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Contas Nacionais e Indicadores Econômicos
Prof.ª Maria Eduarda Barroso Perpétuo
Descrição
Metodologia das contas nacionais e sua utilização na mensuração da
atividade econômica. Outros indicadores socioeconômicos e sua
utilidade para a avaliação da situação de uma economia.
Propósito
Compreender os princípios de contas nacionais e os principais
indicadores socioeconômicos permite acompanhar e avaliar a economia
nacional e o bem-estar social, o que faz parte do trabalho de cientistas
sociais de todas as áreas.
Objetivos
Módulo 1
Princípios básicos das contas nacionais
Reconhecer os princípios básicos das contas nacionais.
Módulo 2
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Indicadores complementares às contas
nacionais
Reconhecer indicadores complementares às contas nacionais.
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Introdução
De forma geral, a contabilidade nacional é um sistema contábil
que permite a avaliação da economia em certo período de tempo,
em seus mais variados aspectos, assim como indicadores
socioeconômicos.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a estatística mais importante do
sistema de contas nacionais. Analisar a evolução do PIB é função
da teoria macroeconômica, como você poderá estudar em outras
oportunidades.
As contas nacionais fornecem os insumos, em forma de dados,
para que a macroeconomia utilize modelos empíricos e explique
a evolução do PIB.
Assim como as contas nacionais, os indicadores sociais
informam sobre o estado da economia. As contas nacionais
monitoram o gasto dos consumidores, as vendas dos produtores,
os gastos de investimentos privados e públicos, as compras do
governo e outras diversas transações entre setores da economia,
permitindo a investigação do motivo pelo qual alguns países são
mais ricos ou crescem mais rápido do que outros.
O PIB tem algumas limitações, e, por isso, existem outros
indicadores socioeconômicos também utilizados para mensurar
a situação econômica, como taxa de desemprego, coeficiente de
Gini, índice de desenvolvimento humano, índices de preços e taxa
de inflação.

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1 - Princípios básicos das contas nacionais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os princípios básicos das contas
nacionais.
Produto Interno Bruto – PIB
Para começar, vamos analisar a questão a seguir:
“Em 2010, o Brasil registrou um crescimento
expressivo do PIB, da ordem de 7,5%.” (Fonte: UOL
Educação). Refletindo sobre essa informação, o que
você entende sobre PIB?
Resposta
O PIB é o indicador mais utilizado para analisar o desempenho de uma
economia. Seu objetivo é sintetizar em um único número o valor
correspondente à atividade econômica em moeda corrente.
Percebemos que o PIB é um indicador essencial e muito útil. Ele é
utilizado, preponderantemente, em nossa economia. No Brasil, quem é
responsável pelo cálculo do PIB? O PIB é calculado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de diversos dados,
tanto administrativos quanto oriundos de pesquisas domiciliares.
Alguns desses dados são produzidos pelo próprio IBGE e outros são
provenientes de fontes externas, como o Banco Central e a Fundação
Getúlio Vargas.
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Fluxo circular do PIB
O PIB é a soma do valor de todos os bens e serviços finais produzidos
em um país ao longo de um período de tempo. Uma forma de calcular
diretamente o PIB é pesquisar as firmas desta economia e somar o valor
de sua produção de bens e serviços finais, ou seja, somando o fluxo de
fundos recebidos pelas vendas no mercado de bens e serviços. Mas,
afinal, só existe essa forma de cálculo?
Cálculo do PIB
Veja a seguir uma breve contextualização sobre as variações de cálculo.
Podemos visualizar diversas maneiras de calcular o PIB analisando o
fluxo circular expandido. O princípio fundamental das contas nacionais é
que o fluxo de dinheiro que entra em cada setor ou mercado é igual ao
que sai. O princípio fundamental exige que a soma total de fluxos de
capital que sai de determinada caixa seja igual à soma total que entra. É
uma questão de contabilidade. Observe o fluxo circular na imagem.
Diagrama do Fluxo Circular expandido.
As famílias têm gastos nos mercados de bens e consumo, e também
são proprietárias dos fatores de produção, vendendo o uso destes às
firmas e recebendo em troca salários, lucros, juros e aluguéis. As
empresas compram e pagam pela utilização desses fatores de

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produção.
A maior parte da renda das famílias é proveniente de
salários pela venda da mão de obra. Além dos salários,
a renda das famílias é composta por ações
(participação na propriedade de empresas), aluguéis
(de imóveis, terras e bens de capital) e bônus (títulos
de dívidas que pagam juros). Portanto, a renda familiar
é composta por salários, aluguéis, juros e lucros.
As famílias pagam impostos ao governo e também podem receber
transferências governamentais, como no caso de aposentadorias e
auxílios sociais. A renda total das famílias após elas pagarem impostos
e receberem transferência é conhecida como renda disponível. As
famílias não costumam gastar toda sua renda disponível em bens e
serviços, de forma que parte da renda disponível é transformada em
poupança privada, indo para mercados financeiros.
Os mercados financeiros recebem renda tanto das famílias do país em
questão, como também do governo e do resto do mundo. Os mercados
financeiros são instituições, como bancos, onde indivíduos, governo e
empresas podem comprar e vender ações, bônus e fazer empréstimos.
O governo destina parte dos impostos às famílias, na forma de
transferências. A outra parte das arrecadações tributárias é utilizada
para a compra de bens e serviços, e, frequentemente, precisa ser
complementada na forma de empréstimos governamentais.
Os bens e serviços adquiridos pelo governo variam de equipamentos
hospitalares até o pagamento de salário de professores. O “resto do
mundo” (todos os demais países) participa comprando bens e serviços
produzidos no Brasil, como petróleo, soja e minério de ferro, que são
denominadas exportações, ou vendendo bens e serviços ao Brasil, como
respiradores hospitalares, combustíveis e automóveis, por meio das
importações. Os demais países também realizam transações nos
mercados financeiros, seja pela compra de ações de empresas
brasileiras por estrangeiros ou por empréstimos de firmas brasileiras
com instituições estrangeiras.
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Além das famílias, as empresas compram máquinas e mão de obra no
mercado de bens e serviços para viabilizar a sua produção. A aquisição
de máquinas é considerada como gasto em investimentos, uma vez que
estão relacionados à capacidade física produtiva. O gasto com aumento
de estoques também é considerado investimento, pois contribui para o
aumento das vendas futuras de uma firma.
Apresentamos a segunda maneira de calcular o PIB:
somando as despesas no mercado de bens e serviços!
Incluímos também as despesas do governo e os gastos em
investimentos realizados pelas firmas. Pela regra fundamental da
contabilidade, o fluxo de despesa realizado pelas famílias no mercado
de bens e serviços deve ser igual ao que entra no mercado e sai de
outras fontes.
O fluxo total direcionado ao mercado de bens e serviços é conhecido
como gasto agregado, ou seja, a soma dos gastos de consumo, de
investimento, das compras governamentaise das exportações,
subtraindo as importações.
Por �m, podemos calcular o PIB a partir do �uxo de renda
das �rmas!
Essa é a terceira maneira de calcular o PIB: a partir do fluxo de renda
das firmas para os mercados de fatores. Nesse fluxo, temos os salários
pagos à mão de obra, juros, lucros e aluguéis.
Para calcular o PIB, podemos somar o total das rendas dos fatores
recebidas pelas famílias e pagas pelas firmas. O PIB pode ser calculado
a partir de três prerrogativas: o valor da produção de bens e serviços
finais, os gastos em bens e serviços finais produzidos internamente e a
renda de fatores obtidos pelas firmas na economia.
Comentário
O PIB mede somente bens e serviços finais, a fim de evitar dupla
contagem. Considere, por exemplo, que um país produz R$ 100,00 de
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cevada e R$ 500,00 de cerveja. Nesse caso, o PIB do país será de R$
500,00, uma vez que o valor da cevada já é considerado no valor da
cerveja.
