de Michel Foucault. Nele, 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8800
não só se explicava como se deu o nascimento da psiquia-
tria em solo europeu, mas também era explicitada a rela-
ção da arte com a loucura. Essa temática, desde sempre, 
fascinou-me. Assim, aos 17 anos, decidi cursar Filosofia, 
começando a minha trajetória acadêmica. 
Em 2009, formei-me em Filosofia. Em 2010, fiz a minha 
especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea 
e, em 2011, concluí o meu mestrado em Estudos Lite-
rários, todos pela Universidade Estadual de Londrina 
(UEL). Em 2019, defendi a minha tese sobre a arte e a 
psiquiatria na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de 
Curitiba, recebendo o título de doutor. Depois, realizei 
um pós-doutorado na UEL, concluindo-o em janeiro de 
2021. Desde 2012, trabalho como professor universitário 
e já ministrei aulas na Universidade Estadual de Maringá 
(UEM), na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) 
e na Universidade Estadual de Londrina (UEL), na qual, 
atualmente, sou professor e pesquisador. 
Meu currículo completo pode ser conferido em: 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9601 
A vida imita a arte? Ou a arte imita a vida? Nesse jargão, aparentemente trivial, são 
encontradas as questões iniciais e essenciais para pensarmos nas problemáticas re-
lacionadas à arte: a relação entre a arte e a vida, a questão da mimesis (imitação ou 
cópia) e a hipótese se a arte deve ser a expressão da vida e da realidade ou se ela 
deve ser simplesmente ficcional. De modo geral, as páginas que seguem tratarão, seja 
diretamente, seja indiretamente, desses tópicos. A esses, somam-se outros de suma 
importância, tais como: qual é a finalidade de uma obra de arte? Qual é o seu valor? 
Você já deve ter enfrentado, em uma conversa com um amigo ou com qualquer pessoa, 
as questões relativas ao que seria uma obra de arte com ou sem valor, uma música 
ruim ou boa e uma pintura bela ou feia. Como se posicionar diante de tais questões?
O estudo da estética ou da filosofia da arte, em um plano geral, lança luz sobre as ques-
tões levantadas. Inicialmente, podemos afirmar que o problema da arte ou artístico 
sempre se fez presente em nossa civilização. Junto com a ciência, a religião e a reflexão 
filosófica, a arte é constituinte da história e da identidade de um povo. Graças a ela, 
temos acesso às culturas que são, atualmente, distantes. Por isso, assim como disse 
Hegel em seus “Cursos de estética”, se você deseja conhecer a cultura grega, conheça a 
sua arte. O mesmo não valeria para as outras culturas e povos? O que nossa arte atual 
diz sobre a nossa própria identidade cultural?
Por isso, o presente livro propõe um passeio sobre alguns temas e alguns filósofos que 
se dedicaram a fazer uma reflexão sobre a arte, desde os poemas de Homero e a sua 
concepção da arte como vida, até a contemporaneidade,em que a arte se tornou um 
mero produto mercadológico. Entrementes, outros temas emergem (em seus cami-
nhos e desvios), a fim de acrescentar e proporcionar a compreensão do processo de 
formação de nossa cultura. Diante disso, convido-lhe a participar e a se aventurar nas 
páginas que se seguem. Vamos lá?
ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do 
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
Ao longo do livro, você será convida-
do(a) a refletir, questionar e trans-
formar. Aproveite este momento.
PENSANDO JUNTOS
NOVAS DESCOBERTAS
Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos 
de maneira interativa usando a tec-
nologia a seu favor.
Sempre que encontrar esse ícone, 
esteja conectado à internet e inicie 
o aplicativo Unicesumar Experien-
ce. Aproxime seu dispositivo móvel 
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex-
plore as ferramentas do App para 
saber das possibilidades de intera-
ção de cada objeto.
REALIDADE AUMENTADA
Uma dose extra de conhecimento 
é sempre bem-vinda. Posicionando 
seu leitor de QRCode sobre o códi-
go, você terá acesso aos vídeos que 
complementam o assunto discutido.
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
OLHAR CONCEITUAL
Neste elemento, você encontrará di-
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos, 
esquemas e fluxogramas os quais te 
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara
Professores especialistas e convi-
dados, ampliando as discussões 
sobre os temas.
RODA DE CONVERSA
EXPLORANDO IDEIAS
Com este elemento, você terá a 
oportunidade de explorar termos 
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881
A ESTÉTICA 
NA ÉPOCA 
CLÁSSICA
 9 43
APRENDIZAGEM
CAMINHOS DE
1 2
ESTÉTICA 
MODERNA E 
A CRÍTICA DO 
GOSTO
 73
ESTÉTICA DO 
ROMANTISMO E 
DO IDEALISMO 
ALEMÃO
3 4 107
A VISÃO 
FILOSÓFICA DA 
ARTE TRÁGICA 
5 137
INDÚSTRIA 
CULTURA E 
ESTÉTICA DA 
EXISTÊNCIA
1A Estética na 
Época Clássica
Dr. Renan Pavini
Na presente unidade, trabalharemos o conceito de beleza para a cul-
tura grega. Foi a partir dele que a cultura helênica moldou a sua forma 
de vida e de formação, e guiou o agir humano. Assim como veremos, 
Homero trabalhou a beleza a partir do corpo, incluindo a coragem, a 
força e a destreza. Já Platão compreendeu que a beleza só podia ser 
alcançada pela razão. Aristóteles, por sua vez, a pensou dentro da peça 
teatral trágica, por meio da justa medida, da mimese e da catarse. Por 
fim, Plotino acreditava que só se poderia chegar ao belo se nos purifi-
carmos de nosso lado sensível. Embora, em um plano geral, a ideia de 
beleza na Grécia Antiga esteja ligada às noções de harmonia, proporção 
e simetria, os filósofos, em seus diferentes pensamentos, trouxeram 
e deram importância diversa a esse conceito tão fundamental para o 
entendimento de toda e qualquer cultura. Bons estudos
UNIDADE 1
10
Suponha que, andando pelas ruas de sua cidade com mais dois amigos, vocês 
se deparem com um ato heroico. Uma criança estava correndo perigo ao atra-
vessar a rua, visto que um carro vinha ao seu encontro em alta velocidade. No 
entanto, naquele momento, um jovem rapidamente salta em direção à criança, 
salvando-a do atropelamento. Logo, uma multidão se aglomera em torno do feito. 
Seu primeiro amigo comenta que nunca tinha visto algo tão belo, ao passo que 
o outro retruca: “belo não, um ato de verdadeira bondade”. Diante dessas duas 
observações, se o ocorrido foi um ato belo ou bom, como você resolveria essa 
possível encruzilhada?
O estudo do belo clássico não é apenas um dado histórico. Quando acessamos 
a estética clássica, abre-se não só um mundo novo, cultural e histórico do qual 
nós somos herdeiros, mas também há uma diferença que nos ajuda a pensar em 
nossa atualidade e em nossos problemas contemporâneos. 
O pensamento grego em relação à arte não se concentrava, assim como é 
atualmente, no entendimento de que a arte estava restrita aos objetos, como um 
quadro, um romance ou uma escultura exposta em um museu e feita por artis-
tas especializados. A arte se confundia com a vida do povo grego. Toda a vida 
do indivíduo deveria ser formada e caracterizada como uma obra de arte. Mais 
precisamente, os antigos tomavam a vida, em suas dimensões mortal e passageira, 
como uma obra de arte. 
Diante da divergência entre os antigos e a nossa sociedade atual, no que con-
cerne à arte e ao belo, podemos compreender que, atualmente, a arte bela é um 
produto da obra feita por um artista específico, enquanto, entre os gregos, a obra 
não se restringia a um quadro ou a uma escultura, mas se relacionava com toda 
a dimensão da vida.
A figura apresentada a seguir, denominada Achilles dying, retrata os momen-
tos finais da vida do grande herói grego Aquiles, que lutou na guerra de Tróia, 
narrada por Homero. A lenda diz que Tétis, mãe de Aquiles, teria mergulhado 
o seu filho, logo em seu nascimento, nas águas do rio Estige, o que tornou o seu 
corpo invulnerável. No entanto, ela o teria segurado pelo calcanhar e, em razão 
disso, esse seria o seu único ponto fraco, pois não teria sido banhado. Ao obser-
var a escultura de Aquiles, como você pode defini-la? Quais seriam as principais 
características que a tornam bela ou não?
UNICESUMAR
11
Todos nós, quando emitimos um juízo sobre algo, necessariamente partimos de 
conceitos prévios que carregamos, seja conscientemente, seja inconscientemente. 
Esses conceitos nos chegam por intermédio de nossa cultura, do senso comum, 
da escola, da política, das relações sociais, da família, do círculo de amizades, da 
ciência, da arte, da religião e da filosofia, por exemplo. 
Diante disso, sempre que emitimos um juízo, independentemente de sua na-
tureza, estamos respaldados em uma determinada visão de mundo. Por isso, é 
importante saber o que nos leva a pensar como pensamos e a julgar como julga-
mos. Nesse contexto, faça uma reflexão que busque descobrir o local de partida 
utilizado para responder se a escultura Achilles dying é bela ou feia. Tente defi-
nir os pressupostos que você considerou para caracterizá-la da forma como fez. 
Anote as suas observações no diário de bordo a seguir. 
Descrição da Imagem: Fna figura, é exposta a estátua Achilles dying (Aquiles morrendo). Ela foi criada em 
Berlim, em 1884, por Ernst Herter e retrata os momentos finais do grande herói homérico. Na imagem, é 
possível observar o herói sentado e há uma flecha perfurando o seu calcanhar. Ele tenta retirá-la com a mão.