Como são contabilizados os bens e serviços? Os bens e serviços finais
são contabilizados a preços enfrentados pelo consumidor, levando-se
em conta os impostos sobre os produtos comercializados. Uma forma
de calcular o valor de todos os bens e serviços finais de uma economia
é representado pela soma do valor agregado em cada etapa da
produção, em que este valor agregado é igual ao valor do produto da
firma menos o valor de todos os bens intermediários utilizados na
produção. Assim, existe outra definição: PIB é o total do valor agregado
de todas as firmas na economia.
Bens usados, estoques e valores
imputados
Há bens e serviços que são computados de forma especial no PIB. O
primeiro deles são os bens usados.
Exemplo
Quando a Som Livre produz discos do Jorge Benjor e os vende por 15
reais, esse montante é adicionado ao PIB do Brasil. Quando uma pessoa
que comprou esse disco resolve revendê-lo, anos depois, por 50 reais,
esse valor não entra no cálculo do PIB.
Isso acontece porque somente os valores correspondentes a bens e
serviços produzidos no momento presente são contabilizados, e a
venda do disco do Jorge Benjor reflete apenas a transferência de um
ativo, e não um acréscimo à renda da economia.
Além de bens usados, os estoques também apresentam uma
abordagem diferenciada. A produção de um bem aumentou durante um
mês e, ao final deste, ele estragou, pois era perecível, ou foi para
estoque.
O aumento da produção aumenta o PIB em ambos os cenários. No
primeiro, em que o bem estragou, houve maior pagamento de salários, e
a não venda do bem reflete em menores lucros. Já no segundo cenário,
em que o bem foi para o estoque da firma, é tratado como compra por
parte da própria firma, e, portanto, faz parte do PIB. Contudo, a venda
desses bens que se encontravam estocados não entra no cálculo.
Como a economia é diversa e oferece bens e serviços bastante
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diferenciados, não é possível, em todos os casos, calcular o PIB desses
bens e serviços em preços de mercado. Quando isso acontece,
utilizamos uma estimativa do preço, conhecida como valor imputado.
Aluguéis, moradias e serviços prestados pelo governo são alguns dos
casos nos quais utilizamos valores imputados, em vez de preços de
mercado.
No caso de moradia, estima-se que a dona do imóvel pague um valor de
aluguel para ela mesma, e esse valor é considerado parte do PIB.
No caso dos serviços públicos, os salários dos servidores são usados
como uma medida de valor correspondente à sua produção.
Embora existam mais casos em que uma imputação seja necessária,
em muitos desses não é realizada, como aluguéis de carros e outros
bens duráveis, bens e serviços produzidos e consumidos em casa, como
refeições, e bens e serviços da economia informal.
Atividade discursiva
Suponha que uma economia produza 3 peixes e 5 cocos. Para fazer o
cálculo do PIB, utilizamos preços de mercado, ou seja, preços que
refletem a disposição dos indivíduos a pagar sobre aquele produto. Se
cada unidade de peixe custa R$ 5,00 e de coco, R$ 2,00, o PIB desta
economia é de:
Digite sua resposta aqui...
Exibir solução

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PIB = (Preço do peixe × Quantidade de peixe)
+ (Preço do coco × Quantidade de coco)
= (R$ 5,00 × 3) + (R$ 2,00 × 5)
= R$ 25,00
Ótica da despesa
As contas nacionais dividem o PIB em quatro categorias para despesa:
Consumo (C);
Investimento (I);
Compras do governo (G);
Exportações líquidas (NX).
Portando, sendo Y o PIB, temos:
Essa equação é conhecida como identidade das contas nacionais.
Consumo
O consumo compreende os bens e serviços adquiridos pelos domicílios.
Os bens são classificados em duráveis e não duráveis.
Duráveis
São bens que duram um
longo período de tempo,
como automóveis e
eletrodomésticos.
Não duráveis
São bens que duram um
curto período de tempo,
como alimentos e
vestuário.
Y = C + I + G + NX
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Investimento
O investimento consiste em bens adquiridos para uso futuro, e pode ser
de três naturezas: investimento fixo de empresas, investimento fixo
imobiliário e investimento em estoques. O primeiro equivale à compra
de nova unidade para produção ‒ por exemplo, equipamentos e
maquinários. O segundo consiste na aquisição de uma nova residência
para fins de moradia ou de aluguel pelas famílias. Por fim, o
investimento em estoques é o aumento de estoques de bens por uma
firma.
Compras do governo
As compras do governo são os bens e serviços adquiridos pelos
governos federais, estaduais e municipais, e incluem itens como
equipamentos hospitalares e escolares, e serviços prestados por
servidores públicos. Não consideramos gasto do governo transferências
como previdência e assistência social. Essas transferências não são
contabilizadas no PIB, pois apenas realocam uma renda que já existe, e
não há transação entre bens e serviços.
Exportações líquidas
As exportações líquidas são a parte da identidade das contas nacionais
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que considera o comércio com outros países. Elas são o valor das
exportações (o que é vendido para outros países) menos o valor das
importações (o que compramos de outros países). As exportações
líquidas são negativas quando o valor das importações é maior do que o
valor das exportações, e positivas, no caso oposto.
Ótica da oferta
Para calcular o PIB pela ótica da oferta, somamos os valores agregados
totais de cada firma, que é denominado valor adicionado bruto (VAB), e
representa o valor da diferença entre o que é produzido e o consumo
intermediário. Para chegar ao PIB a preços de mercado, somamos o
VAB com impostos indiretos e subtraímos subsídios:
 impostos indiretos - subsídios
Para compreendermos melhor, vamos resolver a questão a seguir.
Atividade discursiva
Seja uma padaria que produza um pão e o venda a R$ 1,00. Para
produzi-lo, o padeiro gastou 100g de farinha de trigo e 10ml de água. O
custo de R$ 1,00 considera os gastos com os ingredientes para produzi-
lo. Suponha que o custo desses ingredientes seja de 30 centavos. Qual
será o valor agregado a essa padaria e o valor da sua contribuição para
o PIB?
Digite sua resposta aqui...
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PIB = ∑ V AB+
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O valor agregado dessa padaria é de 70 centavos, e sua
contribuição para o PIB é de R$ 0,70.
Ótica da renda
O cálculo do PIB, pela ótica da renda, consiste na soma de todas as
rendasdos agentes habitantes do país em questão, como salários,
juros, lucros e aluguéis. A soma dos juros, lucros e aluguéis é conhecida
na contabilidade nacional como excedente operacional bruto (EOB).
Portanto, para chegar ao PIB a preços de mercado, devemos somar
salários, EOB e impostos indiretos, e subtrair os subsídios, veja:
 salários impostos indiretos - subsídios
Fluxo x estoque
O PIB é uma medida de fluxo de novos bens e serviços finais produzidos
durante certo período de tempo, e não um estoque de riqueza existente
em um país. Se um país não produz durante um ano, seu PIB anual é
zero.
O estoque é uma quantidade medida em certo ponto
do tempo, enquanto o fluxo é uma quantidade medida
por unidade de tempo.
Atividade discursiva
Pense numa caixa d’água. A água dentro da caixa é um estoque e
equivale à quantidade de água da caixa em certo período do tempo. Já a
água que entra na caixa pelo cano é um fluxo, sendo a quantidade de
água adicionada ao longo do tempo. O que podemos considerar sobre a
unidade de medida dessas variáveis?
PIB = +EOB+
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A unidade de medida dessas duas variáveis é diferente. Enquanto
pelo cano (fluxo) entram 10L por minuto, a caixa d’água contém
100L.
Veja um exemplo do cálculo do PIB pelas três óticas em uma economia
hipotética:
Cálculo do PIB em uma economia hipotética.
PIB real x PIB nominal e o de�ator do
PIB
Como já vimos, o PIB nos possibilita fazer comparações tanto entre
nações quanto entre períodos de tempo. Contudo, devemos prestar
atenção ao fazermos comparações entre períodos de tempo. Parte do
aumento do PIB ao longo do tempo representa um aumento nos preços
dos bens e serviços, e não um aumento na quantidade produzida, uma
vez que o PIB é calculado em moeda corrente.