Figura 1 – Achilles dying, de 1884
UNIDADE 1
12
A palavra estética é a tradução do grego αισθητική ou aesthesis, que significa 
“experiência”, “sensibilidade”, “apreensão” ou “capacidade de conhecer pelos sen-
tidos” (visão, audição, paladar, olfato e tato). Enquanto uma disciplina filosófica 
que se refere à arte, a estética foi utilizada pela primeira vez pelo filósofo alemão 
Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762), em torno de 1750. Esse estudioso 
pretendia fundar a estética como uma ciência das sensações, buscando, assim, 
a perfeição do conhecimento sensível. Portanto, podemos afirmar que, entre os 
gregos, a estética, enquanto uma disciplina filosófica que cuida da arte, ainda 
não existia. Isso não significa que a Antiguidade Clássica não se ocupou da arte 
ou dos estudos sobre a beleza. Ao contrário, Platão, em alguns de seus diálogos, 
e Aristóteles, em sua obra Poética, teorizaram a arte no campo filosófico sob a 
forma de poética.
DIÁRIO DE BORDO
UNICESUMAR
13
Já poética é a tradução do grego ποίησις ou poíesis, 
que significa “fabricação”. Em outras palavras, a poética 
é o estudo filosófico das obras de artes realizadas pelos 
seres humanos. Por sua vez, a arte é proveniente do la-
tim ars, que tem o seu correspondente grego τέχνη ou 
techne,que significa “técnica”. Podemos caracterizar, des-
sa forma, a arte, em seu sentido clássico, enquanto uma 
técnica, ou seja, uma atividade humana que se submete 
a determinadas regras estabelecidas para a realização de 
algo. Nesse sentido, quando falamos de arte, estamos nos 
referindo a uma ciência, a um instrumento, a um ofício 
que não tem relação com o acaso, mas é construído a 
partir de um conjunto de regras específicas que o ho-
mem utiliza em uma determinada atividade.
É importante ressaltar que a arte, para a cultura gre-
ga clássica, não se restringe ao campo dos objetos das 
obras de artes realizadas pelo engenho humano, mas a 
qualquer atividade humana que seja construída a partir 
de determinadas regras e saberes que podem ser trans-
mitidos. Alguns exemplos incluem a arte política, a arte 
bélica, a arte retórica, a arte médica, a arte gastronômica 
e a arte poética. Assim como você pode notar, esta se 
relaciona com as obras de arte propriamente ditas, cujo 
ponto central de sua problematização é compreender 
como a arte poética se liga ao belo.
Assim, é a partir da beleza que pensaremos na arte 
poética na Antiguidade Clássica. Além disso, respalda-
remos os nossos estudos em quatro autores principais: 
Homero, Platão, Aristóteles e Plotino. Entretanto, fique 
atento(a): assim como veremos, isso não significa que 
esses quatro autores, por tratarem do belo, compreen-
dem e definem a arte poética e o belo da mesma forma 
ou com as mesmas características. Ao contrário, todos 
trazem pensamentos distintos em relação à arte poética.
UNIDADE 1
14
Agora, exploraremos Homero e uma vida de beleza. Você já deve ter ouvido 
alguém falar de Homero, poético épico da Antiguidade Grega que teria vivido, 
aproximadamente, no século IX a.C. ou VIII a.C. e a quem se atribui a autoria dos 
poemas Ilíada e Odisseia. Geofrey Kirk (1985, p. 1, tradução nossa), em Ilíada: 
um comentário, sustenta que “o mundo antigo não conhece nada de definitivo 
sobre a vida e a personalidade de Homero”. A essa constatação, acrescenta-se a 
observação feita por Joachim Latacz (1998), que explica que não há o mínimo de 
documentação sobre a vida de Homero para saber algo sobre ele.
Não podemos afirmar nada sobre a vida de Homero com certeza, mas isso 
não significa que não podemos ter acesso ao conteúdo dos textos atribuídos a ele, 
assim como é o caso das duas maiores obras da cultura grega: Ilíada e Odisseia. 
São nelas que encontramos, pela primeira vez, a racionalização da mitologia grega 
e dos deuses do Monte Olimpo, os quais carregam características antropomór-
ficas. Também são nelas que recuperamos as ideias de formação, de educação, de 
ética, de virtude e de beleza que são próprias da cultura grega arcaica. Em suma, 
Figura 2 - Busto de Homero em bronze 
Descrição da Imagem: na figura, é exposto o busto de Homero. Ele está localizado no porto da Ilha de Los, 
lugar em que, provavelmente, está enterrado.
Homero e uma vida de beleza
UNICESUMAR
15
podemos dizer que a Ilíada e a Odisseia compõem o testemunho mais remoto 
da cultura aristocrática helênica que chegou ao conhecimento do povo antigo, 
primeiramente, pela via oral, cantado pelos aedos (poetas). No entanto, em um 
segundo momento, foi colocado em versos.
Além disso, não podemos falar de beleza ou sobre o belo em Homero de for-
ma autônoma, isto é, dissociada de outros valores que a compõem. Falar de beleza 
é, na Ilíada e na Odisseia, falar de ética, de virtude e de formação do homem 
grego, embora, não necessariamente de moral. O termo inicial para entendermos 
a forma como podemos caracterizar a beleza em Homero é a noção de ἀρετή ou 
areté, que, embora não tenhamos, na língua portuguesa, um equivalente exato, 
pode ser traduzida pelo termo “virtude”. Contudo, a virtude não é entendida em 
seu uso moral, no qual o indivíduo só é virtuoso se estiver em conformidade 
com o bem, mas se trata da virtude que expressa o alto ideal cavalheiresco, um 
comportamento singular e/ou o heroísmo guerreiro.
O termo areté, para Homero, remete não só à excelência humana, mas tam-
bém à superioridade dos seres que não são humanos. Nesse contexto, quando 
nos referimos à areté, não estamos tratando exclusivamente dos feitos heroicos 
de alguns homens, como Aquiles, Ájax ou Ulisses, mas também abrangemos a 
força dos deuses ou a rapidez, por exemplo, de um cavalo de raça. Nesse sentido, 
podemos afirmar que, naquela época, existia um senso de unidade: aquilo que 
caracterizava a virtude do homem não era exclusivo dele, mas também pertencia 
ao domínio de seres que não eram humanos, como os animais e os deuses.
Werner Jaeger (2013, p. 24) sustenta que “a areté é o atributo próprio da 
nobreza. Os gregos sempre consideraram a destreza e a força incomuns como 
base indiscutível de qualquer posição dominante. Senhorio e areté estavam in-
separavelmente unidos”. Essa relação entre areté e nobreza se encontra na própria 
raiz da palavra que deu origem ao termo “aristocracia”. Todavia, precisamos ter cui-
dado ao entendermos as palavras “nobreza” e “aristocracia” nesse contexto, assim 
como devemos nos atentar ao sujeito nobre e aristocrático: todos esses vocábulos 
não se vinculam, pelo menos não especificamente, à riqueza material. Assim, “are-
té”, “nobreza” e “senhorio”, nos tempos remotos, referem-se à força, à destreza, ao 
heroísmo e à coragem dos guerreiros. Tudo isso está distante do sentido moral 
que, a partir da filosofia socrático-platônica, estará ligada ao termo virtude.
UNIDADE 1
16
Diante da noção de areté, onde se encontra a beleza? A significação da pa-
lavra areté se torna indistinguível do seu sentido poético para a construção da 
beleza humana. Para estabelecermos essa relação, apresentaremos um exemplo 
conhecido: o personagem Aquiles. Na Ilíada, Aquiles é o maior herói da Guerra 
de Tróia. Ele é o rei dos mirmidões, adorado e temido por todos. Sua bravura, 
coragem e honra o tornam determinado e digno de areté. Por isso, Aquiles não é 
só belo devido aos seus atributos físicos, mas é belo porque detém a mais elevada 
areté e, consequentemente, diante de seus conterrâneos, é aquele que se apresenta, 
reconhecidamente, como o mais honrado, altivo, corajoso e temível. Aquiles não 
tem todos esses atributos porque os deuses lhe outorgaram, mas pelos êxitos 
que constantemente alcança em cada vitória, luta, decisão e movimento. Existe 
um trabalho ético de forjar a própria vida de forma aristocrática, isto é, viver de 
maneira plástica, nobre, guerreira e, portanto, bela.
Para ser nobre, não basta vencer o adversário fisicamente, mas é preciso 
comprovar a areté conquistada por meio do contínuo exercício das qualidades 
naturais. Assim, os heróis épicos realizavam esse esforço durante toda a vida, a 
fim de superar os seus pares por intermédio da luta. Nesse contexto, é coerente 
a existência dos Jogos Olímpicos na Grécia: é necessário provar a sua areté até 
mesmo em épocas de paz, isto é, é preciso propor competições entre os seus pares 
para que eles possam competir e exercitar as suas qualidades quando não estão 
em guerra contra um inimigo em comum.
Agora, exporemos dois exemplos que sugerem que a ética do guerreiro homé-
rico é indissociável de uma vida plástica e bela. A primeira, que encontramos no 
canto XVIII da Ilíada, narra um evento logo após Heitor, príncipe de Tróia, matar 
Pátroclo, grande amigo de Aquiles e que havia vestido a sua armadura para se 
passar pelo herói. Aquiles se recusava a ir à guerra em razão de sua discordância e 
de sua ira contra Agamenon, rei dos gregos. Os gregos estavam perdendo a guerra 
e, então, Pátroclo veste a armadura de Aquiles para inspirar o exército grego. No 
entanto, Heitor, o maior guerreiro de Tróia, mata Pátroclo no campo de batalha, 
uma vez que acreditava que era Aquiles. Quando o rei dos mirmidões descobre 
a morte de seu amigo, deseja vingá-lo. Ao saber disso, sua mãe vem ao encontro 
do herói para ter uma conversa:
UNICESUMAR
17
Outro exemplo que podemos acrescentarnão se encontra no texto da Ilíada, mas 
em sua adaptação cinematográfica, o filme Tróia. Aquiles, indeciso em relação ao 
partir, ou não, com os gregos para a guerra, consulta a sua mãe, Tétis, que profetiza: 
 “ Se você ficar em Larissa, encontrará a paz. Encontrará uma mulher maravilhosa, e terá filhos e filhas, que também terão filhos e filhas. E todos eles o amarão e se lembrarão de seu nome. Mas quando 
seus filhos estiverem mortos, e os filhos deles depois, seu nome será 
esquecido... Se você for para Tróia, a glória será sua. Eles escreverão 
estórias sobre suas vitórias por milhares de anos! E o mundo se 
lembrará de seu nome. Mas se você for para Tróia, jamais voltará… 
pois sua glória anda de mãos dadas com o seu destino. E eu nunca 
mais o verei novamente (VIEIRA, 2017, on-line).
Nas duas passagens apresentadas, encontramos algo em comum: é necessário que o 
herói busque a glória mesmo diante da morte. A honra é o troféu da areté e só é ad-
quirida a partir da ética que o indivíduo coloca sobre si mesmo em busca da nobreza, 
de forjar a si mesmo. É por isso que Aristóteles defende que apenas a mais elevada 
areté é capaz de “fazer sua a beleza”. Aspirar a beleza, nesse contexto, significa ser can-
Aquiles: - “Sim, minha mãe, responde gemebundo;
Mas que prazer terei, se é morto aquele
Que eu tanto como a vida apreciava? 
Heitor, ao trucidá-lo, da armadura
O despojou, pasmoso dom celeste
Feito a Peleu, no dia em que os Supremos
No toro de um mortal te colocaram.
Oh! Também com mortal fosse ele unido,
E entre as marinhas déias habitasse!
Não te causara dor imensa um �lho,
Que não hás-de rever no lar paterno.
Nem respirar o peito me consente
No meio de homens, sem que a lança minha
A alma arranque de Heitor, vingue a Pátroclo.”
“Ah!” – torna Tétis alagada em pranto –
“Que dizes, �lho meu? Se Heitor sucumbe,
Tens iminente o fado.”
— “Pois morramos, diz soluçando Aquiles 
 
 (HOMERO, 2008, p. 342-343).
UNIDADE 1
18
Na mitologia grega dos deuses do Monte Olimpo, todos os homens são predestinados, 
isto é, têm um destino definido a ser percorrido. Apesar disso, um homem tocado pelos 
deuses, como um Aquiles ou um Ájax, deve, em vida, provar o seu valor. Isso significa que 
eles já nasceram virtuosos, mas isso não basta, visto que os seus conterrâneos devem 
presenciar a sua superioridade. Portanto, Aquiles já nasceu com areté, mas, caso ainda 
queira ser um homem virtuoso, honrado e eternizado pelo canto dos aedos (poetas), deve 
provar o seu valor de forma constante, a fim de realizar o seu destino.
Fonte: o autor
EXPLORANDO IDEIAS
tado pelo aedos e ter as suas façanhas eternizadas pelos poetas. É a beleza da vida que 
Aquiles construiu que merece ser cantada pelos séculos posteriores. Portanto, entre 
a vida do homem comum e a morte de um guerreiro corajoso, a beleza se encontra 
na morte ou nessa vida de areté que, por ser bela, merece ser eternizada pelo canto.
 Também é importante ressaltarmos que a ética ainda não tem um sentido 
moralizante. Em outras palavras, as decisões dos guerreiros homéricos não giram 
em torno do bem e do mal, mas buscam uma vida digna e valorosa a partir dos 
valores cavalheirescos em detrimento de uma vida trivial e comum. Somente uma 
vida digna é merecedora de areté e, desse modo, é dotada de beleza.
Platão e a imitação
Se podemos falar de estética platônica, devemos nos reportar à Platão e à imi-
tação. É inevitável não começarmos os nossos estudos a partir da emblemática 
passagem que se encontra no livro III de A república, em que Platão expulsa os 
poetas da cidade idealizada por ele:
 “ Se chegasse à nossa cidade um homem aparentemente capaz, devida à sua arte, de tomar todas as formas e imitar todas as coisas, ansioso por se exibir juntamente com os seus poemas, prosternávamo-nos 
diante dele, como de um ser sagrado, maravilhoso, encantador, mas 
dir-lhe-íamos que na nossa cidade não há homens dessa espécie, 
nem sequer é lícito que existam, e mandá-lo-íamos embora para 
outra cidade, depois de lhe termos derramado mirra sobre a cabeça 
UNICESUMAR
19
e de o termos coroado de grinaldas. Mas, para nós, ficaríamos com 
um poeta e um narrador de histórias mais austero e menos aprazível, 
tendo em conta a sua utilidade, a fim de que ele imite para nós a fala 
do homem de bem e se exprima segundo aqueles modelos que de 
início regulamos (PLATÃO, 2014, p. 398a-b).
A passagem apresentada está no centro do debate sobre a arte em Platão (428/427 
a.C. a 348-347 a.C.), já que nos expõe três considerações preciosas:
A partir das três considerações expostas, é visível a presença de um distancia-
mento da forma como Homero compreendeu a beleza. Para Platão, a beleza está 
indissociada do bem e, portanto, afasta-se daquela ética cavalheiresca presente 
nos poemas homéricos. Existe, no pensamento platônico, um tripé que demarca 
a sua filosofia: a íntima relação entre a verdade, o bom e o belo. É em vista da 
afinidade entre esses três conceitos que Nietzsche (1992, p. 83) defende que “o 
princípio estético”, em Platão, é o de que “tudo deve ser consciente para ser belo”, 
ao passo que, para Sócrates, mestre de Platão, o análogo a essa afirmação seria de 
que “tudo deve ser consciente para ser bom” (NIETZSCHE, 1992, p. 83). 
Assim, há três conceitos inseparáveis no pensamento platônico:
�����������������������������
�������
Vamos, agora, aprofundar os nossos estudos voltados ao pensamento de Platão 
e esclarecer o momento em que a arte encontra o seu lugar. Para entendermos 
melhor a expulsão dos poetas da cidade, precisamos ter em mente que essa repro-
vação da poesia feita pelo filósofo ateniense marca uma passagem histórica entre 
UNIDADE 1
20
Descrição da Imagem: na figura, há a divisão do conhecimento para Platão. É no mundo inteligível que 
se encontram as ideias perfeitas e imutáveis alcançadas pelo conhecimento racional. Por outro lado, no 
mundo sensível, estão as formas imperfeitas, mutáveis e temporais
Figura 3 – Divisão do conhecimento para Platão
a arte homérica, fundamento da cultura grega e caracterizada sobretudo pela sua 
abordagem mitológica, e o período da filosofia, em que é preciso imperar, acima 
de tudo, a razão. 
Diante disso, Platão busca ressignificar os valores da cultura grega a partir da 
racionalidade filosófica em detrimento do ordenamento do mundo. Para isso, faz 
uso da mitologia dos deuses, assim como encontra em Homero. Desse modo, a 
reprovação de Platão está ligada ao centro da “metafísica” platônica, a qual tem 
como principal traço o desprestígio do sensível e da sensação, em contraste com a 
exaltação da razão e do inteligível, incluindo a valorização do noético e o desprezo 
pelo estético enquanto a capacidade de conhecer pelos sentidos.
A arte, para Platão, não pode ser da ordem do sensível e do corpo, mas precisa 
estar vinculada à ordem do inteligível e subordinada à razão. No livro VI de A re-
pública, essa posição é clara, quando Platão escreve que “existe o belo em si, e o bom 
em si, e, do mesmo modo, relativamente a todas as coisas que então postulávamos 
como múltiplas, e, inversamente, postulávamos que a cada uma corresponde a 
uma ideia, que é única, e chamamos-lhes a sua essência” (PLATÃO, 2014, p. 507b).
������
�����������
Tudo é �xo, 
tudo é perfeito,
mundo inteligível.
�������������
Tudo é mutável, 
tudo é imperfeito, 
mundo sensível 
����������
�������������
���������
������

������������
�������������
���
���
UNICESUMAR
21
Nesse contexto, a arte que não trata da essência das 
coisas ganha a desaprovação definitiva de Platão, em 
detrimento do argumento de que ela se encontra a 
três pontos afastada da verdade em uma escala trina, 
assim como o filósofo expôs no livro X de a Repúbli-
ca. A verdade, no pensamento platônico, está apenas 
no plano inteligível, ou seja, no mundo das ideias que 
temos acesso pela razão, enquanto as coisas sensíveis 
quese encontram no mundo (os objetos e tudo aqui-
lo que podemos conhecer pelos sentidos) estão a um 
ponto afastados da verdade. Eles são cópias imperfei-
tas de suas ideias, já que são da ordem do transitório, 
da mudança, do perene e, portanto, do imperfeito.
Como exercício, imagine uma cadeira. Em nos-
so cotidiano, no mundo sensível, físico, há várias 
cadeiras de diferentes formas, modelos e cores. Esse 
fato, segundo Platão, permite-nos afirmar que esses 
objetos (uma cadeira de escritório, de sala de aula 
ou de madeira, por exemplo) podem ser chamados 
pelo mesmo nome: cadeiras. Isso se deve, porque to-
dos pertencem à ideia perfeita de cadeira. Por isso, 
quando olhamos o mundo sensível, analisamos vá-
rios objetos diferentes e que ganham o mesmo nome: 
cadeira. Contudo, todos são imperfeitos, já que a per-
feição só é localizada no mundo inteligível, na ideia, 
na essência e em si.