Da mesma forma, uma economia pode estar aumentando, mas seu PIB
pode estar caindo se os preços estiverem reduzindo.
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Para compreender melhor a questão, analise a situação a seguir:
Em minhas pesquisas, verifiquei que o PIB do Brasil em 2019, segundo o
IPEA Data, foi de 7.256.882,00 milhões de reais, enquanto em 2009 foi
de 3.333.039,30 milhões de reais. Todavia, em 10 anos, a economia
brasileira não mais que dobrou de tamanho. Para fazermos essa
comparação de forma correta, é preciso calcular o PIB real, ou seja, a
quantidade de bens e serviços finais que uma economia produziu.
Passo 1
Para entendermos como calculamos o PIB real, vamos imaginar
uma economia que produza apenas peixes e cocos. No primeiro
ano, o preço do peixe é de R$ 3,00, o do coco é de R$ 1,00, e são
produzidos 10 peixes e 25 cocos. No segundo ano, o preço do
peixe é de R$ 5,00, o do coco é de R$ 2,00, e são produzidos 15
peixes e 30 cocos.
Passo 2
No primeiro ano, o valor total da produção é de R$ 55,00. No
segundo ano, é de R$ 135. O PIB nominal do segundo ano é 145%
maior que o do primeiro. Contudo, fica claro, a partir do exemplo,
que os preços aumentaram, e mesmo que a quantidade também
tenha aumentado, o aumento da quantidade é menor do que
145%.
Passo 3
Para chegarmos ao aumento da quantidade produzida, devemos
calcular o PIB como se os preços não tivessem mudado, ou seja,
utilizando os preços do primeiro ano e as quantidades do
segundo. Assim, o PIB do segundo ano calculado a partir dos
preços do primeiro é igual a R$ 75, o que representa um aumento
de 36%. Portanto, o PIB real é o valor total de bens e serviços
finais produzidos na economia durante um ano, e calculado como
se os preços tivessem permanecidos constantes, ou seja, no nível
de determinado ano base.
O PIB real sempre vem acompanhado de informações do ano-base em
questão. Os dados do PIB em que os preços não são ajustados é
denominado PIB nominal, isto é, o PIB a preços correntes. Se
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tivéssemos utilizado o PIB nominal para comparar a economia dos dois
anos, como mostrado no exemplo anterior, teríamos encontrado um
crescimento de 145%, enquanto, na realidade, a economia cresceu 36%.
O PIB real também previne que a variação dos preços distorça o valor da
mudança na produção de produtos e serviços ao longo do tempo. Na
prática, o ano-base é atualizado periodicamente, a cada cinco anos, para
garantir que os preços não estejam demasiadamente defasados.
De�ator do PIB
Além do PIB nominal e do PIB real, podemos calcular o deflator do PIB,
que corresponde à razão entre o PIB nominal e o PIB real. O deflator do
PIB reflete o que está ocorrendo com o nível geral de preços da
economia.
Deflator do 
No exemplo sobre a economia hipotética, a variação do deflator do PIB é
de 80% (135 ÷75 = (1,8 – 1) x 100 = 80%). O deflator do PIB representa a
variação de preços mais abrangente na economia, pois sintetiza uma
medida de preços de todos os bens e serviços produzidos. Como
veremos, o deflator é diferente dos índices de preço frequentemente
utilizados, porque sua estrutura muda conforme a composição do PIB
se altera, enquanto os índices de preço, no geral, possuem uma cesta de
bens fixa.
Sazonalidade
Além do PIB anual, os economistas se interessam pelo PIB de períodos
de tempo mais curtos (trimestrais). Contudo, conforme estudamos sua
evolução trimestral, logo notamos um padrão sazonal regular.
A imagem a seguir ilustra a evolução do PIB trimestral do Brasil entre
2016 e 2019. O número 1 no eixo x representa o primeiro trimestre de
2016, o número 5 representa o primeiro trimestre de 2017, e assim por
diante. As linhas pontilhadas marcam o último trimestre de cada ano.
PIB =
PIB nominal
PIB real
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Série trimestral do PIB brasileiro.
A produção total aumenta durante o ano, com pico no último trimestre,
conforme ilustra a imagem anterior. Parte da variação sazonal do PIB
reflete a variação na capacidade de produção ao longo do ano. Por
exemplo, certos cultivos são produzidos em determinadas estações,
assim como indivíduos apresentam preferências sazonais, como a de
comprar presentes no Natal, chocolates na Páscoa e viajar no verão.
Para estudar as flutuações reais do PIB, tiramos a parte da flutuação
previsível atribuída à sazonalidade do PIB. A maior parte das
estatísticas é ajustada sazonalmente, ou seja, os dados são ajustados
de modo a remover as flutuações sazonais regulares. Portanto, quando
observamos flutuações no PIB real ou em outros indicadores, devemos
buscar outros fatores além da sazonalidade para explicar tais
flutuações.
Outros indicadores de renda das
contas nacionais
PIB per capita
PIB per capita é a renda média individual de um país. Para calcular o PIB
per capita, dividimos o PIB daquele país pela sua população:
Assim como o PIB real, o PIB per capita permite uma melhor
comparação entre economias, porque eliminamos o efeito de uma
população maior. Assim, um país cuja população é maior terá uma
economia maior simplesmente pelo fato de que há mais indivíduos
trabalhando.
A razão para o PIB ser frequentemente usado para analisar o
desempenho econômico é que uma economia com grande produção de
bens e serviços é capaz de satisfazer melhor às demandas dos
domicílios, empresas e governo.
A partir do PIB, podemos comparar o tamanho da economia de países,
PIB
per capita
=
PIB
População
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avaliar a evolução do PIB no tempo, comparando o seu desempenho
anual, analisar o PIB per capita etc.
Relembrando
PIB é um indicador imperfeito da economia, uma vez queexistem
limitações para o seu cálculo. Portanto, diversos fatores relevantes não
são considerados no PIB: distribuição de renda, qualidade de vida,
educação, saúde, segurança etc.
Produto Nacional Bruto - PNB
Além do PIB, existem outros indicadores de renda bastante utilizados
que se relacionam com ele. O primeiro deles é o Produto Nacional Bruto
(PNB), que considera o valor da produção de propriedade de residentes,
ou seja, de brasileiros. A produção de estrangeiros no Brasil é levada em
consideração no PIB, mas não no PNB. A produção de brasileiros em
países estrangeiros, por exemplo, não é considerada no PIB, mas entra
no PNB.
PNB = PIB + pagamentos de fatores oriundos do exterior - pagamentos
de fatores destinados ao exterior = PIB - RLEE
Nessa expressão, a renda líquida enviada ao exterior (RLEE) é a
diferença entre pagamentos de fatores destinados ao exterior (como o
salário de um norte-americano que trabalha no Brasil) e pagamentos de
fatores oriundos do exterior (por exemplo, o salário de um brasileiro que
trabalha na Europa).
As diferenças entre PIB e PNB podem ser expressivas em alguns países,
como também podem quase não existir em outros. Isso acontece
devido à composição da economia, ao grau de endividamento externo e
à quantidade de empresas multinacionais que remetem lucros aos seus
países de origem.
Podemos calcular o Produto Nacional Líquido (PNL) a partir da
subtração da depreciação do capital, isto é, da parcela do capital que se
desgasta ao longo de um período:
PNL = PNB - Depreciação do Capital
Como a depreciação do capital representa um custo para a produção,
por meio da sua subtração, temos o resultado líquido da atividade
econômica. Imagine, por exemplo, uma máquina de moer café que
precisa de manutenção, pois está com uma peça quebrada. Essa peça
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quebrada é um exemplo de depreciação do capital.
O Produto Nacional Líquido é aproximadamente igual a
outro indicador de renda, a Renda Nacional, que mede
o quanto ganharam todas as pessoas que integram
uma economia. A diferença entre os dois indicadores
ocorre devido a uma pequena correção, conhecida
como discrepância estatística, ocasionada porque
fontes diferentes de dados podem não ser exatamente
correspondentes.
Em uma economia fechada, ou seja, sem trocas com o exterior, as
estimativas de PIB e PNB são idênticas.
Crescimento acelerado e períodos de
recessão
Veja agora uma breve contextualização sobre crescimento x recessão.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A respeito do PIB, assinale a alternativa correta:

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Parabéns! A alternativa C está correta.
A) A alternativa está incorreta. Consideremos a relação entre valor
agregado total de todos os bens e serviços finais produzidos
internamente, e o gasto agregado em bens e serviços finais
produzidos internamente. Essas duas quantidades são iguais
porque cada bem e serviço final produzido na economia é
comprado por alguém ou acrescentado aos estoques, e acréscimos
aos estoques são considerados como gastos das firmas segundo o
princípio básico da economia.
B) A alternativa está incorreta. Considere a relação entre gasto
agregado entre bens e serviços finais produzidos domesticamente
e a renda de fator total. Essas duas quantidades são iguais porque
todo o gasto que é encaminhado à firma para pagar compras de
bens e serviços finais produzidos domesticamente é receita das
firmas. Essa receita precisa ser gasta pela firma para pagar seus
fatores de produção, na forma de salários, lucros, juros e aluguéis.
Tomado em conjunto, isso significa que os três métodos de cálculo
do PIB são equivalentes.
A
O valor agregado total dos bens e serviços finais e o
gasto agregado em bens e serviços produzidos
internamente em uma economia não são
equivalentes.
B
O gasto agregado entre bens e serviços finais
produzidos domesticamente e a renda total de
fatores são diferentes.
C
O PIB pode ser calculado a partir de três métodos, e
todos são equivalentes.
D
O valor agregado total dos bens e serviços finais e a
renda total de fatores não são equivalentes.
E
O PIB possui quatro métodos diferentes de cálculo,
e cada um deles fornece a mesma estimativa.
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C) A alternativa está correta. Existem três óticas pelas quais o PIB
pode ser calculado e que produzem exatamente a mesma
estimativa. São elas: oferta, despesa e renda.
D) A alternativa está incorreta. Considere a relação entre o valor
agregado total de todos os bens e serviços finais produzidos
internamente e a renda de fator total. Essas duas quantidades são
iguais porque todo o gasto que é encaminhado à firma para pagar
compras de bens e serviços finais produzidos domesticamente é
receita das firmas. Essa receita precisa ser gasta pela firma para
pagar seus fatores de produção, na forma de salários, lucros, juros
e aluguéis. Tomado em conjunto, isso significa que os três métodos
de cálculo do PIB são equivalentes.
E) A alternativa está incorreta, pois são três métodos diferentes de
cálculo que produzem a mesma estimativa, de modo que não existe
um quarto método.
Questão 2
Suponha que, em uma economia, haja apenas dois bens: pão e
café. Em 2018, foram vendidos um milhão de grãos de café a R$
0,40 a unidade, e 800.000 unidades de pão a R$ 0,60 a unidade. De
2018 para 2019, o preço do café subiu 25% e a quantidade de
porções vendidas caiu 10%, enquanto o preço do pão caiu 15% e o
número de porções vendidas aumentou em 5%. Assinale a
alternativa verdadeira:
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Parabéns! A alternativa E está correta.
A) A alternativa está incorreta. Em 2018, o PIB nominal era de
(1.000.000 x R$ 0,40) + (80.000 x R$ 0,60) = R$ 400.000,00 + R$
480.000,00 = R$ 880.000,00.
B) A alternativa está incorreta. Um aumento de 25% no preço do
café, de 2018 para 2019, significa que o preço do café em 2019 era
1,25 x R$ 0,40 = R$ 0,50. Uma queda de 10% nas vendas de café
significa que, em 2019, foram vendidos 1.000.000 x 0,9 = 900.000
grãos de café. Portanto, o valor total das vendas de café em 2019
foi de 900.000 x R$ 0,50 = R$ 450.000,00. Uma queda de 15% no
preço do pão em 2019 significa que, em 2019, ele foi de 0,85 x R$
0,60 = R$ 0,51. Um aumento de 5% das vendas de pão significa que
foram vendidas 800.000 x 1,05 = 840.000 unidades em 2019. O
valor total das vendas de pão foi, portanto, 840.000 x R$ 0,51 =
428.400. O PIB nominal em 2019 foi de R$ 450.000,00 + R$
428.400,00 = R$ 878.400,00.
C) A alternativa está incorreta. Um aumento de 25% no preço do
café, de 2018 para 2019, significa que o preço do café em 2019 era
1,25 x R$ 0,40 = R$ 0,50. Uma queda de 10% nas vendas de café
significa que, em 2019, foram vendidos 1.000.000 x 0,9 = 900.000
grãos de café. Portanto, o valor total das vendas de café em 2019
foi de 900.000 x R$ 0,50 = R$ 450.000,00. Uma queda de 15% no
preço do pão em 2019 significa que, em 2019, ele foi de 0,85 x R$
0,60 = R$ 0,51. Um aumento de 5% das vendas de pão significa que
A O PIB nominal em 2018 foi de R$ 800.000.
B O PIB nominal em 2019 foi de R$ 870.000.
C O PIB nominal em 2019 foi de R$ 880.000.
D
O PIB real em 2019, calculado a preços de 2018, foi
exatamente igual ao PIB nominal de 2019.
E
O crescimento do PIB real, usando 2018 como ano-
base, foi de -1,8%.
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foram vendidas 800.000 x 1,05 = 840.000 unidades em 2019. O
valor total das vendasde pão foi, portanto, 840.000 x R$ 0,51 =
428.400. O PIB nominal em 2019 foi de R$ 450.000,00 + R$
428.400,00 = R$ 878.400,00.
D) A alternativa está incorreta. Para chegarmos ao valor do PIB real
em 2019, temos que calcular o valor das vendas no ano em
questão, utilizando os preços do ano anterior: (900.000 grãos de
café x R$ 0,40) + (840.000 x R$ 0,60) = R$ 360.000,00 + R$
504.000,00 = R$ 864.000,00.
E) A alternativa está correta. Vamos medir o PIB real usando 2018
como ano-base. O PIB real de 2018 é, portanto, o próprio PIB
nominal: 0,4x1.000.000 + 0,6x800.000 = 880.000. O PIB real de 2019
é 0,4x900.000 + 0,6x840.000 = 864.000. Observe que usamos os
preços de 2018, porém alteramos as quantidades de acordo com as
variações dadas no enunciado. A taxa de crescimento do PIB real
entre 2018 e 2019 é (864.000 - 880.000)/880.000 = -1,8%.
2 - Indicadores complementares às contas nacionais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os indicadores complementares às
contas nacionais.
Índice de preços ao consumidor e
in�ação
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Para começar, vamos analisar a seguinte informação:
Ipea reduz projeção para a
in�ação de 2020, de 2,9%
para 1,8%.
Os alimentos, que dispararam
de preço na quarentena,
contudo, devem encerrar o
ano com uma alta de 3%.
(Correio Braziliense, 2020)
Como podemos observar, ao acompanhar notícias sobre nossa
economia, é comum analisar as projeções sobre as altas e baixas dos
preços.
O que são índices de preço?
Resposta
Assim como o PIB e as medidas de renda que vimos no módulo anterior,
existem diversos índices de preços em uma economia. O mais utilizado
é o índice de preços ao consumidor (IPC), mas também há o índice de
preços do produtor (IPP), que mostra como o custo de produção evoluiu.
No Brasil, esses índices são calculados pelo IBGE, FGV e Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo
(FIPE). De forma análoga ao PIB, os índices de preço transformam
inúmeros valores de bens e serviços em um único indicador de nível
geral de preços.