O problema se agrava no domínio da arte. Quan-
do um marceneiro fabrica uma cadeira, ele tem con-
tato direito com a ideia de cadeira, tendo em vista que 
parte do ideal de cadeira e o materializa no objeto 
que está a confeccionar. Certamente, para Platão, o 
objeto “cadeira” já é imperfeito, uma vez que não é 
a ideia em si, por mais que participe dela. O pintor, 
por sua vez, não tem contato direto com a ideia de 
cadeira, mas com o objeto confeccionado pelo mar-
UNIDADE 1
22
ceneiro. Portanto, quando ele pinta uma cadeira em um quadro, ele não entra em 
contato com a sua ideia, mas apenas com o objeto sensível e imperfeito feito pelo 
marceneiro. Nesse sentido, para Platão, a arte se encontra a três pontos distantes 
da verdade, pois ela seria a cópia da cópia.
Essa condição desfavorável da mimese também se encontra na sofística, arte 
da retórica. Em seu livro, que leva justamente o nome Sofista, Platão assevera que 
a atividade do sofista não passa de uma brincadeira, visto que ele acredita que sabe 
de tudo e crê que ensina tudo. Platão faz essa crítica ao sofista, ao aproximá-lo 
da crítica da mimese artística empregada em A república, já que compreende 
que a arte pode produzir todas as coisas, tendo em vista que não passa de mera 
aparência, um fantasma, assim como lemos no livro X.
Logo, percebemos que o problema da arte em Platão se dá devido ao fato de 
ela estar ligada à aparência e à ficção, e não à ordem da verdade. Em razão disso, 
a arte é condenada, assim como a retórica. Esta, segundo o filósofo ateniense, não 
se preocupa com a verdade ou com a mentira, mas apenas com o convencer os 
seus interlocutores por meio de discursos floridos. Ora, trata-se justamente do 
oposto que Platão projeta para o discurso filosófico, já que a busca pela verdade 
é o primeiro objetivo de sua investigação. É por isso que, no âmbito da arte, de 
acordo com o pensamento platônico, é preciso problematizar, acima de tudo, o 
conceito de imitação. Temos que ter em mente que, em A república, é somente a 
arte mimética que é rejeitada, e não a arte como um todo, assim como diz Platão 
(2014, p. 595): “a de não aceitar a poesia de caráter mimético” dentro de sua cidade.
Neste momento, é cabível a apresentação de uma ressalva: o termo mimese, 
em A república, de maneira deliberada pelo filósofo, aparece de forma dúbia. Isso 
significa que Platão apresenta dois sentidos para uma mesma palavra: um se dá 
em tom depreciativo, enquanto o outro acontece em tom positivo. Nós já conhe-
cemos o aspecto negativo, que se refere ao momento em que o pintor se afasta da 
verdade para copiar objetos sensíveis. Agora, apresentarmos o tom positivo, que 
se encontra no campo da pedagogia.
UNICESUMAR
23
Platão acredita que os homens se instruem, inicialmente, a partir da imitação 
das formas com que tomam contato, sobretudo na cultura na qual nascem. A pe-
dagogia, que pode ser entendida em seu sentido mais rigoroso como a condução 
das crianças, é uma importante questão para Platão, já que é por meio dela que os 
indivíduos são educados e ela é educada por eles. Em outras palavras, a educação 
serve de modelo para a imitação dos outros e os imita. A criança é moldada em 
seu caráter pela imitação daquilo que ela ouve, sente e vê.
Assim, o pedagogo da cidade ideal deve moldar as almas das crianças e dos jovens 
para serem cidadãos, ou seja, o objetivo dessa modelagem é o homem belo e bom. 
Além disso, a duplicidade que se refere à existência de uma mimese positiva e 
uma negativa também é compreendida como uma oposição entre uma arte feita 
pela imitação e uma arte feita pelo simulacro. Jacques Rancière (1940 -), filósofo 
francês contemporâneo, trabalha esse contraste em seu livro A partilha do sen-
sível. Ao redigir que a arte platônica é um regime ético das imagens, afirma que 
toda a imagem da arte em Platão coloca uma dupla questão. 
A formação do caráter de uma criança, pela via estética, é análoga aos 
processos de gravura e de escultura. As expressões utilizadas por 
Platão são “imprimir o caráter na alma” e “moldar a alma”, assim como 
fazem os escultores e os gravuristas.
Descrição de imagem: a figura mostra a feição de Jacques Rancière. Ao lado direito, há algumas frases 
reflexivas. São elas: qual é a sua origem? Ao investigarmos a origem, chegaremos à verdade. Qual é a sua 
finalidade? Para onde essa imagem pretende nos levar?
Figura 4 - Jacques Rancière - Fonte: Crock (2017, on-line).
Qual é a sua origem? 
Ao investigarmos a origem, chegaremos à 
verdade.
Qual é a sua �nalidade? 
Para onde essa imagem pretende nos levar?
UNIDADE 1
24
Diante disso, Rancière nos leva ao centro do debate estético presente em Platão: 
a arte deve trabalhar com a verdade e precisamos nos perguntar qual é a sua 
utilidade dentro da polis, ou seja, na cidade. “Existem artes verdadeiras, isto é, 
saberes fundados na imitação de um modelo com fins definidos, e simulacros de 
arte que imitam a simples aparência” (RANCIÈRE, 2009, p. 28). 
Essa oposição mimética entre arte (lembre-se de que “arte”, em grego, significa 
“técnica”) e simulacro aparece de forma muito clara no livro III de A república, no 
qual Platão critica a imitação que se enraíza pelo erro ou pela mentira. Desse modo, 
trabalha uma oposição entre a narrativa simples, que expressa todo o discurso ver-
dadeiro e útil (um exemplo é quando você narra um evento que aconteceu de forma 
clara, descritiva e objetiva), e a mimese (inclui a tragédia, a comédia e a epopeia) 
enquanto uma imitação mentirosa, pois cria a ficção e não narra as verdades dos 
fatos, mas os floreia, romantiza e, portanto, não é útil para a cidade.
Já sabemos que é no livro X de A república que Platão relaciona de forma 
mais clara a imitação com a aparência, ao colocá-la a três pontos afastada da 
verdade. Também é nessa obra que o filósofo retoma a aproximação entre a arte 
poética e a arte retórica, uma vez que tanto os sofistas quanto os poetas imitadores 
acreditam que podem falar sobre tudo sem entender nada 
de verdade, pois não carregam a técnica para tal. 
Por isso, Platão observa que o sofista e o artista 
se alinham à mentira, por não conhecerem a 
coisa da qual falam e por tratarem de múlti-
plas coisas e objetos por meio de simulacros.
Assim, há um problema comum entre o 
sofista e o artista: ambos falam em simula-
cro na medida em que usam a mimese 
para tratar de qualquer assunto que 
não dominam ou não conhecem 
verdadeiramente. No simu-
lacro, de maneira negativa, 
está evidenciado o proble-
ma da verdade, uma vez 
que o poeta imitador, ao 
se afastar dela, também 
se afasta da capacidade 
UNICESUMAR
25
Platão faz uma oposição entre um discurso verdadeiro (filosófico, 
científico), que tem fundamento na verdade, e um discurso mentiro-
so, que se baseia na mera opinião e nas paixões. Em que isso poderia 
contribuir para analisarmos o nosso atual problema relacionado às 
Fake News, tão comum nas redes sociais?
PENSANDO JUNTOS
de ser útil e bom à cidade, seja para o seu bom funcionamento, 
seja para a educação das crianças e de jovens. Tanto o artista 
quanto o sofistaestão aproximados dessa mentira que pode di-
zer sobre tudo. Além disso, suas atividades não são específicas e 
eles não detêm a técnica, a arte ou o ofício de um determinado 
conhecimento, isto é, a sua ideia: portanto, devem ser expulsos 
da cidade. 
Para esclarecermos ainda mais o conteúdo apresentado, 
Platão trabalha a existência do que chamou de “imitador irô-
nico” a partir de uma dupla definição:
1. É aquele que utiliza argumentos breves para confundir 
o seu interlocutor.
2. É aquele que pratica a ironia com longos discursos para 
convencer multidões.
Platão (1972) afirma que essa arte retórica é fundamentada 
apenas na opinião, e não em um conhecimento científico. 
Em razão disso, cria simulacros, mentiras. Portanto, o sofista 
é aquele que produz imagens a partir de uma mera opinião 
(δόξα ou doxa em grego) do sujeito e de sua imaginação. Ora, 
devemos considerar que essa arte da opinião está ligada ao 
mundo dos homens, que é cotidiano e físico, em oposição à 
arte relacionada a um plano superior, lógico e formal, funda-
mentado pelas ideias e pela razão. A ilusão se relaciona, por-
tanto, àquele indivíduo que profere discursos ou que elabora 
imagens sem fundamento, unicamente vinculadas à paixão 
(πάθος ou páthos, em grego) pessoal.
UNIDADE 1
26
Para Platão, tanto os artistas quantos os sofistas se afastam da verdade ideal jus-
tamente por submergirem nas dimensões humanas da paixão e da opinião. Por 
isso, podemos definir a opinião como a manifestação a partir de si próprio, sem 
qualquer embasamento. Ainda, é o indivíduo que transforma em imagens ou 
em discursos aquilo que integra apenas a dimensão humana, sem se voltar para 
a dimensão do inteligível ou do metafísico (da ideia). Portanto, não faz uso da 
razão ou de um fundamento científico-filosófico.
A expulsão dos poetas da cidade não ocorre simplesmente porque eles não 
seriam úteis para a sociedade, mas porque eles incitam a discórdia e a contradição, 
ao instituírem mentiras, quando, na verdade, deveriam buscar a verdade, que é o 
objetivo da ciência e da filosofia. O sofista e o artista são produtores de imagens 
que imitam o mundo sensível e, por isso, tornam-se transgressores à razão, às 
leis da cidade e à verdade. Em consequência disso, podem subverter a ordem 
estabelecida e promover a arte entendida como perigosa.
A arte, como técnica, não é feita pelos artistas. Que tipo de arte seria essa? 
Trata-se de uma arte específica e que criaria, por meio de imagens, ou não, um 
regime baseado na ideia e na verdade. Não só, mas seria destinada ao bem co-
mum da comunidade. A arte deve formar o indivíduo, e não subvertê-lo, como 
é o caso do poeta imitador. Diante disso, não é difícil perceber que um artesão, 
para Platão, não detém o conhecimento sobre as coisas do mundo (das paixões 
humanas), mas da técnica e, por meio dela, é capaz de transmitir conhecimento. O 
saber técnico não pode ser simplesmente caracterizado, de acordo com o filósofo 
ateniense, como um saber empírico das coisas, mas precisa ser definido enquanto 
um saber baseado na razão (no λόγος ou logos em grego). Em outras palavras, o 
indivíduo que detém o saber técnico é aquele que tem a ideia (o conceito, a razão) 
como fundamento e a técnica para concretizar e transmitir essa ideia.
Em suma, o verdadeiro saber é aquele que parte da ideia (do mundo inteli-
gível) e, por meio da técnica, transmite essa ideia racionalmente. Nesse contexto, 
técnica e imitação são colocadas de lados opostos, já que a primeira está ligada 
ao conhecimento, ao fundamento epistemológico e à ideia, enquanto a segunda 
é apenas uma atividade de mera aparência, pois não se baseia no saber, mas na 
UNICESUMAR
27
Descrição da Imagem:na figura, é exposto o quadro A escola de Atenas, uma das obras mais famosas de 
Rafael, que a pintou entre os anos de 1509 e 1510. Nela, são representados Platão e Aristóteles no centro 
da academia. Platão aponta o dedo para cima, fazendo referência ao mundo das ideias e à metafísica, 
marca de seu pensamento. Já Aristóteles está com a palma da mão aberta, em referência ao mundo 
empírico e ao seu entorno, assinalando o seu pensamento filosófico. 
opinião e nas paixões. A arte boa, para Platão, está ligada à sua verdade (o que 
inclui a origem e as ideias inteligíveis) e se destina ao bem da cidade por meio 
da técnica, que visa representar o ser verdadeiro das imagens sem demarcar uma 
representação ambígua ou contraditória, própria das paixões. Imagens devem 
estar relacionadas à sua origem, ao seu teor metafísico, à sua destinação e ao bem 
comum e social. É nesse sentido que podemos entender que Platão operou a sua 
filosofia na comunhão entre a verdade, a beleza e o bem. 
Figura 5 - A escola de Atenas
UNIDADE 1
28
Aristóteles e a tragédia
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) é o primeiro autor que apresenta uma definição de 
poética. Ela está em um tratado que apresenta um método normativo, prescritivo 
e, em alguns aspectos, descritivo para aquilo que compõe o poema mimético. 
O que é poética para Aristóteles? Eis uma questão inicial que servirá como fio 
condutor para a nossa explanação sobre o livro a Poética do filósofo estagirita. 
A Poética é considerada por muitos um tratado lacunar, ou seja, que teria 
chegado até nós apenas em partes e que, na maioria das vezes, aparenta-se mais 
com notas, a fim de auxiliar o autor para uma exposição oral. Isso não impediu, 
entretanto, que a Poética se tornasse um tratado fundamental e que exerceu forte 
influência no Ocidente, tanto para o gênero de produção literária quanto para a 
definição de poética. Peter Szondi (2004, p. 23, grifo do autor), intelectual con-
temporâneo, explica que “a poética moderna baseia-se essencialmente na obra de 
Aristóteles; sua história é a história da recepção da sua obra. E tal história pode 
ser compreendida como adoção, ampliação e sistematização da Poética”. Com 
essas palavras, podemos ter uma dimensão da importância da obra aristotélica 
para uma compreensão histórica da arte.
Aristóteles carrega preocupações diferentes de Platão. Enquanto Platão está 
preocupado com as questões ética e moral da arte, isto é, volta os seus estudos a 
fim de compreender como a arte pode formar um cidadão belo e bom, o filósofo 
estagirita se preocupa em ensinar como se deve compor ou produzir um poema 
mimético, mais especificamente, a tragédia grega, a partir de determinados crité-
rios normativos. Ora, isso nos permite dizer que a obra Poética é, antes de tudo, “a 
possibilidade de compreender a utilização artística de uma noção estética como 
a mimese” (PINHEIRO, 2015, p. 8).
Isso significa que Aristóteles se concentra na questão teórica relacionada ao 
que seria uma poética mimética, incluindo a sua definição, o que a distingue das 
demais, as partes que a compõem, os elementos a constituem, a hierarquização 
entre as suas partes, o modo como é produzida, como os atores devem se com-
portar, como se dá a disposição dos objetos em um cenário e o seu tempo ideal 
de duração. Embora Aristóteles também trate do poema épico e da comédia, a 
Poética é, essencialmente, um tratado sobre o poema trágico.
UNICESUMAR
29
Assim, quando lemos a Poética de Aristóteles, constatamos que o filósofo 
considera a tragédia a mais alta manifestação da arte em seu tempo. Por que ele 
a considera a maior entre todas as artes? Porque a tragédia é um conjunto de 
outras artes, isto é, funciona e envolve outros campos artísticos para se realizar, 
como a música, a poesia e a cena teatral. Entretanto, dentre todos esses campos, 
Aristóteles define que a composição do enredo pelo poeta trágico é a parte mais 
essencial da tragédia, pois é somente a partir do enredo que temos a constituição 
dos personagens, da elocução, do espetáculo visual, do canto, dentre outros.
Assim como era comum no pensamento clássico, Aristóteles entende a poéti-
ca como um procedimento mimético. Portanto, de acordo com o filósofo, “a ação 
de mimetizar se constitui nos homens desde a infância,e eles se distinguem das 
outras criaturas porque são os mais miméticos e porque recorrem à mimese para 
efetuar suas primeiras formas de aprendizagem, e todos se comprazem com as 
mimeses realizadas” (ARISTÓTELES, 2005, p. 1448b).
Observe que, assim como era para Platão, Aristóteles também sustenta que 
a mimese carrega o seu caráter pedagógico. Todavia, diverge de seu mestre, pois 
Aristóteles não reprova a mimese de maneira geral, assim como fez Platão, uma 
vez que, para este, a mimese só valeria a pena se estivesse relacionada com o bem, 
o belo e a verdade. Ora, Aristóteles pensa na mimese não subordinada à ética, 
mas destaca o seu caráter puramente artístico ou, em outras palavras, “ele quer 
determinar o campo de atuação do que se poderia se chamar de ‘mimético’, quer 
saber quais são essas artes, como funcionam, quais os seus limites e relações 
mútuas” (PINHEIRO, 2015, p. 15).
UNIDADE 1
30
Rancière (2009), ao comentar a Poética de Aristóteles, assevera que o princípio 
mimético não é um princípio normativo que impõe que a arte faça cópias pareci-
das de seus modelos, mas, diferentemente da concepção platônica, é um princípio 
pragmático que isola certas artes particulares para que sejam executadas coisas 
específicas, ou seja, imitações. Desse modo, podemos sustentar que Aristóteles 
pensa na arte poética como uma arte específica e que se difere das demais no sen-
tido grego do termo. Contudo, qual é a função da arte poética, já que ela não tem 
uma finalidade ética, assim como pensava Platão? Primeiramente, é importante 
ressaltarmos que, para Aristóteles, a verdadeira atividade do poeta não é descrever 
o que, de fato, ocorreu, assim como o faz na história, mas expor o que, a partir dos 
eventos e dos fatos do mundo, poderia ter ocorrido ou o que poderá acontecer: 
 “ A tarefa do poeta não é a de dizer o que de fato ocorreu, mas o que é possível e poderia ter ocorrido segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, o historiador e o poeta diferem entre si 
não por descreverem os eventos em versos ou em prosa, mas por-
que um se refere aos eventos que de fato ocorreram, enquanto o 
outro aos que poderiam ter ocorrido. Eis por que a poesia é mais 
filosófica e mais nobre do que a história: a poesia se refere, de prefe-
rência, ao universal; a história, ao particular (ARISTÓTELES, 2015, 
p. 1451a35-1451b).
 Na citação apresentada, note a diferença entre:
 Essa distinção é essencial para Aristóteles, já que o filósofo entende que a produ-
ção mimética não se confunde com fatos ou eventos particulares da vida humana. 
Todavia, a poesia mimética deve gerar a possibilidade, a verossimilhança ou a 
probabilidade. De maneira diferente da história, a poética é criação e, enquanto 
tal, é mais filosófica, uma vez que entra no território do não ocorrido, enquanto 
a história deve descrever os fatos assim como ocorreram. “Ora, as coisas que não 
ocorreram, nós ainda não acreditamos que sejam possíveis; as que ocorreram, 
é evidente que são possíveis, pois não teriam acontecido se fossem impossíveis” 
(ARISTÓTELES, 2015, p. 1451b). 
�������������������
UNICESUMAR
31
Para o Aristóteles, a poesia mimética é fruto do engenho humano e, por con-
seguinte, pode tratar de coisas que não estão dadas ou completar aquilo que falta 
na natureza, imitando o que ela tem de mais essencial: a capacidade de criar. Em 
outras palavras, o poeta é aquele que imita o poder da natureza, ou seja, o seu 
poder de criação. Sendo um criador, o homem não copia os objetos criados pela 
natureza, somente copia o poder da natureza de criar. É desse modo que o homem 
consegue criar algo que não está dado naturalmente. Em suma, Aristóteles retira o 
eixo historicista da poética, ao afirmar o caráter necessário e verossímil da poesia, 
e ao destacar a presença de um τελος (uma finalidade) para a ação representada.