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Índice de preços ao consumidor
amplo (IPCA)
O índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) é, desde 1999, o índice
oficial do governo para medir a inflação, isto é, o aumento no nível geral
de preços. Seu objetivo é mensurar a inflação de um conjunto de
produtos e serviços comercializados no varejo, referente ao consumo
pessoal das famílias com rendimento mensal entre 1 e 40 salários
mínimos. Para calcular o IPCA, o IBGE envia funcionários a
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, entre os dias 1
e 30 de cada mês de referência para coletar o preço de determinada
cesta de bens e serviços.
A divulgação do índice acontece até o décimo-quinto dia do mês
seguinte. A coleta de informações é realizada nas regiões
metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belo
Horizonte, Belém, Salvador, Curitiba, e nos municípios de Brasília e
Goiânia.
A composição da cesta de consumo é baseada na pesquisa de
orçamento familiar (POF). São coletados por volta de 430 mil preços em
30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os do mês
anterior, resultando em um único valor que reflete a variação geral de
preços ao consumidor no período.
Composição da cesta do IPCA
Para melhor compreensão sobre o cálculo do IPCA, vamos a um
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exemplo:
Suponha que um consumidor padrão compre 10 bananas e 2 abacaxis
todos os meses. Sua cesta de consumo é, portanto, composta por 10
bananas e 2 abacaxis, e o seu IPCA é:
Suponha que o preço da banana seja R$ 2,00, e do abacaxi, R$ 5,00.
Escolhendo 2010 como ano-base, os preços da banana e do abacaxi
eram respectivamente de R$ 1,00 e de R$ 3,00. Assim, o IPCA desta
cesta de consumo é de:
Esse valor nos informa a razão do custo, no momento corrente, para
adquirir 2 abacaxis e 10 bananas em relação a quanto custava a
aquisição desses mesmos bens em 2010. Assim, em 2020, a compra de
10 bananas e 2 abacaxis custa 87% a mais do que em 2010.
IPCA x de�ator do PIB
Como vimos, o deflator do PIB nos fornece uma medida de evolução de
preços. O deflator do PIB considera uma cesta de bens e serviços igual
à produção do país naquele ano, enquanto o IPCA considera uma cesta
fixa. Portanto, um aumento dos preços de bens e serviços adquiridos
por empresas e governo serão refletidas no deflator, mas não
aparecerão no IPCA.
Cálculo do IPCA
IPCA
em dado ano
=
(10× preço da banana )+(2× preço do abacaxi )
(10× preço da banana no ano-base )+(2× preço do abacaxi no ano base )
IPCA
2020
=
(10×2)+(2×5)
(10×1)+(2×3)
= 1, 87

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Veja mais sobre o cálculo do IPCA.
É importante saber também que o deflator só considera bens e serviços
produzidos internamente, enquanto na cesta do IPCA pode haver itens
importados, como vinhos, eletrônicos e queijos.
Exemplo
Suponha que o preço do vinho aumentou porque a França teve um ano
atípico, com temperaturas altas e muita chuva, que estragaram grande
parte da plantação de uvas. A quebra da safra da uva resultou em um
aumento no preço do vinho. Dessa maneira, o crescimento no preço do
vinho francês importado aparecerá no IPCA brasileiro, mas não no
deflator do PIB.
A outra diferença deve-se à forma que cada índice pondera os pesos
dos bens. O IPCA atribui um peso fixo ao preço dos bens, devido à
utilização de uma cesta fixa, enquanto o deflator concede pesos
variados, de acordo com a produção interna daquele ano. Índices de
preços que possuem cestas de bens e serviços fixas chamam-se
índices de Laspeyeres, e os com cestas variáveis chamam-se índices de
Paasche. Portanto, o IPCA é um índice de Laspeyeres e o deflator do PIB
é um índice de Paasche.
E por que usar o IPCA e não o deflator no PIB? Na realidade, não existe
uma resposta certa, nem um índice melhor do que o outro. Cada índice
tem suas propriedades e diferentes utilidades. Quando os preços de
bens diferentes estão variando em proporções diversas, um índice de
Laspeyeres, de cesta fixa, costuma superestimar o aumento do custo de
vida. Isto acontece visto que uma cesta fixa não leva em consideração a
possibilidade de substituição de bens e serviços pelos consumidores.
Por outro lado, um índice de Paasche, de cesta variável, subestima o
aumento do custo de vida, pois, ao levar em conta a substituição de
itens, não reflete a redução de bem-estar e satisfação que tal
substituição pode causar.
Exemplo
Se você é proprietário de uma empresa de construção civil, o seu índice
de interesse para negócios será o índice de preços do produtor. No
entanto, um senhor aposentado certamente estará mais interessado em
acompanhar o IPCA.
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Dependendo do interesse em questão, podemos escolher um índice em
detrimento do outro.
Índice de preços do produtor
O IPP (índice de preços do produtor) mede o preço de uma cesta
adquirida por empresas, não por consumidores. O foco do índice reside
nas indústrias extrativas e de transformação, tendo como principal
objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos
pelos produtores domésticos de bens e serviços, assim como sua
evolução ao longo do tempo.
O IPP é calculado pelo IBGE e abrange informações de,
aproximadamente, duas mil empresas, sobre os preços recebidos pelo
produtor, isentos de impostos e tarifas, o que resulta na coleta de
aproximadamente seis mil preços. Como os produtores, tendem mais
rápido doque o IPCA acerca das pressões inflacionárias, e, por isso,
algumas vezes é considerado como um aviso prévio de alerta sobre
mudanças na inflação.
O IPP é calculado de forma análoga ao IPCA, mas considera
sua cesta de consumo especí�ca.
Taxa de in�ação
Com tantos índices apresentados, você deve estar se perguntando o
porquê de tantas formas diferentes de mensurar a evolução dos preços
e de calcular a taxa de inflação. Por que isso é tão importante?
Para ilustrar sua importância, devemos definir primeiro o que é a taxa de
inflação. Como mencionado na apresentação do IPCA, ele é o índice
oficialmente utilizado para medir a inflação no Brasil. A partir do IPCA,
podemos calcular a taxa de inflação, que é a sua mudança percentual
anual:
Taxa de inflação 
Para explicar a importância da taxa de inflação em uma economia,
precisamos definir o que é poder de compra. Poder de compra é a
=
IPCA
ano 2
−IPCA
ano 1
IPCA
ano 1
× 100
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quantidade de bens e serviços que determinada renda pode adquirir.
Atividade discursiva
Suponha que Gabriel seja assistente em um centro de pesquisa de
economia e receba R$ 1.300,00 mensais. O prato preferido de Gabriel é
galeto, acompanhado de uma Coca-Cola gelada, cujo preço é de R$
20,00. Se a sua cesta de consumo é apenas galeto com Coca-Cola, e ele
gasta toda sua renda com isso, qual é o seu poder de compra?
Digite sua resposta aqui...
Exibir solução
Seu poder de compra é a quantidade de cestas de consumo que
ele consegue adquirir com a sua renda. Sendo assim, com sua
renda, Gabriel pode consumir 65 galetos acompanhados de Coca-
Cola (R$ 1.300,00 ÷ R$ 20,00 = 65).
No Brasil, mais do que em outros países, a inflação foi, por décadas, um
problema comum. O grande problema da inflação é que ela deteriora o
poder de compra dos consumidores.
Exemplo
Como ilustrado no exemplo das bananas e abacaxis, a compra destes
bens em 2020 era 1,87 vezes mais cara do que em 2010. Podemos
também medir a queda no poder de compra ocasionado pela inflação.
Por exemplo, suponha que Júlia tivesse R$ 10,00 para comprar bananas
em 2010. Com as bananas custando R$ 1,00 em 2010, Júlia comprava
10 unidades. Todavia, em 2020, quando o preço da banana passou a ser
R$ 2,00, com os mesmos R$ 10,00, Júlia comprava 5 bananas.