Dessa forma, Aristóteles não remete a uma verdade essencial (metafísica) em 
relação à poesia. Apesar disso, o filósofo não deixa de submeter o regime poético 
à mimese, que permite agrupar, separar, delimitar, normalizar as artes específicas 
a serem consideradas boas e ruins, belas ou feitas. Temos, então, um juízo estético 
cuja mimese “tem por finalidade não apenas a ação conduzida a seu termo, mas 
também os acontecimentos que suscitam pavor e compaixão (ARISTÓTELES, 
2015, p. 1452a). Alcançada essa finalidade, “segue-se que os enredos desse tipo são 
necessariamente os mais belos” (ARISTÓTELES, 2015, p. 1452a).
Note que a finalidade da arte poética é justamente causar pavor e compaixão. 
Estamos trabalhando uma das teses mais conhecidas de Aristóteles, a catarse, que 
nada mais é do que o ato final em que todos os elementos da tragédia se encontram 
incluídos, gerando pavor e compaixão. Assim, para provocar esses sentimentos 
no espectador, é necessário encenar e seguir uma rigorosa ordenação técnica: ter 
começo, meio e fim; um acontecimento deve levar ao outro; o mito (isto é, o en-
redo) deve produzir uma transformação brusca nessa ordem de acontecimentos.
Para entendermos como uma tragédia gera a catarse em seus espectadores, 
lembremo-nos da história de Édipo, do tragediógrafo Sófocles. A narrativa conta 
que os pais de Édipo, Laio e Jocasta, sabendo da profecia do oráculo, que afirmou 
que o filho mataria seu pai e desposaria a sua mãe, abandonam o recém-nascido 
para morrer entre Tebas, sua cidade, e Corinto. Todavia, um pastor encontra a 
criança e o entrega ao rei de Corinto, que o cria. Ao saber da profecia que abatia a 
sua vida, Édipo foge de Corinto para se distanciar dos pais adotivos, pois acredita 
ser os seus pais biológicos, tentando fugir de seu destino. 
Édipo parte para Tebas, onde realiza a profecia que lhe foi prescrita. Ora, ao 
tentar fugir de seu destino, Édipo estava, na verdade, a cumpri-lo, isto é, estava 
agindo de modo contrário ao que acreditava agir. É essa mudança que pertence à 
UNIDADE 1
32
mimese trágica. Quando é revelada a Édipo essa mudança de ação, tanto o perso-
nagem quanto a plateia sabem de algo que não sabiam e, então, a catarse se mani-
festa. A dramatização dos eventos desenvolvidos pela tragédia, incluindo o fato de 
Édipo ter matado o seu pai e desposado a sua mãe, é absorvida pelos espectadores 
por meio dos sentimentos de pavor e compaixão, os quais devem ser purificados. 
Por isso, a catarse deve ser entendida como o momento em que a plateia é 
“purificada” ou há uma “descarga emocional”. É somente assim que a tragédia 
alcança o seu objetivo. Nas palavras de Aristóteles (2015, p. 1449b), “mimese que 
se efetua por meio de ações dramatizadas e não por meio de uma narração, e que, 
em função da compaixão e do pavor, realiza a catarse de tais emoções”. Observe 
que a catarse só pode ser realizada se a narrativa trágica produzir uma reviravolta 
de ações e gerar comoção emocional, que é o maior momento da tragédia, caso 
ela atenda aos critérios de proporção, simetria, justa medida e ordem. Isso gera 
a beleza da obra poética. 
UNICESUMAR
33
Plotino e o belo
Por que os corpos parecem belos à nossa vista? Por que belas melodias agradam 
aos nossos ouvidos? Por qual razão as questões ligadas à nossa alma são belas? 
Será que existe uma única beleza que atribuímos a tudo ou será que a beleza da 
alma é diversa da bela do corpo? Plotino (205 d.C. - 270 d.C.), pensador neopla-
tônico, dedica a parte seis de sua primeira Enéada ao belo, buscando responder a 
essas questões. Inspirado por Platão, também acredita na superioridade da alma, 
assim como podemos ler:
 “ Abandonado a sensação em seu plano inferior, devemos ascender à contemplação dessas belezas mais elevadas que escapam ao âmbito da percepção sensitiva: as que a alma intui e expressa sem órgão 
algum. Porém, assim como são incapazes de falar sobre as belezas 
sensíveis os que não as viram ou não as perceberam como belas – é o 
que acontece aos que nasceram cegos – da mesma maneira ninguém 
é capaz de falar sobre os belos hábitos, a não ser aquele que acolheu 
em si suabeleza, a das ciências e a das outras coisas semelhantes 
(PLOTINO, 2012, p. 52).
Perceba que Plotino estabelece uma subordinação da contemplação sensível à 
contemplação da alma. Vejamos como isso ocorre no pensamento do filósofo. 
Plotino acredita no belo em si, isto é, na beleza como uma qualidade do objeto, 
e não como uma qualidade de quem o contempla. Se Aristóteles afirma que a be-
leza do objeto depende da harmonia das partes em relação ao todo, assim como 
estudamos em relação à tragédia, Plotino acrescentaria que todas as partes são 
belas, já que o belo não pode ser composto pelo feio. Apresentemos um exemplo: 
imagine uma pintura de uma passagem. Nela, a composição, a harmonia, as cores, 
a profundidade, o ordenamento das formas, tudo isso gera a sua beleza final, que 
é composta. Entretanto, essa beleza composta só pode ser bela, segundo Ploti-
no, porque, em cada uma das partes da pintura, já encontramos o belo. Não é 
somente o composto que é belo, mas também o simples, o singular, as partes que 
o compõem. “Se o todo é belo as partes também o serão, porque a beleza não é 
algo que resulta da agregação de elementos físicos, senão que compenetra todas 
as partes” (PLOTINO, 2012, p. 49).
UNIDADE 1
34
A beleza, para Plotino, não se encontra simplesmente formada pela harmonia 
ou pela simetria. De uma maneira mais exata, se podemos ter acesso à beleza sen-
sível de cada objeto, é porque este já o traz, em si, o belo, uma vez que a beleza das 
coisas está em comunhão com o divino, com o uno, com a ideia. Nesse sentido, o 
autor define o feio como aquilo que é privado de receber a participação da forma 
ou da ideia exemplar. São exemplos: a desordem, a injustiça e os desejos incontro-
lados. Ora, é justamente pelo fato de determinado objeto participar da ideia que 
esse objeto se liga ao todo e, portanto, à beleza e ao bem. “A formosura simples 
da cor provém de uma forma e da presença de uma luz incorpórea (exemplar da 
ideia), que domina a obscuridade da matéria” (PLOTINO, 2012, p. 51).
Agora, voltamos à subordinação da contemplação sensível à contemplação da 
alma. A contemplação sensível nada mais é do que a submissão do sensível à ação 
dominadora das ideias. Em outras palavras, só podemos considerar os objetos 
como belos porque a nossa alma intui a ideia perfeita a que cada objeto pertence. 
O mesmo processo se passa com conceitos de justiça ou de virtude. Só podemos 
falar que a justiça e a virtude são belas, visto que intuímos nesses conceitos a ideia 
de beleza por meio da nossa alma.
Para entendermos melhor a ideia apresentada, precisamos compreender que 
Plotino tem em mente a ideia de beleza primeira, isto é, a beleza da qual todas 
derivam. Para alcançar esse belo inteligível, é preciso, para o autor, que haja o 
desprendimento das coisas sensíveis, a fim de que nos voltemos para as coisas 
interiores. Plotino está a sugerir que o ser humano, para contemplar o belo ver-
dadeiro, deve passar por um processo de purificação. 
As belezas corporais compreendem apenas a imagem do belo, mas não o belo 
em si, já que ele encontra a sua morada apenas em nosso interior. Plotino argu-
menta que precisamos passar por um processo de conversão, que nada mais é do 
que um treinamento do olhar, para que encontremos o belo para além das coisas 
sensíveis que se apresentam aos nossos olhos ou ouvidos. Por isso, essa conversão 
tem como escopo despertar no homem uma faculdade esquecida, aquilo que o 
autor chama misticamente de “olho interior”.
O que seria esse “olho interior”? Seria o despertar, a fim de que a alma con-
temple, inicialmente, as obras de arte bela e, posteriormente, a alma dos homens 
que praticam essas obras belas, as almas boas. Nesse momento, Plotino (2012, p. 
57) liga a beleza à bondade, ao sustentar o seguinte: “como se pode ver essa bele-
za da alma boa? Volta-te a ti mesmo se tu não vês todavia a beleza em ti”. Nesse 
UNICESUMAR
35
contexto, o belo alcança toda a sua superioridade em relação à beleza sensível, 
pois, para atingirmos a beleza primeira, precisamos nos afastar de tudo o que for 
relacionado à materialidade e focarmos em nossa própria interioridade. 
Segundo Plotino (2012), para contemplarmos alguma coisa verdadeiramente, 
devemos nos tornar a própria coisa. O filósofo sustenta que um olho só pode ver 
realmente o sol quando se torna semelhante ao próprio sol, ao passo que nenhu-
ma alma veria o belo sem ser bela. Se existe alguma relação entre beleza e bondade 
em Plotino, não podemos sustentar que esses dois conceitos são a mesma coisa, já 
que “o que está além da beleza chamamos a natureza do bem” (PLOTINO, 2012, 
p. 58). Em outras palavras, o belo é o lugar das ideias, enquanto o bem é a fonte e 
o princípio de todas as ideias. Portanto, para Plotino, o belo está contido no bem. 
UNIDADE 1
36
OLHAR CONCEITUAL
Belo/Beleza
Areté/
Virtude 
guerreira 
 HOMERO 
Verdade/Bem
PLATÃO
Mimese/Catarse 
ARISTÓTELES
Puri�cação/
Belo em si
PLOTINO
No infográfico apresentado, você encontra os quatro autores estudados nesta primei-
ra unidade e que tratam da beleza de formas distintas. Perceba que, para Homero, 
a beleza se relaciona com a virtude guerreira, a areté. Já para Platão, o belo está 
indissociável da verdade e do bem. Para Aristóteles, uma obra bela é aquela que, 
sendo bem ordenada, consegue despertar, por meio da mimese poética, a catarse 
no espectador. Por fim, em Plotino, só podemos alcançar o belo em si por intermédio 
de um processo de purificação de nós mesmos. 
UNICESUMAR
37
Agora que você já sabe o que os gregos clássicos pensavam sobre a beleza e a arte, 
propomos um exercício: você se lembra de nossa problematização, em que uma jovem 
salvou uma criança de um atropelamento? Seus dois amigos começaram a discutir se 
a ação heroica da jovem foi um ato de bondade ou de beleza. Agora, diante dos autores 
estudados nesta unidade, como você defenderia a sua opinião para os seus amigos? 
Haveria apenas uma possível resposta? Faça um breve texto que explique o modo 
como você expressaria a sua opinião sobre o ocorrido a partir da discussão iniciada 
por seus amigos. Lembre-se de que um amigo disse que o fato de a jovem salvar a 
criança foi um “ato belo”, ao passo que o outro disse que foi um “ato bom”. 
NOVAS DESCOBERTAS
Um filme que referenciamos em nossa primeira unidade foi Tróia. 
Embora ele não nos traga a personificação dos deuses, assim como 
acontece no texto Ilíada, de Homero, ele apresenta uma boa narrati-
va sobre o ideal cavalheiresco. Ao assisti-lo, note como Aquiles (Brad 
Pitt), personagem principal, preocupa-se com a sua honra e com a 
sua ética guerreira. Isso o tornou respeitável entre todos, o rei dos 
mirmidões e belo. É importante ter em mente que a ética guerreira não é 
pautada em um ideal moral, mas moldada para que o indivíduo se torne 
respeitável, confiável e temido. Nesse sentido, podemos afirmar que Aquiles 
é a personificação do ideário de beleza e de ética homérica que, com o início 
da filosofia socrática-platônica, pouco a pouco, desaparecerá. 
Neste podcast, explicaremos a beleza na época clássica, in-
cluindo alguns autores, como Homero, Platão, Aristóteles e 
Plotino. Constataremos que, por mais que encontremos, no 
pensamento desses autores, o conceito de beleza, ele está 
longe de ser unânime e compreendido de forma universal. 
Venha escutar o que temos a dizer sobre a beleza na Gré-
cia Antiga, a fim de que entendamos um pouco mais essa 
cultura que, de alguma forma, ainda somos herdeiros.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8801
38
1. Em Homero, não encontramos o fundamento de uma moral, embora saibamos o 
conceito de areté, que tem o seu correspondente, em português, como “virtude”. Foi 
por meio desse conceito que houve, na Grécia Arcaica, a formação do homem grego. 
Sobre a virtude homérica, assinale a alternativa correta:
a) O conceito de virtude remete a uma ação boa ou má.
b) A virtude representa um ideal ético em que o indivíduo se impõepara moldar a 
sua própria vida e, então, atingir a beleza.
c) A virtude é uma ação exclusivamente humana que pode ser caracterizada pelo 
heroísmo frente ao inimigo.
d) A virtude é uma das qualidades do homem guerreiro, incluindo a força e a co-
ragem para atingir os seus objetos pessoais, independentemente de sua honra.
e) A virtude, em a Ilíada, é um ideal inalcançável. Nós só a encontramos nas obras 
de arte. 
2. Platão, em seu livro III da República, apresenta a emblemática passagem da expulsão 
dos poetas da cidade. Nela, o filósofo sustenta que, se um poeta imitador chegasse à 
cidade, o receberiam bem, mas logo o mandariam embora, pois ele não tem serventia 
para a cidade ideal elaborada pelo filósofo. 
Diante da passagem apresentada no enunciado, assinale a alternativa que indica o 
motivo pelo qual Platão desqualifica a expressão mimética:
a) a) A desqualificação da mimese se deve ao fato de que ela não consegue expressar 
o verdadeiro sentimento humano.
b) Platão percebe que, por meio da mimese, não se educaria o ser humano para a 
vida, caso haja respaldo apenas em valores metafísicos.
c) A problemática de Platão em relação à mimese se deve ao fato de que ele não 
permite que a arte tenha autonomia e liberdade para criar.
d) A mimese, sendo apenas cópia da cópia, é um mero entretenimento e não carrega 
qualquer dano ou benefício.
e) A mimese dos poetas não se fundamenta na verdade (origem) e, consequente-
mente, não se destina ao bem (finalidade).
3. Ao chegar ao livro X de a República, Platão, de forma mais detalhada, retoma a sua 
crítica à arte. Todavia, é notável, em seu pensamento, uma aproximação dessa des-
qualificação do poeta com a do sofista. 
39
Sobre o modo como a crítica platônica pode aproximar a arte mimética da arte 
retórica, analise as afirmativas a seguir:
I - O sofista é aquele que usa o discurso florido e romanceado, mas diz a verdade 
sobre as coisas, enquanto o poético apenas imita as coisas do mundo sensível 
e não representa a verdade sobre elas.
II - A aproximação se dá porque o poeta cria ficções, enquanto o sofista floreia o 
discurso verdadeiro.
III - Tanto o sofista quanto o poeta mimético acreditam que podem falar sobre to-
das as coisas, embora não tenham conhecimento da verdade delas. Portanto, 
propagam apenas mentiras.
IV - O sofista e o poeta mimético acreditam que podem falar sobre todas as coisas, 
mas, diferentemente do poeta, o sofista teria o seu lugar na cidade platônica.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) IV, apenas.
e) I, II e III, apenas.
4. No livro a Poética, Aristóteles estabelece uma diferença entre a poesia mimética 
e a história. Segundo o autor, as diferenças entre esses dois saberes podem ser 
encontradas em:
a) A história deve narrar os fatos assim como eles ocorreram, enquanto a poesia 
mimética deve representar o que é verossímil, possível e provável.
b) A poesia mimética e a história contam os fatos assim como eles ocorreram. To-
davia, a história conta o ocorrido descritivamente, enquanto a poesia mimética o 
representa a partir de elementos persuasivos.
c) A poesia e a história fazem referência ao passado, mas um a faz de maneira fic-
cional, enquanto a outra faz de maneira real.
d) Enquanto a poesia projeta o futuro, a história se volta para o passado. Contudo, 
ambas são uma interpretação não fidedigna dos acontecimentos.
e) O saber histórico é superior ao poético, já que a história narra aquilo que real-
mente aconteceu, ou seja, os fatos, enquanto a poesia demonstra o que poderia 
acontecer, o que é possível, mas ainda não é verdadeiro.
40
5. Aristóteles compreende que a tragédia deve gerar a catarse no espectador, ou seja, pa-
vor e compaixão. Assim, na Poética, é defendido que a “mimese que se efetua por meio 
de ações dramatizadas e não por meio de uma narração, e que, em função da com-
paixão e do pavor, realiza a catarse de tais emoções” (ARISTÓTELES, 2015, p. 1449b). 
Sobre a catarse aristotélica, assinale a alternativa correta:
a) Para a catarse se manifestar e causar a purificação das emoções no espectador, 
é preciso que o mito (enredo) traga uma reviravolta na mimese trágica.
b) A catarse gera a compaixão e o pavor, já que o espectador, devido ao coro, conhe-
ce os eventos trágicos que ocorrerão na ordem dos acontecimentos. Portanto, 
está preparado para o fim trágico do herói.
c) A manifestação da catarse se dá com a manifestação dos deuses no palco.
d) A catarse é um elemento necessário e incluso na mimese poética.
e) A catarse, ao gerar compaixão e pavor, faz o espectador ascender à verdade 
metafísica.
6. Em seu tratado Sobre o belo, Plotino afirma que as belezas corporais são meras ima-
gens do belo, mas o belo em si é apenas acessível em nosso interior. Para termos 
esse acesso, teríamos que passar pelos processos de conversão e de purificação. 
De acordo com o pensamento plotiniano, o que são os processos de conversão e 
purificação?
a) Um olhar subjetivo. O sujeito deve olhar para os seus desejos e paixões pessoais 
e, então, purificar-se do mundo objetivo.
b) Um treinamento rigoroso. Nele, o homem deve ter acesso aos conhecimentos 
técnico e empírico sobre as coisas.
c) Uma espécie de treinamento do olhar, a fim de que consigamos olhar para além 
das coisas sensíveis. Trata-se de um olho interior.
d) Um esforço místico para encontrar o seu eu espiritual como a verdade única do 
mundo.
e) Um modo de vida e conhecimento interiores, para despertar o lado trágico da 
existência.
7. Agora que você conhece os principais autores que tratam da beleza na Grécia, é visível 
que o problema estético, na Antiguidade Clássica, gira em torno do conceito de belo. 
41
Descrição da Imagem:a figura representa um mapa mental. Para tanto, traz o conceito de beleza ao centro 
e cada autor estudado nesta unidade define a beleza de forma distinta uns dos outros.
Figura 6 - Mapa mental sobre a beleza na época clássica
������ �����������
������� �������
�����
�����
Cada autor define e compreende o belo de maneira diferente, assim como vimos em 
Homero, Platão, Aristóteles e Plotino. Essas definições contribuem não só para enten-
dermos a beleza dentro de uma obra de arte, mas para entendermos a própria vida 
do indivíduo. Além disso, contribuem para que compreendamos uma cultura, uma 
época e uma sociedade. Diante disso, produziremos um mapa mental que ligará cada 
autor aos seus respectivos conceitos. No entanto, antes disso, completemos a tabela 
a seguir, preenchendo-a com os conceitos de seus respectivos autores.