Com o aumento dos preços dos bens e serviços, o poder de compra vai

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sendo reduzido, ou seja, podemos comprar menos unidades de bens e
serviços, uma vez que a maioria dos contratos e salários tendem a ser
reajustados de forma mais lenta, enquanto os outros preços da
economia são reajustados mais rapidamente.
Caso todos os preços se ajustassem na mesma velocidade, proporção e
periodicidade, não haveria problema em um aumento no nível de preços
daquela economia, já que todos seguiriam com sua renda real
inalterada.
Os economistas consideram que as taxas de inflação
elevadas geram custos econômicos significativos. Os
mais importantes são os custos de sola de sapato, de
menu e de unidade de conta.
No geral, as pessoas mantêm moeda, seja em forma de dinheiro na
carteira, seja em contas correntes em bancos, por conveniência, para
realizar transações. Uma alta taxa de inflação desestimula os indivíduos
a manterem moeda, porque o poder de compra do dinheiro se deteriora.
Isso faz com que as pessoas busquem formas de reduzir a quantidade
de moeda que retêm, mesmo que envolva custos consideráveis.
O primeiro custo é o de sola de sapato, que se trata de uma alusão à
necessidade de andar de um lado para o outro quando as pessoas não
mantêm dinheiro. Um retrato desse custo é a hiperinflação alemã dos
anos 20, em que comerciantes contratavam maratonistas para ir ao
banco diversas vezes ao dia para converter o dinheiro em moeda
estrangeira mais estável ou em ativos que rendiam juros. Ao se
esforçarem para evitar a redução do poder de compra, esses
maratonistas poderiam ter sido utilizados em outras atividades
produtivas
A quantidade de transações bancárias é tamanha que exige que o
número de empregados em bancos aumente consideravelmente. No
Brasil, nos anos de hiperinflação, o setor bancário correspondia a 15%
do seu PIB. Para lidar com a hiperinflação, o tamanho necessário do
setor bancário representou uma perda de recursos reais para a
sociedade, uma vez que esses funcionários também poderiam estar
empregados em outras atividades produtivas.
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Outro custo da inflação é o de menu. Em economias modernas, em
geral, os preços dos bens e serviços são listados. Em um restaurante,
por exemplo, a mudança do preço de um item significa necessidade de
confeccionar novos cardápios, o que envolve custos. Quando temos
uma inflação alta, os preços são alterados com mais frequência e,
portanto, as empresas incorrem com mais frequência nesses custos. No
Brasil, os funcionários de supermercados gastavam quase metade do
tempo de trabalho remarcando preços.
Na economia moderna, os contratos deixaram de ser expressados em
espécie, como galinhas, e deram lugar à moeda, assim como outros
cálculos da economia. Essa função da moeda é conhecida como
unidade de conta, e é um papel que se degrada pela inflação: um real
vale menos no próximo ano do que neste.
A consequência é a redução da qualidade das decisões econômicas
devido à incerteza da mudança da unidade de conta. Portanto, os
custos de unidade de conta da inflação refletem a forma com que ela
torna a moeda uma unidade de medida menos confiável. Esse custo se
reflete particularmente no sistema tributário, pois a inflação distorce a
medida de renda pela qual o imposto é cobrado.
Exemplo
Suponha uma taxa de inflação de 10% e uma família que compre um
apartamento por R$ 100.000,00, e o venda um ano depois por R$
110.000,00. A família não teve lucro em termos reais com a transação,
mas, segundo o sistema tributário, obteve um ganho de R$ 10.000,00, e
deverá pagar impostos sobre esse ganho “fantasma”.
Diversas empresas são desencorajadas a realizar investimentos
produtivos devido aos impostos sobre esses ganhos, gerando mais
custos para a economia.
Sendo assim, quando temos uma inflação muito alta, como aconteceu
no Brasil nas décadas de 80 e 90, o aumento da renda dos indivíduos
não acompanhou a rapidez do aumento dos preços dos bens e serviços,
reduzindo o poder de compra dos consumidores. A redução do poder de
compra reduz o bem-estar e satisfação dos indivíduos, uma vez que
deixam de consumir os itens desejados e, em muitos casos, até os
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necessários.
Durante esses anos, a inflação brasileira chegou à marca dos 1000%, e o
Brasil ficou conhecido mundialmente pela hiperinflação que assolava a
sociedade. Foram realizadas diversas tentativas de reduzir a inflação,
algumas deixando a situação ainda mais crítica. Por fim, em 1994, foi
lançado o Plano Real, que, entre muitas outras medidas, deu fim ao
cruzeiro e implantou o real que conhecemos hoje em dia.
A imagem a seguir exibe a série histórica do IPCA, iniciada nos anos 80,
e mostra sua evolução até os dias de hoje. É possível notar claramente a
hiperinflação dos anos 80 e 90, dando lugar a uma estabilidade dos
preços a partir de 1995:
Série histórica do IPCA.
Veja a evolução do IPCA a partir de 1995 até 2019:
Evolução do IPCA (1995-2019).
Taxa de desemprego
A taxa de desemprego, assim como o PIB e a taxa de inflação, constitui-
se como um indicador sobre a situação da economia. Ela é calculada e
divulgada atualmente pelo IBGE, a partir da pesquisa nacional de
amostra por domicílio contínua(PNADC).
Até 2016, contudo, era utilizada a pesquisa mensal do emprego (PME).
A PNADC foi planejada para produzir indicadores trimestrais sobre a
força de trabalho e outros indicadores anuais sobre temas
suplementares permanentes.
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O desemprego, como é conhecido popularmente, aparece na pesquisa
pelo conceito de desocupação.
Veja a série histórica para o desemprego no Brasil:
Taxa de desocupação trimestral (2012-2019).
Para definirmos desemprego, vamos primeiro definir o que é emprego.
Emprego é o número total de pessoas correntemente empregadas, seja
em tempo integral ou parcial. O desemprego, por sua vez, é o número de
pessoas com idade para trabalhar (acima de 14 anos) que não estão
trabalhando, mas estão disponíveis e tentam encontrar trabalho.
Para alguém ser considerado desempregado, não basta não possuir um
emprego. Aposentados e incapacitados que recebem benefícios não
são considerados desempregados, uma vez que não procuram emprego
e nem estão disponíveis para tal. Portanto, o desemprego é o número
total de pessoas que estão ativamente procurando emprego, mas não
estão empregadas.
Para calcular o desemprego de um país, precisamos definir antes outros
conceitos.
A população em idade ativa (PIA) é composta de pessoas que têm
idade para trabalhar, ou seja, pessoas acima de 14 anos de acordo com
o critério adotado pelo IBGE. A força de trabalho, ou população
economicamente ativa (PEA), é composta de pessoas que têm idade
para trabalhar, acima de 14 anos, e que estão trabalhando ou
procurando trabalho. A taxa de participação na força de trabalho é a
parcela da população em idade ativa, ou seja, apta a trabalhar, e que
está na força de trabalho.
Taxa de participação na força de trabalho
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Segundo a metodologia do IBGE, o aposentado e incapacitado do
exemplo estão fora da força de trabalho. Um universitário que dedica
seu tempo somente aos estudos e uma dona de casa que não trabalha
fora também não estão na força de trabalho. Já uma empreendedora
que possui seu próprio negócio está ocupada na força de trabalho.
População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, no 4º trimestre de 2019.
A taxa de desemprego é a parcela dos indivíduos da força de trabalho
que estão desempregadas.
Taxa de Desemprego 
A taxa de desemprego é um bom indicador da situação do mercado de
trabalho, mas, assim como qualquer indicador, não dever ser
considerada um reflexo exato de pessoas que desejam trabalhar, porém
não conseguem emprego.
Como encontrar o emprego adequado leva algumas semanas ou meses,
um trabalhador que tem certeza de que encontrará um emprego, mas
ainda não aceitou uma oferta, é considerado desocupado. Esse aspecto
reflete o motivo de, mesmo em situações de crescimento econômico, a
taxa de desemprego não ir a zero.