Considere os seguintes conceitos:
Purificação e belo em si 
Virtude/areté
Catarse e mimese 
Ideia e bem 
Cada conceito se vincula a um dos autores estudados. Para tanto, relacione os seus 
nomes aos seus respectivos conceitos, tendo em mente que esse é o caminho per-
corrido por cada estudioso para alcançar a beleza.
2Estética Moderna e a Crítica do Gosto
Dr. Renan Pavini
Na presente unidade, trabalharemos a crítica do gosto a partir do século 
XVIII e entenderemos como a estética, na modernidade, faz-se objeto de 
reflexão filosófica com pretensões de universalidade a partir de três autores: 
Baumgarten, Hume e Kant. Em Baumgarten, você verá como a estética se 
torna uma “ciência da sensibilidade”. Em Hume, você perceberá como o estu-
dioso busca encontrar um padrão de gosto para julgar o objeto estético. Por 
fim, em Kant, você compreenderá de como o juízo estético é caracterizado 
como um “prazer desinteressado”. Depois de percorrermos esse caminho, 
compreenderemos que os três autores trabalham a noção de estética de 
maneira diferente, mas é evidente que eles buscam abandonar a ideia de 
gosto, que está situada na esfera particular do sujeito, para adquirirem a 
ideia de juízo estético universal
44
UNIDADE 2
Suponha que você está ao redor de uma mesa de um restaurante com amigos e 
amigas. Um de vocês começa a falar sobre música e acredita que pode determinar 
que a música clássica é superioràs outras, uma vez que a considera como aquela 
que tem o real valor artístico, a única de bom gosto. Outro colega, por sua vez, 
pensa que ele está precipitado, pois, de todos os ritmos musicais que conhece, 
o único que o agrada é o bom e velho rock and roll. Mozart, por exemplo, não 
lhe agrada aos sentidos. A discussão continua e vários colegas expõem opiniões 
divergentes. Os ânimos se exaltam e, por fim, um levanta a voz e fala categorica-
mente: gosto não se discute! O que você acha da observação de seu último colega? 
Você concorda com ele ou não? Gosto se discute?
A noção de “gosto”, presente nas discussões estéticas desde o Renascimento 
(século XVI), influenciará grande parte do pensamento do século XVIII, em 
conjunto com outras noções, como de belo e de gênio. Essa noção vinha, me-
taforicamente, da arte gastronômica e da culinária, ou seja, da maneira como 
apreciamos o sabor dos alimentos pelo paladar. Todavia, ela também tinha um 
sentido social, visto que indicava a habilidade de alguns indivíduos de apreciarem 
ou opinarem acerca do que, dentro de uma área restrita, como a arte, a ciência, a 
moral, a política, a filosofia ou a religião, consideravam como detentor de gosto. 
Eles eram caracterizados como críticos do gosto ou, assim como você já deve 
conhecer, como aqueles que tinham “bom gosto”. O século XVIII herdou e con-
tinuou a explorar essa noção de gosto tanto no contexto da vida em sociedade 
quanto nos contextos estético e filosófico. Diante disso, ficou conhecido como o 
“século do gosto” e o “século da crítica”. 
Quando é aproximada a noção de juízo estético do gosto gastronômico, assim 
como era comum antes de a estética ser considerada uma disciplina filosófica, 
certamente, o juízo emitido sobre uma obra de arte é caracterizado como re-
lativista. Em que sentido? Sempre que eu como um prato de comida, ele pode, 
ou não, ser-me agradável. Em outras palavras, o juízo emitido sobre o gosto da 
comida (se ela é saborosa ou não) é relativa ao sujeito e depende de quem a come. 
Ora, o mesmo processo é aplicado a uma obra de arte. Quando eu entro em 
contato com uma música (ou com um quadro, um romance, uma escultura), 
posso não gostar dela. Isso depende da relação que eu tenho com a música e do 
meu gosto musical. Todavia, você deve saber que, na estética moderna, existe um 
grande esforço em buscar uma opinião comum (universal) entre os indivíduos 
a partir de um juízo crítico.
UNICESUMAR
45
Descrição da Imagem: a figura retrata alguns estudantes (crianças) dentro de um museu. Eles estão 
tendo contato com as mais variadas obras de arte, desde quadros abstratos até esculturas clássicas. 
Figura 1 - Alunos no museu 
Diante do conteúdo exposto, relembre algum gosto divergente que você já 
teve em relação a algum colega. Pode ser uma música, um desenho, um filme ou 
um livro, por exemplo, que você tenha gostado e o seu amigo não (ou vice-versa). 
O que você levaria em consideração para defender a sua posição em detrimento 
da problemática instaurada?
Suponha, agora, que você seja um(a) professor(a) que fará um passeio com 
os seus alunos por um museu. Assim como é de se esperar, eles se deparam com 
obras de todos os tipos e de todos os “gostos”. Considere que alguns estão em 
frente a um quadro e emitem opiniões (boas e ruins) sobre a referida obra de arte. 
Diante dessa situação, faça uma reflexão de como você, enquanto professor(a), 
deveria auxiliá-los: existe algum conhecimento que possa fundamentar as nos-
sas opiniões sobre a arte ou simplesmente cada um detém um gosto particular? 
Anote as suas observações no diário de bordo. 
NOVAS DESCOBERTAS
Para ter uma melhor experiência e acessar diversas obras de arte, faça um 
passeio virtual por um dos maiores museus do mundo, o Louvre, localizado 
em Paris, na França. 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/9082
46
UNIDADE 2
A modernidade inaugura a estética enquanto uma disciplina filosófica e autô-
noma. Até então, os assuntos e os temas estéticos eram tratados a partir de três 
tradições distintas, embora isso não signifique que eles não se cruzavam:
������������������������������������������
�����as ideias de perfeição, 
ordem, harmonia, simetria e regularidade eram necessárias para se
chegar ao belo, uma herança das tradições platônica e neoplatônica 
que foi retomada no século XV.
�����
	
�������
������������
��������
�������refere-se aos sentimentos dos
 indivíduos e aos seus modos de sentir.
���������������
�����volta-se às produções artísticas e aos seus processos de
 criação, por exemplo, em uma clara continuidade aos preceitos normativos 
inaugurados pela Poética, de Aristóteles, que tiveram grande in�uência a 
partir do Renascimento.
UNICESUMAR
47
Descrição da Imagem: 
na figura, é apresentada 
a obra O Homem Vitruvia-
no, um dos desenhos mais 
conhecidos de Leonardo 
da Vinci e um dos mais fa-
mosos da história da arte. 
Nela, o autor faz o seu de-
senho a partir de estudos 
anatômicos (por meio da 
dissecação de cadáveres), 
a fim de corrigir as propor-
ções presentes no estudo 
do arquiteto Vitrúvio. Leo-
nardo da Vinci também se 
inspirou na matemática 
euclidiana e nos estudos 
de outro arquiteto, Alber-
ti. O Homem Vitruviano é 
uma obra que representa 
com maestria a conjugação 
entre a arte e a ciência..
Figura 2 – O Homem Vitruviano
Foi com Baumgarten, todavia, que foi elaborada uma disciplina completamente 
autônoma de outros saberes filosóficos, incluindo a metafísica, a ética e a lógica. 
Essa disciplina foi chamada de “Estética” pelo autor. Ao fazer isso, Baumgarten não 
só conseguiu condensar as três tradições que se encontravam separadas até então, 
mas deixou em destaque a relevância das faculdades sensíveis humanas, as quais 
eram depreciadas em favor das faculdades racionais ou intelectuais. A partir de 
Baumgarten, foi aberto um caminho para uma reflexão mais sistemática e profunda 
sobre a arte, o gosto, o gênio e a criação, o que gerou uma crítica ao juízo de gosto.
Baumgarten e a Ciência do Conhecimento Sensitivo
48
UNIDADE 2
Assim como você já sabe, Baumgarten inaugura o sen-
tido moderno da palavra “estética”. Em 1750, em seu 
livro Estética: a lógica da arte e do poema, o autor 
busca determinar o que é o objeto dessa ciência do 
conhecimento sensitivo e, ao mesmo tempo, deseja 
diferenciar a noção de estética de outras definições 
e ramos da filosofia, como a metafísica, a política, a 
ética e a epistemologia. Em uma parte de seu livro, 
Baumgarten (1993, p. 95) sustenta que a estética “é a 
ciência do conhecimento sensitivo”. Desse modo, o 
filósofo pretende se distanciar das visões desacredita-
das da estética, uma vez que essa seria, até então, não 
simplesmente uma temática inferior, mas também não 
merecedora de reflexão filosófica.
Até a chegada de Baumgarten, a arte estava filiada 
a duas tradições: a platônica, que acreditava no belo 
em si e deveria guiar o homem para o alcance 
de sua beleza moral em detrimento da esfera 
sensível; e a aristotélica, em que o belo estava 
relacionado a um conjunto de preceitos e nor-
mas para se manifestar, assim como estudamos 
na Unidade 1. Em decorrência dessas duas tradições, 
o belo foi separado do intelecto. Não só, mas 
foi condenado ao descrédito por sua parte 
sensível e pelas reflexões filosóficas voltadas às 
questões metafísicas, morais e religiosas. Todos 
esses âmbitos o excluíram de suas preocupações. 
Esse panorama, contudo, começa a mudar 
com a advento do Renascimento, momento em 
que há uma forte ligação entre o belo artístico e o belo 
natural, que trazia os caracteres universais de beleza. 
Todavia, foi somente com Baumgarten, em sua obra 
Estética, que a reflexão filosófica se volta para o belo, 
fato que tornou a estética uma disciplina filosófica. 
Baumgarten se preocupou em tratar o belo em sua 
UNICESUMAR
49
Qual é, então, o objetivo de Baumgarten? O estudioso busca conferir um papel relevante 
à estética dentro da reflexão filosófica. Tenta fundá-la como uma ciência da

Continue navegando