Além disso, há pessoas que gostariam de trabalhar,
mas não estão, e também não são contabilizadas
como desempregados. Isso acontece porque, para ser
classificado como desocupado, é preciso ter procurado
emprego recentemente.
Os desalentados são pessoas que gostariam de trabalhar e estariam
disponíveis, porém não procuraram trabalho por acharem que não
encontrariam. Vários são os motivos que levam as pessoas a
desistirem, por exemplo: não encontrar trabalho na localidade em que
vivem, não conseguir trabalho adequado por ser considerado muito
=
Força de trabalho
População maior de 14 anos
× 100
=
Número de desempregados
Força de trabalho
× 100
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jovem ou idoso, não ter experiência profissional ou qualificação etc.
É possível que a taxa de desemprego subestime a real situação do
mercado de trabalho, não contabilizando uma parte das pessoas que
querem trabalhar, mas não acham emprego. Existem também aqueles
marginalmente ligados à força de trabalho, pessoas que responderam
que gostariam de ter um emprego e o buscaram no passado recente,
mas que, no momento, não estão buscando.
Por fim, existem os subempregados, que são aqueles empregados em
tempo parcial, mas que gostariam de ter um trabalho em tempo integral
e não o encontram. Estes últimos também não são contabilizados como
desocupados.
O recebimento de algum benefício de programas
sociais como Bolsa Família e Seguro Desemprego não
significa que o indivíduo que o recebe é considerado
desocupado. É possível que alguém esteja recebendo,
mas trabalhe na informalidade e seja classificado
como ocupado.
Pode ocorrer que beneficiários não estejam de fato ocupados e também
não estejam buscando emprego, e, portanto, serão classificados como
fora da força de trabalho.
Atenção!
A taxa de desemprego precisa ser avaliada com cuidado, uma vez que
varia bastante em grupos etários, gênero e raça. Por exemplo, é mais
fácil conseguir um emprego para jovens maiores de 24 anos, uma vez
que já são qualificados e/ou possuem alguma experiência prévia.
Empregos para trabalhadores acima dos 54 anos costumam ser mais
difíceis, podendo o desemprego ser maior nessa faixa etária.
Além disso, pelo fato de o Brasil ser um país muito extenso e diverso, as
taxas de desemprego tendem a ser diferentes segundo as regiões do
país.
As imagens a seguir apresentam a taxa de desemprego em regiões
distintas do país, para diferentes gêneros e grupos etários.
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Taxa de desocupação no Brasil e nas Grandes Regiões, no 4º trimestre de 2019.
Taxa de desocupação, por idade, 1º trimestre de 2012 - 4º trimestre de 2019.
Taxa de desocupação por gênero, 1º trimestre de 2012 - 4º trimestre de 2019.
Coe�ciente de GINI
É importante compreendermos que o coeficiente de Gini é uma medida
de distribuição criada em 1912 pelo italiano Corrado Gini, e
frequentemente utilizada como indicador da desigualdade em uma
economia, medindo a distribuição de renda e de riqueza entre a
população. O coeficiente varia de 0 (zero) a 1, em que 0 (zero)
representa igualdade perfeita, e 1, desigualdade perfeita. Por exemplo,
um país em que apenas um indivíduo detém toda a renda da economia e
o restante não tem renda, tem um coeficiente de Gini igual a 1.
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Coe�cientes de GINI e IDH
Veja agora o estudo dessa etapa.
Dentre as diversas medidas de desigualdade de renda, o coeficiente de
Gini é a mais utilizada, sendo baseado na curva de Lorenz.
Para construir o coeficiente, coloque a porcentagem cumulativa dos
domicílios no eixo horizontal, dos mais pobres aos mais ricos, e no eixo
vertical, a porcentagem cumulativa de renda. O coeficiente é calculado
por meio da razão das áreas no diagrama da curva de Lorenz. Se a área
entre a linha de perfeita igualdade e a curva de Lorenz é a, e a área
abaixo da curva de Lorenz é b, então, o coeficiente de Gini é a/(a+b). Se
não existe diferença entre as duas, o coeficiente é 0 (zero), o caso de
igualdade perfeita.
O exemplo a seguir ilustra a construção deste índice:
Construção do coeficiente de Gini.
Na prática, o índice é utilizado para analisar diferenciais na
concentração da renda pessoal ao longo de toda a distribuição de renda,
o que permite contribuir para a análise da situação socioeconômica da
população, identificando quais são os segmentos que requerem maior
atenção de políticas públicas de saúde, educação e proteção social,
entre outras. Além disso, fornece mais insumos para processos de
planejamento, gestão e avaliação de políticas de distribuição de renda.
Veja a evolução do coeficiente de Gini paraalguns países da América do
Sul:
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Evolução da desigualdade na América do Sul.
Altos níveis de desigualdade representam um custo
para a economia, afetando seu desempenho e o bem-
estar dos indivíduos.
Sabemos que o acesso ao mercado financeiro não é perfeito, ou seja,
nem todos os que desejam obter empréstimo o conseguem. Isso
acontece porque a instituição, por exemplo, um banco, faz uma análise
de crédito e, no geral, exige que o indivíduo tenha uma fonte de renda ou
patrimônio para oferecer como garantia.
Em uma economia cuja desigualdade é alta, poucos indivíduos
concentram a maior parte da renda e do patrimônio. A consequência é
que diversas pessoas que precisam de um empréstimo não vão
consegui-lo.
Exemplo
Suponha que Vitória deseje obter um empréstimo para começar uma
pequena empresa de tecnologia, uma vez que não tem renda suficiente
para fazê-lo sem ajuda. Contudo, como Vitória não tem renda ou
patrimônio suficientes, ela não consegue o empréstimo no banco.
Vitória, então, perderá a oportunidade e terá de fazer outra coisa menos
produtiva, deixando de contribuir para o PIB daquele país, de empregar
diversos funcionários e de lançar um novo produto com maior qualidade
e menor preço no mercado, o que tem consequência também sobre o
bem-estar dos consumidores.
Em uma sociedade com alto índice de desigualdade, muitas pessoas
deixam de utilizar suas habilidades que poderiam contribuir para o bem-
estar por falta de acesso às oportunidades. A situação ilustrada, ainda
que hipotética, é apenas uma das consequências da desigualdade. Veja:
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Desigualdade entre países.
O coeficiente usado no mapa da imagem “Desigualdade entre países” é
o mais recente, contudo, o ano de mensuração varia entre países. O
índice de Gini é medido em termos percentuais. As cores mais escuras
representam as nações em que a desigualdade é maior.
Índice de desenvolvimento humano
(IDH)
O índice de desenvolvimento humano (IDH) é uma medida resumida do
progresso a longo prazo em três dimensões básicas do
desenvolvimento humano: renda, educação e expectativa de vida.
Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país, e quanto mais
próximo de 0 (zero), menos desenvolvido.
O objetivo da criação do IDH foi o de oferecer uma medida alternativa de
bem-estar e desenvolvimento ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita,
que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento.
Criado por Mahbub Ul Haq, o IDH pretende ser uma medida geral e
sintética que, apesar de ampliar a perspectiva sobre o desenvolvimento
humano, não abrange nem esgota todos os aspectos de
desenvolvimento. Portanto, não é uma representação da satisfação ou
felicidade das pessoas, nem classifica o melhor lugar para viver.
Mahbub Ul Haq
Foi diretor de planejamento de políticas do Banco Mundial e,
posteriormente, ministro da Economia do Paquistão. Economista
paquistanês, foi o idealizador do Relatório do Desenvolvimento
Humano com a colaboração do economista indiano Amartya Sen –
ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998 e professor nas
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universidades de Oxford, Cambrige e Berkeley. Atualmente, leciona
em Harvard.
Fotografia do economista Mahbub Ul Haq (1934-1998).
Fotografia do economista Amartya Sen (1933)
Veja agora fragmentos do ranking do IDH para alguns países em 2019. O
Brasil, no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, se encontrava
na posição 84.
Ranking do IDH 2019 - Parte 1.
Ranking do IDH 2019 - Parte 2.
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Ranking do IDH 2019 - Parte 3.
Ranking do IDH 2019 - Parte 4.Embora o IDH considere outros aspectos do desenvolvimento, e não
apenas o econômico, como o PIB, há ainda muitos aspectos do
desenvolvimento humano que não são contemplados nesse índice, tais
como: democracia, participação, equidade e sustentabilidade.
Buscando lidar com a dimensão da desigualdade no IDH, foi criado, em
2010, o IDH ajustado à desigualdade (IDHAD), que leva em consideração
a desigualdade em todas as três dimensões do IDH, considerando o
valor médio de cada uma das dimensões de acordo com seu nível de
desigualdade.
Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um
índice de desenvolvimento humano potencial, e o IDHAD, como um
índice do desenvolvimento humano real. A diferença entre o IDH e o
IDHAD pode ser considerada uma perda no desenvolvimento humano
potencial devido à desigualdade.
Índice de desenvolvimento humano
municipal (IDHM)
No Brasil, além do IDH, existe o IDHM, uma adaptação do IDH global
para os municípios brasileiros. O IDHM brasileiro segue as mesmas três
dimensões do IDH Global ‒ longevidade, educação e renda, mas vai
além: adequa a metodologia global ao contexto brasileiro e à
disponibilidade de indicadores nacionais.
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Como está organizado o IDHM brasileiro?
Resposta
Embora quantifiquem as mesmas dimensões, os indicadores levados
em conta no IDHM são mais adequados para avaliar o desenvolvimento
dos municípios brasileiros. Assim, o IDHM ― incluindo seus três
componentes, IDHM Longevidade, IDHM Educação e IDHM Renda ―
conta um pouco da história dos municípios em três importantes
dimensões do desenvolvimento humano durantes duas décadas da
história brasileira.
Veja a seguir o mapa do IDHM para o Brasil em 2010:
Mapa do IDHM em 2010.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual dos casos abaixo descreve um trabalhador desempregado, de
acordo com a definição vista neste módulo?
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A) A alternativa está incorreta. Maria não é contabilizada como
desempregada, pois não está ativamente buscando emprego. No
entanto, é considerada desalentada em medidas mais amplas de
subutilização de trabalho.
B) A alternativa está incorreta. Gabriel não é considerado
desempregado, pois tem um emprego: professor de educação
infantil.
C) A alternativa está correta. Júlia está desempregada, não está
trabalhando e está ativamente procurando emprego.
D) A alternativa está incorreta. Clara não é desempregada, mas
marginalmente ligada à força de trabalho. Ela é contada em
medidas mais amplas de subutilização.
Questão 2
Sobre o índice de preços e a taxa de inflação, assinale a afirmativa
correta:
A
Maria, uma trabalhadora idosa, foi despedida e
desistiu de procurar emprego há meses.
B
Gabriel, um professor do ensino infantil, está
aproveitando suas férias de verão.
C
Júlia, bancária, recentemente despedida de um
banco de investimentos, está buscando uma nova
vaga no mercado.
D
Clara, estudante universitária, voltou a frequentar a
faculdade porque não conseguiu emprego.
E
João foi demitido e resolveu aproveitar alguns
meses para viajar.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A) A alternativa está incorreta. Os índices de preços em uma
economia são diversos, e cada um deles mede o nível geral de
preços em certa situação e sob uma ótica determinada. Para os
consumidores, o índice de maior relevância será o IPCA, enquanto
para os produtores, será o IPP. Não existe um índice que seja
melhor do que o outro, cada um será mais adequado para
determinada análise.
B) A alternativaestá correta. A sociedade incorre em diversos
custos com a inflação. São eles: custo de menu, custo de sola de
sapato e perda da função de unidade de conta da moeda.
C) A alternativa está incorreta. Os custos de sola de sapato
A
O índice de preços ao consumidor (IPCA) mede o
nível de preços em uma economia, sendo o único
índice relevante.
B
A inflação alta implica em diversos custos sociais,
que são comumente conhecidos por custo de sola
de sapato, custo de menu e deterioração da função
de unidade de conta.
C
O amplo uso da tecnologia revolucionou o setor
bancário, tornando mais simples para o cliente o
acesso e administração de seus ativos. Os custos
de sola de sapato são mais altos quando há mais
tecnologia.
D
Durante um período de inflação alta,
estabelecimentos como mercados e restaurantes
ganham bastante devido à alta dos preços.
E
O índice de preços ao consumidor (IPC) mede o
nível de preços do produtor e do consumidor, logo é
o índice mais importante para todos os agentes
econômicos.
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associados à inflação serão mais baixos porque é menos
trabalhoso para os indivíduos administrarem seus ativos, a fim de
economizar na quantidade de dinheiro vivo que mantêm. Essa
redução no custo de converter ativos não monetários em moeda
viva se traduz em um custo de sola de sapato mais baixo.
D) A alternativa está incorreta. Os restaurantes e estabelecimentos
que vendem produtos, como mercados e farmácias, assim como o
restante da sociedade, perdem durante um processo de
hiperinflação devido aos custos de menu e a constante alocação de
funcionários para atividades não produtivas, como a remarcação de
produtos.
Considerações �nais
Vimos as contas nacionais e alguns dos mais importantes indicadores
socioeconômicos e aprendemos como calcular o Produto Interno Bruno
(PIB), uma das medidas fundamentais de renda em uma economia.
Percebemos que o PIB, porém, é insuficiente como medida de bem-
estar, pois, de que vale ter uma renda alta se há muitas pessoas
desempregadas ou se a desigualdade de renda é alta?
Estudamos medidas de preços e inflação para avaliar as mudanças no
custo de vida. Abordamos também a taxa de desemprego e suas
imperfeições para avaliar o mercado de trabalho. Apresentamos o índice
de Gini como medida de desigualdade e, por fim, o índice de
desenvolvimento humano (IDH) para incorporar outras dimensões da
economia e da sociedade.
Você encontrará todos esses indicadores com grande frequência nos
jornais, e acompanhará os mais acalorados debates sobre o que deve
ser feito para aumentar a renda, diminuir a inflação, melhorar a
qualidade de vida etc. Use os conceitos que aprendemos aqui para
participar do debate!
Podcast
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Para encerrar, ouça um resumo dos principais tópicos abordados.
Referências
CHAPELLOW, J. Gini index. Investopedia. Consultado na internet em: 23
maio. 2020.
FEIJÓ, C. et al. Contabilidade social. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Índice
nacional de preços ao consumidor amplo – IPCA. Consultado na
internet em: 10 maio. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Índice de
preços ao produtor: indústrias extrativas e de transformação – IPP.
Consultado na internet em: 10 maio. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Inflação.
Consultado na internet em: 10 maio. 2020.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Rio de Janeiro.
Consultado na internet em: 10 maio. 2020.
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Índice de Gini da renda domiciliar per capita –
B.9. Consultado na internet em: 10 maio. 2020.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DESENVOLVIMENTO
HUMANO. Atlas do desenvolvimento humano 2013. Consultado na
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PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA DESENVOLVIMENTO
HUMANO. Human development report 2019. Consultado na internet em:
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33
10 maio. 2020.
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Sobre o processo inflacionário no Brasil, leia: A saga brasileira: a longa
luta de um povo por sua moeda, de Miriam Leitão,
Para um aprofundamento sobre a desigualdade que afeta a economia
contemporânea, leia:
O capital no século XXI, de Piketty.
Uma história de desigualdade – a concentração de renda entre os ricos
no Brasil: 1926 - 2013, de Pedro Ferreira de Souza.
The price of inequality, de Joseph Stiglitiz.
Consulte também:
Projeto World Inequality Database – para acessar dados a respeito do
assunto;
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – plataforma de consulta
ao Índice de Desenvolvimento Humano para regiões, estados e
municípios brasileiros.
Human Development Report 2019 – que apresenta o relatório de
desenvolvimento mais recente.
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